The President

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Nº 42 fevereiro | março marcelo fernandes

especial the president gourmet com o m elhor da boa m esa Nº 42 fevereiro | março 2020

marcelo fernandes MF Gastronomia

fev | mar 2020 nº 42 R$ 28,00

banquete de lucros

red bull, o touro indomável do marketing por lu iz maciel

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bruna marquezine: a princesa do hype por joaquim ferreira dos santos

UM guia do streaming, muito além da netflix por dagom ir marqu e zi

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e d i to r i a l

Esta edição prova como o mundo dos negócios também é regido pelo im­­­pon­ derável. A saber: Aos 23 anos, Marcelo Fernandes meteu-se em maus negócios e, por extensão, em maus lençóis. Estava deprimido e sem dinheiro. Uma ex-namorada levou-o para almoçar e recuperar o ânimo. Por acaso, achou uma vaga para estacionar diante de um restaurante. O dono da casa era um ex-colega de escola de Marcelo, Alex Atala. Começava ali uma brilhante carreira de restaurateur. Fernandes está hoje à frente de um grupo com dez empreendimentos gastronômicos (incluindo os restaurantes paulistanos Kinoshita e Attimo Per Quattro) e 260 funcionários. Também aos 23 anos, o corretor imobiliário Marcello Gandini Romero meteu os pés pelas mãos. Sua empresa quebrou. Para piorar, o pai descobriu um câncer. Tempos duríssimos. Mas Romero não esmoreceu. Em 2014, retornou ao negócio de imóveis, fixando-se no mercado de alto padrão. Era a gênese da Bossa Nova Sotheby’s, joint venture com a grande casa londrina de leilões, que comemora ago­ ra dias de muito sucesso em São Paulo. Na juventude, Rose Del Col jamais pensou em ingressar no mundo corporativo. Não se via trajando tailleur e comandando reuniões de negócios. Formou-se em jornalismo e pensava em escrever e fotografar. Tornou-se inseparável das câme­ ras. Mas começou a trabalhar com marketing, de início na área de seguros. Depois, na de cartões de crédito. Hoje, é a CEO da American Express no Brasil – e a foto­ grafia, apenas o seu grande hobby. Aos 34 anos, Sissi Freeman morava nos Estados Unidos e pretendia continuar por lá. Foi quando o seu pai, Christopher Freeman, proprietário da Granado, cha­ mou-a para ajudar nos negócios. Ela acreditava no potencial da empresa. Mas não podia imaginar que, à frente das áreas de marketing e vendas, soergueria a Grana­ do a patamares bem acima das expectativas. O faturamento subiu de R$ 450 mi­ lhões (2018) para R$ 590 milhões (2019). Melhor ainda: a confirmar as previsões, chegará a R$ 1 bilhão em cinco anos. Boa leitura.

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expediente the president Publicação da Custom Editora Nº 42

publishers André Cheron e Fernando Paiva

REDAÇÃO Diretor editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br diretor editorial adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br redator-chefe Walterson Sardenberg So berg@customeditora.com.br ARTE EDIçÃO Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br

COMERCIAL, PUBLICIDADE E NOVOS NEGÓCIOS Diretor executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br diretor comercial Ricardo Battistini battistini@customeditora.com.br Gerentes de contas e novos negócios Marcia Gomes marciagomes@customeditora.com.br Mirian Pujol mirianpujol@customeditora.com.br

prepress e tratamento de imagens Daniel Vasques danielvasques@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO TEXTO Dagomir Marquezi, Dalila Magarian, Françoise Terzian, J.A. Dias Lopes, Joaquim Ferreira dos Santos, Luiz Guerrero, Luiz Maciel, Marco Merguizzo, Mauro Marcelo Alves, Raphael Calles, Ricardo Prado, Ronaldo Ribeiro, e Walter Bacellar Fotografia Claus Lehmann e Tuca Reinés ILUSTRAçÃO Daniel das Neves PRODUção Marina Lima e Vivianne Ahumada Revisão Goretti Tenorio

THE PRESIDENT facebook.com/revistathepresident @revistathepresident www.customeditora.com.br

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ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO Analista financeira Carina Rodarte carina@customeditora.com.br Assistente Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br REPRESENTANTES REGIONAIS GRP – Grupo de Representação Publicitária PR – Tel. (41) 3023-8238 SC/RS – Tel. (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br Tiragem desta edição: 35.000 exemplares CTP, impressão e acabamento: Coan Indústria Gráfica Ltda. Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593, 9º andar – Jardim Paulista São Paulo (SP) – CEP 01407-200 Tel. (11) 3708-9702 ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br Tel. (11) 3708-9702

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sumário fevereiro | março 2020

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36 MOTOR

66 olfato

98 entrevista

Carro híbrido: você ainda vai ter um.

Faça como Fellini: admita que tudo

Marcelo Fernandes, da MF Gastronomia,

E bem antes do que imaginava

melhora com o cheiro de carro novo

é um dos maiores restaurateurs do país

50 MOBILIDADE

70 tato

107 GOURMET

Novas tendências: compartilhar veículos

Os homens que escalam os mais íngremes

Um saboroso passeio pelo melhor da

e alugar um imóvel por pouquíssimo

paredões do planeta. Até sem cordas

culinária no Brasil e no mundo

54 visão

74 finanças

132 MARKETING

Bruna Marquezine não precisa nem atuar

Rose Del Col, da American Express,

A Red Bull investe em patrocínios no

na TV para ter cada vez mais fãs, fascinados

profetiza o fim do dinheiro em papel-moeda

esporte como nenhuma outra empresa

58 audição

82 negócios

138 mídia

Mais uma Bruna. Agora é a vez de Bruna

Imóveis de alto padrão são a especialidade de

O serviço de streaming em vídeo

Viola e seu instrumento de dez cordas

Marcello Romero, da Bossa Nova Sotheby’s

vai muito além da badalada Netflix

62 paladar

90 mercado

142 CONSUMO

O bife à parmegiana, acredite, tem nome

A Granado tem 150 anos. E uma gestão

De perfumes a joias, os melhores

italianado, mas nasceu em São Paulo

moderníssima, graças a Sissi Frreeman

lançamentos já à venda no Brasil

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co l a b o r a d o r e s

MOTOR E OLFATO

MOBILIDADE

visão

Este jornalista experiente e bom de texto começou a escrever sobre carros em uma Olivetti no suplemento Jornal do Carro, do Jornal da Tarde, em 1983. Depois, passou para O Estado de S. Paulo. Foi editor de Quatro Rodas e dirigiu as revistas Car and Driver e Cycle World, produzindo textos no computador. No momento, rendeu-se ao vídeo. Tem um canal, Os Especialistas, nas redes sociais, mas confessa: ainda é fiel à escrita.

Ela tem o faro que distingue os bons e os maus no ofício do jornalismo. Experimente dar uma olhada no site pessoal de Françoise. É o prazerices. com.br. Ali fica claro o talento desta paulistana para descobrir novidades prazerosas. É o caso também da reportagem que ela escreveu sobre as mais recentes tendências de moradia nas grandes cidades. Experiente, Françoise trabalhou em veículos do quilate de O Estado de S. Paulo e Valor Econômico.

Seu estilo é, possivelmente, o mais carioca da nossa imprensa. Tem molejo, muito humor e referências tanto eruditas quanto da mais deslavada cultura de massas, de títulos de chanchadas a gírias juvenis. Autor das biografias de Antônio Maria, Leila Diniz e Zózimo Barrozo do Amaral, além do delicioso 1958, o Ano Que Não Devia Terminar, Joaquim escreve nesta edição sobre um pitéu: Bruna Marquezine.

LUIZ GUERRERO

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JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOS

PALADAR

tato

FiNANÇAS E MARKETING

Seus critérios são o de um historiador. Seu método de escrita é o do melhor jornalismo. Assim, este gaúcho de Dom Pedrito vem elaborando os mais isentos e saborosos textos sobre gastronomia da imprensa brasileira. Os anos em que morou em Roma, como correspondente de Veja, aprimoraram seus conhecimentos sobre a culinária italiana. Nesta edição, Dias desvenda as origens de um prato que tem um pé na Bota e outro em São Paulo: o bife à parmegiana.

Ele um dia pensou ser capaz de subir o Monte Everest – sim, achava que podia, nos anos 1990, no auge da forma e como repórter-viajante da revista Caminhos da Terra. Não rolou, o tempo passou, a realidade pesou e Ronaldo se conformou em conquistar alguns picos brasileiros, como o Monte Roraima, e, sobretudo, a organizar histórias de escaladores de verdade nos quase 20 anos que passou como editor da National Geographic no Brasil. Algumas ele relembra nesta edição.

Nosso assíduo colaborador tem se revelado, nos últimos anos, um excelente repórter de economia. Prova disso são seus textos para o Valor Econômico. Mas o velho Maça, como o chamam os muitos amigos, é bem mais do que um jornalista especializado. Começou na Gazeta Esportiva – e por pouco não se torna contemporâneo de Thomaz Mazzoni. De lá para cá, atuou na revista Manchete, TV Tupi, Jornal do Brasil, Quatro Rodas, Caminhos da Terra e Próxima Viagem, entre outras publicações.

J.A. DIAS LOPES

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FRANÇOISE TERZIAN

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RONALDO RIBEIRO

LUIZ MACIEL

© acervo pessoal | © olga vlahou

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finanças

NEGÓCIOS E ENTREVISTA

negócios

Da cidade de Pindamonhangaba, a 146 quilômetros da capital paulista, vieram dois presidenciáveis do mais recente sufrágio: Ciro Gomes e Geraldo Alckmin. Veio também este fotógrafo que, ao contrário deles, preferiu ganhar o mundo a ganhar eleições. Ao longo de seis anos, estudou e trabalhou na Europa. Primeiro na Alemanha, onde sua família tem raízes. Depois na Itália. De volta ao Brasil, é referência em portraits.

Duas das entrevistas com empresários desta edição estiveram a cargo deste paulista com vasta folha de serviços prestados à imprensa. Sempre com a tranquilidade de quem prefere trafegar de bicicleta a outros veículos, Ricardo editou revistas tão diferentes entre si quanto Náutica, Superinteressante, Nova Escola e Horizonte Geográfico. Versátil, também faz bonito como romancista (de primeira) e roteirista.

Ele tem fotos na coleção de grandes museus europeus. Também lançou livros pela criteriosa editora alemã Taschen e é professor de uma poderosa escola de artes online, a espanhola Domestika. Sorte nossa que Tuca, formado em arquitetura – e também um mestre na fotografia de imóveis – é não só assíduo colaborador de THE PRESIDENT como também tem escritório no mesmo prédio da revista, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo.

CLAUS LEHMANN

mercado

DALILA MAGARIAN

Repórter especial da revista Cosmopolitan, também atuou em Playboy e Vip, além de temporadas nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Eclética, trabalhou, ainda, como editora de telejornais na Rede Globo, no Rio de Janeiro, e publicou os livros O Homem Irresistível (Editora Original) e Sex Appeal (Editora Grijalbo). Para esta edição, entrevistou Sissy Freeman, das marcas Granado e Phebo.

RICARDO PRADO

THE PRESIDENT GOURMET

MAURO MARCELO ALVES

O Guia Quatro Rodas foi, ao longo de décadas, a mais confiável fonte de consulta sobre restaurantes no país. A supervisão de toda essa área cabia a um mineiro boa-praça, uma das principais autoridades brasileiras no assunto. Mauro chefiou a cozinha de dois restaurantes montados por ele mesmo. Foi redator-chefe da revista Gula e é autor de livros sobre vinhos e cachaça. Também trabalha como consultor de gastronomia.

TUCA REINÉS

Mídia

DAGOMIR MARQUEZI Nos anos 1970, quando começou no jornalismo, surpreendeu os críticos de cultura dos jornais e revistas ao escolher para análise programas de auditório e fotonovelas, entre outros assuntos tidos então como descartáveis. Dagô, como é conhecido na imprensa, sempre foi assim - um jornalista livre de preconceitos e sectarismos, abertos a todas as manifestações artísticas. Não admira que tenha escrito telenovelas e romances policiais.

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Alta Proteção Programa BMW Protection garante blindagem certificada para modelos X3 e X5

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mercado de blindados está em alta no Brasil. O país chegou a 220 mil veículos com essa proteção, segundo dados da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem). Não por acaso, cresce a busca por SUVs premium com esse adicional de segurança. Nesse contexto, a BMW está sempre um passo à frente. A marca oferece o BMW Protection, serviço de blindagem certificada para os utilitários X3 e X5. A dupla de SUVs atrai um público exigente, em busca de veículos versáteis e esportivos, além de muita tecnologia embarcada. O programa apresenta blindagem certificada com nível de proteção NIJ-III A (para pistola de calibre 9 mm e revólver Magnum .44). Nas avaliações balísticas, os carros receberam cerca de 300 disparos, realizados em ângulos partindo de 90º, mirando inclusive nas junções de peças. A blindagem é autorizada pelo Exército Brasileiro para uso civil, além de receber o aval do Beschussamt Ulm, escritório responsável por certi-

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ficações de segurança na Alemanha. Mesmo com a blindagem, os modelos X3 e X5 não perdem as suas características. Eles mantêm seu desempenho – acima da média de seus segmentos – para garantir ao motorista agilidade ao dirigir. Os SUVs recebem uma camada de polietileno nas portas. Isso é uma vantagem porque proporciona uma blindagem mais leve em relação às demais. Além disso, aumenta a segurança dos ocupantes. Os vidros são outro ponto importante. Eles têm 19 mm de espessura. Para garantir o bom funcionamento, o carro recebe reforço nas portas e a suspensão passa por uma adaptação completa (no caso de modelos equipados com suspensão convencional, o peso extra decorrente da blindagem demanda a troca do par de molas traseiras por um conjunto mais rígido). A garantia original do veículo é mantida e a da blindagem é de três anos para os veículos e cinco anos para os vidros. Outra vantagem do BMW Protection é que as peças são feitas sob medida. Tudo com encaixe perfeito. Assim, a montadora consegue reforçar as áreas vulneráveis dos veículos. Todo o processo atende aos quesitos do padrão de qualidade BMW – no Brasil e na Alemanha. Estamos falando de BMW, claro. Os detalhes são fundamentais. Para se ter uma ideia, os veículos com BMW Protection passam por testes de conforto auditivo. Outro dado importante é rastreabilidade. Todos os materiais utilizados na blindagem têm QR Code vinculado ao chassi. O BMW Protection preserva aspectos originais dos dois SUVs. Devidamente certificados, o X3 e o X5 proporcionarão segurança, desempenho e estilo aos seus proprietários.

bmw.com.br @bmwdobrasil @BMWBrasil

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Em parceira com BMW

sofisticação

esportividade confiabilidade versatilidade tecnologia

segurança

Não perde a garantia original do veículo

Nível de proteção NIJ-III A

Autorizado pelo Exército Brasileiro para uso civil

Teste balístico realizado dentro dos mais rigorosos padrões internacionais com munição de calibre 9 mm e Magnum .44. Mais tranquilidade para você desfrutar do Puro Prazer de dirigir

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g a r ag em

Esportivo e parrudo Porsche Cayenne Coupé chega ao Brasil para vencer qualquer terreno. E acelerar muito no asfalto

A simples curvatura de uma carroceria pode dizer tudo sobre um carro. À primeira vista, a afirmação parece preciosismo técnico. Mas não é este o caso do Porsche Cayenne Coupé. O detalhe da curvatura é uma herança direta do modelo 911 deixada para o novo SUV da montadora. E não se trata de mera inserção estética. “A linha de teto mais inclinada, que cai para a traseira, faz o Cayenne Coupé se tornar ainda mais dinâmico e o posiciona como o modelo mais esportivo no segmento”, diz Michael Mauer, vice-presidente de estilo da Porsche. Com tal DNA de paixão e esportividade, o novo modelo vai conversar com o cliente cativo da Porsche e com muitos outros. Ele reúne também recursos de um 4x4. “É mais emocional, mais atlético”, define Leandro Rodrigues, gerente de produto e preço da Porsche Brasil. Na palavra do piloto César Urnhani, que disputa a Porsche GT3 Cup e faz reportagens para o programa de televisão AutoEsporte, da Globo, o utilitário é capaz de enfrentar terrenos difíceis com muita estabilidade. Diz ele: “Talvez ninguém tenha pensado em colocar um Porsche em um percurso de 400 quilômetros em trechos de terra, serra e estrada, mas o carro se comportaria muito bem”. Bem, ninguém, de fato, havia pensado nisso, ao menos em público, até o lançamento do carro no Brasil, no final de 2019. O desafio ocorreu no Rio Grande do Sul. Teve início em Gramado, passou por Cambará do Sul e terminou em Porto Alegre, no trecho litorâneo da BR-101. A primeira etapa da jornada foi puro 4x4, com estradas de lama, pedra, asfalto irregular, pontes de madeira, riachos e mui-

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tos obstáculos. À disposição do motorista lá estava o comando no console central para adaptar o veículo a cada tipo de terreno. A ideia de sujar de barro o possante utilitário alemão pode causar estranhamento, mas ele aguenta mesmo o tranco. O final da primeira parte do trajeto reservou um prêmio: o cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados da Serra. São paredões de até 720 metros de altura e 600 metros de largura. Localizado na divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o parque tem 100 quilômetros quadrados. As trilhas a pé chegam a 6 quilômetros. Do mirante, há um misto de incredulidade e deslumbramento. É um lugar para deixar as selfies de lado e permitir-se contemplar, apenas. A ventania, porém, traz todos de volta à realidade. O segundo tempo da jornada tinha mais desafios para o motorista do que para o carro, sobretudo nos trechos de serra. O novo Cayenne encarou tudo com fleuma. Mesmo em pista simples, ultrapassou veículos lentos com tranquilidade. Quando chegava os 90 km/h, o aerofólio traseiro se levantava. É mais um componente esportivo e que permite eficiência aerodinâmica. Mas é na BR-101 que o SUV esportivo revelou a sua verdadeira natureza. O Porsche estava em seu habitat natural. As retas intermináveis na rodovia são um convite para acelerar – com responsabilidade, claro. O freio mostrou a sua autoridade, com delicadeza. Reduziu a velocidade com apenas um toque e não deu sustos, mesmo quando um veículo resolvia ocupar de repente a sua faixa. É importante destacar que

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Herança do 911 O Cayenne Coupé traz a alma do famoso superesportivo da Porsche

o Cayenne Coupé chega ao Brasil em duas versões. A primeira, testada por THE PRESIDENT, tem motor turbo 3.0 V6 de 340 cavalos e a outra, o Turbo S E-Hybrid, com dois motores: 4.0 V8 de quatro litros (404 kW/550 cv) e um motor elétrico (100 kW/136 cv) – a potência combinada chega a 680 cavalos. O valor da versão híbrida bate os R$ 956 mil e, segundo a montadora, estabelece uma disputa num segmento no qual o Lamborghini Urus reinava sozinho até então. Em poucos meses, a Porsche já vendeu 40 unidades do veículo no Brasil. Neste ano, pode chegar ainda uma versão intermediária. Tudo depende da disponibilidade da matriz. E as boas notícias continuam num ritmo acelerado. A Porsche fechou o ano de 2019 com 28% de crescimento em relação a 2018. Chegou ao recorde histórico de 1.849 unidades vendidas no país. Está difícil de acompanhar. Assim como tentar seguir no mesmo ritmo do Cayenne Coupé. É um foguete. Se você precisar andar na terra, pode trocar o seu sapato por uma bota, porque o carro está pronto para qualquer terreno. cayennecoupe.com.br

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m oto r P o r LU I Z G U E RR E RO

Modelo

de transição O

c a r ro h í br i d o

tem motor

a e x p l o s ã o, e u m o u d o i s e l é t r i c o s . É u m m e i o c a m i n h o pa r a o f i m do uso de combustí v eis fósseis

rumo ao futuro O Volvo XC60 T8 é uma das apostas da marca sueca em SUVs do segmento

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H í b r i d o s , vo c ê DEVE s a b e r , s ão o s v e í c u l o s e qu i pa d o s c o m dua s d i f e r e n t e s f o n t e s d e pro p u l s ão : u m m o t o r c o n v e n c i o n a l e u m ou m a i s m o t o r e s e l é t r i c o s au x i l i a r e s . N a e s c a l a e vo lu t i va d o s s e r e s d e q uat ro ro da s , e l e s e s tão a u m pa s s o d o t o p o. O r e s u lta d o da c o m b i n aç ão dos dois t ipos de motor e s t r a b a l h a n d o s i m u lta n e a m e n t e o u e m s e pa r a d o é u m c a r ro m a i s a m i g áv e l ta n t o ao m e i o a m b i e n t e – já qu e e m i t e m e n o s d i óx i d o d e c a r b o n o (u m d o s v i l õ e s d o e f e i t o e s t u fa ) – qua n t o, e m t e s e , ao s e u b o l s o. A f i n a l , REDU Z o c o n s u m o de com bust í v el.

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A

lém disso, os híbridos são mais versáteis que os car­ ros 100% elétricos. Estes padecem de problemas ainda insolúveis. O principal deles: o preço elevado. Com­ pa­­remos: um Nissan Leaf custa perto de R$ 200 mil, mais ca­ ro que um Mercedes-Benz C 180 a gasolina topo de linha. Sim, um híbrido também é mais caro, de 5% a 10%, que um au­ tomóvel que só queima combustível. Mas não depende de estações de carregamento ou de tomadas para continuar rodando. Se a carga da bateria se esgotar, o motor a combustão assume o comando. Situação rara, pois as baterias são alimentadas com constância pelo motor prin­ cipal durante as frenagens ou desacelerações. Algumas versões híbri­ das, é bem verdade, se valem do sistema plug-in, ou seja, vêm com cabos para carregamento das baterias. Mas não correm risco de sofrer pane por falta de eletricidade – a menos que fiquem sem nenhuma gasolina no tanque.

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bateria

inversor

motor a combustão

Fa b r i c a n t e s c o m o a Vo lvo s i m p l e s m e n t e já n ão p r o d u z e m carregador de bordo

m a i s c a r r o s s ó a c o m b u s t ão. o caminho é irreversível

motor elétrico

o peso e a rapidez são inimigos dos veículos elétri­ cos. A relação entre peso ou velocidade é inversa­ mente proporcional à autonomia das baterias.

ENERGIA LIMPA Ao alto e na página anterior, a disposição dos motores e o plug-in da Range Rover PHEV. À esquerda, o Lexus RX 450h

Fala-se que o destino dos automóveis, cada vez mais acuados pe­ las severas leis de proteção ambiental, será a eletrificação. Fabrican­ tes como Volvo já estão deixando de produzir carros exclusivamente a combustão. No Brasil, a marca de origem sueca oferece, por enquanto, três opções híbridas – o XC90 T8, o S90 T8 e o XC60 T8, além do XC40 Recharge, SUV médio, 100% elétrico. BMW e Mercedes-Benz devem seguir pelo mesmo caminho e direcionar seus esforços em modelos que não dependem apenas de combustível fóssil. Já a Audi aposta suas fichas no e-tron, seu primeiro modelo elétrico de série. No futuro próximo, no entanto, são os híbridos que devem fazer a transição entre uma tecno­ logia e outra. É o meio-termo mais viável. Anote: daqui para a frente, a hibridização será a única alternativa para carros grandes e pesados, como os SUVs e os grandes sedãs executivos, além dos superesportivos. Já os carros de uso urbano, como os subcom­ pactos, serão 100% elétricos. A explicação dada pelos especialistas é que

O HÍBRIDO BRASILEIRO Fabricantes como a japonesa Toyota têm inves­ tido anos de trabalho e milhões de dólares na so­ lução híbrida. Foi a Toyota, a propósito, que de­ monstrou a viabilidade do carro com essa dupla motorização quando lançou, em 1997, o Prius, um hatch com formas aerodinâmicas, capacidade para cinco passageiros e bom volume para baga­ gem. Antes dele, o que havia eram adaptações ou híbridos pouco práticos. Por isso, o Prius, a des­ peito da aparência caricata, se tornou o híbrido mais vendido do mundo, com mais de 6,5 milhões de unidades vendidas até o ano passado. Hoje, as vendas do Prius estão em declínio. E há uma razão para isso: a cada temporada, surgem dezenas de opções híbridas, mais eficientes, mais equipadas, mais atraentes e com preço mais em conta. Dentro da própria Toyota, a oferta alcança, na prática, todos os modelos do fabricante e de sua divisão de prestígio, a Lexus. No Brasil, por exemplo, a grande maioria dos carros do catálogo da Lexus é híbrida. Com o tempo, até os mode­ los populares da Toyota virão com essa tecnolo­ gia. O fabricante sinalizou a tendência ao lançar em setembro do ano passado no Brasil o Corolla Hybrid, o primeiro híbrido do mundo com motor 1.8 a combustão flexível (que pode ser abastecido com gasolina, com etanol ou com ambos).

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BMW 530e M Sport: um litro de gasolina a cada 21 quilômetros na cidade

E m S ão Pau l o, q u e m t e m c a r r o h í b r i d o n ão p r e c i s a s e s u b m e t e r ao r o d í z i o. E pa g a s ó m e t a d e d o IP VA O motor principal de quatro cilindros tem 101 cavalos e é auxiliado por um motor elétrico de 72 cavalos. A união das potências de ambos os pro­ pulsores resulta em um carro de 125 cavalos. Não, não erramos na soma: em um híbrido, 2+2 não é = a 4, pois os picos de potência máxima ocorrem em momentos diferentes no motor a combustão e no elétrico. A aplicação da tecnologia híbrida­ -flex é exclusiva para o Brasil. O desenvolvimen­ to do carro consumiu cinco anos e foi feito em conjunto com técnicos brasileiros e japoneses.

