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Feiras & Eventos

66 I Revista TĂŞxtil


Homenagem

Foto: Arquivo RT

I

João Luiz Pereira

nfelizmente eu não poderia iniciar este editorial sem mencionar minha tristeza pela perda do grande profissional têxtil e, acima de tudo, grande amigo, João Luiz Pereira, falecido no dia 08 de março. Um dos pioneiros a tratar de estamparia digital, uma das tecnologias do futuro da indústria, o ex-presidente da ABTT foi responsável por grandes realizações para a cadeia têxtil. A perda para o setor foi tamanha que o presidente da FCEM, Hélvio Roberto Pompeo Madeira, dedicou a ele esta edição da Agreste TEX. João Luiz foi um dos responsáveis pela parceria entre a entidade e a empresa, levando Congressos e Seminários para dentro dos eventos. Você deixa grande lacuna no setor, mas tenha certeza, amigo João Luiz, que todo o seu trabalho sempre será lembrado. Você merece todas as homenagens recebidas. Nós dedicamos esta edição a você.

Editorial

A

Revista Têxtil acompanhou de perto a Agreste TEX, feira realizada pela FCEM em Caruaru, PE, município que se desenvolve a cada dia. E pudemos ser testemunhas da pujança do polo e do quanto os empresários locais se esforçam para buscar novas tecnologias e crescer os seus negócios, pensando em produtividade, mas também em bem-estar social e na preservação do meio ambiente. Nos impressionou ver o crescimento da feira, não só em números, mas em qualidade de visitação e programação, em relação à primeira edição. A convite da diretoria da Igedo e da Messe Düsseldorf, organizadoras da Collection Première Moscow, viajei à capital russa para conferir de perto o evento. O que eu vi por lá, tentei retratar com a maior fidelidade possível na matéria, mas preciso reforçar o tamanho da feira e a quantidade de empresas que buscam uma fatia do mercado russo, tão significante quanto o brasileiro e que ainda está crescendo economicamente. Trouxemos uma matéria especial sobre outro segmento em que o Brasil dá uma lição de superação, o de têxteis para o lar. Com a queda das exportações, muitas empresas passaram por maus momentos. Mas várias delas superaram isso e, graças ao investimento em tecnologia e inovação, conquistaram seu lugar no mercado interno. Nossa matéria traz informações sobre o que há de mais moderno em máquinas e tecnologias para o setor. Ainda sobre desenvolvimento, vale mencionar o quanto ficamos contentes com os eventos de moda, realizados durante nosso fechamento, que apresentaram lançamentos diversos com tecidos e inovações tecnológicas. Além disso, temos notícias nacionais e internacionais e um artigo sobre o descarte consciente de materiais têxteis, escrito pelo Técnico Têxtil do SENAI CETIQT, Antonio C. Barbosa Bacelar. Para fechar com chave de ouro a edição, temos uma entrevista imperdível com o consultor da Abimaq, Lourenço Righetti Netto, que explica brilhantemente o que é a NR12 e toda a polêmica em torno da norma.

Boa Leitura.

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Sumário

04 Têxteis para o lar 28 Abtt

29 Entrevista 32 Abit

34 Mercado 48 Artigos 53 Notícia

58 Feiras e Eventos

Capa: Altenburg

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Edição Nº 730 - 2/2014

Correspondente na Argentina – Ecodesul Av. Corrientes, 3849 – Piso 14° OF. A. Buenos Aires - Argentina Tel/Phone: (541) 49-2154 / Fax: (541) 866-1742

A REVISTA TÊXTIL é uma publicação da R. da Silva Haydu & Cia. Ltda. Inscr. Est. 104.888.210.114, CNPJ/MF: 60.941.143/0001-20. • Diretor-Presidente: Ricardo da Silva Haydu; Diretora de Redação: Clementina A. B. Haydu • MTB 0065072/SP • Jornalista: Laura Navajas • Projeto e Produção Gráfica: Carlos C. Tartaglioni Representantes Comerciais Europa – International Communications Inc. Andre Jamar 21 rue Renkin – 4800 – Verviers – Belgium Tel/Phone: + 32 87 22 53 85 / Fax: + 32 87 23 03 29 e-mail: andrejamar@aol.com Ásia (Asian) – Buildwell Int. Co., Ltd. Nº 120, Huludun, 2nd St., Fongyuan, Taichung Hsien - Taiwan 42086 - R.O.C. Tel/Phone: + 886 4 2512 3015 / Fax: + 886 4 2512 2372

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Órgão Oficial das entidades

Órgão de divulgação das entidades Abint – Associação Brasileira das Ind. de NãoTecidos e Tecidos Técnicos; Núcleo Setorial de Informação do SENAI/CETIQT; REDAÇÃO/ADMINISTRAÇÃO Rua Albuquerque Lins, 1151 2º andar – Santa Cecília Cep 01230-001 - São Paulo - SP - Brasil Tel/Phone: +55-11-3661-5500 Fax: +55-11-3661-5500 - Ramal 220 E-mail: revistatextil@revistatextil.com.br Site: www.revistatextil.com.br

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Têxteis para o lar

Moda e

tecnologia

para casa

Com as mudanças de comportamento do consumidor, segmento de têxteis para o lar investe em design, além de qualidade e conforto

A

classe média cresceu, o acesso à informação também. O consumidor brasileiro hoje exige qualidade e inovação. Roupas de cama, mesa, banho e outros têxteis deixaram de ser itens apenas funcionais e passaram a fazer parte da decoração das casas, harmonizando com todo o ambiente. Assim, produtores e fornecedores de matérias-primas e maquinário buscam cada vez mais novidades para atender aos anseios do consumidor brasileiro, movimentando e modernizando um mercado promissor, inclusive para vencer a batalha com os importados, que invadem cada vez mais também este setor.

Números O consumo aparente de têxteis para o lar teve crescimento de 7,7% em volumes de peças, entre 2009 e 2013. Os números fazem parte de um novo estudo divulgado recentemente pelo núcleo de Inteligência de Mercado do IEMI - Instituto de Estudos e Marketing Industrial, sobre produtos têxteis para o lar. Denominado “Mercado Potencial de Cama, Mesa, Banho e Decorativos 2014”, o documento tem como objetivo principal dimensionar a evolução da oferta e demanda desses produtos nos últimos cinco anos, compreendendo o período de 2009 a 2013. Em termos de produção, o setor cresceu 3,9% no ano passado, em relação a 2012, mas nos últimos cinco anos houve queda de 9,3%, passando de uma produção de 1,1 bilhão de peças, em 2009, para 967 milhões de peças, em 2013. 04 I Revista Têxtil

Esta queda foi causada, provavelmente, pelo aumento da participação dos importados sobre o consumo aparente nacional, que voltou a crescer. Medida em volumes de peças, a participação dos importados, que era de 6,9% em 2009, chegou a 12,2% em 2013. Por outro lado, a participação das exportações sobre a produção nacional, que foi de 13,1% em 2009, caiu para apenas 2,7% em 2013, em volumes de peças. “O grande aumento das importações e a queda das exportações fizeram com que, no decorrer dos últimos anos, o Brasil mudasse seu característico perfil de exportador de artigos para o lar e passasse a importador”, comenta Marcelo Prado, diretor do IEMI. No ano passado, mais de 350 mil toneladas de tecidos foram consumidas em 2013, na produção de artigos têxteis para o lar. Os tecidos planos representaram 92,1% desse volume, ficando os tecidos de malha com 7,9%. Os artigos decorativos tiveram a maior participação no consumo, com 42% do total, seguidos dos artigos de cama, com 31%, e dos de banho, com 23%.

Cama, mesa ou banho? Atualmente, há 1.515 unidades produtoras no setor de artigos têxteis para o lar. Cerca de 30% delas estão focadas em decoração, seguidas de artigos para mesa, com 26,1%, copa/cozinha, com 22%, artigos de cama, com 16,2%, e, por último, a seção de artigos de banho, com 5,7% das unidades produtoras em 2013.


Têxteis para o lar Foto 1: Tapete Zig Zag com fio ANTRON®. (Invista - Divulgação) Foto 2: Jogo de cama Teka. (Divulgação) Foto 3: Jogo de mesa Teka. (Divulgação)

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1 O segmento que mais cresceu em número de unidades produtoras foi o de artigos para cama, com alta de 16,1%, enquanto o de artigos de banho cresceu apenas 2,4% entre 2009 e 2013. Para o estudo, foram consideradas apenas as indústrias em atividade, operando legalmente, com pelo menos um produto em linha contínua de produção e no mínimo cinco empregados diretamente.

Consumidor O comportamento do consumidor de cama, mesa e banho foi analisado pela Abit e pelo IEMI e foi resumido em um estudo. Em geral, ele está mais consciente e menos impulsivo, buscando compras conscientes. O estudo identificou quatro perfis de consumidores. O primeiro perfil é o “Conservador”, que responde por 39% da população. É o consumidor que busca por produtos práticos e escolhe roupas de cama, mesa e banho de acordo com aquelas que já possui. O segundo é o “Pragmático”: 30% da população sempre compram em último caso, para substituir uma peça velha ou desgastada. O terceiro perfil responde por uma porcentagem menor da população, 17%, mas tende a crescer. O “Impulsivo” troca as peças de cama, mesa e banho sempre que se cansa ou enjoa das que possui, mesmo que ainda estejam novas. Lê revistas sobre decoração e gosta de moda. Os outros 14% são os “Antenados”: são os primeiros a consumir novidades, buscam status e identidade através da sua casa, e suas escolhas ditam as tendências para os outros perfis de consumidores.

Por fim, vale lembrar que, ainda segundo o estudo, 30% dos consumidores brasileiros compram roupas de cama, mesa e banho ao menos uma vez por ano, sendo que 61,3% das compras não foram para nenhuma ocasião especial. Uma curiosidade (que merece a atenção dos empresários): 53% dos consumidores estavam buscando um produto que tivesse cores suaves e a qualidade e o preço baixo são os quesitos mais valorizados nas marcas líderes.

Futuro Para 2014, com base em estimativas do IEMI para os volumes e valores produzidos, bem como para o das importações e exportações, a produção deverá ter crescimento de 0,5% em volumes de peças. Já as importações deverão crescer 7,3% e as exportações deverão recuar 12,4%. Em valores em dólares, projetando-se uma taxa cambial de R$ 2,44 por dólar, o valor da produção de artigos têxteis para o lar chegaria a US$ 5,9 bilhões em 2014, enquanto as importações somariam US$ 390 milhões e as exportações, US$ 76 milhões. “Com esses resultados, o consumo aparente cresceria 1,7% em volumes de peças e 6,7% em valores em reais. Já as importações atingiriam 12,9% do consumo em volumes de peças e 6,3% em valores. Por fim, as exportações recuariam para 2,4% da produção em volumes de peças e permaneceriam em 1,3% em valores estimados para 2014”, finaliza o diretor do IEMI. RT

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Têxteis para o lar

Eventos do setor

geram negócios N o Brasil ou no exterior, as feiras de têxteis para o lar atraem expositores e visitantes com novidades cada vez mais focadas em design e tecnologia. No Sul, os empresários criaram um novo formato de negócios. Em Frankfurt, os bons resultados foram vistos como sinal de recuperação do mercado. Enfim, os eventos geraram bons negócios.

dinávia, Leste Europeu, América do Sul e Coreia do Sul. As nações com maior número de visitantes foram Itália, Turquia, China, Grã-Bretanha, EUA, França, Espanha, Polônia e Holanda. “As tendências apresentadas satisfizeram os expositores e visitantes”, disse Martin Auerbach, diretor geral da Associação Alemã da Indústria de Têxteis para o Lar, Wuppertal.

Heimtextil

Sustentabilidade

Refletindo a recuperação econômica do último bimestre de 2013, a Heimtextil, Feira Internacional de Têxteis para o Lar, teve aprovação de 78% dos expositores e 81% dos visitantes, que consideram a situação econômica do setor de satisfatória a boa. O alto grau de internacionalização continua a ser uma das características chave da feira: cerca de 66% dos visitantes e 88% dos expositores vieram de fora da Alemanha, com crescimento particularmente notável da Escan-

Remexendo um assunto importante, futurista, o especial ‘Upcycling’, no Hall 4.2, foi caracterizado por ideias originais e produtos de alto nível feitos com sobras de artigos. Com o ‘Prêmio Novas Criações: Upcycling’, a Heimtextil apresentou pela segunda vez um prêmio para jovens focado no princípio da sustentabilidade, muito popular em 2014, com 42 inscritos, contra 12 do ano passado, depois que a competição foi aberta para quatro, ao invés de duas universidades, como no primeiro ano. No futuro, a Heimtextil planeja expandir a

Tecnologia

Heimtextil (divulgação)

Heimtextil (divulgação)

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Estamparia digital em ascensão: A estamparia digital provou ser um marco no desenvolvimento dos têxteis e uma tendência na Heimtextil. Líderes de mercado, tais como Durst, Reggiani (estande Itália), SPGprints (Holanda), Pod Iberia (Portugal), Hewlett-Packard (USA) e Kornit Digital (Israel), se apresentaram na feira pela primeira vez ou aumentaram o estande. “Estamos felizes e fomos surpreendidos pelo grande show”, diz Oliver Luedtke, gerente de marketing da Kornit Digital. “Hoje, mal há um fabricante de têxteis para o lar que não esteja interessado em estamparia digital. Por isso, nos vemos no começo de um desenvolvimento maior no segmento, que também se reflete na Heimtextil”. “Por um lado, nós queremos olhar à frente e propagar progresso técnico como uma chance de sobrevivência nessa era de rapidez. Por outro, olhar de volta ao passado é importante, já que a renovação das tradições é parte da busca por autenticidade”, disse Olaf Schmidt, vice-presidente de tecnologias têxteis.


Têxteis para o lar competição para incluir universidades internacionais e ainda oferecer mais espaço para este assunto de importância crescente. A próxima Heimtextil, em Frankfurt am Main, será realizada de 14 a 17 de janeiro de 2015.

Textil House A pujança do segmento chama a atenção de todos. A Grafite Feiras lançou, há 4 anos, a Têxtil House Fair. A feira começou como evento anual, mas logo passou a ter uma segunda edição, de Outono/ Inverno, para acompanhar o movimento dos fabricantes de têxteis para o lar, que se dedicam também a seguir o calendário de moda, com mais de uma coleção por ano. “Nosso diferencial é que abraçamos o segmento têxtil, vamos continuar investindo nele”, afirma Marcelo Vital Brasil, diretor executivo da Grafite Feiras. O investimento se justifica. Trata-se de um segmento sempre em ascensão, por diversos motivos. “Com a construção civil fortalecida, cada vez mais vendem-se imóveis. Também cresceu o número de pessoas morando sozinhas. Todos irão renovar seus enxovais. Além disso, o setor de hotelaria é muito forte. Cada hotel compra pelo menos 3 enxovais para cada apartamento. Multiplique e terá o tamanho do mercado”, diz. Sobre a divisão do segmento, Marcelo comenta a força de cama, mesa e banho. “O que você pode imaginar é que

Estandes grandes na Têxtil House Fair evidenciam investimento do expositor.(Divulgação)

sempre terá um peso maior dentro do têxteis para o lar, porque todos fazem enxoval, a compra é grande. Quando você pensa que o Brasil tem 114 milhões de consumidores, e este mercado vai crescer com a mobilidade social, estamos falando de muita gente. Claro, as pessoas decoram e compram móveis, mas esse segmento acaba lidando mais com arquitetos e decoradores. Para o consumidor final, trocar peças pequenas é mais fácil. E hoje em dia, uma simples almofada pode mudar um ambiente inteiro”, comenta. Segundo ele, as cortinas e tapetes seguem a mesma tendência: são acessórios importantes para decoração.

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Têxteis para o lar Tudo isso fortalece o segmento como um todo, de forma global. “E nós temos empresários fantásticos. O empresário brasileiro é sinônimo de qualidade lá fora. As indústrias brasileiras estão crescendo, independente de qualquer situação econômica do exterior. Nossas indústrias já lidam com as suas importações, mas os produtos, quando vêm são nacionalizados. São empresas presentes no Brasil, que geram empregos e arrecadam impostos aqui”, finaliza Marcelo.

TMT Santa Catarina é considerado um dos principais polos de produção de têxteis para o lar do país, com algumas das maiores empresas do segmento, muitas das quais superaram grandes desafios. “A grande conquista do setor foi conseguir, depois de alguns anos de uma forte retração, superar ou se adaptar à queda brusca do volume de exportação. Isso como um setor, já que algumas empresas individualmente infelizmente não conseguiram. Hoje as empresas produzem o que o mercado interno consegue consumir”, conta Ulrich Kuhn, presidente do Sintex, Sindicato da Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário. “O desafio atual do segmento no Brasil não é diferente de nenhum outro, ele tem que entender que é preciso inovar, com novas tecnologias, novos produtos, não se pode pensar que a verdade de ontem é de hoje. O mundo vai ser cada vez mais rápido, ágil, e os setores têm que se adaptar a isso”, comenta Ulrich. A região Sul costumava ter uma feira própria, que foi encerrada neste ano. “A Texfair sofreu uma consequência do deslocamento de feiras novamente para São Paulo, não só deste setor. A região Sul lançou e realizou durante treze anos a grande feira de têxteis lar do Brasil. Antes que ficasse fraca demais, ou perdesse o significado, resolvemos suspende-la”, explicou.

Teka (Divulgação)

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Nesse processo, nasceu a TMT, Turnê do Mercado Têxtil, uma ideia que, segundo Kuhn, teve um resultado fantástico. “Algumas das empresas mais representativas do setor no Estado encontraram outra forma de mostrar ao mercado a importância do segmento”, resume. O processo é organizado pelo Sintex, que convida os compradores do Brasil inteiro, de acordo com a capacidade de atendimento das empresas e a logística de deslocamento entre as cidades (foi criado um software de computador para agendar e organizar os calendários). Trata-se de dois grupos de convidados que ficam na região por dois dias e meio, aproximadamente, e visitam as fábricas em Blumenau, Brusque, Joinville e São Bento do Sul. “É um trabalho de organização logística bem específico, os visitantes têm um transporte a sua disposição e, tanto eles quanto os empresários devem respeitar os horários”, explica Ulrich. “Cada cliente é atendido individualmente. O evento preza pelo bom serviço, o atendimento tem que ser perfeito. A base do projeto é mostrar o potencial da indústria de têxteis lar de Santa Catarina, sua organização, hospitalidade, profissionalismo”, continua. Em sua primeira edição, a TMT contou com a participação da Altenburg, Atlântica, Bella Janela, Bouton, Buettner, Buddemeyer, Hedrons, Karsten, Lepper e Teka. Durante os cinco dias, mais de 50 clientes circularam pelos showrooms das empresas, gerando centenas de visitas. Para o futuro, os planos incluem a ampliação do evento, com a adesão de mais empresas. Uma segunda edição já está programada para o final de julho. “Será um calendário de compras em Santa Catarina, as empresas se preparam para mostrar suas coleções novas para o cliente. A princípio, seria uma edição por ano, porém, devido à primeira experiência positiva e, a pedido do mercado, estão previstas duas edições”, finaliza Ulrich. RT

Altenburg (Divulgação)


Têxteis para o lar

Automação e tecnologia Máquinas e acessórios de última geração modernizam os processos de produção, trazendo qualidade e competitividade para as empresas

O

consumidor está mais exigente e o mercado está mais competitivo. Assim, as empresas lançam mão de todos os recursos que podem para otimizar a produção, sem abrir mão do tripé design, preço e qualidade. Os fabricantes de máquinas e acessórios contam com soluções que garantem agilidade em todas as etapas. Com o comportamento do consumidor de compra mudado, o foco no design do produto adquire grande importância. Além do conforto, as pessoas buscam roupas de cama, mesa e banho que ornem com outros elementos da decoração, como revestimento da parede, tapetes e carpetes, além da mobília. Assim, os softwares de design de moda ganham lugar também no segmento de têxteis para o lar. A Tabatex representa no Brasil a EAT, empresa alemã de serviços e consultoria para aplicação de padronização têxtil que desenvolve softwares CAD/CAM para indústria têxtil, com mais de 25 anos de experiência, reconhecida por desenvolver o software CAD/CAM mais completo e atualizado do mercado. “O software da EAT é hoje uma das principais ferramentas do mercado para desenvolvimento de produtos, não só na linha cama, mesa e banho, como para diversos setores da indústria têxtil, que movimentam milhões por ano. É uma ferramenta moderna, rápida e extremamente prática que facilita muito o trabalho dos melhores designers têxteis do país”, afirma Marcelo Lopes, diretor comercial da Tabatex. Os softwares da EAT trabalham com ferramentas que possibilitam ao cliente criar infinitas aplicações de padronização têxtil. As simulações de desenhos e estampas em 3D, por exemplo, podem

Tabatex (Divulgação)

ser aplicadas para vários setores do têxtil, incluindo cama, mesa, banho, tecidos para colchão, decoração e tapeçaria. No Brasil, já são mais de 70 licenças instaladas, incluindo instituições educacionais e clientes de referência no ramo automotivo, cama, mesa e banho, moda e decoração. Isto porque a assistência técnica, o treinamento e atualização de softwares são feitas no Brasil por um técnico especializado da EAT, um grande diferencial, já que hoje há grande dificuldade de se manter um serviço de assistência com um profissional local. Outra grande vantagem está no investimento necessário para a implantação do software, que é baixo, em relação aos resultados obtidos: facilidade para criação de produtos. Entre os produtos, são encontrados os seguintes módulos:

Tecelagem: • • • •

Jacquard: Design & Edit Scope, Jacquard Processing, Jacquard Simulation; Dobby: Dobby Modules, Dobby Simulation; The Art of Fabric: 3D Fabric Simulation, 3D Textile Simulation, 3D Knit Simulation, 3D Textile Map, Gallery; 3D Weave: 3D Weave Tech, Cross Section.

Malharia: • •

Jacquard Raschel: Design & Edit Scope, Raschel Processing, Raschel Simulation; Multibar Raschel: ProCad Developer, Multibar Simulation.

