Revista Sol Brasil - 18°edição

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Índice 12

Tecnologia Melhor integração, melhores sistemas Sun & Wind Energy destaca os avanços da tecnologia solar térmica nos últimos 10 anos

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Editorial

Fale com o Especialista Engenheiro Lúcio Mesquita esclarece dúvidas sobre sistemas de aquecimento solar de água

Case Solar 4

TUMA e Solarem no Minha Casa Minha Vida em Goiás

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Condomínio poupa energia com sistema da JMS

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Inmetro lança guia sobre certificação de SAS

Sustentabilidade é tema do 13º Conbrava Dasol presente na Intersolar

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Arquitetura Verde Aquecimento solar: qualidade e conforto para clientes da Castor Nos últimos 20 anos, todos os empreendimentos da construtora mineira são equipados com aquecimento solar

SOL BRASIL agora em edição impressa

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Mundo Verde Provedor decisivo do aquecimento Plano Tecnológico da IEA destaca possibilidades da energia solar

Notícias do Dasol 6

Tira Dúvidas

Divulgação Construtora Castor

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Entrevista

Alvaro Silveira, sócio-diretor da Atla Consultoria BID dá garantia de crédito para financiamento de projetos de eficiência energética no Brasil

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Cursos Certificação compulsória terá nova turma em outubro

Empresas Associadas


Editorial Editorial

A importância do associativismo para o setor Desde janeiro deste ano, passei a ter contato mais intenso com o associativismo ao integrar a diretoria do DASOL e vivenciar de perto seus embates pelo fortalecimento do setor de aquecimento solar. A união foi responsável por muitas e memoráveis conquistas da história e evolução da nossa indústria, como a isenção do ICMS e do IPI para sistemas de aquecimento solar, o PBE voluntário junto ao Inmetro e o apoio na consolidação dos primeiros laboratórios.

DASOL ABRAVA Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). Conselho de Administração do Dasol Presidência Carlos Artur A. Alencar VP Relações Institucionais (VPI) Luís Augusto Ferrari Mazzon VP Operações e Finanças (VPOF) Ernesto Nery Serafini VP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) Jamil Hussni Junior VP Marketing (VPM) Rafael Bomfim Pompeu de Campos VP Desenvolvimento Associativo (VPDA) Walter Bodra Past President (PP) Amaurício Gomes Lucio Consultor Marcelo Mesquita

Revista Sol Brasil Conselho Editorial: Nathalia Moreno, Natália Okabayashi e Marcelo Mesquita Edição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378) Projeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha Simões Foto de capa: Dinâmica Agradecimentos: Alvaro Silveira, Cantídio Alvim Drumond e Lúcio Mesquita Impressão: Grass Indústria Gráfica DASOL/ABRAVA Avenida Rio Branco, 1492 – Campos Elíseos – São Paulo – SP – CEP 01206905 - Telefone (11) 3361-7266 (r.142) Fale conosco: solar@abrava.org.br

Com igual vigor, o DASOL continua investindo em ações que visam o crescimento do nosso setor, tais como: • Ampliação do quadro associativo. • Cursos que agregam conhecimento aos associados, como o Certificação Compulsória • Contatos com a Câmara Municipal de São Paulo para ampliar a atuação do nosso segmento e o acesso da população aos benefícios do aquecimento solar. • Estruturação e fortalecimento do QUALISOL e busca do SENAI como parceiro. • Contato com universidades para ampliar a oferta de capacitação do setor. • E a organização do Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar (CB-SOL 2014) com mais novidades e melhorias. Temos, portanto, muito trabalho pela frente. Contamos com o apoio dos nossos associados que no dia a dia de seus negócios ajudam a consolidar nossa indústria, investindo em inovação, capacitação, certificação e qualidade. A revista SOL BRASIL tem prestado um serviço inestimável na divulgação das ações e conquistas e na promoção do relacionamento entre o DASOL e seus associados. Ao mesmo tempo, oferece um conteúdo abrangente, com matérias inovadoras e de alcance internacional, que refletem as expectativas do nosso setor. Para dar mais visibilidade ao aquecimento solar e ao trabalho que vem sendo realizado, um dos projetos do DASOL é o lançamento da versão impressa da SOL BRASIL a partir desta 18ª edição. Uma iniciativa que mais uma vez confirma a capacidade do associativismo em agregar valor a toda a cadeia do aquecimento solar. Boa leitura a todos! Ernesto Nery Vice-Presidente de Operações e Finanças do Dasol

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Case Solar

TUMA e Solarem no Minha Casa Minha Vida em Goiás

Divulgação Tuma

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Sistemas solares instalados em Goianira irão aquecer 100 mil litros de água por mês e atender 2 mil pessoas

O sistema de aquecimento solar (SAS) Solarem da TUMA Industrial está presente no programa Minha Casa Minha Vida da Caixa Econômica Federal. A meta do programa é construir 2,4 milhões de casas e apartamentos até 2014. Conforme as diretrizes do Termo de Referência da Caixa, é obrigatória a instalação de SAS nas casas construídas pelo programa. Em Goianira (GO), a TUMA possui 498 equipamentos Solarem instalados em dois conjuntos habitacionais do Minha Casa Minha Vida: Planalto e Planalto II, empreendimentos em fase de conclusão. Cada um dos sistemas instalados é composto por um armazenador térmico de 200 litros, uma placa de 2 m² de área coletora e uma minicaixa d’água, conectados pelo kit

exclusivo de interligação TUMA/Solarem. A instalação foi concluída no final do primeiro semestre de 2013. No total, são 996 m² de área coletora, quase 100 mil litros de água quente e aproximadamente 75 MWh médios por mês. A expectativa é que os sistemas de aquecimento solar da TUMA atendam 498 famílias de baixo poder aquisitivo (aproximadamente 2 mil pessoas). O uso do SAS em substituição ao chuveiro elétrico representa uma economia de cerca de 30% no consumo mensal de energia, contribuindo assim para a melhoria social das famílias contempladas. Além de iniciativa sustentável, o uso do equipamento Solarem traz benefícios para o sistema elétrico, que tem seu desempenho melhorado com a menor demanda de energia.

