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Algumas vezes, no espaço de tempo entre uma entrevista e sua publicação, o entrevistado ganha reais motivos para comemorar. Não é comum – mas acontece. Que o diga Oscar Almendros Bonis, diretor do Turespaña, o Escritório de Turismo da Embaixada da Espanha, em São Paulo. No dia em que papeou com THE PRESIDENT, ele comemorava a conquista do dia 3 de agosto, quando o país ibérico começou a liberar o turismo de brasileiros em seu território, mas ainda com muitas restrições. No final do mês, Bonis se viu obrigado a acrescentar uma outra conversa – ainda mais alegre. Desta vez para celebrar a decisão da Espanha de permitir a entrada de todo brasileiro vacinado, o que, decididamente, aumentará de forma exponencial o número de nossos visitantes. Algo similar ocorreu com Francisco Graciola e seu filho Jean, da FG Empreendimentos. Os dois têm se destacado como construtores de edifícios muito altos na cidade de Balneário Camboriú, no litoral catarinense. São prédios erguidos com o auxílio direto da tecnologia internacional e dotados de incomparável estrutura de lazer. Além de oferecerem vistas deslumbrantes da orla, claro. No entanto, esses arranha-céus vinham sendo criticados pelo fato de suas sombras diminuírem a incidência do sol nas areias. Pois bem, entre a entrevista que pai e filho nos deram e a sua publicação, um tour de force foi botado em prática, na cidade de Camboriú, triplicando a área entre a calçada e o mar da praia Central, e dissipando esse entrave. Nada menos de R$ 67 milhões vêm sendo gastos na empreitada. Ser a portadora de boas notícias e colhê-las ainda no nascedouro, mesmo em tempos bicudos, é um dos orgulhos de THE PRESIDENT. Este número tem várias outras, incluindo a história de César Borges de Souza, da Caramuru Alimentos. A empresa, que começou timidamente, é hoje a maior companhia nacional de processamento de grãos, com faturamento bruto anual de R$ 6,451 bilhões. Outro case a ser realçado, também no setor alimentício, é o da Aurora Alimentos, que começou com a visão de que uma cooperativa reunindo produtores poderia juntar esforços e competir com maior poderio. Foi o que ocorreu. A Aurora exporta hoje para 80 países. Boa leitura.

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REDAÇÃO Diretor editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br diretor editorial adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br EDItora executiva e digital Marina Lima marinalima@customeditora.com.br

ARTE DIRETORES Ken Tanaka e Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br

COLABORARAM NESTE NÚMERO TEXTO André Boccato, Françoise Terzian, Luciana Lancellotti, Luiz Guerrero, Luiz Maciel, Ney Ayres, Raphael Calles, Ricardo Chaves Prado e Walterson Sardenberg Sº Fotografia Germano Lüders, Piti Reali e Tuca Reinés Revisão Goretti Tenorio

THE PRESIDENT facebook.com/revistathepresident @revistathepresident

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COMERCIAL, PUBLICIDADE E NOVOS NEGÓCIOS Diretor executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br diretor comercial Ricardo Battistini battistini@customeditora.com.br Gerentes de contas e novos negócios Mirian Pujol mirianpujol@customeditora.com.br Fabiano Fernandes fabianofernandes@customeditora.com.br ASSISTENTE COMERCIAL Leonardo Souza leonardosouza@customeditora.com.br ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO Analista financeiro Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br REPRESENTANTES REGIONAIS GRP – Grupo de Representação Publicitária PR – Tel. (41) 3023-8238 SC/RS – Tel. (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br Tiragem desta edição: 35.000 exemplares CTP, impressão e acabamento: Coan Indústria Gráfica Ltda. Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593, 9º andar – Jardim Paulista São Paulo (SP) – CEP 01407-200 Tel. (11) 3708-9702 ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br Tel. (11) 3708-9702

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56 entrevista

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DIAMANTE À FLOR DA ÁGUA

Construído em 1936 por um dos melhores estaleiros do mundo, o veleiro Eilean viveu dias de glória e de abandono. Até ser descoberto no Caribe e restaurado como manda o figurino pela Officine Panerai Por WALTERSON SARDENBERG Sº A ÚLTIMA APARIÇÃO GLORIOSA – OU NEM TANTO – do Eilean no século passado se deu em 1982. Naquele ano, o veleiro de dois mastros foi alugado pelo grupo Duran Duran para servir de cenário ao clipe de “Rio” – o título da música era o apelido de uma beldade, a modelo carioca Andrea Dellal. Fãs de rock pesado ou similares abominaram o filmete, rodado ao largo da ilha caribenha de Antígua. Pudera: o Duran Duran, seus ternos em “cores cítricas”, sua bateria eletrônica e sua pose “new romantic” eram tudo o que um roqueiro execrava – embora as garotas sonhadoras, recém-chegadas à adolescência, suspirassem. Mesmo os maiores desafetos da banda inglesa, porém, precisavam admitir: o Eilean era tão belo quanto a insinuante morena do clipe. Caso se dessem ao trabalho de vasculhar o curriculum vitae do barco, ficariam ainda mais impressionados. O Eilean era mesmo um diamante e tanto. O ketch (veleiro de dois mastros com a roda do leme – ou timão – localizada atrás do primeiro) fora projetado em 1936 por um

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dos principais designers da saga dos barcos a vela: William Fife 3º. Esta lendária figura herdara o ofício do pai e do avô, assim como o estaleiro da família. A empresa, inaugurada ainda nos primeiros anos do século 19 na cidadezinha escocesa de Fairlie, perto de Glasgow, ficaria famosa pela arrojada beleza das embarcações, a eficiência na navegação e pelo logotipo: um dragão chinês estampado na borda do casco. Era uma garantia de excelência. Sabia-se, assim, que aquele era um escocês legítimo. Embora tenha fechado as portas na segunda metade dos anos 1940, em consequência das agruras do pós-guerra, e sobretudo, da morte de Fife 3º – que não deixara descendentes diretos –, o estaleiro jamais caiu no ostracismo. Ao menos entre os velejadores de fino trato. Basta lembrar: em 1956, o príncipe Rainier 3º descartou palácios e ilhas como o escaninho ideal de sua lua de mel

com a atriz Grace Kelly. Preferiu passar a grande noite a bordo do Moonbeam IV, um genuíno Fife, lançado ao mar em 1914. Décadas depois, o filho do casal, o príncipe Albert 2º, também comprou o seu: o Tuiga, de 1909. Afirmar que ter um desses diamantes no píer é um raríssimo privilégio seria de uma banalidade atroz. Menos de cem veleiros com o logo do dragão singram pelo planeta, a maioria com o timão nas mãos de magnatas ou potentados. BISCOITO FINO Ao escolher o Eilean para o clipe de “Rio”, o vocalista do Duran Duran, Simon Le Bon, talvez não conhecesse esses pormenores. Mas sabia muito bem que se tratava de biscoito finíssimo. Aficionado da vela de oceano, o cantor participou de grandes regatas a bordo de seu próprio barco, o Drum. Na Fastnet Race de 1985, disputada na costa da Inglaterra, deu a sorte de escapar com vida. No decorrer de uma tempestade devastadora, o Drum capotou e seus tripulantes ficaram 40 minutos emborcados sob o casco, até serem salvos por mergulhadores. Foi na mesma ilha de Antígua, onde havia sido rodado o clipe, que,


Menos de 100 veleiros do estaleiro Fife, que fechou as portas há mais de 70 anos, ainda estão navegando. São considerados pedras preciosas no mundo da vela de oceano

em 2006, o executivo e velejador Angelo Bonati bateu os olhos em um barco muito maltratado. Mais do que a pompa de outrora, o veleiro perdera os próprios mastros, de 28 metros e 18 metros. Pior: havia sido abandonado, como a desfaçatez de uma letra de bolero. Ainda assim, Bonati, que era então CEO da Officine Panerai, grife de origem italiana de relógios de luxo, percebeu: aquela não era uma embarcação qualquer. “Reparei nas curvas ao mesmo tempo clássicas e ousadas do casco”, contou. Curioso, começou a desvendar o passado do decrépito Eilean, o imenso veleiro de 72 pés – ou 22,20 metros de comprimento. Não era pouca coisa. O Eilean – cujo nome quer dizer “pequena ilha” no idioma gaélico – havia sido encomendado por dois industriais escoceses, os irmãos James e Robert Fulton, com a recomendação de que o estaleiro não economizasse no material. A inspiração do desenho veio dos J. Boats, as embarcações tão graúdas nas dimensões – chegavam a 130 pés – quanto na ousadia da borda baixa. Eram máquinas de regata e reinaram nas competições dos anos 1930, tendo vencido naquela década três America’s Cup, a mais antiga competição esportiva do mundo moderno – iniciada em 1851. Ao contrário dos J. Boats, no entanto, o Eilean tinha um mastro a mais, para aumentar a segurança. Além disso, seu luxo interno o tornara pesado para disputar metro a metro nas raias internacionais com barcos espartanos e regateiros. Nem era o propósito, embora tenha papado algumas regatas regionais entre os vasos de sua classe. Fife 3º desenhou um barco de cruzeiro, com seu estilo marcante. As embarcações do estaleiro eram longas, afiladas, elegantes, notáveis. Cada tábua de madeira sobreposta tinha a melhor procedência. No caso do