Tabatex (Divulgação)

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Têxteis para o lar Design

Todas as etapas da fabricação de produtos têxteis para o lar podem ser automatizadas. A TEXMA DO BRASIL, por exemplo, é especialista em sistemas para costuras

industriais e atinge diversos segmentos têxteis, inclusive para o lar, já que produz uma linha completa de máquinas para preparação e costura de tecido e malha retilínea e circular. A empresa Ítalo-brasileira conta com 33% de capital estrangeiro, mas fabrica no Brasil as mesmas máquinas feitas na Itália, sob a supervisão do sócio italiano Edmondo Matarazzo, conta Marco Antônio de Souza, diretor comercial da Texma. “A grande vantagem é que eliminamos taxas de importação e oferecemos assistência técnica local, com a mesma qualidade das importadas a um preço bem mais acessível”, completa. A entrada no mercado brasileiro não foi fácil, de acordo com Marco Antônio: “Mesmo com toda tecnologia é difícil entrar no mercado brasileiro, que está acostumado a trabalhar como todo processo manual e com muita mão de obra, sem precisão nas medidas, nas costuras e nos acabamentos”, diz. Mas, mesmo assim, a empresa vem ganhando espaço no mercado, já que, além dos resultados com qualidade, garante aumento de produtividade e não traz problemas com mão de obra, que não precisa ser especializada. Para Marco Antônio, o segmento de têxteis para o lar cresce a cada ano, “aproveitamos o nicho de mercado das máquinas automáticas para costura de toalhas, lençol, edredom e travesseiros”, diz. Segundo ele, as máquinas vieram para aumentar a produtividade, reduzir custos, por consumirem pouco ar e energia elétrica, e padronizar os artigos. Um dos destaques está na DUOFLEX, linha que fabrica travesseiros. O modelo T-OT fabrica a fronha automaticamente. A T-ICC insere o látex na fronha e costura, simultaneamente. Por fim, a T-ICE embala os travesseiros, deixando-os prontos para venda. Outro destaque está nas máquinas automáticas para o segmento de toalhas: separação, costura da bainha longitudinal e costura da bainha transversal, com aplicador de etiqueta. Por fim, há também a máquina automática para costura e aplicação de debrum nos dois lados simultâneos em lençóis e cobertores.

Lectra (Divulgação)

Texma (Divulgação)

Também diz respeito ao design a atuação da Lectra, multinacional francesa da área de alta tecnologia aplicada à moda e outros segmentos industriais, no setor de cama, mesa, banho e decoração. “Diante das recentes mudanças nos hábitos de consumo, o design e a inovação se tornaram formas essenciais de se destacar da concorrência. Um design exclusivo, equilibrando os objetivos de negócios e as restrições de produção”, conta Daniella Ambrogi, marketing manager da Lectra. Nesse contexto, ela aponta o Kaledo Print como uma excelente ferramenta. O software foi desenvolvido especificamente para ajudar os designers a transformar ideias criativas em estampas rentáveis, prontas para a produção. Com uma tecnologia específica e flexível para criação de estampas e um processo de trabalho definido, o Kaledo Print ajuda os designers a respeitarem as limitações da produção, sem que, para isso, deixem de ser criativos. O software possibilita repetições, sobreposições e dimensões das “ideias”; agrupamento de cores para os tons das estampas, a utilização de uma paleta sazonal para criar novas colorações, entre outras. Com o Kaledo, é possível trabalhar com qualquer cor, elemento crucial no desenvolvimento do produto, mas difícil de partilhar. Sem as ferramentas adequadas, são necessárias várias tentativas até chegar ao tom correto. Com tecnologia, é possível visualizar e compartilhar a mesma cor com fornecedores a quilômetros de distância. É realmente muito simples quando a equipe sabe o que fazer. Esta é apenas uma das coisas em que o Kaledo Print pode ajudar. Vale a pena conferir a tecnologia.

Automatização

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TĂŞxteis para o lar

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Têxteis para o lar a mesa com uma velocidade superior ao processo manual. E o aumento de qualidade está ligado ao fato de que um tecido bem enfestado sobre a mesa proporciona uma qualidade de corte superior, resultando em um produto final mais bem acabado. “Também dentro do segmento de cama, mesa e banho, não podemos esquecer dos roupões, hobbies etc. Essas peças têm o processo de desenvolvimento semelhante a uma peça de roupa qualquer. Para isso é necessário o desenvolvimento da modelagem, gradação e encaixe dos moldes. A Audaces atua em todo o processo produtivo de uma peça, desde sua criação até a costura, garantindo assim uma roupa com qualidade e com o mínimo de desperdício de tecido durante a produção”, finaliza Jorge de Paula. Audaces (Divulgação)

Velocidade em todos os processos Pensando em um aumento de desempenho alcançado pela automação, a Audaces também conta com dois produtos que demonstraram ser excelentes soluções para a indústria de cama, mesa e banho, conforme explica Jorge de Paula, gerente de comunicação e marketing da Audaces. No processo de corte, a primeira etapa é o enfesto. Em média, se este processo for automático, pode reduzir em até 20% o tempo despendido, em comparação ao processo manual. Além disso, a precisão do comprimento do enfesto é milimétrica, gerando economia de tecido nas pontas. Para este processo, a empresa tem duas soluções. O Audaces Linea é uma enfestadeira que otimiza os principais processos da produção industrial. Possui modernos sistemas eletrônicos e mecânicos, operação automática que tem ótimo desempenho em qualquer tipo de tecido. Com sua tela touch, propicia fácil integração entre o operador e a máquina, permitindo que se programe a quantidade de folhas a serem colocadas no enfesto. Em poucos segundos, a enfestadora está programada para enfestar tecidos planos, tubulares ou descansados. Outro produto é o Audaces Pratica, mesa de enfestar que suporta enfestos de diversos portes. Por ser confeccionada em MDF, tem grande durabilidade. Comporta, se necessário, uma enfestadeira Audaces Linea, o que otimiza o processo de produção. Possui três versões: sem insuflação, com insuflação e completa (para enfestadeira). “O grande benefício desses sistemas é a automação do processo de enfestar, o que dá à etapa produtiva de corte maior agilidade e uma significativa melhora de qualidade das peças finais. Enfestando o tecido sobre a mesa de corte com o auxílio de uma máquina automatizada, a empresa ganha velocidade e qualidade”, afirma Jorge. Segundo ele, a velocidade é garantida porque a máquina automática de enfesto trabalha de forma autônoma, desenrolando o tecido proporcionalmente sobre toda 12 I Revista Têxtil

Verticalização O setor de cama, mesa e banho tem uma particularidade: grande parte das empresas são verticalizadas, inclusive as de porte pequeno ou médio. Por isso, têm grande importância para as empresas de fiação, em geral, desde o seu preparo. Uma preparação adequada da matéria-prima garante um resultado final de mais qualidade. Assim, este setor também é de grande importância para a TRÜTZSCHLER. A empresa fornece linhas de abertura, cardas, passadores e filtros, sendo especialista no “fardo a fita”, fazendo a limpeza do algodão e paralelização das fibras, transformando os fardos em fitas que, posteriormente, serão transformadas em fios. As máquinas da TRÜTZSCHLER são desenvolvidas para que o empresário obtenha mais qualidade e competitividade no mercado, além de menor desperdício de matéria -prima, em qualquer sistema de fiação. “Apesar de estarmos no início, com certeza as máquinas têm uma influência em todo o processo de fabricação do tecido, porque um preparo adequado garante fios mais resistentes e, portanto, um tecido de mais qualidade, seja em fiação de anel ou open end”, explica Bruno Ziehfuss, gerente de vendas da empresa. Além disso, é importante lembrar que a TRÜTZSCHLER fornece suas linhas de abertura, filtros, cardas e passadores com a tecnologia específica para a necessidade de cada fabricante de cama, mesa, banho ou tecidos para decoração em geral. Assim, se o interesse for por um tecido mais sofisticado ou mais simples, as linhas de produção poderão ser apropriadas para cada um.

Fiação Verticalizadas ou não, as empresas de têxteis para o lar têm que estar atentas à qualidade da matéria-prima. Um bom produto final parte de um bom tecido, que, por sua vez, é resultado de um bom fio. “O segmento de têxteis para o lar apresenta grande importância para Rieter. A maior parte


Têxteis para o lar

Rieter (Divulgação)

das empresas do setor, independente do tamanho, algumas menores também possuem fiações e ganham um diferencial competitivo em custo e flexibilidade”, comenta André Costa, engenheiro de vendas da Rieter. “O setor vem sofrendo uma concorrência acirrada de produtos importados e, para compensar a alta carga de impostos, é necessário estar com o parque de máquinas atualizado para poder manter os custos baixos”, aconselha o engenheiro. Como exemplo, ele aponta o o novo filatório a anel G 36, que consome quase 20% menos energia do que os filatórios utilizados há 10 anos. A R 35 é um lançamento recente. É um open-end com emenda semi-automática, que pode trabalhar tanto com algodão quanto com misturas. “Temos, por exemplo, um cliente em São Paulo que trabalha com linho e flammé, fazendo um produto mais nobre, com maior valor agregado”, conta André Costa. A flexibilidade da máquina possibilita também que alguns clientes trabalhem com fibras muito curtas, para produtos de cozinha e limpeza, produzindo fios mais grossos, mas também com excelentes margens de contribuição. Segundo André, a máquina open-end R 35 possui lados independentes que possibilitam a fabricação de lotes menores, além da flexibilidade. “No Brasil, temos clientes trabalhando com essas máquinas, incluindo sua antecessora R 923, com títulos grossos Ne 3 até Ne 40. O modelo possui um sistema de controle da emenda, AMIspin®, que garante uma qualidade elevada e reprodutibilidade, independente do operador”, diz. “Praticamente todas as fiações estão aptas a produzir com um open-end semi-automático. No caso de fiações a anel, pode-se optar por uma nova linha de abertura para trabalhar com uma matéria-prima de menor custo, ou até para utilizar o desperdício nobre que vem das penteadeiras”, finaliza.

Tecido plano

O setor de cama, banho e decoração recebe especial atenção da Picanol. Para roupas de cama, por exemplo, a empresa é líder na fabricação de teares para a produção de tecidos para lençóis, cobre-leitos, edredons e colchas, em

Picanol (Divulgação)

algodão e mesclas. Também oferece a maior velocidade de produção em lençóis: 800 rpm em teares de 340 cm em pente, o que significa 2.720 metros de inserção de trama por minuto. “E esta velocidade não é para shows ou feiras, mas industrial, já utilizada no Brasil por dois clientes, ambos com sede no nordeste, em produção normal, e os tecidos ainda contém ourelas remetidas. Esta velocidade, inconcebível até há pouco tempo atrás, é uma realidade para os clientes Picanol. Para se ter uma ideia comparativa com teares estreitos, 2.720 metros de inserção por minuto em um tear de 190 cm de largura requerem 1.430 rpm, velocidade ainda desconhecida em tecelagens de algodão”, diz Walter Kilmar. Ele conta ainda que há uma procura crescente, embora incipiente, por lençóis em cetim 4:1 e outros ligamentos que permitam um número maior de fios, e, portanto, melhor toque do tecido. “Isto ocorrerá em médio prazo; os fabricantes de lençóis têm que se preparar para ligamentos diferentes da tradicional tela 1:1, e buscar outros ligamentos possíveis de serem tecidos com caixas de excêntricos, ou até mesmo maquinetas”, afirma. “Os maiores e melhores fabricantes de lençóis do Brasil adquiriram teares Picanol nos últimos anos, tendo em vista suas características de produção e qualidade”, completa. Para a linha de banho, a empresa é líder no segmento há vários anos, segundo Kilmar. “De cada 4 teares de felpa vendidos no Brasil, 3 são Picanol, seja para pequenas, médias, ou grandes empresas”. Isto porque a tecnologia Picanol permite tecer felpa com a mais alta velocidade (até 700 rpm em 260 cm), com flexibilidade, felpas de 3, 4, 5, e mesmo 8, 9 batidas, permitindo alturas de felpa distintas na largura das toalhas. Os teares Picanol TerryPlus 800 para felpa também controlam automaticamente a sua altura, sem necessidade de medições por operadores. Até 32 alturas de felpa distintas podem ser obtidas em um mesmo artigo. Robusto, permite a produção de toalhas de até 1.400g/m2, uma toalha que de tão pesada ainda não existe no mercado brasileiro, mas demonstra a robustez da máquina. “A qualidade das toalhas

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Toyota (Divulgação)

Stäubli (Divulgação)

obtidas, em conjunto com a alta velocidade de produção e facilidade de operação, levaram o TerryPlus 800 ao posto de tear de felpa mais vendido no Brasil”, afirma Walter Kilmar. Já para a produção dos tecidos de decoração, os teares Optimax têm as melhores condições, com velocidade de até 700 rpm em 190 cm, até 12 cores, pinças negativas e também positivas. “É o tear a pinças mais rápido do mercado, com possibilidade de rolo duplo de urdume e cramming motion”, finaliza.

contato com os clientes para dar suporte nesta variação de mercado e fornecer sempre a melhor solução”, opina. A Toyota trouxe ao Brasil o novo sistema com até 8 cores de trama e 2 tanques de ar comprimido, o que proporciona, além de uma maior flexibilidade, uma economia considerável de energia, visto que tramas mais pesadas utilizam o tanque de maior pressão, e tramas mais leves, o tanque de menor pressão. “Isso possibilitou aos clientes diminuírem o consumo de ar comprimido, o que consequentemente provoca um ganho energético e redução de custos operacionais”, explica Lichtenstein. Novas tecnologias disponíveis no tear a jato de ar JAT810, como o sistema E-shed de formação de cala eletrônica, e o novo pente e-reed (patenteado pela Toyota), possibilitaram maior versatilidade e produtividade e menores custos operacionais para tecidos mais complexos e de maior valor agregado, principalmente nos segmentos de decoração pesados e felpudos. “A Toyota se destaca por apresentar uma máquina enxuta, de fácil operação e nível de manutenção muito baixo, visto que é praticamente toda controlada eletronicamente. Isso facilita a manutenção e diminui gastos com peças de reposição”, completa o diretor.

Mercado interno

Para Markus Lichtenstein, diretor presidente da Toyota, o segmento lar teve um grande crescimento há alguns anos, com a modernização e ampliação do parque fabril. Além disso, ele aponta que novas empresas que antes confeccionavam, passaram a verticalizar parcialmente sua produção desde a tecelagem. “Muito do que era exportado, principalmente no segmento de banho, passou a ser vendido no mercado interno (depois da crise internacional ter se acentuado), aumentando a oferta dos produtos e oferecendo artigos mais elaborados para o mercado nacional”, opina, lembrando que também o nível de exigência do consumidor mudou, principalmente após o aumento do poder aquisitivo da população. “Tecidos mais sofisticados, 100% algodão, com maior quantidade de fios e melhor toque, substituíram os mais simples, sintéticos ou mistos. É necessário destacar que o mercado de decoração, cama, mesa e banho tem grande força na indústria têxtil e vem se consolidando ao longo dos anos. A produção brasileira passa cada vez mais a um patamar de produtos de maior valor agregado”, afirma. Neste contexto, empresas que estavam preparadas fizeram os investimentos necessários no momento certo, e mantiveram um sistema de trabalho enxuto, sem gastos desnecessários, por isso conseguiram competir com vantagem sobre aqueles que não se renovaram. “Para a Toyota, este segmento é de suma importância, e, citando como exemplo somente a produção de lençóis, sabe-se que 50% da produção nacional é fabricada em máquinas Toyota. Estamos sempre em

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Jacquard Grande parte da diferenciação obtida pelo setor de cama, mesa, banho e decoração é proveniente não só da qualidade do fio e dos teares. É o caso da máquina Jacquard SX, apresentada pela Stäubli durante a última ITMA, mais novo lançamento da empresa. “O segmento de têxteis para o lar é de extrema importância para nós, no ano de 2014 mais de 70% de nossas vendas foram para este setor. É certamente um mercado promissor, que através da diferenciação e inovação, tem driblado a concorrência dos produtos importados e é exatamente neste aspecto que a Stäubli se torna parceira das tecelagens, provendo soluções para os diferentes tipos de necessidade de tecimento”, comenta Lucia-


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Orizio (Divulgação)

na Crespim Dutra Neves, engenheira têxtil da Stäubli. A tecnologia recém-lançada está disponível nos formatos de 1.408 ou 2.688 ganchos e é indicada para todos os tipos de teares, incluindo os de pinça, de projétil e de jato de ar de alta velocidade. Segundo a Enga. Luciana, as máquinas Jacquard Stäubli possuem alta flexibilidade e permitem às tecelagens produzirem tecidos que satisfaçam plenamente as altas exigências do mercado, tanto hoje como no futuro. “Estas máquinas são parte importante da indústria por permitirem ilimitadas possibilidades de desenhos, resultando em versatilidade e dinamismo. A tecnologia empregada é de tal forma benéfica, que pode ajudar a programação da produção a ter metragens especificas para uma quantidade de desenhos pré-determinados. Como no caso de toalhas de felpa, pode-se programar uma quantidade exata de toalhas e realizar automaticamente a troca de desenhos, sem a necessidade da intervenção do operador durante o tecimento”, explica a engenheira. O investimento a ser feito nas máquinas é bem variável, já que os equipamentos Jacquard, bem como seus respectivos Pavilhões também fornecidos pela Stäubli, são específicos para cada tecelagem. “Devido à ampla variedade de aplicação, é necessário um estudo detalhado antes da fabricação de cada máquina”, completa a Enga. Luciana Crespim Dutra Neves.

Malharia Circular Dentro do segmento de têxteis para o lar, o setor de cama foi o que mais cresceu. “Este mercado tem crescido com números bem superiores ao do PIB e mesmo dos demais setores da indústria têxtil, significando que deve ser observado com atenção, considerando que ainda tem muito espaço a ser ocupado”, afirma Ricardo Rossi, coordenador de marketing internacional da Orizio/Avanço. Sabendo disso, a empresa incluiu o segmento dentro de uma estratégia para a abertura de novos nichos de mercado. “Na busca por

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diversificar nossas fontes de receitas, o segmento têxtil lar tem fundamental importância para este objetivo, especificamente o setor cama, que também pode ser chamado setor de Tecnologia do Sono e Conforto. É de conhecimento que a tecnologia de malharia de trama pode ser utilizada com êxito na fabricação de lençóis de malha e tecidos para colchão”, continua. Assim, com foco neste mercado, a Orizio desenvolveu uma linha de máquinas específicas para a produção destes produtos. A máquina para fabricação de tecidos para lençóis de malha já é um produto consolidado, com vendas ao longo de todo o ano. Trata-se de uma máquina com 42” de diâmetro, 134 alimentadores e normalmente com finura 28gg. “Com apenas esta máquina é possível fazer tecidos para todos os tamanhos de lençóis (solteiro, cama americana, casal e king size)”, diz Rossi. Os fios mais corretos a serem utilizados para a finalidade são o algodão penteado ou PES/CV, ambos com título Nec 30/1. O tecido resultante deverá ter algo em torno de 140 g/m² com largura de 2,40 m quando aberto. “O aumento do consumo do lençol de malha tem sido impressionante, porque vai sempre custar mais barato do que seu equivalente em tecido plano e não precisa passar. Próprio para o perfil da nova família de classe média brasileira, que tem se caracterizado pela busca por praticidade e conforto com menor custo. Para o industrial, estamos falando de um produto altamente competitivo, com menores custos de produção e acabamento, bem como de desenvolvimento de novas cores e modelos”, resume Rossi. Outra novidade apresentada pela empresa é a máquina circular para a produção de tecidos para colchão. Trata-se de uma máquina dupla frontura, total Jacquard, com seleção eletrônica individual de agulhas, tramador para inserção do fio de enchimento do tecido, com diâmetro de 38” e normalmente finura 20gg. O fio do avesso e do recheio é, via de regra, um poliéster e o fio do direito pode ser um algodão, outros celulósicos tipo bambu ou mesmo um poliéster. O tecido tem um peso de 180 g/m² a 400 g/m², com largura entre 2,20 m e 2,40 m. “Além de um menor preço do que seu equivalente em tecido plano, este tecido é bem mais agradável ao toque e sua relativa elasticidade permite um caimento melhor em qualquer tipo de colchão. Para o produtor, estamos falando de um produto com maior facilidade na troca da cartela de padrões e cores. O acabamento é muito mais simples, pois do tear o tecido segue para a aplicação de um antibactericida, termofixação e já está pronto para uso. Também tem a questão da produtividade. Um tear plano vai produzir em média 50 metros de tecido em 8 horas, ao passo que um tear circular, para um tecido de mesma gramatura, irá produzir 20 metros em apenas uma hora”, diz Rossi. Ainda assim, ele conclui lembrando que “é inegável que o tecido plano sempre terá seu lugar de destaque neste segmento e que sua substituição pelo tecido de malha tem um


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Grupo NS (Divulgação)

Grupo NS (Divulgação)

limite. O tecido plano, neste segmento, sempre estará nos lugares mais sofisticados e de maior valor agregado. Mas, para o dia a dia do consumidor, eu penso que o ingresso cada vez maior do tecido de malha neste setor é algo irreversível”.

“O Grupo NS trabalha com o conceito de Value Selling e aplica isso na escolha das marcas que representa. Nosso compromisso é aumentar a vantagem competitiva dos clientes. Com a entrada dos têxteis asiáticos no Brasil, o mercado precisa investir em diferenciação como estratégia de sobrevivência. Por esse motivo, ressaltamos a importância da escolha de insumos de qualidade, que reduzam os custos de manutenção e que elevem a reputação da marca ou produto final do cliente”, comenta Diana. Ela lembra que essas novidades, entre outras, estarão expostas no estande da empresa na Febratex, em Agosto, em Blumenau-SC, setor 2, rua 9, stands 89, 90 e 91.