Tuma Industrial Ltda Associada ao DASOL/ABRAVA desde 23/09/1999 www.tuma.ind.br


Case Solar

Condomínio poupa energia com sistema da JMS Especialista em projetos de grande porte, empresa instalou 1.600 m2 de coletores solares para garantir água quente em 348 apartamentos

O sistema de aquecimento solar da JMS permite que o Condomínio Residencial Ilhas do Lago, com 348 apartamentos em Brasília, economize 45.000 kW de energia elétrica por mês. Cada apartamento tem três banheiros e, sem o sistema da JMS, seriam necessários cerca de 1.044 chuveiros elétricos para garantir o banho quente dos condôminos. Especialista no fornecimento de grandes sistemas de aquecimento de água, a JMS dimensionou, projetou e instalou todo o sistema do condomínio, que tem as características de um resort. O projeto foi precedido por detalhados estudos para implantar um dos maiores sistemas de aquecimento solar já instalados no Brasil, com mais de 1.600 m² de coletores solares e capacidade de armazenar 150.000 litros de água. A vazão de todos os pontos de consumo de água quente foi equalizada para oferecer a mesma pressão e

vazão em todos os apartamentos independentemente do andar. O sistema automático de recirculação inteligente também evita desperdícios ao levar a água quente aos pontos de consumo em menos de 10 segundos. Além do conforto oferecido aos moradores, o sistema proporcionou a redução do valor mensal do condomínio. Também permitiu a supressão de subestações elétricas e a instalação de uma rede elétrica de menores proporções. A carga economizada no Condomínio Ilhas do Lago representa a retirada de 5.220 kW/h do horário de ponta do consumo de energia elétrica no país e é suficiente para acender 261.000 lâmpadas econômicas de 20 W.

JMS Termotron Associada ao DASOL/ABRAVA desde 28/10/1998 www.jmsaquecimento.com.br/newsite/

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Notícias do Dasol

Inmetro lança guia sobre certificação compulsória Está disponível para download no site do Inmetro o “Guia de Orientações Gerais”, com informações para fabricantes e importadores sobre a certificação compulsória de equipamentos de aquecimento solar. O guia apresenta de forma resumida e prática informações sobre o Programa Brasileiro de Etiquetagem Solar, as portarias Inmetro nº 301 e 352/2012 e os respectivos prazos de adequação de produtos. O documento traz ainda os critérios de transição do PBE Solar Voluntário versus Compulsório, além de informações sobre Organismos de Certificação de Produtos (OCP) e Laboratórios de Ensaios. O guia orienta sobre o registro de equipamentos e a diferença entre registro e certificação. Os procedimentos sobre a importação de produtos regulamentados pelo PBE e a avaliação periódica de manutenção também fazem parte do documento.

SOL BRASIL agora em edição impressa Desde 2010, a revista SOL BRASIL tem oferecido a seus leitores relevante conteúdo em edições digitais sobre aquecimento, energia solar e sustentabilidade ambiental. Essas edições estão disponíveis também no perfil da revista no Facebook – Revista SOL BRASIL. A partir desta 18ª edição, a SOL BRASIL passa a circular

também na versão impressa, ampliando as oportunidades de divulgação da marca das empresas, fornecedores e parceiros da indústria do aquecimento solar. Para saber mais e anunciar na SOL BRASIL, entre em contato pelo telefone (11) 3361-7266 (r. 142) ou pelo email solar@abrava. org.br.


Sustentabilidade é tema do 13º Conbrava Tecnologia da sustentabilidade, o aquecimento solar foi um dos temas debatidos durante o 13º Conbrava, maior congresso brasileiro do setor de ar condicionado, refrigeração e aquecimento solar, realizado entre os dias 17 e 20 de setembro no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Organizado pela ABRAVA, o congresso destacou a importância do engajamento do setor HVAC-R no desenvolvimento de soluções sustentáveis, que melhorem a eficiência energética e reduzam os impactos ambientais em todo o mundo. Com a participação de profissionais do setor e conferencistas internacionais, o congresso debateu questões como eficiência energética, sustentabilidade nas edificações, aquecimento solar, etiquetagem de edifícios

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Foto: Mário Águas

Notícias do Dasol

e certificação LEED, entre outros temas. O congresso foi realizado paralelamente à 18ª Feira Internacional de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar (Febrava), que reuniu 380 expositores e cerca de 650 marcas de 11 países distribuídas numa área de 38 mil m². Durante a Febrava, 28 empresas receberam o Selo ABRAVA Destaque Inovação. O selo é um reconhecimento pela evolução de produtos e equipamentos do setor que apresentem, entre outros benefícios, alta eficiência energética, baixo impacto ambiental e multifuncionalidade para atender setores do varejo, shoppings, indústrias, bancos, escritórios, hoteis e hospitais.

DASOL presente na Intersolar Aquecimento e refrigeração solar e o mercado de energia solar térmica foram temas da apresentação do presidente do DASOL, Carlos Artur A. Alencar, na exposição e conferência Intersolar South America, em São Paulo. Realizada entre os dias 18 e 20 de setembro no Expo Center Norte, a edição 2013 da Intersolar South America ofereceu aos profissionais do setor solar oportunidade de contatos e troca de informações sobre os mais recentes desenvolvimentos de mercado, métodos de produção, financiamento e planejamento de projetos das tecnologias termossolar e fotovoltaica. A Intersolar South America é o quinto evento da Intersolar, principal série de exposições do setor de energia solar, realizada em quatro continentes, com o objetivo de aumentar a participação da energia solar no abastecimento de energia.


Entrevista Divulgação GET

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BID dá garantia de crédito para projetos de eficiência energética Entrevista: Alvaro Silveira, sócio-diretor da Atla Consultoria As empresas brasileiras contam com um poderoso aliado para implantar projetos sustentáveis de eficiência energética e assim reduzir o consumo de energia e as emissões de gás carbônico em suas atividades. O Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, criou uma garantia de crédito conhecida como EEGM (Mecanismo Garantidor de Eficiência Energética) para facilitar o acesso das empresas ao financiamento mais barato de projetos que envolvam a tecnologia solar, por exemplo. No Brasil, o EEGM é oferecido pela Atla Consultoria, empresa parceira do BID especializada em finanças para projetos de eficiência energética e energias renováveis. Nesta entrevista à SOL BRASIL, Alvaro Silveira, sócio-diretor da Atla Consultoria, descreve o funcionamento da carta de fiança e as condições preferenciais para os empresários brasileiros. “O valor máximo de garantia por projeto é de R$ 1,8 milhão e o mínimo, de R$ 330 mil”, destaca. Alvaro tem mais de 30 anos de experiência no mercado empresarial e financeiro brasileiro em corporações como Santander Brasil, ABN AMRO Real, Citibank, Itau Unibanco, Banco do Brasil, além do Grupo Votorantim e KPMG. Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e bacharel pela Faculdade de Economia São Luis, com pós-graduação pela Fundação Getúlio Vargas, IBMEC e INSEAD, Alvaro Silveira integrou os Comitês de Sustentabilidade e Diversidade do Banco ABN AMRO Real.