Eilean, vieram de Burma (hoje, Myanmar). A verdadeira revolução do estaleiro Fife, seja como for, estava na estrutura do casco: as cavernas – leia-se o esqueleto do barco – tinham reforço metálico. Isso aumentava a rigidez e diminuía a fragilidade. VINDO A CALHAR Tais detalhes técnicos deram a Angelo Bonati a certeza de estar diante de um veleiro que valia restaurar. Não só por homenagem ao passado. Havia também uma estratégia de marketing avalizando o resgate. A Officine Panerai, fundada em Florença no ano de 1860, como oficina, loja e escola de relojoaria, tem uma longeva relação com a vida marítima – e daí sua tradição em promover regatas de veleiros clássicos. Um dos marcos deste envolvimento havia ocorrido justamente em 1936 – pois é, o ano em que o Eilean foi construído –, quando, a pedido da Marinha Italiana, a empresa criou o Radiomir, o primeiro relógio de pulso subaquático realmente profissional. A propósito: neste ano de 2021, a Panerai lançou uma edição especial do Radiomir. Desta vez em homenagem ao Eilean (veja quadro). Outro ponto em favor do restauro: um ano antes de Bonati topar, de modo fortuito, com o destroçado Eilean , sua empresa havia começado a patrocinar o Panerai Classic Yachts Challenge, um refinado circuito internacional de regatas de veleiros históricos. Tudo, enfim, favorecia o resgate. Bonati rememorou: “Percebi que o Eilean poderia se transformar em um embaixador da marca e, também, do nosso circuito de vela”. O maior entrave para o projeto era a ausência de um estaleiro em Antígua e Barbuda – o nome completo da antiga colônia britânica – em condições de tocá-lo adiante. Afinal, não seria um simples conserto, mas um restauro minucioso. Bonati decidiu transportar o veleiro para a Itália e entregá-lo aos especialistas do Cantiere Francesco Del Carlo, em Viareggio, na Toscana. Seria um

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Hoje, o Eilean participa ativamente de regatas de barcos clássicos. Entre uma flotilha e outra, é utilizado como veleiro-escola para marinheiros aprendizes, na Itália

tour de force. Um desafio e tanto. Mas, ora essa, se até o extemporâneo Duran Duran, a bordo de seus penteados com “luzes” e seus ternos verde limão, havia retornado com sucesso no novo milênio, por que não o Eilean? (Detalhe: o veleiro pessoal de Bonati chama-se Why Not?.) Assim, o Eilean foi preenchido por lift bags – balões de elevação e flutuação – e rebocado até a Martinica, onde o ajeitaram em uma espécie de barco-cegonha. Cruzar o Atlântico de carona podia parecer uma desonra para um veleiro de brios. Mas não no caso do Eilean. Até então, ele já fizera mais de 30 vezes a travessia completa, embora os irmãos Fulton, seus primeiros donos, não houvessem tido esse privilégio. Morreram na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), poucos anos depois de receber o barco, que, a partir daí passaria pelas mãos de cinco donos sucessivos, até ser encontrado por Bonati. O RESTAURO O último desses proprietários, o arquiteto inglês John Shearer, esse sim, aproveitou. Atravessou o Atlântico 14 vezes a bordo do Eilean, que adquirira para fazer charters – entenda-se, locação – no Caribe, pois não era um magnata, longe disso. Em uma dessas jornadas, colidiu com uma balsa, na costa de Portugal. O conserto dizimou-lhe as economias. Eis o porquê do lento e doloroso abandono de Eilean. Quem visse o veleiro agonizando em uma baía de Antígua mal podia imaginar que já rodara mais de 150 mil milhas náuticas. O suficiente para completar quase seis voltas ao mundo na altura do Equador. Para restaurar o Eilean, foram requisitados os desenhos originais de Fife 3º. Quem deu a dica foi alguém do clã, Kohn Fife. Os originais es-

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tavam sob a guarda do Irvine Scottish Maritime Museum, que britanicamente os emprestou. Começava a maratona do restaurador Francesco Del Carlo. O veleiro requereu 60% de novas madeiras da Birmânia. Novas, em termos. Elas exigiram um tratamento especial para respeitar o projeto e o espírito dos idos em que foi levado a cabo. Mais de 500 metros de tábuas desembarcaram na Toscana. Tudo para o Eilean voltar a ser tão clássico quanto um Brunello preparado com as melhores uvas Sangiovese da região. Houve muito mais. Moldes exclusivos tiveram de ser criados para forjar as ferragens. Um trabalho tão meticuloso quanto o da marchetaria foi posto em prática tendo em vista as divisões internas. Três cabines duplas ganharam vida, assim como a cabine dos marinheiros. A operação custou US$ 3,8 milhões à Panerai – nem tanto quando se sabe que a marca pertence ao conglomerado Richemont, humilde dono da Cartier e da Van Cleef & Arpels, para ficar em apenas duas outras grifes. O problema maior foi o sucessivo adiamento do prazo de entrega. Muito natural. “Você nunca termina a restauração de um barco clássico, se quiser fazer o trabalho a sério”, desculpou-se Bonati. A empreitada estendeu-se por quase três anos. Só em 2009 o veleiro estava pronto para ser chamado de fênix – como as revistas especializadas em vela o trataram, sem nenhum sopro de imaginação. Lá estava, enfim, o Eilean, renascido tal e qual Fife 3º o concebera. É bem verdade que algumas mínimas concessões à modernidade foram postas em prática. Não faria sentido navegar nos dias correntes sem um GPS. O veleiro também ganhou dois motores Yanmar a diesel para a atracação e aqueles momentos em que o vento não dá o ar da graça. De resto, nenhuma engenhoca eletrônica foi instalada para rebobinar ou esticar a área vélica de 301 metros quadrados. Tudo é feito “no muque” – como se dizia e se fazia na


UM RADIOMIR EM HONRA AO EILEAN O Radiomir é um clássico. Como tal, mantém as características essenciais do relógio tal como foi lançado, em 1936 – o mesmo ano em que, por coincidência, o Eilean saiu do estaleiro para o mar. Isso se evidencia na grande caixa de aço em forma de almofada e nos números e índices luminescentes no mostrador, por exemplo. Evidentemente, ao longo de 85 anos, o relógio incorporou os avanços tecnológicos do período. Nada que tenha descaracterizado o produto original. O ano de 2021 marca o lançamento de uma edição especial: a do Radiomir Eilean. Exclusivo, terá apenas 449 unidades anuais. Uma homenagem ao número da vela do Eilean. Diversos outros detalhes evocam o veleiro histórico. A textura do mostrador foi inspirada na madeira teca do convés. No verso da caixa e na pulseira há uma inscrição

década de 1930. Qualquer mudança de bordo exige esforço e destreza da tripulação na lida com os cabos – como as cordas são chamadas entre os velejadores. Por isso, quando o Eilean não está participando de regatas, passa agora os dias nas mãos de marinheiros aprendizes, funcionando como veleiro-escola. O que, convenhamos, é muito mais edificante do que de servir de cenário a um clipe do Duran Duran. TP

“Eilean 1936”. Ainda na caixa, de 45 mm, cintila também o dragão do estaleiro Fife. Para lançar o novo Radiomir, a Panerai programou uma navegação especial do Eilean pelo Mediterâneo. O veleiro clássico zarpou em maio de Viareggio, na Itália, e ancorou em St. Tropez, Cannes, Barcelona e Ibiza, entre outros portos. Em outubro, estará de volta ao ponto de partida.

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MOTOR

O ÚLTIMO ROMÂNTICO O bem-humorado Valentino Rossi, o maior nome da história do motociclismo, anuncia sua aposentadoria. Vai deixar saudade – e muitas histórias Por LUIZ GUERRERO


GOLD AND GOOSE

Aos 42 anos, o italiano vai tirar o capacete e pedir o boné

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NA PRIMEIRA SEMANA DE AGOSTO, ÀS VÉSPERAS DO GP de Estíria, Áustria, o piloto italiano Valentino Rossi fez um pedido incomum a Carmelo Ezpeleta, presidente da empresa de marketing esportivo Dorna Sports: uma coletiva de imprensa extraordinária para anunciar algo importante. A Dorna detém os direitos e organiza as competições do Campeonato Mundial de Motovelocidade (Moto3, Moto2, MotoGP e Moto E) e, a não ser em casos excepcionais, não promove coletivas às quintas-feiras. Este era um caso excepcional. “Vou abandonar o motociclismo”, justificou Rossi. A coletiva durou 31 minutos. Sem demonstrar a costumeira irreverência, Rossi, emocionado, anunciou sua saída das pistas no fim desta temporada. “Fico triste quando penso que no próximo ano não estarei pilotando uma moto nos GPs”, resumiu. “Mas chegou a hora de parar.” Embora a aposentadoria já fosse aguardada, o clima era de comoção. Esperava-se ao menos que Rossi permanecesse no Mundial como dirigente de sua equipe na Moto3, a VR46 (marca formada pela sigla do nome do piloto e pelo eterno numeral de suas motos). Ao lado do palco, um compenetrado Carmelo Ezpeleta, experiente catalão de 75 anos e fã declarado do piloto, acompanhava as declarações, possivelmente vislumbrando o futuro da MotoGP sem sua maior estrela. Grande parte da popularidade que o motociclismo conquistou nos últimos 20 anos deve ser atribuída ao carisma, ao talento e ao aguçado bom humor de Valentino Rossi. Aos 42 anos, o piloto italiano admitiu que já não consegue acompanhar o ritmo dos mais jovens. Um deles, o francês Fabio Quartararo, atual líder do campeonato, completou 22 anos em abril e, a menos que seja abduzido, deve conquistar seu primeiro título neste ano. Ele foi contratado pela equipe oficial da Yamaha no fim do ano passado para a vaga de Rossi, que, preterido pelas equipes de ponta, aceitou competir nesta temporada pelo time bancado pela Petronas, a gigante petrolífera da Malásia, com uma máquina, a Yamaha YZR-M1, sem os recursos das motos da equipe oficial. Até o GP da Áustria, Rossi ocupava a 19ª posição entre os 28 inscritos no campeonato. Na temporada anterior fechou o ano em 15º lugar. Desde 2017 sofre com a abstinência de vitórias. Uma situação desconfortável para alguém que contabiliza 115 primeiros lugares e