Ponta a ponta Há ainda empresas que atuam no segmento basicamente de ponta a ponta. É o caso do Grupo NS, que considera o setor de grande importância, já que suas representadas desenvolvem produtos para todas as fases da confecção de têxteis para o lar, segundo Diana Artêmis Alves, analista de marketing do Grupo. Para a fase do tecimento, a Groz-Beckert® possui o quadro de giro inglês PosiLeno®, que permite aumentos de produção superiores a 100%, comparativamente a sistemas de giro inglês convencionais, com flexibilidade para a troca de artigos. A KnotMaster Groz-Beckert®, máquina de atar urdumes, possui um sistema modular de operação, tem flexibilidade nos tipos de atamento, com nós simples e duplos, chegando até 600 nós por minuto. A WarpMaster Groz-Beckert®, máquina de remeter totalmente automática, possui a vantagem de ser operada por apenas uma pessoa, sem a necessidade de acompanhamento constante durante a remetição. Ela trabalha com uma velocidade de passamento de 80 à 90 fios/minuto e todos os tipos de pentes conhecidos. Na fase da costura, a Gütermann®, possui as linhas TERA e TERABOND (bonderizada), que têm resistência ao calor e à abrasão e garantem pontos perfeitos, causando um efeito excelente para costuras aparentes. Para decoração, a Madeira® possui as linhas que farão a diferença nos bordados, resultando em alto valor agregado do produto final. A única dificuldade é escolher o tipo, pois a variedade de efeitos é grande: Polyneon, Burmilana (linha de lã), FS e Supertwist (linhas metalizadas), Luna (brilho no escuro) e Frosted Matt (acabamento fosco) ajudam a compor o portfolio desta marca referência de mercado, dando infinitas possibilidades ao setor de desenvolvimento de produto.

Aplicação de químicos Durante o processo de produção, os produtos químicos se fazem necessários, seja para aumentar maciez, resistência do tecido ou apenas por uma questão estética. É uma etapa que envolve custos mas que pode ser otimizada, inclusive como forma de competição, conforme aconselha Juliano Gomes, da administração da Weko. “O segmento de têxteis para o lar é bastante expressivo, gera riqueza e renda para toda uma cadeia produtiva. Portanto, é de fundamental importância sua manutenção e expansão de mercado”, afirma Gomes. Ele completa lembrando que para vencer a concorrência globalizada, com destaque para o forte crescimento dos produtos asiáticos, são fundamentais estratégias competitivas baseadas na utilização da inovação tecnológica como um instrumento relevante para produção. “As empresas devem orientar cada vez mais sua produção na direção das etapas com maior valor agregado e redução de custos em sua cadeia”, aconselha. Neste ponto, faz necessário o uso dos equipamentos WEKO. A empresa possui toda uma linha voltada para o ganho de produtividade, com destaque para o WEKO SIGMA, Sistema de Aplicação de Líquidos que propicia a aplicação exata de produtos químicos e água, evitando o desperdício. Entre os benefícios da WEKO SIGMA, estão:

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Weko (Divulgação)

• • • •

Quantidade de aplicação precisa; Diminuição do desperdício gerado pelo descarte; Aplicação de acordo com necessidades específicas; Controle automático de aplicação de acordo com a velocidade do substrato; • Menor consumo de energia; • Fácil utilização; • Redução de processos. Assim, o equipamento gera redução geral de custos, possibilitando rápida recuperação do investimento realizado, além do aumento da competitividade.

Estamparia E já que a exclusividade é um dos aspectos que está em alta no segmento de têxteis para o lar, além do design, as diversas técnicas e produtos de estamparia também estão em alta. Na última Heimtextil, o segmento mostrou grande interesse nos têxteis para o lar, com crescimento no número de fornecedores expondo seus produtos. A tendência é mundial e o Brasil não poderia ficar de fora. Empresas produtoras e importadoras de equipamentos, tintas e pigmentos para as variadas técnicas de estamparia olham o segmento com bons olhos. A Sintequímica, por exemplo, aposta no segmento e fornece matéria-prima e maquinário, tanto para estamparia convencional, quanto para a digital. “Nós somos produtores de dispersões pigmentárias da marca “SINTERDYE“, com largo uso na estamparia convencional do segmento de cama e mesa”, conta José Clarindo de Macedo, diretor da Sintequímica do Brasil. “Também suprimos nossos clientes com espessantes, ligantes e produtos auxiliares especiais, que fazem com que a estampa seja perfeita”. Segundo Macedo, em cerca de 90% do que é produzindo no segmento de cama e mesa por estamparia é aplicado o pigmento e, normalmente, por estamparia rotativa ou a quadro. “Para toalhas de banho, o mais indicado na estamparia convencional são os corantes reativos, que conferem

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Sintequímica (Divulgação)

uma penetração melhor na felpa, além do brilho e toque suave”, diz Macedo. Já tapetes e carpetes são estampados digitalmente com corantes ácidos e, para isso, a Sintequímica comercializa o equipamento da Zimmer-Colaris que aplica o processo completo e em linha. A impressora digital Colaris é também a mais indicada para estamparia digital em artigos felpudos, como as toalhas de banho; o corante utilizado é o reativo e a penetração na felpa é 100%. Os processos e produtos para pré-tratamento também estão disponíveis na Sintequimica. Hoje, o mercado de toalhas de banho digitalmente estampadas está em alta no mundo e na Heimtextil foi muito difundido. “Os nossos pigmentos garantem excelente solidez à luz, com boa resistência à abrasão, quando aplicados na estamparia convencional. A solidez à abrasão está relacionada ao tipo do ligante que é utilizado. Hoje, também oferecemos pigmentos de ‘alta performance’ que são destinados a artigos estampados, como cortinas e outros produtos para decoração. Todos os nossos pigmentos Sinterdye são isentos de metais pesados e são ‘APEO FREE’”, diz Macedo. Algumas empresas aplicam, também, a estamparia digital por transfer sublimático, principalmente nas bordas das toalhas de banho e rosto. Outra opção é o efeito transfer para toalhas de praia e colchas decorativas, em um tecido onde no lado direito o material é 100% poliéster e no lado oposto é 100% algodão. “O efeito fica ótimo e diversas empresas do segmento aplicam em seus artigos. O papel transfer digitalmente impresso com tintas sublimáticas é aplicado por calandra na face onde está o poliéster”, explica Macedo. O diretor contou também que a Sintequímica está ampliando mais ainda sua produção de pigmentos, pois seu consumo está em alta. Outro segmento que não para de crescer, segundo ele, é o de estamparia digital com pigmentos em “home textiles”. “Como sabemos, temos agora máquinas digitais velozes e com largura de até 3,20m úteis. Sendo assim, empresas européias já estão adotando e produzindo roupa


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J-Teck (Divulgação)

Ampla (Divulgação)

de cama e mesa em digital, em pigmentos e corantes. Devido ao processo digital com pigmentos ser o mais rápido e ecologicamente correto, está sendo o preferido no segmento, além de oferecer excelente solidez à luz e ao cloro. Empresas como a Satinskin de Portugal, Menenderes Tekstil, da Turquia, e Standart & Barracks, da Inglaterra, entre outras, já aplicam esta tecnologia digital”, finaliza Macedo.

cidos devem ter pelo menos 50% de fibra sintética, ou seja, conseguimos ter muitos itens utilizando este processo. As pessoas podem avivar os ambientes com a sublimação digital e, ainda, escolher as cores e as estampas que acharem mais convenientes”, finaliza.

Sublimação A sublimação digital tem grande influência para o segmento de têxteis para o lar. Ela permite realizar estampas de diversas cores para deixar a decoração ou as roupas de cama, mesa e banho mais bonitas. “Uma residência pode ter cortinas, almofadas, lençóis e outras peças sublimados e personalizados. A sublimação digital pode inclusive fazer as estampas em vasos, cerâmica, persianas, canecas, deixando o ambiente mais bonito e charmoso. Assim, tendo em vista a quantidade enorme de produtos que se pode fazer, este segmento é muito importante para a J-TECK”, afirma Fabrício Correia Christoff, gerente de vendas. A J-TECK do Brasil é a distribuidora oficial das tintas sublimáticas da marca italiana de mesmo nome. Os produtos contam com as tecnologias Cluster e Nano, que garantem cores fortes e vibrantes, maior rendimento e evitam o entupimento de cabeça de impressão. A empresa agora também é distribuidora oficial da D-Gen no Brasil, com plotters de alta tecnologia de impressão. Além disso, a J-TECK também comercializa tecidos e toalhas para sublimação, que permitem a criação de muitos produtos para o lar, fazendo das casas ambientes mais requintados e personalizados. “Inserindo estampas, cores, inovações nas residências, a sublimação digital faz com que as pessoas possam usufruir de ambientes prazerosos e acolhedores”, diz Christoff. “É interessante mencionar que a sublimação digital está presente em todo nosso redor, pois para sua utilização os te-

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Cores Por essa exigência do consumidor brasileiro por cores e estampas das peças de decoração, o segmento de têxteis para o lar torna-se promissor para empresas de máquinas e tintas para estamparia, seja por sublimação ou impressão direta no tecido. É o caso da Ampla, que enxerga “os têxteis para o lar como um novo e promissor segmento para os equipamentos de sublimação. Estamos preparados para produzir máquinas de alta capacidade de produção, com a qualidade que nosso cliente espera e que o cliente dele necessita”, diz Alexandre da Rocha Nunes, Supervisor de Vendas da Ampla. Uma das novidades do segmento, segundo ele, é a utilização de tecidos para criar ambientes personalizados, um exemplo é a criação de enxovais - cama, mesa e banho com a perfeição de uma fotografia, entre outras aplicações. Essa customização é facilitada pela estamparia por sublimação e uma das vantagens que ele aponta nos equipamentos da empresa é a velocidade de produção, de 180m² por hora, “sendo o equipamento nacional de maior produção e menor custo operacional”, garante. O supervisor de vendas ainda dá dicas para melhorar o rendimento dos equipamentos. “É necessário ter um espaço adequado para sua operação, sala climatizada e nobreak homologado para os equipamentos Ampla, além de um computador configurado para isso. Para melhor rendimento por m² e cores vibrantes com vida, indicamos o uso de papel tratado e também o nosso serviço de colorimetria, que ajuda a extrair dos nossos equipamentos o melhor de RT cada um deles”, completa.


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&

Feira Internacional de

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Decoração aconchego Coleções baseadas em tendência de moda e tecidos confortáveis para atender a demanda de mercado

A

busca por atender os anseios do consumidor já se reflete nos produtos encontrados na prateleira. “Todas as coleções da TEKA são coordenadas para deixar o lar ainda mais harmonioso, integrando e complementando a decoração dos ambientes”, diz Marcello Stewers, diretor presidente da empresa. “Preocupada em oferecer sofisticação e requinte, a TEKA busca se atualizar nas tendências do mundo da moda. A cada evolução da moda e com os inúmeros meios de comunicação, os consumidores informam-se e buscam o exclusivo. Assim, criam seu espaço e unem-se a grupos que praticam o mesmo gosto”, continua. Dentro deste conceito, a TEKA subdividiu suas coleções em três temas: • Clássico: a emoção transferida para decoração através dos acessórios. Laços e fitas são apresentadas nas linhas de produtos com estampas florais nas cores pastel em azuis, rosas e lilases. • Casual: as coleções sugerem uma linha de produtos em tons sur tons atenuando o ambiente, coordenando com formas retas e simplificando a decoração. • Contemporâneo: que predomina os elementos visuais sobrepostos, releituras de florais e da natureza e a gestualidade. Fashion para ambientes estilizados conforme tendências modernas. Com produção própria de 1.200 toneladas/mês e verticalizada, a estética não é a única preocupação da empresa, que acaba importando uma quantidade pequena de tecidos para diversificar sua produção. “A Teka está em constante aprimoramento de sua estrutura operacional. A implantação de automação nos processos industriais está sempre em estudo. Recentemente implantamos um sistema de dobras automáticas para agilizar o tempo de processo, além de uma nova fiação, mais eficaz”, exemplifica Marcello. Segundo ele, há um investimento constante em novas tecnologias, especialmente nos produtos dedicados ao segmento corporativo, para torná-los ainda mais duráveis. Uma delas é a tecnologia Indanthren, que permite maior resistência ao tecido nas lavagens a cloro. Na linha de toalhas de

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mesa a inovação é o tratamento soil release, que facilita a retirada de manchas. Com o conceito de nanotecnologia, a empresa evidenciou em alguns de seus artigos o TEKA Technology para as toalhas de banho e de rosto, uma combinação balanceada de absorção e maciez, que permite ao produto uma sensação agradável desde o primeiro contato com a pele. A TEKA aposta também nos tecidos impermeáveis e com exclusividade, como a linha Teka Protect, que bloqueia completamente a passagem de líquidos, pois facilita a remoção de manchas e outros líquidos nas lavações. O Tecido é confeccionado com as faces superiores contendo 85% algodão e 15% poliéster. Já as inferiores são 100% poliuretano.

Recuperação

Com cem anos de atuação completados no ano passado, a Guaratinguetá vem enfrentando bravamente o mercado ao apostar no calor humano, além da renovação tecnológica. Depois de perder máquinas, produtos e, principalmente, grande estoque de matéria-prima em um incêndio, a empresa vem repondo aos poucos seu maquinário e, para não perder competitividade, reinventa as tecnologias que já possui. Com os cobertores, mantas e toalhas como carro-chefe e a aposta na matéria-prima natural e reciclada – a partir de aparas de tecidos de algodão, a Guaratinguetá tem chegado a resultados expressivos. “Nosso forte são os produtos com fibra reciclada, que envolvem aquele trabalho mais manual, de recolher e separar as aparas, abrir a fibra, fazer o fio novamente e confeccionar”, conta a diretora comercial Élena Bonora Bettega. Como destaques da linha, cobertores de 80% algodão (aproximadamente metade reciclado) e 20% poliéster, que garantem, ao mesmo tempo, a respirabilidade da fibra natural e a resistência da sintética. Segundo Élena, o produto veio para disputar espaço com os “fleece”, mantas importadas que se assemelham a pelúcia, mas são em poliéster. “Quem está acostumado com fibra natural nota a diferença”,


nal de Têxteis para o Lar

o

Têxteis para o lar conta. Os cobertores, de muita maciez, já faziam parte da linha de produtos, mas foram repaginados, com estampas modernas. Outro destaque são as toalhas. Feitas em teares convencionais, não de malharia, as toalhas mantém a maleabilidade de uma malha. “São macias, maleáveis, finas, enxugam bastante e secam rápido. Uma maravilha”, define a diretora. Para compor a linha, a marca importou uma pequena quantidade de lençóis, assim pode oferecer aos clientes a linha completa. Os outros produtos, nacionais, têm produção verticalizada, do fio à confecção. A fábrica é o orgulho de Élena Bonora Bettega.

Decoração Não só as roupas de cama, mesa e banho ganham destaque nas residências. O uso de têxteis em poltronas e sofás está longe de ser novidade, mas a exigência em relação ao design está cada vez maior. E os produtores da cadeia agora correm para que seus clientes tenham acesso ao que há de mais moderno em design. É o caso da Texpoint, empresa com tradição em fornecer tecidos para ramo moveleiro (indústrias de estofados e poltronas) e que passou a atuar também no mercado de varejo de decoração (lojas, revendas e distribuidores de tecidos para o lar). “A Texpoint vem firmando parcerias com empresas europeias que mais se destacam nos lançamentos e desenvolvimento de estampas e tecidos, que são simultaneamente lançadas na Europa e no Brasil. Com isso, nossos clientes podem levar para a casa dos seus clientes os tecidos e as estampas que estão em evidência no mundo da decoração. Estamos sempre buscando nos superar na qualidade, tanto nos tecidos produzidos em nossa fábrica, como no desenvolvimento de novos produtos e estampas”, afirma Rafael Dollo, diretor da Texpoint. Para atingir esse objetivo, a empresa conta com teares de última geração, de modo que pode produzir tecidos com qualidade, mas também custos competitivos. “Também contamos com máquinas de estampar sempre novas e modernas, para garantir a qualidade de nossos produtos”, conta Dollo. A Texpoint apresentou, durante a Textil House Fair, tecidos de veludo e linho estampados com motivos lançados com destaque na Heimtextil (Alemanha). “Temos ainda mais de 500 produtos/estampas que já são sucesso em nossas coleções de camurça, blackouts e linhos rústicos estampados”.

Jogo de cama Teka (Divulgação)

Tapetes Um segmento da decoração que tem se modernizado cada vez mais é o de tapetes e carpetes, com novos fios e novas construções que facilitam a limpeza, evitam bactérias e garantem ao ambiente um ar aconchegante.

Cobertor infantil combinando com jogo de lençol da Guaratinguetá. (Arquivo RT).

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Têxteis para o lar A INVISTA, por exemplo, entrou no segmento com o fio ANTRON®, filamento contínuo de alta tecnologia e performance, desenvolvido especialmente para tapetes e carpetes. Por ser produzido com o polímero nylon 6.6, que possui uma cadeia mais curta de hidrogênio, sua estrutura molecular é mais densa e forte que as demais matérias-primas, explica Patrícia Goto, gerente de negócios ANTRON® na América do Sul. Isto resulta em fios mais resistentes e duráveis, com as seguintes características: • Melhor persistência de textura (resistente ao amassamento). Possui resiliência superior depois da pressão estática, o fio pode se recuperar rapidamente nos locais onde cadeiras ou móveis foram movidos, o que ajuda a manter a aparência do tapete. • Melhor resistência ao calor. O fio ANTRON®, nylon 6.6, possui um ponto de fusão mais alto do que polipropileno (aproximadamente 255-265°C x 160175°C) e o nylon tipo 6 (~255-265°C x 210-220°C), o que significa maior resistência à altas temperaturas e a fricção. • Baixa permeabilidade, por possuir uma estrutura molecular do polímero mais densa e ordenada, o que retarda a penetração de manchas e torna mais fácil a limpeza. • As vantagens são a maior resistência à manchas, descoloração, desgaste e amassamento. Além disso, as paredes dos fios são mais lisas, amenizando a aderência da sujeira e facilitando a manutenção”, resume Patrícia.

Grande produtora de fibras e polímeros, detentora de marcas importantes como a LYCRA®, CORDURA® e TACTEL®, entre outras, além de ANTRON®, a INVISTA considera o setor de tapetes e carpetes bastante significativo. “A empresa investe em diversos mercados para seus fios e, especificamente neste segmento, estamos em constante investimento nos desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Além disso, realizamos pesquisas anuais de tendências de cores e design que são oferecidas à cadeia produtiva”, diz Patrícia. Na última pesquisa apresentada pela equipe de marketing da marca ANTRON®, o ponto de partida foram as tendências para a criação de padronagens diferenciadas, combinações de cores e criações de novas texturas para pisos comerciais. A equipe criativa da marca ANTRON®, com sede em Atlanta, é altamente focada no futuro e conectada com as tendências mais relevantes.

Competitividade Já a Lancer aposta na nacionalização como forma de ganhar o mercado de tapetes e carpetes. Por enquanto, a empresa compra de outros fornecedores os fios de polipropileno e poliéster que usa em seus tapetes. No entanto, o investimento em uma fiação está nos planos, para breve. Com maquinário belga e alemão, a Lancer aposta em dois sistemas de produção de tapetes. Um deles, por tear convencional, de trama, urdume e fios BCF nos pelos. O outro modelo, Teufting, é quase um bordado, com o fio trabalhado em cima de uma tela. Tapete Canon, da Santa Mônica, com fio ANTRON®, da INVISTA (foto: Mauricio Groke).

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Têxteis para o lar Com produção de 400 mil metros de tapete por mês, a Lancer aposta em fios diferenciados para garantir o toque e a maciez que o consumidor espera. No entanto, além da qualidade, o que eles querem, segundo Luziano José Emboaba, sócio diretor, são preços competitivos. Por isso, a empresa faz o possível para manter seus produtos acessíveis.

Cobertores A Lancer faz parte do grupo da Araguassú, que trabalha com o setor automotivo, e da Etruria, que importa e fabrica cobertores. “Eu sou obrigado a importar, senão eu perco o

cliente, que quer aquele tipo de produto. Hoje importo cerca de 20% da linha, mas vou ter que aumentar um pouco”, explica. A linha nacional, de cerca de 500 mil cobertores por mês, é toda ecológica, produzida a partir de poliéster de PET. “Compro as garrafas e fabrico a matéria-prima, não é bem uma fiação, é um outro processo, uso uma carda pequena. A matéria-prima vai para a extrusora, vira fibra, que vai para a cardinha e saem os tops, que vão tecer o cobertor”, explica Luziano. Para garantir conforto e resistência, a fibra e o cobertor pronto recebem um acabamento especial. Neste processo, o maquinário é alemão, italiano e francês. RT

Tendências Aproveitando o sucesso de sua última previsão de tendências, o fio ANTRON®, nylon 6.6, da INVISTA, tecnologicamente desenvolvido para carpetes e tapetes, mais uma vez colaborou com a Global Colour Research para apresentar as novas tendências de cores e design para o mundo do design de interiores para 2014/2015. A Global Colour Trend Forecast 2014/2015 é apresentada por uma equipe internacional de especialistas que pesquisam e interpretam visões de mundo e as traduzem em nortes para design e inovação de cores. As quatro tendências previstas e apresentadas este ano foram classificadas como: Mysterious Illusions, Eccentric Icons, Magnified Cosmos and Playful Spectrum. Possuem o objetivo de oferecer aos designers e especificadores uma riqueza de ideias inspiradoras e uma bela paleta de cores de vanguarda para novos projetos. Como resultado de tempos de incerteza, tensões globais em domínios econômicos, políticos e financeiros, emerge um desejo de fuga. Com um aceno para um mundo sombrio e de magia, onde nada é como parece, Mysterious Illusions explora o apelo intrigante de tonalidades mais escuras, como cinzas saturados, marron e preto, com uma sugestão do sinistro. Eccentric Icons apresenta uma emocionante estética que mistura elementos do novo e do velho mundo, compondo com o clássico e com o contemporâneo para o mercado de luxo. Nela, o melhor da riqueza do artesanato está lado a lado com a simplicidade do mundo moderno; tons retrô com uma vibração de vintage dos anos 20 e 30, como açafrão amarelo e azul royal, surgem ao lado de tons neutros para um estilo atemporal e sofisticado. Celebrando as maravilhosas delícias da flora, Magnified Cosmos é uma paleta edificante, que vê tons ácidos desencadeando brilhos cítricos, para uma sensação de bem-estar que decorre da integridade da natureza. Estimular novas texturas de superfície, tais como efeitos molhados inspirados em gotas de orvalho, celebrando a beleza crua e exuberante encontrada em ambientes naturais. Uma explosão sensual de cor vibrante, Playful Spectrum introduz um sentido lúdico e edificante de alegria. Rosa coral e tons de laranja são mantidos em evidência com a inclusão de tons maduros de cinza, verde e marrom, para um olhar que revela as potencialidades ilimitadas, tanto do futuro digital, quanto do movimento dinâmico. “O tapete ou carpete pode desempenhar um elemento central no design de interiores e como um dos principais fornecedores de fio para tapetes e carpetes do mundo, é importante que a INVISTA com o fio ANTRON® compreenda o impacto que as influências externas têm em interiores”, comenta Neil Maguire, Gerente de Marketing Regional da INVISTA. “Trabalhar ao lado da Global Colour Trend nos ajuda a entender as tendências futuras que aparecem no setor, dando-nos a oportunidade de fornecer aos fabricantes de carpetes e tapetes e designers uma visão significativa e relevante da cor do futuro e as tendências de design.”, completa. Para a Gerente de Inovação da INVISTA e membro da equipe global de inovação ANTRON®, Jane Gillett, as tendências do momento refletem liberdade para os criadores: “É um momento emocionante para ser um profissional de design. A Global Colour Trend Forecast 2014/2015 reflete algumas das combinações mais frescas e mais originais de cores, texturas e materiais que são tendências hoje. Longe vão os dias de “regras rígidas” em torno da cor e do uso de textura. Esta mudança dá liberdade ao designer para combinar cores e materiais com mais liberdade, o que se traduz em projetos verdadeiramente distintos e emocionantes”.