Entrevista O que é o Mecanismo Garantidor de Eficiência Energética EEGM? Trata-se de um instrumento viabilizador para projetos de eficiência energética no Brasil. O EEGM proporciona aos clientes, financiadores, instituições financeiras, fabricantes ou empresas de engenharia especializadas garantias de até 80% dos investimentos realizados na implantação de um projeto de eficiência energética em edificações. Podem ser projetos de retrofit em edificações como shopping centers, hospitais, prédios comerciais, prédios administrativos, arenas esportivas e galpões entre outras edificações. Consideram-se os custos de obras de instalação, máquinas e equipamentos e mão de obra envolvidos no projeto. Qual a razão/objetivo do BID em oferecer essa linha de apoio a projetos verdes de eficiência energética? O EEGM é uma iniciativa inovadora apresentada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em parceria com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) e o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) para contribuir na redução das barreiras existentes nas operações de financiamento no mercado de eficiência energética para edifícios no Brasil e para a redução de emissões de CO2 na atmosfera. Por que o Brasil foi escolhido como o pioneiro nesse tipo de mecanismo? Trata-se de um diferencial de oportunidade? O país foi escolhido devido a um estudo que demonstrou existirem barreiras para a realização de um maior número de projetos de eficiência energética. Uma das principais barreiras está na falta de confiança entre os participantes de um projeto de eficiência energética (usuários finais, empresas de engenharia especializadas, fabricantes e financiadores entre outros) sobre as projeções de economias a serem atingidas e que garantam o fluxo de repagamento do investimento realizado no projeto. Outra barreira está no fato de que os bancos locais em suas áreas comerciais e de crédito não estão familiarizados

“Uma das principais barreiras é a falta de confiança entre os participantes do projeto sobre as projeções de economias a serem atingidas.”

com o risco de desempenho nos projetos de economia de energia de pequeno e médio porte e não estão dispostos a considerar a economia de energia como garantia para liberação dos empréstimos e financiamentos. Qual o volume de recursos? Há prazo de disponibilidade? O volume de garantias a serem emitidas é da ordem de R$ 55 milhões, que atingem um volume de projetos de eficiência energética próximo a R$ 220 milhões. Este instrumento estará disponível no país por um prazo de 5 anos. O valor máximo de garantia por projeto é de R$ 1,8 milhão e o mínimo, de R$ 330 mil. Em que circunstâncias o EEGM pode ser melhor utilizado em projetos? O EEGM oferece garantia de crédito (fiança) para que os empresários se beneficiem das seguintes formas: • Para acessar as diversas linhas de crédito disponíveis no mercado brasileiro através de bancos privados ou públicos. É uma maneira de ampliar o limite de crédito das empresas junto às instituições financeiras e também reduzir o custo final (principalmente as taxas de juros) das linhas de crédito já disponíveis. • Para quebrar a resistência do cliente em adquirir todo o projeto. O EEGM oferece garantia ao cliente final sobre o

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Entrevista

“Com o EEGM, espera-se aumentar a eficiência energética de edifícios públicos e comerciais em 4 milhões de MWh nos próximos 20 anos.”

desempenho técnico da tecnologia instalada, garantindo as economias projetadas. • Oferecendo garantia de crédito ao fabricante e/ou empresa de engenharia que executou o projeto de que os recebíveis do cliente final acontecerão. Como uma empresa de energia solar pode pleitear o EEGM? • Obtendo junto ao Administrador do EEGM o formulário a ser preenchido e encaminhando para avaliação do risco de crédito da empresa junto à equipe do BID. Apresentando ao administrador do Instrumento seu projeto que comprove o uso da tecnologia solar na redução no consumo de energia e/ou na redução da emissão de CO2 na atmosfera. Este projeto será objeto de análise da área técnica do BID (própria ou terceirizada). Contatando Alvaro Silveira ou Thiago Simões no escritório em São Paulo pelo telefone (11) 3528-4108 ou pessoalmente. Obtendo informações pelo website www.eegm.org. Em que momento a indústria deve recorrer ao EEGM? A qualquer tempo, os fabricantes têm a oportunidade de aumentar seu volume de vendas por meio do EEGM. Tradicionalmente os produtos e serviços são vendidos por equipe própria, distribuidores ou empresas de projetos, que

em sua maioria realizam vendas à vista ou em curtíssimo prazo (até 90 dias). O EEGM dá suporte para vendas de projetos e obras financiadas em até 7 anos (conforme o prazo de retorno do projeto). Facilitando-se o prazo de pagamento, aumenta-se significativamente a oportunidade de utilização das economias obtidas nos projetos para pagamento das prestações dos financiamentos e alongamentos de prazo. As instituições bancárias estão preparadas para utilizar o EEGM? Temos realizado contatos com a administração de diversas instituições privadas e públicas no mercado brasileiro que estão aprovadas para operar com o BID. Todas demonstraram interesse em operar com a garantia do EEGM. Devido ao grande número de agências e de funcionários das instituições financeiras, o conhecimento sobre o EEGM pode ser restrito. Por isto, a equipe da Atla Consultoria está à disposição para esclarecimentos diretos aos contatos bancários das empresas interessadas. Importante ressaltar que a garantia do EEGM, em termos jurídicos, é uma carta de fiança emitida na língua portuguesa pelo BID Brasil (foro em Brasília). O banco possui avaliação de risco de crédito AAA pela Standard & Poor’s e Aaa pela Moody’s e, devido à sua base de acionistas e a uma gestão prudente, possui uma posição financeira forte. Desta forma, é capaz de tomar empréstimos em mercados internacionais com taxas competitivas e transferir esse benefício aos seus clientes em 26 países da América Latina e Caribe. Há possibilidade de utilização em mais de um projeto pela mesma empresa/indústria? Sim. Uma indústria poderá realizar dezenas de projetos com o EEGM ao utilizar o instrumento através de sua rede de parceiros nos diversos projetos de eficiência energética. Como a linguagem de eficiência energética e redução de consumo de energia pode ser melhor traduzida para captação de recursos? Conectando-se diretamente estes dois conceitos, eficiên-


