ANO 001 EDIÇÃO I MAIO 2017
NESTA EDIÇÃO
AGROTÊXTIL UM GRANDE ALIADO DA TOMATICULTURA MODERNA 04 REQUEIMA:
NOVOS DESAFIOS A requeima é uma das principais doenças da tomaticultira e possui alto poder destrutivo. A as perdas podem variar de 10 a 100% em poucos dias
10 INSETOS VETORES DE VÍRUS EM TOMATE
Entre os fatores que podem afetar o rendimento do tomate ou sua qualidade estãoos danos causados por insetos e ácaros
26 MURCHADEIRA A doença é causada por uma bactéria que infecta plantas da família das solanáceas, como: tomate, batata, berinjela, jiló, pimentão e pimenta
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Índice CONFIRA NESTA EDIÇÃO
REQUEIMA: NOVOS DESAFIOS
04
BIOESTIMULANTES
07
INSETOS-VETORES DE VÍRUS EM TOMATE
10
TRAÇA DO TOMATE: PRAGA “FILHA DA TUTA!”
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AGROTÊXTIL
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ÁCIDO SALICÍLICO
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MURCHADEIRA
26
EMPREENDEDORISMO NA TOMATICULTURA
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O CONSUMIDOR MAIS PERTO DA “ROÇA”
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VERTICALIZAÇÃO OU MORTE!
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CULTIVO DE TOMATE EM VASO
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MARCHA DE ABSORÇÃO
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Olá! Nós somos o Tomate Brasil!
Um grupo de produtores e profissionais da tomaticultura de todo território nacional, que nasceu em conversas usando a rede social e aplicativo WhatsApp, onde o assunto principal sempre foi a cultura do “tomate”. Percebendo a necessidade de difundir conhecimento com o coletivo e contribuir com informação e formação para aqueles que buscam na tomaticultura o seu meio de sustento, nos norteou e impulsionou há lançarmos esta revista. Como profissional do meio da horticultura tenho visto que a carência de informações. Durante a construção da minha história profissional, percebo que as dúvidas de 20 anos atrás ainda continuam sendo as mesmas. Hoje, a cadeia produtiva do tomate está diante de um grande abismo: de um lado a urgência de mudança e do outro lado desejo de mudar. Certamente construir uma ponte entre esses dois pontos não é uma tarefa fácil, mas o fato é que precisamos olhar para algumas questões e fazermos algumas perguntas básicas para entendermos: 1º O que foi a tomaticultura? 2º O que está sendo a tomaticultura? 3º O que tomaticultura nacional pode ser no futuro? É essencial fazermos essa analogia entre o passado e o presente e, assim exercitarmos a futurologia em prol da atividade tomateira brasileira, pois se não sabe onde é ponto de partida, não sabe em qual direção seguir.
Vivenciamos um setor da horticultura tido como nobre no meio da produção de hortaliças, porém esquecidos nas encostas das serras, pelos rincões e sertões desse Brasil, que só é lembrado como potencial de faturamento e quando o tomate é o “vilão da inflação” de feiras e mercados. Conversar de maneira franca e sincera com os produtores tem nos dado uma noção muito clara da atividade das principais zonas de produções brasileiras, onde falta de organização e de conhecimento têm levado o tomaticultor a uma “roleta russa” ou ainda, chamada por alguns de “seleção natural”. Porém, sabemos que não é a sorte que garante os padrões de seleção dos agricultores e profissionais que estão inseridos nesse contexto e, nem a definição de disputas para os mesmos. O que certamente vai nortear a construção dessa ponte que nos leva ao futuro são alicerces baseados nos princípios da vida humana: respeito, bom senso e ética. Certo que fora desses fundamentos não existirá nenhuma estrutura sólida capaz de resistir aos abalos e as crises.
mudança nunca se fez tão presente como hoje, usando o nome da canção de Oswaldo Montenegro que ilustra o momento: “Mudar dói, não mudar dói muito”, ou “pagamos pelo preço da mudança ou pagaremos pelo preço da falência”. A planta do tomate é pedagógica, nos ensina e deixa muito clara que a existência de todo ser humano se confunde com a
Precisamos hoje andar de mãos dadas com os consumidores dos nossos tomates e defendê-los, pois é essa a missão de quem produz alimento, a sociedade precisa nos ver como amigos e, ter a noção que quando um tomate for colocado a mesa uma nova consciência seja realidade para essas famílias, de que essa fruta não é só composta de uma substância chave como o licopeno, algo tão importante quanto esse antioxidante que está por de trás da linda cor vermelha, existem elementos intangíveis da fruta, como, à dedicação de famílias que vivem da condução dessa lavoura e de profissionais que abriram mão do conforto dos grandes centros, para viver uma vida devotada ao estudo e manejo da tomaticultura. Conhecimento e discernimento são atributos fundamentais que nos garantirão a real mudança do país, que almejamos em todos os aspectos. A necessidade de
sua, na brevidade da vida e nas mazelas da sua existência. O tomateiro com a sagrada missão de deixar os seus frutos para que a fome do mundo seja menor e a que nossa expectativa de vida possa ser melhor. Deus, na sua perfeição não poderia ter deixado uma planta tão ímpar e apaixonante como está fora do convívio agrícola do homem, para que sendo assim, pudéssemos nela perceber a sua generosidade e ainda observarmos que os “bons frutos” que produzirmos nessa vida dá a possibilidade de uma vida digna ao nosso próximo.
Welson Perli Pereira
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REQUEIMA: NOVOS DESAFIOS A requeima é uma das principais doenças da
1845 a 19849. No Brasil, sua ocorrência foi
e mesclada. Sintomas de podridão seca
tomaticultira e possui alto poder destrutivo,
constatada em 1898, atribuída a introdução
associados a crescimento do patógeno
onde as perdas podem variar de 10 a
de batata-semente, proveniente da Europa.
também podem ser observados (Figura 4).
100% em poucos dias, e está disseminada
Sua disseminação ocorre principalmente
em várias regiões produtoras no Brasil,
Os sintomas da requeima podem variar
pelo vento, pela água (chuva ou irrigação),
entretanto, é nas regiões Sul e Sudeste
de acordo com as condições climáticas
circulação de equipamentos, entre outros.
onde encontra as melhores condições para
ou de acordo com a resistência da cultura
Este patógeno tem sido capaz de se adaptar
seu desenvolvimento, baixas temperaturas
ao patógeno. Os primeiros sintomas da
a diferentes climas e latitudes ao longo da
(12°C a 25°C) e alta umidade relativa.
requeima em folhas são caracterizados por
história, predominando novos genótipos
manchas de tamanho variável, coloração
tornando-se mais difícil de controlar.
Seu agente patogênico é o oomiceto
verde-clara ou escura, aspecto úmido,
Phytophthora infestans, e pode atacar
localizadas nas bordas ou ápices dos
As medidas de controle recomendadas
a cultura em qualquer estágio de
folíolos. Ao evoluírem estas se tornam
para a requeima são: uso de sementes
desenvolvimento, afetando folhas, hastes,
escuras,
parcialmente
certificadas; escolha de local de plantio
frutos.
circulares, apresentando geralmente aspecto
com boa drenagem; destruição de restos
encharcado. Sob condições ótimas, observa-
de cultura; espaçamento que permita maior
Trata-se de um organismo heterotálico
se na face inferior das lesões a formação
ventilação; uso de cultivares que apresentem
que se reproduz de duas maneiras
de um anel de esporulação formado
algum nível de resistência ao patógeno;
assexuadamente por meio da produção de
por esporângios e esporangióforos do
destruição de fonte de inoculo potencial;
esporângios (Figura 1.A.) e zoósporos, e
patógeno. Este apresenta aspecto aveludado,
rotação de culturas; manejo adequado da
sexuadamente quando há o encontro de
coloração branca acinzentada e localiza-
água na irrigação; adubação equilibrada;
cepas compatíveis, A1 e A2, pelo contato
se principalmente ao redor das lesões nos
aplicação de fungicidas e vistoria constante
de gametângios (oogônios e anterídios)
limites entre o tecido sadio e o necrótico
da cultura visando identificar possíveis focos
com a consequente formação de oósporos
(Figura 2). À medida que o tecido foliar
da doença (monitoramento). Dentre estas, a
(Figura 1.B.), além também de existirem os
é afetado as lesões tornam-se necróticas e
mais utilizada é a aplicação de fungicidas,
organismos denominados autoférteis.
ressecadas, apresentando um aspecto de
motivo pelo qual os custos de produção da
queima intensa e generalizada (Figura 3).
vêm aumentando.
a variabilidade da Phytophthora infestans,
Nas hastes, as lesões são marrom-escuras,
Os prejuízos causados por esta doença são
podendo levar ao surgimento de genótipos
contínuas e aneladas podendo causar a
mais severos quando interagem fatores
mais agressivos e adaptados, dificultando o
morte das áreas posteriores à lesão. No
como: pantio massivo de cultivares
manejo da doença pelo Brasil e pelo mundo.
frutos as lesões são castanhas superficiais
suscetíveis; condições favoráveis à doença;
irregulares e com bordos definidos. No
equívocos na adoção de medidas de
Ficou conhecida mundialmente por causar
interior dos mesmos, a necrose é irregular,
controle; a existência de inóculo no
a escassez alimentar na Irlanda no ano de
de coloração marrom, aparência granular
decorrer de todo ano (plantas espontâneas
irregulares
ou
Sabe-se que a reprodução sexual aumenta
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ou em resto de cultura); o alto potencial de esporulação de Phytophthora infestans;
A/C Samantha Zanotta
o curto período de incubação (de 48 a 72
Instituto Biológico - Triagem Vegetal - Laboratório de Diagnóstico Fitopatológico
horas); a fácil disseminação.
Avenida Conselheiro Rodrigues Alves. 1.252 - CEP: 04014-002 – São Paulo/SP
A Phytophthora infestans apresenta grande variabilidade genética, o que dificulta a obtenção de cultivares com resistência a
A
B
todas as raças. Assim, uma cultivar pode ser resistente em uma e suscetível em outra, dependendo do genótipo presente no local. Atualmente considera-se que todas as cultivares comerciais são suscetíveis a algum genótipo de Phytophthora infestans. Atualmente a aluna de doutorado do
Figura 1. A- Esporângios de Phytophthora infestans (reprodução assexuada); B- Oósporo de Phytophthora infestans (reprodução sexuada)
Instituto Biológico em São Paulo, a M. Sc. Samantha Zanotta está desenvolvendo um projeto “Caracterização da população de Phytophthora infestans nas regiões produtoras de batata (Solanum tuberosum), tomate (Solanum lycopersicum L.) e outras solanáceas no Brasil” que visa coletar amostras desta doença por todo o Brasil e identifica-las.
