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A VIDA SEGUE

A VIDA SEGUE

SPFW TRAZ MODA SUSTENTÁVEL

E INCLUSÃO RACIAL PARA EVENTO ONLINE

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Para se adequar às condições sanitárias em vigor devido à pandemia de Covid-19, a edição 51 da semana de moda paulistana apostou novamente no formato 100% digital, como fez em novembro do ano passado, quando comemorou 25 anos de história. O evento, em formato de festival, se realizou entre os dias 23 e 27 de julho e contou com a participação de 43 marcas. Este ano a São Paulo Fashion Week teve como tema “Regeneração”, conceito que envolve aspectos como protagonismo feminino, empreendedorismo, inclusão e tecnologia.

“A moda é um recado, é um código que se apresenta para as pessoas. [Uma mensagem] de autoestima ou de baixa-estima, para incluir ou para excluir. Tem os dois caminhos. A gente sempre vem procurando trazer para a moda e, a partir do SPFW, enfrentando essas questões que transformem o todo”, aponta Paulo Borges, diretor criativo da SPFW.

Em uma edição 100% digital, assim como a anterior, Borges aponta que a presença online é uma marca do evento. “A gente sempre acreditou que a internet, para o Brasil, pelo seu tamanho, pela sua forma, não só geográfica, mas diversa do ponto de vista de cultura, de comportamento, seria uma ferramenta valiosa para construir um processo de moda dentro do país”, avalia.

PARCERIA SANTANDER E SPFW

A parceria entre Santander e SPFW promoveu uma primeira agenda paralela de encontros e talks virtuais acerca do tema Moda Empreendedora, um dos pilares do Banco nessa relação. As lives reuniram profissionais e protagonistas renomados das mais diversas áreas, para compartilhar e gerar aprendizados e conhecimentos na cadeia criativa da moda em torno de temas como empreendedorismo, gestão de negócios, diversidade, protagonismo feminino e sustentabilidade. Os convidados foram Rony Meisler, Caito Maia, Adriana Barbosa, Rachel Maia e Flávia Aranha, além das participações de especialistas Santander, entre eles, Patricia Audi, Vice-presidente de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil. A mediação dos encontros foi de Paulo Borges, fundador do SPFW.

SPFW+REGENERAÇÃO

O Festival SPFW+ Regeneração visou identificar núcleos criativos diversos e sustentáveis em todo o país. Uma potente conexão para a transformação sustentável e social, a partir de uma visão plural, colaborativa e inclusiva, para revelar processos regenerativos que já estão acontecendo em todo o país, destacando a multiplicidade dos territórios criativos.

A necessidade de buscar formas de operar mais sustentáveis e responsáveis em todas as áreas da cadeia de valor da moda é uma realidade. A tecnologia facilita a busca de novos protagonistas. Os novos tempos marcam a busca de soluções que sinalizem outros desejos e visões de mundo mais humanas e sustentáveis. Uma nova safra de sementes a ser germinada com foco em: diversidade e equidade racial; protagonismo feminino; empreendedorismo; sustentabilidade; inovação; e origem nas origens (cultura).

As Mentorias com os cinquenta núcleos criativos selecionados têm a expertise do In - Mode (Instituto Nacional de Moda e Design) , as metodologias e ferramentas da Fluxonomia4D, que combinam Futuring e Novas

Economias, e o conhecimento e práticas de mentores convidados. Tudo para potencializar empreendimentos criativos de forma inspiradora, sustentável e inovadora.

O projeto Regeneração é uma vivência imersiva no SPFW que une profissionais em torno de assuntos emergentes sobre alimentação, expansão de consciência através de psicodélicos, identidades étnicas coletivas e colaborativas e questões de raça e gênero. As duplas participantes são: Ronaldo Fraga com Neka Menna Barreto; Oskar Metsavaht com Sidarta Ribeiro; Fernanda Yamamoto com a Comunidade Yuba; e Luiz Claudio Silva com Djamila Ribeiro.

FIOS PINGOUIN APOIA ATELIÊ MÃO DE MÃE DURANTE

No intuito de empoderar artesãos a contar suas histórias, sempre em busca de novas vozes para retratar a criatividade dos desdobramentos de técnicas tão tradicionais como o tricô e o crochê, a FIOS PINGOUIN não poderia ficar de fora do projeto SANKOFA que racializa a moda, isto é, abre as portas da semana fashion mais importante do Brasil para marcas jovens e negras.

Nesse mote, a Fios Pingouin se une ao Ateliê Mão de Mãe de Salvador, uma marca que nasceu colaborativa já que suas coleções são feitas por sua equipe: Luciene Brito (design), Washington Carvalho (assistente de design), Vinicius Santana e Patrick Fortuna (diretores de arte) inspirados pela MPB do litoral baiano.

O ateliê preparou uma coleção cápsula toda feita à mão, sua marca registrada, com cinco looks totalmente autorais. Desta vez as cores e vibe foram inspiradas nas cores e magias do céu de Salvador, de forma mais comercial com seu primeiro fashion film.

CAROL BASSI

Imergindo na atmosfera livre da cidade do Rio de Janeiro, a marca Carol Bassi em colaboração com o stylist Marco Gurgel apostou em uma coleção-cápsula que traz peças com foco em modelagens exuberantes e paleta de cor vibrante, que transitam bem do balneário a cidade.