Entrevista

cia energética e redução de consumo, a redução de despesas para quem está implantando o projeto, ou seja, a redução da conta de energia mensal permite a liberação de recursos financeiros que suportarão o pagamento do parcelamento ou financiamento do novo sistema solar implantado. Qual o papel da Atla Consultoria no mercado brasileiro e junto ao BID? A Atla Consultoria é uma empresa especializada em finanças para projetos de eficiência energética e energias renováveis. Seus sócios e colaboradores possuem profundo conhecimento e experiência no desenho e implantação de projetos no mercado financeiro e de energia. A Atla Consultoria foi contratada pelo BID para ser o administrador oficial deste instrumento no Brasil, sendo responsável pela coleta das informações das empresas interessadas e de seus projetos. Também realiza o contato com as principais entidades do setor, fabricantes, empresas de projetos, ESCOs, empresas de engenharia especializadas

em eficiência energética, bancos estatais e privados, assim como órgãos governamentais. Que outras informações o sr. gostaria de destacar sobre o EEGM? O empresário interessado não possui nenhum custo para consultar ou inscrever seu projeto no EEGM. O custo do EEGM para o empresário está baseado no valor da carta de garantia emitida (e não sobre o projeto total), que possui condições preferenciais frente aos produtos similares existentes no mercado brasileiro. Mencionando sobre os resultados desta ação do EEGM, espera-se aumentar a eficiência energética dos setores de edifícios comerciais e públicos em cerca de 4 milhões de MWh de eletricidade nos próximos 20 anos. Dessa maneira, seria gerada uma redução direta de 2 milhões de toneladas equivalentes de CO2 em emissões de gás de efeito estufa durante o mesmo período, com uma redução indireta de emissões estimada em 9,6 milhões de toneladas de CO2.

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Tecnologia

Melhor integração, melhores sistemas

Joachim Berner, da Sun & Wind Energy (janeiro-fevereiro/2013) Colaboração: Nathalia Moreno, do DASOL

Melhor integração do sistema, maior desempenho do aquecedor de água, temperaturas mais elevadas. Ao longo dos últimos 10 anos, a tecnologia solar térmica registrou avanços expressivos. A tecnologia solar térmica pode fazer mais do que apenas fornecer água quente para o banho de chuveiro. A tecnologia provou ao longo dos últimos 10 anos que os coletores solares também trouxeram uma contribuição valiosa para suprir a parcela de energia dedicada ao aquecimento. Uma integração mais profunda da energia solar térmica com equipamentos de aquecimento convencional tornou possível esse avanço. A indústria desenvolveu novos reservatórios de água quente para melhor integração dos sistemas. Como resultado, hoje os boilers solares são muito mais que reservatórios cheios de água. Construídos com sistemas internos de armazenamento e integrados a estações de água potável, têm transformado os novos tanques solares em unidades de aquecimento central.

Para garantir a interação eficiente de coletores solares com caldeiras de condensação de gás, caldeiras de pelotização e bombas de calor, o sistema solar térmico deve ter prioridade sobre sistemas de aquecimento secundários e o aquecimento solar deve ser distribuído de acordo com a temperatura desejada. Hoje, as unidades pré-montadas completas combinam controladores eletrônicos e hidráulicos, tanto para circuito de distribuição de água como para o aquecimento, bem como a gestão do armazenamento no tanque e da higiene da água potável aquecida em cada unidade, incluindo todas as conexões necessárias e a ligação do equipamento. Estas unidades asseguram que a energia armazenada no reservatório seja utilizada de forma eficiente e que a energia solar traga uma contribuição para o sistema de

Mercado de energia solar em 27 países da União Europeia e Suíça (coletores fechados)

O mercado de energia solar térmica tem um passado agitado. Mas há somente um caminho para a tecnologia: crescer!


Sistemas de soldagem são feitos sob medida para atender necessidades individuais dos fabricantes

aquecimento como um todo. Módulos hidráulicos também tornam a vida mais fácil para os técnicos que instalam e depois fazem a manutenção do sistema de aquecimento. Melhorias também tornaram as estações solares mais fáceis de usar e ampliaram o leque de aplicações. Por exemplo, os sensores de fluxo volumétrico integrados de forma independente controlam o fluxo, enquanto medem com precisão o rendimento energético e diagnosticam falhas no sistema.

Um único controlador para tudo Para garantir que não haja conflitos entre coletores solares e um segundo sistema de aquecimento, cada um tem de saber o que o outro está fazendo. Para isso, os fabricantes já oferecem controladores que combinam em um único dispositivo um grande número de funções controladas para ambos os sistemas de aquecimento. Há poucos anos, era uma história diferente, com sistemas de aquecimento separados usando seus próprios controladores. Enquanto cada um dos sistemas funcionava bem por conta própria, um não sabia o que o outro estava fazendo. As novas unidades também têm outros benefícios. Os instaladores podem agora acessar o sistema de aquecimento de toda a interface de um único controlador que tem a mesma estrutura. Em outras palavras, os instaladores não têm que lidar com duas peças de equipamentos diferentes. Os dispositivos modernos estão equipados com telas sensíveis ao toque para facilitar as coisas para os proprietários do sistema de aquecimento. Além disso, os novos sistemas podem se comunicar com dispositivos de multimídia, como computadores, smartphones e sistemas de comunicação. O desenvolvimento se dá em etapas e algumas empresas estão criando agora controladores inteligentes baseados no princípio de que os reservatórios solares não precisam ser a primeira coisa a ligar de manhã se não houver a expectativa de uso da água quente até o final do dia. Os controladores usam sensores e linhas de tendência para detectar quando o rendimento solar está adequado, desligando o aquecedor quando o aquecimento solar está disponível. Outras soluções calculam a janela de tempo adequada para ligar a bomba solar nos dias em que está em operação.