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TĂŞxteis para o lar

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Os tecidos para Cama Mesa e Banho com novas

tecnologias

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procura em satisfazer todos os consumidores que buscam o melhor em cama, mesa, banho e decoração está na proposta de se associar matéria-prima, processo e tecnologias inovadoras e práticas, criada a partir de aspectos físicos e químicos, com uma dose de elegância e estilo, facilitando a vida de quem procura peças que traduzam o seu jeito particular de ser. As novas descobertas de fibras e suas utilizações nos fazem ter a percepção de que o desenvolvimento de novas fibras, tessituras e acabamentos que conferem conforto e adequação ao uso são a maior preocupação do mercado e vem se repetindo com o tempo. A pesquisa é um caminho eficiente e um exemplo disso é a poliamida, inventada para substituir a seda utilizada em paraquedas, com um custo muito menor e boa durabilidade. Ela exemplifica bem esta busca da utilização de produtos que mostrem uma boa relação de custo-benefício. Tecidos para cortinas com acabamentos anti-chamas, toalhas de banho com acabamentos que melhoram a absorção e que não descuidam da aparência, com novidades em estilo para se transformarem em saída de banho. Patchwork com tecidos diferentes para realçar ou dar características específicas às toalhas de mesa. Colchas e cobertores feitos em microfibras para funcionar como isolantes térmicos. Lençóis com microfibras e 300 fios. Nos anos 70, 80 e 90, as fibras introduzidas no Brasil, como poliéster, poliamida e acrílico, entre outras, tiveram um grande salto de qualidade, melhorando os aspectos de toque, caimento, durabilidade e aparência, comparando-se com as fibras naturais. As pesquisas avançaram e hoje temos microfibras que, misturadas a outras fibras, adicionam fluidez e conforto às fibras naturais. Tecidos com tecnologias nas fibras e acabamentos próprios e que o tornam diferente, atendendo a quesitos de conforto, maciez, cor e adequação ao uso. Para os tecidos de cama, mesa, banho e decoração, são utilizadas tecnologias em acabamentos que melhoram as características de resistência às pressões, ao amassamento, às manchas, à água, ao fogo e que trazem melhor passagem de ar, permitindo ao tecido transpirar e conferir maior conforto. O uso de enzimas naturais para melhorar o toque e amaciamento a tecidos de algodão, linho, viscose etc., tornando

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Foto: Arquivo RT

ABTT

Antônio César Corradi presidente da ABTT

peças como as toalhas mais macias e absorventes, são formas inteligentes de melhorar o produto. Tecidos de microfibras, feitas com vários filamentos redondos e ou trilobais em um mesmo fio resultam em um brilho diferenciado e os compostos por fios dilobais, que fazem o efeito furta-cor, conforme a exposição à luz. Quando feitos em tecidos muito finos, dão a aparência de translucidez como água e ficam maleáveis, como a seda. Os tecidos chamados climáticos, obtidos com fibras de poliéster modificado, que contém uma camada de ar, têm acabamentos que aceleram a transferência do vapor (transpiração). Sua função é ser isolante e respirável e, em geral, são tecidos leves e confortáveis, que podem ser utilizados o ano todo, como forros de cobertas e vestuário, roupas internas para aquecimento e blusões de inverno. Existem microfibras que são criadas de forma que substâncias químicas e vitamínicas podem ser inoculadas nas suas fibras ocas por meio de cápsulas minúsculas, libertando gradualmente no corpo o seu conteúdo. Estas substâncias são invisíveis ao olho. Muitas dessas microfibras foram desenvolvidas originalmente para uso em missões espaciais e estão sendo, agora, usadas na moda. O mau cheiro em tecidos de banho é causado por bactérias que proliferam com o calor e a umidade. O tecido é tratado com um composto químico à base de cloro que mata esses micro-organismos, eliminando o odor. Um tecido bactericida que pode ser recarregável é excelente para lençóis e toalhas de hotéis, que podem ganhar proteção contra micro-organismos nocivos ao ser humano. Tecidos recicláveis e biodegradáveis são a sensação do momento. São feitos a partir da polpa de madeira composta de 100% celulose, tão confortável quanto o algodão, tenaz e flexível ao mesmo tempo. Têm uma aparência lustrosa, um caimento que se harmoniza ao corpo, resistência e uma rápida absorção da cor. Os principais produtos para cama, mesa, banho e decoração podem ser de tecidos normais ou tecnológicos e ainda de fibras naturais ou sintéticas, usadas com ou sem acabamentos especiais, mas a sua importância consiste em atender as expectativas dos clientes em aspectos como: conforto, adequação ao uso e custo/ benefício. RT


OTM 2014, depois do sucesso da ITM Entrevista

NR12:

Tudo o que você sempre quis saber sobre a norma, mas não sabia para quem perguntar

Fotos: Divulgação

O

assunto é polêmico. Todo mundo se preocupa com a segurança dos trabalhadores. No entanto, não está fácil chegar a um consenso entre o que é realmente necessário fazer para garantir essa segurança. A NR 12 assusta a empresários e entidades, principalmente depois que passou a multar – e interditar máquinas ou produções inteiras –, o que pode ocasionar falências e consequentes demissões. Ora, se a norma existe para regulamentar a aplicação de uma lei que trata de tema tão importante – a vida humana –, como pode gerar tantos problemas? A discussão é complexa. A falta de consenso entre os três setores que participam das discussões – empresários, governo e trabalhadores – atrapalha o entendimento das necessidades a serem contempladas pela norma e de seu real papel em relação à lei. A Revista Têxtil ouviu um especialista no assunto, para ajudar os leitores de toda a cadeia a entenderem um pouco o que é a norma e de que maneira ela os afeta. Lourenço Righetti Netto é consultor da Abimaq e assumiu a cadeira da entidade na CNTT, Comissão Nacional Temática Tripartite, participando ativamente de todas as reuniões para resolver a questão em Brasília. Acompanhando de perto a polêmica, Lourenço dividiu seu conhecimento conosco.

Revista Têxtil: O que exatamente é a NR 12?

Lourenço Righetti Netto: As Normas Regulamentadoras, publicadas e editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), regulamentam a aplicação da Lei 6.514 da CLT, que foi publicada em dezembro de 1977. Atualmente, estão em vigor 36 normas. A NR12 dispõe sobre segurança no trabalho em máquinas e equipamentos e foi aprovada em 1978, junto com outras 35 normas elaboradas para atender aos requisitos da lei de 77, da CLT.

RT: Se foi aprovada em 1978, por que agora está causando polêmica?

LRN: Até recentemente, nada aconteceu. A NR12 começou com um texto simples, mas ao longo dos anos foi incorporando textos que vieram de convenções coletivas de trabalho, especialmente de São Paulo, a partir de acordos entre as bancadas Revista Têxtil I 29


Entrevista dos empregadores e dos trabalhadores para determinados requisitos de segurança. Tudo começou com as prensas, máquinas que geravam muitos acidentes. Em 2010, foi publicada uma nova revisão da norma, que definiu prazos para as empresas se adequarem. Em julho de 2013 os últimos prazos venceram e as empresas começaram a ser multadas, ou mesmo interditadas.

LRN: Em primeiro lugar, temos que considerar a segurança do ser humano, em qualquer situação. Se houver uma máquina em que está evidente o risco, tem que interditar mesmo. Isso não tem a ver com a NR, mas com a CLT. Sem mencionar o valor da vida humana e a integridade física das pessoas, acima de qualquer discussão, financeiramente um acidente de trabalho tem implicações sérias para a pessoa, o Estado e a empresa. O impacto nas finanças de uma empresa é muito grande, pode quebrar. Se chegar a óbito, é incalculável. O Ministério Público está entrando com ações regressivas. Isso significa que, em um acidente de trabalho, todos os gastos com hospital, previdenciários e de recuperação, a empresa precisa reembolsar o INSS, além das indenizações que a lei define. Tecnicamente, eu não posso dizer que a NR12 está errada. O que ela tem é exagero, determinando detalhes de como as máquinas devem ser projetadas e fabricadas, quando deveria dar as diretivas do que deve ser evitado e o que deve ser protegido, em resumo o que fazer. Como fazer (projetar e fabricar) é atribuição da Engenharia da empresa. Para o projeto e construção devem ser respeitadas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, e, na ausência destas, normas internacionais (ISO) e, na ausência, normas estrangeiras (EN). O texto atual está engessando a inovação, a criatividade e a competitividade da indústria brasileira. Se a empresa “A” desenvolve um sistema mais prático do que a empresa “B” e esse sistema não traz riscos aos operadores, maravilha, ela saiu na frente, não pode ser engessada por conta do uso de sistemas obrigatórios.

trabalhadores e governo, que está trabalhando na revisão da norma desde 2012. A Abimaq tem uma cadeira nesta comissão e estamos discutindo o assunto, queremos chegar a um consenso. O governo (MTE) disse que seguia as diretivas europeias, então fomos estudá-las. A primeira grande diferença em relação à NR12, é que as diretivas são divididas em duas partes, uma para o fabricante e outra para o usuário, e aqui as obrigações são as mesmas, é difícil distinguir. Em segundo lugar, as diretivas europeias exigem a prevenção de um problema, mas quem resolve como fazer é o projetista, que deve ser o responsável técnico pela máquina. No Brasil, o responsável técnico tem que fazer conforme determinado pela NR12, sem possibilidades de inovação e, ainda sob risco de perder o CREA, caso haja problemas, ele tem obrigação cível e criminal em cima de uma situação problemática. Há, também, diferenças na avaliação e análise de risco da máquina. Pela NR12, deve-se verificar o que pode causar dano ao operador, na máquina e no entorno dela, nas condições de alimentação, manutenção e reparo. Na Europa, só examinam a máquina funcionando sob o aspecto da produção, porque o resto entra na área de capacitação do operador. Se é proibido passar perto da máquina ninguém passa. Outra coisa é a linha do corte temporal. Na Europa, a reposição do parque de máquinas acontece a cada 5 anos, por questões de economia e competitividade, o empresário vê máquinas mais modernas, rápidas, ele troca. Então, não tem problemas em se adaptar a novas normas. Aqui, a média de renovação de parques fabris é de 25 anos. Como podemos estabelecer essa adequação em um ano? Em qualquer empresa é possível ver um torno de 50 anos funcionando. O que vai fazer, jogar fora? Será que o país é tão rico que pode se dar esse luxo? Isto poderá criar um impacto social muito grande. Existem sistemas simples de se aplicar segurança em máquinas, sistemas mecânicos, que evitam a possibilidade de acidentes. Nossa norma ficou muito mais pesada do que a europeia. Se um empresário comprar uma máquina da Europa, quando chega aqui ela não passa na NR12. Mas se vale na Europa, porque não vale aqui? Qual é a isonomia que temos assim?

RT: Como está sendo conduzido o debate sobre a norma?

RT: A partir da constatação destas diferenças, como ficou a situação?

RT: Mas se as empresas não estão de acordo com a norma, por que não devem ser interditadas? Quais são os problemas apontados pelo senhor no texto da norma?

Tecnicamente, eu não posso dizer que a NR12 está errada. O que ela tem é exagero, determinando detalhes de como as máquinas devem ser projetadas e fabricadas, quando deveria dar as diretivas do que deve ser evitado e o que deve ser protegido

LRN: Existe uma comissão, a CNTT: Comissão Nacional Tripartite Temática: da NR12, formada por três bancadas: empregadores,

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LRN: Em outubro do ano passado, chegamos a um impasse nas discussões. A CNI apresentou, então, uma proposta de


Entrevista pauta para a CNTT NR12 com quatro premissas que, se não fossem aceitas, parariam as deliberações. São elas: 1. Fazer uma linha de corte temporal para o parque de máquinas usadas. 2. Dividir a norma em duas partes, diretivas para usuários e para fabricantes. 3. Tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas. 4. Suspensão da norma vigente, e com fixação de novos prazos. O coordenador da bancada dos empregadores apresentou a pauta acima, que não foi aceita. Então, o Ministério do Trabalho solicitou uma nova proposta de texto para a norma e a Bancada dos Empregadores trabalhou nisto em novembro, dezembro e janeiro. A CNI preparou uma carta com essas quatro premissas e anexou a proposta de um novo texto para a NR12, no dia 06 de fevereiro foi protocolada no Ministério. Agora, em abril, serão reativadas as reuniões da CNTT, em Brasília, e veremos como vamos reiniciar as conversações.

RT: O que vocês pedem? Quais são as dificuldades encontradas no debate?

RT: Quais dicas o sr. dá para o empresário têxtil para produzir/ comprar uma máquina adequada e não correr o risco de parar sua produção?

LRN: Em primeiro lugar, ele precisa ter uma comprovação do fabricante de que aquela máquina atende os aos requisitos da NR12. Ele tem que pedir para o fabricante uma cópia da ART: Anotação de Responsabilidade Técnica, um documento que o engenheiro, responsável técnico da empresa fabricante da máquina, recolhe no CREA, como responsável técnico da empresa ou daquele projeto, assim como o fabricante pode dar uma declaração de que ele cumpriu os requisitos da NR12, isso é uma segurança para o usuário. É importante saber que não existe certificação sobre o assunto, se alguém falar que dá ou que tem certificação é conversa. Não existe Organismo Certificador de Produto acreditado pelo INMETRO que possa emitir esse Certificado. Complementando, o usuário tem que trabalhar dentro da capacidade do equipamento. E há uma parte burocrática: o manual da máquina deve estar preservado, em local de fácil acesso e, o mais importante, redigido em língua portuguesa. Os colaboradores que irão trabalhar na máquina devem ser capacitados e isso precisa ser registrado, tem que dizer quem é o responsável pelo treinamento, que data foi feita, quem foi treinado, para isso tem outra NR que trata desse tema. A máquina precisa estar instalada da forma que o fabricante recomenda no manual, não pode ter seu sistema de segurança adulterado em nenhuma situação.

Alguma coisa nós temos que fazer, porque o número de acidentes de trabalho no Brasil é muito elevado, absurdo. É preciso ter dados mais precisos sobre acidentes nas diferentes atividades – Indústria –Construção Civil – Transporte – e, desta forma, saber onde atuar com prioridade para prevenir

LRN: Alguma coisa nós temos que fazer, porque o número de acidentes de trabalho no Brasil é muito elevado, absurdo. É preciso ter dados mais precisos sobre acidentes nas diferentes atividades – Indústria –Construção Civil – Transporte – e, desta forma, saber onde atuar com prioridade para prevenir. Há ainda a questão dos importados. Máquinas e equipamentos importados entram no Brasil e são instalados sem atender aos requisitos da NR 12. Neste caso temos dois problemas: o risco de acidentes e a falta de isonomia com os produtos nacionais. A primeira coisa que pedimos é uma pausa nas interdições até que esta confusão seja resolvida. Ou até que haja fiscalização por auditor capacitado, com uma avaliação equilibrada. Há meios legais para suspender as interdições. Existe o TAC – Termo de Ajuste de Conduta, elaborado pelo MPT, que funciona como árbitro entre o empresário e o auditor que encontrou algum risco na empresa. Nesse documento, a empresa recebe prazos para se adequar. Em caso de desrespeito ao TAC, aí então a interdição deveria ser aplicada.

RT: E as máquinas importadas?

LRN: Elas não podem ser colocadas em uso até a adequação. Quem faz essa adequação, isso depende do contrato de compra e venda entre ambas as partes e tem que ser feita por um profissional legalmente habilitado, que tenha CREA, mesmo que não seja funcionário da empresa. Um profissional habilitado sabe como fazer isso. Sobre custos e financiamentos, há uma linha especial do BNDES, Moderniza BK, que financia as indústrias que precisam se adequar à NR12, tanto por máquinas imporRT tadas quanto por serem antigas.

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ABIT / Sinditêxtil

Abit fecha parceria com Centro de Tecnologia Têxtil de Portugal

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Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas); o Senai-Cetiqt e o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e de Vestuário de Portugal (CITEVE), juntamente com a Associação Selectiva Moda (ASM) e a Associação Têxtil de Portugal (ATP), acabam de assinar um importante acordo de parceria para a transferência de tecnologia têxtil de Portugal para o Brasil, com várias ações previstas ao longo dos próximos anos. A parceria foi firmada através do Texbrasil, Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira, desenvolvido pela Abit em parceria com a Apex-Brasil. Sua primeira ação foi a realização de um simpósio internacional no Senai-Cetiqt, Rio de Janeiro, nos dias 8 e 9 de abril, sobre os têxteis mais tecnológicos em aplicação na atualidade, em diferentes setores, e as últimas pesquisas com “Têxteis do Futuro”. O evento contou com a presença de vários especialistas internacionais, empresas que já produzem esses materiais e usuários finais relatando os benefícios. “O setor têxtil e de confecção do Brasil não se limita à moda. Há várias empresas que produzem esses têxteis tecnológicos, com aplicação na área médica, na construção civil, no setor de transportes, agribusiness e também no vestuário. Também temos alguns centros de pesquisas desenvolvendo têxteis que a gente ainda nem imagina, pois não estão ainda no mercado. Tenho certeza que essa parceria com o CITEVE, que reúne todas as maiores tecnologias têxteis de toda a Europa, irá mudar o patamar do Brasil nessa área em alguns anos” explica Rafael Cervone, presidente da Abit.

“Nosso trabalho consiste em alertar as empresas para as oportunidades na área de têxteis técnicos. Esse fórum mostrou as melhores produções da Europa e brasileiras no âmbito de têxteis técnicos e tecnológicos. Os empresários e pesquisadores brasileiros puderam ter contato direto com clientes interessados em conhecer melhor o mercado nacional e que estão dispostos a investir. Esse segmento conseguiu restaurar o setor em Portugal e hoje já representa 25% do têxtil do nosso país. Por que não teria sucesso no Brasil?”, declara António Braz Costa, diretor geral do CITEVE. Braz ainda afirma que este convênio irá fortalecer um relacionamento de anos com a Abit. RT

O Fórum O Primeiro Fórum Internacional de Inovação Têxtil Presente e Futuro abordou tecidos utilizados na área esportiva, no setor automotivo e aeronáutico, construção civil, agricultura, uniformes de defesa, moda, tecnologias de superfícies e processos sustentáveis. Pesquisadores brasileiros, europeus e americanos estavam presentes, além de clientes como Exército do Brasil, atletas olímpicos, Malwee, Nike, Citroen, e empresas produtoras como Rhodia, Dupont, Dini Têxtil, Grandene, Cedro, Invista, Golden Química, que puderam debater cada painel do evento.

Da esq. para dir. Manuel Serrano, da ASM, Fernando Pimentel, da Abit e António Braz Costa, diretor geral do CITEVE (Divulgação)

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ABIT / Sinditêxtil

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Collection

Première Moscow

Evento mostrou grandiosidade e superação do mercado russo e o caminho das pedras para quem quer chegar lá

G

rande e populosa, a Rússia se destaca cada vez mais na mídia mundial como um mercado em ascensão. Com 142 milhões de habitantes, é o 9º país mais povoado do planeta, sendo que parte desta população ainda está entrando no mercado consumidor, de maneira semelhante ao Brasil. Assim, atrai os olhares e investimentos internacionais para vários segmentos, incluindo o têxtil e de confecção. Isso pôde ser comprovado entre os dias 25 e 28 de fevereiro, durante a 22ª edição da CPM, Collection Première Moscow, mais importante feira de negócios de moda da região, realizada no Expocentre Fairgrounds, na capital russa. Organizado pela Messe Düsseldorf em parceria com a Igedo Company, o evento é considerado o maior ponto de encontro da indústria do Leste Europeu. A feira reuniu mais de 1.600 marcas, em 900 estandes espalhados por mais de 60 mil m2, que receberam 19.850 visitantes de 48 países diferentes. “A CPM continua sendo um starter para a economia do Leste Europeu, com onze pavilhões nacionais”, diz o diretor de projeto, Christian Kasch. De acordo com uma

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pesquisa conduzida pela ITMM (Internationale Textilmarketing und Management GmbH), os expositores veem a feira como absolutamente indispensável, já que 40% das suas Christian Kash explica o evento aos jornalistas internacionais. (Arquivo RT)

Foto: Arquivo RT

Mercado


Mercado vendas na região são realizadas durante o evento. A próxima edição já tem data marcada, para os dias 3 a 9 de setembro de 2014. As marcas alemãs, por exemplo, reportaram uma taxa de crescimento de 11% em vendas nos primeiros nove meses do último ano. Isso representa 582 milhões de euros em entregas totais. Outros países da União Europeia que se beneficiam significantemente do desenvolvimento das exportações de vestuário incluem Espanha (alta de 19%, 176 milhões de euros), Reino Unido (mais 17%, 106 milhões de euros) e Áustria (14% a mais, 47 milhões de euros).