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Se na Europa e nos Estados Unidos a oferta de carros híbridos é gran­ de, no Brasil aos poucos vão surgindo mais opções dessa natureza. Uma das primeiras fábricas a oferecer a alternativa foi a Ford, em 2010, com o sedã de grande porte Fusion, equipado com motor quatro cilindros de 143 cavalos auxiliado por um motor elétrico de 120 cavalos, o que resulta em potência combinada de 190 cavalos e médias de consumo urbano em torno dos 17 km/l – valor excelente para um automóvel de 1.670 kg de peso. Até 50 km/h, o motorista pode optar por rodar apenas no modo elétrico. MUITO MENOS GÁS CARBÔNICO A Land Rover tem a opção das versões PHEV, sigla em inglês para Veículo Híbrido Plug-in, nas linhas Land Rover e Range Rover. No Land Rover PHEV, o motor de 2 litros a gasolina de 300 cavalos é associado a um mo­ tor elétrico de 15,2 cavalos alimentado por baterias de 0,2 kWh de capa­ cidade. No Range Rover, a potência é de 404 cavalos. Ambos os modelos podem rodar até 50 quilômetros apenas no modo elétrico e, quando as baterias ficarem sem energia, a recarga é feita por meio de cabo – segun­ do o fabricante, a recarga completa das baterias é feita em 7,5 horas, de­

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pendendo da fonte de alimentação em uma tomada doméstica. Na rede de 110 volts, a recarga demora o dobro de tempo em comparação à de 220 volts. A vantagem desse tipo de reabastecimento é que o custo da energia elétrica é menor que o da gasolina. Há outras vantagens em um híbrido. A mais sensível é a imediata oferta de torque proporcionado pelo motor elétrico – qualquer moto­ rista sente a diferença à mínima pressão no pedal direito. No modo elé­ trico, o silêncio a bordo é uma benção. Em consumo, a maior vantagem se dá em ambiente urbano, onde o sistema elétrico atua por mais tem­ po: na estrada, o veículo se comporta como qualquer outro com motor a combustão. Quem mora em São Paulo tem direito a receber de volta metade do IPVA e está livre do rodízio municipal. Outra vantagem, vale reafirmar, é o baixo índice de emissões de gases poluentes. Comparado a um veículo a combustão, o híbrido apresenta redução em até 50% nas emissões de gás carbônico e até 90% em óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. Foi esse cálculo que orientou os limites de emissões nos Estados Unidos e na Europa, onde passaram a vigorar as normas mais rígidas de emissões: em 2025 a média de emissões de CO2 dos novos carros deverá ser 15% menor, índice que subirá para 30% em 2030.

Ao analisar as restrições em curso, você pode ficar com a impressão de que o futuro será desa­ nimador para quem curte a direção esportiva. O desafio de alguns fabricantes é continuar ofere­ cendo diversão e não só mobilidade. A Porsche, por exemplo. Ela oferece no Brasil opções híbri­ das do Panamera, um sedã de 462 cavalos capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos, e do SUV Cayenne, cuja versão mais forte vem com motor V8 de 680 cavalos (550 cv do motor a combustão e 136 cv do elétrico) e pode percorrer até 40 km a 135 km/h só usando eletricidade. Da BMW temos o 530e M Sport, sedã com motor turbo de quatro cilindros de 184 cavalos combina­ do a um elétrico de 113 cavalos e que, a despeito da velocidade máxima de 235 km/h, consome um litro de gasolina em 21 quilômetros na cidade. E ainda o cupê esportivo i8 1.5 Turbo, de 347 cavalos combinados e velocidade máxima de 250 km/h. TP

O pioneiro Prius foi o carro que colocou os híbridos na ordem do dia. Mas a tecnologia tem 118 anos. Surgiu quando a Jacob Lohner, em­ presa austríaca fundada para a fabricação de carrua­ gens a tração animal, associou-se a um jovem enge­ nheiro chamado Ferdinand Porsche, funcionário de uma empresa de eletricidade em Viena, para cons­ truir o Lohner Porsche Mixte. Era um veículo movi­ do por motor a combustão de 25 cavalos conectado por embreagem e dois motores elétricos instalados nos cubos das rodas dianteiras. Embora tenham sido produzidos 300 modelos Mixte ao longo de seis anos, a solução não resistiu ao alto custo do sistema e ao automóvel a combustão produzido em série a partir de 1904 pela Ford.

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Casa hightech nova s l i n h a s da Pa na s on ic e l e va m o c onc e i to de G e l a d e i r a e m áqu i na s d e l ava r

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casa do futuro já chegou. O consumidor moderno quer muito mais do que botões e luzes no painel. Está em busca de economia de energia e água. E, claro, o design tem de ser contemporâneo para criar um ambiente harmônico na casa. Para a Panasonic, isso vale também para geladeiras e máquinas de lavar roupas. As novas linhas da marca são um passo adiante na evolução da tecnologia dos eletrodomésticos. Entre as máquinas de lavar, os novos modelos da marca têm capacidade para 14kg (NA- F140B6W), 16kg (NA-F160B6W) e 17kg (NA-F170P6T). Os três modelos têm o Sistema Ciclone, que dispensa o agitador central. Outro destaque dessas novas máquinas é o Programa Vanish, para potencializar o tira machas Vanish e aumentar a performance em até 20%. A função de reuso de água é mais um tópico dessa lista de vantagens. Esse recurso avisa o usuário o momento da drenagem. Assim, é possível armazená-la para lavar o quintal ou o carro.

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Nas máquinas para 16 e 17kg, existe ainda a função Antibacteria AG. Ela libera partículas de prata para eliminar quase 99,9% das bactérias que causam mau cheiro. Já o modelo maior (de 17kg) é o único na cor titânio, além de apresentar painel digital e iluminação de LED branco. No visor da máquina, é possível saber quanto tempo falta para terminar a lavagem. E também permite salvar o programa de lavagem favorito. No segmento de refrigeradores, a Panasonic também tem boas novidades. São as linhas BB71 Aço e BB71 Black Glass. Ambas apresentam o compartimento Fresh Freezer, que apresenta 4 controles de temperatura independentes da geladeira. É ótimo tanto para alimentos quanto para bebidas. Eles ficam na temperatura ideal para consumo e duram mais tempo. Presente nas duas linhas de refrigeradores, a tecnologia Smartsense é exclusiva da Panasonic. A partir de sensores nas portas, esse recurso possibilita à geladeira funcionar de acordo com a rotina da casa. Assim, ela se adapta aos horários da família e economiza energia. O Sistema Inverter também é um aliado para reduzir a conta de luz. Baixa até 41% do consumo de energia, pois regula o compressor com abertura e fechamento da porta, bem como com a quantidade de alimento. Essas novas geladeiras são mais silenciosas e congelam mais rapidamente. Essas novidades da Panasonic vão transformar o dia a dia da casa. Os modelos são intuitivos e inovadores. E mais: ajudam a economizar recursos naturais. Os consumidores e o meio ambiente agradecem.

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Vista de emoldurar Hotel MGallery Santa Teresa, no Rio de Janeiro, oferece um lado menos conhecido da capital fluminense Por raphael calles Distante da praia, com clima de interior e atendimento quase personalizado. Em meio às tortuosas ruas de paralelepípedos do bairro de Santa Teresa e a minutos do aeroporto Santos Dumont, um pequeno hotel costuma receber celebridades que querem ter dias anônimos na Cidade Maravilhosa. Ou nem tanto, já que o hotel não só recebeu como foi palco de um verdadeiro show que a cantora Amy Winehouse protagonizou da varanda de sua suíte em passagem pelo Brasil pouco meses antes de morrer. Foi nesse episódio que o Hotel Santa Teresa ganhou fama internacional, mas que é merecida por outras qualidades. Situado em uma casa grande construída nos tempos áureos do café e do cacau, o hotel combina na decoração materiais como ardósia e cimento queimado com itens assinados por Sergio Rodrigues ou mesmo Oficina de Agosto. As grandes dimensões dos quartos são complementadas pelas também

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amplas janelas de madeira, que emolduram o visual da região portuária, onde se encontram o Museu do Amanhã e a nova roda-gigante da cidade, a Rio Star. Mas o aconchego te pega também pelo estômago. Térèze, o restaurante do hotel, convida para desfrutar ao menos um par de refeições por ali e explorar a brasilidade criativa com misturas bastante latinas, como o uso de milho. Perto dos finais de semana, o Bar dos Descasados abre suas portas sob os arcos da antiga Senzala do casarão. Ele ganhou esse nome por receber muitos hóspedes e moradores recém-separados. O clima pode ser de flerte. Mas elegante. Seja pelo restaurante, pelo bar, pela piscina ou pelo quarto, estar em Santa Teresa remete a um ambiente muito diferente do Rio de Janeiro de telenovelas e telejornais. Uma nova face, mais intimista e mais personalizada. santateresahotelrio.com/pt-br

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Em parceira com paes & gregori

Detalhista em tempo integral Jay m e Hol l oway, di r e tor t é c n ic o da i nc or p or a d or a e c ons t ru tor a Pa e s & Gr e g or i, é c on h e c i d o pe l o ol ho c l í n ic o

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izem que, na engenharia, o percentual de 99% é igual a zero. Para considerar uma obra concluída, é preciso que todos os detalhes tenham sido 100% checados. Eis aí a palavra de ordem de Jayme Holloway, diretor técnico da Paes & Gregori, incorporadora e construtora paulista com mais de duas décadas de projetos executados para satisfazer as exigências dos públicos A e B. O ano de 2020 será histórico para a companhia, que lançará cinco empreendimentos de R$ 500 milhões em VGV (Valor Geral de Vendas). Nenhum deles, no entanto, será lançado sem o olhar atento e fiscalizador de Holloway. A última palavra é sempre dele - da concretagem dos pilares à instalação da maçaneta na porta principal de um apartamento de alto padrão. Holloway concedeu esta entrevista: Quais suas regras na hora de erguer um prédio? A regra é clara. Fazemos as obras como se nós fôssemos morar lá. Um prédio erguido pela Paes & Gregori é sinônimo de segurança desde o início. Estamos presentes em todas as etapas do processo, inclusive após o habite-se. Dá mais trabalho? Dá. Mas nos sentimos mais seguros. Além disso, os projetos ficam com a nossa cara. E com o Guilherme Gregori, CEO que vem da nova geração da família, o grau de exigência continua igual, mesmo diante da alavancada de obras. Quais os diferenciais da Paes & Gregori no quesito materiais empregados, qualidade e acabamento? É fato que os nossos arquitetos usam materiais diferenciados. Usamos, por exemplo, muita madeira. Temos a preocupação com a beleza de tudo que é tangível. Tudo

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que o futuro morador tocar será importante para transmitir qualidade e sensação de conforto e prazer. Maçaneta de baixa qualidade que cai na hora em que você abre a porta? Isso não entra na Paes & Gregori. Prezamos muito pelos padrões de qualidade, pelas especificações e pelos materiais de alta categoria. Temos também um padrão de acabamento seguido à risca e, ainda, especificações de compra de materiais de fontes certificadas. E como fica a questão da mão de obra? Ela é fundamental para o bom resultado da obra como um todo e também dos detalhes. Por isso estou sempre de olho na qualidade da mão de obra. O mal instalado estraga. Temos normas de procedimentos, normas de segurança para proteger o profissional que está fazendo a instalação e também normas para seguir questões como isolamento acústico e de piso. Uma unidade não pode afetar a outra com ruídos e rachaduras. Toda montagem e execução é feita por nós. Quando temos algum parceiro especializado para determinadas tarefas, ficamos de olho e revisamos tudo. Como funciona o pós-venda da Paes & Gregori? Por conhecermos o detalhismo de todos os processos, costumamos proporcionar aos compradores longas garantias. Eu diria que quase que vitalícias. Tudo, claro, dentro do bom senso. Não dá para fazer mau uso e culpar a construtora depois. Temos ainda um SAC para tratar das urgências e ocorrências dos clientes. paesegregori.com.br

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Novos tempos Compartilhar transporte e alugar imóveis por prazos cada vez menores está transformando os velhos sonhos Por françoise terzian

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mundo vive a era da economia compartilhada. Isso está modificando a forma como o ser humano se desloca, se relaciona e até como mora. A palavra “posse” tem, pouco a pouco, sido substituída por “acesso”. Ao menos no vocabulário das novas gerações, que vêm demonstrando desapego, por exemplo, ao típico sonho brasileiro de ter um carro. Afinal, nas grandes metrópoles, hoje é possível se deslocar, sem maiores problemas, a pé, por meio de transporte público e pelos cada dia mais acessíveis veículos compartilhados. É o caso da bicicleta. Ou do patinete elétrico. Ou até mesmo do tuk-tuk – veículo de três rodas, popular na Ásia, que a Uber acaba de lançar em Vitória/ES. Muitos jovens urbanos nem sequer planejam tirar a carteira de habilitação. De acordo com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), de 2014 a 2017, a emissão da CNH para jovens de 18 a 21 anos caiu 20,61%. Na esteira das mudanças, o conceito de coworking explodiu. Ele permite que se alugue apenas uma mesa em um escritório com sólida infraestrutura e inúmeras possibilidades de networking. Esse foi o primeiro aceno da reestruturação do ramo imobiliário que, ao lado do Airbnb, abriu as residências para o compartilhamento de um quarto. Agora a evolução é ainda maior. Já oferece lockers nas garagens dos prédios, bibicletário mais amplo e acesso a Uber bem na frente do edifício.

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Pelas apostas do construtor Alexandre Frankel, fundador e CEO da Vitacon e também da Housi, a tendência é que as pessoas aluguem uma moradia sem a necessidade de longos contratos. Pode ser por um mês. Ou até mesmo por um único dia. Tudo sem burocracia e de uma maneira tão rápida e fácil quanto pedir um Uber. É revelador que o presidente de uma construtora pense desse jeito. Frankel tornou-se conhecido por erguer edifícios dotados de área comum repleta de serviços compartilhados, mas com apartamentos ultracompactos. Ele vai além: acredita que as pessoas, assim como não pensarão mais em adquirir carros, também abdicarão do sonho da casa própria. Frankel prega a “desmaterialização da moradia”. Ou seja, a residência passará a ser pensada não como patrimônio, mas como serviço. Dessa maneira, o sujeito poderá mudar de residência com rapidez, conforme a necessidade do momento. “Você precisa de casas diferentes, dependendo da fase da vida”, explica Frankel. “Um jovem estudante solteiro requer uma residência menor. Quando se casa e tem filhos, necessita de mais cômodos. Quando os filhos saem de casa, a conveniência é outra.” Rodar quilômetros de distância e enfrentar um trânsito penoso todos os dias também não faz mais sentido. Uma pes-

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D e 2 0 14 a 2 0 17, a e m i s s ã o de C arteira Nacional de Habilitação para pessoas d e 1 8 a 21 a n o s c a i u 2 0,6 1% . M u i t o s j ove n s d o s centros urbanos já não ligam para ter um carro

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quisa recente revelou que, nas metrópoles, os moradores perdem 32 dias por ano confinados no tráfego. O ideal é poder viver próximo ao trabalho, ainda que se troque de emprego. Para isso, basta mudar também de endereço. Foi pensando nessa possibilidade que Frankel criou a Housi, uma plataforma de moradia on demand. “É uma locação flexível. O inquilino fica pelo tempo que quiser e se no meio do caminho quiser mudar, ele pode.” Criada há um ano, a Housi tem mais de R$ 3 bilhões em ativos administrados, maneja mais de 100 prédios e pode ser definida como uma operadora digital na qual o morador em potencial faz tudo pelo aplicativo. Morar perto do trabalho tornou-se uma aspiração sobretudo dos millennials. Outro desejo deles é residir em áreas com farto serviço de transporte. “Em São Paulo, quem mora em Pinheiros e trabalha na avenida Faria Lima tem trem, táxi, carro, ônibus e 40 outras formas de deslocamento, incluindo o 99 e o Uber”, enumera Adriano Sartori, vice-presidente da CBRE Brasil, referência em consultoria imobiliária no mundo. “Isso muda a cabeça do indivíduo. Ele deixa de priorizar o carro.”

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ADEUS BUROCRACIA O construtor Alexandre Frankel crê que alugar um imóvel pode ser tão rápido quando pedir um Uber

Segundo Sartori, um sintoma dessa mudança de mentalidade é a média de ocupação dos estacionamentos dos condomínios administrados pela CBRE Brasil. Ela agora gira em torno de 40% a 45%, no horário comercial. “Cinco anos atrás, conseguir a vaga era a maior preocupação”, diz. “Hoje, vemos ociosidade.” Sartori vai além: “O próprio plano diretor de São Paulo mudou e prevê uma vaga para cada 70 metros quadrados em prédios de escritório”. No futuro, ele acredita que os subsolos dos edifícios, hoje funcionando como garagens, terão outro uso. Possivelmente, como depósitos de mercadorias para empresas de comércio eletrônico. Tendo em vista a complexidade que é se deslocar pela metrópole, as construtoras vêm buscando erguer prédios nas proximidades do metrô e de terminais de ônibus. Mas não precisa ser vizinho de quarteirão. Se antes um imóvel a 10 minutos de bike elétrica ou patinete do metrô poderia ser desvalorizado, hoje é o contrário. Ele se valoriza, uma vez que promove a chamada “micromobilidade

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urbana”, aquela que coloca o indivíduo na rota da sua moradia ou emprego e permite curtos deslocamentos por diferentes meios – a pé, de carona, de bike/patinete. “A economia compartilhada é cada vez mais múltipla”, afirma Luís Guedes, professor de Inovação e Transformação Digital dos MBAs da Fundação Instituto de Administração. “No início, oferecia compras coletivas no Groupon. Depois se estendeu para o transporte, com o Uber e outros aplicativos. Até chegar ao ramo imobiliário.” Usar um carro sem ser dono dele e dormir em uma cama sem comprá-la são mudanças de hábito que modificam o pensamento vigente. “Possuir é antigo. Moderno é ter acesso”, diz Guedes. Por isso, há hoje tantas empresas que alugam até joias, celulares e roupas. “Ter uma casa no Havaí é proibitivo; mas ficar 15 dias, não”, compara. “Modifica-se a equação de valor sobre usufruto de um bem. Viveremos uma revolução daqui para a frente.” Para os imóveis – residenciais e comerciais – já construídos, o especialista sugere que eles sejam preparados para receber os veículos elétricos, a exemplo de carros, bikes, monociclos e patinetes. Isso significa espaços para que todos eles sejam recarregados e também estacionados. “Se eu fosse executivo de uma construtora, ia querer ciclovia pela cidade inteira até a porta do meu prédio”, diz. TP

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visão A hypadinha do Brasil Aos 24 anos, Bruna Marquezine pausou a carreira de atriz para fazer bombar a de influencer

Por Joaquim Ferreira dos Santos

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ouve um tempo em que uma artista era apresentada aos leitores de uma revista com a relação de seus trabalhos, a quantidade de filmes ou de peças em que atuou, o que resultou em prêmios, o Oscar disso, o Troféu Imprensa de mais aquilo outro. Bruna Marquezine é da nova geração. Seu currículo tem 37 milhões de seguidores no Instagram, mais 8 milhões no Facebook. Quem quiser saber mais deve digitar seu nome na busca do Google e imediatamente estarão disponíveis 11 milhões de notícias, as mais recentes falando de algum namorado, de alguma roupa para o inverno que se aproxima ou se ela está mais magra ainda do que sempre esteve. Originalmente, Bruna era atriz da Rede Globo, onde começou quando tinha 8 anos. Mas desde 2018 não trabalha com outro personagem que não seja ela própria. Bruna fez da vida real a sua dramaturgia e, como constatam os números acima, tem sido um sucesso. Virou uma celebridade da internet, top de uma civilização que exige pendores especiais, ainda não muito bem catalogados, mas com centenas de gigabytes diferentes dos trabalhos de antigamente. Bruna tem esse novo borogodó. Não cabe só na TV – como toda artista moderna, é multiplataforma. Depois de 11 novelas na Rede Globo, chegou a um acordo com a direção da empresa. Os dois lados reconheceram que

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era muita informação, muita fofoca e um exagero de cliques, likes e compartilhamentos sobre cada passo da atriz – uma personalidade mundial desde que namorou, de 2013 a 2018, com as idas e vindas naturais de uma jovem relação, o jogador Neymar. Ela precisava, e os patrões aceitaram, dar um tempo na carreira artística tradicional – ou, na língua das estrelas desta nova geração, “descansar a imagem”. Bruna nasceu com o sobrenome Reis Maia e quem a vê hoje, aos 24 anos, classuda, nas primeiras filas dos desfiles internacionais de moda em Paris, não imagina a origem humilde, filha da classe média de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O Marquezine de sonoridade italiana é emprestado de uma avó e caiu bem na mistura física que Bruna, chique e gostosa, carrega. Ela tem ao mesmo tempo um nariz de traços finos e lábios voluptuosamente carnudos, um corpo magro de manequim europeia e um bumbum saliente próprio da mais retumbante morena tropicana. Veste bem para soirée e também para piscina. Desde que deixou o papel da espevitada Catarina de Lurton, a princesa de Artena, na novela das sete Deus Salve o Rei, em julho de 2018, Bruna Marquezine está dando o tal tempo na imagem e fala com seu público apenas por meio de fotos de moda no Instagram. Algumas colunas deixaram de apresentá-la como atriz. Chamam-na “fashionista”, uma palavra

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Metade muito chique; metade morena tropicana

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De vez em quando, ela reúne os amigos para falar de espiritualidade. “Fiquei loucona pelo Espírito Santo”, contou em um desses encontros

recente em que cabe todo mundo que mexe com estilo. Bruna posa com joias e roupas de grifes internacionais, e se numa postagem está coberta de alto a baixo com os mais finos tecidos de Versace, na seguinte já está sensual com uma lingerie igualmente elegante. Um simples clique desses vale centenas de milhares de reais – e, em segundos, dezenas de milhares de polêmicas na caixa de comentários. A internet é uma caixa barulhenta onde cabem emojis fofos com coraçõezinhos pulsando e também muito bullying raivoso. Chico Buarque se imaginava amado pelo país inteiro, pois vendia muitos discos, lotava seus shows – até que surgiu a internet e no seu bojo a caixa de comentários. O compositor descobriu, às gargalhadas, que era odiado. Bruna também não é – ninguém será – unanimidade nacional. Jovem, porém, se incomoda com isso. “Tá seca demais”, disse um tal de Fernando Teixeira quando no início do ano a fashionista postou uma foto em que desponta dentro de um maiô rosa. Foram mais de 16 mil comentários, a maioria com observações positivas ao estilo da grande rede de computadores (“affe maria!”, suspirou Ipe Miranda). Muitos, no entanto, concordaram com o agressor: Bruna ultrapassara a linha que separava a busca saudável da magreza com alguma sinalização de doença. “Ser gordo ou magro não é sinônimo de uma pessoa saudável”, ela respondeu de volta. “O que não é nada saudável é seu comentário, absurdamente irresponsável e extremamente ignorante.” As colunas de celebridades reproduziram o embate, as revistas usaram o bate-boca virtual como gancho para mais uma vez discutir a anorexia, e os sites não perderam a oportunidade de usar o nome-ímã de audiência para lamentar outra vez os destemperos do pegapracapá digital. Desses movimentos é feita a vida de uma celebridade moderna.

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Bruna é uma profissional de destaque nessa cena. No mundo antigo da televisão, quem discutia as suas performances eram críticos compenetrados, com palavras que podiam até ser rigorosas, mas tudo num ringue de regras civilizadas. Bruna e críticos se davam bem. Logo no início da carreira, na primeira década deste século, ela recebeu troféus de revelação e melhor atriz pelo desempenho em personagens dramáticos – era bonitinha, mas sabia sofrer – como a menina Salete, em Mulheres Apaixonadas, e também a ceguinha de América. Agora, na selvageria da savana internética, com novas categorias em disputa, Bruna também segue vitoriosa com os que distribuem prêmios. Já ganhou troféus como melhor instagram brasileiro, rainha da selfie, melhor snapshot, it girl, fashionista nacional, gata trendy etc.