Figura 2: Sintomas de requeima na face inferior da folha de tomate
Figura 3: Sintomas de requeima na face superior das folhas de tomate
Caso haja interesse em colaborar com o projeto e em saber que tipo de requeima está presente na sua produção, amostras com sintomas de requeima poderão ser enviadas à pesquisadora. Para que as análises sejam realizadas é de extrema importância que o material chegue em condições, para que isto ocorra recomenda-se que sejam
Figura 4: Sintomas de requeima em frutos de tomate
coletados material com lesões jovens/novas e que estes não estejam muito úmido e sejam acondicionados em sacos de papel (não em sacos plásticos). Deverão ser enviadas por Correio/Sedex, com as seguintes informações:
Samantha Zanotta Jesus Guerido Töfoli Eduardo Seide Gomide Mizubuti Ieda Mascarenhas Louzeiro Terçariol Josiane Takassaki Ferrari Ricardo Domingues Ricardo Harakava Instituto Biológico, São Paulo.
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BIOESTIMULANTES
BENEFÍCIOS NA CULTURA DO TOMATE Cada dia surge novas tecnologias voltadas à agricultura, como por exemplo, máquinas de alta precisão, sementes com alta genética, fertilizantes de alta eficiência, irrigação cada vez mais precisas, etc. De alguns anos para cá, observamos uma evolução significativa na utilização de compostos orgânicos, agentes biológicos e BIOESTIMULANTES. Mas afinal, o que são os BIOESTIMULANTES e quais suas aplicações na agricultura? Segundo CASTRO & VIEIRA (2001) BIOESTIMULANTES ou estimulantes vegetais referem-se às misturas de reguladores vegetais com outros compostos de natureza bioquímica diferente (aminoácidos, micronutrientes, vitaminas, etc.). Segundo CASILLAS et al. (1986), essas substâncias são eficientes quando aplicadas em baixas concentrações favorecendo a realização dos processos vitais da planta, permitindo assim a obtenção de maior produtividade, inclusive em condições ambientais adversas. Assim sendo, os BIOESTIMULANTES, tem por objetivo promover o equilíbrio metabólico das culturas, de modo que elas possam expressar seu máximo potencial genético e produtivo, devendo ser utilizados de maneira correta, respeitando cada fase de desenvolvimento da cultura e seu comportamento. Tratando-se da cultura do tomate, nos materiais de hábito de crescimento indeterminado, ocorre desenvolvimento vegetativo e reprodutivo simultâneo, enquanto que em se tratando de materiais com habito de crescimento determinado esta ocorrência torna-se menos freqüente, entretanto, em ambos os materiais este comportamento deve ser considerado no momento do posicionamento dos Bioestimulantes. Diante deste cenário, e sendo especialista no segmento, a Master Agro Produtos Agrícolas Ltda., com muito sucesso, investe esforços e
recursos em pesquisas e desenvolvimento de soluções Bioestimulantes que atendam as necessidades das principais culturas do nosso país.
Figura 2. Tratamento com Master Raíz Leg. x Testemunha Padrão
Avaliação dos benefícios alcançados com o uso das soluções da Linha Master Vital - Bioestimulantes -, na cultura do Tomate (Solanum lycopersicum) cultura que requer atenção especial no seu manejo, onde obtivemos resultados expressivos. FASE INICIAL O transplante de mudas na cultura do tomate é, sem dúvidas, uma das atividades mais importantes do processo, pois assegurar um bom estabelecimento inicial aliado a um arranque de plantas maior proporcionará um melhor desenvolvimento da cultura.
Figura 1. Planta sem Bioestimulante x Planta com Bioestimulante
Nesta fase é necessária atenção especial para o estímulo de volume radicular, visando assegurar maior absorção de água e nutrientes pela planta. O emprego do Bioestimulante Master Raiz Leguminosas, nesta fase, proporciona a expansão do volume radicular e arranque inicial da planta.
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FASE VEGETATIVA O fato de estimular o alongamento de algumas células faz com que a planta tenha uma maior cobertura foliar (limbo foliar mais desenvolvido), favorecendo a captação de luz e aumentando a fixação de CO2. Isto favorece os processos de desenvolvimento vegetativo. Especificamente nesta fase, a solução Bioestimulantes Master Equaliza, atua em áreas específicas no metabolismo das plantas, fazendo com que os gastos energéticos sejam minimizados. Isso faz com
Figura 3. Área tratada com BIOESTIMULANTES (à esquerda) VS. Padrão adotado pelo Produtor (à direita)
que a planta tenha capacidade de utilizar a energia poupada para melhorar seus aspectos vegetativos, tais como, regulagem da atividade estomática, desenvolvimento foliar, síntese e conservação de clorofila, melhoria na captação de luz e auxilio nos processos de fotossíntese. FASE REPRODUTIVA Nesta fase, devemos chamar atenção para dois pontos. O primeiro está relacionado à retenção das estruturas reprodutivas do
Figura 4. Desenvolvimento de limbo foliar com (à esquerda) e sem BIOESTIMULANTES (à direita)
tomate – flores -, e o segundo a viabilidade desta estrutura em se transformar em fruto. Nesta fase, o emprego do Bioestimulante – Master Effective, têm papel fundamental, pois além de auxiliar na retenção das flores - diminuindo a produção de etileno pela planta -, estimula e proporciona a produção de auxina, aumentando a germinação do grão de pólen, o crescimento do tubo polínico e o alongamento das células do ovário, garantido, assim, a formação e padronização dos frutos.
Figura 5. Pegamento floral com (à esquerda) e sem BIOESTIMULANTES (à direita)
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Figura 6. Distribuição de frutos em plantas com (à esquerda) e sem BIOESTIMULANTES (à direita)
Figura 7. Padronização de enchimento e maturação de frutos com (à esquerda) e sem BIOESTIMULANTES (à direita)
FASE FINAL Trata-se da fase de enchimento e maturação dos frutos. Para esta fase, posicionamos a solução Bioestimulante Master Finale, que atua como transportador diretamente aos frutos, dos açúcares que as plantas produziram e acumularam, conferindo assim melhor peso e padronização, inclusive nos frutos dos ponteiros, uma vez que alcançamos equilibrar os processos metabólicos do tomateiro.
Diante do exposto, podemos afirmar que a utilização das soluções Bioestimulantes da Linha Master Vital – Master Raiz Leguminosas, Master Equaliza, Master Effective e Master Finale -, proporcionam benefícios significativos mensuráveis na cultura do tomate, sendo estes qualitativos e quantitativos, em um mercado que a cada dia se torna mais competitivo, onde qualidade é determinante para o sucesso do negócio.
Tiago Relvas Martins Departamento Técnico Master Agro Produtos Agrícolas.
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INSETOS-VETORES DE VÍRUS EM TOMATE O tomate (Solanum lycopersicon) é uma
– moscas brancas), redução de área foliar
solanácea originária dos Andes, mais
que afeta a fotossíntese (Diabrotica
especificamente do Peru, onde em Nahuatl -
speciosa, Epicauta atomaria –besouros ou
uma língua asteca - era denominada tomalt,
vaquinhas), raspagem de frutos, flores ou
xitomate e xitotomate. Trata-se de uma
folhas (Trips tabaci, Frankliniella schultzei
cultura que assim como a batata, o milho, o
e F. occidentalis – trips e Tetranychus
Thysanoptera. Em Homoptera encontram-
feijão, o fumo, a pimenta e inúmeras outras
se os afídeos ou pulgões (Aphididae) e
espécies botânicas foi levada para a Europa
as “moscas brancas” (Aleyroididae). Na
junto com os conquistadores espanhóis, nas
ordem Thysanoptera destacam-se os trips e
suas viagens exploratórias. Inicialmente era
finalmente, os besouros (Coleoptera).
utilizada como ornamental, mas a partir do século XVII já se cultivava para produção de
Todos os insetos vetores são fitófagos e
alimento. Trata-se da segunda olerícola mais
polífagos, sendo na sua maioria sugadores,
produzida no Brasil, sendo muito exigente
Diabrotica speciosa
adquirindo as partículas virais quando
na sua condução, tanto no manejo como na
urticae e Aculopus licopersici – ácaros),
sugam a seiva (ou o conteúdo celular) das
sua proteção pois é muito dependente das
além de posturas endofíticas (Liriomyza
plantas infectadas e transmitem os vírus ao
condições ambientais.
trifolii; L. huidobrensis e L. sativae –
se alimentarem em plantas sadias. Um caso
moscas-minadoras) que servem de entrada
diferenciado ocorre com os coleópteros,
Entre os fatores que podem afetar o
para outros patógenos, e os ii) indiretos
pois estes apresentam aparelho bucal do
rendimento do tomate ou sua qualidade
que podem ser resultates da injeção de
tipo mastigador e regurgitam as partículas
têm destaque os danos causados por
toxinas em tecidos vegetais provocando
virais na superfície foliar, no processo de
insetos e ácaros, que podem ser: i) diretos,
desordens fisiológicas e/ou favorecimento
transmissão. Os trips, por sua vez, têm
através do consumo direto dos tecidos ou
à colonização por fungos saprófitas
hábito alimentar do tipo raspador-sugador.
órgãos da planta [parte atacada(inseto)],
(fumagina), devido à sua secreção açucarada
Um dos principais requisitos para que um
nos frutos (Neoleucinoides elegantalis,
e o principal aspecto, a transmissão de
inseto seja considerado um bom vetor se
Helicoverpa zea – brocas pequena e grande,
fitovírus. Este processo envolve interações
refere ao tipo de alimentação, no entanto,
repectivamente), plântulas e ponteiros
biológicas específicas entre planta, vírus e
da planta (Agrotis ipslon, Tuta absoluta
vetor e podem ser classificadas como não
–traças), sucção de seiva (Myzus persicae
persitente, semi-persistente e persistente
e Macrosiphum euphorbiae – afídeos;
(circulativa e propagativa). Os principais
Phitia picta, Corythaica cyathicollis –
artrópodes vetores de fitovírus, em ordem
percevejos e Bemisia tabaci MEAM 1 e
de importância para a cultura do tomate,
Biótipo Q e Trialeurodes vaporariorum
pertencem as Ordens Homoptera e Frankliniella shultzei
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o mais significante é que neste processo a
frequentemente encontrados em todas as
prolongada, onde as partículas se associam
célula vegetal envolvida não seja danificada,
áreas produtoras e sempre relacionados
ao vetor e este passa a transmiti-lo por
visto que os vírus, ao serem parasitas
aos picos populacionais de B. tabaci. Estes
longos períodos, característica para o grupo
intracelulares obrigatórios, necessitam da
grupos de fitovírus, assim como seus insetos
Luteovirus. A outra forma de transmissão
maquinaria celular para se replicar e assim
vetores se encontram endemicamente
ocorre de maneira não-persistente, portanto,
dar início à infecção.
relacionados às áreas de produção de
apenas na picada de prova que ocorre em
tomate, sendo de suma importância à busca
segundos, e são o vírus Y da batata (Potato
Os principais fitovírus que atualmente
por novas metodologias de controle e
virus Y – PVY) e o mosaico amarelo do
atacam a tomaticultura nacional são, os
manejo.
pimentão (Pepper yellow mosaic virus –
transmitidos por mosca-branca, causando
PepYMV) que causam sintomas de mosaico
perdas elevadas nas regiões tropicais e
Equivalentes em importância estão os
e deformação foliar, em alguns casos
subtropicais ao redor do mundo. No
Tospovirus, com seis espécies descritas
evoluindo para necroses.