Corredores e estandes ficaram cheios durante todo o evento. (Divulgação)

Foto: Arquivo RT

Apoio Uma das razões pelas quais a feira é um sucesso, é pelo apoio garantido aos expositores por parte dos organizadores. “A CPM goza de excelente reputação no Leste Europeu e apoia muitos expositores que querem estabelecer sua marca no mercado russo”, declara Philipp Kronen, sócio-gerente da Igedo Company. “Nenhum outro instrumento atende a uma gama tão grande de objetivos, permitindo tantos contatos pessoais e oferecendo tantas informações”, continua. Um dos diferenciais, segundo Christian Kasch, é que a Igedo possui representantes em vários países ao redor do globo. Assim, os expositores contam com profissionais que falam seu idioma para auxiliá-los, não somente na organização do evento, como na realização das vendas, pois são conhecedores de todos os trâmites para negociar e importar. Além do volume de negócios, a feira ofereceu variedade de informação para visitantes e expositores, por exemplo, com as palestras de tendências apresentadas pelo parceiro WGSN, além de vários outros seminários organizados como parte do Fórum Russo de Varejo de Moda. Durante os quatro dias da feira, numerosos artistas de cinema e música russos foram vistos nas passarelas. O modelo internacional Marcus Schenkenberg apresentou sua própria coleção pela primeira vez no segmento Fashion&Denim. Blogueiras de moda também descobriram a CPM como um fórum, no “Conversa de Blogueiras”, com a participação de 50 renomadas blogueiras, mediadas por Ekaterina Odintsova, cujo blog tem mais de 16 mil seguidores internacionais. Outra grande razão paro o sucesso da CPM é que os expositores dão o retorno esperado ao que recebem dos organizadores. Nas palavras de Kasch: “Não é uma coincidência sentar aqui e esperar pelos visitantes. Antes da feira, os expositores trabalham, organizando agendamentos com os seus clientes, que chegam e têm a seu dispor tudo que está acontecendo na moda, não têm que viajar o mundo todo para encontrar o que precisam”. Para expor? Uma boa providência seria um agente local, sugere Christian Kasch. “Sem ele, o expositor investirá no evento e poderá não ter sucesso”, diz. Os organizadores da CPM ajudam nesse caso, também. “Temos um progra-

CPM Kids (Divulgação)

Desfiles infantis encantaram os visitantes. (Divulgação)

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Mercado Pavilhão Fashion & Denim reuniu tudo para jeanswear (Divulgação)

ma no site que é visitado por representantes que estão a procura de novas marcas”.

Pavilhões O evento apresentou nos halls os pavilhões “Made In” Itália, Espanha, Turquia, Letônia, Finlandia, Quirquistão, Russia e o da Alemanha, que é o maior em metros quadrados. E, pela primeira vez, contou participação do Chipre e Peru. Em geral, os governos desses países os apoiam na montagem dos pavilhões, segundo Kasch. No pavilhão multinacional, há presença de algumas marcas chinesas. A demanda é grande, mas o foco do evento são as marcas e não facções, por isso a participação se torna restrita. Segundo Christian Kasch, este modelo de apresentação serve para facilitar e dinamizar o trabalho dos compradores,

Brasil Em relação ao Brasil, também membro dos chamados Brics (países considerados emergentes), há interesse em fortalecer as relações entre os dois países. “Há alguns anos, tivemos uma participação brasileira na CPM. Sabemos que os expositores dos segmentos de denim, vestuário infantil, lingerie e moda praia são muito fortes, gostaríamos de estreitar nossos relacionamentos para o Fashion & Denim, CPM Kids e Body & Beach com eles”, diz Christian Kasch.

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que, por sua vez, também solicitaram a criação de áreas setorizadas, como o CPM Kids, e devido ao sucesso, lançaram o Pavilhão Premium, o Fashion & Denim e o Body & Beach. Os pavilhões contam com atrações especiais, como o Bed Time Stories, onde lingeries foram apresentadas em um cenário diferenciado, simulando um quarto. O infantil costuma encantar os visitantes. “Achamos que é necessário apresentar as coleções em desfiles, como o pavilhão italiano organiza com exclusividade, e não somente nos estandes”. Para esta edição, o evento trouxe um novo pavilhão: o Styles. Além de assessórios e estandes menores para marcas novas ou com uma moda mais minimalista, o pavilhão valoriza jovens talentos. “Desde que começamos a CPM, achamos que devemos apoiar nossos novos designers ou marcas, ajuda-los a entender como funcionam os negócios”, comenta Christian Kasch. Para isso, foi organizado o Designer Pool, onde cinco novos profissionais participam graciosamente por duas edições do evento, inclusive em desfiles. “Quando já conseguem concretizar negócios, retornam na 3ª edição pagando 50%”, completa. A razão de existirem os pavilhões internacionais é facilitar o trabalho dos compradores, que mesmo focados em algum país, sempre têm interesse em conhecer os produtos em geral para criar um “mix” de produtos.

Mercado O evento se apresenta como boa opção para a entrada no mercado russo, que não é fácil, e passa por um momento delicado, como toda a Europa, segundo comenta Reinhard E. Döpfer, consultor sênior de pesquisa de mercado para a Igedo, para o desenvolvimento da CPM. Especialista em co-


Mercado Moda e negócios fazem da CPM um sucesso (Divulgação)

mércio internacional de têxtil e vestuário, com mais de 30 anos de atuação no segmento, Döpfer apontou algumas particularidades do mercado russo, em um dossiê que é entregue a todos os expositores, de modo que podem se planejar para trabalhar melhor as vendas no país. Ele conta que o mercado russo passou por algumas fases, desde 1993, 1994, quando começou a se desenvolver. Nesta época, havia apenas segmento de luxo, para a moda, e era dividido em quatro grandes players. Em seguida, veio a primeira crise financeira e o mercado entrou em colapso. Depois de 4 a 5 anos necessários para reconstruir o mercado, houve a fase do boom, entre 2004 e 2008, quando as exportações europeias para a Rússia cresceram em cerca de 20% ao ano. Então, veio uma segunda crise, o ano de 2009 foi crítico e o mercado de vestuário perdeu 30 a 40% do seu valor. Levou apenas um ano para a recuperação e os três anos seguintes foram de crescimento a números de dois dígitos, enfrentando o problema da inflação. Para este ano, a situação é incerta. A economia registrou fraco crescimento em 2013. O rublo, moeda local, perdeu valor em relação ao euro e ao dólar, o que encareceu bastante as importações. Há também as dificuldades com a legislação russa, diferente da dos outros países da Europa. A lei de proteção europeia garante que a mercadoria, mesmo entregue, é de propriedade do fornecedor até que seja paga. Na Rússia, no momento da entrega passa a ser do lojista. “Isso limita as chances de oferecer uma linha de crédito aos russos, seja de quantos dias for, de modo que eles têm que pré-financiar, muitas vezes com empréstimos a juros altos, e sempre em moeda estrangeira”, comenta Döpfer. Além disso, os fornecedores enfrentam dificuldades por conta do comportamento dos varejistas e dos consumidores

Expositores de lingerie apresentaram suas peças em cenário diferenciado. (Divulgação)

Verena Lichter, Ricardo Haydu e Ines Cont. (Arquivo RT)

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Mercado Ricardo Haydu, Juliette Nguyen, Bénédict Fourgeaud, jornalistas estrangeiras, e Reinhard E. Döpfer. (Arquivo RT)

russos, que estão deixando de comprar por impulso, pensam bastante antes de adquirir uma peça e normalmente barganham muito para isso. Por fim, eles ainda não se acostumaram com o real valor de uma peça de vestuário, preocupando-se mais com o país de onde vem e sua originalidade. De modo geral, o governo tenta barrar a entrada das cópias asiáticas, mas algumas entram e são vendidas em mercados abertos, que ainda respondem pela maioria do comércio do país. Essa realidade, no entanto, está mudando. Os mercados abertos estão sendo trocados por pequenos shoppings com lojas populares. “Está mudando muito lentamente, porque as pessoas nas províncias e regiões não ganham o suficiente para bancar vestuário importado ou marcas. Vamos encarar a verdade, o mercado de moda russo ainda é emergente”, comenta. Mas Döpfer se mantém otimista em relação ao futuro do segmento no país. Inclusive, aponta como exemplo, para incentivar o investimento das lojas e marcas, o caso da H&M, que entrou no mercado russo em 2009, no meio da crise, com a primeira loja em Moscou, e agora conta com 27 lojas espalhadas pelo país. Segundo ele, o crescimento registrado em 2013 foi de 1,3%, mas é um número bom em relação ao restante dos países europeus. “O segmento de roupas e acessórios movimentou 35 bilhões de euros no ano passado. A projeção russa para o mercado de varejo – incluindo calçados e esportes – para esse ano é de 60 bilhões de dólares americanos. Então, é um mercado grande. Na Europa, o único que talvez chegue a esses números seja o mercado alemão”, afirma. “Quando eu olho para as pessoas que estão aqui, eles realmente têm uma vida difícil. E se você entender como eles trabalham, a situação da moeda, das distâncias, são heróis. No fim, sou muito otimista em relação ao potencial do mercado russo, temos que olhar para ele em termos de médio e longo prazo”, conta. E ainda dá algumas dicas para quem pensa em investir por lá. A primeira coisa a se entender é que os russos gostam de trabalhar em parceria. E gostam de ser mimados pelos forne-

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Ricardo Haydu entre Philipp Kronen, Managing Partner, e Ulrike Kähler, Project Director National Fashion Trade Shows, da Igedo. (Arquivo RT)

cedores. “A relação com clientes russos é questão de conhecimento pessoal, é o que eu ouço de quem faz sucesso por aqui. Os clientes ficam amigos dos fornecedores, e devem confiar um no outro, se ajudar. A questão não é o pagamento, é serviço, propaganda, relações públicas e os russos apreciam isso. Se você ajudar seu cliente a colocar anúncios em revistas, ou se oferecer apoio na organização de um desfile, por exemplo, eles adoram. Além disso, é preciso vir o dono, não o gerente de vendas, é necessário personalizar os negócios”, explica. “O processo de apenas vender uma peça de vestuário está acabado. É preciso ter valor agregado. A relação pessoal é a chave do sucesso, de verdade. Você tem que amar os russos, de outro modo, não faça negócios com eles”, finaliza. RT Ricardo Haydu, diretor presidente da RT, viajou para Moscou a convite dos diretores da Igedo e da Messe Düsseldorf


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Um polo que cresce

Foto: Arquivo RT

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Segunda edição da Agreste TEX apresentou números que comprovam rápido crescimento da região, com investimentos em tecnologia e inovação.

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onsiderado o segundo maior polo de confecções do Brasil, com 18.300 pontos produtivos e faturamento de mais de R$ 3 bilhões por ano, a região do Agreste de Pernambuco chama a atenção de fornecedores e compradores de toda a região Nordeste. Compreendendo 16 municípios, o polo concentra em Caruaru a realização de negócios, com eventos importantes para o setor. Um deles é a Agreste TEX - Feira de Máquinas, Serviços e Tecnologia para a Indústria Têxtil, que chegou à segunda edição e comemora números marcantes. Realizada entre os dias 18 e 21 de março, no Polo de Caruaru, recebeu 11.100 visitantes, que conferiram os principais lançamentos e tecnologias de 250 marcas de toda a cadeia têxtil. O evento gerou R$ 218 milhões em negócios. “Esta segunda edição superou nossa expectativa de visitação, mas o mais importante foi a qualificação do público, formado por empresários da região. Os expositores conseguiram realizar bons negócios”, declarou Hélvio Roberto Pompeo Madeira Junior, diretor de marketing e comunicação da FCEM. O sucesso foi enorme e a próxima edição já tem data marcada: de 8 a 11 de março de 2016, novamente no Polo Caruaru. “A Agreste TEX está evoluindo. Tivemos palestras de alto nível, estamos felizes com as pessoas que participaram da feira. Temos feito um grande esforço para sairmos de simples produtora para uma região de pesquisa, desenvolvimento, geração de coleções, e, principalmente, estruturação técnica do polo”, conta Osíris Lins Caldas, presidente da ACIC.

Polo desenvolvido Durante um almoço para convidados especiais na sede da Associação, Caldas destacou que, graças a várias ações, como a realização da Rodada de Negócios da Moda Pernambucana, o polo tem conseguido se modernizar e avançar. “Foi um trabalho difícil, penoso. Na Rodada, focamos o processo em resultados, compra e venda, mas tudo começou com a cons-

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cientização, formalização das empresas, profissionalização em todas as áreas, cumprimentos de prazos e acordos nos contratos, capacitação. Fizemos o empresário entender que o associativismo é importante para o processo, não é um trabalho de um dia. Estamos na 17ª Rodada, são quase dez anos unindo as mãos para conseguir o resultado”, comenta. A última edição do evento, realizada em fevereiro, fechou com um faturamento de mais de R$ 17 milhões e mais de 4.000 pedidos computados, num total de 1.1 milhão de peças comercializadas. A Rodada tem grande impacto sobre as marcas, influenciando desde os processos produtivos até o seu sucesso econômico. Entre as confecções participantes, algumas desde a 1ª edição do evento, não são raros os casos em que a experiência adquirida e o contato com os clientes influenciaram as coleções seguintes ou mesmo a criação de novas linhas. Além disso, os negócios gerados a partir da Rodada representam de 50% a 75% do faturamento de muitas das confecções, sejam elas grandes, médias ou pequenas empresas da região. Caldas aponta ainda que havia a necessidade de desenvolver alguma forma para que os empresários da região tivessem acesso a máquinas, equipamentos, tecnologias e serviços, daí surgiu a parceria com a FCEM para a realização da Agreste TEX.

Moda Para o ciclo ficar completo, falta apenas consolidar o Caruaru Fashion Day, evento de desfiles de moda. Da união de alguns empresários, realizou-se um evento, que tomou proporções maiores do que as esperadas, segundo explica Pedro Miranda, um dos responsáveis pelo evento. “Começamos a criar um formato de desfile na cidade, de forma amadora da primeira vez, mas com resultado profissional. Por isso, surgiu a ideia de colocar esse evento no calendário. Partimos para a sua profissionalização, mas precisamos de apoio”, afirma.


Mercado A ideia é ir além do patrocínio financeiro, mas também contar com a participação das grandes empresas têxteis e de tecnologias, com palestras, cursos e mais programações. “O evento é feito com muito esforço, custeado pelas próprias empresas. Entretanto, tomou uma dimensão que, se for realizado apenas com recursos dos fabricantes da região, não vai se sustentar. Nós temos parceria com SEBRAE e SENAC, é um evento muito profissional, mas faltam os grandes nomes da moda nacional, fornecedores”, diz Miranda. E não são só as fronteiras estaduais que o Agreste quer vencer. O Governo de Pernambuco vem preparando as empresas para exportação, algumas já estão aptas a esse processo. “Descobriu-se um espaço viável entre a qualidade e o preço e nosso polo pode se inserir, vamos ter um grupo de pelo menos 20 empresas começando essa experiência. Isso ressalta ainda mais a importância de parceiros capacitados”, finaliza Pedro Miranda.

Desenvolvimento O crescimento e a grandiosidade do polo chamam a atenção de todos. Não à toa, grandes empresas e entidades já investem e pretendem investir ainda mais na região. “A ABTT coaduna da mesma ideia, pois sabemos que tecnologia e

design caminham juntos. O Agreste é um polo em destaque, pretendemos estar sempre presentes, trazer essa tecnologia para quem tem necessidade. A ACIC já notou a ausência de alguns segmentos na região e a ABTT pode colaborar nesse sentido”, comenta César Corradi, presidente da Associação Brasileira de Técnicos Têxteis, ABTT, que foi parceira na Agreste TEX, com a realização do Seminário Tecnológico, que teve resultados bem positivos, para ele. “Estamos empenhados em desenvolver um núcleo da ABTT em Caruaru, para que possa haver ações aqui, como o Contexmod, que acontece no Sul, onde estudantes, profissionais e pesquisadores podem dividir conhecimento”, completa. Armando Hess, presidente da Renaux View, se disse impactado pela região. “O Agreste é um fenômeno. Tanto que vamos investir, com uma loja aqui, e já pensamos em algo maior. Com certeza, saio daqui mais rico em conhecimento. Muitas são as organizações que pararam no tempo e desapareceram ou desaparecerão, porque estão fazendo o comum, o mesmo. A percepção que eu levo é de que esse espírito de cooperação nos fortalece”, afirmou. E ele ainda vai mais longe, lembrando da importância do intercâmbio cultural entre as regiões do país, o Sul, de onde vem a Renaux View, e o Nordeste. “O Sul do Brasil, de alguma maneira, já viveu sua maturidade e vive um ciclo descendente. Acredito que essa troca, essa cooperação, juntar capacidades criativas e pro-

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Mercado Almoço na sede da ACIC – Pedro Miranda, Waldir Rocha, Bernardo Filho, Neide Ferreira, Osíris Lins Caldas, Ricardo Haydu, Armando Hess, César Corradi, Norberto Arena, Hélvio Roberto Pompeo Madeira. (Arquivo RT)

No coquetel de encerramento do evento, Hélvio Roberto Pompeo Madeira, Ricardo Haydu, Neide Ferreira, César Corradi, Osíris Lins Caldas. (Breno Augusto)

cessos tecnológicos, pode mexer essa curva, fortalecer a cadeia. Essa troca vai enriquecer a todos nós, tanto em conteúdo, cultura e, fundamental, resultados nos negócios”. Para Hélvio Roberto Pompeo Madeira, presidente da FCEM, a Agreste TEX é uma ótima maneira de trazer investimento e crescimento para a região, mas também um passo importante rumo ao futuro. “É importante reunir expositores, entidades, profissionais que atuam no setor, com ideias e informações que abrem as portas, porque eventos são parcerias, é planejamento. E é pensar no futuro. Sempre procuramos trazer o estudante para a feira, porque ele será o cliente de amanhã. Em 2008, em uma pesquisa, descobrimos que 67% de estudantes de moda vêm de família no setor, com certeza irão gerir a empresa dos pais. Muitas vezes, há empresários que já têm sua ideia fixa, mas vem uma nova geração com novidades para acrescentar. Temos que ter o diferencial, qualidade, com investimento em pesquisa. A China tem mais de 100 mil estudantes de mestrado, pagos pelo governo, espalhados pelo mundo, se preparando”, diz Hélvio Roberto Pompeo Madeira, presidente da FCEM. Representando o presidente da Abramaco, Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos para Confecção, Mauro Andrada, Neide Ferreira se mostrava bastante satisfeita com o resultado do evento. “Esse polo sempre teve boa representatividade comercial para o setor, consumidor número um de máquinas de costura, além de todo um universo já mais sofisticado, com máquinas de bordar, impressão digital, enfim, inovação e tecnologia e, neste evento, houve grande procura. Todos estamos surpresos com o resultado e espero que isso se estenda por muitos anos, porque o polo garante sempre bons resultados para o setor da costura industrial”, comenta. Ainda durante o almoço, muitos deram as suas contribuições com ideias e conselhos para a realização do Caruaru Fashion Day. “É preciso adaptar o evento ao calendário da moda nacional, preparar as marcas e, principalmente, gerar estratégias de retorno financeiro para alavancar os patrocinadores, que necessariamente não precisam ser do setor, mas que tenham interesse de desenvolver sua marca na região. Os eventos bem sucedidos são aqueles que unem moda e negócios. Caruaru já possui a Rodada e a Agreste TEX, o caminho está correto, só falta o Fashion Day para fechar o ciclo”, aconselhou Vivi Haydu, diretora da Revista Têxtil. “Recentemente, estive em Moscou,

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a convite do Colection Première Moscow. Apesar de o evento ter criado um espaço específico, o Fashion & Denim, estranhei a participação de poucas marcas do setor. Tomei conhecimento que, por uma questão cultural, a velha guarda russa não usava jeans, por ser um produto americanizado. Porém, a nova geração tem anseio de utiliza-lo. Quando comentei a dimensão do Polo do Agreste neste setor, eles ficaram surpresos e interessados. Acho que vocês devem investir no mercado russo”, completou Ricardo Haydu, diretor presidente da Revista Têxtil. Já Norberto Arena, do Arena Bureaux de Estilo, elogiou a iniciativa do evento e se colocou à disposição para ajudar. “Hoje a moda deixou de ser a individualidade criativa de cada um, depende da disponibilidade de matérias-primas e necessita de um estudo, principalmente de volumetrias, cores, aspectos de superfície, como a estamparia, que está em ascensão”, comentou. “Antes do evento, seria interessante realizar com os participantes a semana da moda técnica, para proporcionar a oportunidade de mostrarem na passarela uma similaridade de atitude comercial. Recomendo e me disponho a ser um dos protagonistas dessa história para dar às mascas, com exclusividade, a chance de conhecerem os novos processos e mecanismos da moda mundial”. O presidente da Acic finalizou se mostrando bastante satisfeito com os resultados do evento, que evoluiu bastante. “Sabíamos que a primeira edição seria de aprendizado, não para a FCEM, que já tem experiência, mas para nós e para a região. Nem todo mundo percebe a importância disso, que é acesso a negócios na área de máquinas e equipamentos. Neste ano, os expositores sabiam que poderiam investir na nossa cidade, percebemos que a estruturação dos estandes foi mais cuidadosa”, comemora. E finaliza dizendo que a grande surpresa foi com o público, interessado, realizando negócios. “A síntese desse processo realmente é de evolução. A Agreste TEX 2014 conseguiu evoluir e gera perspectivas para 2016”, finaliza. Além da parceria com a ACIC e a ABTT, a Agreste TEX conta também com o apoio das seguintes entidades: ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos; ACIT – Associação Comercial e Industrial de Toritama; ASCAP – Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe; NTCPE - Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções de Pernambuco; Sinditêxtil PE – Sindicato da Indústria Têxtil do Estado de Pernambuco; e Sinditêxtil Caruaru - Sindicato da Indústria Têxtil de Caruaru.