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“Fico orgulhosa de estar neste meio”, já declarou, “porque a moda hoje não é uma ditadura, mas um elemento que joga a favor da afirmação e da liberdade do indivíduo. É uma forma também de representar e indicar sonhos”. BARRA DA TIJUCA E MIAMI runa começou 2020 organizando a burocracia de sua empresa. Focou radicalmente nessa ocupação de, em fotos ou participações em eventos, ser a representante internacional de uma mulher da próxima década. Vende a imagem de alguém jovem mas com um empoderamento de bem-sucedida, sofisticada sem ser burguesamente careta, e agressivamente sensualizada, mas não como uma cachorra carioca do funk. Parece uma daquelas modelos enormes e de olhar matador do fotógrafo Helmut Newton. O mundo da moda tem aprovado. E Bruna, a menininha que cresceu na sala de TV do brasileiro, tanto aparece numa capa de revista portuguesa como na plateia vipada de um desfile em Paris. É uma influenciadora, esse projeto que substitui os sonhos antigos de ser advogada, miss, atriz ou simplesmente esposa de marido rico. Protagonizar uma novela na Globo ficou pouco, quem sabe um dia ser Lady Macbeth no teatro, como tem declarado em entrevistas, mas qualquer dramaturgia convencional por enquanto não. Bruna tem uma mansão na Barra da Tijuca, outra em Miami, na Flórida. De vez em quando reúne amigos para o que chama de “células”, encontros em que cada um fala de seus relacionamentos com a espiritualidade. “Não tenho religião, mas fé. Experimento Deus. Foi numa célula que eu o senti pela primeira vez. Pareceu que um caminhão de bênção tinha passado sobre mim. Fiquei de ressaca, loucona pelo Espírito Santo.” Depois do longo relacionamento com Neymar, teve peguetes discretos, quase todos morenos, quase todos com o dote comum de ostentar uma barriga tanquinho de musculatura bem definida. Os nomes desses rapazes podem ser conferidos no noticiário da internet. Uma hora depois de começado este texto, já devem estar disponíveis 12 milhões de potins a quem digitar na busca o nome mágico, às vezes muito magro, às vezes muito sexy, de Bruna Marquezine. Este será o humilde 12.000.001º. TP

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Bruna tem 37 milhões de seguidores no Instagram

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au dic ão Cordas de aço Bruna Viola traz no nome artístico e nos dedos a tradição da nossa melhor música caipira

Por walter bacellar

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á certas palavras que, em virtude do uso excessivo, o bom senso recomenda não utilizar. Uma delas é celebridade. Há outra ainda mais gasta: sertanejo. Vejamos. Bruna Viola poderia muito bem ser chamada de celebridade sertaneja. Por que não? Mas esse rótulo, nos dias correntes, mais confunde que explica. Flexível além da conta, a palavra sertanejo junta em um mesmo balaio gente tão diferente quanto Inezita Barroso e, digamos, Marília Mendonça. Não dá. Bruna decerto está muito mais para a paulista Inezita – artista que torcia o nariz para os modismos e procurava, sempre, entoar a mais genuína música de raiz. “Realizei um dos meus sonhos ao cantar no programa dela”, suspira Bruna, de 26 anos, com os olhos esverdeados brilhando, referindo-se ao dia em que esteve no palco de Viola, Minha Viola, da TV Cultura. Na ocasião, em 2013, fez questão de homenagear a anfitriã com “Marvada Pinga”, de Ochelsis Laureano, um dos principais sucessos – se não o maior – da veterana cantora, que morreu dois anos depois. Bruna não nega: Inezita foi uma de suas maiores influências. Outro de seus preferidos é Tião Carreiro. Tal como ele, Bruna toca a viola de 10 cordas, instrumento que, em suas mãos exímias, parece extensão de seus braços. Cantor, compositor e violeiro, conhecido pela dupla com Pardinho, o

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mineiro Tião seguia igualmente os troncos mais autênticos da música de origem rural brasileira. “A primeira canção que me lembro de ter tocado na vida era do repertório dele”, diz a cantora, referindo-se a “Pagode em Brasília”, de Lourival dos Santos e Teddy Vieira. Tião gravou-a em 1965. Bruna regravou-a em 2012, em seu disco de estreia, Resgatando Raízes, só de modas de viola. Continua sendo um dos números mais festejados nos seus shows. O bigodudo Tião morreu em 1993, aos 69 anos. O mesmo ano em que Bruna Villas Bôas Kamphorst nasceu. Ela se surpreende com a coincidência. “Poxa, ele teve mesmo muito influência na minha vida.” Mais influência ainda a garota recebeu do bisavô, Publio Villas Bôas, parente dos famosos sertanistas e indianistas com o mesmo sobrenome. Embora tenha nascido em Cuiabá, capital e maior cidade de Mato Grosso (610 mil habitantes), Bruna gostava mesmo era de sair do asfalto e se bandear para a fazenda da família. Ali, o bisavô e o avô, Bernardo, receberam várias vezes Tião Carreiro em pessoa para noitadas de moda de viola. “Eles falavam disso com muito entusiasmo”, ela relembra. “Ficou na história da família”, diz a cantora, que mandou tatuar um retrato de Tião no braço esquerdo. Foi aos 10 anos que a menina loura e bonita ganhou sua primeira viola, instrumento complicado, que lhe deu o sobre-

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A cantora, aos 26 anos: shows até nos EUA

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nome e calos nos dedos. Não à toa: as cordas são de aço, costumam machucar. Logo a menina seguia a grande linhagem que nos legou não só Tião Carreiro, mas Almir Sater, Renato Andrade, Paulo Freire e Helena Meirelles. “Quando pequenininha, eu já era sertanejona”, assume-se. “Tocava viola, montava a cavalo, ficava feliz de estar entre os peões. É de nascença. Minha irmã teve a mesma formação que eu e é urbana.” A proximidade com o meio rural fez de Bruna uma fiel apreciadora do tereré, variação fria do chimarrão gaúcho, bastante consumida no interior de Mato Grosso. “Além de muito gostoso, faz um bem danado. É diurético e ajuda a manter o peso”, diz a bela loura de 1,71 metro e 65 quilos. A mesma afinidade com as fazendas de gado e a cultura regional fez, também, Bruna optar pela profissão de veterinária. Chegou a cursar três períodos. Gostava muito – mas desistiu. Em primeiro lugar porque sempre preferiu as aulas de música no Sesc-Senac de Cuiabá, na Universidade Federal de Mato Grosso e no conservatório Dunga Rodrigues. Em segundo, porque, já então, o ofício de cantora – que vacilou até assumir de vez – lhe exigia tempo integral de dedicação. De cara, Bruna ganhou um apelido carinhoso que parece ter sido criado nos anos 1950, nos corredores da Rádio Nacional, no Rio de Janeiro: Flor Matogrossense. ALÔ, BRUTAIADA Uma a uma as barreiras artísticas foram vencidas. “Quando eu subia no palco, minha mãe ficava mais nervosa que eu”, relembra. Pois bem, Ana Mara Villas Bôas Kamphorst dominou o nervosismo a ponto de trocar o posto de dona de casa pelo de empresária da filhona. O mesmo apoio Bruna sempre teve do pai, Rogério Kamphorst, bem-sucedido empresário do agronegócio. Tamanho amparo familiar ajudou-a a ir muito longe. Inclusive a shows em Las Vegas, nos Estados Unidos. Bruna descobriu a América, aliás, a América descobriu Bruna em 2016, quando a cantora voou até lá para receber um prêmio Grammy Latino pelo seu quarto álbum, Melodias do Sertão. Ela dedicou o troféu à “brutaiada”. É o termo carinhoso com que chama os fãs. “Bruto é a pessoa que gosta da vida no campo e que não tem frescuras”, resume. É curioso como o nome de cada disco de Bruna Viola define, de maneira direta, a etapa correspondente em sua carreira. O primeiro deles, Resgatando Raízes (2012), já citado

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“Espero que, sempre que se falar na viola, as pessoas lembrem da minha dedicação e do tanto que lutei para manter viva a música de raiz”

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As mãos exímias que tocam a viola também recebem o Grammy Latino

aqui, é uma homenagem às modas de viola, enquanto o segundo, Só para Ficar na Moda (2014), soa quase como um pedido de desculpas pelas concessões ao dito sertanejo universitário, a começar pelo título. Foi no terceiro que a carreira da Flor Matogrossense tomou outra dimensão. Um executivo da gravadora Universal Music viu a cantora se apresentando em Belo Horizonte e, de pronto, ofereceu-lhe um contrato. Nascia assim Sem Fronteiras (2016), disco também com batismo esclarecedor. Seguiu-se Melodias do Sertão (2018). Nome que também é uma síntese do trabalho. Favorecida por uma gravadora de porte e uma estrutura ultraprofissional de shows, Bruna Viola viu sua carreira se expandir em escala geométrica. Por exemplo: ela tem mais de 1 milhão de seguidores no Facebook. Mais: o clipe da canção “Se Você Voltar”, escrita por César e Fátima Leão, e que contou com a participação da dupla César Menotti & Fabiano, ultrapassou 1,5 milhão de visualizações na internet. Sem

esquecer que duas de suas gravações se tornaram trilha sonora da telenovela global O Outro Lado do Paraíso. Tamanho sucesso obrigou-a a morar em um lugar mais central e estratégico que Cuiabá, para facilitar o deslocamento para os shows. Bruna optou por São José do Rio Preto, a 440 quilômetros de São Paulo, e, fator preponderante, bem próxima a Mato Grosso. Tão quente quanto Cuiabá, por sinal. Para lá levou sua coleção de botas. “Amo! Devo ter mais de 50 pares.” Em meio ao turbilhão, Bruna não pretende, jamais, perder a essência do seu trabalho, que nutre desde os tempos em que, ainda pirralha, ouvia a família narrar as encantadoras noitadas estreladas na varanda ao som de Tião Carreiro. “Minha intenção é deixar uma referência para as novas gerações e para a história na música sertaneja”, diz, muito séria. “Espero que, sempre que se falar em viola, as pessoas lembrem da minha dedicação e do tanto que lutei para manter viva a música de raiz.” TP

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PA L A DA R Più paulistano che italiano O bife à parmegiana tem até nome peninsular. Mas foi criado no bairro do Brás, em São Paulo

Por J.A. Dias Lopes

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ilhares de brasileiros se deliciam à mesa com o bife à parmegiana. É um dos pratos mais amados no país. Em seu preparo, a carne é passada na farinha e no ovo, colocada para fritar, depois coberta com mozzarella, molho de tomate, polvilhada com queijo parmesão e levada ao forno para derreter e gratinar o queijo. Preferem-se bifes de alcatra, coxão mole, patinho e fraldinha. Quando se escolhe o filé-mignon, o prato altera o nome. O preço também fica mais alto. Vira filé à parmegiana. A lenda sustenta que a receita foi introduzida no Brasil pelos imigrantes do sul da Itália, que vieram entre o final do século 19 e a primeira metade de 1900. Entretanto, italianos de hoje podem até gostar do prato, mas se surpreendem com ele. Quando desembarcou em São Paulo, em 1999, para ser chef do restaurante Fasano, Salvatore Loi, nascido na Sardenha, foi levado a um restaurante para conhecer o bife à parmegiana. “Porca miseria, este prato nunca foi italiano!”, exclamou na ocasião, logo na primeira dentada. E não é mesmo. A receita nasceu em São Paulo, desenvolvida por imigrantes italianos – e com um paradoxo. Apesar de batizada de à parmegiana, qua-

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lificativo de preparações que incorporam queijo parmigiano reggiano (parmesão), leva predominantemente mozzarella . Até prova em contrário, o primeiro restaurante a vendê-la foi a extinta Cantina 1060 (referência ao número da casa), na avenida Rangel Pestana, bairro do Brás, da capital paulista. “Se não foi a pioneira, pelo menos popularizou o prato”, assegura Massimo Ferrari, respeitado restaurateur paulistano. Desse modo, o bife à parmegiana pode ser considerado um legítimo exemplar da culinária da qual fazem parte outras receitas de enorme prestígio popular, a começar pelo polpettone (bolo de carne moída, recheado com mozzarella, empanado, frito e servido com molho de tomate) inventado no restaurante Jardim de Napoli, pelo saudoso restaurateur Toninho Buonerba. Na Cantina 1060, a inspiração do cardápio era a comida da região da Campânia, onde fica Nápoles, no sul da Itália. A casa abriu em 1939 e lançou o bife à parmegiana como convém: com arroz branco e batata frita. “Nos fins de semana e feriados, a clientela formava longas filas na porta da Cantina 1060”, recorda-se Massimo Ferrari. “Deviam fazer centenas de bifes entre o sábado e o domingo.” A concorrência logo a imitou.

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Gorgonzola, figos e nozes: o cheiro evoca a memรณria com muito poder

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O prato surgiu em São Paulo. É bem provável que na Cantina 1060, no bairro do Brás. Curiosamente, em Buenos Aires, surgiu uma receita bastante similar

Massimo Ferrari não tem dúvida: a receita é paulistana

A Cantina 1060 pertencia a Nicoletta Tucci Mazza, cozinheira de mão cheia, nascida em 1884 na localidade de Bellosguardo, região da Campânia. Imigrou para o Brasil com uma das levas dos conterrâneos que mudaram para nosso país buscando trabalho. Uma parte foi para o interior de São Paulo, substituindo nas lavouras de café a mão de obra escrava, abolida em 1888; outra se fixou na capital do estado, trabalhando na indústria, comércio e serviços gerais. Inclusive pela sua região natal, faz sentido considerar Nicoletta a provável precursora do bife à parmegiana. Segundo três restaurateurs paulistanos nascidos na Itália – Massimo Ferrari (Piemonte), Tonino Grieco (Campânia), sócio da pizzaria Veridiana, e Giancarlo Bolla (Ligúria), que era dono do restaurante La Tambouille –, a receita ítalo-paulistana teve como referência a melanzane alla parmigiana , especialidade típica da Campânia. Falamos do prato à base de berinjela frita, gratinado no forno com molho de tomate, manjericão, alho e um ou mais queijos. “No bife à parmegiana de São Paulo, trocou-se a berinjela pela carne e houve adaptação da receita”, analisa Tonino Grieco. “Não existe igual na Itália.” Já se associou o bife à parmegiana com a cotoletta alla milanese, porta-bandeira gastronômica da capital da Lombardia.

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Mas a comparação carece de fundamento. A receita italiana recomenda uma carne com osso, tirada do lombo do bovino jovem. É passada primeiro no ovo batido e temperada com pimenta. Frita em pequena quantidade de manteiga, sem afundar na gordura. Dessa maneira, não se trata de uma fritura clássica. Por último, não recebe molho de tomate, nem queijo de massa filada. Desistam de confrontações. Embora tenha alma italiana, o bife à parmegiana é cidadão brasileiro. O BIFE QUE FRITOU ALÉM DA CONTA A receita ítalo-paulistana surgiu em uma década na qual outros países criaram pratos similares. As frituras estavam em alta, se é que alguma vez ficaram totalmente em baixa. Os salgadinhos começavam a fazer sucesso: bolinho de bacalhau, coxinha, croquete, pastel, risole. Pratos aparentados com o bife à parmegiana surgiram na Argentina e no Uruguai. Quem já esteve em Buenos Aires e Montevidéu sabe do que falamos. Chamam a preparação apenas de milanesa e, embora se pareça com o cotidiano bife empanado e frito dos brasileiros, tem personalidade própria. Os argentinos inventaram a receita da milanesa, que não tem ligação com a cidade italiana evocada no nome. Surgiu em Buenos Aires, nos anos 1940, no extinto restaurante Napoli. O estabelecimento funcionava em frente ao Luna Park, o mais importante centro cultural, social e desportivo da Argentina. Ali se apresentaram, em diferentes ocasiões, Frank Sinatra, Luciano Pavarotti e Diego Maradona, que o escolheu em 1989 para a festa de arromba do seu casamento com Claudia Villafañe, para a qual trouxe em avião fretado convidados da Itália, onde jogava.

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Eis a receita portenha, chamada por lá de a la napolitana

Quando o evento não oferecia comida, as pessoas saíam do Luna Park, atravessavam a rua e comiam a milanesa do restaurante Napoli, que ficava aberto a noite inteira. Obviamente, o prato também contava com centenas de clientes comuns. Certo dia, um deles chegou tarde demais e, como o cozinheiro principal já cumprira o horário de trabalho, indo para casa, um auxiliar nascido na província de Tucumán, no noroeste do país, ocupou o seu lugar. Não tendo a mesma experiência do chef, deixou um bife passar do ponto na fritura. Quis preparar outra milanesa e constatou que usara o último pedaço de carne da geladeira. Desnorteado, levou o problema a José Napoli, dono do restaurante, e ouviu dele o conselho: “Não te preocupes, daremos um jeito. Cubra a milanesa com molho de tomate, presunto, queijo mozzarella e leve ao forno para gratinar”. O cliente adorou o prato. José Napoli, orgulhoso da invenção, colocou-a no cardápio. Outras casas a copiaram. Hoje, a receita é elaborada em uma infinidade de restaurantes de Buenos Aires e, por influência argentina, na cidade uruguaia de Montevidéu. O primeiro nome do prato foi milanesa a la napoli. Agora, denomina-se a la napolitana.

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A receita tem variações. Incluem milanesa a la diablo e de peceto (lagarto) com morrones agridulces e aí por diante. Por se tratar de pratos populares, os cortes de carne utilizados são os mais baratos. Se a maciez for duvidosa, admite-se bater na peça para quebrar as fibras. Já o naturalmente macio lomo (filé-mignon), só nos dias de festas e nas cozinhas abonadas. Para ser uma verdadeira milanesa, a carne precisa ter espessura fina e formato ovalado. Argentinos e uruguaios também fazem sanduíche de milanesa, enriquecido ou não com alface, vendidos em bares, nos estádios e na rua. Na invenção do restaurante Napoli, primeiro se coloca sal; depois, passa-se na farinha de rosca ou pão dormido ralado; a seguir, no ovo batido, temperado com um pouco de salsinha; finalmente se envolve a carne na farinha de trigo. Está pronta para ser frita no óleo bem quente. Resulta seca e crocante por fora; internamente, fica macia. Então, gratina-se no forno, coberta por molho de tomate encorpado, uma fatia fina de presunto e lâminas de mozzarella. Qualquer semelhança com o bife à parmegiana brasileiro só pode ser mera coincidência. TP

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O L FATO Cheiro de carro novo Cada vez mais as montadoras investem no aroma interno dos veículos – pois eles ajudam a vender

Por Luiz Guerrero

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uarde estas informações para entender melhor o que vamos contar a seguir:

1- Cerca de 400 receptores olfativos (ROs) concentrados na fossa nasal fazem com que o olfato humano seja capaz de identificar uma quantidade incalculável de diferentes aromas. O número pode impressionar, mas é desprezível quando sabemos que o elefante conta com 1.948 ROs. Comparar a tromba de um elefante com o nariz do homem é como afirmar que o courvin tem a mesma fragrância do couro Connoly. Mas o que dizer do camundongo, com seus 1.130 ROs? 2- Dentro de um automóvel existem mais ou menos 100 produtos químicos diferentes e isso significa que, quando você abre a porta de um carro zero-quilômetro, explode em suas narinas a anárquica combinação dos cheiros de plástico, algodão, cola, resina, fibras, borracha, eventualmente madeira, por vezes couro, e outros elementos químicos e orgânicos. E chegamos ao assunto deste texto: o incomparável cheiro do carro novo. É um aroma de agrado universal, e tão marcante que o cineasta italiano Federico Fellini (cujo centenário de nascimento se comemora neste 2020) confidenciou ao seu colega brasileiro Bruno Barreto: ele comprava um carro depois de cada filme concluído, apenas para saborear o cheiro da no-

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vidade. “Tem coisa melhor que cheiro de carro novo?”, perguntou o diretor de alguns dos maiores clássicos italianos. A revelação está no livro Os Cineastas, Conversas com Roberto D’Avila (Editora Bom Texto). A mesma sensação tinha o diretor americano John Carpenter. No filme Christine, o Carro Assassino, de 1983, o personagem vivido por Roberts Blossom negocia a venda de um Plymouth Fury 1968 e comenta que a fragrância de um carro novo em folha é “o melhor cheiro do mundo”. “O cheiro de carro novo é especial porque traz a sensação de conquista”, resume Maria de Lourdes Feitosa, química por formação e pioneira no Brasil na arte de decifrar odores de automóveis. Se é assim, por que o odor de casa nova não provoca bem-estar? Porque casa nova cheira a tinta – ela responde – e, até pouco tempo, as tintas à base de solventes químicos tinham odor insuportável. Hoje, à base de água, são inodoras. O olfato é o sentido humano mais apurado. Mais que a visão, filtrada por três tipos de receptores luminosos nas retinas, que nos faz distinguir 10 milhões de cores. Foi o que demonstrou pesquisa conduzida em 2014 pelo Laboratório de Neurogenética da Universidade Rockefeller de Nova York. Esse estudo concluiu: nosso nariz é capaz de detectar pelo menos 1 trilhão de cheiros distintos. Pode-se questionar essa afirmação (baseada em experimentos científicos, diga-se), mas é inegável que o olfato está diretamente ligado àquela porção do cérebro res-

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A BMW conta com osmólogos para criar o cheiro de modelos como o X-1

ponsável pela memória. Entendeu agora por que o aroma de óleo dois tempos misturado à gasolina azul daquele DKW Belcar que chegou à sua casa estalando de novo na década de 1960 volta à sua memória cada vez que você se lembra do carro? Cheiro de carro novo é eternizado. Mas não é eterno. “O aroma que você sente ao entrar pela primeira vez em um zero-quilômetro não dura muito tempo”, informa Maria de Lourdes. “A exposição ao sol ou à circulação de vento faz com que o cheiro desapareça em questão de dias.” Os próprios fluidos do corpo humano descaracterizam o perfume do zero-quilômetro. E se você fuma dentro do carro vai conviver com o odor da fumaça impregnada no ambiente. Não tem outro jeito.De maneira que o cheiro que você sente hoje dentro do Fusca 1968 não é o mesmo de quando seu pai o levou para o primeiro passeio no 68 Verde Caribe zero-quilômetro, por mais que você insista no contrário. É a sua memória pregando uma divertida peça. Conforme-se.

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Até metade dos anos 1980, cada marca e cada modelo de automóvel podiam ser ser distinguidos pelo odor. Um Ford não cheirava como um Volkswagen, que não cheirava como um Chevrolet. E um Corcel não tinha o mesmo cheiro de um Galaxie. Foi nessa época que os alemães da Audi ficaram intrigados com as reclamações acerca do odor desagradável em alguns modelos. Uma equipe de osmólogos contratados pela fábrica alemã descobriria que o cheiro emanava da cola na fixação das forrações internas. Se você entrou em algum carro do primeiro lote de chineses que desembarcou por aqui nos anos 1990, vai saber de que tipo de cheiro estamos falando. Era como aspirar solvente em ambiente fechado. MARKETING OLFATIVO oa parte do incômodo se devia a um componente químico encontrado na cola, o tolueno ou metil-benzeno, que também é matéria-prima para a feitura de solventes e de algumas resinas. Por ironia, trata-se do mesmo componente que despertou em gerações o fascínio pelo cheiro do carro novo. A partir da constatação dos técnicos da Audi, surgiu uma série de normas impostas pelo governo alemão para controlar o tipo de material empregado na construção dos carros. A regulamentação passaria a vigorar, com mais ou menos rigor, entre os maiores fabricantes do mundo, Brasil incluído. Assim, o tolueno foi, na prática, banido.

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Sempre que terminava um filme, Fellini comprava um carro novo, para sentir o cheiro. Seu Oito e Meio rendeu pouco. O jeito foi adquirir um Fiat 500

Fellini: confesso admirador do odor de carro zero

E é aqui que Maria de Lourdes Feitosa começou sua carreira de osmóloga veicular. A profissão, vamos esclarecer, não é regulamentada. Aliás, a palavra osmólogo nem consta dos dicionários. Mas é uma denominação mais elegante que cheirador profissional. Nossa personagem trabalhava como analista de laboratório na Volkswagen e sua sensibilidade para distinguir (e memorizar) aromas levou-a a ser designada para um curso de especialização na Alemanha. Ela voltou de lá com o título de zertifizierte nase, ou nariz certificado, conferido pelo Laboratório de Análise de Odor do Grupo Volkswagen. Maria de Lourdes passou a controlar o cheiro de toda a linha de modelos até sua aposentadoria, em 2014. Um dos seus últimos trabalhos na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, foi determinar o aroma predominante do Polo. “A orientação era que o modelo transmitisse por meio do cheiro seus avanços tecnológicos”, conta. O carro chegou às lojas com aroma suave. Ou de nível 3 dentro da escala olfativa, em que 1 representa algo inodoro e 6, algo insuportável. Hoje, grande parte dos fabricantes conta com especialistas em decifrar odores e que manipulam o cheiro dos carros. Poderiam ser classificados como profissionais do marketing olfativo, um ramo que se expandiu tão logo os shopping centers espalha-

ram agradáveis aromas artificiais nos corredores para criar a sensação de bem-estar no público – e, com isso, retê-lo durante mais tempo perto das vitrines e, sobretudo, dentro das lojas. O que se busca no automóvel segue o mesmo princípio. A francesa Citroën investiu na fórmula no começo dos anos 2000 e passou a oferecer no seu modelo mais luxuoso disponível no Brasil à época, o C4 Pallas, um kit de ampolas aromatizantes para ser instalado junto às saídas de ventilação do carro e cuja intensidade poderia ser regulada pelo motorista. As ampolas traziam nove tipos de diferentes fragrâncias criadas pela Casa Robertet, a perfumaria fundada na França em 1850, com aromas batizados de Ylang Bambou ou Agrume Passion, embora entre as nove combinações faltasse a que poderia ser chamada de Nouvelle Voiture. “Embora saiba de várias tentativas, não há como recriar e guardar o cheiro de carro novo em um frasco”, conta Maria de Lourdes. Mas a portuguesa Paula Carvalho, que fez carreira de perfumista na França, pensa o contrário. “Você encontra em muitos países essências em forma de sachê ou spray que reproduzem com alguma fidelidade o cheiro do carro novo.” Se for levado em consideração que hoje tal aroma tende a ser artificial e provavelmente personalizado ao gosto do freguês, o que Paula Carvalho diz é verdade. Vale lembrar: o cheiro de carro novo é uma sensação pessoal. Nenhum nariz, afinal, sente o mesmo cheiro que outro. Tal lógica vale tanto para as Ferrari, Maserati e Lamborghini, com seus inebriantes aromas de couro, madeira de lei e carpetes de lã de carneiro, que Fellini comprava a cada sucesso de bilheteria, como para o Fiat Cinquecento 1963 que o cineasta adquiriu depois do fracasso de Oito e Meio (1963). Um carrinho popular, sim. Mas com cheiro de zero-quilômetro. TP

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tato O chamado das alturas Escaladores se arriscam como ninguém. Mas o sentido do montanhismo pode estar além da aventura

Por Ronaldo Ribeiro

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ram 5h32, o sol começava a nascer num dia claro de primavera em 2017, e Alex Honnold deu o primeiro salto na rocha. Respirou fundo e, até as 9h28, apenas subiu, observando a cada movimento a face fria da morte. Ela rondou ao seu lado. Logo acima. E abaixo, principalmente, inevitável e ansiosa como a própria força da gravidade. Mas o jovem de então 31 anos jamais temeu: suas emoções eram anestesiadas pelos gestos precisos e as imposições técnicas descomunais de sua missão. Honnold estava escalando, sem cordas ou qualquer outro item de segurança, os 900 metros de pedra crua da face sudoeste do El Capitan. A assustadora parede é um símbolo do Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia, amado pelos esportistas radicais – categoria que Honnold, com essa e outras conquistas, já ousou redefinir e ampliar. Um breve parêntese para tratar de outro esporte, o futebol. Imagine que, na final do campeonato, o seu time precise ganhar o jogo e, aos 43 do segundo tempo, o placar marca 4 a 0 para o rival. O juiz aponta 5 minutos de acréscimo. Então se dá o momento mágico. Uma sucessão de lances de perfeição tática, beleza e coragem provoca o imponderável e, aos 50 minutos, está 5 a 4 para o seu time. Fim. Glória. Não exagero. O feito de Alex Honnold no universo do montanhismo talvez não seja jamais superado. Ao longo de

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três horas e 56 minutos, ele resistiu pela força de suas mãos e seus pés, nada além, para galgar centímetro por centímetro do granito frio do paredão californiano. Tateava com os dedos em busca de agarras mínimas ou rachaduras que pudessem sustentar seu corpo sobre o vazio, em uma técnica de aderência vertical a ser superada com força, sutileza, aprumo. “É como andar sobre vidro”, disse ele certa vez. O estilo solo – no qual o escalador só pode se valer de seu corpo para subir, sem usar qualquer equipamento – é, para muitos analistas, uma loucura que rende má fama à escalada, diante da longa lista de tragédias no passado. Para os seus adeptos, contudo, o solo ainda é a expressão mais pura de um esporte cada vez mais contaminado pela presença de aventureiros dispostos a pagar fortunas para serem guiados ao topo de montanhas icônicas, sobretudo o Everest. Em suma, Honnold é Pelé. E sua missão impossível supera a do futebol em um detalhe literalmente fatal: qualquer erro ao longo das quase quatro horas na parede – um passo em falso, uma pedra a ceder, um cansaço súbito – e ele não apenas perderia um título. Estaria morto. Escaladores como Alex Honnold são, naturalmente, pessoas incomuns. Metódicas e perfeccionistas, sobretudo. Para encarar a parede, o californiano de Sacramento passou um ano ensaiando centenas de sequências de movimentos, a serem