Brasil, o Tomato Golden Mosaic Virus
no Brasil, mas apenas quatro infectam
(TGMV) foi o primeiro Begomovirus
tomateiro. O complexo do vira-cabeçado-tomateiro
(Tomato
spotted
wilt
virus - TSWV), Tomato chlorotic spot virus (TCSV), Groundnut ringspot virus (GRSV) e o Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV), todos estes, transmitidos por trips de maneira persistente propagativa, ou seja, o vírus se replica no inseto e Myzus persicae
pode transmiti-lo por toda a sua vida,
descrito na cultura, relatada em 1975, onde
curiosamente o trips somente pode adquirir
se confirmou a associação com B. tabaci no
o patógeno na fase de larva. Os sintomas
processo de transmissão. Posteriormente
de epinastia, anéis concêntricos nos frutos
inúmeras espécies foram relatadas e
e necrose caracterizam a infecção por
atualmente espécies de begomovírus
tospovírus. Os vírus de tomate transmitidos
são limitantes em áreas de produção em
por pulgões são transmitidos de duas
diferentes regiões do Brasil, sendo descritos
formas: circulativa propagativa no caso
nos estados da Bahia, Ceará, Distrito
do vírus do topo amarelo do tomateiro
Federal, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco,
(Tomato yellow top virus – TYTV) e do
São Paulo, entre outros importantes estados
vírus do amarelo baixeiro (Tomato bottom
produtores. O Tomato yellow vein streak
yellow leaf virus - TBYLV), sendo que a
virus (TYVSV) ou mosaico deformante foi
transmissão se dá após uma alimentação
detectado e descrito em 1997, no Estado de São Paulo, causando mosaico e deformação foliar e, sendo transmitido de maneira circulativa propagativa. Outros vírus importantes são o Tomato severe rugose virus – Begomovirus (ToSRV) e o Tomato chlorosis virus – Crinivirus (ToCV), Trialeurodes vaporarorium
Trialeurodes vaporarorium
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Além destes vírus, existem os que se transmitem através de sementes e trato cultural como é o caso do vírus do mosaico do tomateiro e do vírus do mosaico tabaco (Tomato mosaic virus - ToMV e o Tobacco mosaic virus -TMV), respectivamente, e como o próprio nome diz o sintoma mais comum é o mosaico severo. Os métodos de controle para as viroses devem
Tomate envarado ao lado de hospedeiras de vírus, importância do rouguing (Mogi das Cruzes, SP)
Sintomas do TYTV em área de tomate envarado (Mucugê, BA)
Planta de tomate com sintomas do ToCV (Campinas, SP) em casa-de-vegetação
Sintomas típicos de TSWV em plasticultura (Mogi das Cruzes, SP)
sempre ser preventivas, iniciando-se com a compra de sementes certificadas, se possível, com resistência a algum vírus. A eliminação constante de plantas infectadas ou rouguing é uma metodologia que se aplica desde a formação de mudas ao plantio em campo ou casa-devegetação. Algumas medidas que visam os insetos-vetores são o monitoramento constante de insetos via contagem visual ou com o uso de armadilhas atrativas auxiliando na tomada de decisão para a aplicação de agroquímicos (nível de dano), sempre lembrando da importância de efetuar a rotação de princípios ativos para que essa ferramenta funcione corretamente. Atualmente podemos citar outras formas de controle, como o controle biológico. Alguns exemplos já utilizados em tomate, são a introdução de inimigos naturais, que pode ser empregando micro himenópteros parasitoides
Planta fonte do ToSRV em casa-de-vegetação (Piracicaba, SP).
(Trichogramma spp.) para o controle de lagartas, mais especificamente seus ovos, a utilização de ácaros predadores, como por exemplo Amblyseius sp. para controle de fases de ovos e ninfas de Bemisia tabaci e posteriormente o uso de Bt (Bacillus thuringiensis), o uso de Chrysoperla externa para controle de Myzus persicae, o controle das fases adultas de trips introduzindo o percevejo predador Orius sp., são alguns casos de sucesso que devem ser utilizados na produção moderna de tomate.
Fernando J. S. Salas Lillian Silveira Pereira Thiago Pap
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TRAÇA DO TOMATE: PRAGA “FILHA DA TUTA!” Recebi dos editores da revista a nobre missão de poder escrever algumas linhas sobre diversos assuntos relacionados ao dia a dia do campo, dentre os quais, os problemas causados atualmente por uma praga que está causando grandes prejuízos à cadeia do tomate, que é a Traça do Tomateiro (Tuta absoluta). Não tenho a ousadia nem conhecimento suficiente para dar um enfoque mais acadêmico sobre o assunto; deixarei para os estudiosos desta revista darem o seu ponto de vista. Neste primeiro contato, irei
Tuta Absoluta
falar um pouco das situações que tenho
regiões, favorecendo a redução do ciclo
observado em minhas andanças pelo Brasil,
de vida, aumentando assim o número de
sempre tendo o tomate como foco principal
gerações quando comparado a anos com
Com isto, vemos uma seleção de novas
de minha vida profissional.
clima mais ameno.
gerações deste inseto até com mudanças
como até do meio em que elas são cultivadas.
de comportamento, como por exemplo, A traça do tomateiro é uma velha conhecida
Associado a isto, vemos também o tomate
a mudança de hábito alimentar, pois até
dos produtores, já havendo relatos a décadas
sendo cultivado sucessivamente na mesma
alguns anos atrás, esta praga dava preferência
atrás, mas observamos ser uma praga que
área ou em locais próximos a outras lavouras,
para as brotações e folhas novas, para depois
tem os seus ciclos de maior relevância
facilitando a proliferação e reprodução;
atacar os frutos. Já atualmente, observamos
periodicamente e, infelizmente, de alguns
muitas vezes observando restos de cultura
em muitos casos que ela oviposita próximo
anos para cá, tem-se mostrado cada dia mais
abandonados ao lado de plantas recém-
ao fruto, ou mesmo na parte interna do
preocupante, até como uma das pragas-
transplantadas, praticamente perpetuando a
cálice das flores (lembrando o hábito de
chave da cultura.
traça nestas regiões.
outra praga, a broca pequena dos frutos) e, logo após a eclosão, algumas larvas já se
O porque deste novo ciclo? Observamos
Em boa parte das regiões produtoras,
encaminham para os frutinhos e aí iniciam a
uma série de fatores combinados que
vemos também o uso indiscriminado de
alimentação, formando galerias superficiais
ajudaram a “reforçar” o poder destruidor
agroquímicos
de
da traça, como por exemplo, a alteração
com nutrição que visa sempre a máxima
climática ocorrida nesta década, com clima
produtividade a qualquer preço, o que pode
cada vez mais quente e seco em algumas
acarretar desequilíbrio, tanto nas plantas,
(defensivos),
associados
grande
extensão,
inviabilizando
comercialmente estes tomates. A partir daí, vemos situações de desespero,
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onde algumas vezes utilizam-se doses e
feromônios e demais produtos que visem
manejo e controle desta praga; solicito aos
variedades de inseticidas, só ou combinados,
dificultar ou desviar o foco da ação da praga;
mesmos que façamos um esforço conjunto
em aplicações consecutivas que nem sempre
para poder minimizar este mal que está
controlam a praga com eficácia. A reentrada
. A introdução de inimigos naturais (ex:
ocorrendo e até inviabilizando algumas
da praga, vinda justamente de lavouras mais
Trichogramma pretiosum).
regiões tradicionais produtoras de tomate,
antigas, abandonadas, ou até mesmo do
tendo como exemplo alguns municípios da
mesmo local está sendo constante, o que
. Uso orientado de defensivos registrados
região do centro da Bahia, onde o nível de
leva a alguns produtores a até dizer que:
para a cultura, com um bom programa
infestação da praga é tão elevado, que ao lado
“-nós matamos as traças, e as parentes
de rotação de ativos e modo de ação dos
dos galpões de seleção de tomate, existem
delas vem para o velório”
mesmos;
confinamento de gado, onde são ofertados ao gado, uma quantidade astronômica de
Receitas milagrosas, poções mágicas,
. Manejo adequado do espaçamento das
soluções fantásticas... nesta hora, aparecem
plantas, evitando o adensamento excessivo,
muitos oportunistas oferecendo estas
para justamente permitir uma melhor ação
Ouso até a fazer um trocadilho com a
“soluções”, mas infelizmente, o mal já está
dos produtos aplicados;
famosa frase de nosso grande escritor da
feito e instalado!
frutos danificados pela traça (fotos anexas).
literatura brasileira, Monteiro Lobato: . Evitar que a desbrota atrase muito (nas
Muitos me perguntam sobre o que fazer
lavouras onde se pratica esta operação é
agora, e as vezes é complicado responder,
realizada), para que não haja enfolhamento
pois cada caso é um caso, como dizia um
excessivo, dificultando a visualização e
anunciante a alguns anos atrás.
até mesmo controle, semelhante ao item anterior;
Irei citar algumas alternativas, que não podem necessariamente ser extrapoladas
. Nutrição mais equilibrada, onde alguns
para a solução de tudo, mas que na
nutrientes podem até auxiliar no controle
prática vem demonstrando poder ajudar
da praga, como, por exemplo o uso de
a reestabelecer o nível de controle desta
molibdato de sódio, que pode atuar como
terrível praga (sempre relembrando; o
um repelente);
acompanhamento de um profissional qualificado poderá auxiliar de maneira
. Se possível, em regiões onde os métodos
eficaz e econômica o controle da traça):
de controle tradicional já não estiverem funcionando direito, partir para barreiras
. Evitar o cultivo sucessivo em mesmo local,
físicas (estufas com telas ou cortinas que
ou em região com histórico comprovado da
impeçam a entrada da praga), cultivo sob
praga;
túneis baixos ou de arcos, com cobertura de TNT (tecido não tecido), ensacamento dos
. Monitorar o nível de infestação da praga
frutos recém-formados (“sistema Tomatec”).