nove títulos mundiais em 26 temporadas a serem completadas no fim deste ano. A frustração de não terminar uma prova ou de receber a bandeirada nas últimas posições pesou, sim, na decisão de Il Dottore (do italiano, o Doutor), apelido que Rossi assumiu em 2001. Mas um fato novo – e decisivo – foi revelado na semana seguinte à coletiva: posicionando um estetoscópio na proeminente barriga da namorada (a modelo italiana Francesca Sofia Novello, 27 anos), Rossi anunciou nas redes sociais que será pai de uma menina. No Instagram (11,2 milhões de seguidores), a notícia ganhou em instantes 1,9 milhão de curtidas. Não duvide que a paternidade teve enorme peso na decisão de Valentino. Graziano Rossi, pai do piloto, competiu nos GPs de moto no fim dos anos 1970, mas foi obrigado a interromper a carreira em 1982, quatro anos depois da estreia, quando caiu a mais de 240 km/h com sua Yamaha YZR500 em Ímola. Com sérios ferimentos na cabeça, sobreviveu com sequelas. Ainda hoje, tem apagões de memória. É verdade que, na época de Graziano, a velocidade era o foco, não a segurança: os equipamentos eram frágeis e as motos analógicas trituravam pneus e moíam ossos. Apesar de todo o avanço, continua sendo um esporte de alto risco. Desde 1949, quando o Mundial começou, 104 pilotos morreram em consequência de acidentes (como comparação, a Fórmula 1 registrou 46 mortes a partir de 1950). A mais recente fatalidade ocorreu em maio, quando Jason Dupasquier, piloto suíço da Moto3, perdeu a vida aos 19 anos nos treinos do GP da Itália. Para demover o primogênito de seguir seus passos no motociclismo, Graziano Rossi montou um kart e inscreveu o filho, à época com 6 anos, em competições regionais. O garoto Rossi fez algumas provas em quatro rodas mas logo partiu para as duas rodas. Começou pilotando minimotos, e em 1993 passou a disputar provas nas 125 cc, embora

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Brincalhão, subiu ao pódio com um chapéu de bobo da corte. E até deu a volta da vitória com uma boneca inflável estampada com o nome da modelo Claudia Schiffer GOLD AND GOOSE

seu início na categoria tenha sido desastroso: Rossi não conseguia dominar as frenagens e seus braços e pernas longos (ele tem 1,81 m) não contribuíam. Em 1995, sofreu mais de 20 quedas e caiu outras 15 vezes no ano seguinte em sua primeira temporada do Mundial. Em 1997 caiu apenas três vezes. Uma comprovação de que era um aprendiz aplicado. Antes da estreia no Mundial, em 1996, passou um ano correndo pela equipe Aprilia. Convivia com os mecânicos, era curioso e observava, atento, o estilo de pilotagem de alguns pilotos, sobretudo o do japonês Norifumi Abe. Gostava tanto da maneira como Abe se acomodava na moto que assumiu a mesma postura corporal e adotou o apelido Rossifumi. Na quinta corrida da temporada de estreia, venceu o GP da República Tcheca e terminou o campeonato em nono. Recusou propostas para competir na categoria 250 cc no ano seguinte, justificando que permaneceria na base até conquistar o título – que chegou em 1997, depois de vencer 11 das 15 provas. Dispensou o numeral 1, reservado aos campeões na temporada seguinte à conquista, para permanecer com o 46, número que o pai usava nas competições. Era uma homenagem a Graziano, mas também uma entre tantas outras superstições. A mais notória é o seu ritual antes das largadas: Rossi se agacha com a cabeça baixa e mão apoiada na pedaleira direita da moto e permanece assim durante algum tempo. Em 1998, na estreia na classe 250 cc, sempre pela marca italiana Aprilia, foi vice, para conquistar o título no ano seguinte. Começava a se destacar não apenas pelo desempenho nas pistas, mas pela forma descontraída com que lidava – e, de certo modo, ainda lida – com o circo da MotoGP e o público. O comportamento, espontâneo no início, acabou se

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tornando poderosa alavanca de marketing pessoal – e financeiro: a soma de seus vencimentos com a renda de produtos licenciados pela marca VR46, patrocínios e salário é estimada em US$ 135 milhões por ano. DOUTOR HONORIS CAUSA Irreverente, quando venceu o GP da França de 1997, usou um chapéu de bobo da corte no pódio e na Inglaterra atraiu todas as câmeras quando surgiu vestido de Robin Hood, o lendário herói que vivia na floresta de Sherwood nas imediações da pista de Donington Park. As comemorações eram planejadas com os amigos nos bares noturnos da cidade italiana de Tavullia. Algumas celebrações foram impagáveis: para comemorar o triunfo em Mugello, Itália, em 1997, desfilou na volta da vitória com uma boneca inflável com as pernas encaixadas em seu peito e vestida apenas com uma camiseta vermelha onde se lia o nome da supermodelo Claudia Schiffer. Era uma divertida provocação ao seu desafeto Max Biaggi, o piloto romano que, segundo as especulações, estaria namorando Naomi Campbell, outra supermodelo rival de Schiffer. Biaggi ficou furioso. Dois anos depois, logo após cruzar a linha em primeiro no GP da Espanha, Rossi estacionou a moto, saltou o guard-rail e se trancou durante alguns minutos em um banheiro químico usado pelos fiscais de pista. Quando saiu, o repentino silêncio das arquibancadas foi quebrado pelo delírio da plateia. Nascia o maior e mais fanático fã-clube já visto nos esportes a motor. E se consolidava a marca VR46, um conglomerado que atua do licenciamento de produtos ao gerenciamento de uma escola de pilotagem. Em 2000, Rossi foi contratado por uma equipe satélite da Honda para sua estreia na categoria 500 cc, o equivalente à Fórmula 1 no automobilismo. Na época, a distância entre as 250 e as 500 era maior que hoje e o piloto teve de se adaptar ao comportamento irascível da NSR500 com seu


Foto: Casa Leão

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(foto ampliada para melhor visualização). © Casa Leão Joalheria - Todos os Direitos Reservados - Proibida a reprodução total ou parcial.

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Piloto de ultrapassagens cirúrgicas, Rossi ganhou o epíteto “Il Dottore” – ou “The Doctor”

motor V4 a dois tempos e 200 cavalos de potência para um peso de 130 kg: as acelerações eram brutais e as frenagens mais ainda. “São motos de outro planeta”, comparou. Foi o período em que se mostrou mais compenetrado e sua aplicação lhe valeu o vice-campeonato. Em 2001, último ano dos motores a dois tempos, Rossi adotou o apelido pelo qual se tornou conhecido – O Doutor. “Com as 500, você precisa ser calmo e atencioso, como um médico”, explicou. Quatro anos depois, receberia o título de doutor honoris causa em Comunicação da Universidade de Urbino, cidade do norte da Itália onde Rossi passou a residir e 30 quilômetros distante da pequena Tavullia, em que nasceu. Com a fama do piloto, o município de pouco mais de 5 mil habitantes passou a ser parada de turistas, fãs ou não do motociclismo. Mas entrou definitivamente no mapa em 14 de outubro de 2001, quando mais de 2 mil forasteiros invadiram o local para acompanhar o GP da Austrália transmitido em telões e festejar o primeiro título de Rossi na principal categoria do motociclismo. O que se seguiu foi uma sequência de cinco títulos, três com a Honda e dois pela Yamaha. Na época, Rossi desenvolveu uma técnica trazida do motocross e logo adotada pela maioria dos pilotos: a de esticar a perna para o lado interno da curva antes da tomada. Outra moda lançada pelo piloto, e copiada pelos rivais, foi a personalização do capacete a cada corrida, confiada ao amigo e artista plástico Aldo Drudi. A série de campeonatos seria quebrada pela Honda do americano Nicky Hayden em 2006 e pela Ducati do australiano Casey Stoner no ano seguin-

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te. Entre 2008 e 2009, Rossi voltou a ser absoluto e, quando parecia estar no auge da forma, sofreu fratura exposta na perna direita, ao cair nos treinos do GP da Itália. Ficou fora durante apenas quatro corridas, mas não a tempo de brigar pelo oitavo título. Um contrato milionário convenceu o piloto a se transferir para a Ducati em 2011, mas a iniciativa custou caro: Rossi não se adaptou às temperamentais motos italianas, jogou fora a oportunidade de conquistar novos títulos e rescindiu o contrato depois de duas temporadas. Voltou para a Yamaha em 2013, mas então deparou-se com um fenômeno chamado Marc Márquez, o piloto espanhol que, aos 20 anos, estreava com o primeiro de seus oito títulos correndo pela Honda na MotoGP. Os dois pilotos chegaram a travar memoráveis batalhas nas pistas, mas, no fim das contas, Márquez, um piloto arrojado e sem o mesmo carisma de Rossi, sempre foi absoluto. Impossibilitado de competir de igual para igual com a juventude, só restava ao último romântico das pistas anunciar a aposentadoria. Ano que vem deve se dedicar ao automobilismo, mas apenas por diversão. TP