Fabricação de núcleo de controlador

13 Fotos: da Sun & Wind Energy 12/2012

Tecnologia

Máxima energia do lado de fora Para o aquecimento solar cravar uma posição de destaque, a tecnologia de armazenamento da água quente tem que mudar. Estações de água potável para o abastecimento de água quente são frequentemente incorporadas aos sistemas de aquecimento. Os trocadores de calor nas estações de água potável, que estão localizados fora do reservatório solar, fornecem água quente sob demanda. A água quente do reservatório intermediário flui através do trocador de calor e aquece a água potável para a temperatura desejada à medida que flui através da unidade. A vantagem desta tecnologia é que ela elimina a necessidade de armazenar grandes quantidades de água quente potável no reservatório. Até agora, os sistemas solares térmicos têm se saído bem em casas unifamiliares e sobrados. No entanto, a tecnologia para sistemas de grande porte tem andado de lado por anos. Os fabricantes estão oferecendo sistemas com vazões cada vez maiores, sistemas domésticos de água quente higiênica que aquecem a água conforme o uso. Bombas em circuitos de velocidade primária variável, que trabalham em combinação com controladores eletrônicos, oferecem um elevado grau de precisão da temperatura, mesmo com baixos volumes de consumo, e não requerem um fluxo volumétrico mínimo no sistema. Novos reservatórios de grande volume para água quente também são adequados para as demandas de residências multifamiliares. A indústria oferece agora reservatórios que podem conter milhares de litros de água.


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Tecnologia Novos materiais de absorção Placas absorvedoras de alumínio datam de 30 anos, mas os primeiros modelos fabricados usando a técnica de “roll-bond” foram criticados por problemas de corrosão e, eventualmente, desapareceram do mercado. Em vez de alumínio, o mercado adotou o cobre como o material escolhido para o absorvedor. No entanto, o aumento desproporcional nos preços das matérias-primas levaram os fabricantes a reexaminar novamente o alumínio. A soldagem a laser tornou possível desenvolver uma técnica de fabricação para a solda de placas de alumínio em tubos de cobre. Tais equipamentos de produção agora podem ser encontrados em todo o mundo. Em 2005, apenas quatro empresas europeias produziam absorvedores com equipamentos de soldagem a laser. Agora, no entanto, o alumínio se estabeleceu como um material absorvedor. Em uma pesquisa realizada há dois anos pela revista Sun & Wind Energy, apenas 25 dos 79 fabricantes disseram que venderam mais coletores solares com absorvedores de cobre do que com absorvedores de alumínio. O movimento em direção ao uso de alumínio ganhou impulso com fornecedores de equipamentos de soldagem ultrassônica que adaptaram essa tecnologia ao material.

Temperatura quente para aplicação fria Hoje em dia, os coletores não são apenas placas planas ou linhas de tubos. Os novos coletores projetados proporcionam outras aplicações para sistemas solares térmicos que vão além do aquecimento doméstico de água, tais como resfriamento solar, processo de geração de calor, co-geração e produção de energia elétrica em pequena e média escala. Sistemas de espelhos parabólicos e coletores concentradores híbridos geram temperaturas significativamente mais elevadas do que os coletores tipicamente planos. Empresas já oferecem produtos comerciais que concentram e transferem a energia dos raios solares para trocadores de calor ou receptores cheios de ar para gerar vapor. Outros sistemas de geração de energia elétrica com módulos fotovoltaicos integrados adicionam altas temperaturas. Esses coletores chamados de PVT compreendem um refletor parabólico que concentra a luz solar em um receptor equipado com células solares. Um líquido flui através do receptor, resfriando os elementos fotovoltaicos. O calor emitido pelo sistema pode ser utilizado para o resfriamento. Os dias de energia solar térmica não são mais apenas para o aquecimento da água do banho.


Tira Dúvidas

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Attilio Lombardo - Banco de Imagem sxc.hu

Dúvida sobre sistemas de aquecimento solar de água? Envie sua mensagem para solar@abrava.org.br

Fale com o Especialista: Engenheiro Lúcio Mesquita

Quais as vantagens do vidro temperado nos sistemas de aquecimento solar? Primeiro é preciso distinguir os dois tipos principais de vidros com tratamento térmico. Temos o vidro termicamente endurecido e o vidro temperado. Os dois recebem tratamentos térmicos diferentes a partir do vidro comum. O vidro temperado é o mais resistente de todos, tanto do ponto de vista de esforços mecânicos, quanto em relação a tensões causadas por efeitos térmicos. Além disso, quando há a quebra, o vidro temperado forma pequenos estilhaços. Por isso ele é considerado um vidro de segurança. Já o vidro termicamente endurecido é mais resistente que o vidro comum, mas quando se quebra formam-se grandes pedaços. Na maioria das aplicações para coletores, o vidro termicamente endurecido é suficiente para promover uma redução significativa de quebras no transporte e com granizo. Há aumento nas perdas de reflectividade devido a esse tipo de vidro (em comparação ao vidro tradicional de 3 mm), que reduzem a energia absorvida pelo coletor? Não, a transmitância é a mesma, isto é, se a espessura dos vidros for a mesma, não haverá mudança na quantidade de radiação solar que atravessa o vidro.

O peso do coletor seria muito alterado? Não, somente se for utilizado um vidro com espessura diferente. O vidro temperado altera o processo de instalação de SAS? A dificuldade é maior ou menor e por quê? Existem menores riscos de quebra no transporte e na instalação, mas o processo é o mesmo. Os vidros com tratamento térmico possuem as suas extremidades mais sensíveis. Por isso, é preciso mais cuidado para que não haja choque nessas regiões dos coletores durante a instalação.

Lúcio Mesquita é engenheiro mecânico pela UFMG e Ph.D em Engenharia Mecânica pela Queen’s University (Canadá) na área de condicionamento de ar solar. Projetista e consultor em energia solar térmica, tem 20 anos de experiência na área, com projetos no Brasil, Estados Unidos e Canadá. Atualmente é Diretor-Presidente da Thermosol Consulting.