(adulto, ovos, lagartas e pupa); Creio que existem ótimos pesquisadores . Instalação de armadilhas físicas, repelentes
e profissionais gabaritados para uma
(extrato
orientação correta e honesta para o
pirolenhoso,
por
exemplo),
- Ou controlamos a traça, ou a traça acabará com a tomaticultura no Brasil! Luciano S. Yamane (”Azeitona”) Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP turma 1988 a 1993)
| 16 |
AGROTÊXTIL:
UM GRANDE ALIADO DA TOMATICULTURA MODERNA Welson Perli Pereira Técnico Agrícola
O uso do Agrotêxtil no mundo vem ganhando espaço ano a ano, devido as demandas sejam elas climáticas e/ou severos ataques de insetos ocasionando sérios prejuízos, o agrotêxtil foi incorporado de maneira efetiva no Brasil através da cultura do melão. Sua função inicial é proteger contra à mosca minadora (Liriomyza sativae (Blanchard)) e a mosca branca (Bemisia tabaci biótipo B), onde a planta permanece coberta até o aparecimento das primeiras flores da cultura, durante 2 anos pesquisamos informações em outros países que utilizam a técnica para outras culturas em especial a cultura do tomate.
| 17 |
Produzir tomates em algumas regiões tem
a direção das correntes dos ventos para
se tornado cada vez uma atividade de risco
auxiliar na polinização, o agrotêxtil tem
, e as incertezas cada vez maiores, devido
uma ótima permeabilidade sendo o tempo
à instabilidade climática e números de
de renovação do volume de ar sob o tecido
pragas cada vez mais resistentes ao manejo
é de 175 vezes por 1m vento / s abaixo da
de inseticidas convencionais; em regiões
malha, a transmissão de luz solar é de 90 % e
como o nordeste do Brasil o prejuízo com
o tempo de duração do agrotêxtil é por volta
a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) chega-
de 6 a 8 meses (2 safras), o que vai determinar
se a proporções severas do ponto de vista
a resistência e a qualidade do tratamento
econômico social, sendo que algumas
contra os raios ultravioletas do sol. No
regiões são tradicionais produtores tomate
sistema do macrotúnel apesar de ser um
e exportadores da fruta para região norte
pouco mais trabalhoso para sua montagem,
do Brasil, sendo que algumas regiões, outro
o sistema oferece maior segurança, pois o
fato assustador é o uso desenfreado de
de vírus e insetos mastigadores de uma
método permite proteger as plantas até o
inseticidas nas lavouras, que em 80 % dos
alta efetividade de controle e diminuindo
final do ciclo; é preciso salientar que manejo
casos com baixa efetividade no controle
até em 80% das aplicações de inseticidas
nutricional e hormonal é um fator muito
da praga, que a médio longo prazo pode se
convencionais nas lavouras, sendo assim
importante para o cultivo nos dois métodos.
tornar um caso de saúde pública devido aos
agregando em qualidade de frutos, uma
abusos nas recomendações aplicadas nas
alta significativa na produtividade das
lavouras de tomate, admitir é necessário: a
áreas, permitindo uma adensamento
situação fugiu do controle do convencional.
maior de plantas e aproveitamento melhor dos espaços cultivados, permitindo uma
Nesse cenário atual que cobra cada vez
economia de recursos hídricos; do ponto de
mais uma postura sustentável e respeito ao
vista social tornamos o cultivo responsável
meio ambiente por parte de quem produz,
e sustentável com maior segurança para
surge o agrotêxtil ( malha de não tecido
a fauna e o homem do campo além de um
com uso especifico para a agricultura)surge
produto final com uma melhor qualidade
ampliando os horizontes para o cultivo
para o consumidor.
protegido para as regiões nordeste e centrooeste; onde a estabilidade do clima permite
Para cada tipo de modelo de produção seja
de maneira segura a opção por esse modelo
micro ou macrotúnel existe um manejo
de produção e se tornando uma opção de
apropriado para cada sistema produtivo, em
baixo custo para o cultivo protegido , na
especial o microtúnel onde temos que optar
forma de micro e macrotúnel podendo
por plantas de porte ereto e com capacidade
assim ser aplicado no cultivo de tomates
de suportar o manejo de adensamento,
rasteiros, determinados (meia estaca) e
as plantas do tomateiro permanecerão
indeterminados com características de
durante 4 a 6 semanas fechadas dentro do
distância de internódios curtos.
túnel, e logo após esse período ocorrerá a abertura total da estrutura montada;
Esse sistema de cultivo permite ter um
precisamos enfatizar que
no caso dos
controle de insetos sugadores transmissores
microtúneis uma necessidade de observar
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Há uma dúvida frequente em relação aos custos, então vejamos os comparativos entre o cultivo convencional x microtúnel: COMPARAÇÃO DE CUSTOS DE PROTEÇÃO PARA 1 HA DE TOMATE RASTEIRO NA REGIÃO DE IRECÊ. Microtúnel
Custo
Convencional
Custo
Agrotêxtil
R$
5.500,00
R$
-
Arcos de Ferro
R$
800,00
R$
-
Barbante
R$
150,00
R$
-
Mão de obra com instalação
R$
500,00
R$
-
Quimigação
R$
300,00
Quimigação
R$
1.200,00
Mulching
R$
2.000,00
Mulching
R$
1.600,00
M.obra instalação Mulching
R$
625,00
M.obra instalação Mulching
R$
500,00
Retirada do Agrotêxtil
R$
600,00
R$
-
Mão de obra com Pulverização
R$
200,00
Mão de obra com Pulverização
R$
1.000,00
Inseticidas
R$
2.141,00
Insteticidas
R$
10.705,00
Total
R$
12.816,00
R$
15.005,00
Observação: Levando em consideração duas pulverizações semanais no sistema convencional INSETOS CONTROLADOS Homópteros
Ácaros
Tisanópteros
Coleópteros
Afídeos
Dípteros
Psílidios
Lepidópteros
Devemos ter a ideia fixa que no cultivo protegido o aproveitamento da área de cultivo é ponto chave , onde certamente a diluição dos custos serão menores pensando no custo / planta, dimensionando uma densidade maiores de plantas/ ha; no sistema convencional mesmo se usando a carga de inseticidas diversificada não se tem segurança suficiente, pois a traça-do -tomateiro se tornou resistente a maior parte desses inseticidas, sendo que no uso do agrotêxtil os riscos são minimizados de maneira satisfatória. Pontos chaves de sucesso para instalação micro túneis para o cultivo do tomate: 1.
Altura de 1,2 m -1,5 m
2.
Largura de 1,0 m
3.
Uso de mulching
4.
Abertura: aparecimento dos primeiros frutos.
5.
Agrotêxil de boa qualidade e homogienidade.
| 19 |
Topografia do terreno
Fase de abertura do agrotĂŞxil
Fase de abertura
Umidade retida pelo lado de fora
Vista lateral
Retirada do AgrotĂŞxil
Fase de colheita
Frutos prontos para colheita
Consumo
Consumo
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| 21 |
ÁCIDO SALICÍLICO COMO INDUTOR DE RESISTÊNCIA À TRAÇA-DO-TOMATEIRO NA TOMATICULTURA O tomateiro é uma das principais hortaliças com destaque no Brasil e no Mundo devido sua ampla importância social e econômica. No seu manejo envolve grande quantidade de colaboradores nas operações, principalmente na colheita. É uma cultura que está distribuída entre pequenos, médios e grandes produtores, tanto para consumo in natura, como para processamento industrial. Devido aos vários problemas fitossanitários e as variações de preço, o cultivo do tomateiro é considerado uma cultura de grande risco, onde o manejo de pragas merece um destaque especial. Entre as várias pragas que causam prejuízos no tomateiro, à traça do tomateiro, Tuta absoluta é considerada uma das principais pragas da cultura, sendo responsável por diversos danos, pois perfura os brotos terminais, interrompem o crescimento apical, provocando o superbrotamento lateral
Os problemas com pragas podem causar
de produção. Além de, algumas vezes,
perdas totais em algumas lavouras, podendo
contaminar o meio ambiente e constituir
botões florais e os frutos, em qualquer
chegar a inviabilizar o cultivo do tomateiro
mais um risco á saúde de trabalhadores
estágio de crescimento. Nos frutos, o
em algumas regiões. As principais formas
rurais e consumidores.
ataque da praga é considerado como
de controle utilizadas contra as pragas do
defeito grave para o comércio sendo,
tomateiro são pulverizações com produtos
Novas táticas de manejo de pragas vêm
então, descartados pelo produtor.
fitossanitários que aumentam o custo
sendo estudadas. Neste sentido, estudos
e prejudicando a produção de frutos. As lagartas consomem o parênquima foliar,
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com o uso do ácido salicílico (AS) concebe
as dosagem de 50 mg L-1(correspondente
pragas, em decorrência do endurecimento
uma tecnologia ambientalmente correta,
a 5g em 100 litros de água) demonstrou
da parede das células vegetais. Portanto,
sustentável, com grande potencial para
alta eficácia no controle dessas pragas
o uso de ácido salicílico como indutor de
diminuir a frequência e o uso de produtos
agindo na biologia e na morte das mesmas
resistência surge como mais uma alternativa
fitossanitários podendo ser mais uma
(Figura 1 e 2). O AS atua na regulação de
no manejo integrado da traça do tomateiro,
alternativa dentro do Manejo Integrado de
processos biológicos em plantas, incluindo
diminuindo seus danos e favorecendo o
Pragas e Doenças (MIPD). A Universidade
defesa, sendo responsável pelo acúmulo de
manejo sustentável da cultura.
Estadual do Centro-Oeste do Paraná,
superóxido e peróxido de hidrogênio no
UNICENTRO, realizou uma pesquisa com
apoplasto, que causam a morte de células
o uso de ácido salicílico em diferentes doses
no local da infecção. O AS promove
para analisar a indução de resistência ao
também no local do ataque a síntese de
ataque da traça do tomateiro na cultura, e os
lignina na parede celular, que dificulta a
resultados foram muito satisfatórios, onde
penetração de estiletes e a mastigação pelas
Figura 1: Estimativas das porcentagens de área foliar consumida pela Tuta absoluta em diferentes doses de ácido salicílico (mg L-1) Guarapuava-PR, UNICENTRO, 2015. Fonte: Pulga, 2016.
Figura 2. Tratamento controle – sem aplicação de ácido salicílico (esquerda) e tratamento com 50 mg L-1 de AS (direita). Fonte: Pulga, 2016.
Renata Favaro; Diego Munhoz Dias; Juliano Tadeu Vilela de Resende; Ely Cristina Negrelli Cordeiro; Paulo Sergio Pulga5.
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Aproximadamente 1.000.000 de mudas de diferentes variedades devem ocupar cerca de 1.000 – 1.300 acre (400 – 530 ha) nos próximos meses em cultivo fertirrigado via gotejo. No campo, híbridos de qualidade, mao de obra disponível, maquinários de alto rendimento e um manejo integrado de pragas e doencas garantem a seguranca para uma boa produtividade. A packing house e o sistema de transporte eficiente garantem a chegada de produtos de qualidade ao mercado consumidor.