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“Eu me concentro tanto que nada mais existe. Tudo parece lógico. O perigo desaparece”, disse Reinhold Messner, o primeiro a chegar ao topo das 14 mais altas montanhas do mundo

Alex Honnold em ação

usados em cada metro da rota palmilhada preliminarmente em ascensões com cordas de segurança. Alex passou a viver numa van em Yosemite, que funcionava como uma espécie de “acampamento-base” móvel e academia – um fingerboard no qual ele se pendurava dentro do veículo servia para treinar a força dos dedos das mãos. Ele chegou a romper um romance que ameaçava a sua concentração. Estar solitário parecia mais adequado, como solitária seria, afinal, a sua jornada. “O que é esta força estranha que nos leva até o cume?”, indaga o ator Willem Dafoe em sua narração no fascinante documentário Mountain, da Netflix. “As montanhas que escalamos não são apenas rocha e gelo, mas também sonhos e desejos. São montanhas da mente.” Alguns exploradores – e Alex Honnold faz parte dessa estirpe – superam desafios sobre-humanos porque enxergam muito além das cordilheiras: elas não são meros cenários de aventura, e sim espaços de autoconhecimento e expansão de limites terrenos da existência. “Quando começo a escalar, me concentro tanto que nada mais existe. Tudo

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parece lógico. O perigo desaparece”, definiu outro craque, o tirolês Reinhold Messner, que cresceu nos Alpes e protagonizou façanhas que inauguraram uma nova era no montanhismo nos anos 1970 e 1980. A grandeza dos feitos de Messner se equipara à das cordilheiras que subjugou, sobretudo o Himalaia – foi o primeiro a estar no cume de todas as 14 montanhas do mundo acima dos 8 mil metros. Ao lado de um camarada de longa data, o austríaco Peter Habeler, ele rompeu a barreira dos 8 mil sem a tradicional parafernália de carregadores, cordas fixas para ascensão e cilindros de oxigênio no temido monte Gasherbrum 1 (8.068 metros), no Paquistão, em 1975. Três anos depois, os dois foram ao Everest sem oxigênio extra, outra conquista inédita. Em 1980, Messner voltou aos 8.850 metros do topo do mundo, desta vez sozinho, sem oxigênio suplementar e levando apenas uma pequena mochila. Uma maluquice impensável ainda hoje. “Reinhold Messner contribuiu para a sua profissão não só com uma lista de façanhas assombrosas como também com a filosofia que a norteou”, escreveu a jornalista americana Caroline Alexander em uma rara entrevista do arredio explorador para a National Geographic, na qual refletiu sobre o legado do ítalo-austríaco. “Só me interesso pelas experiências, nunca pelas montanhas. Não sou naturalista”, confessou o alpinista na ocasião. “Eu me interesso é pelo o que ocorre com os seres humanos. Um verso de William Blake diz que, quando homens e montanhas se encontram, grandes coisas acontecem”, retomou Messner, mencionando o poeta inglês. “Se houver uma estrada até o Everest, tudo já estiver preparado e houver um

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guia responsável por sua segurança, você não pode, jamais, conhecer a montanha. Isso só é possível quando você a encontra sozinho e é autossuficiente.” Por que se arriscar tanto para conquistar um pico? Nos primórdios da escalada, nos anos 1920, a pergunta foi feita ao britânico George Mallory, então obcecado pela ideia de ser o pioneiro no topo do mundo. A resposta prosaica entrou para a posteridade: “Porque ele está lá!”. Ou seja, porque alguém precisa ir. Simples assim. Mallory talvez tenha alcançado o seu Santo Graal, mas morreu em 1924 em uma nevasca nas encostas do Everest deixando a dúvida insolúvel sobre se ele foi ou não o primeiro a chegar. (Para a história, vale a conquista do neozelandês Edmund Hillary e do sherpa Tenzing Norgay, em 1953, ao abrirem no Nepal a famosa rota até o cume usada pelas numerosas expedições comerciais – a tal ponto que, hoje, a maior estratégia na montanha não está na subida exaustiva no ar rarefeito, mas em como lidar com a fila.) Vale a pena? A pergunta feita a Mallory continua válida, um século depois. “Sem a possibilidade de morte, não existe aventura real”, avalia Messner. “Se alguém disser que o momento mais sublime de sua vida foi no Everest, está mentindo. É um lugar horrível.” MAJESTOSAS E ETERNAS or outro lado, o montanhismo pode prevalecer simplesmente como um caminho para o bem-estar pessoal. “Estar nas montanhas, para mim, é uma forma de terapia corporal, mental e espiritual. Cada passo dado reforça um senso de humildade e uma ideia da nossa pequenez diante da natureza”, diz o fotógrafo e montanhista Caio Vilela, que já esteve cinco vezes no acampamento-base do Everest, guiando caminhantes e escaladores. “A sensação de liberdade, o ar puro e as paisagens deslumbrantes vêm como bônus.”

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Fila para subir o Everest: virou turismo

No mundo competitivo do século 21, a cultura e o mercado do alpinismo perpetuam a ideia de romper limites, mas esse não é o espírito essencial do montanhismo. Há algo nas cordilheiras, ainda que a mera contemplação delas, que emociona, mesmo para aqueles que não escalam – é o meu caso. Com suas formas caóticas e monumentais, as montanhas assomam diante de nós como catedrais que evocam a grandiosa presença da natureza e das forças geológicas que as esculpiram, milhões de anos atrás. Nós passaremos, breves; elas ficarão, eternas. Tive uma crise de choro ao final de uma trilha, diante da súbita beleza do Mitre Peak, na Nova Zelândia, assim como me senti honrado com a mera chance de vislumbrar o Everest ao longe, numa travessia de carro do Tibete ao Nepal. Acampado no alto do estranho Monte Roraima, na fronteira com a Venezuela, me senti em outro planeta, em outro tempo. Nunca me esquecerei desses momentos. Tais experiências, no meu universo, se equiparam à parede insana que Alex Honnold venceu em Yosemite. Elas são o meu El Capitan. Elas são as minhas montanhas da mente. TP

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fi n a n ç a s

Dinheiro ou cartão? Pa g a r c o m c a r t ã o é va n t a j o s o pa r a t o d o s , gar ante

R o s e D e l C o l , p r e s i d e n t e d a Am e r i c a n E x p r e s s n o B r a s i l .

T a n t o q u e a s t r a n s a ç õ e s e l e t r ô n i c a s já s ã o u s a d a s e m m a i s d e u m t e r ç o d a s c o mp r a s n o pa í s

P or Lu i z M ac i e l

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r e t r a t o s Cl au s L e h m a n n

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s

S e f o s s e at e n d e r à s ua p r i m e i r a vo c aç ão, d e s p e r ta da a i n da n a a d o l e s c ê n c i a , R o s e D e l C o l s e r i a h oj e u m a f o t ó g r a fa p r o f i s s i o n a l , e s p e c i a l i z a da e m r e g i s t r a r o s a n i m a i s q u e v i v e m e m l i b e r da d e n a n at u r e z a . At é c h e g o u a fa z e r j o r n a l i s m o n a Fac u l da d e M e t o d i s ta d e S ão B e r n a r d o d o C a mp o ( S P), o n d e pa s s ava h o r a s n o l a b o r at ó r i o r e v e l a n d o f o t o s . “Q u e m q u i s e s s e m e e n c o n t r a r , e r a s ó i r at é l á”, c o n ta .

A paixão pelas câmeras persiste, mas Rose desistiu de se candidatar a uma vaga na National Geographic quando engatou uma bem-sucedida carreira em marketing. Começou trabalhando com seguros e depois migrou para a área de cartões de crédito, onde está até hoje, liderando a marca American Express no Brasil. É uma profissional “caxias”, como ela mesma se rotula – chega sempre a tempo da primeira reunião marcada na

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agenda e só volta para casa por volta das 20h30, “quando o trânsito de São Paulo dá trégua”. Justamente por encarar um ritmo intenso de trabalho, Rose valoriza suas folgas. Nos fins de semana e nas férias ela se desconecta do trabalho e costuma fazer caminhadas e até expedições mais longas, com todas as câmeras e lentes de última geração a que tem direito. Casada e sem filhos, o grande prazer de Rose é viajar – não à toa, pro-

cura dividir as férias em três ou quatro períodos ao longo do ano, para poder visitar mais lugares. Uma das suas escapadas tradicionais acontece em junho, mês de seu aniversário – gosta de comemorar a data no exterior, ao lado marido, seja em Nova York, no Marrocos ou em alguma cidadezinha no interior da França. “Adoro alternar a agitação da cidade com a calma dos ambientes naturais. Isso me dá equilíbrio”, afirma.

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THE PRESIDENT _ Você atua na área de cartões já há um bom tempo. Era uma meta profissional sua? Rose Del Col – Não exatamente, mas acabei direcionada naturalmente para essa área. Meus primeiros empregos foram em seguradoras, nas quais eu atendia representantes de empresas de cartões que eram clientes. Aí alguém notou o meu conhecimento de marketing e me indicou para trabalhar na área de cartões da GE Capital, quando essa divisão de servi-

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ços da companhia se instalou aqui no Brasil, em 1998. Depois fui para a Mastercard, trabalhei lá por dois períodos, e esta também é minha segunda experiência na American Express. Hoje quase todo mundo usa cartões de crédito ou de débito. O dinheiro físico vai acabar? Essa é a tendência. Na Suécia, na prática, não circula mais dinheiro. Se alguém aparece com papel-moeda, os comerciantes nem têm troco para dar.

Aqui mesmo no Brasil isso já acontece. Tenho um amigo que sempre reclama de falta de troco no McDonald’s, mas eu digo que quem tem de mudar é ele. Claro, ele tem de se adaptar aos novos tempos. Hoje mesmo os camelôs aceitam cartão, até os flanelinhas aqui de São Paulo, que tomam conta dos carros estacionados na rua, aceitam. Se o motorista vier com a desculpa de que não tem dinheiro trocado, eles logo apontam para a maquininha de cartões.

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são tão altos. É por causa da inadimplência, que também é alta?

“N o s e s t a d o s u n i d o s , 5 0% d o s pa g a m e n t o s já s ão f e i t o s p o r m e i o d e c a r t ão”

Dá para ter uma ideia do percentual de pagamentos feitos por cartão hoje em dia no Brasil? Em 2018, eram 34%. Ou seja, representaram mais de um terço do volume do consumo das famílias. E a maior parte disso foi feita com cartão de crédito. Esse percentual de participação vem crescendo rapidamente. A proporção decerto já aumentou, porque a tendência de popularização dos cartões é muito clara, desde que as instituições financeiras passaram a oferecer esse meio de pagamento para a base da nossa pirâmide social. A pessoa que deixava de ir à manicure porque só ia receber o pagamento dali a uma semana, por exemplo, hoje pode fazer a unha no dia que quiser e pagar com cartão. Na Suécia essa proporção já é perto de 100%, certo? Isso mesmo. Nos Estados Unidos, onde o mercado é mais maduro que o nosso, está em torno de 50%. E isso porque eles ainda usam muito o cheque, o que está em desuso no Brasil. Ainda é muito comum um americano escrever um cheque para pagar uma conta – ele põe no envelope e manda pelo correio. Mas isso tende a desaparecer. Quando se fala em cartão de crédito, porém, logo se pergunta por que os juros

Eu nem observo muito essa questão dos juros, porque a Amex não atua nisso, nós somos a bandeira do cartão. Aliás, em geral, a bandeira de cartão não é emissora no Brasil, esse papel é dos emissores, sejam eles bancos ou outras instituições financeiras. A Amex até é emissora em outros países, mas não aqui no Brasil, porque o modelo de negócio que a empresa escolheu para o Brasil foi a atuação como bandeira. Estamos presentes em 20 países da América Latina e somos emissores apenas em dois, no México e na Argentina; nos demais atuamos como bandeira. Mas ser a única bandeira atuando como emissora de cartões não daria um diferencial importante no Brasil? Foi uma opção nossa atuar no mercado brasileiro com o Bradesco, que é um dos maiores bancos do mundo, com uma grande rede de agências para distribuir o cartão, o que a American Express sozinha teria dificuldade de construir num país continental como o nosso. Teríamos de ter um call center para atender os clientes, uma área de crédito e risco, uma estrutura de marketing muito maior – enfim, muito mais do que o escritório com 50 funcionários que temos em São Paulo. Por isso tudo escolhemos não ser emissores, embora esse também seja um excelente negócio. Aliás, nós somos o maior emissor de cartão no mundo, com quase 150 milhões de associados e 64 mil funcionários no mundo todo. Emissão é o nosso principal negócio globalmente. Porém não no Brasil. É o emissor que define as taxas? Sim, quem cobra do cliente e lida com a inadimplência é o banco emissor. Mas

hoje percebo que as taxas de juros já caíram bastante. Na época em que eu trabalhava na GE, a taxa de juros era muito mais alta que a de hoje. Os emissores também decidem quais benefícios oferecer aos consumidores? Esses benefícios são muito importantes para os clientes. Por isso, são oferecidos pelas duas partes, as bandeiras dos cartões e os bancos emissores. No nosso caso, são esses benefícios que diferenciam um cartão Platinum da Amex de um Gold ou de um Green. Já a pontuação de milhas é o emissor que define, conforme a taxa de conversão que ele vai utilizar para cada um dos produtos. Nós até trazemos para os emissores as experiências que a gente tem fora do Brasil, onde a American Express também é emissora de cartões, mas a decisão é do banco, porque ele é que assume o custo. Quais os principais benefícios que a Amex oferece? Temos vários, desde oferecer uma garrafa de vinho ou um prato extra em restaurantes até promoções em supermercados e seguros em viagens internacionais com passagens compradas com o cartão. Uma experiência muito especial é o nosso programa Amex for Foodies, em parceria com o Guia Michelin, em que convidamos um chef internacional famoso para cozinhar com um chef brasileiro. São eventos únicos e exclusivos para nossos associados, que trouxemos para o Brasil no final de 2018. Outro benefício importante que passamos a oferecer é o lounge da Amex no aeroporto de Guarulhos, que foi inaugurado no ano passado e está disponível para associados do cartão Platinum e mais um acompanhante. É um espaço lindo e sofisticado, decorado com uma

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obra do Eduardo Kobra que mostra o encontro do Cristo Redentor com a Estátua da Liberdade. O cartão Amex tem a reputação de ser mais elitizado, voltado para consumidores de alta renda. Vem daí a opção de premiar os clientes com experiências em vez de eletrodomésticos? De fato, a nossa marca é bastante aspiracional para o cliente final, no mundo inteiro. Nós temos cartões para os diversos segmentos sociais, mas a nossa maior fortaleza é mesmo o segmento de alta renda, no qual oferecemos experiências exclusivas para o associado. Os clientes usam o seguro oferecido pelo cartão nas viagens internacionais? Tenho a impressão de que muitos não sabem disso. A gente comunica isso constantemente para os nossos parceiros de negócio e no nosso site. Mas eu concordo com você, muita gente não sabe e deixa de contar com um apoio muito importante no exterior. Eu mesma já precisei usar duas vezes o seguro para atendimento médico, e fui muito bem cuidada. Todos deveriam se informar melhor sobre os benefícios do cartão. Quais são os bancos parceiros da Amex aqui no Brasil? No caso de emissão é o Bradesco, mas nas parcerias em que o adquirente vai filiar o comércio para aceitar o cartão trabalhamos com todos os adquirentes do mercado. Temos parceria com a Cielo, que é do Bradesco e do Banco do Brasil, com a Rede, que é do Itaú, com a GetNet, que é do Santander, e também com a Stone, com a PagSeguro e outros. Temos cerca de 11 adquirentes plugados diretamente na American Express.

“O c a r t ão dá m a i s s e g u r a n ç a ao c o m e r c i a n t e , q u e n ão pr e c i sa t e r m a i s ta n t o d i n h e i r o e m c a i x a”

Essas maquininhas deram um empurrão fundamental para os cartões, não? Sim, aumentou muito a capilaridade. Você passa a ter mais pessoas com cartões e mais comércios aceitando o pagamento eletrônico. À medida que as pessoas deixam de ter dinheiro na carteira, toda a cadeia vai se adaptando. Dentistas e médicos, que sempre foram resistentes a cartões, também estão começando a aceitar. Estacionamentos, a mesma coisa. A última fronteira talvez sejam as lotéricas, que só aceitam dinheiro e, por isso mesmo, vivem sendo assaltadas. Esse é outro ponto importante: o cartão dá mais segurança para o comerciante, porque ele não precisa mais ter tanto dinheiro em caixa. Reduz o trânsito de dinheiro, o uso de carros-fortes. E o que fazer contra a clonagem de cartões, a pirataria? Todas as emissoras de cartão têm critérios bem elevados de segurança, mas o bandido sempre aprende rápido como burlar. No Brasil a gente logo adotou o chip, o que melhorou muito a segurança do cartão. E tanto os emissores

como as bandeiras continuam investindo na segurança, trazendo novidades. Aliás, quais são as novidades que devem vir por aí, para dar mais segurança e facilitar o uso de cartões? O que já está sendo muito utilizado em outros países, e cada vez mais aqui também, é o QR Code, aquele código de barras quadradinho que você escaneia e paga com o celular – desde, claro, que o cartão de crédito esteja armazenado no aparelho para poder fazer essa transação. Há uma tendência muito forte também de avançar na biometria, na identificação do consumidor pela íris, pelo rosto e até mesmo pela voz. A gente vai acompanhando essas novas tendências ao redor do mundo e vê que o Brasil não é só um receptor de novas tendências, mas também um exportador de novas experiências. Quais, por exemplo? O próprio uso dos cartões pelos pequenos comércios, aos quais já nos referimos. Eles na verdade se resumem a um indivíduo apenas, os MEIs, que são os microempreendedores individuais. Isso virou benchmarking para outros países. Onde a experiência com biometria está mais avançada? Na China, principalmente, e nos Estados Unidos e na Europa. Os chineses pulam etapas, porque a economia deles cresce muito rapidamente. Eles já fazem transações utilizando a digital ou o reconhecimento facial pelo celular, e têm call centers que reconhecem os usuários pela voz. Daqui a pouco teremos tudo isso aqui também. TP

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n egó ci os

Otimismo em

construção M a rc e l l o G a n d i n i Ro m e ro,

CEO d a B o s s a N o va S o t h e b y ’ s ,

i m o b i l i á r i a q u e a t ua n o m e r c a d o d e a l t o pa d r ã o, a c r e d i t a q u e e s s e s e gm e n t o a t r a i r á m u i t o s i n v e s t i m e n t o s e m 2 0 2 0

Por R ic a r do Pr a do

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r e t r ato s T uc a R e i n é s

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a

A p r i m e i r a m o t i vaç ão pa r a e n t r a r n o m e r c a d o i m o b i l i á r i o f o i c o n q u i s ta r o p r i m e i r o c a r r o. M a r c e l l o G a n d i n i R o m e r o t i n h a 17 a n o s , q ua s e c o mp l e ta n d o 18 , q ua n d o c o m e ç o u a t r a b a l h a r c o m o c o r r e t o r d e i m óv e i s n a i n c o r p o r a d o r a d o s t i o s d e u m a m i g o. T r ê s m e s e s d e p o i s , já h av i a c o n q u i s ta d o s e u p r i m e i r o o b j e t i vo – o au t o m óv e l . E n t r o u n o c u r s o d e a d m i n i s t r aç ão d e e mp r e s a s n a F u n daç ão A r m a n d o Á lva r e s P e n t e a d o, a Fa a p, m a s s e m l a r g a r aq u e l e n ovo, e p r o m i s s o r , e mp r e g o. D i v i d i n d o a at e n ç ão c o m a s au l a s e o rú gb i - s e u e s p o r t e p r e f e r i d o p o r 1 2 a n o s e q u e r e n d e r i a d ua s pa r t i c i paç õ e s e m t o r n e i o s i n t e r n ac i o n a i s p e l a s e l e ç ão b r a s i l e i r a e u m a c l av í c u l a q u e b r a da -, M a rc e l lo se de sc obr i u u m bom c or r e tor.

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Muitos imóveis depois, e um MBA em Real Estate, ele também se descobriria empreendedor. Começou com imóveis populares, um mercado até então pouco assistido por crédito e subsídios governamentais. E como quase todo empreendedor, também viveu uma quebra, aos 23 anos. Mas Marcello estava acostumado aos trancos, no rúgbi e na vida. Após uma passagem pelo varejo de relógios, voltou a vender imóveis, como executivo de duas imobiliárias de renome. Até perceber que sua veia de empreendedor pedia outro caminho. Em 2012 partiu para um novo mercado: os imóveis de alto padrão. Nesta entrevista, o CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty conversa sobre as características desse mercado e a eterna questão de estabelecer o equilíbrio entre o preço pedido pelo vendedor e o valor que o comprador deseja pagar. No meio deles está o corretor, que, como lembra Marcello, hoje com 43 anos, detém informações privilegiadas e tentará auxiliar as partes a chegarem a um bom negócio. Se por um lado o corretor que virou homem de negócios gosta de lembrar que em média um bom profissional realiza 60 visitas para conseguir vender um único imóvel, por outro pode viver a emoção, que ele mesmo teve, de conseguir fechar em duas horas a venda de um apartamento que custava R$ 15 milhões.

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THE PRESIDENT _ Como foi o seu início? Marcello Romero – A imobiliária onde comecei era especializada na venda de imóveis econômicos, e eu tive a oportunidade de conhecer muito bem a periferia de São Paulo. Fui pra Mauá, Osasco, Carapicuíba... Como eu estava fazendo faculdade de administração, comecei a organizar os estandes e propor mudanças. Por exemplo, a Microsoft havia acabado de lançar o pacote Office, e lá fui eu preparar planilha de Excel pra registrar as entradas dos clientes – o que antes era feito por meio de fichas. Ao longo dos anos eu me tornei gerente, diretor e até sócio minoritário, sempre olhando para o mercado imobiliário de um modo crítico, mas atencioso. Naquela época a profissão de corretor era bastante estigmatizada, não? Quem ia trabalhar como corretor de imóveis eram pessoas que, de alguma forma, precisaram ou ficaram alijadas do mercado formal de trabalho e viram na corretagem uma oportunidade devido à flexibilidade de agenda e baixa barreira de entrada na profissão. Havia muitos vendedores de seguros, das Páginas Amarelas, aqueles guias que nem existem mais. Como era uma época em que a demanda era muito grande, aquele corretor fazia o trabalho de mostrar o imóvel e passar as explicações básicas. Mas, tanto no mercado primário [de lançamentos], quanto no secundário [de imóveis usados], eram os

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“Q ua n d o o c l i e n t e n ão s a b e o q u e q u e r , o cor r etor pr ecisa fa z e r u m t r a b a l h o d e c u r a d o r i a”

clientes que iam atrás dos imóveis. Quando assumi a diretoria dessa companhia, já formado, comecei a fazer um trabalho para trazer uma maior profissionalização. E comecei por mim: fui fazer curso de direito imobiliário, curso de matemática financeira, que era uma coisa que ninguém entendia direito, e uma especialização na USP. No final dos anos 1990 surgiu o crédito associativo, uma modalidade desenvolvida pela Caixa Econômica Federal para o segmento de baixa renda. Daí passei a ter quase 90 corretores trabalhando, parte nessa empresa e parte na minha empresa que fundei em 1996, chamada RGL A descoberta da sua veia de empreendedor vem desse período? Sim, eu tinha 20 e poucos anos e me especializei na venda de imóveis populares. Fazia a comercialização e aprovação de crédito imobiliário dos consumidores junto à Caixa. Vendi cerca de 16 mil unidades nesse formato. E com 23 anos tive a experiência de quebrar.

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Como aconteceu?

res, o que você mais leva em conta?

Eu tinha um volume muito concentrado de valores a receber com essa empresa. Um belo dia eles perderam o credenciamento junto ao banco, e eu tinha comissão de venda de cerca de 500 imóveis a receber, sendo que todas as despesas com estande de vendas e comissões eram pagas antecipadamente pela minha empresa. E, para piorar, meu pai descobriu que tinha um câncer. Foi um período muito difícil e precisei recomeçar do zero. Quebrei por imaturidade. E quando você entrou para o mercado de alto padrão?

A especialização. Não existe essa história de que se atende qualquer faixa de valor, qualquer tipo de produto, casa ou apartamento, em qualquer região da cidade. Isso até pode funcionar no mercado de lançamento, porque um corretor fica no estande vendendo apenas aquele empreendimento. Mas quando você vai para o mercado de imóveis usados, a falta de especialização é ineficiente. Porque aquele que tem um imóvel pra vender, quer saber: “Quanto vale meu imóvel?”; “Que outros produtos estão sendo comercializados similares ao imóvel que eu estou querendo vender?”; “A sua empresa tem representatividade nesse segmento?”. Já o cliente comprador quer saber: “Essa rua é boa?”. Porque, em São Paulo, por exemplo, a alameda Gabriel Monteiro da Silva tem uma dinâmica completamente diferente da rua Maria Carolina, que por sua vez é diferente da avenida Faria Lima. Uma questão de quarteirão muda a vocação, a valorização. Então, o corretor precisa ser um especialista. Como aconteceu a aproximação com a marca Sotheby’s?