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Mundo Verde

Energia solar é um provedor decisivo de aquecimento

Da Sun & Wind Energy (janeiro- fevereiro/2013) Colaboração: Nathalia Moreno, do DASOL

O aquecimento solar pode oferecer uma contribuição significativa tanto na luta contra as mudanças climáticas como na segurança do abastecimento de energia. Este é o resultado do novo Plano Tecnológico de Aquecimento e Refrigeração Solar da Agência Internacional de Energia (IEA). Em entrevista à revista Sun & Wind Energy, Paolo Frankl, chefe da Divisão de Energia Renovável, explica a visão para o aquecimento solar e seus principais desafios.


Mundo Verde

S&WE: O Plano Tecnológico de Aquecimento e Refrigeração Solar (ARS) é o primeiro da IEA em tecnologia de aquecimento. Por que você escolheu a tecnologia de aquecimento solar? Paolo Frankl: Não é a primeira vez que tratamos do aquecimento como energia renovável. Tanto o Plano de Tecnologia de Aquecimento Geotérmico e Energia, publicado em 2011, como o Plano Tecnológico de Bioenergia para Aquecimento e Energia, publicado em maio de 2012, têm seções extensas sobre aquecimento. O Plano Tecnológico de Aquecimento e Refrigeração Solar é o primeiro focado apenas em uma tecnologia renovável de aquecimento. O aquecimento solar é um provedor decisivo de calor. É também a tecnologia solar mais amplamente aplicada até agora e vai continuar assim por muito tempo no futuro. S&WE: Qual é a visão da IEA? Frankl: O potencial de expansão é enorme em relação ao nível atual. Poderiam ser atingidos 18 EJ (ExaJoules) de calor, o que corresponderia a cerca de 16% do total estimado do consumo final de energia de aquecimento de baixa temperatura e 17% do consumo total de energia para refrigeração em 2050. Por isso, é uma contribuição notável. S&WE: Quais são as principais medidas para tornar essa visão uma realidade? Frankl: Eu diria que há duas distinções importantes. Uma delas é continuar a melhorar a tecnologia e projetos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Para aquecimento de baixa temperatura em torno de 100°C, temos de melhorar o desenvolvimento de coletores com a mudança e aperfeiçoamento dos materiais, bem como a introdução de kits padronizados para reduzir os custos. Para sistemas de grande escala, precisamos integrá-los em redes municipais de aquecimento e resfriamento e introduzir o armazenamento sazonal. Para o aquecimento de média temperatura e soluções híbridas entre 100 e 400°C, temos que trabalhar na adaptação das tecnologias de concentração solar para produção de calor e na padronização de conceitos de sistemas de integração para processos industriais. Outras áreas importantes de P&D são o armazenamento de refrigeração e o armazenamento compacto de energia térmica. S&WE: Qual é a segunda principal medida? Frankl: Melhorar o quadro regulatório, com medidas de apoio e incentivo ao mercado. Primeiro, acho que a introdução de metas de longo prazo nas políticas para o

aquecimento renovável é um ponto crucial. Em segundo lugar, precisamos ter um padrão mais diferenciado para os regimes de incentivos econômicos. A situação do aquecimento é mais complicada do que a da energia elétrica, pois o calor não pode ser transportado facilmente e a natureza do produto varia com os diferentes usuários, cargas e temperaturas necessárias. Assim, os incentivos precisam ser articulados levando em conta essas diferenças. Nós achamos que isso não foi suficiente no passado. O outro ponto decisivo é que existem importantes barreiras não-econômicas em volta do aquecimento. Gostaria de mencionar três. A primeira delas é a falta de informação entre os usuários finais. A segunda é a educação e formação insuficiente dos agentes-chaves - em particular aqueles que chamamos de “porteiros”, por exemplo, os arquitetos e encanadores. O terceiro é o famoso problema da divisão dos incentivos. Por exemplo, se você está alugando um apartamento, você pode ter interesse em ter um sistema solar, mas você não é o dono e não quer correr o risco de um investimento de longo prazo, que pode durar mais tempo do que sua permanência no apartamento. Por outro lado, os proprietários não podem ter um incentivo para investir em um sistema solar, simplesmente porque eles não pagam a conta

Paolo Frankl é chefe da Divisão de Energia Renovável da IEA

Foto: Joachim Berner

“Precisamos ter uma abordagem integrada melhor, olhar para a eficiência energética e para nossas necessidades de energia.”

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Mundo Verde de energia mensal e não iriam receber nenhum benefício a partir disso. S&WE: O que a publicação do Plano de Aquecimento e Refrigeração Solar significa para você pessoalmente? Frankl: Eu, pessoalmente, acredito muito no aquecimento solar. Muito dinheiro foi gasto na energia fotovoltaica nos últimos anos. Eu acho que isso tem sido muito útil para melhorar a tecnologia PV (fotovoltaica) e diminuir seus custos. No entanto, ao mesmo tempo, eu acho que precisamos fazer muito melhor no futuro. Antes de tudo, precisamos ter uma abordagem integrada melhor, olhar para a eficiência energética e, em seguida, olhar para nossas necessidades remanescentes de energia. Com base nisso, podemos identificar as opções de tecnologias solares ou outras tecnologias renováveis que são capazes de satisfazer essas necessidades. Esta é a mensagem que tentamos passar em nossos roteiros e no nosso trabalho, principalmente no livro Perspectivas da Energia Solar, publicado em dezembro de 2011. S&WE: Como o Plano pode ser usado para uma ação política real? Frankl: O que fazemos com nossas análises é tentar influenciar os nossos governos. Eu vejo duas principais linhas de

ação. Uma delas é de informar os nossos políticos e nos certificarmos de que o aquecimento solar é sistematicamente incluído na estratégia de longo prazo para a matriz energética e para energias renováveis. Em outras palavras, ter certeza de que toda a atenção nem sempre irá apenas para a seção de eletricidade. A segunda é a de contribuir para a crescente conscientização e divulgação dos resultados dos planos nas economias emergentes e países em desenvolvimento. Posso anunciar que a IEA já decidiu fazer um roteiro solar na África do Sul e que estamos negociando um na China. S&WE: Quando se trata de Europa, o mercado de aquecimento e refrigeração solar (ARS) está estagnado. Isto se deve principalmente a problemas econômicos, tecnológicos ou políticos? Frankl: Eu acho que é mais um problema de modelo de negócio político e industrial. Se você olhar para diferentes países na Europa, há muita diferença nos preços dos sistemas. Por quê? É porque as indústrias tornaram-se confortáveis com isso e vêm explorando os muitos incentivos em seus respectivos países. A indústria ARS Europeia precisa olhar para novos modelos de negócios e mercados mais sustentáveis e autossustentáveis, especialmente no norte

“Uma das linhas de ação é informar nossos políticos e nos certificarmos de que o aquecimento solar está incluído na estratégia de longo prazo para a matriz energética e para energias renováveis.”