PRODUÇÃO MUNDIAL DE TOMATE A produção mundial de tomates e de cerca de 130 milhões de toneladas, sendo 88 milhões destinados ao mercado de tomate de mesa e 42 milhões para a indústria (Processamento). Os cinco maiores produtores mundiais são China, UE, Índia, USA e Turquia, responsaveis por 70% da producao global. A producao interna norte americana corresponde por cerca de 40% da sua necessidade de tomate. O restante e importado, principalmente do Mexico e em menor escala do Canada. MERCADO DE TOMATE DE MESA NORTE AMERICANO Produzido em escala comercial em 20 estados do pais, tem se observado uma queda de producao nas ultimas duas decadas. A California e a Florida produzem de 30.000 – 40.000 acres (12.140 – 16.187 ha), correspondendo cerca de 2/3 da area total de tomate de mesa dos EUA. Ohio, Virginia, Georgia e Tennessee completam a lista (USDA, 2016).
O México e a principal fonte de importação americana e constantes tem feito investimentos em estufas hidropônicas, influenciado no preço do produto americano. Em 1996, o Departamento de Comercio dos EUA estabeleceu um preco mínimo (Preço de referência) através de um acordo, nele o preco do tomate de mesa nao poderia entrar no pais a um preco menor do que o determinado. Assim, a época do tomate e dividido em dois períodos: California e Baja, no México, estão cobertos de 1 de julho a 22 de Outubro em $4.30 (R$ 13.63) por caixa de 25 lb (11Kg). Enquanto que na Florida e Sinaloa, no Mexico, estao cobertos de 23 de Outubro a 30 de Junho com um preço mais alto de $ 5.42 (R$ 17.19) por caixa de 25lb (11Kg). SAFRA PRIMAVERA/VERAO 2017 A temporada em Virginia-EUA se iniciou no final de Março com os primeiros semeios e consequentemente com o inicio do transplante das mudas em meados de Abril.
MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS Não existem grandes diferenças relacionadas ao número de pulverizações e produtos químicos utilizados, quanto comparado ao Brasil. Em geral, semanalmente ocorrem de 2-3 pulverizacoes químicas e muitos dos
produtos sao conhecidos dos produtores rurais brasileiros, como: chlorotalonil, metalaxil, mancozeb, hidróxido de cobre, carbamatos, acetamiprid, indoxacarb, B-ciflutrina, piriproxifem, B.T. aizawai, B.T Kurstaki, ativadores de plantas, e por aí segue com alguns outros produtos. Porém, como em qualquer região produtora existem pulverizações mais direcionadas para determinada praga ou doença, de acordo com sua incidência regional e clima favorável. Acredito que o grande diferencial no cultivo americano esteja na capacidade
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de executar as atividades conforme o cronograma e necessidade, pois possui mao de obra e maquinários suficientes para superar qualquer imprevisto ou situação meteorológica. Além disso, levam muito a sério o trabalho de observação, identificação e quantificação de pragas e doenças no campo, servico esse realizado duas vezes por semana, que refletem a realidade do campo em números para uma futura tomada de decisão, com a necessidades ou não de pulverizações adicionais.
trabalhadores no dia a dia de trabalho em diferentes atividades. MULCHING – PLÁSTICO CROMADO OU REFLETIVO
LAYOUT DOS CAMPOS DE PRODUÇÃO, ORGANIZAÇÃO E SISTEMA DE BONIFICAÇÃO Outro grande diferencial do sistema de produção americano quando comparado ao brasileiro esta no layout e organização do campo de tomate. Sistema esse que agiliza na orientação dos funcionários no campo, na coleta e análise de dados operacionais, produtividade e na eliminação de possíveis focos de pragas e doenças. De maneira geral, os campos de produções são divididos em vários blocos e cada bloco recebe uma numeração, sendo cada bloco compostos por 6 canteiros e cada canteiro também possui uma numeração (Ex. 1.1, 1.2...1.6, 2.1.2. 2..). Cada bloco possui 10.92 metros de largura, os canteiros devem ser distanciados do centro de um canteiro ao centro do outro canteiro por uma distância de 1.82 metros. Além disso, todos os canteiros possuem marcações de 16 em 16 metros, totalizando 32 plantas com espacamento de 50 cm entre plantas. Como isso temos uma otimização no processo de produção. Sendo possivel determinar metas operacionais de rendimento homem/hora em cada atividade. Possibilitando a introducao de programas de incentivo através de bonificações por rendimento para os
Atualmente todos os campos de producao para tomates de mesa estão com plástico refletivo, cromado ou alumínio. Embora ja conhecemos todos os benefícios da plasticultura como ativador da vida microbiana do solo, retenção de umidade, melhor manejo de ervas daninhas, etc. O principal motivo de sua utilização e a capacidade de repelir o inseto, tripes. Responsáveis pela transmissão e multiplicação das viroses no tomateiro. CONSIDERAÇÕES FINAIS A diferença entre a tomaticultura americana e a brasileira e equivalente a posição de desenvolvimento em que cada país se encontra. Nos Estados Unidos o custo de producao para tomate de mesa varia entre$14.000 a $17.000 por 7260ft de canteiro. Portanto, R$ 44.758,00 a R$ 54.349,00 por 2.212,84 metros lineares de canteiro. A forte economia americana
e leis trabalhista que favorecem o regime de contratação impulsionam a cadeia produtiva. Porém, a mão de obra que era antes facilmente encontrada tem sofrido com as incertezas das novas políticas de imigração do pais. Na última safra, uma queda considerável foi observada no setor, muitos imigrantes ilegais permanecem escondidos com medo de serem deportados. Sendo assim, houve uma diminuição no cronograma de plantio para as futuras safras e uma grande incerteza para a cadeia produtiva dos próximos anos.
O Brasil ainda está distante de ser um país de primeiro mundo, mas nunca e tarde para iniciarmos mudanças simples em nossa cadeia produtiva, através de uma melhor gestão de nossas atividades de campo. Dessa maneira, será possível dominar os parametros operacionais e produtivos, possibilitando melhor controle do negócio em si que viabilize ao produtor rural oferecer um programa de bonificação aos trabalhadores rurais de melhor rendimento. Resgatando assim, o orgulho e a motivação do homem do campo em trabalhar na agricultura.
Eng. Agrônomo Ricardo Messias da Silva Intercambista agrícola - Glades Crop Care – EUA
| 25 |
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da planta (Figura 4). É importante destacar que na fase inicial dos sintomas é comum não se
MURCHADEIRA
verificar esta exsudação, notadamente quando não se usa água bem limpa, como comumente se verifica .O caule das plantas infectadas apos um corte longitudinal apresenta tambem
A doença é causada por uma bactéria que
um pus bacteriano caraterisico desta doença
infecta plantas da família das solanáceas,
(Figura 5).
como tomate, batata, berinjela, jiló, pimentão e pimenta. A doença é muito severa em algumas áreas, notadamente na Região Serrana do estado do Espírito Santo e causa grandes perdas nas lavouras de tomate, principalmente nos meses de dezembro a fevereiro, quando as temperaturas alcançadas no solo são muito favoráveis à bactéria, observando-se perdas de 20 a 90%. Em algumas lavouras têm sido verificadas plantas com sintomas da doença, com 15 a 25 dias de idade, notadamente em áreas onde se faz o cultivo intensivamente. A doença geralmente inicia-se em reboleiras (pequenas áreas) na lavouras(Figura 1). Solos contaminados com a bactéria tornamse impróprios para o plantio de solanáceas por longos períodos, porque ela sobrevive no solo por vários anos.
Figura 1- Lavouras com focos de murchadeira
COMO RECONHECER A DOENÇA O principal sintoma da doença é a murcha repentina das plantas (murcha verde), que geralmente se observa no inicio da frutificação e nas horas mais quentes do dia, e, com o desenvolvimento da doença, prolongam–se para as horas mais frescas, quando as folhas ainda encontram-se com coloração verdeintenso e vigorosas (Figura 2 ). Entretanto, em
Figura 2 - Plantas adultas com sintomas
várias lavouras da Região Serrana do Estado a doença muitas vezes ocorre de 15 a 25 dias após o transplantio, devido à alta infestação do solo pela bactéria (Figura 3). As plantas infectadas apresentam internamente uma descoloração marrom-escura. Contudo, o diagnóstico mais seguro da doença, em nível de campo, é feito através do teste do copo: após um corte em bisel no caule, a uns 10cm do solo, o pedaço do caule é colocado em um copo de vidro transparente, com água muito limpa, cristalina e, normalmente após 10 a 15 segundos, observa-se a presença de um filete de cor branca, o “pus bacteriano”, que desce do caule para a água do copo, confirmando assim que a bactéria é quem está causando a murcha
Figura 3 - Teste do copo para diagnóstico da murchadeira
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(arados, discos, etc.), e nos pneus dos tratores
• Efetuar adubações orgânicas;
e de tobatas, e também pelos calçados dos trabalhadores. Assim, o produtor rural antes
• Não utilizar em novas áreas os implementos
de emprestar o seu trator ou tobata para
agrícolas trazidos de áreas onde a doença
vizinhos e outros produtores deve verificar se
ocorreu, sem antes fazer uma desinfestação
esses terrenos não têm a murcha bacteriana.
rigorosa destes implementos e do próprio
É prática comum em algumas comunidades
trator ou tobata;
da Região Serrana do Estado, onde muitas áreas estão altamente contaminadas com a
• Não utilizar os tutores (bambus, mourões,
bactéria, o livre trânsito destes maquinários,
etc.) de áreas contaminadas com a bactéria,
o que contribui para a grande disseminação
como se verifica em algumas propriedades.
da bactéria entre as áreas de plantio.
O ideal é a eliminação total destes materiais, através de sua queima;
MANEJO DA DOENÇA Figura 3 - Plantas jovens com sintomas da doença
CONDIÇÕES QUE FAVORECEM A DOENÇA As condições que favorecem a murcha são: • Temperatura entre 25 a 30°C e alta
• O uso de porta-enxertos tem sido usado As medidas de controle da murcha devem
no estado desde 2013 em condiçoes de
ser preventivas, pois uma vez contaminada
campo aberto com cerca de mais de 8
a área de plantio torna-se muito difícil
milhões e pés enxertados até esta data e
eliminá-la.
com resultados satisfatórios em algumas áreas mas em outras mesmo com porta–
Portanto, recomendam-se:
enxertos as perdas têm sido muito grandes
• Emprego de sementes e mudas sadias
apresenta grande variabilidade o que explica
umidade do solo; • Solos arenosos e com baixo teor de
(cuidado com as mudas adquiridas de
matéria orgânica bem como aqueles onde
outros produtores);
se cultivam de modo sucessivo plantas da família das solanáceas como pimentão, jiló
• Não plantar tomate em áreas onde
e batata;
outras solanáceas foram cultivadas e que apresentaram a doença;
• A presença de nematóides das galhas no solo pode facilitar a infecção da bactéria.