Na minha passagem pela [imobiliária] Coelho da Fonseca fiquei amigo do Luciano Amado, que era um diretor lá muito focado no mercado internacional. E eu tinha vontade de montar uma imobiliária voltada ao segmento de alto padrão, com uma proposta inédita. O formato de imobiliária-butique já havia no Brasil, mas eu queria algo diferenciado em relação aos corretores também. Pensei em montar uma empresa pequena, que atendesse muito bem os clientes, tanto comprador quanto vendedor, com um grupo de corretores extremamente qualificado. Daí, conversando com esse meu sócio, começou a surgir o embrião da Bossa Nova, em meados de 2012. Escolhemos atuar apenas em algumas regiões, como Jardins, Itaim Bibi, Alto de Pinheiros e Vila Madalena, e somente no setor de alto padrão. Nós começamos com apenas dez corretores, escolhidos a dedo em uma operação tailor made. E a coisa funcionou muito bem. Nesse processo de escolher os correto-

Foi em 2014, quando eu estava buscando um terreno e conheci um dos sócios da KSM, fundo de investimentos liderado pelo Oscar Segall, ex-sócio da Klabin Segall. Eles queriam trazer a marca para o Brasil e não gostariam de começar do zero. Nos conhecemos e houve uma empatia muito grande, pois, além do investimento, compartilhávamos uma visão muito alinhada sobre o futuro do mercado imobiliário no Brasil. Por coincidência, dois sócios

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“I n v e s t i d o r e s o l h a m com carinho o Br asil e a Í n d i a , pa í s e s c o m m a rgem de cr e scimen to e p e r s p e c t i va d e r e t o m a da n a e c o n o m i a”

desse fundo estudaram comigo no colégio espanhol Miguel de Cervantes, em São Paulo. Assim, nesse mesmo ano, começamos a desenhar um plano de negócios que está centrado em quatro pilares: o prestígio da marca Sotheby’s; um trabalho de marketing digital sólido; corretores bem preparados e uma pegada tecnológica forte. Percebemos o seguinte: se você está procurando um imóvel, quer acessar todas as possibilidades disponíveis naquele momento e para isso precisa procurar três, quatro ou até mais imobiliárias ou corretores autônomos. Por outro lado, quem está pensando em vender, gostaria de ter uma assessoria para ajudar a precificar de maneira correta seu ativo. Nós começamos a pensar como trazer todas essas opções para um único lugar, a nossa plataforma. E o que essa plataforma tem como diferencial? Muitas vezes o próprio cliente não sabe o que quer, e o corretor precisa entender o que ele procura de fato,

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realizando um trabalho de curadoria. Montamos uma plataforma onde, por exemplo, se você está procurando um imóvel de 200 metros quadrados no Itaim Bibi com menos de dez anos, com lazer, ela informa que nesse bairro só há 16 prédios com essas características. Desses, 12 prédios têm anúncio s de vend a, c ono s c o ou n a concorrência. Então, consigo dizer para o cliente que, desses 16 prédios, eu tenho imóveis em 12 deles, e em quatro não. E nesses quatro prédios que não têm ofertas eu sei quem são os proprietários e consigo fazer uma captação on demand. Ou seja, se o cliente quer morar num lugar específico onde não há um imóvel à venda, eu vou captar um lá. Quanto vale o meu imóvel? Essa parece ser a grande questão do dono na hora de vender. Basicamente, há o asking price, que é o preço pelo qual o proprietário quer vender. Depois, o preço de avaliação de mercado, e hoje existem empresas que trabalham para os bancos, ou fundações como a Fipe, que têm modelos de avaliação bastante precisos, levando em consideração apenas a liquidez. Ou seja, por quanto você poderia vender seu imóvel hoje. E, por último, há o preço de venda, o valor pelo qual o imóvel foi efetivamente transacionado. O importante é saber equacionar essas três ordens de valor e auxiliar os clientes na hora de vender ou comprar um imóvel. No Brasil, existe uma forte oscilação entre a oferta e demanda. É um dos principais fatores para levar em média mais de 14 meses para se comercializar um

imóvel. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, onde o mercado é menos oscilante e os preços mais estáveis, demora-se em média menos da metade desse tempo. São várias variáveis. Em um ciclo de crise, há uma flexibilização do preço de venda um pouco maior. Aqui no Brasil, a informação de por quanto se comprou ou se vendeu um imóvel é pública, mas individual. Quer dizer, não é possível ter acesso a ela de forma simplificada. Se num prédio seu vizinho vendeu um imóvel, ele nunca vai admitir que vendeu barato. Então, se diz que foi por R$ 5 milhões, e você sabe como é o apartamento dele, pensa: “Ah, se ele vendeu por 5, o meu vale 5 milhões e meio”. E sem saber por quanto de fato o vizinho vendeu, você precifica o seu. Isso impacta diretamente o tempo para a venda e potencialmente o ajuste de valor para baixo. A razão pela demora não é da imobiliária, mas sim de uma precificação equivocada. Estamos trabalhando junto a outras empresas para trazer mais transparência nas negociações realizadas. Como funciona a cultura de desconto nos imóveis de alto padrão? No final, a distância entre o valor de mercado e a venda efetivada, o desconto final, gira em torno de 15%, na média do Brasil, não mais que isso. Na nossa empresa, a média desse desconto é de 8% em produtos mais bem precificados. Mas há exceções. Acabei de vender um apartamento no Morumbi em que o proprietário deu 25% de desconto porque não aguentava mais tentar vender, fora o custo de manutenção

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com condomínio e IPTU. Por quê? O Morumbi é um bairro com excesso de ofertas, tem muita variedade para escolher e, com isso, fora aqueles imóveis de altíssimo padrão, em média o preço do metro quadrado lá está em torno de R$ 5 mil, o que não paga nem o preço de custo de construção. Qual costuma ser a maior dificuldade na hora de precificar um imóvel?

metro quadrado no Itaim é de R$ 12 mil? Mas uma pessoa que está começando uma jornada de compra olha isso e diz: “Não, eu vi que o preço médio no Itaim é de R$ 12 mil”. É isso que uma boa consultoria imobiliária oferece: um olhar atento para as características daquele bairro, daquela rua. Quais são as tendências no mercado de alto padrão?

Acho que é a dicotomia entre o valor agregado e o percebido. Imagine que você está comprando um imóvel que tem uma cozinha da Kitchens, mas um modelo de 20 anos atrás. Eu, que estou vendendo, posso dizer: “Olha, esse imóvel tem uma cozinha ótima, é da Kitchens”, mas você pode me responder: “Sua cozinha vale zero pra mim, porque não é um modelo que quero. Vou ter de trocar”. O vendedor enxerga como um valor percebido, mas o comprador vê de outro modo. E muitas vezes o negócio não acontece pela diferença de percepção desses valores. Então como precificar?

As pessoas buscam lifestyle. Existe uma mudança de conceito nessa questão da moradia, que é a importância da experiência. As pessoas estão mais preocupadas em ser do que em ter. Isso eu falo como tendência, porque há os que são “no profile” e os mais abertos às experiências que o luxo proporciona. Eles querem usar esse símbolo de distinção para mostrar que chegaram lá. E há aquele tipo de cliente que já está mais acostumado a viver no luxo e se impressiona menos com isso, e não gosta de mostrar o patrimônio que tem. Eu costumo dizer que não é low profile, é no profile. São pessoas que têm uma relação com o dinheiro, com o luxo, muito diferente: não gastam R$ 200 mil, R$ 300 mil reais num carro, mas todo ano fazem uma viagem que custa mais ou menos isso. De qualquer maneira, tanto um quanto outro cliente estão procurando a mesma coisa: lifestyle. Seja aquele espaço gourmet porque eu gosto de cozinhar, seja um closet confortável para colocar meus sapatos, uma sala de estar ampla onde eu possa receber bem meus convidados, um espaço próprio pra eu ter a minha experiência de cinema em casa, ou onde eu possa co-

É preciso olhar os aspectos macroeconômicos, mas também é necessário chegar ao nível da rua, do bairro. Pegue o Itaim Bibi. Sabe quantos bairros existem ali? Pelo menos quatro. Da rua Leopoldo Couto de Magalhães, entre a Faria Lima e o Parque do Povo, o preço do metro quadrado é em torno de R$ 30 mil. Se você andar 650 metros, estará na Tabapuã, que é basicamente uma rua comercial, de passagem; lá o preço do metro quadrado gira em torno de R$ 8 mil. Na própria Leopoldo Couto de Magalhães, o preço vai variar de acordo com a altura da rua. Então, dá pra se dizer que o preço médio do

locar meus instrumentos musicais. Quando chega um novo cliente, qual o primeiro passo? A primeira coisa é entender a necessidade desse cliente e realizar uma curadoria de produtos ou simplesmente deixar que ele faça, o importante é proporcionar uma boa experiência. Tem gente que vendeu seu imóvel e precisa sair dele em 90 dias. Tem gente que está só especulando. Tem aqueles que fazem dessa mudança um planejamento criterioso. Não há uma solução mágica que atenda todos os clientes. Pode-se, por exemplo, avaliar se teria interesse em obter um financiamento imobiliário, que é o crédito mais barato disponível. Hoje é possível refinanciar até 60% do valor de um imóvel. Tem aqueles que estão fazendo isso por conta de outros compromissos, já que esse é o crédito mais barato do mercado, mas há aqueles que fazem para reformar a casa, ou até para mandar um filho estudar fora. Veremos uma grande diversificação de produtos imobiliários. Como você vê o mercado imobiliário para 2020? Observamos que existe um movimento consistente de investimento no setor, abertura de capital, follow on e emissão de títulos. Há um excesso de liquidez no mundo. Nesse cenário, dois países que estão sendo olhados com muito carinho são Índia e Brasil, porque têm margem de crescimento e perspectivas de retomada na economia. Há fundos de investimento e de pensão hoje no Brasil buscando oportunidades nessa área. O mercado vai aquecer. TP

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m erc a d o

Tradição

renovada Ao s 150 a n o s, a G r a n a d o e s tá m a i s f o r t e d o qu e n u n c a . A s v e n da s ava n ç a m d o i s d í g i t o s a o a n o. À f r e n t e d o m a r k e t i n g d a m a r c a ,

S i s s i F r e e m a n a p o s ta e m u m c r e s c i m e n t o a i n da m a io r

P o r Da l i l a M ag a r i a n

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N ão s e d e i x e e n g a n a r p e l o s o l h o s a z u i s e p e l a a pa r ê n c i a j ov i a l d e S i s s i F r e e m a n . A d i r e t o r a d e M a r k e t i n g e V e n da s da C a s a G r a n a d o, q u e e s t e a n o c e l e b r a o s 1 5 0 a n o s d e s ua f u n daç ão, n ão é d e b r i n c a r e m s e rv i ç o. D e s d e a c o n vo c aç ão f e i ta p o r s e u pa i , C h r i s t o p h e r F r e e m a n , CEO da m a r c a , pa r a q u e e l a r e t o r n a s s e d o s E s ta d o s U n i d o s e d e s s e u m a f o r c i n h a n a s d i r e t r i z e s da e mp r e s a , e m 2 0 0 4 , o fat u r a m e n t o da c o mpa n h i a s ó f e z d e s l a n c h a r . N o s ú lt i m o s a n o s , pa s s o u d e R $ 4 5 0 m i l h õ e s (2 018), pa r a R $ 59 0 m i l h õ e s (2 019) e , a c o n f i r m a r a s p r e v i s õ e s , d e v e b at e r a c a s a d e R $ 1 b i l h ão n o p r a z o d e c i n c o a n o s .

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O segredo da estratégia vencedora da anglo-brasileira Sissi, batizada Clícia, é justamente não virar as costas para o passado ilustre da antiga botica. “O nome Granado representa tradição, eficiência e qualidade”, afirma, veemente. “Renovamos as linhas e investimos em lançamentos, sem esquecer o apelo afetivo de nossa história no coração do consumidor.” O pai de Sissi, o britânico Christopher Freeman, de 72 anos, desembarcou no Brasil em 1976, a fim de trabalhar em uma das filiais do Bank of Boston, em São Paulo. Depois de quatro anos, já casado com a brasileira Clícia Lutti, foi transferido para a matriz americana. Mais tarde, a família, então com três novos membros, trocou Boston pelo Rio de Janeiro. Foi em 1988. Quando o banco encerrou suas atividades no país, em 1993, Freeman, nascido em Newcastle (norte da Inglaterra), decidiu permanecer na cidade e atuar como consultor independente. A oportunidade de investir em um negócio próprio surgiu ao conhecer Carlos Granado, que, sem ter herdeiros nem plano de sucessão, contratou Freeman para ajudá-lo a desenvolver um plano de venda. Alguns meses depois, em 1994, sem compradores interessados, o próprio Freeman decidiu abraçar a oportunidade. Usou sua experiência em administração e gestão financeira para modernizar a empresa, que, embora bastante conhecida, parecia estagnada. Com injeção financeira e reformas administrativas, a Granado entrou em curso de crescimento. Assim, em dezembro de 2004, Freeman decidiu arriscar mais uma vez ao comprar a Perfumaria Phebo, que fazia parte do portfólio das multinacionais Procter & Gamble e Sara Lee. Para dar conta da nova etapa, convenceu sua primogênita a embarcar com ele na condução das marcas.

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Uma das três lojas da marca brasileira em Paris. Criação de Sissi Freeman, évidemment

Mais do que ser simplesmente a “filha do dono”, Sissi é o coração da empresa. Sob sua batuta, o grupo continua a expandir o número de lojas Granado pelo Brasil e realiza cerca de 150 lançamentos de produtos inovadores ao ano. Se em 2015 a quantidade de lojas próprias somava 50, hoje são 83. Uma dezena de outras deve abrir suas portas ainda este ano. Cinco unidades na Europa – três lojas na França e dois pontos de venda em Portugal – funcionam a pleno vapor. Sissi também inovou ao turbinar as vendas via e-commerce, no Brasil e lá fora, com distribuição para todo o continente europeu. Além de investir no reposicionamento de produtos conhecidos, como a linha Bebê e o famoso Polvilho Antisséptico Granado, lançado em 1903, a diretora apostou no lançamento de novas fragrânci­as Phebo, ins-

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piradas em matérias-primas tropicais como o caju e a fava tonka (cumaru). As vendas de perfumes agora representam 22% do faturamento das lojas. Um tiro certo no olfato de franceses e brasileiros. Aos 40 anos e fôlego de sobra, Sissi não pretende interromper essa escalada, mas garante que a empresa, cuja unidade fabril ocupa 400 mil metros quadrados em Japeri (RJ), não está preocupada em disputar participação de mercado, e sim consolidar seu gráfico de crescimento, na base do devagar e sempre. Esse plano de negócios tem funcionado tão bem que, em janeiro, a Granado foi uma das empresas convidadas pelo governo francês para participar do evento Choose France [“Escolha a França”], encontro anual com cerca de 200 líderes em Versalhes, com a presença de gigantes do porte de

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THE PRESIDENT _ Como é a sua rotina? Sissi Freeman – Venho para o escritório do Rio todos os dias e visito nosso escritório de São Paulo uma vez por mês. Quando dá tempo, passo por alguns pontos de venda para observar como anda a disposição dos produtos. Outro dia estava com meu marido num supermercado e vi que a linha Bebê não estava completa. Aproveitei para fazer fotos e enviar ao responsável. Todas as lojas obedecem a um mesmo padrão? Sim. Para isso usamos a ferramenta The Mock Shop, um programa originalmente criado para o mercado da moda que trabalha com visualização

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em 3D. Adaptamos para a área de cosméticos e assim conseguimos reduzir a montagem das lojas de cinco dias para cinco ou seis horas. Qual o segredo para administrar bem tantas lojas? O alinhamento da equipe com nossos objetivos e bons gerentes. Assim, as coisas fluem. Há poucos anos o faturamento anual da empresa era de pouco menos de R$ 300 milhões. Hoje falamos em mais de R$ 500 milhões. Existe milagre? Nossa estratégia é não perder o foco. Além disso, crescemos muito desde 2013 porque, diferentemente de muitas empresas, que desistiram de investir, nós

pegamos a via oposta. Lançamos mais produtos, investimos em eventos de experiência, ampliamos a nossa presença na mídia e nas redes sociais. Aproveitamos descontos concedidos por alguns segmentos, aumentamos a automação, a mobilidade e verticalizamos a produção. É possível dizer que o setor de cosméticos está imune às crises da economia? Esse é um mito. Existe crise. Mas muitas lojas fecharam porque durante a crise muitos proprietários de imóveis continuaram a cobrar aluguéis abusivos. Quando o custo fixo aumenta, o comerciante se vê estrangulado. De que maneira a alta do dólar interfere no crescimento?

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“o o b r a s i l e i r o e s t á mais exigente, mas a i n da n ão c h e g o u ao nível de exigência do fr a ncê s”

Temos muitos produtos dolarizados, como as fragrâncias, além de embalagens, que acabam por afetar o custo final. Nos dois últimos anos tivemos de fazer reajustes adicionais de 3%, por exemplo. Mas a alta do dólar também apresenta um lado favorável, que é o foco do consumidor voltado para os produtos nacionais e um consequente aumento das vendas. O brasileiro gosta de se perfumar? Gosta muito. Na região Nordeste, por exemplo, o percentual de vendas de fragrâncias nas lojas alcança 35%. Esse também é um dos fatores responsáveis pelo nosso bom crescimento, uma vez que o valor agregado das colônias e perfumes é maior do que o de sabonetes em barra, por exemplo. Qual é a maior dificuldade para que as empresas prosperem no Brasil? Burocracia, leis e questões tributárias. Os cálculos de impostos, por exemplo, dificultam o dia a dia tanto de quem já está há anos no negócio, como para quem está começando. Qual é o diferencial da Granado em relação a outras marcas do segmento? Tanto Granado quanto Phebo são marcas

tradicionais, que carregam um apelo emocional para nossos clientes. Trabalhamos com ingredientes de qualidade, mas também com essa memória afetiva. Que tipo de critério você usa para eleger os lançamentos de cada ano? Levamos em conta o histórico de vendas, o gap de cada linha, a ausência de determinadas famílias olfativas. Principalmente, levamos em consideração a demanda de nossos clientes. Desenvolvemos o sabonete líquido da linha Bebê com válvula pump para atender a um pedido das mães e fomos além, oferecendo também a embalagem refil. Esse feedback só é possível graças ao contato com os clientes nas lojas. O que mudou no comportamento do consumidor Granado ao longo do tempo? O cliente ficou mais exigente. Mas o brasileiro ainda não está no mesmo nível de exigência do consumidor francês, que, antes de ler o rótulo da frente, confere primeiro os ingredientes usados na fórmula do produto, descritos na parte de trás. Mas estamos chegando lá. Como teve início a conexão Brasil-França? Desembarcamos em Paris a convite da [loja de departamentos] Le Bon Marché, em 2014. Desenvolvemos a fragrância Carioca para venda exclusiva na França durante um ano. Foi um sucesso e conquistamos clientes fiéis. Internacionalizar a marca não fazia parte do plano de negócios? Nem um pouco. A França nos acolheu e começamos a pensar no assunto. Agora, além das lojas próprias, pretendemos ampliar as vendas para o atacado. No final de 2019 entramos na Galeries Lafayette Champs-Élysées e mantemos uma parceria forte com a loja de Inès de La

Fressange. Também vendemos a linha Terrapeutics na Sephora Paris. De que maneira o mercado internacional influencia a sua tomada de decisões? O fato de estar lá fora nos coloca um pouco à frente do que vai virar tendência no Brasil. Eliminamos, por exemplo, os parabenos de todas as fórmulas, não testamos produtos em animais e usamos ingredientes naturais. Aprendemos constantemente, a partir dos desejos do nosso consumidor. Na Europa, os rótulos agora são bilíngues. Como é trabalhar com o próprio pai? No início era mais complicado. Depois de 16 anos, criamos uma relação de confiança. Hoje em dia ele brinca que só descobre que um novo produto foi lançado quando já está na loja. Antigamente, todas as decisões passavam por ele. Com mais tempo, ele pode se dedicar à produção fabril e gestão financeira, que são áreas de que gosta mais, enquanto eu me dedico à vendas, trade marketing e desenvolvimento de produtos. Você cresceu pensando em assumir o comando da empresa? De modo algum. Fiz faculdade de ciências políticas e economia em Washington D.C. e, depois de formada, trabalhei em algumas empresas de cosméticos de pequeno porte em Nova York. Quando vinha de férias para o Brasil trazia na bagagem algumas ideias de produtos, mas na época nenhuma delas de adequava ao mercado nacional. Até que meu pai pediu que eu o ajudasse durante um semestre. Reencontrei um namorado de adolescência [Bernardo Marques, diretor da empresa], nos casamos e temos duas filhas. O semestre já virou 16 anos.

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Em todas as lojas, como nestas duas do Rio de Janeiro, a mesma decoração, que lembra uma botica retrô, mas com um olhar contemporâneo

Quando não está trabalhando, o que gosta de fazer? Gosto de ler biografias. Recentemente terminei Personal History, que conta a história de Katharine Graham [ex-coordenadora do jornal The Washington Post, que ficou conhecida por supervisionar a cobertura do caso Watergate, que levou à renúncia do então presidente Richard Nixon]. Ela morava na esquina da minha casa, quando eu estudava na Georgetown University. Nos fins de semana, meu marido e eu gostamos de curtir as crianças [Helena e Luísa, de 6 e 4 anos]. Tomo cuidado para não levar trabalho para casa, não quero virar uma workaholic, embora, muitas vezes, quando toda a família se reúne na casa dos meus pais, em Angra dos Reis (RJ), o assunto acabe surgindo. Sempre tem um parente para dizer que não gostou de algum produto, embora ele venda muito! [Risos.] Você já sofreu algum tipo de preconceito, pelo fato de ser mulher?

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Não há espaço para preconceitos dentro da Granado. A diretoria da empresa tem três pessoas e duas delas são mulheres. Nas gerências, também existe equilíbrio entre homens e mulheres, todos com o mesmo nível salarial. Meu pai sempre diz que as mulheres são mais estratégicas, porque conseguem equilibrar várias áreas da vida ao mesmo tempo. Senti um pouco de predominância masculina durante os meus estágios no exterior. Fiz um curso na Harvard Business School [OPM - Owner/President Management] e havia 60 homens e apenas sete mulheres, o que de fato deixa claro que existe ainda uma divisão. Mas, na Granado, estamos em uma bolha do bem. Procuro ser um exemplo para minhas filhas. Você imagina suas meninas seguindo seus passos, no futuro? As portas sempre vão estar abertas para elas, mas não pelo fato de serem netas do dono. Parente sempre tem de trabalhar mais para agregar e deixar claro que está

fazendo a diferença. Eu também não gosto da palavra herdeira, porque embute uma conotação negativa. Você tem um ídolo empresarial, algum tipo de guru? Admiro algumas pioneiras do mercado de cosméticos, como Estée Lauder [cosmetologista norte-americana que fundou uma empresa fabricante de produtos de beleza e cosméticos com seu nome, em 1946] e Anita Roddick [fundadora da The Body Shop, em 1976]. São mulheres inspiradoras. Dentro de cinco anos, onde você enxerga a Granado? Vejo a empresa batendo a marca de R$ 1 bilhão em faturamento, o que é possível, se mantivermos o índice de crescimento. Também uma internacionalização mais expressiva. Mas somos u ma empresa pé no chão. Temos metas e objetivos realistas e, sobretudo, responsáveis. Ninguém está a fim de interromper uma história tão bonita. TP

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entr e v ista

Entre o saber e o sabor M a rc e lo F e r na n de s cr iou a lguns dos melhor es r e s t au r a n t e s d e S ã o Pau l o, c o m o o K i n o s h i t a e o A t t i m o. E l e u n e o c on h e c i m e n t o d o r A mo ao g o s t o pe l a e x pe r i m e n taç ão

Por R ic a r do Pr a do

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r e t r a t o s C l au s L e h m a n n

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N o d i a 2 9 d e n ov e m b r o d e 19 9 9, M a r c e l o F e r n a n d e s f e z 3 3 a n o s . Aq u e l e a n i v e r s á r i o s e t o r n a r i a u m a data s i m b ó l i c a pa r a e l e : e r a o d i a da i n au g u r aç ão d o r e s tau r a n t e D.O. M ., q u e a b r i u e m s o c i e da d e c o m o c h e f A l e x Ata l a . O d i a h av i a c o m e ç a d o c e d o, q ua n d o M a r c e l o d e c i d i u p r o c u r a r o s m o n g e s d o M o s t e i r o d e S ão B e n t o pa r a e n t oa r e m o c a n t o g r e g o r i a n o. n o s a l ão d o r e s tau r a n t e .

O restaurateur entrava em grande estilo no mundo da alta gastronomia. Tudo começou com um acaso: ao procurar uma vaga de estacionamento, reencontrou um velho amigo dos idos dos bancos escolares. Sim, era Alex Atala. Pouco mais de uma década depois, Marcelo buscava outra vaga para parar o carro, desta vez na Vila Nova Conceição, e achou-a exatamente onde havia seu antigo fornecedor de pães de seu primeiro restaurante. Desse encontro casual, nasceria outra casa, o Kinoshita, que, em pouco tempo, tornaria referência de uma proposta culinária japonesa sofisticada e surpreendente. O Kinoshira não só

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foi eleito, por diversos guias, o melhor japonês da cidade, como conquistou a estrela Michelin – e ainda a mantém. Entre a descoberta do dom para criar negócios e a primeira estrela própria, outras experiências aconteceram na vida de Marcelo. Algumas distantes da área em que se destacaria, como uma empresa de despachante ou uma distribuidora de hortifrútis – tudo isso enquanto fazia carreira no mercado financeiro. “Vi muita gente com projetos bons naufragar por acreditar que a linha de crédito seria a solução, e que os juros não seriam um problema.” Ele se orgulha de estar atento aos centavos após a vírgula – como aprendeu com o pai, um contador e advogado rigoroso, que se revelaria também apoiador a toda prova, assim como a mãe, o irmão mais velho, o mais novo e a cunhada, presentes no grupo MF Gastronomia, que conta agora com 260 funcionários. Hoje, Marcelo está à frente de dez empreendimentos gastronômicos. No­ve em São Paulo e um na Cidade do Panamá: Mercearia do Francês, Kinoshita, Kurâ Contemporâneo, Attimo Per Quattro, Tradi, Tradi Delivery, Tradi Express (duas unidades), Tradi Panamá e a panateria Attimino. As iniciativas são diversas, mas com algo em comum: a alta qualidade. “Queremos que os clientes vivam uma experiência gastronômica, e não apenas comam uma refeição”, sintetiza o empresário que estacionou seu carro na vaga certa: a de criador de casas memoráveis.