Plano de visão para aquecimento e refrigeração solar Mais informações: Technology Roadmap: Solar Heating and Cooling (Plano de Tecnologia – Aquecimento Solar e Refrigeração) Publicado em: julho de 2012


Mundo Verde da África e no Oriente Médio, onde o aquecimento solar tem um futuro muito promissor.

S&WE: Então houve mudança na importância da energia renovável na IEA. Por quê? Frankl: Há várias razões para isso. Se eu tivesse que escolher o fator mais importante, em minha opinião, estaria relacionado com a reunião do G8 em Genebra (Escócia), em 2005. Esta foi a primeira vez que os países do G8 pediram à IEA para fazer novos cenários compatíveis com os objetivos de forte redução de emissões de CO2 que iria manter em longo prazo o aumento da temperatura média abaixo de 2°C. Este foi o ponto de virada, porque desde então - mediante a elaboração de cenários que não prejudiquem o clima amigável - o papel das energias renováveis surgiram automaticamente no nosso trabalho e tornou-se imediatamente muito mais relevante em toda a agência.

“A reunião do G8 em 2005 foi o ponto de virada. Foi a primeira vez que os países do G8 pediram à IEA para fazer novos cenários com objetivo de reduzir as emissões de CO2 e manter o aumento da temperatura média abaixo de 2°C.”

S&WE: Na conferência SHC 2012 você mencionou que seria necessária mais comunicação por parte da indústria. Você poderia comentar algo sobre isso? Frankl: Uma das barreiras não-econômicas é a falta de consciência. Eu acho que a indústria não tem feito o suficiente em termos de publicidade e comunicação em seus produtos a fim de conscientizar as pessoas. O setor precisa comunicar melhor o que ele pode fazer e quais são as melhores soluções para as diferentes necessidades das famílias, sem mencionar para o setor industrial e de serviços. S&WE: Como você descreveria a importância das energias renováveis na IEA? Frankl: Elas desempenham um papel importante que é confirmado pelo fato de que, desde 2009, as energias renováveis têm uma divisão de pleno direito que faz parte da Direção de Mercados de Energia e Segurança. Também gostaria de ressaltar que é um papel cada vez maior. Além da nossa Divisão de Energia Renovável, há uma série de outros colegas da IEA que trabalham em energias renováveis, no mínimo, em tempo parcial. Há vários lugares diferentes em toda a IEA onde as renováveis estão, cada vez mais, desempenhando um papel, e este é um reconhecimento de que elas estão se tornando cada vez mais parte integrante da corrente principal do mix de energia. Julho de 2012 marca o mês do primeiro Relatório de Mercado das Energias Renováveis, de médio prazo, uma publicação anual, exatamente como fazemos com petróleo, gás e carvão.

S&WE: Haverá mais planos sobre tecnologias renováveis de aquecimento? Frankl: Temos agora cobertura em bioenergia, energia geotérmica e solar. Assim, para o momento, estamos bem. Acabamos de publicar um estudo dentro das políticas de aquecimento renovável e vamos continuar a trabalhar neste campo específico. E ainda estamos trabalhando muito no aquecimento renovável em aplicações industriais, que nós achamos que têm um enorme potencial a preços muito competitivos - e que é um mercado totalmente inexplorado. Entrevista concedida a Joachim Berner, da S&WE. Acesso: http://www.iea.org/publications/freepublications/ publication/Solar_Heating_Cooling_Roadmap_2012_WEB.pdf Políticas de aquecimento renovável (em inglês): www.iea.org/ publications/insights/

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Arquitetura Verde

Aquecimento solar: qualidade e conforto para os clientes da Castor O aquecimento solar está presente há mais de duas décadas nas obras assinadas pela Construtora Castor, empresa de Belo Horizonte com 50 anos de mercado e um forte compromisso com a oferta de soluções sustentáveis e de qualidade a seus clientes. “O aquecimento solar consegue aliar o conforto do sistema central com racionalização de energia, um casamento perfeito e ambientalmente correto”, observa Cantídio Alvim Drumond, superintendente de obras da Construtora Castor, nesta entrevista à SOL BRASIL. Todas as obras realizadas pela sua construtora nos últimos 20 anos receberam coletores solares. O que motiva essa opção pelo aproveitamento da energia solar térmica? O número total de empreendimentos supera 25 instalações. As motivações para instalações dos sistemas de aquecimento solar de água são: conforto, economia e visão da construtora de levar sempre boas soluções para nossos clientes. Nossa experiência com os sistemas e conhecimento dos bons resultados nos permite sugerir a instalação dos aquecedores solares. Mas observamos que os clientes também demandam esse tipo de tecnologia em seus apartamentos. Que conceitos estão presentes nos projetos e obras desenvolvidos pelo sua empresa prevendo o aproveitamento da energia solar (seja a térmica para aquecimento e a fotovoltaica)? Utilizamos apenas os aquecedores solares. Devido ao alto padrão dos apartamentos que construímos, orientamos que nossos projetos e engenharia, desenvolvidos por uma empresa especializada de confiança da construtora, assegurem conforto condizente com o padrão das construções, durabilidade, confiabilidade e racionalização de energia, aproveitando ao máximo os espaços disponíveis nas coberturas dos prédios.