• Arrancar imediatamente as plantas doentes com raiz e solo e colocá-las em
COMO A DOENÇA SE DISSEMINA
sacos plásticos e levá-las para fora da lavoura. Adicionar cal no local onde se retirou a
A disseminação da doença de uma região
planta doente;
e importante destacar que a bactéria o sucesso e ou fracaso desta técnica em áreas de campo e mesmo em estufas. trabalhos de levantamento e identificaçao das raças/ patótipos de cada região são essenciais para garantir uma maior segurança neste processo de enxertia o que não vem sendo feito e com isto ocorre muitos fracassos com está técnica como se ve no estado do espírito santo com os diversos porta–enxertos que vem sendo usados no estado. vide fotos de áreas com enxerto, mas com perdas muito grandes.
para outra ocorre por meio de sementes e mudas contaminadas. Na lavoura e dentro
• Não voltar a utilizar plantas da família das
do seu terreno a bactéria se dissemina por
solanáceas na área infestada, por vários anos;
água de enxurrada e pela irrigação nos sulcos. A bactéria se dissemina pelo solo
• Fazer rotação com gramíneas como milho,
que vai aderido aos implementos agrícolas
sorgo, arroz e pastagem por muitos anos;
Hécio Costa - Engenheiro Agrônomo, D.Sc. Fitopatologia, Pesquisador do Incaper
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EMPREENDEDORISMO NA TOMATICULTURA A produção de alimentos no mundo como
empreendimentos como o item principal
investindo na capacitação e segurança dos
o principal desafio para a manutenção
da fase de pré-implantação. No entanto,
funcionários, bem como em ambiente de
da segurança alimentar da população,
nenhum estudo pode ser mais importante
trabalho, pois serão nessas intervenções
que segundo dados da Organizações das
nesta fase do que conhecer a fundo o mercado
que serão promovidos os incrementos na
Nações Unidas – ONU, atinge atualmente
em que se irá atuar. Desde o processo
produtividade.
7,2 bilhões de pessoas, com perspectiva de
de avaliação, que deve ser conduzido
atingir a marca dos 9,6 bilhões em 2050.
pessoalmente pelo empreendedor, sairão as estratégias e diferenciais do novo negócio
Para isso, a necessidade de incremento
– além de ser este o principal indicador da
na produção de alimentos movimenta
viabilidade de implantação da nova idéia.
o mercado de produção de gêneros alimentícios, com a busca de melhoramento
Os desafios de empreender na tomaticultura
e inovações neste setor do Agronegócio.
parte do princípio que o empreendedor
Vale destacar que o avanço da biotecnologia
deve conhecer o mercado em sua visão
é fundamental nesse processo, pois
holística, ou seja, mais do que simplesmente
insere no mercado variedades de plantas
identificar o potencial de demanda do
O caminho do tomate é longo até alcançar
nutricionalmente mais ricas, com maior
tomate, ele deve praticar as suas habilidade
os consumidores finais. O mercado
tempo de prateleira, com resistências
intrínsecas
suas
da tomaticultura envolve uma gama
genéticas a pragas e doenças, bem como
necessidades de ajustes. O tomaticultor deve
de fornecedores, clientes, e também
com uma menor demanda nutricional, para
ter controle total do seu negócio, avaliando
concorrentes. Além disso, nem sempre
o enfrentamento dos desafios dos manejos
diariamente o mercado, calculando os
as estratégias para conhecer um tipo de
mais econômicos nos cultivos.
riscos e oportunidades, agindo de maneira
agente (os consumidores, por exemplo), são
a manter os padrões técnicos máximos na
válidas para os três tipos – o que demanda
Para o uso de toda essa artilharia para a
sua exploração rural, investindo na sua área
a capacidade de analisar isoladamente cada
produção de alimentos, o senso comum
de plantio em consultorias especializadas,
dimensão do mercado antes de decidir pela
aponta o planejamento dos novos
aquisição de equipamentos mais eficientes,
implantação ou expansão de um negócio.
e
identificando
as
| 29 |
MERCADO FORNECEDOR
Uma pesquisa bem formulada, bem como a observação dos hábitos e atitudes dos
A escolha de um segmento de marcado para
consumidores em relação aos concorrentes
atuar também deve passar pela avaliação dos
diretos,
fornecedores. Seu porte, diversidade, perfil
impressões sobre a conduta e as preferências
de clientes atendidos e força econômica
dos
podem impactar diretamente a atividade da
escolhas erradas ou falhas na especificação
tomaticultura.
dos produtos e serviços do futuro negócio.
Negócios com base em um único
MERCADO CONCORRENTE
pode
fornecer
compradores,
importantes
permitindo
evitar
fornecedor possuirão uma relação de dependência total, de forma que o futuro
Na tomaticultura os concorrentes são os
da empresa dependerá em grande parte
agentes (empresas ou não) que oferecem
do desempenho do fornecedor. Portanto,
tomates ou produtos processados. Nem
uma maior diversidade de fornecedores
sempre o concorrente é uma empresa
permite negociações mais vantajosas
formal, muitas vezes são produtores
e, normalmente, está associada com a
informais que comercializam seus produtos
presença de prazos, preços e condições de atendimento melhores. MERCADO CONSUMIDOR
em centros de distribuição, feiras locais e de até de estados vizinhos. Nem sempre o concorrente possui o mesmo formato de produção física, podendo atuar por meio de uma página de comércio eletrônico na internet, por exemplo. No entanto, conhecer os concorrentes e acompanhar seus passos é fundamental para não ser surpreendido pelas suas iniciativas. Também é importante avaliar o perfil da concorrência antes de iniciar um novo negócio; em mercados de grande
Formado pelos clientes que buscam tomates em seus diferentes aspectos, seja ele processado em molhos, extratos, frutos in natura ou minimamente processado. O
concentração, as ações dos concorrentes costumam ser mais cruciais para o futuro negócio do que o próprio mercado consumidor.
Empreendedor deve buscar no mercado o seu espaço, não superestimando um interesse por determinado produto, e sim buscando as necessidades reais de consumo dos futuros clientes, definindo a melhor forma de ofertar seus produtos, com qualidade e com constância na oferta.
Adeilton Carvalho Eng. Agronomo/Eng. Seguranca do Trabalho e Consultor do SEBRAE - CE
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O CONSUMIDOR MAIS PERTO DA “ROÇA” Em 1996 investimos em cobertura plástica
A maior parte dos turistas são da Serra
defensivos. Desse modo, percebemos que
dos parreirais, fomos o primeiro no país a
Gaúcha e região metropolitana de Porto
esse tipo de comércio próximo do cliente,
utilizar esse sistema e vimos uma grande
Alegre, mas recebemos também de todo
faz dele um consumidor mais consciente,
diferença na qualidade da uva em relação
o país. Certamente, o principal motivo
mais reativo e temos um “feedback”
ao sistema convencional. Antigamente a
do sucesso do nosso empreendimento
rápido, fazendo mudanças e melhorando
produção familiar era toda vendida nas
se deve aos nossos produtos que seguem
quando necessário. Dessa forma, o negócio
Ceasas, mas, como nossa propriedade
rigorosos critérios de segurança alimentar.
ficou mais dinâmico e atualizado com as
é próxima da área urbana de Caxias do
Atualmente, o turismo rural fica em torno
tendências de mercado e produção.
Sul (RS), começaram a aparecer algumas
de 50% das nossas vendas, tem ano que um
poucas pessoas para comprar uvas. Isso
pouco mais, outros um pouco menos. Esse
foi aumentando gradativamente. Assim,
tipo de comercialização tem sido mais
em 2003, investimos em um quiosque
rentável para nós, pois recebemos em torno
no meio do parreiral, com estrutura para
de 30% a 40% a mais do que se vendêssemos
receber os visitantes e no embelezamento
essa produção para as Ceasas. Como a
paisagístico da propriedade, oferecendo um
venda é direta, podemos lucrar mais. Além
local agradável ao turista. Nossa produção
disso, nossa fruta vai com nosso selo/marca
começou com as uvas, das variedades Itália,
para o mercado tradicional, e o turista pode
Rubi, Ribol, Clara e um pouco de Niágara
reconhecer nossa fruta e comprar também
Rosada.
nos mercados. Mas, nesse sistema é olho no olho com o cliente.
Após a visita de meu irmão a estufas em Israel, resolvemos diversificar a
Isso aumentou a nossa responsabilidade
propriedade, aí veio o tomate. Como
com o produto que é oferecido. O cliente
já tínhamos toda uma estrutura em
quer um tomate bonito, com sabor (a doçura
turismo, implantamos a produção
e aquele gosto característico de tomate são
do tomate, com a cobertura plástica
fundamentais), sem deformidades, mas a
também. Temos os tomates dos tipos
principal preocupação deles é a questão de
Caqui, Italiano e Grape. Abrimos para
resíduos. Vou dar um exemplo: imaginem
visitação e o turista pode colher também
uma mulher grávida, ou uma criança, vindo
a fruta que quer levar para casa. O bom é
aqui comprar uva ou tomate, como que eu
que o cliente nunca vai reclamar da fruta,
vou vender um produto que tenha resíduo?
pois é ele que escolhe. Nós, da família
Por isso eu digo que o produtor tem que
Venturin, instruímos a eles o ponto certo
estar mais consciente, respeitar as carências,
de colheita da uva, para que eles levem
registros, usar produtos alternativos e
frutas doces para casa.