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THE PRESIDENT _ Quais são as suas lembranças da culinária na infância? Marcelo Fernandes – Minha mãe queria que estivéssemos presentes nos almoços de domingo, na casa da minha avó Antônia, que cozinhava muito bem. Vovó fazia a própria massa, o molho de tomate. Eu ajudava a ralar o queijo. Éramos seis netos, aos domingos. Meu avô tinha uma mercearia no Ipiranga, e depois um restaurante na avenida São João. Ele prezava muito o bom atendimento, aquela coisa de se doar aos clientes e oferecer o que tinha de melhor. Eu gostava de ir com ele ao Mercado Municipal e acho que isso deve ter me marcado. Quando meu avô saía às compras estava em busca de qualidade, não de quantidade. E isso me marcou, porque hoje é o que

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eu faço nos nossos negócios: procuramos sempre aproveitar a sazonalidade, ter os ingredientes da estação. Não apenas por uma questão de qualidade, mas também de custo. Quando a oferta é maior, o preço é menor. E isso, que está tão presente no dia a dia dos negócios do grupo, aprendi com ele. Você chegou a trabalhar com seu avô? Não. Comecei a trabalhar com 15 anos, à tarde, no escritório de contabilidade do meu pai, fazendo as tarefas de office boy. Nas andanças pela cidade, ia mirando alguns lugares, como aquele churrasquinho grego que era o melhor de São Paulo, ou o hot dog de uma casinha no largo do Café, que era servido com o pão fresquinho e uma técnica de banhar a salsicha na mostarda. Só que, no final do mês, quando fazia a presta-

ção de contas ao meu pai, ele descontava aqueles valores. Isso me revoltava e eu resolvi parar de trabalhar com ele. E então? Entrei no banco Bamerindus, e tive a felicidade de ser promovido a assistente de gerente. E como acolhíamos muito bem os clientes, uma forma de eles nos agradecerem era nos levando a grandes restaurantes. Lembro-me de almoços incríveis no La Paillote, Don Curro, Rubayat, Fasano. Muitas vezes eu poupava recursos para ter essas experiências. Economizava em outras coisas pra poder gastar em restaurantes bons. E depois do banco? Fui trabalhar na área de higiene e descartáveis e, a partir dela, constituí uma empresa familiar de distribuição des-

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“A p r ov e i t o o s i n g r e d i e n t e s da e s t a ç ão n ão s ó p e l a q ua l i da d e . t a m b é m p e l o p r e ç o”

ses produtos. A companhia estava crescendo, tinha boa rentabilidade, mas a administração estava muito centrada em mim, com uma cara muito familiar. Lá trabalhavam meu pai, minha mãe, meu irmão mais novo, minha cunhada. E aí perdi a representação de uma multinacional, que era meu principal fornecedor. Como estava começando uma onda de fusões, identifiquei uma empresa concorrente e propus uma fusão. Só que a coisa não ficou muito clara e, no fim, fiz um mau negócio. Tudo parecia ter ido por água abaixo. Tinha naquela época 23 anos, e isso me impactou muito, pois era uma empresa já com sede própria, estoque pago, três veículos, tudo bonitinho, e do dia pra noite perdi quase tudo. Quando foi que você começou a trabalhar com gastronomia? Naquela época, em 1999, eu tinha uma namorada que morava em Higienópolis. Ela me propôs um almoço para eu melhorar de ânimo. Fomos pra região dos Jardins e, quando estávamos descendo de carro a rua da Consolação, passamos em frente ao Na Mesa, um restaurante pequeno, do qual o Alex Atala era sócio. E havia uma vaga para

estacionar o automóvel justo ali. Estacionei e o próprio Alex, com quem eu havia estudado no [Colégio] Regina Mundi, veio abrir a porta do carro, me reconhecendo. Ele sempre foi comunicativo, talentoso e carismático. Lembro que comi um confit de pato maravilhoso com cuscuz marroquino, e enquanto almoçava contei a ele a história da minha empresa encerrada, e propus que montássemos uma filial do Na Mesa em Salvador. Como meu irmão estava morando lá, sabia que a cidade era carente de boas opções. O Alex gostou da ideia, mas propôs: “Termine sua refeição que eu quero te mostrar um lugar”. Dito e feito. Fomos até a rua Barão de Capanema. Ali ele me mostrou o espaço onde, em tese, funcionaria o nosso futuro restaurante. Eu me assustei com o valor do investimento. Na segunda-feira, almoçamos juntos, na terça também e, de repente, eu estava tão envolvido com aquela ideia que nos tornamos sócios e criamos o D.O.M. Como foi sua experiência como sócio do D.O.M.? O início foi muito pesado porque a gente precisava estabelecer um novo patamar, tínhamos que ter as melhores louças, os melhores insumos. Eu cuidava da parte administrativa e financeira, o Alex, da cozinha. Eu também ajudava bastante no salão. Não foi fácil, porque todos os nossos investimentos estavam ali, e ainda faltava. Mas precisamos fazer adaptações. Conto um caso exemplar. O Alex fazia um foie gras com manga que era maravilhoso. Só que da manga ele usava só um naco e do fígado de pato só uma

parte. Eu falei: “Não dá, esse prato sai muito caro, você precisa dar um jeito”. E ele de fato deu um jeito, tendo a genialidade de criar um novo prato potencializando as sobras do foie gras com uma redução do vinho do Porto e incrementando uma salada verde, uma coisa realmente maravilhosa. Então, os pratos começaram a ficar mais viáveis economicamente. O D.O.M. e o Alex Atala foram uma excepcional escola para mim. Então por que resolveu sair da sociedade com o Alex? Com o D.O.M. funcionando num certo piloto automático após cinco anos, retomei a empresa de higiene, limpeza e descartáveis, na qual me associei a outro sócio, o senhor Diniz, que é pra mim um segundo pai. Estava indo tudo bem até que o galpão onde guardávamos o estoque pegou fogo. Precisei vender minha participação no D.O.M. para me dedicar a recuperar a o prejuízo. Foi um momento muito difícil, daqueles que você precisa saber olhar o lado positivo e ter, de fato, muita força e determinação. E então, refeito nas finanças, você montou a Mercearia do Francês. A Julianna, minha esposa, estudava à noite, fazia pós-graduação em italiano. Eu ficava sozinho em casa. Sem ter o que fazer, resolvi voltar ao negócio de restaurantes. O Steven Kerlo, que havia sido meu gerente no D.O.M., me ligou para que eu o ajudasse numa consultoria para uma empresa de cafés. Fui encontrá-lo e o sondei para montarmos alguma coisa juntos. Mas nada parecido ao D.O.M. Eu não queria ter o mesmo comprometimento com a

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“O g r a n d e d e s a f i o d e u m r e s t au r a n t e é t o r n a r- s e a n t i g o, m a s n ão v e l h o. O i d e a l é v i r a r t r a d i c i o n a l”

alta gastronomia. Queria algo mais despojado. Surgiu um ponto de esquina ótimo em Higienópolis. Começamos ali com um bar, em 2005, e fomos mudando a proposta, trazendo um aspecto mais de restaurante, mas com informalidade. A experiência da Mercearia do Francês me ensinou muito. A primeira coisa é que um restaurante de alto nível dá o mesmo trabalho que outro mais informal, a despeito do tamanho. Quando isso ficou claro pra mim, resolvi abrir o Kinoshita, que seria uma experiência bem mais ambiciosa. Escolhi a culinária japonesa para não fazer concorrência direta ao meu amigo Alex Atala. Já havia um Kinoshita, não? Sim. Era no bairro da Liberdade. Mas foi fechado. Daí eu me associei ao chef Murakami e abrimos outro na Vila Nova Conceição. Eu queria um projeto muito especial, que retratasse um Japão mais contemporâneo. Nós cultivamos a tradição, como a sala com tatame, algumas referências orientais, mas temos uma atmosfera mais contemporânea. E isso se reflete no cardápio também.

E o Clos? Foi aberto em 2011. Era incrível, estávamos muito atualizados com o que acontecia no mundo. Muitas vezes chegava na mesa do cliente um prato que era uma pintura, uma obra de arte. Uma estética excepcional. O problema: o valor agregado não fechava a conta. Infelizmente. Foi muito doloroso fechar o Clos, não só pelo investimento, mas, em especial, pela dedicação que pusemos naquilo. Mas vejo da seguinte forma: eu não fechei o Clos; ele está só hibernando, à espera de um novo momento. Já o Attimo continua firme. O Attimo foi um reencontro com a culinária italiana da minha origem. Fizemos ali uma opção de priorizar os produtos da estação. Temos uma boa gestão de hospitalidade, com a ativa participação do nosso sócio Jaílson e do chef italiano da Sicília, que elabora excepcionais receitas, valorizando sempre a sazonalidade. É uma proposta diferente da do Tradi, que é uma hamburgueria. Quando éramos adolescentes, eu e o Liérson, que é meu amigo de infância, compadre do meu irmão e nosso sócio na Tradi, frequentávamos no Ipiranga a hamburgueria do “seu” Osvaldo. O Liérson adora hambúrguer e se qualificou muito bem pra fazer uma releitura daquele hambúrguer do “seu” Osvaldo. Aliás, o lanche Ipiranga, da Tradi, foi criado em homenagem à nossa história. Esse conceito de ter uma hamburgueria artesanal levou à expansão com um delivery, duas unidades express e à internacionalização, iniciada na Cidade do Panamá.

O Kurâ Contemporâneo é a sua aposta mais nova. Conte sobre ele. Após diversas oportunidades de ir ao Japão, a convite do governo japonês ou por iniciativa própria, criamos um conceito unindo arte e gastronomia em um restaurante contemporâneo. Tem a mesma filosofia do Kinoshita, com o mesmo frescor dos insumos. Mas o ambiente é mais despojado, valorizando muito o chef jovem e talentoso, o que é uma tendência. Como escolher uma receita? Um gestor de restaurante não pode pensar somente no próprio paladar. Precisa ver o todo. E o todo tem a ver com a equipe. É ela que precisa criar experiências. Há criações que são essenciais. Outras, exóticas. Eu não posso ficar na base do gosto/não gosto. É preciso confiar na equipe. Veja, por exemplo, o ouriço, que tem um gosto bem forte. Eu pessoalmente gosto muito, mas nem todos apreciam. Enguia é a mesma coisa. Ou um tipo de mexilhão que tem um gosto particular, potente. Não é todo mundo que aprecia, nem é o prato que eu mais gosto, mas me chama a atenção porque tem sabor, tem persistência. Qual é, afinal, o maior desafio de um restaurante? É não ficar velho, mas virar tradicional. É o ideal. Eis o segredo dos restaurantes que duram mais. Vem uma nova geração que não quer um restaurante velho, mas que gosta de ir a um restaurante antigo. Muitas vezes um lugar em que esses jovens iam com os pais, onde aconteceu uma experiência marcante. Esse é um equilíbrio importante de se conseguir. TP

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Ricardo e Márcia trevisani Com a cidade a seus pés

um país chamado Borgonha

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Com a cidade a seus pés Márcia e Ricardo Trevisani inauguram na zona norte um novo jeito de degustar São Paulo Por fernando paiva retratos tuca reinés

U

m complementa o outro, e o outro completa o primeiro. Ele é visivelmente irrequieto, agitado, elétrico – alguém ligado “nos 220 volts”, como se costuma dizer. Ela, embora mais calma na aparência, é determinada, decidida, cuida dos detalhes sem deixar escapar nada. Assim é o casal Márcia-Ricardo Trevisani, que há 20 anos forma uma dupla de sucesso na cena gastronômica de São Paulo. Paulistano da gema, safra 1964, nascido na Pro-Matre Paulista e neto de italianos, aos 13 anos Ricardo já trabalhava no escritório de contabilidade de uma tia. Entre os clientes estavam restaurantes como o Camelo e o Don Fabrizio, este da família Tatini. Certo dia, o jovem office-boy se dirigiu ao Don Fabrizio, na alameda Santos, para entregar alguns documentos. Ao entrar no salão, a emoção foi tamanha que o rapaz teve aquilo que o poeta

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Manuel Bandeira definiu como “um alumbramento”, um momento mágico. “Lembro que era de tarde, o ambiente era muito refinado”, recorda. “Para completar, dei de cara com o cantor Guilherme Arantes numa das mesas.” Trabalhar no Don Fabrizio, a partir de então, se tornaria a prioridade zero do rapaz. Ricardo tanto fez que a tia pediu ao casal Iolanda e Mario Tatini uma chance na casa. Conseguiu. E o sobrinho entrou no universo da restauração como cumim – ajudante de garçom. Tinha 16 anos. Era o meado da década de 1980, a noite fervia e Ricardo foi ser garçom no Le Panache, restaurante da casa noturna Regine’s, uma das mais animadas da cidade. Quando o primeiro Fasano abriu, num conjunto de casinhas na rua Amauri onde hoje fica o Parigi, ele achou que valia a pena voltar a ser cumim. No antigo Fasaninho conheceu o chef

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Márcia e Ricardo Trevisani no Ristorantino: 20 anos de sucesso na cena gastronômica paulista

Luciano Boseggia, as casinhas foram demolidas no fim de 1986. Durante a construção do Fasano da Haddock Lobo, Luciano volta para a Itália e Ricardo resolveu acompanhá-lo, trabalhando como cozinheiro em restaurantes do Lago di Garda durante o verão e na estação de esqui de Madonna de Campiglio no inverno. “Essa viagem foi fundamental”, relembra. “Eu não sabia cozinhar quando saí – e voltei com uma formação de cozinha clássica, além do domínio e fluência no idioma italiano.” Em 1989 Ricardo se reintegrou ao grupo para colaborar na inauguração do restaurante Gero como gerente. Alguns anos depois, passou ao cargo de diretor de novos negócios. “Aquilo explodiu, inauguramos uma casa atrás da outra.” Entre elas, o Gero Caffè, os dois cafés Armani, o Buffet Fasano, o Gero Rio, a Forneria San Paolo e a Forneria no Rio de Janeiro. Ricardo casou-se com a publicitária Márcia justamente nessa época, em 95. O casal frequentava a Riviera de São Lourenço. E ali viu a oportunidade de abrir seu primeiro restaurante: o Maremonti. “Era uma loucura, o Ricardo trabalhava no Fasano de segunda a sexta, e aos sábados e domingos na praia”, relembra Márcia. “Mal tinha tempo de acompanhar o crescimento das crianças.” Depois de uma década de Riviera de São Lourenço – Márcia então já pilotava com desenvoltura a rede Maremonti ao lado do marido –, inauguraram o primeiro Maremonti nos Jardins em São Paulo, com objetivo de ter uma “flag ship” da marca. Em 2012, o Maremonti recebeu o prêmio de Melhor Pizzaria do caderno Comer & Beber, da revista Veja SP, o que só fez adicionar mais fermento a essa massa de vitórias. A seguir, o casal negociou os pontos Campo Belo e Faria Lima. Na sequência, uma boa parceria com a rede de shoppings Iguatemi abriu caminho para o Maremonti Alphaville, Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. “A esta altura, vendemos a rede para o

Arri Coser (ex-Fogo de Chão)”, conclui Ricardo. Com o chef Salvatore Loi, no ano seguinte, criaram o Loi Ristorantino. “Nós pensávamos em morar em Portugal, mas resolvemos apostar”, conta Márcia. Loi deixou o empreendimento, Ricardo e Márcia continuaram. Hoje, comandam o Ristorantino ao lado do investidor João Paulo Diniz. E aqui vale um parêntese. João Paulo Diniz tem uma sólida tradição no ramo de restaurantes. Foi sócio do Dressing e ECCO, que fizeram história na rua Amauri, e do Grupo Fasano, do qual herdou a marca Forneria San Paolo, hoje com três unidades, sob sua administração. Além do Ristorantino, inaugurado há quase seis anos, que é referência de alta gastronomia dos Jardins, João Paulo é também um dos sócios no Lassù, o restaurante mais recente da dupla – no rooftop giratório de um edifício em Santana, na zona norte. O prédio se chama K1, um empreendimento incorporado e construído pela Lopes&Kalil. “Kalil era nosso cliente do Maremonti Riviera, e certo dia nos convidou para subir ao topo do edifício, no 28º andar. Vislumbrei a ideia de Kalil de criar ali um restaurante giratório e fiquei arrepiado, já estava extasiado com a vista”, conta o restaurador. O passo seguinte foi levar o investidor João Paulo Diniz ao local. Graças ao piso giratório central, o Lassù (“no alto”, em italiano) é completamente diferente dos demais rooftops paulistanos. A paisagem, a cada uma hora e quarenta minutos, muda 180 graus. O projeto, assinado pelo arquiteto Luiz Fernando Marmo, remete às alturas de Manhattan ou mesmo do Brooklyn, em Nova York. “A diferença é que ele despertou a curiosidade de olhar São Paulo de uma outra maneira: de fora para dentro... No Lassù nos sentimos abraçados por São Paulo”, resume Márcia.

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Cassoulet de linguiça Linguiça tipo Cuiabana Seara Gourmet é produzida com pernil suíno e recheada com pedaços de queijo coalho! Muito sabor para qualquer prato.

Presunto Royal Seara Gourmet marinado no vinho branco e curado durante três dias para

Lasanha de berinjela com presunto

um sabor único! Trata-se de uma receita artesanal sofisticada e especial

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pratos fortes No palco da linha Seara Gourmet, a Linguiça tipo Cuiabana e o Presunto Royal são protagonistas em receitas criativas Receita 1

Receita 2

Tempo 2 horas I Porções 6

TEMPO 60 minutos I PORÇÕES 3

Preparo moderado

Preparo fácil

para o cassoulet

Para a montagem:

› 500 ml de caldo de legumes › 1 pacote de Linguiça tipo Cuiabana (500g) › 2 colheres (sopa) de azeite › 1 cebola › 5 dentes de alho › 2 xícaras (chá) de feijão branco já cozido › 1 galho de tomilho › 2 folhas de louro › 1 galho de alecrim › 1 lata de tomate pelado, sem caldo › 1 pitada de pimenta calabresa › Sal e pimenta do reino a gosto

› 2 berinjelas cortadas em rodelas › Sal a gosto › Para o recheio: › 300g de Presunto Royal Seara Gourmet fatiado › 1 xícara de gorgonzola picado › 1/2 xícara de leite › 2 colheres (sopa) de azeite › Salsinha picada, a gosto › Sal a gosto

Cassoulet de Linguiça tipo Cuiabana

Para a crosta de pão:

› 1 xícara (chá) de pão amanhecido ralado › ¼ xícara (chá) de azeite de oliva › 2 dentes de alhos ralados › 2 colheres (sopa) de salsinha picada › Sal, pimenta do reino branca e tomilho a gosto Em uma panela que pode ir ao forno, aqueça o azeite. Junte a cebola e os dentes de alho picados e as linguiças. Refogue até dourar. Retire as linguiças, fatie em rodelas grossas e retorne à panela. Adicione os tomates pelados, o caldo e as ervas. Cozinhe por cerca de 5 minutos e adicione os feijões já cozidos. PARA HARMONIZAR Desligue o fogo, ajuste Aposte em bebidas refrescantes, os temperos (sal e pimenta). como os vinhos rosés. Existem Misture os ingredientes da bons rótulos na França, Portugal, crosta e cubra a panela com Espanha, Itália e Chile. essa farofa. Deixe em forno Sirva a 8 graus Celsius. por 15 minutos ou até dourar. Sirva com arroz ou purê.

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Lasanha de berinjela com presunto Royal

Para o molho:

› 1 lata de tomate pelado › 4 dentes de alho picados › 1 maço de manjericão (só as folhas) › Sal e pimenta do reino a gosto Coloque as fatias de berinjela em uma peneira ou escorredor e cubra com sal. Deixe por 30 minutos. Lave as fatias, seque cada uma e distribua em uma assadeira, sobre papel manteiga. Deixe assar por 10 minutos em forno alto. Vire as fatias e asse mais 10 minutos. Reserve. Faça o recheio misturando metade do gorgonzola, o leite, o azeite e a salsinha. Tempere com o sal e reserve. Prepare o molho cozinhando os tomates com o alho e metade do manjericão. Deixe em fogo baixo até engrossar levemente. Desligue o fogo e acrescente o restante do manjericão e sal a gosto. Em uma forma, monte a lasanha intercalando as camadas. Finalize com o restante do gorgonzola esfarelado e fatias de presunto. Leve ao forno (preaquecido em temperatura média) por 20 minutos, ou até aquecer.

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Doce retorno Lucas Campos voltou à zona norte para chefiar o Lassù

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ucas Figueiredo Campos tem a cidade a seus pés. Literalmente. Do 28º andar do edifício K1, em Santana, onde funciona o recém-inaugurado restaurante giratório Lassù, Lucas mira a cidade com seus olhos claros, o semblante tranquilo. Tranquilo até demais para quem, dali a pouco, por volta das 19 horas, estará no comando de uma cozinha concorrida, com filas enormes a semana toda. Mas Lucas não se abala. A cozinha é uma paixão antiga, vem dos tempos de criança. Ele se lembra de que a mãe saía para trabalhar, mas almoçava em casa. “E aí ela me passava as receitas por telefone”, conta. “Foi assim que aprendi a fazer feijão, arroz, a temperar uma carne.” Com o tempo, assumiu o fogão até nos fins de semana, alimentando a família toda: “Minha mãe tem 12 irmãos, imagine como era”. Lucas sempre quis estudar gastronomia, mas o curso era caro para ele. O remédio foi passar dos 18 aos 21 trabalhando em bufês e restaurantes da região – justamente a zona norte da cidade, onde fica o Lassù. “É engraçado”, ele comenta. “Morei aqui a vida inteira; quando me mudei para a zona sul, o Ricardinho Trevisani me convidou para trabalhar no Lassù– e tive de voltar para cá.” Aos 22 anos, com o dinheiro economizado, entrou em gastronomia na FMU. “Foi quando caí no mundo dos restaurantes.” Começou como ajudante de cozinha no Lorenzo, uma pequena casa na rua Mário Ferraz. Daí, na mesma posição, deu um salto olímpico: foi para o Kaa. “Lugar gigantesco, com 210 lugares, numa sexta servíamos 450, 500 pessoas”, afirma. “Trabalhar com o chef Pascal Valero por três anos e meio foi uma grande escola.” Com a proposta de Ricardo Trevisani, Lucas foi se preparar para suas novas funções no Lassù trabalhando com Henrique Schoendorfer no Ristorantino. “A gente já se conhecia, treinamos quase um ano juntos, e isso foi fundamental.” Ouvir Lucas enumerar as criações do Lassù é uma delícia. Ele fala com prazer de entradas como o brulée di formaggio, queijo da serra da Canastra dourado no maçarico com cebolas caramelizadas. “É servido com folhas de endívia no lugar das esperadas torradinhas.” Como pratos principais, ele sugere o agnello con polenta, paleta de cordeiro com polenta cremosa. Ou o instigante risolio di aratu e limone. “O aratu é um caranguejo pequeninhinho, de mangue, muito difícil de apanhar”, conta. “Fizemos um acordo

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O chef Lucas e o brulée di formaggio com cebolas caramelizadas do Lassù

com uma cooperativa de 22 mulheres, na Bahia, que nos manda a matéria-prima.” O aratu, diga-se, é adocicado, e o limão siciliano contrasta bem. O melhor de tudo fica para o fim. As sobremesas são do tamanho ideal para serem compartilhadas. Você pode escolher entre a Coppa SP (suflê de chocolate belga com sorvete de baunilha) e a meringata de frutas vermelhas com sorvete de licor limoncello. “Há também o clássico tiramissù, aqui denominado tiramilassù”, descreve Lucas. “O nosso é coletivo, dá para quatro pessoas!”

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paixão pela Cozinha clássica Henrique Schoendorfer acredita que ela oferece mais desafios que a moderna

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O chef Henrique e o cabrito com spaghetti do Ristorantino

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magine que você está na Dinamarca e o celular toca. É do Brasil. Você atende e, do outro lado, alguém o convida para voltar – e assumir a chefia da cozinha de uma casa nos Jardins, em São Paulo. Acontece que você está trabalhando no Noma, eleito o melhor restaurante do mundo quatro vezes pela revista Restaurant. Mais: o retorno é urgente. O que você faria? Henrique Schoendorfer, 34, escolheu voltar. Aceitou a convocação de Ricardo Trevisani e veio trabalhar no Ristorantino, por onde já tivera uma passagem. Descendente de austríacos, ele se define como integrante de uma geração que pegou o começo da gastronomia profissional no Brasil. Teve uma lista extensa e importante de estágios: Parigi, Gero, D.O.M., Kinoshita, Forneria San Paolo. “Aprendi muito com os nordestinos”, diz. “Têm paixão, são persistentes, detalhistas.” Naquele que considera seu primeiro emprego, no Gero Caffè, subiu todos os degraus. “Primeiro, fogão. Segundo, pães. Terceiro, saladas. Quarto, sobremesas.” Convidado para o salão, permaneceu na sala apenas oito meses, pois não resistiu à tentação das panelas. Voltou para a cozinha, de onde nunca mais conseguiu se afastar. Foi quando resolveu morar seis meses em Milão para se aprimorar na cozinha italiana clássica, sua escolha de alma. Pratos que ele prepara no Ristorantino, como o ossobuco de vitela com risoto de açafrão ou a paleta crocante de leitão, no molho do próprio porco com purê de maçã verde. Henrique acredita que a culinária clássica oferece desafios maiores do que a moderna. “Ela precisa de mais mão, de mais sensibilidade”, pondera. “Isso pelo fato de você ter de repetir uma receita à exaustão.” Segundo ele, os novos cozinheiros perderam um pouco do clássico. “Querem logo ser chefs”, brinca. “É uma coisa rasa – deveriam olhar mais para o passado.”

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Borgonha, gole a gole Seus vinhos vão além do simples cheirar e beber e podem transformar indiferentes em adoradores fanáticos Por Mauro Marcelo Alves, de Dijon

O

s vinhos da Borgonha provocam em seus admiradores uma espécie de frisson, palavra que veio do latim e encontrou no idioma de Voltaire um jeito peculiar de expressar aquilo que dicionários definem como “tremor rápido e involuntário refletindo uma emoção intensa”. Não só por se tratar dos mais caros do mundo, com domínio absoluto do Romanée-Conti, mas por serem vinhos em sua maioria de pequenos produtores. Esses empreendedores vivem uma relação íntima com a colheita, a elaboração e o dia a dia na cave onde os barris e garrafas dão o toque final da safra. Ou do frisson.

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A Côte d’Or é a grande estrela vinícola e nela está a rota dos Grands Crus, com cerca de 60 quilômetros ao longo das Côtes de Nuits e das Côtes de Beaune. Ela agrupa 37 cidades e vilas com alguns nomes que embalam o sonho dos amantes de vinhos: Gevrey-Chambertin, Chambolle-Musigny, Vosne-Romanée, Nuits-Saint-Georges, Beaune, Pommard. Os vinhedos sobem as encostas com notável elegância. Há algo a fazer na estrada diante de Vosne-Romanée: embicar pela rue du Temps Perdu para encontrar a cruz de pedra que marca a presença dos míticos vinhedos do Domaine de la Romanée-Conti.