Mercado Programação paralela A Agreste TEX proporcionou aos visitantes uma programação paralela diferenciada, composta por painéis e apresentações voltadas ao mercado têxtil, que integraram o “2° Ciclo Pernambucano de Moda, Arte e Sustentabilidade”, realizado em parceria com o Espaço Multicultural Arte Plena, e o “Seminário Tecnológico”, realizado em parceria com a ABTT – Associação Brasileira de Técnicos Têxteis. Um dos destaques entre as palestras foi a de Ronaldo Fraga, “A Cultura Brasileira como Elo de Criação e Impressão de Identidade ao Produto de Moda Brasileiro”, onde o estilista compartilhou um pouco de seu universo de criação e os caminhos possíveis para o desenvolvimento de um design autoral com identidade e valor agregado. Também mereceu destaque a palestra de Renato Kherlakian, estilista e fundador das marcas RK Denim, Zoomp e Zapping, que falou sobre o “Projeto Art+K – Soluções Inteligentes para o Fast Fashion”, que uniu a tecnologia da Audaces com os tecidos da RenauxView, os aviamentos da Tecnoblu e a criação de Kherlakian. Com as matérias-primas produzidas pelas parceiras, o estilista criou no Audaces 3D uma coleção de 26 modelos que resultaram em 97 looks primavera-verão. Outro ponto forte, a mesa redonda Pernambuco Sustentável, Ano II, teve mediação de Leopoldo Nóbrega, fundador do Ciclo, e Vivi Haydu, diretora da Revista Têxtil, e contou com a presença dos renomados profissionais do setor César Corradi, presidente da ABTT, Edison Simões, diretor do SENAI Caruaru, Fabiana Chaves Lopes da Silva, coordenadora de produto e marketing da Canatiba, Heloísa Lima Luz, designer e modelista, Leonardo Oliveira da Silva, do Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil de Pernambuco, Maria do Carmo Xavier, artista plástica, professora da UFRPE, o estilista Renato Kherlakian, Waldir Rocha, empresário do segmento de estamparia e fundador do projeto Lave Limpo – Lavanderias Toritama, e Yuko Suzuki, diretora da Revista World Fashion. O presidente da FCEM, Hélvio Roberto Pompeo Madeira, presente na plateia, ficou tão satisfeito com o debate, que efetivou convite para que este assunto continue sendo discutido em agosto, na Febratex. O ciclo contou ainda com uma performance do artista pernambucano Marcos Mercury, que pintou uma tela de tecido com as cores da bandeira de seu estado usando seu próprio corpo, para expressar a importância da indústria têxtil tornar sua atividade mais sustentável. Leopoldo Nóbrega, fundador do Ciclo, foi ainda curador da exposição Pernambuco Sustentável, que pretende levantar a questão de uma indústria com preocupações

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1) Ronaldo Fraga fala sobre moda brasileira (Arquivo RT) 2) Renato Kherlakian na palestra Art+K (Arquivo RT) 3) Mesa redonda Pernambuco Sustentável mediada por Leopoldo Nóbrega e Vivi Haydu (Arquivo RT) 4) Performance de Marcos Mercury. (Breno Augusto) 5 e 6) Exposição Pernambuco Sustentável. (Breno Augusto)

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Mercado

Audaces (Divulgação)

J-TECK (Divulgação)

ambientais. Destaque para as pinturas com argila da artista plástica Carmmo Xavier, eco gravuras com pigmentos orgânicos e pó de café da artista Pally e as criações do coletivo Ativistas da Moda.

Um dos destaques no estande foi o Audaces 3D, sistema de simulação tridimensional de modelagem de roupas, que permite a criação de peças na tela do computador sobre um manequim virtual – que pode ser editado de acordo com as medidas do usuário. O produto simula o caimento do tecido e permite a visualização da peça antes da produção. Dessa forma, os ajustes podem ser feitos antes da confecção da peça-piloto, garantindo economias significativas de tempo, mão de obra e, principalmente, tecido. “Este era um produto para empresas grandes, e estamos democratizando seu uso para micro e pequenas empresas. Mostramos para eles que, além de todo o processo da criação, haverá uma redução grande do custo de montagem de peças piloto, que pode chegar a 30, 40%”, avalia Paulo Cunha.

Tecnologia Muitos dos expositores presentes no evento, além de lançamentos, também apresentaram ótimas opiniões sobre a região. A Audaces, por exemplo, atua no Agreste com filial própria desde 2010, mas já há dez anos com representantes. “É uma regiões das que mais crescem no Brasil, no nosso segmento, revelar para os empresários locais o que existe em tecnologia é de fundamental importância”, diz Paulo Cunha, diretor de relações institucionais da Audaces. “Essa região é muito importante para a nossa empresa, não poderíamos deixar de contribuir ativamente com o desenvolvimento tecnológico de nossos clientes”, completa Ivan Badin, gerente da filial Norte/ Nordeste. Uma das missões da Audaces, segundo Cunha, é oferecer o mesmo produto para as empresas, independente do seu tamanho. “Não existe essa distinção, a gente mostra para o pequeno que tecnologicamente ele é igual ao grande. A diferença está no poder aquisitivo, os pequenos migram devagar, saem de uma informalidade e passam a ter acesso a financiamentos para adquirir esses produtos”, comenta. Com 22 anos de mercado, a Audaces acompanhou bem essa democratização das tecnologias. “Só empresas grandes tinham acesso a equipamentos importados. Começamos a desenvolver no Brasil e hoje estamos presentes em em mais de 70 países. É gratificante para nós poder levar isso para as empresas do nosso segmento que, na maioria, são micro e pequenas”, diz. Parcerias com instituições educacionais também são de fundamental importância para a Audaces. “Percebemos a necessidade por mão de obra qualificada e achamos que, sem participação da iniciativa privada, as coisas vão demorar. Por isso, fechamos um termo de cooperação com o SENAI nacional em 2005 e hoje há 110 escolas no Brasil formando mão de obra com as nossas tecnologias, sem contar outras instituições. A primeira escola no Brasil a ensinar um produto que lançamos recentemente foi o SENAI de Caruaru, o que mostra a necessidade de desenvolver tecnologicamente o polo”.

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Cores “A região do Nordeste é muito importante para a J-TECK, pois é um grande polo têxtil que requer muita atenção, com relação à qualidade do produto apresentado. Os produtos oferecidos para moda, personalizados, carnaval e festas típicas mostram que o Nordeste vem avançando na sua produção têxtil e no desenvolvimento de produtos”, comenta Fabrício Correia Christoff, gerente de vendas da empresa. Assim, a distribuidora da italiana J-Teck, que produz tintas digitais sublimáticas e para impressão direta em tecido, ambas isentas de fenóis, ou seja, ecologicamente corretas, apresentou suas tintas com tecnologia Cluster, que encapsula as moléculas de forma que elas fiquem estáveis e não aleatórias. Com isto, oferece mais rapidez de impressão, qualidade e maior rendimento do litro de tinta. “Desta forma, com as tintas sublimáticas digitais J-TECK e seus equipamentos, os produtos de Pernambuco e região podem usufruir da melhor tecnologia de cores”, comenta Christoff. A empresa aproveitou a feira para contar uma novidade: além de suas tintas com tecnologia Cluster e Nano e das toalhas e tecidos para sublimação, agora a J-TECK também é distribuira da D-Gen no Brasil, trazendo plotters de alta tecnologia de impressão.

Denim Outra que apostou na região foi a Canatiba, que levou a Caruaru o “Canatiba Fashion Truck”, um caminhão adesiva-


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Canatiba (Divulgação)

Automatisa (Divulgação)

do equipado como um showroom itinerante, com exposição de peças-conceito elaboradas nos principais lançamentos de Denim para o Verão 2015, desenvolvidas em conjunto pelo consultor europeu Ricardo Batista, estúdio Denim & Jeans do designer Jairo Duarte e também por lavanderias parceiras. “O intuito da trazer o caminhão é fidelizar a marca, os clientes entenderem o que é a Canatiba e o que oferecemos para eles”, comentou Fabiana Chaves Lopes da Silva, coordenadora de produto e marketing da Canatiba. A Canatiba atua há mais de 40 anos no mercado, posicionada como marca premium, ostentando entre seus clientes grifes de jeanswear do Brasil e de diversos países da Europa, América do Sul, América Central e Estados Unidos. Tudo isto é resultado de pesquisa, investimento em novas tecnologias e análise do comportamento do mercado.

da tecnologia e seus benefícios, significa que o mercado não está parado, porque se estivesse ninguém investiria, e significa que o empresário nordestino tem visão de oportunidade, é empreendedor”, completa.

Laser

Corte

De olho nas necessidades dos empresários em geral e da região, a fabricante de máquinas de corte a laser Automatisa, apresentou uma gama de produtos diferenciados, em geral com dupla função e econômicos. “Entendemos que, na indústria têxtil, há necessidade de ser versátil e empregar várias técnicas com o mesmo produto. As empresas lançam mais coleções com lotes menores, até para concorrer com a China, e um equipamento com investimento muito alto não é sustentável”, explica Joana de Jesus, diretora da empresa. Assim, a Automatisa apresentou a DUA, que conta com dois cabeçotes para trabalhos simultâneos e abertura traseira para permitir a passagem de materiais extensos; ID Laser Fiber de porte compacto e custo operacional baixo; Mira LTX para o corte de materiais finos; e Prisma que executa o corte a laser de bordados, apliques, sobreposições, patches ou termo-adesivos. A Automatisa começou a atender a região, forte na produção de jeans, há mais de dez anos, e pode ser considerada responsável pelas mudanças verificadas no uso de tecnologia, principalmente no laser. “Quando viemos, falávamos de corte a laser e nos chamavam de loucos. Hoje mudou, porque fizemos um trabalho de aculturamento, de formação de pessoas, operadores e empresários, aos poucos. Enfim, demos uma atenção especial para a região, e hoje temos penetração importante no mercado. Isso mostra que a região enxerga o valor

A Silmaq apresentou, entre outros produtos, a Procut XL 7501, máquina de corte automática de tecnologia alemã. Projetada para cortar alturas de até 75mm em alta velocidade, foi desenhada para ser robusta e executar serviços pesados, garantindo produtividade, precisão e segurança. “O modelo foi desenvolvido inicialmente para atender ao exigente mercado de fabricantes de assentos para carros e aviões, então garante alta qualidade, tanto do produto final, quanto da própria máquina, que atende perfeitamente o segmento de vestuário, com baixos custos de manutenção e funcionamento”, comenta Ricardo Fischer, diretor de operações da Silmaq. Além da novidade, a Silmaq levou para a feira 27 equipamentos, em comemoração aos seus 27 anos de mercado. Entre outras, apresentou a máquina de estamparia em carrossel M&R Diamond Back e a Kornit Digital 931 Storm, que estampa digitalmente mais de 150 peças por hora, sem resíduos ou desperdício de tinta, além das máquinas de costura Siruba, SunStar e Nippon, a bordadeira com lantejoula SWF, e a novidade da casa, a japonesa Juki. “Posso dizer que hoje a região representa muito para nós, é um mercado em evolução. Fechamos um acordo com um distribuidor local e isso vai alavancar as vendas. Vamos treinar esse parceiro para fazer a demonstração das máquinas no showroom e, principalmente, poder cuidar do pós-venda, que a gente tanto preza”.

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Silmaq (Divulgação)


o)

Mercado A Andrade Máquinas atua há mais de 50 anos no mercado e apresentou as máquinas de costura: SA-G9100-NTFB para costura reta e que oferece a possibilidade de programação de ciclos para aplicação de etiquetas, bolsos em camisas e outras variações; SA-254 (foto) para tecidos pesados, com painel digital touch multifunções em oito idiomas e entrada USB para transferência de novos programas; e S-7000DD para tecidos leves ou pesados e com corte automático. A Brasil Digital é distribuidora da marca Epson e comercializa a linha de plotters F, com equipamentos específicos para sublimação nas medidas de 1,10 e 1,60 metro de largura, além de tintas sublimáticas e papel para sublimação. Com uma linha diversificada de elásticos e rendas para lingerie, modeladores, fitness, jeans, moda feminina, infantil e bonés, a Elastan apresentou rendas sublimadas, elásticos bordados com fio LYCRA®. Fabricante de enfestadeira, no mercado desde 1985, a Enfesmak apresentou sua linha de enfestadeiras eletrônicas, que não precisam de ar comprimido e contam com painel digital e mesas de corte. Além de mesas para corte de tecido. A Etical, que é da cidade de Caruaru e detentora da classificação ISO 9001, oferece uma linha completa de etiquetas para os segmentos de Jeanswear, Beachwear, Kidswear, Underwear, Casualwear, Surfwear e Sportwear. Fundada em 1991, a Etiqtêxtil atua no mercado de confecção, embalagens para presente, tags e impressos. Durante o evento além de mostrar suas linhas de caixas, folders, sacolas e tags, a empresa apresentará seu novo serviço: sublimação em offset para confecção. Divisão do grupo espanhol LASER SQUARE GROUP, dedicado à inovação no mundo da tecnologia laser, a Iberlaser mostrou as máquinas modelos Indi V para gravação e corte por laser por eliminação de matéria, indicada para as seguintes aplicações têxteis: jeans, camisetas, peças confeccionadas em geral, corte e gravação de couro. As máquinas dispõem de um sistema de alimentação com mesa móvel e podem realizar grandes produções com rapidez e precisão. A Imatec está há 20 anos no mercado e apresentou a Enfestadeira Automática IM 10 (foto), que conta com programação do comprimento e tipo do enfesto (zig-zag ou folha a folha), além de alinhamento eletrônico da lateral. A máquina pode enfestar tecido ramado ou tubular, faz corte de final de enfesto e contagem de camadas. A Metalsete apresentou dois modelos de enfestadeiras. A modelo M7E é semiautomática e pode ser usada para todos os tipos de tecido. Conta com berço desenrolador motorizado, que elimina a necessidade de passagem de ferro por dentro do rolo para desenrolar do tecido. O equipamento ainda enfesta no sentido ida e volta ou somente em um sentido. A Enfestadeira para malha tubular tem alinhamento lateral e longitudinal com regulagem de tensão e coxo desenrolador que dispensa a colocação de ferro no tubo da malha.

A Novo Aviamento apresentou botões personalizáveis, passadores, rebites, pingentes e enfeites que podem ser usados em bolsas, cintos, calçados ou jeans. Produtora de fios e tecidos para o mercado nacional e internacional, a RenauxView apresentou nove linhas de tecidos. A Lyn, por exemplo, tem detalhes maquinetados, que criam texturas, e é uma boa solução para peças que pedem leveza, fluidez e diferenciação. Seu fio de algodão 50/1 compactado dá ao tecido brilho e resistência, sua composição é de 100% algodão. Os climatizadores evaporativos Rotoplast reduzem a temperatura, limpam e hidratam o ar com baixo consumo de energia. A empresa oferece mais de 30 modelos para parede, de teto, para dutagem e portáteis, com a finalidade de atender ambientes em toda e qualquer área. A representante brasileira da empresa japonesa, a Tajima do Brasil, é especializada em máquinas para bordar. Um dos modelos apresentados foi o NEO Plus-TEJTII-C1501, uma máquina compacta e versátil de fácil operação. Há quase três décadas no mercado, a Trinox é especializada em aparelhos e serviços para máquinas de costura e trouxe aparelhos, automações e bastidores. Já a Andrade & Mantovani do Brasil apresentou máquinas de corte para o setor têxtil. RT

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Artigo

Produção sustentável Como reduzir custo, ganhar dinheiro e ser amigo do planeta com a utilização do modelo “logística reversa”. Proposta da metrologia têxtil e do Setor de Vestuário do SENAI BA. Resumo O presente artigo visa à destinação e controle dos núcleos e embalagens, no que se referem aos carretéis, cones, tubos, tubetes, dentre outros, os quais acondicionam as matérias-primas para composição do processo produtivo do segmento têxtil, vestuário, calçados, acessórios e posto de treinamento do setor. Em vista da Lei n° 6.938 de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e da Lei n° 12.305, de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), as embalagens supracitadas requererem uma atenção especial. O principal foco deste trabalho é a sustentabilidade e preservação dos recursos ambientais, fomentando o posicionamento e liderança na inovação, no intuito de fortalecer a implantação de uma estratégia para destinação dos resíduos, desprezíveis ou não.

Introdução O desafio da sustentabilidade passou a ocupar um papel fundamental entre os eixos estratégicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), onde o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é caráter decisório para gestão dos segregados sólidos. O PNRS, conforme Lei Federal de n° 12305, 02.08.2010, fomenta os seguintes critérios para controle e destinação dos resíduos, conforme exemplificado: não gerar, reduzir, reutilizar, reciclar, tratar e dispor adequadamente. A partir da Lei, podem ser observados direitos e deveres de todos e resguarda as responsabilidades de cada pessoa física ou jurídica a se conscientizar dos impactos negativos que podem ser causados pelos resíduos, se não forem descartados corretamente, de acordo com as propriedades físico-químicas de cada um. O princípio da logística reversa é “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação”. No contexto da cadeia produtiva têxtil e sua transversalidade, seu histórico remete ao processo de industrialização nacional. A atividade têxtil foi introduzida pelos portugueses, que ensinaram aos índios as primitivas técnicas de entrelaçamento de fibras ve48 I Revista Têxtil

Antonio C. Barbosa Bacelar Técnico Têxtil/SENAI CETIQT

getais. Eles exerciam atividades artesanais, e produziam telas grosseiras para várias finalidades, inclusive proteção corporal. O primeiro núcleo têxtil brasileiro foi a Bahia, com 5 das 14 indústrias que existiam no país, em 1866 (BARRETO, 2000). O setor de vestuário é composto por 21 segmentos de confecção distintos. O SENAI BA oferece serviços que objetivam contribuir com o aumento da competitividade da indústria, em vários segmentos, tornando-a mais produtiva e sustentável. O laboratório Têxtil e o Setor do Vestuário visam a prover e estimular as boas práticas industriais e de qualidade, no que tange aos fabricantes e consumidores, fortalecendo a macroeconomia e responsabilidade socioambiental.

Cenário e problemática dos resíduos sólidos na indústria têxtil e do vestuário A Bahia possui desenvolvimento fabril considerável, com grande número de empresas produtoras no ramo da confecção e algumas prestadoras de serviços relacionadas ao setor. O cenário baiano apresenta aproximadamente 618 empresas de pequeno e médio porte de confecção, fora os ateliês e arranjos domésticos de uma ou mais máquinas para aumentar a renda familiar. As fábricas estão divididas em: 07 empresas de tecelagens, 604 de artigos do vestuário e acessórios e 07 de malharias e tricotagens. Informações disponíveis no guia da FIEB, (2012). As etapas do processo produtivo do setor de confecção incluem desde o planejamento da coleção, desenvolvimento do produto, passando por todas as etapas de acabamento até a expedição. Grandes impactos são demostrados pelo setor têxtil, vestuário e confecção, podendo gerar mais de 34 tipos de resíduos, com destaque aos específicos do setor como carretéis, cones, tubetes, tubos de PVC, dentre outros. Estes resíduos são gerados a partir da compra de matérias-primas, e a utilização dos mencionados materiais apresenta volumes significativos. Em algum momento, os resíduos descartados serão transformados em outros novos produtos, pelos profissionais criativos e artesões, destinando-os de maneira parcial. Muitas das vezes, esta ação não é eficaz. Conforme a Lei Federal, todos devem se conscientizar sobre o gerenciamento, descarte e utilização dos resíduos, caso contrário, ficarão sobre os mesmos, conforme demonstrado na figura 1A.


Artigo A

B

Figura 1

Fotos: do autor

C

Figura 2

Com este trabalho, pode ser identificado outro viés de poluição. Na ilustração B da figura 1, só existia o cone vazio que, depois de passar pelo processo de reciclagem e transformação artesanal, agregou inúmeros objetos, com maior volume de resíduos em um só produto. Assim, ele ficará por um período de tempo nas instalações do indivíduo que contempla a arte e mais adiante será lançado ao lixo, onde resgatamos os produtos da ilustração B da figura 1C, que apresentam vários materiais integrados, como tampas e recortes de garrafa pet, entre outros. Diante deste fato, uma solução mais significativa seria reunir e direcionar esses resíduos que se apresentam intactos e poderão ser reutilizados no processo de rebobinagem para alimentação da cadeia produtiva. Este processo só poderá acontecer com a parceria entre fornecedor e consumidor dos cones e afins, visto que a geração de resíduos é oriunda das indústrias que utilizam insumos em larga escala, mas também dos pequenos consumidores. A proposta mais relevante seria o retorno destes ditos resíduos para a fonte raiz, por meio de uma negociação financeira entre as partes interessadas. A sinergia dos envolvidos resultaria em benefícios financeiros, já que o consumidor poderia repassar os materiais ao menor custo ou negociar por outros produtos, enfim, ganhar um percentual que justifique o acondicionamento e logística do retorno para a fonte raiz. Ainda o fabricante que necessita dos carretéis, cones, tubos, tubetes, dentre outros de propriedades poliméricas, metais, compósitos etc., poderá obtê-los em perfeito estado de uso com menor custo, além da ação ecofriendly. Com as parcerias firmadas para solução dos descartes, haveria para as empresas retorno financeiro e posicionamento no ramo mercadológico, por serem integradas com o verde. Esses e outros aspectos permitem melhorar a competitividade da organização no mercado. Portanto, é de extrema importância o envolvimento dos fabricantes e consumidores destes materiais, seguindo a Lei Federal de n° 12305, 02.08.2010, no compartilhamento das responsabilidades dos resíduos gerados. Na figura 2, a “logís-

tica reversa” para núcleos e embalagens no que concerne aos insumos mencionados neste artigo. Em caso dos insumos virem através da importação, o responsável poderá firmar parceria com fornecedor local para o fomento da “logística reversa” dos resíduos pertinente à fabricação, para retroalimentar a cadeia de fornecimento entre as partes e negociar valores para cobrir os esforços empreendidos no controle, destinação e aceitação dos resíduos. Em situações em que os núcleos e embalagens não estejam intactos, com a reutilização comprometida, ainda é possível direcioná-los para outros segmentos, como fabricação de resina, fundição e misturas com outros materiais, e/ou compostagem, e/ou em aproveitamento energético etc.