ENTREVISTA

LUTA PELA JUSTIÇA CLAUDIA CARLETTO, SECRETÁRIA DE

DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA CIDADE DE SÃO PAULO, LIDERA BATALHAS CONTRA O RACISMO, A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E A FOME DA POPULAÇÃO DE RUA

Fotos PITI REALI

A secretária Claudia Carletto durante treino de muay thai na Academia Capital da Luta, em São Paulo

O EMBATE É DURO, MAS COM RESPEITO. Tem tradição, preparo, força e resistência. Isto vale para o muay thai, mas também serve para a política. Secretária de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo, Claudia Carletto, 44 anos, transita nos dois mundos. Há dois anos, ela treina a luta marcial tailandesa. “No muay thai é preciso ter disciplina e trabalhar duro para moldar o corpo, assim como na política e na vida é preciso afiar a mente para enfrentar os desafios”, comenta Claudia, jornalista com pós-gradução em marketing político e mestrado em cidades inteligentes e sustentáveis. Ela está à frente da secretaria desde o final de 2019. Antes disso, teve passagens pela Câmara dos Deputados (no gabinete de Mara Gabrilli, hoje senadora) e pela diretoria de comunicação da Assembleia Legislativa de São Paulo. Durante a pandemia, Claudia mobilizou a cidade para ajudar a vencer a fome e o frio de quem não tem casa. Também defende idosos, mulheres, negros e a população LGBTI. No pouco tempo que sobra, está lendo agora Os Filhos da Meia-Noite, de Salman Rushdie, mas tem ainda outros livros de cabeceira: O Futuro da Democracia, de Norberto Bobbio, e A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade.

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E N T R E V I S T A

“A mulher que tem acesso à informação consegue dar o difícil primeiro passo para romper o ciclo da violência doméstica”

THE PRESIDENT -Qual a sua grande inspiração na luta por igualdade e justiça? Claudia Carletto - Na história recente, não dá para falar em direitos humanos sem citar Nelson Mandela. Mas para além disso, no “Novo Testamento”, os evangelhos descrevem com clareza Jesus Cristo como grande defensor dos direitos humanos e, certamente, ele me inspira. No Brasil, temos Zumbi e Dandara dos Palmares, que lutaram contra a escravidão, pessoas que vieram para nos mostrar que nossa passagem terrena é curta e que podemos aproveitá-la para o exercício de algo maior, que vai além das ambições individuais. Em sua passagem por Brasília [quando trabalhou com a ex-deputada e, agora senadora, Mara Gabrilli], como percebeu as políticas nacionais de direitos humanos, especialmente para PcD (Pessoas com Deficiência)? A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) foi um importante avanço no que compete à temática da pessoa com deficiência e também um marco

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democrático. São Paulo foi a primeira cidade do país a ter uma secretaria da pessoa com deficiência. Infelizmente, nosso país é marcado por violações de direitos em geral. E temos o machismo ainda muito presente, assim como o racismo e a xenofobia. Segundo a sua própria definição, a sua tese de mestrado “nasceu da infeliz constatação de que a mulher apenas se torna um sexo frágil quando a violência a transforma apenas em um número estatístico”. Em que medida esse trabalho acadêmico foi transformador para a sua vida? Ao partir para uma pós-graduação stricto sensu, deixei de ser alguém que estuda um tema para ser um pesquisador desse tema. A construção de dados nos ajuda muito a compreender o cenário da violência de forma mais abrangente. No meu caso, como secretária, posso utilizar essas informações para fazer uma transformação social. Nós, mulheres, precisamos sair desse cenário onde nossas dores viram números. E só conseguiremos quando fortalecermos a todas.

Ainda sobre a tese, fale sobre a questão da violência contra a mulher no contexto da pandemia. E como as periferias podem ser melhor atendidas. Durante a pandemia, houve um movimento inicial de baixa procura das mulheres pelos nossos serviços, reflexo da redução de circulação de pessoas pelas medidas de distanciamento social e das campanhas Fique em Casa, necessárias no período mais crítico do vírus. Implementamos ações para reforçar o suporte às mulheres vítimas de violência doméstica, com foco em ampliar a informação e o acesso aos locais de denúncia. Na secretaria, fizemos um levantamento sobre o perfil da mulher vítima de violência doméstica que buscou por atendimento nos nossos serviços durante a pandemia. Ficou, então, nítido que a mulher que tem acesso à informação conseguiu dar o difícil primeiro passo para romper o ciclo da violência. Por isso, seguimos empenhados em aumentar a amplitude da nossa comunicação, agora com a campanha global Informe Mulheres, Transforme Vidas, promo-


EVERTON CLARINDO/SMDHC

vida pela organização não governamental The Carter Center. Em uma onda de frio tão incomum, como a cidade de São Paulo está atuando para evitar mortes na população em situação de rua? Confesso que essa pauta me impactou muito. Trabalhei nas tendas, atendendo as pessoas em situação de rua, ouvindo suas histórias de vida e acompanhando de perto a execução das ações para amenizar, ao menos um pouco, a difícil tarefa de encarar as madrugadas frias nas ruas da cidade. Organizamos uma ação humanitária intersecretarial de reforço ao acolhimento à população em situação de rua, com a implantação de cinco tendas emergenciais de atendimento e orientação durante seis dias de frio intenso, entre 28 de julho e 2 de agosto, com a distribuição de bebidas quentes, sopas, agasalhos e cobertores. Tivemos o apoio da sociedade civil, organizações privadas e do terceiro setor.

Dois momentos: em frente à Casa da Mulher Brasileira e treinando muay thai

Supermercados? Podemos esperar mais entidades “patronais” atuando contra a fome na cidade? Nossa parceria com a Apas está sendo muito feliz. Arrecadamos mais de 54 toneladas de alimentos nos 102 pontos de coleta disponíveis nos supermercados da rede para a composição das cestas básicas entregues as famílias atendidas por entidades cadastradas no projeto Cidade Solidária. Temos ainda o essencial apoio da Cruz Vermelha Brasileira São Paulo, que realiza a

triagem e a montagem dessas cestas de produtos para a distribuição. O programa Cidade Solidária chegou à marca de quase 5 milhões de cestas entregues. Fale um pouco mais sobre ele. O combate à fome na cidade foi realizado por meio de uma corrente do bem que só pôde ser instituída com a participação de várias entidades e empresas que nos apoiaram nesta grande ação humanitária que é o Cidade Solidária. Desde a sua criação, em abril de 2020, o programa distribuiu

Qual a extensão da parceira com a Apas, a Associação Paulista de

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E N T R E V I S T A

“Somos mais humanos quando olhamos para o outro com empatia e amor. É isso que quero que nossa cidade exerça cada vez mais. Por uma São Paulo mais humana”

5.086.473 cestas básicas, 1,3 milhão de kits de higiene e ainda 7.081.379 refeições prontas à população vulnerável por meio do programa Rede Cozinha Cidadã, destinado à população em situação de rua, e Rede Cozinha Cidadã Comunidades, inovação social destinada às famílias vulneráveis que vivem em áreas periféricas. Conseguimos atuar em duas frentes: no fornecimento de comida saudável para quem precisa e ainda no fortalecimento dos pequenos restaurantes e comércios que estavam fechados naquele momento e passaram a receber R$ 10 por marmita produzida dentro do programa. Essa iniciativa se mostrou muito bem-sucedida. Em dezembro de 2020, 32,6% dos restaurantes participantes disseram que atendiam exclusivamente o edital e 70,5% afirmaram que o programa evitou a falência do negócio. Esse olhar humano que não deixa de compartilhar com quem mais precisa em período de dificuldade é o que nos move.

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Quais serão os novos desdobramentos da campanha Diga Não ao Racismo, Diga Não ao Sexismo? Nossa Coordenação de Promoção de Igualdade Racial vem trabalhando de forma muito efetiva também nas formações e capacitações para a discussão do racismo nas instituições e tivemos grandes avanços na formulação de políticas públicas que trabalham pelo não apagamento da história da comunidade negra da cidade. Também criamos 12 novos CEUs com nomes de personalidades negras, entregamos a estátua em homenagem ao arquiteto negro Tebas, vamos erguer o Memorial dos Aflitos e está em formação um Comitê de Prevenção e Combate ao Racismo, para analisar práticas de caráter discriminatório e ações de apoio à transparência e conscientização cidadã. Ainda este ano entregaremos o Prêmio Nelson Mandela, de reconhecimento a iniciativas de entidades

do terceiro setor para a promoção da igualdade racial. Também haverá a entrega do Selo da Igualdade Racial, honraria da cidade destinada a empresas privadas que praticam políticas de inclusão da população negra, por meio da garantia de ao menos 20% de pessoas negras em seus quadros de funcionários (desde a diretoria até funções terceirizadas). Que legado quer deixar na cidade? Olhar para as pessoas nas ruas, para as famílias nas comunidades e ocupações, para as mães solo e mulheres vítimas de violência, para a população LGBTI que sofre com a homofobia, para o idoso, para a população negra vítima do racismo, para os imigrantes que são discriminados. Somos mais humanos quando olhamos para o outro com empatia e amor, e é isso que quero que nossa cidade exerça cada vez mais. Por uma São Paulo mais humana. TP