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Dos dez vinhos mais caros do mundo vendidos pela casa de leilão Idealwine no ano passado, todos atendem pelo nome Romanée-Conti Cru

Vinícolas como Clos Vougeot produzem tintos sublimes. Como o Romanée-Conti

Dos 10 vinhos mais caros vendidos no ano passado pela casa de leilão Idealwine, de Paris, todos atendem pelo nome Romanée-Conti Grand Cru. O primeiro na lista é o da safra 2009. Custou 17.024 euros. O mais barato, se cabe a palavra, é o de 1995. Saiu por 11.430 euros. CINCO QUILÔMETROS DE GARRAFAS Pouco adiante do mítico vinhedo está o Clos de Vougeot, antigo monastério cisterciense, um dos grandes símbolos da Borgonha. Abriga hoje um museu e a sede da Confrérie des Chevaliers du Tastevin, associação que promove o vinho local com festas memoráveis para a apresentação de seus novos membros. São 600 pessoas servidas num timing impressionante, pratos e vinhos se sucedendo ao ritmo de balé e clima contagiante no palco com uma fanfarra de instrumentos antigos, incluindo trompas de caça, poemas satíricos e muitos vivas quando o lema da confraria é esgoelado: Jamais en vain, toujours en vin. Inesquecível. E vinho bom atrai comida boa. Essa é uma verdade ligada de modo profundo à Borgonha. Os brancos com Chardonnay da região de Chablis, mais frescos do que seus primos mais ao sul, são perfeitos para acompanhar frutos do mar. Em especial,

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ostras frescas, enquanto os nobres brancos da Côte d’Or dignificam uma lagosta grelhada, peixes e aves com molho cremoso, queijos como Epoisses (típico bourguignon) ou Roquefort e, noblesse oblige, foie gras. Os vintos tintos com a Pinot Noir têm a chamada acidez gastronômica, ideal para acompanhar carnes com o vigoroso tempero que ampara os pratos da região. Entre eles, os famosos escargots da Borgonha; o lendário boeuf bourguignon, grande cozido ao vinho tinto assim como o coq au vin; o poulet de bresse assado, considerado um dos melhores frangos do mundo; os oeufs en meurette, ovos em molho reduzido de vinto tinto. Sem esquecer os pratos feitos com a definitiva mostarda, a de Dijon, que envolve o coelho de modo delicioso, as variadas opções de embutidos (rosette, andouillette, cervelas) e o jambon persillé, presunto cozido com variados temperos e que tem o toque verde da salsinha justificando o nome. E não há casa que não faça os gougères, bolinhos de

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Para se hospedar na região, comer muito bem e vicenciar uma mescla harmoniosa de tradição e ar contemporâneo, Dijon é o lugar

Hospices de Beaune, em Beaune: maravilha gótica

massa ao forno com queijo. Entre seus queijos estão Epoisses, Brillat Savarin, Amour de Nuits, Ami du Chambertin e Chaource. Tudo isso está ao alcance de nariz e boca em quase todos os lugares. Como na simpaticíssima Beaune, conhecida como a capital dos vinhos da Borgonha. A cidade respira a bebida em suas ruas medievais e concentra bares e restaurantes na praça principal (place Carnot) ou próximos a ela, como o bom Le Cheval Noir, do chef Benoît Deval (boulevard Saint-Jacques, 17), ou o típico Le Bistrot Bourguignon (rue Monge, 8). Nessa rua reservada aos pedestres, é difícil resistir aos doces de Fabien Berteau, no número 18. Há várias lojas para compra de vinhos, com degustação. Para um mergulho nas tradições do jeito local de fazer vinho,

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vale a visita às Caves du Patriarche, na rue du Collège, com 5 quilômetros de túneis repletos de barris e garrafas. E, claro, não pode faltar a visita ao Hospices de Beaune, monumental edificação em estilo gótico inaugurada em 1443 como hospital para atender apenas os pobres. Impressiona sua grande sala com os leitos, os vitrais, as molduras de madeira, as pinturas, a reprodução da farmácia e da cozinha e, marca inconfundível, o teto com as telhas vitrificadas e coloridas. Algumas vinícolas produzem, além de seus próprios vinhos, alguns com o rótulo Hospices de Beaune, cujo lucro vai para a instituição. Como a tradicional Maison Ropiteau, em Meursault, com uma bela seleção de brancos – sobretudo da denominação Puligny-Montrachet, como o espetacular Les Perrières 2014 – e um Clos de Vougeot Grand Cru 2013, tinto profundo e com notável equilíbrio entre acidez e taninos. Com a visita à maison e suas bonitas caves antigas, seguida de degustação, dá para sentir o alto nível que esperamos dos vinhos da Borgonha sem danificar o bolso.

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Dijon: o lugar perfeito para se instalar numa viagem

A HORA DO FRISSON Para se hospedar na região, comer muito bem e vivenciar uma mescla harmoniosa de tradição e ar contemporâneo, Dijon é o lugar. Chamada de “cidade inteligente” por seu conceito ecológico de locomoção urbana e outras obras pioneiras – foi a primeira cidade da França a ter um sistema de distribuição de água potável –, Dijon vive também em estado da arte com seus museus. Entre eles, o espetacular Beaux Arts dentro do também impactante Palais des Ducs e sua enorme coleção revelando a história regional. Para ver a cidade do alto, com seus prédios aristocráticos e ruas convidativas reservadas aos pedestres, vale o esforço para subir a torre Philippe Le Bon. Uma hospedagem bacana é importante para manter o estilo da viagem. A dica em Dijon é o Grand Hotel La Cloche MGallery, na place Darcy, com localização privilegiada, que permite passeios a pé por todo o Centro e uma

decoração tipo boudoir chique nos quartos. E seu jardim interno é um oásis de tranquilidade para o drinque do final de tarde, o café da manhã e as refeições. Sempre lembrada pela mostarda, Dijon tem restaurantes, confeitarias e bares onde desfilam as especialidades da mesa e os vinhos regionais. Eles são as estrelas nos restaurantes locais, como o Loiseau des Ducs, na mais bela rua fechada a veículos de Dijon, a Vauban. Instalado num prédio do século 16 classificado como monumento histórico, perto do Palácio dos Duques e da bela place de la Libération, oferece 40 vinhos em taças. Sua cozinha, uma estrela Michelin, tem a chefia refinada do jovem Louis-Philippe Vigilant e, nas sobremesas, a “escultora de doces” Lucile Darosey. No jantar, vi numa mesa ao lado quatro chineses – um jovem casal e dois homens na faixa dos 40 anos –, um deles sem participar da conversa, imerso na tela de seu celular. Isso até o momento em que foi servido um Richebourg 2009 do Domaine de la Romanée-Conti. O homem pegou a taça, cheirou o vinho uma, duas, três, muitas vezes, bebeu e percebi sua transfiguração – era o frisson.

Intensa identidade • Paris

A

Borgonha tem uma área de 31 mil qui­ Região da Yonne Borgonha lômetros quadrados. Quase o mesmo que a Bélgica e não muito mais que Alagoas. Côte d'Or Fi­ ca no entroncamento entre o sul provençal, Dijon • o oeste normando, o leste alpino e o norte dominado por Paris. É ela, no entanto, que irradia influência aos vizinhos – e não o contrário. Isso ocorre devido a uma intensa identidade. A Borgonha foi território independente ao longo de séculos. Saône-et-Loire Só virou província francesa no final da Idade Média, quando suas raízes culturais já eram então fortíssimas.

FRANÇA

Borgonha: um enclave de personalidade

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A melhor cozinha de Bolonha É assim no MezzoGiorno, na região da Faria Lima, em São Paulo

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ica a uma quadra da avenida Faria Lima, considerado o real centro financeiro de São Paulo. A avenida Nove de Julho, aliás, está à mesma distância, um pulinho. Ali, na rua Peruíbe, cintila um restaurante muito especial, o MezzoGiorno. O nome informa que a casa trabalha em um único turno, o do almoço (abre às 11h30, fecha às 15h30 e não funciona nos fins de semana). Adianta também que a cozinha é francamente italiana. No caso, da cidade de Bolonha na região da Emilia-Romagna, norte da Itália, conhecida pelas massas frescas com ovos (em vez do grano duro) e recheadas, risotos e parmesão. Uma culinária mais refinada que a do sul do país, sempre mais difundida nas cantinas paulistanas. Aí vai o aviso: o MezzoGiorno não é uma cantina. Embora despojado, tem estilo mais clean, além de massas feitas artesanalmente na própria casa, todos os dias. “Penso que encontramos um nicho entre os concorrentes do nosso nível na região”, avalia Aldo Galloni, o proprietário. “Trabalhamos com produtos de alta qualidade, mas conseguimos

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oferecer um preço mais acessível, pois temos uma equipe e um cardápio enxutos.” Embora o MezzoGiorno esteja comemorando 24 anos, sua história começou décadas antes, em pleno oceano, no navio que trouxe ao Brasil os pais de Aldo – ele, Carlo, italiano; ela, Monika, austríaca. Os dois se conheceram no convés e se apaixonaram. Juntos, abriram o Âncora Praia Hotel, no Guarujá (SP), e, já no começo dos anos 1980, um restaurante que marcou época, em São Paulo: o In Città, na rua Oscar Freire. “Minha mãe aprendeu a culinária da Emilia-Romagna com minha avó materna, Nonna Mina, e se tornou uma especialista”, conta Aldo. “Tem muita gente que não se esquece dos pratos criados por Monika Galloni.”

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Monika faleceu há quatro anos. Suas receitas são um legado que Aldo leva adiante, no cardápio do MezzoGiorno, com todo o esmero. Lá estão pratos como tortelloni di ossobuco (massa semelhante ao capelete, recheada de ossobuco com seu próprio molho) e o tondi di búfala al pomodoro e basílico (ravióli redondo de muzzarela bocconcino temperada com tomates frescos e manjericão). São receitas não só para apreciar no próprio MezzoGiorno como também para requisitar por delivery. Ou, ainda, pedir na rotisseria contígua ao restaurante, para comer em casa. Aldo Galloni e sua mãe, a austríaca Monika

MezzoGiorno – R. Peruíbe, 29, Itaim Bibi, São Paulo (11) 3071-1993, (11) 3167-6892

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And the winner is... Sebastiana Cachaça produzida no interior paulista ganha vários prêmios no exterior

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cachaça da região de Araraquara (SP) sempre teve boa fama. Era o caso, em especial, daquela feita, a partir dos anos 1960, na Fazenda Santa Rufina. Mas o master distiller Carlos Mattos, embora apreciasse o destilado local, acreditava que poderia aprimorar em muito os métodos de produção. Tão logo adquiriu a fazenda, viajou Brasil adentro, estudando os processos de colheita, moagem, fermentação, destilação e envelhecimento. Fez mais: repetiu o périplo pelas destilarias de bourbon do Kentucky e Tennessee, nos Estados Unidos. Isso feito, aplicou o conhecimento, com minúcias, na cachaça Sebastiana, lançada há cinco anos. Resultado: prêmios e mais prêmios internacionais. “A cachaça de alta qualidade pode e deve ser vista como uma bebida no mesmo padrão dos melhores destilados do mundo”, afirma Mattos. “E é o que já acontece lá fora.” Prova disso são os 29 troféus internacionais conquistados pela Sebastiana. Aliás, pelas Sebastianas, uma vez que Mattos produz seis cachaças diferentes, sob o mesmo selo, todas elas top. Entre as premiações, pode-se destacar a medalha de ouro no International Wine and Spirits Competition (2018), outro laurel de ouro no Councours Mondial Bruxelles (2017) e mais as primeiras colocações no Miami Rum Festival (2016) e New York Wine and Spirits Competition (2014). Em 2018, levou o prêmio de quarta melhor cachaça do Brasil, outorgado pela Cúpula da Cachaça, do jornal O Estado de S. Paulo. A mais premiada das cachaças das Sebastianas é a Duas Barricas. Envelhecida por quatro anos, a bebida passa, de início, por 24 meses em barril de castanheira brasileira. Segue-se igual período em barril construído com carvalho americano. Desse processo resulta um destilado de elevadíssima qualidade, com 40% de graduação alcoólica. Embalado, por sinal, também em garrafa de fina estampa. Identificada com o mercado de luxo, a Sebastiana participou de eventos comandados por grandes marcas, do porte da

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Montblanc, Ferrari e Tag Heuer. “Já exportamos para França, Canadá e Áustria”, conta Mattos, feliz por ter adquirido a fazenda, pesquisado métodos de produção e, sobretudo, por poder oferecer uma bebida que não fica nada a dever aos melhores destilados do planeta. cachacasebastiana.com.br

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Sob medida C om de s ign c on t em por â n eo, o s produ to s de em b u t ir da Pa na s on ic e l e va m a f u nc iona l ida de da c ozin h a

É

muito comum escutar que a cozinha é o coração da casa. Esse espaço precisa ser fluido, moderno e funcional. Para essa casa contemporânea, a Panasonic aposta em dois pilares: design e tecnologia. E é possível encontrar tudo isso na linha de eletrodomésticos de embutir da marca. Numa seleção dos melhores produtos do mercado, podemos começar pelo Cooktop de indução inteligente (KY-T937XLRPK). O equipamento tem um elenco de recursos de última geração. É o caso do Genius Sensor, que permite maior precisão no cozimento. Além disso, identifica a temperatura do fundo da panela. Também é importante destacar o Sensor+, que identifica a densidade dos líquidos. Isso possibilita a regulagem da temperatura. Para deixar tudo organizado depois das artes na cozinha, a Panasonic apresenta dois modelos de lava-louças, nas versões Black Glass e Inox.

O eletrodoméstico tem capacidade para lavagem de utensílios de até 14 pessoas. Na função ECO, gasta 10 litros por lavagem. Trata-se de uma economia de até 35% em relação ao modo normal. Já a função pré-lavagem retira restos de alimentos e age para ajudar na limpeza de louças que serão lavadas apenas quando a máquina estiver cheia. O Forno elétrico de embutir (HL-CX668SRPK) é outra estrela da companhia. Com 80 litros de capacidade, tem espaço de sobra. Equipado com ventilador de ar quente (função Convecção), o forno acelera o preparo da comida. Com isso, não é necessário virar o alimento durante a cocção. Apresenta ainda 9 funções de preparo e 2 prateleiras de fácil ajuste. Tudo muito fácil. E o resultado é um prato mais saboroso. Por fim, o micro-ondas é bem espaçoso para o seu segmento. Tem 30 litros e pode preparar pratos maiores – até o frango inteiro. Apresenta 10 níveis de potência, painel touch e função grill. Equipado com desodorizador, esse micro-ondas da Panasonic reduz o cheiro em seu interior graças a um ventilador interno. Nessa cozinha equipada da Panasonic, tudo funciona melhor e com bom aproveitamento de espaço. A marca se especializou em transformar a vida das pessoas. Sempre para a melhor.

panasonic.com/br @panasonicbrasil @panasonic.br

1. Micro-ondas; 2. Forno elétrico; 3. Cooktop de indução inteligente; 4. Lava-louças Black Glass

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Diretamente da Itália As receitas da Enosteria vêm da Puglia. E o vinho tem preço especial

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fato de a Enosteria, restaurante aberto há um ano em São Paulo, pertencer ao Grupo La Pastina traz uma série de vantagens a quem adora comer e beber muito bem. Para começar, a importadora que deu origem ao grupo, 72 anos atrás, sempre se esmerou em trazer da Itália, a terra do patriarca da holding, os melhores produtos gastronômicos. Isso se espelha no cardápio da Enosteria. Além disso, o Grupo La Pastina também tem uma das principais importadoras de vinho do Brasil, a World Wine. Sorte de quem escolhe a Enosteria. Sim, porque o restaurante agrega uma loja da World Wine, com nada menos de 2 mil rótulos dos principais países produtores. Melhor ainda: quem aparece para almoçar ou jantar paga pelo vinho o mesmo preço da loja. Leia-se: paga um preço bem mais acessível. A Enosteria fica na Jacques Felix, uma rua tranquila e arborizada do belo bairro da Vila Nova Conceição. Quem quiser pode almoçar ou jantar ao ar livre, na aconchegante varanda que antecede o restaurante e a loja World Wine. Lá

dentro, a arquiteta Mariana Kraemer criou um ambiente muito agradável, inspirado na região italiana da Puglia – o salto da “Bota”. Da Puglia vem também o melhor da Enosteria: a rica e saborosíssima gastronomia, comandada por Douglas Benatti, jovem e talentoso chef que foi pupilo de Giancarlo Marcheggiani. Os pratos principais são servidos à italiana, com primo piatto e secondo piatto. No primeiro caso estão pastas como o linguini al polpetini, tortelini recheado com javali e risoto de funghi porcini, além do orecchiette (tem o formato de uma orelhinha e é um símbolo da Puglia), servido com linguiça e pimenta pepperoncino. Entre os segundos pratos, destaques para carnes e peixes. Receitas como a paleta de cordeiro laqueada com fregola são simplesmente imperdíveis. Tudo com a chancela de uma empresa que há 72 anos serve com rigor e dedicação a mesa dos brasileiros. Enosteria – R. Jacques Felix, 626, Vila Nova Conceição, São Paulo (11) 2774-1710

O chef Douglas Benatti a sua bruschetta de brie, uma das entradas mais pedidas no restaurante paulistano

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Espaguete de abobrinha com pesto caseiro de espinafre

Receita Ritual da Tiborna Porções 4

Tempo 15 - 45 minutos | Porções 2

ingredientes ingredientes

• 1 xícara de chá de Azeite Gallo Orgânico • 1 abobrinha grande • 100 g de espinafre • 100 g de tomate cereja • 25 g de parmesão ralado

• 25 g de nozes picadas • 2 dentes de alho • Suco de limão a gosto • Manjericão a gosto • Sal a gosto • Pimenta a gosto

Preparo

1. Com a ajuda de um ralador ou com o auxílio de uma faca, fatie a abobrinha em tiras bem finas em formato de espaguete. Coloque-as em água fervente com sal a gosto e cozinhe rapidamente, aproximadamente 1 minuto, apenas para que ela fique com a textura do espaguete. Escorra e reserve em uma tigela. 2. No liquidificador, coloque o manjericão, o espinafre, o suco de limão, o dente de alho e 100 ml do Azeite Gallo Orgânico. Triture todos os ingredientes até obter um molho verde homogêneo. 3. Coloque o molho verde em uma tigela e adicione sal a gosto, o parmesão e as nozes picadas. 4. Em uma frigideira, agueça uma colher de sopa de Azeite Gallo Orgânico, os tomates cereja cortados ao meio e refogue o outro dente de alho, sem deixar dourar; após coloque o espaguete de abobrinha na frigideira juntamente com o molho e deixe refogar por 5 minutos. 5. Sirva em seguida.

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• Gallo Azeite Novo Colheita 2019.2020 • Pão à sua escolha • Especiarias à sua escolha Preparo

1. Aqueça o pão escolhido, no forno ou na frigideira e em seguida corte em fatias médias. Em um pequeno prato coloque o Gallo Azeite Novo Colheita 2019.2020. Para sentir todo o sabor do seu azeite, deguste-o diretamente com as fatias de pão. 2. Para uma experiência mais especial, adicione alguns temperos e especiarias da sua escolha. Sugerimos manjericão, flor de sal, orégano, alecrim, açúcar mascavo, entre outras. 3. Deguste o sabor frutado e único do Azeite da primeira colheita do ano diretamente com pão. Essa é uma experiência que permite a você e seus convidados sentirem todas as notas de sabor que o azeite possui. Aproveite para experimentar os outros azeites Gallo da mesma maneira!

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Retorno triunfante O novo Président evoca a trajetória de Erick Jacquin e a volta em grande estilo do chef popstar à alta cozinha Por marco merguizzo

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esde que deixou a França para desembarcar em São Paulo em 1994, aos 29 anos, para trabalhar no extinto Le Coq Hardy, e mais tarde comandar o premiadíssimo La Brasserie, o francês Erick Jacquin já demonstrava um inegável talento à frente das panelas. Predicado que, pouco a pouco, se tornou tão célebre quanto a personalidade solar e a língua afiada que ajudaram a criar a fama de “carrasco” de profissionais candidatos à chef de cozinha em um show da TV. De cozinheiro ranzinza e precoce, que debutou em um bufê com 14 de idade em sua minúscula cidade natal, Dun-sur-Auron, no vale do Loire, à atual posição de chef popstar, responsável pelos restaurantes Le Bife, em São Paulo, e La Brasserie de La Mer, em Natal, Jacquin está de volta à cena gastronômica da principal cidade do país com o seu Président. Aberta há poucos meses na região dos Jardins em sociedade com o casal Orlando e Silvia Leone, a casa, que homenageia os ex-presidentes franceses, esbanja conforto e requinte, além de marcar a reestreia do chef veterano na alta cozinha. Nas paredes de fundo rubro do Président, que reproduz a atmosfera cromática típica das brasseries parisienses, foram fixadas as comendas e os prêmios colecionados por Jacquin ao longo de sua trajetória. Há, também, no andar superior, um espaço para eventos. E um outro destinado a obras de arte. A cozinha foi construída à vista dos clientes, a partir da qual a clientela, acomodada no salão de 58 lugares, acompanha a movimentação da equipe. “Quem quiser pode conversar comigo na bancada enquanto eu preparo os pratos”, concede Jacquin, para concluir: “Sempre quis este formato de restaurante. É como se estivessem na cozinha da minha casa. Nunca vi outro assim”. Das recriações francesas executadas por Jacquin vale provar os camarões na manteiga com abobrinha confit e mesclum supreme

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O casal Orlando e Silvia Leone é sócio do francês na casa recém-inaugurada em São Paulo

de laranja Bahia. Ou o ovo mexido dentro da própria casca com caviar beluga. E ainda a torta de massa folhada recheada de codorna ao molho de foie gras com salada de mache ao azeite de amendoim. De sobremesa, reserve-se para o mille-feuilles (ou mil-folhas) com creme de baunilha Bourbon - glória da pâtesserie celebrizada por Marie-Antoine Carême, craque das massas folhadas, e feito ali comme il faut. Président - R. da Consolação, 3.527, Jardins, São Paulo (11) 3062-7169

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Joias moldadas em pasta As massas preparadas por Carlos Pissani são trabalho de um ourives da gastronomia

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rouxinhas de queijo de cabra brasileiro com farofa crocante e raspas de limão. Raviólis de picadinho paulista ou recheados com flor de abóbora, queijo mascarpone e tomilho. Se no prato ou no papel tais criações seduzem ao primeiro olhar, à primeira garfada as massas gourmet da Pissani, de São Paulo, capturam o paladar e instigam a gula de gourmets. Moldadas - fatto a mano - com esmero de ourives, por trás de cada uma dessas joias em pasta está o irrequieto Carlos Pissani, um oriundo uruguaio radicado há mais de uma década em São Paulo. O fascínio familiar dos Pissani pela gastronomia da Bota começou há mais de um século, quando Teresa, a bisavó de Carlos, mudou-se do norte da Itália para o Uruguai. Com tais elementos correndo em suas veias, este tarimbado e criativo produttore de pasta imprime sua digital e toda a expertise herdada do clã ítalo-uruguaio. “Nossas massas são tratadas como obra única. São desenhadas com olhos de artista como se fosse um mestre-joalheiro”, compara. “A personalidade italiana e nossas tradições familiares se fundem com as inovações da culinária contemporânea e a criatividade brasileira”, resume. “O objetivo é despertar no consumidor o prazer em prová-las, proporcionando a ele uma experiência inesperada e única.” De fato, para quem já provou, as criações da Pissani são muito diferenciadas. De tão saborosas e ricas ao paladar, dispensam molhos copiosos e complicados. “Basta um fio de azeite ou um toque de manteiga com ervas”, recomenda o capo das massas. Em todas as etapas da produção, a Pissani mantém elevados padrões de qualidade. Seus ingredientes são 100% naturais, frescos, sem corantes ou conservantes. As criações valorizam o gosto original de cada ingrediente. Cada recheio se apresenta ao paladar numa sequência sutil, surpreendendo a cada nuance numa experiência sensorial imemorável.

MUITO BRILHO Pissani e suas delicadas criações. Não há nada igual por aqui

Ao lado do desenvolvimento incansável de produtos e de muita pesquisa de matérias-primas oriundas de todas as partes do planeta genuinamente artesanais, com denominação de origem e procedência, e com ênfase especial aos ingredientes brasileiros - a equipe capitaneada por Carlos Pissani prova e reprova quantas vezes forem necessárias. Além de brilhar em menus de alguns dos melhores restaurantes de São Paulo e do país, as massas gourmet produzidas pela Pissani costumam figurar em camarotes vips de megaeventos, como a Fórmula 1 e a São Paulo Fashion Week. Para quem quiser prová-las em casa, é possível encomendar pelo site, em sua loja virtual. Massas Gourmet Pissani - Al. Franca, 1.413, Jardins, São Paulo (11) 3081-6847

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Wesley, do Bragantino, voa para o título da Série B. A skatista Letícia Buffoni salta para a fama. Um dos carros da Red Bull acelera na Fórmula 1

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“No s sa m e ta é c h e ga r à Sé r i e A e m 2 0 2 2 e c o n s e g u i r o t í t u l o a t é 2 0 2 5”, a n u n c i ava T h i ag o S c u r o n o f i n a l d e m a r ç o d e 2 0 19, ao a s s u m i r a g e s t ão d o B r ag a n t i n o, t r a d i c i o n a l t i m e d e B r ag a n ç a Pau l i s t a , c i da d e d e 1 7 0 m i l h a b i t a n t e s a 9 0 q u i l ô m e t r o s d e S ão Pau l o, c o n h e c i da c o m o “a c a p i t a l n ac i o n a l da l i n g u i ç a”. Um a p r e v i s ão p r e t e n s i o s a , s e m d ú v i da , p o r m a i s q u e S c u r o fa l a s s e e m n o m e da R e d B u ll , a e mp r e s a d e e n e r g é t i c o s q u e já h av i a t r a n s f o r m a d o t i m e s d e p o u c a e x p r e s s ão e m p r o t ag o n i s t a s da s d i v i s õ e s p r i n c i pa i s d e f u t e b o l n a Al e m a n h a , n a Áu s t r i a e n o s E s t a d o s U n i d o s . N aq u e l a a lt u r a , à s v é s p e r a s d o i n í c i o d o C a mp e o n a t o B r a s i l e i r o da S é r i e B , o B r ag a n t i n o e s t ava l o n g e d e s e r c o n s i d e r a d o u m favo r i t o da c o mp e t i ç ão. Ao c o n t r á r i o, e r a l i s t a d o c o m o u m d o s t i m e s q u e l u t a r i a m pa r a n ão c a i r à d i v i s ão i n f e r i o r .