A natureza da cidade, o Pão de Açúcar, a arquitetura e suas formas serviram como ponto de partida para a criação das peças. As modelagens apostam em volumes estratégicos que revelam babados, mangas bufantes, camadas e saias amplas. Já a seleção da paleta de cor, que conta em sua totalidade com nove tons, teve inspiração em um arco-íris sobre o mar de Copacabana que a co-founder da label e o stylist contemplaram uma vez na cidade.

MENINOS REI EXALTA ANCESTRALIDADE AFRICANA

Há seis anos, o toque para Exú entoado pelos atabaques anunciava o primeiro desfile da recém lançada marca Meninos Rei, criada na Bahia pelos irmãos Júnior e Céu Rocha. Hoje, o orixá da comunicação, da linguagem, aquele que passa a mensagem e abre caminhos, é o tema da coleção “L’oju Esú”, tradução do iorubá para “Aos olhos de Exú”, que marcou a estreia da Meninos Rei no evento de moda mais importante da América Latina. A marca apresentou o seu fashion filme com uma coleção-cápsula de cinco looks.

Inspirada no movimento que a Meninos Rei atravessa, de trilhar novas possibilidades, a coleção exalta a ancestralidade dos criadores em uma homenagem ao orixá Exú e apresenta peças marcadas pelo exagero, intensidade e sensualidade. “Essa coleção é uma ode à nossa ancestralidade africana e a Exú, que sempre esteve olhando por nós e nos conduziu pelo caminho que nos trouxe até aqui”, destaca Júnior Rocha.

Novas modelagens nunca antes experimentadas pela marca, como a de ombros estruturados, dão ar altivo e imponente às peças. O dualismo aparece em composições nada óbvias, aflorando uma atmosfera de sensualidade e brincando com as possibilidades de um corpo livre. Os tecidos africanos, nessa coleção originários da Guiné-Bissau, e o patchwork, marca registrada da Meninos Rei, chegam em um mosaico de estampas ainda mais vibrante, com misturas quentes e explosivas, em que as cores se fundem em uma só, trazendo dúvidas de início e fim.

Projeto Sankofa - Idealizado pelo coletivo Pretos na Moda e pela startup de inovação social VAMO (Vetro Afro-Indígena na Moda), selecionou oito marcas em todo o Brasil para um movimento que abre espaço para estilistas negros e indígenas nas passarelas do SPFW. Como parte do projeto, a marca foi amadrinhada pelo estilista João Pimenta, que orientou os criadores, partilhou conhecimento e contribuiu com o desenvolvimento da coleção especial para a SPFW.

Meninos Rei

ÖUS: MARCA DE TÊNIS STREETWEAR, CALÇOU O DESFILE DA MARCA PRÓ RACIAL SILVÉRIO

Participam da ação as categorias de tênis (linhas Essencial, Imperial e Ócio Esportivo), roupas (camisetas, jaquetas e moletons), acessórios (bonés, pulseiras gomos e quadros) e chinelos cargos da ÖUS.

A marca paulistana Silvério se permite reinventar o conceito do belo para fortalecer a imagem feminina, por meio de peças que estudam volumes inventivos para silhuetas lúdicas e românticas. Criada há cinco anos pelo estilista Rafa Silvério, a grife transita por referências da psicologia, literatura, música e tecnologia.

Silvério é uma das oito marcas que participam do processo de racialização desta que é a maior semana de moda da América Latina. A iniciativa é coordenada pelo Projeto Sankofa, idealizado pela startup de inovação social interracial VAMO (Vetor Afro-Indígena na Moda), cujo Rafa Silvério é cofundador.

ÖUS

ÁGUA NA CAIXA E A GRIFE ANACÊ ANUNCIAM PARCERIA

O perfil do consumidor social e ambientalmente responsável, que revê os hábitos tradicionais para ter experiências mais sustentáveis e conectadas aos novos valores do século 21, uniu a startup Água na Caixa e a grife Anacê em uma parceria que foi anunciada na 51ª edição do São Paulo Fashion Week.

Sob o comando de empreendedores jovens, as duas marcas lançam uma bolsa que será comercializada no marketplace da Anacê. A peça, resistente e impermeável, tem design minimalista e foi desenvolvida pela grife para acompanhar o consumidor no dia a dia, permitindo sua reutilização para diversas ocasiões.

O reuso da embalagem de água mineral também é incentivada pela startup como forma de tornar o consumo mais responsável. A Água na Caixa foi incorporada ao vídeo de abertura do desfile do SPFW e no e-commerce da grife será possível adquirir a caixa composta quase só de plantas.

“Nossas marcas estão conectadas de várias formas, principalmente pelos valores sustentáveis. Para a Água na Caixa, a moda é inspiradora. Queremos que o nosso consumidor veja nossa embalagem como uma peça de roupa linda como a da Anacê, que a reutilize, tenha orgulho de passear com a nossa caixinha por aí. Tanto pelo seu design como pelos seus valores sustentáveis”, explica Fabiana Tchalian, co-fundadora da startup ao lado do primeiro Rodrigo Gedankien.

No geral, o balanço da semana de moda foi bem positiva, conforme expositores e organizações. A próxima edição da SPFW está prevista para novembro. “Acredito que a gente já consegue fazer uma parte da São Paulo Fashion Week, do festival, de forma física, com todas as precauções necessárias, mas estamos também prontos para fazer 100% digital.” Paulo Borges acredita que, mesmo com o fim das restrições sanitárias, o evento caminha para uma mescla entre o digital e o físico. “Você não vai trocando, você vai juntando camadas de relações, de velocidades, de formas e a gente já vem experimentando o digital com a São Paulo Fashion Week há bastante tempo.” RT

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