MOTOR

NOVO ACCORD HÍBRIDO O primeiro Honda de motorização híbrida no Brasil chega com sistema e:HEV e com o SENSING, um avançado pacote de tecnologias de segurança e assistência ao condutor Por RAPHAEL CALLES

A CONFIABILIDADE DE UM Honda, todo o estilo de um Accord e a eficiência e um conjunto híbrido. A montadora japonesa acaba de anunciar a chegada de seu primeiro modelo nesse perfil no Brasil, o Accord Touring Híbrido, equipado com exclusiva tecnologia e:HEV. Ela entrega a combinação de três motores, um a combustão e outros dois elétricos, que conseguem extrair o melhor resultado de performance, dirigibilidade e economia de combustível. O sistema e:HEV alterna, automaticamente, três modos de condução: EV Drive (100% elétrico), Hybrid Drive e Engine Drive, para oferecer sempre a melhor relação entre

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desempenho e baixo consumo. A troca ocorre de maneira suave, sempre em busca da maior eficiência. Com consumo médio de 17,1 km/l, o modelo tem motor de tração elétrico de 184 cv e outro a combustão de 145 cv. Nas situações em que o motor a combustão é menos eficiente, como baixa velocidade ou aceleração suave, o condutor conta com o modo totalmente elétrico. Já o modo Engine Drive, que utiliza exclusivamente o motor a combustão, é acionado em faixas altas de velocidade de cruzeiro, quando ele trabalha com maior eficácia. Quanto ao modo híbrido, é acionado em condições intermediárias.


O Novo Accord Híbrido tem muitas vantagens, que permitem conciliar desempenho superior com alta eficiência energética

Todas essas variações são entregues sem qualquer prejuízo no espaço interno para o condutor ou para os passageiros. Em relação à tecnologia de bordo, o veículo permite conectividade wireless Apple CarPlay e Android Auto e oferece um sistema de carregamento de alta voltagem por indução (15W) acionável pelo console central. Para o banco traseiro, duas saídas USB permitem a recarga de dispositivos eletrônicos. Durante a condução, o motorista conta com a tecnologia Honda SENSING, que acena com diversos atributos de segurança para uma viagem tranquila. O Speed Braking Control entrega frenagem automática em manobras de baixa velocidade na iminência de uma colisão. O sistema de velocidade de cruzeiro adaptativo com Low Speed Follow adapta a velocidade do veículo de acordo com o carro à frente, mantendo uma distância segura. Já o Collision Mitigation Braking System proporciona frenagem para evitar (ou minimizar) uma colisão frontal. Além dessas características, o veículo conta com Lane

Keeping Assist System, com câmeras que detectam as linhas das faixas de rodagem e ajustam o volante para mantê-lo centralizado. Já um segundo sistema (Road Departure Mitigation System) ajuda a identificar a saída involuntária da pista disparando um alerta para o motorista e até mesmo atuando no ângulo de esterço do volante e nos freios. O visual foi renovado nos para-choques e na grade, que apresenta linhas mais horizontais e farol de neblina em LED. Rodas 17 polegadas escurecidas reforçam a esportividade. A traseira ganhou um novo acabamento na parte inferior dos para-choques. A tampa traseira identifica o modelo híbrido com o logo e:HEV. Já os logos em H frontal e traseiro são apresentados em azul, uma característica exclusiva dos modelos híbridos Honda. O lançamento é mais um passo na estratégia de eletrificação da Honda no Brasil e está alinhado ao compromisso global da marca de alcançar a neutralidade de carbono até 2050. O sedã de luxo é um dos três carros híbridos que a Honda planeja lançar no Brasil até 2023. TP

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MERCADO

ESPECIALISTA EM IMÓVEIS Como o consultor imobiliário deve atuar para superar as expectativas do cliente

O AQUECIMENTO DO MERCADO IMOBILIÁRIO e o fenômeno das proptechs (startups do segmento de imóveis) se tornaram um grande desafio para os clientes. A possível tendência de uma “uberização” do setor pode nivelar os serviços por baixo e prejudicar a personalização que o alto padrão necessita. Nesse contexto, a imobiliária Bossa Nova Sotheby’s International Realty faz questão de destacar o papel de um consultor especializado. Para o CEO da empresa, Marcello Romero, esse profissional deve estar em constante evolução e atualização. “A busca por um imóvel pode se tornar um pesadelo quando não se tem uma consultoria adequada”, alerta. “Isso vale também para conduzir e facilitar todo o processo de avaliação, compra, venda e locação.” O mercado global vive um momento de alta de preços. Vale citar a avaliação da Knight Frank, consultoria londrina, fundada em 1896, e uma das principais do mundo no setor imobiliário. A agência considera que o aumento dos preços das casas deve continuar, mas não de forma global. “Os índices estão aumentando, mas esse ponto está restrito às economias avançadas”, lembra a consultoria. “Nesses lugares, a pandemia desencadeou uma reavaliação das necessi-

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dades habitacionais, onde a ação governamental protegeu hipotecas e empregos, permitindo que as famílias acumulem poupanças significativas.” O mercado nacional, porém, tem boas notícias. Dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) indicaram, em junho, um volume de R$ 19,66 bilhões em financiamentos com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). É um recorde histórico. Além disso, o montante é 12,5% maior que o do mês anterior e 112,1% na comparação com o mesmo período de 2020. Quanto ao número de unidades, o Secovi-SP apontou que 6.837 imóveis foram vendidos em junho deste ano. Pela Pesquisa do Mercado Imobiliário (PMI), realizada pela entidade, o resultado foi 16,2% melhor do que o do mês anterior e 129,1% acima do mesmo período do ano passado. Em um mercado tão aquecido, também estamos assistindo ao boom de proptechs – startups do setor imobiliário. De acordo com dados da Terracotta Ventures, houve um crescimento de 235% das startups no segmento, nos últimos cinco anos. Em 2021, estão ativas 839 dessas empresas em projetos, construção, aquisição e propriedades em uso.


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I M Ó V E I S

A Quinto Andar e a Loft são duas das mais prósperas. Nesse universo de marketing digital e tecnologia, o público se vê cercado de muitas vantagens. Desde seguro-fiança e garantias até uma inteligência que torna essas plataformas marketplaces do mercado imobiliário. Mas será que isso é suficiente? A Bossa Nova Sotheby’s não abre mão da tecnologia, mas aposta principalmente na expertise no segmento de alto padrão. “É fundamental ter o acompanhamento de uma empresa confiável que conte com corretores experientes que, além do vasto conhecimento sobre estilos arquitetônicos, mobilidade e amenidades esperadas pelos clientes, reconheçam os benefícios de se morar em uma determinada região, e saibam avaliar um imóvel”, avalia Romero. A equipe da Bossa Nova Sotheby’s possui diversas competências que envolvem a transação imobiliária. Apresenta todo o suporte de um ecossistema sólido que envolve desde assistência jurídica fiduciária até uma gama de entidades

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financeiras para o melhor financiamento. A equipe está apta a ajudar o cliente a encontrar o melhor negócio seja para moradia, investimento ou casa de veraneio (segunda residência nacional ou internacional). O CEO da Bossa Nova Sotheby’s resume bem esse trabalho: “O consultor imobiliário tem de ser um verdadeiro advisor, com profissionais que também acompanham as principais alavancas que movimentam o mercado, tais como os cenários econômico e político. O mercado é influenciado por esses panoramas. Com essa expertise, os consultores sabem quais as melhores formas de negociação para cada momento econômico”. O elemento humano é um diferencial, e a tecnologia atua como um upgrade do trabalho da equipe. É o caso do Cidade Virtual, braço tecnológico da Bossa Nova Sotheby’s, que consegue mapear os imóveis de alto padrão da cidade de São Paulo. “As ferramentas tecnológicas igualmente são funda-


Coberturas de altíssimo nível com a Bossa Nova Sotheby’s. Na página ao lado, imóvel paulistano com vista para o Parque do Ibirapuera. No Rio de Janeiro, este duplex está de frente para o mar com visão do Arpoador ao Leblon

“O consultor precisa entender as necessidades do cliente, conhecer o mercado e cuidar do atendimento até o fim”

Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s marcellogandiniromero @_marcelloromero

mentais para colaborar com o processo, otimizando o tempo dos clientes e tornando muito mais assertivas as indicações do imóvel desejado”, conta Marcello Romero. Ele descreve ainda que os aparatos digitais possibilitam negociações, totalmente ou parcialmente online. Futuramente, as ferramentas permitirão até assinaturas de contratos quando as pessoas estiverem distantes. Na hora de fechar negócio, os clientes precisam confiar que estão tomando a decisão certa. E o consultor imobiliário de uma empresa consolidada mostra todos os cenários e opções. Nada se compara a ter um serviço que encontra o que você deseja em um imóvel e o que você nem sabia que poderia ter. Assim, mais do que um mostrador de casas, ele pode ser um parceiro para toda a vida. TP Para conhecer todos os produtos e serviços da Bossa Nova Sotheby’s, acesse: bnsir.com.br

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NEGÓCIOS

NAS ALTURAS

SEIS DOS DEZ PRÉDIOS MAIS ALTOS DO BRASIL ESTÃO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ, NO LITORAL CATARINENSE. E TODOS

FORAM ERGUIDOS PELA FG, CONSTRUTORA DE FRANCISCO GRACIOLA E DE SEU FILHO JEAN GRACIOLA – EMPREENDEDORES QUE NÃO PARAM DE ROMPER BARREIRAS

Por RICARDO PRADO

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N E G Ó C I O S

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UM AUTÊNTICO ESPÍRITO EMPREENDEDOR PODE COMEÇAR DA FORMA MAIS SIMPLES POSSÍVEL: APRENDENDO A MANEJAR UMA TESOURA, UM PENTE E UMA NAVALHA – E, CLARO, ATENDENDO BEM A QUEM CONFIOU SUA CABEÇA E SEU ROSTO A SER ESCANHOADO A UM GAROTO AINDA IMBERBE. AOS 14 ANOS, DEPOIS DE TER PERDIDO A VISÃO DE UM OLHO AOS 7 EM UM ACIDENTE, FRANCISCO GRACIOLA, TERCEIRO ENTRE OS 12 IRMÃOS, FOI O PRIMEIRO DA FAMÍLIA A ABANDONAR O TRABALHO NA ROÇA. QUERIA MORAR NA CIDADE, CRESCER NA VIDA. POR ISSO, ACEITARA COM MUITO GOSTO A OFERTA DE UM TIO BARBEIRO, DA PEQUENA GASPAR, QUE PRECISAVA DE UM ASSISTENTE. EM TROCA DE APRENDER O OFÍCIO E TRABALHAR NO ESTABELECIMENTO, TERIA CAMA E COMIDA.