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omo o futebol não é uma ciência exata, os resultados nem sempre surgem no momento esperado. Os grandes investimentos do Paris Saint-Germain nos últimos anos, por exemplo – incluindo a contratação milionária de Neymar em 2017 –, ainda não deram ao clube francês o cobiçado título da Liga dos Campeões da Europa. Já com o Bragantino – que os torcedores costumam chamar apenas de Braga – o resultado chegou antes do combinado: o time ganhou a Série B logo no primeiro ano de parceria com a Red Bull, com sete pontos de vantagem sobre o Sport Recife, garantindo uma vaga na Série A do Brasileiro dois anos antes da pretensiosa previsão de seu gestor. A fórmula que permitiu essa façanha do Bragantino foi a mesma usada pela empresa de energéticos para transformar o alemão RB Leipzig, o austríaco RB Salzburg (hoje apenas patrocinado) e o americano New York Red Bulls em times de ponta em seus países: colocar a contabilidade em dia (no caso do clube brasileiro, havia uma dívida de R$ 8 milhões) e contratar atletas jovens e de grande potencial para substituir os veteranos já acomodados. Nesse processo, os elencos também ficam mais enxutos, com 25 a 28 jogadores, no máximo. Para definir os novos nomes, o gestor do Braga usa os serviços de sete olheiros que passam os dias vendo vídeos e contatando empresários de atletas da América Latina. Antes de investir no Bragantino, a Red Bull já havia tentado, uma década atrás, fazer de um time nascido do zero, o RB Brasil, um protagonista. Mas a escolha de sediar o clube em Campinas (SP) esbarrou na presença de dois clubes locais de muita tradição, a Ponte Preta e o Guarani. Não deu certo. Ainda assim, o RB Brasil continua na ativa e disputará a série A2 do Paulista, com um elenco sub-23. Será um time-laboratório. Já assumiu esse papel secundário no ano passado, ao ceder seus seis melhores jogadores ao Bragantino. Ao corrigir a rota e adotar um clube já existente de uma cidade menor, a coisa engrenou. A torcida de Bragança Paulista adorou ver o time de volta à sua época mais gloriosa, no início dos anos 1990, quando conquistou o campeonato estadual, chegou em segundo lugar na competição nacional e revelou Mauro Silva, volante da seleção de 1994, e o treinador Vanderlei Luxemburgo. Nem se incomodou com a troca do escudo do clube pelo logotipo do patrocinador, que mostra dois touros vermelhos disputando uma bola, furiosamente.

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Sandro Dias na Ponte Estaiadinha, em São Paulo

Bastaram R$ 45 milhões para a Red Bull credenciar o Bragantino ao título da Série B em 2019. Neste 2020, diante de um desafio maior, a multinacional austríaca já torrou R$ 60 milhões dos R$ 200 milhões que separou para turbinar o Braga ao longo de toda a temporada. 747 ATLETAS PATROCINADOS ão é de espantar. Fundada pelo austríaco Dietrich Mateschitz em 1984, a Red Bull desde seus primeiros anos aposta alto no marketing esportivo para crescer. Embora seja natural associar uma bebida energética a esportes, nenhuma companhia desse ramo, ou mesmo de outro, coloca tantas fichas no esporte como meio de divulgação de sua marca quanto a Red Bull. Não há números oficiais, mas o mercado crava que ela invista pelo menos um terço de todo o seu faturamento em marketing. Apesar de ter bolado um slogan matador (“Red Bull te dá aaasas”) e de fazer alguma publicidade convencional, a empresa aposta pesado mesmo é no chamado marketing de conteúdo. “Em vez de alardear a marca por meio de anúncios, aos quais o público jovem é pouco receptivo,

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a empresa apoia atletas famosos das mais variadas modalidades esportivas, sobretudo as radicais, e entope as mídias sociais com os eventos desafiadores que patrocina”, explica Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da pós-graduação da ESPM, a Escola Superior de Propaganda e Marketing. Ou seja, a Red Bull produz histórias interessantes para ser vistas e compartilhadas no YouTube, nas quais o energético aparece apenas de raspão, como um figurante – mas sem deixar de ser percebido pelos internautas. A produção mais ambiciosa da Red Bull até hoje foi o salto que o paraquedista austríaco Felix Baumgartner fez da estratosfera no dia 14 de outubro de 2012, proeza acompanhada ao vivo por 8 milhões de pessoas. Espécie de aventureiro profissional, Baumgartner entrou numa cápsula rebocada por um balão e, ao cabo de duas horas e meia de subida, despencou de uma altura de 39 mil metros. Na queda, atingiu 1.340 km/h, tornando-se o primeiro humano a quebrar a barreira do som, e aterrissou são e salvo 4 minutos e 19 segundos depois. Além da velocidade absurda, bateu o recorde de altitude num salto. O patrocinador, que deu ao projeto o nome de Red Bull Stratos, levou sete anos planejando-o com uma equipe de 19 especialistas, incluindo engenheiros, médicos e meteorologistas. E até hoje colhe os dividendos da iniciativa – o filme já foi visto por mais de 50 milhões de internautas e continua à disposição no YouTube. “Este é o vídeo mais famoso, mas há outros cem produzidos pela Red Bull com pelo menos um milhão de visualizações”,

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D i e t r ic h M at e s c h i t z , d o n o da r e d b u l l , é h oj e , s e gu n d o a r e v i s ta Fo rb e s, o 31º hom e m m a i s r ic o d o pl a n e ta

observa Benjamin Rosenthal, professor de marketing digital na FGV, a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Para Rosenthal, que costuma fazer da Red Bull o assunto central de suas aulas, o marketing de conteúdo é, de longe, o mais eficaz nos tempos de conexão total. “É a melhor maneira de sensibilizar o consumidor e conseguir sua fidelidade”, afirma. “A garotada não quer saber de ver anúncio chato na tevê, vai logo mudando de canal – isso quando ainda vê tevê.” A aposta da Red Bull no marketing de conteúdo acabou criando na empresa uma divisão tão poderosa quanto a própria área responsável pela fabricação de energéticos – a Red Bull Media House, com aparato para fazer filmes no padrão de Hollywood. A RBMH está sempre produzindo alguma coisa, pois o que não falta é assunto numa empresa que expõe sua marca em nada menos de 47 modalidades esportivas, de Fórmula 1 a skate, de futebol a alpinismo, de futevôlei a paragliding. No momento, a Red Bull patrocina 747 atletas, de 70 países. Entre os brasileiros, estão Neymar, os surfistas Adriano “Mineirinho” de Souza e Pedro “Scooby” Vianna e os skatistas Sandro Dias e Letícia Buffoni. O investimento anual da empresa no marketing esportivo é estimado entre R$ 2,6 bilhões e R$ 3 bilhões. A maior fatia vai para a Fórmula 1, onde a empresa mantém duas escuderias, a Red Bull Ra-

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Por dentro da latinha

1984 é o ano de fundação da Red Bull, na Áustria R$ 8 milhões tinha o Bragantino em dívidas. A Red Bull saldou Baumgartner subiu alto. Scooby entrou na crista da onda

R$ 45 milhões gastos

para montar o time campeão da Série

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R$ 60 milhões investidos no elenco em 2020

cing (que a Globo só chama de RBR para não fazer propaganda gratuita, o que é um tanto inútil) e a Toro Rosso (“touro vermelho”, em italiano). Mesmo nesse território ultracompetitivo, a multinacional de energéticos não entrou para ser coadjuvante: conquistou em sequência quatro títulos mundiais entre 2010 e 2013, quando revelou ao mundo o piloto alemão Sebastian Vettel. A RBR é a terceira escuderia mais valiosa da F-1, atrás apenas da Ferrari e da Mercedes; a Toro Rosso é a sétima.

R$ 140 milhões ainda

TUDO COMEÇOU COM UM JET LAG les destinam um percentual bastante alto para o marketing, mas certamente têm uma margem de lucro maior ainda”, avalia Ivan Martinho, da ESPM. O fato é que as latinhas com 250 ml desse energético que faz referência ao ingrediente taurina (substância originária dos testículos do touro, mas hoje sintetizada em laboratório) vendem cada vez mais. No ano passado, cerca de 7 bilhões delas – uma para cada terráqueo – foram consumidas por esportistas e baladeiros. E tudo começou porque Dietrich Mateschitz, então diretor de vendas de uma marca alemã de cosméticos, desembarcou em Bangcoc, na Tailândia, no início dos anos 1980, moído pelo jet lag. Para se recompor, aceitou a sugestão de tomar a bebida Krating Daeng, muito usada pelos lutadores locais de muay thai. Mateschitz tomou, ganhou uma disposição extra para enfrentar as reuniões e achou que a bebidinha poderia conquistar os consumidores ocidentais. Pediu as contas na fábrica de cosméticos, arrumou um sócio para comprar a Krating Daeng e fez ajustes na fórmula para tornar o energético um produto mundial. Hoje, às vésperas de completar 76 anos, é o 31º homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada pela revista Forbes em US$ 23,7 bilhões. TP

é a fortuna de Dietrich Mateschitz, dono da empresa

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serão gastos ao longo da temporada De R$ 2,6 bilhões a R$ 3 bilhões gastos por ano pela empresa em marketing

US$ 23,7 bilhões

7 bilhões de latas de 250 ml de Red Bull consumidas em 2019 5 são os times

profissionais de futebol: RB Leipzig, RB Salzburg (patrocínio), New York Red Bulls, RB Bragantino e RB Brasil

47 modalidades esportivas

2 equipes de Fórmula 1: Red Bull e Toro Rosso

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mídia

os r i va i s da n e t flix O s se rv iç o s de streaming vão d om i na r o m u n d o. E e s sa r e voluç ão se r á t e l e v isiona da

P o r Da g o m i r M a r q u e z i

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ouve um tempo em que 70% da população brasileira passava as noites assistindo a uma única emissora da TV. Felizmente esse tempo acabou. Assim como aconteceu com a música, o vídeo está se mudando para a internet. E esse movimento sísmico gerou um tsunami de opções para todos num mercado cada vez mais fragmentado. Quem está ganhando com isso? Nós, os espectadores. Os serviços se multiplicam. Pegue como exemplo o Disney+, que deverá chegar ao Brasil em novembro de 2020.

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Ele tem no acervo tudo da própria Disney e de todas as subsidiárias do grupo. Isto é, Pixar, Marvel, Star Wars, National Geographic e 20th Century Studios (antiga Fox). Preço? Apenas US$ 7 ao mês. Você vai resistir? Até a vetusta BBC se rendeu. A rede londrina constatou que sua audiência na TV entre jovens estava desabando, e já avisou, com toda a sua peculiar pompa, que vai partir para o streaming. Vários serviços em operação no exterior podem aparecer de uma hora para outra por aqui - CBS, Fubo, Peacock,

Hulu, ESPN+, Shudder, AT&T, Showtime, Quibi, Starsz… E ainda temos os serviços por internet que substituem as tradicionais empresas a cabo. Por exemplo: Sling, YouTube TV e Plutoplo. A seguir, um pequeno guia de serviços de vídeo por streaming já em operação no Brasil. Os preços podem variar. Novidades surgem a qualquer momento. Quase todos os serviços têm aplicativos próprios para celular, tablet, computador e SmartTV. Vários deles oferecem um período de experiência gratuita. Não dá para escapar.

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cultura CURIOSITY STREAM São 2.400 documentários com assuntos variados como Mulheres Vikings, Ressurreição de Aviões, O Futuro do Pensamento, nanotecnologia, a história da comida e a futura guerra contra invasores do espaço. Entre os membros do seu Advisory Board estão a atriz Glenn Close e o músico Wynton Marsalis. Legendas, só em inglês. Plano mensal: US$ 3 (HD) ou US$ 10 (4K). Plano anual: US$ 12 (HD) ou US$ 45 (4K) PHILOS Coletânea com mais de 600 documentários sobre artes plásticas, arquitetura, ciência, psicologia, história, religião etcétera. Em se tratando de temas polêmicos, o site mantém um bom equilíbrio entre diversas correntes de opinião. Infelizmente, seu funcionamento ainda é meio precário. Preço: R$ 10/mês pelo primeiro ano. Depois, R$ 15/mês.

Esporte DAZN O paraíso dos fanáticos por esportes. No âmbito doméstico, transmite a Copa Sul-Americana, Brasileiro Série C e Libertadores Feminina. Ainda no futebol, tem atrações internacionais de primeira: Premier League, Campeonato Italiano (Séries A e B), Campeonato Francês (Ligas 1 e 2), J-League (Japão), MLS (EUA). E tem ainda tênis (Copa Davis, ATP), lutas

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(Golden Boy, Glory Kickboxing, Extreme Fighting, Jungle Fight), automobilismo (Fórmulas 2 e 3, Indycar), Basquete (NBB, Champions League das Américas, Euroleague), Snooker (World Snooker, World Pool Masters, US Open) e Ciclismo (SBK Superbike). Os jogos são exibidos ao vivo (em HD) e os vídeos ficam à disposição por alguns dias. Preço: R$ 38/mês. ESPORTE INTERATIVO PLUS Segue a linha do DAZN, mas oferece bem menos: Champions League, Nations League, Eurocopa. Eventualmente pode transmitir ao vivo jogos do Brasileiro Série A, desde que os dois times tenham contrato com o canal. Preço: R$ 20/mês ou plano anual de 12 x R$ 14. NBA A principal liga de basquete do mundo não apenas tem um site espetacular. Oferece também a possibilidade de assistir a todos os jogos - até mesmo quatro de uma só vez. O espectador tem vários pacotes disponíveis, para todas as possibilidades: R$ 250 (por todos os 1.230 jogos de todos os times ao vivo ou replay); R$ 140 (todos os 82 jogos de um único time, ou oito jogos por mês, de qualquer time); R$ 8 (todos os jogos de um só dia); R$ 4 (jogo avulso). Esses preços tendem a baixar conforme o campeonato avança.

Filmes e séries APPLE TV A Apple TV chegou com um acervo impressionante de filmes, séries e do-

cumentários. Certas produções você só vai encontrar aqui. A qualidade de imagem (4K) e som (Dolby Digital 5.1 ou Dolby ATMOS) é chocante. Único senão: a mensalidade de R$ 10 dá direito apenas à produção própria da Apple, com séries como The Morning Show (com Jennifer Aniston, Reese Witherspoon e Steve Carrell). Todos os demais filmes e documentários devem ser comprados ou alugados um a um. DARKFLIX Uma Netflix criada no Brasil de filmes de fantasia e terror. Está a caminho de ter mil filmes no catálogo. Nada mau. Claro que você vai encontrar títulos como Quadrilha de Sádicos, mas lá também estão produções de classe como a comédia O Jovem Frankenstein (de Mel Brooks), O Fantasma do Paraíso (de Brian de Palma), Videodrome (de David Cronenberg), Um Lobisomem Americano em Londres (de John Landis), O Bebê de Rosemary (de Roman Polanski), além da série clássica Além da Imaginação, de Rod Serling. Tudo isso - por enquanto - de graça. GLOBOPLAY Novelas, séries, filmes, programas infantis, musicais, documentários. Ob­ viamente, a produção da Globo é a mais presente nessas seleções. Sim, existem alguns bons achados em filmes e séries, mas sua assinatura vai depender, antes de tudo, do quanto você gosta – ou não gosta – da produção da Globo. Novelas mais recentes estão incluídas, assim como os humorísticos da casa. Preço: R$ 22/mês.

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LOOKE O conceito aqui é simular uma velha locadora de vídeo. A maioria dos títulos é para venda e locação. Mas se você pagar uma mensalidade entre R$ 17 a R$ 26 vai ter direito ao “Video Club” - centenas de títulos incluídos no preço. O acervo é gigantesco: Disney e Marvel, a produção da BBC, filmes clássicos (Metrópolis, Cidadão Kane, 2001, Psicose), filmes brasileiros (infelizmente só os mais recentes), animes, documentários, produções em 4K. Você não precisa pagar a mensalidade, mas aí vai ter que alugar ou comprar cada filme.

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É SÓ ESCOLHER Antigas telenovelas e minisséries da Globo? Tem. No Globoplay. Filmes de arte de países tão diferentes quanto Romênia e Tailândia? Também tem. No Mubi

HBO MAX Ainda não estreou, mas já provocou um terremoto no mercado. De cara, oferece grandes produções como Game of Thrones e Succession. Mas o pacote HBO vai muito mais além, pois engloba todo o complexo da WarnerMedia. Para começar, vai disponibilizar mais de 10 mil horas de programação. Isso inclui, além da HBO, o acervo da TNT, Turner Classic Movies, Cartoon Network, Warner Brothers, os super-heróis da DC, as produtoras “indie” Rooster Teeth e Adult Swim, os animes da Crunchyroll, o besteirol do TruTV, e até o material jornalístico da CNN. Alguns “patrimônios” como Friends, Big Bang Theory e os desenhos Looney Tunes serão exclusivos da HBO MAX. O lançamento nos EUA acontecerá provavelmente em maio de 2020. No Brasil, só a partir de 2021. O preço inicial da assinatura será de US$ 15/mês.

NETFLIX A empresa que mudou as regras do jogo e aterrorizou os produtores tradicionais de cinema é uma das maiores produtoras globais de conteúdo. Oferece filmes, séries exclusivas, documentários e produções de países que não eram fornecedores habituais (Espanha, Islândia etc). Dois defeitos: 1) os algoritmos da Netflix nos empurram certas produções, e muita coisa interessante fica escondida em cantos do menu; 2) o preço (R$ 22 a R$ 46) acima de qualquer faixa do mercado. A concorrência cada vez maior vai fazer esses preços caírem. Ou nem a Netflix vai sobreviver.

MUBI O serviço de streaming de filmes de arte. Aqui você pode conhecer o cinema “cabeça” de países como Finlândia,

OLDFLIX Um achado made in Brasil, supre a grande falha de serviços como Netflix e Amazon Prime Video, que quase só oferecem

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Japão, Tailândia, Romênia, Argentina. Destaque para cineastas como Truffaut, Cocteau e Alain Resnais. Alguns acharão sublime. Outros morrerão de tédio. Preço: R$ 28/mês.

produções recentes. Na Oldflix estão em cartaz filmes desde a década de 1940. Há desde grandes clássicos (como Cantando na Chuva ou A Primeira Noite de um Homem) a séries que deixaram saudade como Jeannie É um Gênio, Os Monkees, Perdidos no Espaço, Agente 86 e outras preciosidades. O preço vai de R$ 13/mês (1 tela) a R$ 17/mês (4 telas simultâneas). AMAZON PRIME VIDEO Por enquanto, o maior concorrente da Netflix. Produções originais de primeira linha, como Jack Ryan e Carnival Row. Dezenas de filmes e séries, incluindo novos clássicos como Dr. House, Downton Abbey, Dawson’s Creek e The Office. Faz um marketing tímido demais para o ótimo produto que oferece. Falta, é bem verdade, melhorar a qualidade de imagem e som. Preço: R$ 10/mês ou R$ 90/ano. TUBI TV Um serviço que vai fazer a cabeça de quem gosta de filmes trash. Você não resiste a títulos tipo A Montanha do Deus Canibal? Seu

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ÓPERAS, CONCERTOS E MUSICAIS O Selecta, da Argentina, reúne o fino da música erudita. Já o Broadway HD autoexplicativo. Sua praia são os grandes musicais

lugar é aqui. No meio do lixo assumido, um espírito mais curioso vai encontrar dezenas de joias espalhadas pelo vasto acervo. Séries desaparecidas, documentários surpreendentes, shows, documentários sobre músicos – tudo grátis.

música SELECTA Streaming de música erudita desenvolvido na Argentina. Oferece óperas, concertos e balés, apresentando astros como Luciano Pavarotti, Andrea Bocelli, Zubin Mehta, Simon Rattle, Claudio Abbado, Daniel Barenboim. Sendo argentino, dá grande espaço para compositores contemporâneos do país. Custa US$ 10/mês ou US$ 100/ano. QELLO A casa do pop/rock e variações. De graça você pode optar pela Qello TV, que transmite 32 canais (por gênero) de

clipes de concertos. Se pagar, vai ter acesso ao grande acervo de concertos e documentários, de Queen a ZZ Top, de James Brown a Slipknot, de Sex Pistols a Bob Marley, de Doors a Metallica. Preço: US$ 12/mês ou US$ 100/ano (atualmente em oferta por US$ 70/mês).

teatro OPERAVISION O nome diz tudo. Projeto da União Europeia oferece gratuitamente o registro de óperas clássicas e contemporâneas produzidas por 29 parceiros em 17 países. A plataforma de mídia é o YouTube, em gravações HD (1080) com legenda. BROADWAY HD Está difícil ir para New York? A Broadway vem até você. A lista de montagens inclui Macbeth (com Patrick Stewart), Oklahoma! (com Hugh Jackman), Co-

penhagen (com Daniel Craig) e Rei Lear (com Ian McKellen). Estão também disponíveis registros da década de 1960, espetáculos de dança e algumas produções latinas. Custa US$ 9/mês ou US$ 100/ano. cennarium Peças brasileiras. Comédias, dramas, espetáculos de dança e circo. Não são as produções principais, mas aquelas que querem preservar a experiência e ampliar o número de espectadores com outra mídia. Preço: R$ 20/mês. DIGITAL THEATRE O equivalente britânico do Broadway HD em parceria com instituições como o Royal Opera House, Shakespeare’s Globe, The Old Vic, etc. William Shakespeare está bem presente, mas existem muitos outros clássicos de outros autores como Kafka, Pushkin e Oscar Wilde. Os preços estão em libras esterlinas: £9,99 pela assinatura mensal ou £7,99 por vídeo avulso.

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co nsu m o

S e ja n o s c é u s o u n a s p r o f u n d e z a s d o o c e a n o, c o n h e ç a a l g u n s g a d g e t s q u e FAZEM T ODA A DIFEREN ç A

Terr a , ar e mar

Por m a rina lim a

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Profundezas do mar Relógio de mergulho ultrarresistente para profundidades de até 1.220 metros. Lançado em 1967, o Sea-Dweller, da Rolex, tem luneta giratória para mergulhadores monitorarem tempos de fundo e descompressão. No mostrador, ponteiros luminescentes permitem a visibilidade no escuro. A pulseira é de aço Oystersteel e ouro amarelo 18 quilates.

rolex.com/pt_br

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Caiaque de cristal É um misto de canoa e SUP transparente, resistente e leve (19 quilos). Feito de policarbonato, pode ser usado em água doce ou salgada. A marca See Through Canoe ™ vende também acessórios como motor e luzes de LED.

seethroughcanoe.com

Brilho eterno Colar da Corsage com 515 gemas, em ouro branco 18K (38 Take me A mochila Montblanc Sartorial Jet, de couro e tecido, é resistente à água e a arranhões. Tem dois bolsos externos com zíper. No interior, compartimento para eletrônico, bolso para celular e canetas.

montblanc.com.br

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gramas de ouro) com 13,89 ct de esmeraldas e 10,20 ct de diamantes.

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Ondas sonoras O Formation Wedge, da Bowers & Wilkins, é um sistema de som sem fio wi-fi para levar música com qualidade para um ou mais ambientes.

sommaior.com.br

Para o alto e avante Um drone ultrapequeno e leve que voa até 30 minutos, filma e fotografa em alta resolução. Eis aí o Mavic Mini, da DJI.

dji.com/br

A Ferrari dos livros Livro com edição limitada dedicada aos veículos da fabricante italiana e assinado por Piero Ferrari. HÈrmes Sellier Paris Perfeita para montaria, a bolsa da Hèrmes transporta botas e capacete de hipismo. É resistente ao desgaste e à água e tem bolsa interna removível.

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A versão de couro pode vir ainda com uma mesa cromada, inspirada no motor da Ferrari 12 cilindros. Os 1.947 exemplares, homenageiam o ano de fundação da marca.

taschen.com

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o pi n i ão P o r A l e x a n d r e V e l i l l a G a rc i a

A vez da cultura colaborativa

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palavra inovação tornou-se recorrente no universo corporativo. Não à toa. Inovar tornou-se prioritário em um mercado que se torna cada vez mais competitivo e desafiador; enquanto os clientes se revelam mais exigentes. Adotar uma nova mentalidade no dia a dia é imperativo para o sucesso. Não basta recorrer somente a ferramentas tecnológicas. Uma empresa realmente inovadora tem, antes de tudo, um pensamento coletivo transformador. Para promover esse mindset, é preciso que os gestores tracem práticas estratégicas, das quais destaco: • Desenvolver uma comunicação que incentive todo o time a expor sua opinião. É primordial deixar explícita a relevância que cada um dos profissionais exerce; • Assumir uma postura de liderança, à frente de qualquer mudança, atuando de forma engajada e dinâmica. Em termos referenciais, o líder é o reflexo do que se passa no interior de uma empresa. Portanto, deve mostrar-se sempre disposto e preparado para lidar com as eventualidades, que certamente surgirão; • Promover a cultura de colaboração interna e externa, unindo forças para o crescimento conjunto da empresa. Não há espaço para individualismo quando o assunto é gestão.

Ainda hoje é muito comum ver enraizada dentro das empresas uma cultura de competição interna. Para potencializar essa estratégia, os gestores promovem disputas emtre os colaboradores sob promessas de recompensas e promoções de cargo. Isso pode fomentar um ambiente destrutivo. Ao invés, a cultura colaborativa tem o objetivo de estimular uma troca constante de ideias em busca das melhores soluções, bem como o compartilhamento de experiências. Tal expediente tem ganhado força nas empresas. Quando bem aplicado, pode proporcionar muitos ganhos. A saber: • Comunicação ampla e transparente; • Valorização do profissional; • Equipes sincronizadas e atuando de forma conjunta; • Modernização de procedimentos internos; • Maior produtividade e eficiência nos processos; • Identificação de talentos e novas lideranças. A colaboração entre empresas implica ganhos ainda mais expressivos. O benchmarking, por exemplo, palavra que significa “comparação”, é uma estratégia que visa analisar as melhores práticas do mercado, em busca de maior eficiência. Na prática, denota uma troca de informações entre as companhias a respeito de produtos, serviços, processos e práticas empresariais. Analisando os pontos positivos de cada organização, é possível estabelecer um parâmetro preciso sobre o que de fato está funcionando no

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Alexandre Velilla Garcia, CEO do Cel.Lep e sócio-fundador da Valor Real Construções, é economista com pós-graduação em management pelo ISE/IESE-University of Navarra velillagarcia@uol.com.br

segmento. Entender o meio em que se está inserido é o primeiro passo para atingir as expectativas. A troca de informações pode trazer ganhos inclusive para os clientes, uma vez que conseguiremos entender suas necessidades de forma mais simples. Qualquer processo de mudança acarreta muitos desafios. No entanto, é nossa função – como gestores – aprimorar nossos conhecimentos e técnicas, visando a capacitação profissional e o desenvolvimento de uma nova cultura corporativa. Sair da zona de conforto é sempre trabalhoso, mas somente adotando ideias inovadoras é possível transcender o banal e conquistar o extraordinário. TP

© tuca reinés

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