Arquitetura Verde

Quais as vantagens e os desafios de inserir a energia solar térmica nas obras que a construtora realiza? Utilizamos o serviço especializado da empresa de projeto e consultoria em aquecimento solar da Agência Energia. Essa empresa levanta as interferências com os demais projetos desde a concepção do empreendimento e orienta os profissionais das disciplinas com afinidade ao assunto. Juntamente com a Construtora Castor, a Agência Energia orienta a arquitetura, hidráulica, elétrica e instalações de gás utilizadas comumente como complementares do aquecimento solar. A gestão das interfaces em fase de projeto e a elaboração de um projeto executivo detalhado permite a condução da implantação do aquecedor solar nos edifícios de forma mais harmoniosa. O sr. pode citar algumas obras que incluem o aproveitamento da energia solar térmica? Como adotamos em todos nossos empreendimentos o uso de energia solar no sistema de aquecimento central desde 1991, podemos citar como relevantes o Condomínio Città Giargino e o Condomínio Top Green. O Condomínio Città Giargino possui um sistema com 218 m² de coletores solares e capacidade de armazenamento de 20.000 litros de água quente por dia, constituindo um dos maiores sistemas de aquecimento solar em edifícios na Grande Belo Horizonte. No Condomínio Top Green, constituído por três torres com 22 pavimentos cada, são 150 m² de coletores solares e capacidade de armazenamento de 15.000 litros de água por dia para cada torre. Como a legislação pode ajudar a aumentar o aproveitamento da energia solar nas cidades? Estudando formas de estimular o uso de energia solar por meio de incentivos para os usuários como, por exemplo, a redução de IPTU. Como deve ser a interação do construtor com instaladores e fabricantes para a melhor eficiência de sistemas de aquecimento solar de água? Recomendamos que a construtora contrate uma empresa especializada em projeto e consultoria para que conduza o assunto conforme a demanda de cada obra. Temos uma parceria sólida de mais de uma década com a Agência Energia Projeto e Consultoria em energia solar e essa empresa vem nos atendendo nas questões relativas ao aquecimento de água.

Empreendimentos da Construtora Castor são equipados com sistema de aquecimento solar desde 1991

O que motiva a demanda do cliente por projetos com aproveitamento da energia solar? É uma consciência de sustentabilidade ambiental ou somente a redução de custos? Acreditamos que nossos clientes aprovam a utilização dos aquecedores solares devido ao conforto oferecido pelos sistemas centrais de aquecimento. O aquecimento solar consegue aliar o conforto do sistema central com racionalização de energia, um casamento perfeito e ambientalmente correto. Os nossos clientes exigem o uso de tecnologias sustentáveis. Que recomendação o sr. dá a clientes e consumidores interessados em projetos sustentáveis e com aproveitamento da energia solar térmica? Para empreendimentos com grande demanda de água quente recomendamos sempre utilizar a assessoria de uma empresa especializada em projeto e consultoria para, depois de equacionados os desafios técnicos, partir para a compra dos equipamentos. A aquisição dos equipamentos deve ser baseada em um projeto de engenharia detalhado e com especificações aplicáveis a cada instalação. O fornecimento dos equipamentos necessários à instalação deve ser feito por empresa com experiência comprovada e com comprometimento com o pós-venda para que os ajustes necessários e manutenção do sistema assegurem os resultados esperados e projetados. E usar coletores e reservatórios térmicos certificados pelo Inmetro. Divulgação Construtora Castor

Qual é a participação do aproveitamento da energia solar nos custos da construção? Qual é o retorno desse tipo de investimento? O custo dos aquecedores solares é pouco relevante no custo total dos empreendimentos. O retorno do investimento é a satisfação dos nossos clientes de poderem ter água quente de forma confiável, aliando conforto, economia e sustentabilidade.

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Cursos

Certificação compulsória terá 2ª turma em outubro Especialistas explicam o que esperar dos novos testes de qualidade para aquecimento solar Depois do sucesso da primeira turma, o DASOL promove no dia 22 de outubro a segunda edição do curso de Certificação Compulsória para Aquecimento Solar em São Paulo. O objetivo do curso é orientar fabricantes, fornecedores e importadores sobre a nova regulamentação do Inmetro para certificação compulsória de sistemas de aquecimento solar. Essa regulamentação aumentou a exigência de testes de qualidade para avaliar itens como a resistência à ação da chuva de granizo e congelamento, dentre outros. A segunda edição contará com os mesmos especialistas que ministraram o curso em agosto a 27 alunos. Entre os especialistas está o engenheiro Aluísio Gonçalves e sua experiência de 35 anos em programas de qualidade e conformidade do Inmetro. Na primeira edição, Aluísio Gonçalves destacou aspectos sobre a documentação necessária para registro de produtos, custos envolvidos e a adequação dos laboratórios brasileiros para realização dos testes exigidos. Ele ressaltou a importância e incentivou os participantes a conhecerem a fundo os regulamentos e normas técnicas sobre sistemas de aquecimento solar. Coordenadora de projetos de P&D Cemig Aneel sobre Aquecimento Solar Distrital e do Projeto de Avaliação de Obras de Aquecimento Solar (Eletrobras/Procel), a professora Elizabeth Duarte Pereira, do Centro Universitário UNA-MG, também participa da nova turma. No primeiro curso, a professora respondeu questões práticas sobre a influência de condições de temperatura, pressão e radiação solar sobre o funcionamento dos sistemas de aquecimento solar. A professora também simulou alguns cálculos para mostrar o efeito dessas condições e os desafios dos novos testes de qualidade. Ph.D em Engenharia Mecânica pela Queen’s University (Canadá), o consultor Lúcio Mesquita trará novamente sua experiência de mais de 20 anos na área de condicionamento de ar solar. Na primeira edição do curso, o consultor descreveu o processo de certificação em outros países, como Estados Unidos, Europa, China, Alemanha, Canadá, Turquia e Índia, e a evolução das normas técnicas. O curso realizado em agosto foi avaliado como ótimo ou bom por mais de 90% dos alunos. “A equipe de professores é de alto nível”, comentou Gleicon Garcia, gerente operacional da Solar Minas. “O objetivo é se inteirar mais sobre as normas de compulsoriedade e saber como sua empresa pode se enquadrar nessas normas”, acrescentou.

Lúcio Mesquita, Elizabeth Pereira e Aluísio Gonçalves ministram o curso na sede da ABRAVA

Como fazer a inscrição As inscrições para este e demais cursos do DASOL podem ser feitas pelo site www. dasolabrava.org.br. Mais informações pelo telefone (11) 3361-7266, ramais 142/144, ou pelo e-mail cursos@dasolabrava.org.br. Para empresas associadas ao DASOL, o investimento por profissional é de R$ 900. Para não associados, R$ 1.300. Serão fornecidos material didático, certificado e coffee-break.

Divulgação

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Em 2014

2º Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar CB-SOL e a Feira de Negócios Exposolar

Realização:

Aquecimento solar é: Eficiência energética • Economia • Sustentabilidade



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