Dois anos depois, Francisco partiu para Blumenau, a maior cidade da região, onde montaria seu primeiro negócio. Uma barbearia, claro, que ficava colada a uma lanchonete, ambas do mesmo proprietário. Para conquistar clientes, o jovem empresário inovava: “Eu botava uma placa na calçada: ‘Corte o cabelo e ganhe a barba de graça’”, relembra o atual presidente do Conselho Consultivo da FG Empreendimentos, na sede do grupo, em Balneário Camboriú. Nesta entrevista, concedida ao lado do filho Jean Graciola, diretor-presidente da holding FG Brazil e cofundador da FG Empreendimentos, o empresário Francisco Graciola relembra sua trajetória e a forma como foi aprendendo a construir edifícios cada vez mais altos e arrojados. E seu filho explica os motivos de a empresa ter expandido suas operações fixan-

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do presença em São Paulo. Hoje, 7% de seus clientes já são oriundos desse importante centro econômico do país. Até porque fica a pouco mais de uma hora de avião. Ao centralizar suas construções em Balneário Camboriú, a FG Empreendimentos visa atender quem busca um destino com segurança e qualidade de vida. Trata-se de um paraíso do litoral catarinense. Adquirir um imóvel ali é recomendável até mesmo como investimento, pois o lugar desponta entre os cinco mais valorizados metros quadrados do país. Jean reforça ainda que a empresa estuda e investe em todos os meios para que os que quiserem conhecer Balneário Camboriú possam “experienciar” e viver o estilo da cidade que vem sendo chamada de “a Dubai brasileira” – com a vantagem de ser bem menos quente.


THE PRESIDENT _Como foi o começo dos negócios? Francisco Graciola - Éramos 12 irmãos e trabalhávamos juntos na roça, com criação de galinha, bode e gado de leite. Dos 7 para 8 anos, tive um acidente, perdi uma das vistas e aquilo me chamou a atenção de que eu gostaria muito de sair do interior e vir para a cidade. E aí, aos 13 para 14 anos, surgiu a oportunidade na cidade de Gaspar, que na época era pequenininha, e teve um tio que quis me ensinar a cortar cabelo. Com muita vontade de aprender e ter o meu próprio negocinho, depois de dois anos eu trabalhei mais um ano com ele, aí já comissionado. Então surgiu uma oportunidade em Blumenau. Era uma salinha. Abri minha barbearia. Em que época? FG - Final dos anos 1970. Eu botava uma plaquinha na calçada: “Corte o cabelo e ganhe a barba. Corte o cabelo e ganhe o cabelo do filho de graça”, e conseguia atrair muitos clientes. Do lado da barbearia, existia uma

lanchonetezinha. O proprietário, que tinha alugado o espaço para a barbearia, viu que tinha potencial para crescer, e propôs que eu assumisse também a lanchonete. Me fez uma proposta para pagar em 36 vezes. Acabei comprando. Aí eu olhei para os 11 irmãos que estavam lá no sítio em Gaspar, e fui trazendo. Primeiro uma irmã, depois mais um irmão, em seguida veio a Ângela, mãe do Jean. Veio ajudar na lanchonete. E como na barbearia nem sempre estava com clientes, nas horas de folga nós fazíamos costura. Isso porque abrimos a barbearia perto da indústria Hering, e aí eles traziam aquelas camisas de malhas que a gente, nas horas de folga, corrigia a gola, a manga, pregava botão. Assim surgiram a Barbearia do Chico e, depois, a Barbearia, Lanchonete e Alfaiataria do Chico. Foram aparecendo outras lanchonetes que a gente passou a administrar também. E como tanto eu quanto a Ângela tínhamos muitos irmãos e irmãs, fomos trazendo os outros para trabalhar nas novas

lanchonetes. Chegamos a ter 15. E quando a construção civil entra na sua vida? FG - A gente tinha um relacionamento bom na cidade, e aí apareciam muitos terrenos para comprar. E um desses terrenos eu achei que serviria para erguer um prédio, de quatro andares. Então desenhamos e construímos em 1983, logo quando aconteceram as enchentes em Blumenau. Ficou com quatro pisos, sendo 12 apartamentos e três salas comerciais. E gostei daquilo porque, à medida que ia construindo, eu tinha vontade de aumentar um andar. Olhava para qualquer sobrado, para qualquer casa, para qualquer terreno pensando em empreender. Como ergueu esse primeiro prédio? Já conhecia engenheiros, arquitetos, mestres de obra? FG - Eu ia em qualquer obra e fazia visitação, queria conhecer como funcionava a construção civil. Para esse primeiro prédio nós contratamos um arquiteto e um engenheiro. E

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N E G Ó C I O S

“Trouxemos para Balneário Camboriú a ideia de que cada condomínio deveria ter o seu espaço de lazer, de resort estilo home club. Foi uma novidade para a região”

conseguimos fazer o desenho do prédio e estruturá-lo para subir. Jean Graciola - O pai ia de Blumenau para São Paulo numa caçamba de caminhão para buscar material. O dinheiro que sobrava da lanchonete era investido nisso. FG - Sim, comprava em São Paulo dos atacadistas de material de construção. E como a gente tinha parente na cidade, íamos com o caminhão de frete daqui para lá. Foi um período bacana, com as primeiras construções e, em paralelo, tocando as lanchonetes. E como havia sempre muitos corretores envolvidos nas vendas, acabei conhecendo Balneário Camboriú. Saía de Blumenau domingo de manhã, aí eu já tinha o Jean, meu primeiro filho. Ele, ainda criança, já se envolvia. No domingo cedinho, a gente botava a família num Fiat 147 e íamos de Blumenau a Balneário, cobrindo 80 quilômetros. Parávamos para visitar as obras em todo o caminho. Foi nesse período, nos anos 1980, que o Balneário Camboriú começou a chamar mais a atenção de investidores? FG - Sim. Mas ainda eram famílias de

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origem do próprio Balneário Camboriú. E prédios já maiores do que os de Blumenau. Até que um dia um corretor muito amigo veio oferecer um terreno em Balneário, na avenida litorânea. Isso me incentivou, devido à vontade que eu tinha em desenvolver construções maiores. Trocamos o terreno dele por dois apartamentos em Blumenau. E projetamos o primeiro prédio em Balneário com 14 andares, já na avenida Atlântica. Foi em meados dos anos 1990. JG – Balneário Camboriú ainda não era tão valorizado na época. O pai já antevia o futuro. Na época, adquiriu uma construtora em Jaraguá do Sul, a Construsol. Abrimos mais uma frente. A coisa começou a se fortalecer. E nesse momento você passou a trabalhar com o seu pai, Jean? JG - Em agosto de 2001 foi criada uma administradora de bens chamada FG. Surgiu por uma questão de blindagem do patrimônio e, também, para cuidar da administração dos imóveis que já tínhamos. O pai estava em Balneário. E eu em Jaraguá do Sul tocando a construtora lá. Ele me

chamou. Seguramos as novas construções em Blumenau e Jaraguá do Sul, e passamos a focar principalmente Balneário Camboriú. Vocês perceberam que a cidade teria ainda maior demanda? FG – Sim. Fomos criando força na marca e adquirindo terrenos bem localizados. Chegava a hora de circular pelo mundo para buscar mais tecnologia, novas soluções de engenharia. Fomos para Dubai, Cidade do Panamá, Singapura, Nova York e outros países e cidades que têm as melhores tecnologias para erguer prédios altos. É que houve uma transformação em Balneário na dobrada dos anos 1990 para 2000. O que aconteceu? Trouxemos para Balneário a ideia de que cada condomínio deveria ter o seu espaço de lazer, de resort estilo home club. Piscina aquecida, academia, área de crianças, áreas para encontros de família. Foi uma novidade para a região. Como se deu esse crescimento de Balneário Camboriú, em tão pouco tempo? FG – A cidade está estrategicamente