outras tecnologias que diminuam o uso de
Maicol Venturin Produtor Rural
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VERTICALIZAÇÃO OU MORTE! Em 1981, Francisco Mendes Vieira iniciou-se no plantio de tomate na cidade de Pompeu - MG, no distrito “Fazenda Morada”, cultivando tomate e outros produtos hortícolas com foco em produção e venda no Ceasa de Belo Horizonte, porém com as dificuldades na logística resolveu mudar-se para a cidade de Unaí, região noroeste de Minas Gerais, ficando distante 560 km da capital mineira, por outro lado perto da capital federal, Brasília que crescia e necessitava de alimentos para a população que cada dia aumentava. Vindo a plantar em regime parceria agrícola, onde proprietário entrava com o terreno, maquinário e financiando os insumos para descontar na colheita com a receita obtida. Assim prosseguiu por 15 anos até conseguir um capital próprio e ir plantar suas lavouras de maneira independente, arrendando uma nova área para plantar 10.000 pés por ciclo, que era a cada 30 dias chegando ao ponto de colher 300 caixas de tomate por colheita, onde se tinha um volume semanal de 600 caixas, vindo a se tornar maior produtor de tomate do noroeste mineiro na época. Com o passar dos anos as dificuldades seriam maiores devido as pragas e viroses, surgiu a necessidade para híbridos mais resistente a vírus e doenças, sendo assim, perdendo produtividade dentro de um cenário onde cada vez o aumento de custos era eminente. Em 1990 uma grande chuva de granizo destruiu toda plantação de tomate e outras hortícolas que somavam 5 hectares, vindo a perder 100% das lavouras. Mediante grande tristeza resolveu sair da área arrendada e plantar em sua propriedade, adquirida poucos meses antes, como resultado de uma lavoura “Verticalização ou Morte!” bem-
sucedida, assim, uma nova etapa na vida da família Campos dava início a Agromodelo Unaí. De alguns anos para cá procuramos mudar o nosso manejo onde adotamos práticas sustentáveis em nossos cultivos, pensando no bem da sociedade e, de nossa família optamos em diminuir a nossa dependência dos manejos convencionais e trabalharmos com o foco de melhoramento do manejo do solo da nossa propriedade, buscando conhecimento para aplicarmos na prática diária de nossas lavouras, uma nutrição de plantas de forma sustentável e coerente. Dentro desse contexto, diminuímos o uso em 80 % dos defensivos agrícolas. Temos consciência que só produzir e ter qualidade nos produtos não é mais um diferencial e sim, uma obrigação para quem deseja permanecer no mercado de hortaliças cada vez mais exigente e competitivo, onde as margens de lucro devido a fatores climáticos, agronômicos e mercadológicos, está cada vez mais apertada. Sendo o “mercado”, nesses 3 fatores o “calcanhar de Aquiles” do setor de frutas, legumes e verduras (FLV). A nossa meta é de diminuir desperdícios em nossa produção de tomates, para isso fizemos melhorias e investimos em embalagens para agregarmos valores ao nosso produto. Surgiu assim, depois de nosso planejamento, a oportunidade de verticalizarmos o comércio de nossas hortaliças, ou seja, vendermos direto para mercados e varejos e, agregarmos margem de ganho sem ferir o bolso do consumidor final. O produtor de tomate tem que entender a relação ganho x risco e, procurar nessa
equação um ponto de equilíbrio para o seu negócio, pois na prática imagina-se que quão maior é o ganho o risco é maior ou vice e versa, porém, a equação real não é essa e ela é mais complexa do que se imagina, pois as incógnitas e variáveis são muitas. Dentro desse universo de informações temos que escutar atentamente e entender a necessidades dos consumidores finais, pois nem sempre o que a rede varejista quer é de real necessidade do consumidor. Entender o que o consumidor quer é a maneira certa de estimular o consumo de tomate. Existe hoje uma forte tendência para produtor de hortaliças, onde o mesmo produzirá de maneira personalizada, que venha atender um nicho específico de uma associação de pessoas que desejam consumir um produto diferenciado e um alimento que seja produzido maneira justa. Esses mesmos consumidores prezam por saber o histórico de produção dos alimentos, pela qualidade, pela proximidade com o produtor e pela saúde, que cada vez mais é o foco principal. Nesse cenário cada vez mais complexo, o médio e o pequeno produtor, só garantirá o seu espaço mediante a união e organização das suas atividades para galgar um espaço cada vez mais competitivo.
Lulimar de Campos Vieira Produtor Rural
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CULTIVO DE TOMATE EM VASO A busca por produtos mais saudáveis e saborosos tem sido a tendência do consumidor nos últimos anos. Seguindo está crescente demanda, produtores de diversas regiões do país estão migrando do cultivo de tomate de mesa convencional para o cultivo em ambiente protegido. Na qual se destaca a produção de variedades especiais ou tomates gourmet, nessa linha se encaixam os tomates italiano ou saladete, mini tomates como o grape o cherry (cereja) e a mais recente linha chamada de cocktail. Essa produção em cultivo protegido tem ajudado os produtores a driblar as oscilações nos preços, tendo em vista uma maior janela de produção, consequentemente uma maior produtividade e maior valor agregado sobre o produto final. Esse aumento na janela produtiva trouxe a utilização repetitiva do solo utilizado sem fazer o devido manejo rotacional, propiciando o aparecimento de doenças de solo que em certos casos podem inviabilizar
de ciclos de cultivo o substrato pode ser trocado e a estrutura de produção pode ser mantida.
a produção em determinadas ares. Neste caso emprega-se o uso de substratos ou NFT (hidropônia), tornando eficiente economicamente o cultivo em uma mesma área por muito tempo. O cultivo em substrato pode ser feito tanto em vaso ou slab (sacola com substrato), disponibilizando água e nutrientes através da fertirrigação. Este tipo de manejo elimina a possibilidade de patógenos de solo interferir na produção das plantas. A cada número desejado
Entre as vantagens do sistema estão: produzir consecutivamente sem a necessidade de repouso do solo; a não contaminação do solo; melhor controle de fertilização e irrigação das plantas através de monitoramento da solução nutritiva injetada e drenada, controle de condutividade elétrica (CE) e pH, com a utilização de vasos o produtor pode utilizar a capacidade máxima de aproveitamento do ambiente protegido. O substrato utilizado deve apresentar algumas propriedades físicas e químicas importantes para sua utilização, tais como: -Físicas: Boa capacidade de retenção de água, alta disponibilidade de oxigênio para o desenvolvimento das raízes, boa porosidade. -Químicas: Alta capacidade de troca catiônica do material (CTC). Este por sua vez tem características importantes especialmente à disponibilidade de nutrientes para as plantas, e deve estar ligada
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diretamente com a fertirrigação aplicada. Condutividade elétrica (CE); representa a concentração de sais ionizados na solução aquosa do substrato e a sua influência no potencial osmótico da solução. Soluções nutritivas são calculadas geralmente para valores de 1,5 a 3,0 dS/m. O valor ideal de pH para a maioria das plantas cultivadas situa-se entre 5,5 e 6,5. A escolha de um substrato com essas características aliado a um bom manejo de fertirrigação e tratos culturais em dia, tem aumentado significativamente a produtividade média, em acasos até dobrando a produção em comparação ao cultivo convencional. O manejo do CE e pH se dá pela coleta de amostras de fertirrigação tanto injetada como drenado. A drenagem se faz necessária para evitar o acumulo de sal no substrato, a maioria dos produtores trabalha com drenado na faixa de 15 a 25% do volume de fertirrigação injetada diariamente, dependendo da porosidade do substrato usado. Esse manejo seria ideal diariamente, mas devido as dificuldades da luta diária na produção muitos produtores optam por fazerem a cada dois ou três dias. Ainda é possível usar extratores de solução para saber qual CE está retido no substrato. O valor do CE drenado ou extraído deve ser sempre ligeiramente menor ou igual do que da solução injetada às plantas. Valores maiores indicam que está ocorrendo salinização e valores muito abaixo indicam que ou está tendo muita drenagem ou a quantidade de nutrientes fornecidos pela solução é menor que o consumo da planta. A quantidade também deve da retirada do podendo ver a o substrato e
de fertirrigação injetada ser monitorada através substrato/planta do vaso umidade que se encontra também o enraizamento
da planta. A irrigação deve começar preferencialmente a partir dos primeiros raios de sol até o no máximo uma hora antes do por do sol para as raízes poderem passar a noite levemente secas. O tempo entre uma irrigação e outra também devem ser acompanhados pela umidade do substrato para nunca deixar ele encharcado ou seco, demais pois interfere diretamente na formação das raízes, substrato encharcado não a oxigenação e muito seco potencializa uma salinização. No cultivo de tomate em substrato fazendo monitoramento correto temse maior controle nutritivo e sanitário da planta tendo em vista que uma planta bem nutrida é uma planta mais sadia e com isso consequentemente a redução de agrotóxicos, por sua vez menor custo maior lucro.
Mauro Lazaroto Produtor Rural e proprietário dos tomates especiais LAZAROTO
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MARCHA DE ABSORÇÃO E EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES PELO TOMATEIRO Dentro
da
cadeia produtiva da
diferentes quantidades e proporções entre
tomaticultura, empresas públicas e privadas,
os nutrientes a serem aplicados durante as
estão em continuado esforço no sentido de
adubações.
oferecer aos produtores novas cultivares e híbridos que apresentam resistências a
No Brasil o trabalho pioneiro visando à
pragas e doenças, adaptação as diferentes
absorção dos nutrientes pelo tomateiro
condições climáticas, e com melhor
feito por Gargantini & Blanco (1963)
aproveitamento dos insumos disponíveis
utilizando a variedade Santa Cruz
aumentando seu potencial produtivo.
1639. Ao final do ciclo de cultivo o
Consequentemente, com a maior produção
acumulado total de nutrientes foi
de massa vegetal, também se altera a
185>93,6>31>28>21>9 kg ha-1, para K, N,
necessidade nutricional dessas plantas.
Ca, S, P e Mg. Os autores verificaram que os conteúdos de N, K, Mg e S alcançaram
Assim para poder refinar as recomendações
valores máximos no período de 100 a
de adubação existentes para cada cultivar são
120 dias após a germinação, enquanto
necessários estudos envolvendo o acúmulo
que o Ca e o P foram absorvidos durante
e as curvas de absorção de nutrientes que
todo o ciclo da cultura. Infelizmente, no
são importantes nas recomendações de
Brasil, ainda existem poucos trabalhos
adubação/fertirrigação pois indicam a
publicados e estudos gerando curvas de
quantidade necessária para o crescimento
acúmulo de nutrientes em genótipos
diário da planta ocasionando melhoria
com níveis de produtividade
muito
na seguinte ordem: K > N > Ca > S
da eficiência dos nutrientes aplicados e
superiores aos alcançados naquela época,
>Mg > P, alcançando os valores de 264,0
evitando sobras de fertilizantes/sais no
principalmente pela utilização de híbridos
211,0, 195,0, 49,0, 40,0 e 30,0 kg/ha-1,
solo e portanto, possibilitam estabelecer
em substituição as cultivares.