Inovação e tecnologia para redução de resíduos têxteis, vestuário e setor doméstico A inovação também é um fator importante quando se trata da gestão de resíduos nas indústrias de confecção, pois a incorporação de novos materiais, acessórios e equipamentos pode contribuir para aperfeiçoar o processo de produção e ajudar a minimizar a geração de resíduos, ou ainda, fornecer alternativas para diminuir os impactos negativos. Além da proposta para o controle e destinação dos núcleos e embalagens, é possível, a partir do estudo realizado, propor algumas ações ou direcionamentos fundamentados nos modelos de gestão relacionados à diminuição aos impactos ambientais. Com foco no estado da Bahia, foi possível identificar os resíduos têxteis gerados pela população do estado, de aproximadamente 14 milhões de habitantes. Em uma pesquisa com uma família composta de sete pessoas, foram encontradas peças de vestuário, acessórios, bolsas, malas, sapatos, estofados contendo zíperes danificados, totalizando 20,0 kg de resíduos (ver figura 3). Este número de descarte de resíduos, se ampliado ao número populacional brasileiro, pode causar impactos relevantes no planeta. Em face dessa situação crítica de resíduos domésticos, criei uma tecnologia para contribuir

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Artigo na redução dos impactos ambientais gerados pelos produtos que contenham zíper, bem como dispor comodidade e reduzir custo na contratação para conserto do produto. Sua utilização irá reduzir expressivamente a quantidade de resíduo têxtil doméstico. O cursor manual de zíper pode ser manuseado por qualquer pessoa e, por isso, irá atender qualquer público ou classe social. A invenção manterá a integridade total do produto, quando houver necessidade de substituição do cursor danificado para colocação do novo, gerando economia e evitando o descarte das peças no ambiente. Em relação aos restos de tecidos compostos de fibras orgânicas, químicas e mistas, é percebida a complexidade de sua destinação. Assim, sugiro: • Criação de leis específicas para regulação da gestão dos resíduos proveniente dos têxteis; • Desenvolver um programa de educação ambiental envolvendo empresários, funcionários, escolas e pessoas de modo geral, utilizando uma cartilha como instrumento de conscientização e destinação dos refugos e descartes dos têxteis; • Estudo da viabilidade da reciclagem do retalho ou peças confeccionadas a partir do processo de desfibramento do material, permitindo a fabricação de novos produtos, como estopas, material de enchimento ou reintroduzindo ao ciclo da manufatura para obtenção de fios x tecidos e cordões; • Elaboração de Plano de negócio para criação de empresa especializada em reaproveitamento de retalhos e peças do vestuário e confeccionados; • Fabricação de roupa de bonecas, lençol de retalhos, roupas fashions de modelo único, fuxicos, roupas para animais, sapatos, cintos, forro para botão e outros; • Estudo e viabilidade para direcionamentos dos rejeitos têxteis em adubos, fusão com materiais da construção civil e outros. Figura 3

Considerações finais Em geral, as empresas precisam mapear e desenvolver um plano de gerenciamento de resíduos, bem como identificar suas potencialidades de recursos financeiros para ampliação da receita e sustentabilidade nos negócios, por meio de uma parceria entre fornecedor e consumidor, para que ambos possam ter lucros, ao invés de poluir o meio ambiente de maneira irresponsável e agressiva. Há grande quantidade de retalhos de tecidos, agulhas quebradas, cartuchos de tintas para máquinas de impressão, embalagens plásticas e de papel, etiquetas e adesivos, linhas, paletes de madeira e de polímero, peças danificadas de máquinas, retalhos de ziper, metal e alumínio danificados resultantes dos processos fabris. Alguns desses materiais passam pelo processo de reciclagem em pequena escala. Outros, como carretéis, cones e tubos de pvc, percebeu-se neste estudo que não existe controle de destinação para reciclagem mais limpa. Contudo, são passíveis de reciclagem e geração de renda, porque já se encontram em perfeitas condições para serem reutiliRT zados no mesmo processo que foram gerados.

Referências LEONARD, Annie. A Historia das Coisas: da Natureza ao Lixo, o que Acontece Com Tudo que Consumimos. Zahar: Rio de Janeiro, 2007.

FILHA, Dulce Corrêa Monteiro, CORRÊA, Abidack. O Complexo têxtil. Disponível em <: www.bndes.gov. br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/livro_setorial/setorial11. pdf> Acesso em 10 de abril de 2013. GESTÃO dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias de confecção de Colatina/ES. Disponível em <www.redectidoce.org.br/sistema/arquivos/ artigos/85/185849080409agua__territorio_e_sociedade__sarina_.pdf : acesso em 10 de abril de 2013. GUIA industrial do Estado da Bahia 2011 – 2012. Salvador: FIEB – Federação das indústrias da Bahia, 2012.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: < www.ibge.gov.br/home> Acesso: em 07 de ago. de 2012.

BRASIL. Governo Federal. Lei Federal Nº 12305/10 - Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em <www.jusbrasil.com.br/legislacao/anotada/2469754/lei-12305-10> Acesso em 08 de jan. de 2012.

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BACELAR, Antonio Carlo Barbosa. Cursor removível de zíper. BR 102013010214-8. 28 de abr. de 2013. (Sob pedido de patente).


Artigo

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Artigo

Para todas as exigências, o passador certo

A

Jürgen Müller Product manager drawframes Ingolstadt da Rieter

Rieter é líder mundial em passadores, com mais de de 550 m/min, foram especialmente concebidos para 30.000 unidades vendidas dos tipos RSB/SB. Os serem utilizados depois do processo de penteação. nossos clientes usufruem de vantagens evidentes • RSB-D 35 CUBIcan – para grandes volumes de nos mercados graças às diversas inovações incluíenchimento e operação simplificada: O passador das em nossos produtos. Com a diversidade dos modelos e autoregulado RSB-D 35 CUBIcan enche latas retantipos, a Rieter põe à disposição de cada cliente o passador gulares com velocidades até aos 1 000 m/min. As adequado quanto à qualidade, produtividade, conforto de latas CUBIcan podem armazenar mais de 65% de manuseamento e espaço ocupado. A seguir, uma vista geral fita que latas redondas com as correspondentes vanda gama de passadores. tagens quanto a operação, qualidade e rendimento Todos os passadores autorregulados usam a tecnologia nas máquinas de fiar. de regulação RSB de elevada dinâmica. Assim, é garantida • SB 20 – o passador de duas cabeças para latas grandes: O passador de duas cabeças SB 20 não uma elevada qualidade dos fios e produtos finais, bem como um andamento excelente nos processos subsequentes. Toregulado, com velocidades de entrega até 1 000 m/ dos os passadores Rieter utilizam praticamente os mesmos min, é a preparação ideal para a penteação antes componentes tecnológicos, como por exemplo, cilindros de do UNIlap ou OMEGAlap. A máquina utiliza latas de pressão ou o prato giratório, para uma gestão flexível das grandes dimensões, até 600 mm com trocador de lapeças de reposição. tas e 1 000 mm sem trocador de latas. RT • RSB-D 45 e SB-D 45 – a linha para uma máxima flexibilidade: O SB-D 45 sem regulação, em conjunto com o RSB-D 45, contribui para um funcionamento exemplar em linhas da alta flexibilidade e rendimentos elevados. Ambos os modelos são praticamente iguais – facilitando assim a operação e a manutenção. • RSB-D 22 e SB-D 11– a linha que ocupa um espaço reduzido: 2 SB-D 11 e 1 RSB-D 22 são os parceiros ideais quando é exigida uma produção elevada aliada a um espaço ocupado reduzido e um baixo investimento. O RSB-D 22 garante qualidade, flexibilidade e produtividade máximas, graças às cabeças e regulações independentes. • RSB-D 45c e RSB-D 22c – a alternativa no conjunto de penteação Rieter: Os passadores autoregulados RSB-D 45c e RSB-D 22c, com a sua velocidade de entrega máxima O portfólio multifacetado dos passadores cobre eficazmente todas as exigências dos clientes

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OTM 2014, depois do sucesso da ITM Notícias

ACIMIT Os pedidos por máquinas têxteis cresceram durante o 4º trimestre de 2013, segundo a ACIMIT (Associação Italiana dos Fabricantes de Máquinas Têxteis), com um aumento de 5% comparado ao trimestre anterior. No entanto, no mercado interno os pedidos caíram 15%, reafirmando uma situação persistente e crítica. As exportações subiram 7% em relação ao trimestre anterior, e permaneceram como motor de crescimento para os fabricantes italianos. Em uma base anual, devido à baixa performance do Mercado interno, o índice caiu cerca de 4%, comparado com a média de 2012. “Esses são dados alarmantes”, comentou o presidente da ACIMIT, Raffaella Carabelli. “Especialmente para nosso mercado interno, onde parece que os investimentos na indústria têxtil estão completamente parados”. No mercado estrangeiro, depois de um declínio no terceiro trimestre, as vendas aumentaram no quarto trimestre. Apesar de incluírem apenas os dez primeiros meses do ano, os dados confirmam uma ligeira queda comparada com o ano anterior. “O forte euro contra muitas moedas locais é um fator definitivo”, explica o presidente da ACIMIT. “O mercado chinês também é causa para preocupação, uma vez que são responsáveis por 20% das nossas exportações, e seu investimento em máquinas têxteis caiu durante 2013”. Em apoio aos fabricantes de máquinas têxteis em seu processo de internacionalização, a ICE - Agência Italiana para promoção e internacionalização dos negócios italianos no exterior, junto com a ACIMIT, planejaram novamente uma intensa campanha promocional para a indústria em 2014.

Rieter Para a Rieter, 2013 foi um bom ano. Com uma melhoria no posicionamento de mercado, foi possível que a empresa alcançasse significantes crescimentos, tanto em quantidade de pedidos como em faturamento. Os pedidos no valor de CHF 1.259,4 milhões foram 50% maiores que no ano passado, enquanto o faturamento de CHF 1.035,3 milhões equivale a um aumento de 17%, comparado com 2012. A Rieter também conta com um acúmulo de pedidos de CHF 765 milhões, colocados até o final de 2013, que ainda serão faturados. Isso irá garantir uma alta utilização de sua capacidade até o meio de 2014. Depois de um início de ano não tão promissor, o mercado de máquinas de fibras curtas e componentes acelerou no meio de 2013. As margens das fiações continuaram a aumentar e estimularam os clientes a investirem. Seguindo o primeiro semestre forte, a demanda estabilizou na segunda metade do ano, mas ainda em um alto e satisfatório nível. A tendência positiva nos pedidos colocados e nas vendas de 2013 confirma que a Rieter está caminhando na direção correta, com a estratégia de inovação e expansão que vem sido implementada desde 2012. A demanda dos produtos da empresa cresceu pelo lançamento de novos produtos, com resultados positivos, tanto em mercados tradicionais como novos . Com essa gama de produtos centralizando em mercados específicos e suas novas plantas, a empresa está idealmente localizada de forma a atender uma rede mundial. As fiações na maioria dos mercados estão cada vez mais colocando sua confiança em maquinários e componentes que possibilitam um grau maior de automação, em conjunto com uma produtividade maior, melhor qualidade do fio e menor consumo de energia. Como o único fornecedor global de sistemas integrados para os quatro processos de fiar, a Rieter pode aperfeiçoar a operação completa da fiação alinhado com os objetivos específicos de cada cliente. Essa é uma vantagem competitiva e crucial para o cliente. Entre os países que se destacaram em pedidos, está a Turquia, onde a demanda foi particularmente forte com o apoio do governo focando o desenvolvimento. A Rieter também recebeu um volume substancial de pedidos na China, especialmente nos primeiros seis meses, devido à expansão da fábrica da Rieter no mercado local. De forma saudável a demanda pelas máquinas da Rieter continuou durante o ano em diversos outros países asiáticos, como Paquistão, Uzbequistão, Coréia do Sul, Bangladesh, Indonésia e Vietnam. As fiações nos Estados Unidos também estão renovando suas capacidades, uma vez que estão voltando a se beneficiar de custos estruturais competitivos.

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Notícias (Foto: SXC.hu)

ITMF – ICCTM A Federação Internacional do Fabricantes de Têxteis, ITMF, e o Comitê Internacional em Métodos de Testes de Algodão, ICCTM, deram total reconhecimento ao Aqualab, um instrumento de testes de fibras produzido pela Mesdan Spa, da Itália. O ICCTM se reuniu em Bremen, na Alemanha, no dia 18 de março, na abertura da 32ª Conferência Internacional do Algodão. O Mesdan Aqualab é um instrumento para medir a quantidade e recuperação de umidade da fibra. Essa mensuração é obtida por uma inovadora tecnologia de ressonância de micro-ondas de baixa força de uso rápido e fácil. A rápida medição do conteúdo e recuperação da umidade é útil em cada estágio da cadeia de valor do algodão, para otimizar a produção de fios e tecidos e determinar seu valor com precisão. Mais informações disponíveis no www.itmf.org.

Exportações aos EUA

Oerlikon

Embora siga deficitária no comércio exterior, a indústria têxtil e de confecção do Brasil demonstra tendência de recuperação de alguns mercados importantes, em alguns casos com produtos de maior valor agregado. Os EUA foram um dos países para onde as exportações brasileiras voltaram a crescer no começo deste ano. Além da retomada dos embarques, quando se comparam os volumes vendidos e o valor das operações, percebe-se haver um ganho de rentabilidade no comércio com os norte-americanos. Eles compraram 1,69% a menos de têxteis e confeccionados brasileiros, em termos de volume, no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2013. Entretanto, o valor foi 30,16% maior, alcançando US$ 22 milhões, ante US$ 16,90 milhões. “A despeito das dificuldades enfrentadas no comércio exterior, o setor têxtil e de confecção do Brasil vem se preparando há algum tempo para produzir, cada vez mais, produtos com valor agregado e DNA nacional. Aqui existem 32 mil indústrias, das fibras até as confecções, dos engenheiros aos estilistas. Somos a última cadeia completa do Ocidente”, diz Rafael Cervone, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).

As primeiras bobinadeiras WinTape começaram sua produção em duas reconhecidas fábricas americanas de carpete. As máquinas, inteiramente automáticas, contam com sistema de rebobinagem que ganha pontos por ter um baixo nível de envolvimento do operador: dependendo da aplicação tecnológica, a bobinadeira opera sem nenhum pessoal por até 24 horas. A precisão automática da rebobinagem convence em sua transferência quando processando em fita única ou dupla. A transferência automática de duas fitas para pacotes de urdidura usados em carpetes era um desfio técnico não resolvido até agora. O sistema de controle central da máquina garante um excelente pacote de qualidade, com um ciclo de operação descomplicado. Uma boa relação custo-benefício faz da WinTape um investimento prudente: os custos de aquisição para a bobinadora automática são cerca de metade das concorrentes. A WinTape forma uma dupla eficiente quando combinada com o Sistema Evo Tape, também recém-lançada: com mais de 50% de eficiência comparado com sistemas convencionais, a Oerlikon Barmag conseguiu um salto quântico em termos de eficiência.

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u)

Notícias Rhodia lança fio biodegradável

Saia produzida com o fio biodegradável Rhodia. (Agência Fotosite)

A Rhodia, empresa do grupo Solvay, anunciou o lançamento do primeiro fio biodegradável do mundo, o Amni Soul Eco. A empresa traz ao mercado, em parceria com Ronaldo Fraga e a Santaconstancia, o primeiro tecido biodegradável em poliamida que se desintegra 50% em pouco mais de um ano dentro de aterros sanitários. O lançamento é exclusivo, inédito e tem tecnologia brasileira. O Amni Soul Eco é um fio de poliamida 6.6, que foi aprimorado em sua formulação para permitir que roupas feitas a partir deste fio se decomponham rapidamente após serem descartadas em aterro sanitário. O lançamento foi feito nas peças da coleção do estilista no SPFW. “Este lançamento é um compromisso da Rhodia com o planeta e a indústria têxtil. A fibra de poliamida, em média, demora décadas para se decompor. Com esse lançamento, o tempo diminui para menos de 3 anos. É uma evolução enorme para a indústria e, assim, cumprimos nosso papel com a natureza e com as futuras gerações”, explica Francisco Ferraroli, presidente da área global de negócios Fibras, do grupo Solvay. Com lançamento comercial previsto para o mês de maio, o fio Amni Soul Eco mantém os diversos benefícios da poliamida para os consumidores, como toque macio, extremo conforto, transpirabilidade, absorção de umidade, easy-care, fácil lavagem e inúmeras cores para a indústria produzir as mais variadas peças.

Vicunha A Vicunha Têxtil, maior produtora de índigos e brins do mundo, estará presente nas vitrines de renomadas marcas internacionais nas próximas temporadas. Fornecedora de longa data de grifes como Diesel, Trussardi e Liu Jo, seus denims e sarjas marcam presença nas suas novas coleções. É o caso da Diesel, que terá em sua coleção principal diversas peças com artigo exclusivo desenvolvido pela Vicunha. O brim Comaneci, tecido nobre com o diferencial Special Touch® e altíssima elasticidade - ideal para a confecção de artigos mais justos, como as calças skinnies - recebeu o acabamento Metallic Glam, que confere ao tecido luminosidade e brilho tecnológico. Com a predominância de cores escuras em sua nova coleção, a também italiana Trussardi firmou novamente a parceria com a Vicunha em 2014. Entre as peças em jeanswear, destacam-se artigos com o Denim Marina Dark, tecido de toque ultramacio e tingimento Special Dye, combinação de sulphur e índigo que resulta em uma tonalidade de azul super intensa. Para a próxima Primavera/Verão, a Liu Jo terá em suas lojas distribuídas pela Europa, Ásia, África e Amércia do Norte diversos modelos com o tecidos Colbie e Danusa da Vicunha, denims premium da família Super Power Stretch, com toque macio, total conforto e maciez - ideais para a confecção de peças justíssimas. Os artigos possuem o tingimento com corante puro índigo em tonalidade superintensa, que permite a confecção de peças que vão do azul escuro aos muito claros e limpos. Inovador, o processo proporciona ainda uma ampla gama de padrões de lavagem.

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Notícias

Aumento dos juros O Banco Central anunciou, no dia 02 de abril, mais um aumento na taxa básica de juros. Foi a nona alta consecutiva e, desta vez, chegou a 11%. Trata-se de uma resposta do governo às pressões para segurar a inflação, especialmente em ano eleitoral. No entanto, a política monetária pode ter chegado a um ponto em que os resultados obtidos são contrários aos esperados. “A nosso ver, isso é extremamente penoso à indústria e ao varejo, porque inibe o consumo, aumenta os custos, tira a competitividade e reduz o investimento”, diz Alfredo Emílio Bonduki, presidente do Sinditêxtil SP. Para ele, o país já pratica uma das taxas reais de juros mais altas do mundo, em torno de 5% ao ano, o que significa que não há justificativa para um novo aumento. Para Bonduki, há um ciclo vicioso no aumento de juros, já que ele causa o aumento da dívida e, por consequência, o aumento do risco, que leva a um novo aumento de juros, e assim por diante. “Outra coisa, quando o governo aumenta os juros, encarece e, portanto, dificulta o crédito. Isso desestimula o investimento. Para se obter produtos baratos, mais competitivos, é necessário que haja aumento da produção. Como isso pode ser feito se o custo financeiro dos investimentos ficou mais alto?”, questiona Bonduki, que aponta ainda outros problemas nessa política do governo, como o adiamento do ajuste de tarifas públicas, por exemplo, energia e combustível. “Esse remédio já não tem mais o efeito que o governo quer, de controle de inflação. No fim das contas, quem paga por esse aumento é todo o setor produtivo e, consequentemente, toda a sociedade”. Agora é necessário tomar outras medidas, como adotar uma política fiscal mais austera, com redução das despesas correntes. Aí sim teríamos um efeito real de redução da taxa de inflação”, finaliza.

O novo denim SVELT, tecido tecnológico de alto rendimento desenvolvido pela Tavex, foi eleito como uma das 100 inovações de destaque em 2013 pela publicação espanhola Actualidad Economica, com o prêmio “Las 100 Mejores Ideas”, na categoria Estilo de Vida. O tecido interage com o corpo humano trazendo benefícios para o usuário e foi lançado apenas no Brasil, em novembro de 2013, na coleção Verão 14-15 da Tavex. “A inovação contínua é um dos valores Tavex. Por ser uma empresa de atuação global, investe na inteligência do desenvolvimento de produto, alinhado às tendências das coleções da Europa, e busca inovações em novos processos de acabamentos especiais, assim como novos tecidos”, explica Lilian Yukimi Kurosaki, gerente de Marketing Jeanswear da Tavex. O SVELT faz parte da linha Denim Therapy® by Tavex, que agrega tratamento de alto desempenho ao organismo, especialmente relacionados à sensação de bem-estar. “A cada temporada lançamos no mercado produtos altamente diferenciados, que nos permitem seguir liderando o mercado global de denim premium”, diz Lilian. Por suas propriedades cosméticas, o tecido melhora a textura e qualidade do colágeno da pele, ajudando no combate à celulite. O jeans foi atestado pela empresa Kosmoscience Ciência & Tecnologia Cosmética e aprovado em testes de lavagem industrial.

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Foto: Divulgação

Tavex


Notícias

Cedro

Com metas arrojadas para os próximos anos, como atingir um faturamento de R$ 1 bilhão até 2017, a Cedro investe em ações pré e pós-venda para ganhar competitividade e a preferência dos confeccionistas. Com 142 anos, a tecelagem reconhece que lida com um ambiente altamente competitivo, disputando as atenções de um consumidor que valoriza roupas inovadoras. Por isso, oferece ao mercado confeccionista uma série de serviços para orientá-los sobre as tendências mais assertivas da temporada, para que suas coleções possam atender esta demanda. A cada período de lançamentos, a Cedro promove apresentações nos principais polos confeccionistas do País, levando as tendências em cores, estampas, formas e aparências para o segmento Jeanswear, além de consultoria técnica e de estilo. Neste ano, regiões importantes como Toritama (PE), Rio do Sul (SC), Blumenau (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), São João Nepomuceno (MG) e a capital paulista estão na programação, que destaca os direcionamentos para a Primavera/2015. Além disso, duas vezes ao ano, os clientes e formadores de opinião do mercado de moda recebem a revista Fix Pin, que destaca os hits da temporada através de editoriais e informações técnicas sobre processos e tendências de lavanderia. Recentemente, a tecelagem lançou um aplicativo gratuito para celulares e tablets para a divulgação dos mais modernos processos de lavanderia para o segmento Jeanswear. A novidade oferece “receitas” e direcionamento para lavagens especiais e os contatos de todas as lavanderias homologadas pela Cedro no território brasileiro, além de acesso à Cedro TV, onde o confeccionista pode encontrar vídeos sobre lançamentos, novidades e participações em feiras e eventos. “O compromisso que temos com nossos clientes começa antes mesmo dos pedidos, ocasião em que já oferecemos orientação técnica e de moda para que as escolhas sejam adequadas ao seu perfil de público e estratégias comerciais”, declara Oto Rafael Arantes, Gerente Comercial de Moda da empresa. “No pós-venda, este relacionamento também é intensificado, através de ações que possam diferenciar o produto no ponto de venda e proporcionar maior competitividade ao confeccionista”. O executivo destaca a atividade de promoção da nova linha de tecidos BioFashion, produzida através de processos inovadores e sustentáveis, onde os confeccionistas recebem etiquetas exclusivas, desenvolvidas com papel reciclado e impregnado de sementes que podem ser cultivadas, para serem anexadas às peças prontas. A Revista Têxtil cobriu o lançamento da linha (ver edição passada) durante o Première Vision SP.