bem localizada em relação ao Sul e Sudeste do país e tem uma ótima oferta em termos de aeroportos e rodovias. Balneário contou com empresários e gestores de visão. Eles trabalharam para que a cidade crescesse em qualidade, em recursos. Isso embasou ainda mais os empreendimentos, agregou muito. Veja que outros lugares da região querem seguir o modelo. Itajaí, por exemplo, onde fica a Praia Brava. Ocorreu também com Itapema. Isso foi nos anos 2000, quando a coisa de fato decolou. JG - Vem gente de todo o Brasil para cá. Por quê? Por causa da qualidade de vida, porque realmente é uma cidade dotada de ótima infraestrutura. E tem praias lindíssimas aqui do lado, praias com Selo Azul de limpeza da água, com poluição zero. Balneário Camboriú tem muitos diferenciais. Somos a quarta cidade mais segura do país. Somos a quarta cidade em que o metro quadrado mais se valoriza no país. A maior roda-gigante estaiada do Brasil está aqui. A qualquer hora você encontra restaurantes, mercados e farmácias abertos. Pessoas que têm um poder aquisitivo bom acabam trazendo suas famílias para cá porque a qualidade de vida aqui é diferenciada. Vocês ergueram em uma cidade de tamanho médio seis dos dez prédios mais elevados do país. Como fazem para continuar trazendo a tecnologia necessária a esses empreendimentos? JG - A partir de 2007, começamos a buscar as tecnologias lá fora. Já havíamos construído prédios de até 30 andares em Balneário. Em 2008,

adquirimos um terreno de 5 mil metros quadrados. Dava para construir três prédios de 20 andares. Daí, o pai, com essa visão que ele tem, falou: “Não. Em vez de erguer três torres de 20 andares, vamos construir uma de 60”. Por quê? Se você erguer três torres em uma área de 5 mil metros, vai usar 50% do terreno só para elas. Se sobe uma torre só, usa-se para isso apenas 20% do terreno. Dessa maneira, sobra uma grande área para oferecer opções de lazer. Então, a gente foi atrás para construir o residencial Infinity Coast, que tem 66 pavimentos habitáveis e equivale a um prédio de 76 pavimentos. São 234 metros de altura. Viajamos umas seis vezes para o Panamá, que tem bastante tecnologia nesse sentido, e, também, para Dubai e Hong Kong. E fechamos parcerias com companhias internacionais. As maiores empresas do mundo da área de cálculo estrutural e da área arquitetônica, como a RWDI (Canadá), a BRE (Inglaterra) e WSP (EUA), tornaram-se nossas parceiras. São as mesmas que desenvolveram os estudos para arranhacéus como o Petronas Towers em Kuala Lumpur, na Malásia, e o Central Park Tower, em Nova York. Para galgarmos outros patamares, tivemos de buscar a informação, o know-how de construção de arranha-céus.

Vocês farão um ainda mais alto? JG - Sim. Em 2022, vamos entregar o One Tower, de 70 pavimentos habitáveis e 84 no total. Quase 300 metros de altura. Será o edifício mais alto do Brasil e o segundo mais alto da América do Sul. É este novo empreendimento que está trazendo a FG para São Paulo? JG - São os projetos futuros. Temos cinco empreendimentos que ultrapassam os 60 andares, todos extremamente bem localizados. Por que São Paulo? A cidade tem um perfil para novos compradores. A ideia foi montar um escritório que pudesse fazer o treinamento das imobiliárias e as parcerias em São Paulo, para mostrar o que é Balneário Camboriú. Temos apartamentos que chamamos de ‘apartamentos-sensações’. São cinco ou seis unidades decoradas, que deixamos para esses clientes

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“As empresas que chamamos para parceiras são as mesmas que ergueram arranha-céus como as Petronas Towers, em Kuala Lumpur, e o Central Park Tower, em Nova York”

virem para cá passar quatro ou cinco dias, ou um fim de semana, e terem a sensação do que é morar em Balneário Camboriú. Colocamos um barco de 60 pés à disposição do cliente. Idem para um helicóptero e serviço de consièrge. O cliente se sente como se estivesse morando aqui. Nós o levamos para conhecer a região por terra, por ar e mar. Existem três marinas aqui em Balneário Camboriú e região, com espaço para mais de 1.500 barcos. O mercado náutico aqui é muito forte. A FG Empreendimentos vem registrando um crescimento acelerado nesses tempos de pandemia. Como isso pode ocorrer em um momento de retração econômica? JG - O mercado vinha muito forte em 2019. O setor da construção civil estava aquecido, a gente estava

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vendendo superbem. Veio a pandemia, ali por março e abril do ano passado, e foi aquele susto. O que fizemos? Cortamos todos os custos desnecessários, seguramos os lançamentos e focamos em todas as obras que já estavam em construção, evitando a todo custo demitir. E tivemos êxito. A partir de maio e junho, percebemos que o mercado começou a voltar, e muito forte. Então repensamos os projetos e os lançamentos. O mês de outubro do ano passado foi o segundo melhor da companhia nesses 20 anos. E fechamos o resultado do primeiro semestre de 2021 com um aumento de 74% no valor geral de vendas (VGV), em relação ao mesmo período de 2020. Ainda neste mesmo período, a companhia viu seu lucro aumentar 40%, atingindo a margem de 35% de lucro líquido.

O que ajudou? FG - Primeiro, a região, pela questão da qualidade de vida e tudo mais. Depois, os diferenciais dos nossos projetos, a valorização que oferecem. Também percebemos que, com a pandemia, as famílias se juntaram muito mais para pensar um pouco mais nelas mesmas. Então, como o Balneário Camboriú vende muito a qualidade de vida, o pessoal começou a vir para cá. Estão vindo para morar ou para investir. Com a taxa Selic baixíssima, não se torna viável investir em bancos e outros investimentos quando a construção civil tem o valor da “cota anual” em torno de 20% para mais, não é? Acho que foi um conjunto de situações que propiciaram que o mercado da construção civil, principalmente aqui nessa região, continuasse em um embalo excelente. TP


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A EXPLOSÃO DAS FINTECHS Se você ainda não é cliente de uma startup financeira, pode estar perdendo tempo e dinheiro Por LUIZ MACIEL

AINDA HÁ QUEM FAÇA QUESTÃO DE IR PESSOALMENTE ao banco para pagar boletos e espiar o extrato impresso da conta. Não por causa da qualidade do atendimento presencial, mas porque assim tem a oportunidade de papear com conhecidos na fila, quem sabe dar um alô para o gerente. No fundo, a visita ao guichê bancário é para essas pessoas um evento social, como jogar dominó na praça ou assistir ao jogo de futebol na tevê do bar da esquina. Uma atitude, enfim, perfeitamente compreensível, embora cada vez menos frequente e até desaconselhável em tempos de pandemia. Não à toa, as filas nos bancos encolheram a olhos vistos e há cada vez menos adeptos do dominó na praça. Num país com mais de 400 milhões de smartphones, média de dois para cada habitante, as transações financeiras viajam pela internet e são cada vez mais simples e rápidas. O mérito é da tecnologia digital e das fintechs, empresas que sabem usar essa ferramenta para simplificar os processos financeiros e, com isso, atrair clientes. As fintechs podem ser bancos digitais, plataformas de investimentos e empréstimos, escritórios de negociação de dívidas e bitcoins, seguradoras, aplicativos de organização e gestão financeira, casas de câmbio etc. Com a vantagem de oferecer todos esses serviços com a agilidade de um clique, não é de estranhar que estejam crescendo como bola de neve no mundo todo.

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F I N A N Ç A S


À medida que crescem e aparecem, as fintechs obrigam os bancos tradicionais a se modernizar. Mas por ora eles ainda não conseguem ser tão interessantes quanto os digitais de raiz

Na América Latina, o Brasil é o país com maior número de fintechs bem-sucedidas. De acordo com a Distrito, uma plataforma de inovação que aproxima e viabiliza negócios entre startups, grandes empresas e investidores, as fintechs brasileiras receberam investimentos de US$ 939 milhões em 2020, um avanço de 34% sobre o ano anterior. Nos primeiros cinco meses de 2021, já haviam captado US$ 1,15 bilhão, mais que em todo o ano passado. Embora representem menos de 10% do universo das startups no país, as fintechs nacionais recebem cerca de 30% de todo o volume investido nesses negócios emergentes. Em números redondos – já que novas empresas digitais nascem todo dia –, o Brasil tem ao redor de 13.500 startups, das quais 1.200 são fintechs. A maior parte do quinhão recebido pelas fintechs nacionais este ano se deve ao gigantesco aporte de US$ 750 milhões recebido pelo Nubank, dos quais US$ 550 milhões vieram da Berkshire Hathaway, holding do bilionário americano Warren Buffet. Criado em 2013, o Nubank atingiu a marca de 35 mil clientes e já é o maior banco digital independente do mundo, além de um dos dez maiores unicórnios do planeta. Unicórnio, vale lembrar, é o nome que se dá a startups que atingem US$ 1 bilhão de valor de mercado – o Nubank está avaliado em US$ 30 bilhões. O colombiano David Vélez teve a ideia de fundar o banco digital ao esbarrar com a burocracia para abrir uma conta numa agência bancária em São Paulo. Na época, ele

prospectava negócios no Brasil para o fundo de investimentos americano Sequoia Capital. Deixou o emprego e fundou o Nubank, com dois sócios. À medida que crescem e aparecem, as fintechs também obrigam os bancos tradicionais a se modernizar – todos eles investiram em tecnologia e criaram filhotes para concorrer com o Nubank, o Inter e o Original, por exemplo, que já nasceram digitais. O Itaú lançou o Iti, o Bradesco o Next, o Santander o Superdigital e o Banco do Brasil a Carteira bB. Em comum, oferecem movimentação virtual gratuita, taxas reduzidas para alguns serviços e cartões pré-pagos ou com limite de uso. Não são tão interessantes como os digitais de raiz, mas indicam a preocupação dos bancões com a própria sobrevivência. Como não querem perder o bonde da história, devem continuar evoluindo, puxados pelas fintechs. A movimentação bancária via PIX, instantânea e gratuita, é uma das mais recentes conquistas dos consumidores proporcionadas pelas fintechs. “O PIX só surgiu por causa da concorrência e dos avanços tecnológicos das fintechs, que chacoalharam o setor financeiro nos últimos anos”, nota Piero Contezini, CEO da Asaas, startup especializada na automatização de cobranças, notas fiscais e gestão financeira de empresas. Hoje só os desinformados continuam usando o DOC e o TED, antigas ferramentas de transferência de dinheiro entre contas, que costumam ser cobradas quando transitam entre bancos diferentes.