respectivamente para cada nutriente e
atingindo produtividade de 88,6 t ha-1. Em ambiente protegido e utilizando o híbrido EF-50, os mesmos autores verificaram que o acúmulo de nutrientes na parte aérea do tomateiro decresceu
produtividade de 109 t/ha-1
as proporções entre nutrientes mais adequadas a planta. A curva ótima de
Fayad et al. (2002) chegaram a resultados
consumo de nutrientes pela planta auxiliará
diferentes quanto à exigência quantitativa
Para os cultivares tipo salada Paron e
na definição da quantidade de aplicação de
de nutrientes pela cultivar Santa Clara
Silluet aos 90 dias após o transplante
um determinado nutriente. Para isso, em
em campo aberto obtendo em ordem
de mudas
função das curvas de absorção de nutrientes,
decrescente de acúmulo de nutrientes
macronutrientes em g/planta foram de:
devem-se obter as taxas diárias de absorção
na parte aérea: K > N > Ca > S > P > Mg,
13,9 de N, 3,0 de P, 21,5, de K, 9,5 de Ca,
dos mesmos e utilizar essa informação
alcançando os valores máximos de 360,0,
2,2 de Mg e
respeitando as etapas fenológicas de
206,0, 202,0, 49,0, 32,0 e 29,0 kg ha-1,
de 10,6 de N, 1,7 de P, 16,9 de K, 5,6 de
crescimento das plantas para se definir as
respectivamente para cada nutriente,
Ca, 1,5 de Mg e 2,3 de S para o Silluet
a extração total de
4,3 de S para o Paron e
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(Furlani & Maggio, 2008, dados não
para ‘Dominador’ e 33,0 de K, 19,8 de N, 8,4
órgão da planta com maior concentração
publicados)
de Ca, 4,0 de S, 2,7 de Mg e 2,6 P, expressos
de nutrientes e massa seca. A partir de
em g planta-1, com produtividade de 158,7 t
então alguns nutrientes, como nitrogênio,
ha-1 para ‘Serato’.
fósforo e potássio passam gradativamente
Para o minitomate híbrido Angelle cultivado por hidroponia em vaso com substrato em estufa, Furlani & Maggio (2012, dados não
a se acumular em maior quantidade nos A quantidade de nutrientes absorvidos pela
frutos. Dessa forma, no tomateiro, os
publicados), obtiveram aos 138 dias de
frutos são o grande dreno de nutrientes
cultivo, um acúmulo total por planta de 7,0
e fotoassimilados, sendo tais nutrientes
g de N, 12,3 g de K, 1,7 g de P, 4,31 de Ca, 1,0
exportados juntamente com os frutos.
g de Mg e 1,3 g de S. Com os resultados de absorção de nutrientes Para o híbrido Vento, Silva et al.
ao longo do ciclo de cultivo obtidos para
(2013), verificaram o acúmulo total de
uma diferente gama de cultivares, existe
macronutrientes (parte aérea e frutos) aos
a possibilidade de melhor entendimento
126 DAT nas quantidades de: K (19,7)
da demanda nutricional em cada etapa
> N (14,5) > Ca (6,3) > S (4,4) > P (3,6) >
do crescimento. Com isso, evitam-se
Mg (1,5), expressas em g planta-1; para os
quantidades excessivas de fertilizantes,
micronutrientes as quantidades, expresso
que podem levar a níveis de salinidade
em mg planta-1 foram: Cu (132,9) > Mn
superior ao limite da planta. Evitam-se,
(72,6) > (Fe 57,2) > (Zn 32,9) > (B 16,4), com
também, quantidades abaixo do mínimo
produtividade de 109,9 t ha-1.
necessário para atingir determinadas metas planta de tomate durante o ciclo depende
de produtividade, melhorando o manejo
Para a cultivar Ozone, aos 161 dias após o
de fatores bióticos e abióticos, como
nutricional dessas culturas (Purquerio,
transplante de mudas, Furlani & Maggio
temperatura do ar e solo, luminosidade e
2010, Furlani e Purquerio, 2010).
(2016, dados não publicados), a extração
umidade relativa, época de plantio, genótipo
total em g/planta foi de 18,7 g de N, 3,1 g de
e concentração de nutrientes no solo.
É essencial, portanto que sejam realizados
P, 22,6 g de K, 7,4 g de Ca, 2,6 g de Mg e 4,6
Esses e outros fatores, como a fertirrigação,
mais estudos de acúmulo de nutrientes
g de S.
condução vertical das plantas e cobertura
durante o ciclo produtivo, para diferentes
Para a cultivar Dylla, aos 122 dias após o
plástica, presentes de forma diferenciada
cultivares de tomateiro, para que exista a
transplante de mudas, a extração total (g/
nos sistemas de cultivo do tomateiro
possibilidade de refinamento da nutrição
planta) foi de 17,5 de N, 1,9 de P, 22,1 de K,
conduzido em condições de campo e em
e manejo da adubação, visando à máxima
10,8de Ca, 2,8de Mg e 4,8 de S (Furlani &
ambiente protegido influem na absorção de
eficiência dessa cultura.
Maggio, 2016, dados não publicados).
nutrientes (Fayad et al., 2002). Alvarenga et al.(2004) estabeleceram
Em estudo com os híbridos Dominador e
Os teores de nutrientes nas diferentes partes
uma planilha de cálculo e de aplicação de
Serato, Purquerio et al. (2016), no final do
da planta apresentam grande variação,
nutrientes via fertirrigação para a cultura
ciclo de cultivo, verificaram os máximos
em função das atividades metabólicas e
do tomateiro, baseando-se nas curvas de
acúmulos totais (planta e frutos) estimados
fisiológicas da planta. À medida que os
crescimento,
na seguinte ordem, em g planta-1: 27,9 de K,
frutos começam a se desenvolver, há um
durante as diferentes fases fenológicas e as
17,7 de N, 11,5 de Ca, 5,1 de S, 3 de Mg e
incremento na absorção de nutrientes pelas
quantidades necessárias de N, P, K e Ca para
2,4 de P, com produtividade de 131,9 t ha-1
plantas. As folhas são, até este estádio, o
cada kg de fruto a ser produzido.
necessidades
nutricionais
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Com os resultados gerados para uma
Fayad, J.A.; Fontes, P.C.R.; Cardoso, A.A.;
do híbrido de tomate Vento (10648). In: 7º
diferente gama de espécies de hortaliças,
Finger, F.L. Ferreira A, F.A. Absorção
Congresso Interinstitucional de Iniciação
existe
melhor
de nutrientes pelo tomateiro cultivado
Científica – CIIC 2013. Anais... Campinas:
entendimento da demanda nutricional
sob condições de campo e de ambiente
CIIC, 2013.
em cada etapa do crescimento, evitando
protegido. Horticultura Brasileira20:90-94,
quantidades excessivas de fertilizantes, que
2002.
a
possibilidade
de
Silva, B. F. I. Acúmulo de nutrientes ao
podem levar a níveis de salinidade superior
longo do ciclo por tomateiros do grupo
ao limite da planta, bem como quantidades
Furlani, P. R e Purquerio, L. F. V. (2010).
salada. Dissertação Mestrado, Campinas,
abaixo do mínimo que a planta necessitaria
Avanços e desafios na nutrição de
66p., 2017.
para atingir determinadas metas de
hortaliças. In: Prado, R. M., Cecílio Filho,
produtividade, melhorando assim o manejo
A. B., Correia, M. A. R. e Puga, A. P. (Eds).
nutricional dessas culturas. O uso de
Nutrição de plantas: diagnose foliar em
extratores de solução do solo tem sido uma
hortaliças. Jaboticabal: FCAV. p.45-62.
ferramenta valiosa para monitorar o meio radicular e possibilitar análises pontuais da
Gargantini, H. e Blanco, H. G.. Marcha
salinidade e concentrações de nutrientes.
de absorção de nutrientes pelo tomateiro.
Entretanto, há muita carência sobre as
Bragantia, 56:693-713, 1963.
composições mais adequadas de soluções do solo para diferentes culturas (Furlani e
Haag, H.P. e Minami, K. Nutrição mineral
Purquerio, 2010).
de hortaliças. Campinas, Fundação Cargill, 538 p, 1988.
A busca por produtos com qualidades nutricionais e organolépticas é hoje
Moraes, C.C. de; Araújo, H. S. de; Factor,
uma exigência do mercado consumidor
T. L. e Purquerio, L. F. V. Fenologia e
de tomates. Tanto a pesquisa quanto as
acumulação de nutrientes por cebola de
empresas de sementes e insumos devem
dia curto em semeadura direta. Revista de
contribuir para que o produtor tenha
Ciências Agrárias 39:281-290, 2016.
orientações de como fazer para melhor explorar as características das cultivares
Purquerio, L. F. V., Santos, F. F. B. E.
modernas em produtividades quantitativa e
Factor, T. L. Nutrient Uptake by Tomatoes
qualitativa e, poder oferecer ao consumidor
‘Dominador’ ‘Serato’ Grown in São Paulo
um produto seguro do ponto de vista
State, Brazil. Acta Horticulturae 1123:35-
alimentar.
40, 2016.
LITERATURA
Purquerio,
L.F.V.
(2010).
Evolução
histórica das tecnologias e insumos
Pedro Roberto Furlani, CONPLANT – Consultoria, Treinamento, Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola Ltda. pfur
Alvarenga, M.A.R.; Lima, L.A. & Faquin, V.
para a sustentabilidade na olericultura.
Fertirrigação. In: ALVARENGA, M.A.R.
Horticultura Brasileira 28: S77-S84.
Luis Felipe Villani Purquerio, Instituto Agronômico, Centro de Horticultura,
casa de vegetação e em hidroponia. Lavras,
Silva, B. F. I., Purquerio L. F. V.; Factor, T. L.
Editora UFLA, 2004.cap. 6, p.121-158.
Absorção de nutrientes pela planta e frutos
Bruna Franciele Iversen da Silva, Instituto Agronômico, Pós-graduação em Agricultura Tropical e Subtropical
(Editor) Tomate: Produção em campo, em
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EXPEDIENTE Tomate Brasil em Revista www.tomatebrasil.com.br Grupo de debates Tomate Brasil. Fundado em 24/01/2016 CONSELHO Lulimar de Campos Vieira / Unaí - MG Diego Munhoz (Faxinal) / Faxinal - PR Everton Kremer / Feliz- RS Mauro Lazaroto / Caxias do Sul- RS Francisco Adeilton Carvalho Costa / Fortaleza - CE Marcos da Silva Almeida / Brasília- DF Alisson Vidal / Ibaiti- PR Frederico Costa / Poços de Caldas - MG Welson Perli Pereira / Feira de Santana - BA Rogério Delavechia / SP DIREÇÃO GERAL Welson Perli Pereira wpereira@tomatebrasil.com.br DIRETOR TÉCNINCO E ACADÊMCIO Diego Munhoz dmunhoz@tomatebrasil.com.br REVISÃO DE TEXTOS Diego Munhoz e Patrícia Rosseto PUBLICIDADE comercial@tomatebrasil.com.br DIAGRAMAÇÃO João Paulo Ferreira criativo@tomatebrasil.com.br FOTOS Fernando S. Salas, Samantha Zanata, Hélcio Costa, Welson P. Pereira, Mauro Lazaroto, Luciano S. Yamane, Diego Munhoz, Tiago Relvas, Rogério Dourado, Maicol Venturim. JORNALISTA RESPONSÁVEL Patrícia Rosseto - MTB 64.514-SP MARKETING E PROPAGANDA Apoena Agromarketing