Foto: Divulgação

Prêmios internacionais

(Foto: Divulgação)

No dia 24 de março, a Silmaq recebeu duas importantes premiações da israelense Kornit Digital, líder global do mercado de impressão digital para o segmento têxtil, durante evento realizado na cidade de Tel Aviv, em Israel. Estas premiações reconhecem a atuação de destaque da Silmaq, tanto no apoio e suporte ao cliente, quanto em vendas na América Latina, e reforçam ainda o compromisso da empresa em oferecer os melhores recursos e soluções para a indústria brasileira. Na ocasião, os executivos da Kornit Digital, Sarel Ashkenazy – Diretor Comercial e Efi Danieli – Diretor Internacional de Apoio ao Cliente, entregaram os troféus para Júlio Miranda – Coordenador de Estamparia Digital da Silmaq.

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Feiras & Eventos

Genebra recebe 11ª edição da Index

E

ntre os dias 8 e 11 de abril, produtores de nãotecidos, fornecedores de matéria-prima e maquinário se juntaram na 11ª INDEX, realizada em Genebra, Suíça. Mais de 530 expositores ofereceram serviços e produtos, entre eles: BRÜCKNER - O grupo da Alemanha é mundialmente conhecido como produtor de linhas avançadas de ligação e acabamento para nãotecidos, tecidos técnicos e clássicos. Com mais de 60 anos de tradição e experiência, desenvolve máquinas que trabalham com larguras de até oito metros. O recém-desenvolvido forno de termofusão trabalha efetivamente e quase sem perda de energia. A gama de produtos da BRÜCKNER para a indústria de nãotecidos compreende unidades de revestimento e aplicação, termofusão e fornos de definição de calor (com design vertical ou horizontal), com sistemas diferentes de transporte de tecido, tais como cadeias de stenters, cilindros, rolos de trilha ou cintos, linhas de alta temperatura (mais de 350°C temperatura de processamento), secadores airlaid, secadores de tambor, unidades de corte e bobinagem, bem como unidades de recuperação de aquecimento e limpeza a ar de exaustor. DiloGroup - Projeta linhas completas para diferentes produtos e aplicações de nãotecidos, tais como carpetes, tecidos automotivos, geotêxteis, meios filtrantes, couro sintético e feltros de fibras naturais. Além disso, oferece instalações para a produção de descartáveis que são usados em cosméticos, medicina e higiene. O grupo já entregou mais de 260 linhas de produção completas para a indústria de nãotecidos. Para atender à demanda pelo desenvolvimento de novas fibras, a Dilo instalou uma linha de laboratório com largura de trabalho de 0,6m, com tecnologia de sucção e filtro, especialmente adaptada para avaliação de pequena escala de todas as fibras, incluindo o processamento de carbono. Assim, além das três linhas de produção com larguras de 2,5 a 3,5m, oferece agora a chance de produção em

Autefa (Divulgação)

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baixa escala, onde fibras especiais podem ser testadas no processamento e aplicação. AUTEFA - Para aplicações de fibras como linho, bambu e coco, o uso da máquina formadora de tecidos aerodinâmica Airlay Card K12 Direct da Autefa é particularmente efetivo. É uma máquina pequena e compacta e permite um tratamento gentil da fibra. As fibras renováveis são usadas para criar fibras tridimensionais de nãotecidos volumosas que são, então, processadas em compósitos, por exemplo com propileno ou poliéster nas camadas de cima ou de baixo. A Airlay Card K12 Direct se adapta a produções de tecidos de qualidade em uma relação de 80g/m2 até 6000g/m2. Devido à transferência direta da calha de alimentação para a Airlay Card, sem uma abridora adicional, as fibras são gentilmente abertas e transformadas em nãotecidos. TRÜTZSCHLER – Três empresas dividiram o estande para apresentar novas tecnologias para produção eficiente de nãotecidos diferenciados. A Trützschler Nonwovens & Man-Made Fibers apresentou dois novos componentes feitos sob medida: a altamente produtiva Streamliner, uma secadora a ar de alto desempenho, e a bobinadeira automática BWT 203-30, especialmente desenvolvida para as linhas de spunlacing. Outro foco foram as linhas de produção completas de abertura de fibra, formação do véu, consolidação até o enrolamento. A parceira Voith Paper respondeu a todas as questões sobre plantas para nãotecidos para lenços humedecidos e outras aplicações. Basicamente, todas as fibras podem ser umedecidas na HydroFormer, já que são dispersas em água e não excedem um certo comprimento em relação ao diâmetro. A Trützschler Card Clothing ampliou a gama de produto no tratamento de superfície das guarnições. Fios com código B agora estão disponíveis para aplicações de higiene para uso no cilindro, rolos e doffer. A nova guarnição do doffer NovoDoff com 450 ppsi é desenvolvida especialmente para nãotecidos spunlace de peso leve e é mais adaptada para fibras longas, devido às propriedades de transferência otimizadas. RT

Trützschler (Divulgação)


Feiras & Eventos

53º Congresso

Foto: Divulgação

Dornbirn Man-made Fibers

Foto: Divulgação

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53º DORBIRN – MFC será realizado entre os dias 10 e 12 de setembro de 2014, com aproximadamente 100 palestras ministradas por especialistas. Representantes da indústria de fibras sintéticas, da sua cadeia de processamento e pesquisadores acadêmicos usam esta plataforma de comunicação para um intercâmbio intensivo de ideias. Os desafios globais dos desenvolvimentos no setor financeiro e econômico mostram que, junto com as inovações, eficiência de custo e competitividade se tornam fatores chave para o sucesso da indústria europeia de fibras. A sessão plenária tradicional de abertura começará com apresentações da Lenzing AG, CIRFS/Brussels, a entrega do prêmio Paul-Schlack, uma palestra da Bionic Strategy/D sob o título “O reencantamento do mundo – estratégias de sobrevivência com marcas como contadoras de história modernas em um mundo engenhado”. Depois de um curto intervalo, a EDANA falará sobre os desenvolvimentos em nãotecidos, seguidos pela OECD com a palestra sobre a padronização dos métodos de testes antibactericidas. Depois do intervalo para almoço no dia da abertura, o tema principal “Estratégias globais para uma mudança” tratará alguns fatores decisivos para o sucesso. A Comissão Europeia começará com uma palestra sobre a experiência 2020, com foco em inovação e recursos sustentáveis, seguida pela Fenwis Gmbh, com um relatório sobre os mercados futuros e descobertas no campo dos têxteis e fibras sintéticas. A INVISTA apresentará os resultados de uma pesquisa de mercado sobre as tendências dos consumidores em têxteis. A Radici Partecipazione SpA falará sobre sustentabilidade como fonte para oportunidades de mercado, encontrando os desafios para uma produção integrada. A RWTH Aachen finalizará esta seção com um relatório sobre a indústria 4.0, focando em trabalhadores da indústria têxtil. RT

Principais temas Outra novidade desta edição do evento é a seção “Tecnologias Chave”, que irá tratar sobre as últimas descobertas no campo de acabamento, revestimento, máquinas para fiação/ extrusão e desenvolvimentos conjuntos entre pesquisadores acadêmicos e indústria. Os temas principais são os seguintes: • Estratégias Globais para Mudança (Especiais de Mercado/ Novos Modelos de Negócios) • Inovações em Fibras e Filamentos (Matérias-primas baseadas em óleo e bio, fibras de carbono, funcionalidades). • Nãotecidos/ Filtração • Automotivo (Transporte – trem, navio, ar) • Tecnologias chave (Acabamento, revestimento, fiação/ extrusão).

Revista Têxtil I 59


Feiras & Eventos

Teknik Fuarcilik e Tüyap se juntam para a OTM 2014, depois do sucesso da ITM

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Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

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aziantep é uma das cidades mais importantes do sudeste da Turquia e está sendo preparada para receber indústrias de vestuário e têxteis do mundo. A OTM 2014 Exposição de máquinas têxteis do Oriente Médio (Middle East Textile Machinery Exhibition) chama a atenção de participantes locais e internacionais. Isso porque a parceria entre Tüyap Tüm Fuarcılık e Teknik Fuarcılık, que organizaram a ITM Texpo Eurasia, a mais importante feira de máquinas têxteis do mundo, se renova neste novo encontro, que acontecerá em Anatólia, região considerada um centro de investimentos têxteis. Realizada entre os dias 16 a 19 de outubro, a OTM conta com a colaboração da Câmara de Comércio de Gaziantep e promete reunir os mais importantes fabricantes de tecnologia do mundo em cerca de 30 mil m2 de área interna, no Gaziantep Ortadogu Fuar Merkezi. A OTM 2014, cujas vendas de espaço já começaram, será um encontro muito importante na região, onde os investimentos aumentaram consideravelmente nos últimos anos. Decisões políticas e econômicas recentes da Turquia tornaram a região da Anatolia um importante centro de investimento. Assim, investimentos no setor têxtil começaram a ser feitos em cidades como Adıyaman, Diyarbakır, Osmaniye, Sanlıurfa, Mardin, Malatya e Nigde, além de Adana, Gaziantep, Kayseri e Kahramanmaras, que são as cidades têxteis mais importantes da Turquia. Gaziantep, que está localizada no centro dessa região, tem as características ideais para receber as empresas mais importantes de têxteis e vestuário do mundo. É cidade mais apropriada para o evento, devido à sua estrutura e hotelaria. Mais do que isso, tornou-se o centro econômico e comercial da região, também por ser acessível por muitos voos nacionais e internacionais diariamente. Portanto, os fabricantes têxteis do mundo, que conhecem o significado e importância de Gaziantep para a indústria têxtil e que confiam na parceria da Teknik Fuarcılık & Tüyap, já começaram a se inscrever para a OTM 2014. Os retornos logo após o anúncio da feira mostraram que a OTM será cheia e bem-sucedida. Especialmente os fabricantes de fios, tecnologias para tecelagem plana, malharia e acabamento mostraram grande interesse na exposição, por causa dos investimentos na região. Empresas fabricantes de tecnologia também fizeram suas reservas. Mais ainda, sindicatos de vestuário de muitos países também mostraram interesse em se juntar à exposição. A OTM 2014 atrai grande interesse do exterior. RT

Tecnologias oferecidas • • • • • • • • • • • • • • •

Máquinas de preparo para algodão e fibras; Máquinas e acessórios para preparo do fio; Máquinas de bobinagem; Tecnologia para nãotecidos; Tecnologias de preparação à tecelagem; Máquinas de tecelagem; Máquinas de carpete e tafting; Máquinas de malharia circular e reta; Pintura, impressão, estamparia digital, máquinas de acabamento; Químicos têxteis; Dispositivos de laboratório e sistemas de controle de qualidade; Máquinas de bordar e acolchoar; Máquinas de vestuário; Sistemas de aplicação e automação CAD, CAM, CIM; Peças e acessórios para máquinas.


Feiras & Eventos

Revista TĂŞxtil I 61


OTM 2014, depois do sucesso da ITM Feiras & Eventos

Os resultados da 34ª Texworld, Feira internacional de tecidos, acessórios e aviamentos, realizada em Paris, Le Bourget, entre os dias 17 e 20 de fevereiro, deixaram a sensação de que o setor está testemunhando um começo de crescente prosperidade. O evento atraiu 13.523 visitantes de 103 países, um aumento de 11%, comparada com fevereiro de 2013, que descobriram novos produtos oferecidos por 631 expositores de 25 países. Com este aumento excepcional, a Texworld registrou um excelente recorde e demonstra seu papel como uma força motriz para a moda em Paris. A exposição atraiu todos os profissionais da indústria, de marcas maiores às fast fashion, novas ou já renomadas, que estiveram no evento para comprar, descobrir novas tendências e inovações, promover desenvolvimento de novos produtos e intercâmbio de ideias sobre sustentabilidade e tendências da estação. As tendências para o verão 2015 foram apreciadas e o Fórum Mash-Up foi invadido por designers e agências de estilo. Os diretores artísticos de tendências, Louis Gérin e Grégory Lamaud apresentaram os tecidos principais para o próximo verão, que terá cores suntuosas. Entre as inovações, muitos expositores investiram em soluções sustentáveis, como reaproveitamento e baixo consumo de água, desenvolvimento e uso de métodos ecofriendly de tingimento, ou ainda de materiais orgânicos e reciclados. O evento contou com o Fórum Sustentável, onde 200 amostras dos melhores tecidos sustentáveis foram apresentadas em um cenário projetado usando lona e barbante. A próxima Texworld será realizada de 15 a 18 de setembro de 2014, no Le Bourget, Paris.

A Suessen também apresentou suas tecnologias em eventos recentemente. Durante os dias 10 a 13 de abril, a empresa esteve presente na Saigontex 2014, no estande do agente local Corvet holding AG. A empresa participou da feira com o slogan: “… soluções orientadas para o mercado”, para demonstrar sua competência em lidar e processar fibras, naturais ou não, com os processos de anel e rotor. Desde sua fundação, em 1920, a Suessen vem sendo de grande valor para a indústria de fiação por uma imensurável quantidade de inovações e desenvolvimentos com efeito e influência na história da fiação. Alguns desenvolvimentos históricos são os TwinDisc para OpenEnd-Rotor SpinBoxes, a SpinBoxes SE-Series para Autocoro Rotor Spinning Machines SE 7 – SE 10, os sistemas HP Drafting para fiação de anel e máquinas itinerantes e a EliTe®Compact Spinning System. A empresa mostrou, na Saigontex, que possui tecnologias líderes para fiação, que garantem muitos benefícios de produtividade para os clientes, além de um retorno de investimentos constante, pela aquisição de pacotes de modernização. Uma das táticas, além dos constantes investimentos em pesquisa e desenvolvimento, é aplicar isso diretamente nas fábricas dos clientes. Em particular, com foco em aplicabilidade universal, qualidade melhorada do fio, aumento de vida de serviço, manutenção reduzida e confiança na aplicação industrial. Entre os destaques apresentados na SaigontexShow, a EliTe®CompactSet V5, HP-GX 3010 Top Weighting Arm, ACP Quality Package com o novo PINSpacer NT e o sistema a vácuo EliVAC-CDS e peças premium – components para fiação.

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Foto: Divulgação - Suessen

Saigontex 2014

Foto: Divulgação

Texworld 2014


Feiras & Eventos

ITMA ÁSIA + CITME

A quarta edição da ITMA Ásia + CITME será realizada entre os dias 16 e 20 de junho, no Novo Centro de Exposições Internacional de Xangai, e ocupará 152.200 m2 em 13 halls, 15% maior do que a última edição, em 2012. Até hoje, o evento atraiu a participação de 1.351 fabricantes de máquinas têxteis de 27 países e regiões. A maior parte da área é ocupada por expositores chineses (66%), seguidos dos europeus, com 22%. “Fabricantes de máquinas têxteis estão empolgados com o mercado asiático, particularmente a China. Os investimentos em tecnologia para ajudar a indústria de têxtil e vestuário continuam à frente dos competidores e ainda fortes”, comenta Charles Beauduin, presidente da CEMATEX. “O interesse no evento permanece extremamente forte. Como a indústria têxtil da China continua sua transformação, a demanda por maquinário avançado e tecnologia está aumentando. Isso também é refletido na atual tendência de crescimento nos negócios de máquinas têxteis”, completou Wang Shutian, presidente da Associação de Maquinário Têxtil da China (CTMA). De acordo com estatísticas da Administração Geral de Alfândega, as exportações da China de têxteis e vestuário somaram US$ 26 bilhões, em 2013. Isso representa um aumento de 17% em relação ao ano anterior.

ITMA 2015 O Comitê Europeu de Fabricantes de Máquinas Têxteis, CEMATEX, anunciou que irá promover um apoio a todos os participantes do Pavilhão Research & Education (pesquisa e educação), na ITMA 2015. “Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como educação e treinamento, são extremamente importantes se a indústria têxtil e do vestuário pretende ficar à frente, na curva tecnológica”, explicou Charles Beauduin, presidente da CEMATEX. “Como na última edição o pavilhão foi um sucesso, convidamos até mais instituições para mostrarem seus projetos, capacidades e programas, com descontos de pelo menos 50% nos custos do seu estande”, acrescenta. Além disso, o pavilhão contará com uma Plataforma de Discursos para os institutos participantes dividirem seus conhecimentos e últimos projetos. Um comitê técnico está sendo formado para selecionar apresentações para a plataforma. Organizações interessadas em participar do pavilhão Research & Education da ITMA 2015 ou solicitar a concessão podem visitar www.itma.com ou pelo e-mail application@itma.com. A ITMA 2015 acontecerá entre os dias 12 e 19 de novembro de 2015, na Fiera Milano Rho, em Milão, Itália.

GO TEX SHOW 2014

Pan Faming, Diretor do Grupo China Trade Center. (Divulgação)

A GO TEX SHOW – Feira Internacional de Produtos Têxteis, cuja primeira edição foi realizada em outubro de 2013, no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo (SP), vai crescer e mudar de endereço. A primeira edição do evento recebeu 5 mil visitantes - na sua maioria confeccionistas em busca de matérias-primas -, que conferiram os lançamentos de 340 expositores. Neste ano, a GO TEX SHOW acontece entre os dias 27 e 29 de outubro de 2014 no Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte, também localizado na capital paulista. Com a mudança, os promotores querem acomodar melhor os expositores e os visitantes. “Resolvemos mudar o local de realização da feira porque na edição de 2013 comercializamos 100% dos espaços e não conseguimos atender a todos os potenciais expositores interessados em participar do evento. No Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte contaremos com uma área de 8.828m² - contra os 6.500m² do ano passado -, o que nos permite um crescimento médio de 36%”, declara Pan Faming, Diretor do Grupo China Trade Center, promotor da feira.

Revista Têxtil I 63


Feiras & Eventos

A Fimec – Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes – foi realizada entre os dias 18 e 21 de março, em Novo Hamburgo. O evento consolidou a posição de segunda mostra mais importante do mundo no setor coureiro-calçadista, recebendo lançamentos e novidades expostas por mais de 600 expositores, que representaram aproximadamente 1.200 marcas. Cerca de 40 mil pessoas de 41 países passaram pela feira, que reúne desde acessórios até a demonstração de equipamentos, componentes e produto final. A Groz-Beckert apresentou, com seu agente, o Grupo NS, os mais recentes produtos e serviços. O destaque ficou com o SEWING5, plano de serviços que representa os cincos S: Suprimento, Soluções, Serviço, Superioridade e Sustentabilidade, foco da Groz-Beckert. Assim, a geometria inovadora da agulha LoopControl®, de ponto corrente e fixo, ajuda a formar a laçada perfeita. As agulhas com pontas arredondadas distintivas são gentis com o material e causam menos dano e quebra às pontas das agulhas. Outros produtos também foram apresentados. Além da alta tecnologia empregada nos materiais que fabrica, os produtos nãotecidos da Freudenberg são totalmente isentos de substâncias restritas, que podem causar danos à saúde dos profissionais envolvidos nos processos produtivos da indústria calçadista ou até mesmo dos consumidores. Entre as novidades, destaque para a linha de palmilhas cementadas (palmilhas de montagem) e as novas linhas de palmilhas para construção Strobel, que chegam ao mercado sob o conceito “Binder Free”, por serem fabricadas sem uso de resinas. A Haco também expôs suas novidades na FIMEC , com destaque para suas novas soluções em embalagens. Outra novidade foi a Coleção Jacquard Recuerdos, desenvolvida em parceria com a artista plástica Celaine Refosco (profissional à frente do Estúdio Orbitato – Pomerode/SC). Os tecidos trazem diversas possibilidades de aplicação no vestuário, calçados e decoração. “Durante os quatro dias de feira, o estande foi visitado por clientes e prospects das indústrias de calçados, móveis estofados e automotiva, associações do setor e representantes de escolas. Esta edição FIMEC superou nossas expectativas, realizamos muitos contatos e os clientes responderam positivamente à solução de couro, acreditamos na possibilidade de bons e novos projetos,” concluiu Daniella Ambrogi, marketing manager da Lectra, que também expôs suas soluções especializadas no evento.

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Foto: Divulgação - Lectra

Fimec

Café no Bule Fashion Tricot Um dos principais polos de produção de malhas do Brasil, a Serra Gaúcha recebeu o lançamento da Café no Bule Fashion Tricot Inverno 2015, que será realizada de 21 a 23 de Outubro de 2014 no Serra Park, em Gramado. A feira, promovida pela Cia das Feiras, apresentará toda a cadeia de tricot para a próxima estação. “Para nós é muito importante apresentar a feira para o polo de malhas da Serra Gaúcha. É um público que, sem dúvida, terá um papel de destaque na Café no Bule Fashion Tricot Inverno 2015”, destaca o diretor da Cia das Feiras, Claudio Goerl. A Cia das Feiras promove três eventos em Gramado/RS. O objetivo é unir moda, negócios, turismo e lazer. A Café no Bule Primavera Verão ocorre de 13 a 15 de Maio de 2014 e a Café no Bule Inverno 2015 ocorre em janeiro de 2015.


Feiras & Eventos

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