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F I N A N Ç A S

As fintechs já vinham em crescimento forte, mas avançaram ainda mais com a pandemia, que obrigou as pessoas a explorarem mais o mundo digital e aumentou a preocupação pela vida financeira

E as novidades não param. No último 13 de agosto, uma sexta-feira – um dia de sorte para os consumidores, contrariando a superstição –, entrou em funcionamento a segunda das quatro fases do Open Banking, em implantação pelo Banco Central, que permitirá a qualquer interessado conectar sua conta bancária a um aplicativo que analisará sua vida financeira para sugerir investimentos e recomendar produtos e serviços que atendam às suas necessidades pessoais. Esse compartilhamento de informações – feito naturalmente com a aquiescência das pessoas e instituições envolvidas – agrada aos grandes bancos, que terão acesso a mais clientes para oferecer seus serviços. Também estimulará o surgimento de novas fintechs com ofertas de aplicativos de gestão, simulações de crédito e dicas de investimentos. “O Open Banking incentiva a inovação e vai acelerar ainda mais a transformação digital do mercado financeiro. A expectativa do setor bancário é bastante positiva”, avalia Isaac Sidney, presidente da Febraban, a Federação Brasileira de Bancos. As fintechs já vinham em crescimento acelerado até 2019, mas receberam um empurrão ainda mais forte com o surgimento da pandemia de Covid-19, que não só obrigou as pessoas a explorarem mais o mundo digital, como aumentou a preocupação de todos pela vida financeira, dado o abalo que o novo coronavírus provocou em quase todos os setores da

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economia – no Brasil, o PIB recuou 4,1% em 2020, o pior resultado em 30 anos. Como as incertezas trazidas pela pandemia ainda persistem, as finanças pessoais também continuarão exigindo mais atenção, seja em busca de investimentos melhores ou de empréstimos mais camaradas. Uma alternativa para quem tem o que investir são as criptomoedas, oferecidas por um número crescente de fintechs. Para os que precisam de financiamento para a travessia de um período difícil ou alavancar um negócio próprio, a melhor saída também é procurar uma fintech. A Ume, por exemplo, é uma fintech bem-sucedida num terreno delicado – oferecer empréstimos para desbancarizados das classes C, D e E, por meio de uma ferramenta de análise de crédito que cruza uma série de dados, mas leva em conta principalmente o comportamento do cidadão. “Nossos dados provam que estamos no caminho certo, já que temos como missão melhorar a vida financeira das pessoas menos favorecidas”, diz Berthier Ribeiro, CEO da fintech. Hoje, a empresa conta com 21 redes de varejo parceiras, somando 73 lojas. Segundo Ribeiro, a fintech exerce impacto social por meio de sua tecnologia e calcula oferecer mais de R$ 80 milhões em crédito até o fim de 2021. Entre 25% e 30% dos clientes da Ume são pessoas negativadas, que não encontrariam crédito em instituições tradicionais. TP


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RICARDO CHUEIRI HEAD DE MARKETING DA AURORA ALIMENTOS COOPERANDO PARA PRODUZIR MELHOR


A CARNE É FORTE

Ricardo Chueiri de Souza, head de marketing da Aurora Alimentos, conversa sobre a trajetória da cooperativa e celebra as conquistas: “Fomos a marca brasileira que mais ganhou novos consumidores em 2020” Por LUCIANA LANCELLOTTI

“A

cooperação é nossa força para transformar o mundo”. Muito mais do que um lema para a Cooperativa Central Aurora Alimentos, a frase traduz uma constatação assimilada ao longo de 52 anos, desde a fundação da empresa, em Chapecó (SC). “Foi realmente um sonho de Aury Luiz Bodanese, o fundador, agregar valor aos produtores e melhorar a vida deles”, diz o head de marketing Ricardo Chueiri de Souza. “Hoje já temos uma segunda geração que se beneficiou dessa união das cooperativas dos produtores.” Ele se refere às mais de 100 mil famílias envolvidas com a produção. A empresa atua nas cinco regiões do país e mantém 40 mil empregos diretos, além de 65 mil famílias de empresários rurais, organizados em 11 cooperativas agrícolas. A transformação do mundo, aliás, é literal: se no Brasil a Aurora é hoje o terceiro maior conglomerado agroindustrial do setor de proteína animal, a empresa ocupa também a terceira posição entre os maiores exportadores brasileiros no segmento, com alcance de mais de 80 países, entre eles China, Japão e Emirados Árabes. São mercados que impõem exigências específicas, como rastreabilidade desde o processo produtivo e entrega de mercadorias em contêineres refrigerados. “A Aurora também é a única planta de suínos brasileira habilitada para exportar para os Estados Unidos”, lembra Chueiri de Souza.

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“Desenvolvemos uma técnica muito avançada.” Com um portfólio de mais de 850 produtos, a empresa oferece, hoje, bem mais do que carnes suína e de frango. Isso inclui vegetais, massas, lácteos e, mais recentemente, pescados. E mesmo sob o impacto provocado pela pandemia, a Aurora foi a marca brasileira que mais conquistou consumidores em 2020, de acordo com o ranking Brand Footprint Brasil 2021, organizado pela Kantar. Isso significa uma penetração em 6,8 milhões de novos lares. Um aumento de 16 posições. Há um ano e meio no cargo de head de marketing da companhia, Ricardo Chueiri de Souza é engenheiro químico de formação. “Virei marqueteiro depois”, conta. Foi consultor na Accenture e de lá passou para a 3M. “Comecei no B2B com produtos industriais, depois fiz meu MBA em Marketing na FGV [Fundação Getulio Vargas] e então mudei para bens de consumo”, relata. “Trabalhei na P&G, cuidando de produtos farmacêuticos. Em seguida, fui para o mercado de bebidas alcoólicas na Pernod Ricard e de cafés, na JDE.” Quando não está no escritório da empresa em São Paulo, Chueiri gosta de praticar esportes. “Tenho paixão pelo tênis”, diz. “Acredito nos valores do esporte e os transmito para meus filhos, Felipe e Rafael, de 17 e 14 anos, para que possam competir de forma saudável. Você aprende muito a se envolver, a se cobrar, a ter disciplina. Não é só a questão física, é também a social.”


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THE PRESIDENT _ A Aurora foi a marca que mais conquistou novos consumidores em 2020. A que você atribui esse crescimento? Ricardo Chueiri de Souza - Esse resultado vem muito do foco nos canais em que atuamos. Temos presença muito forte tanto no pequeno varejo quanto no atacado. Também conseguimos um belo crescimento no autosserviço. Essa multiplicidade de canais ajudou bastante. Outro fator importante é a imagem de marca. A Aurora é vista como uma marca próxima do consumidor. Temos uma herança muito forte em linguiças e esse sucesso se reflete no restante do portfólio. Quando a Aurora lança algum produto, o consumidor sabe que é de qualidade. A variedade se estende ao portfólio? Sim, temos desde industrializados de

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carnes até produtos lácteos. Entre os primeiros estão os processados (linguiças, mortadelas, salsichas) e os congelados de carne (hambúrgueres, empanados, entre outros). Com a pandemia, o consumidor buscou mais produtos que agregassem nutrição e praticidade. E os da Aurora são perfeitos nesse sentido, facilitam a refeição fácil e rápida. Temos também os lácteos – algo que os concorrentes não têm: leite, creme de leite, leite condensado e bebidas lácteas. São produtos que cobrem do café da manhã ao jantar. Exato. Também oferecemos cortes suínos e de frango. E há uma particularidade: indústrias e frigoríficos produzem no país esses cortes sobretudo para exportação, visando, em especial, China, Japão e Oriente Médio. Nós também os vendemos no Brasil.

Os pescados são os lançamentos mais recentes, certo? Sim, a Aurora começou a atuar no mercado de pescados em 2018 com as tilápias e lançou no fim do ano passado a linha de bacalhau (lombo, posta, desfiado e bolinhos), importado de Portugal. É um segmento que cresce baseado na tendência de saudabilidade. A proximidade com o consumidor também acontece em termos geográficos? Sim, temos uma cobertura muito boa, principalmente em Santa Catarina, que é nossa matriz. Do Sul, crescemos para São Paulo e, a partir daí, desbravamos outras regiões. Hoje temos filiais de vendas em todo o país, crescendo no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Em que estados a demanda é maior hoje? Claro que o peso de São Paulo e do Sul é


“Na Aurora, todos os benefícios são iguais, do presidente ao funcionário mais simples. Cuidamos de cada um em prol da prosperidade de todos”

muito forte. Mas no Rio de Janeiro, Norte e Nordeste temos um bom trabalho sendo feito. Para onde vamos, levamos estrutura de vendas, distribuição e logística, porque é uma cadeia complicada, congelada, que requer infraestrutura para atuar. Que tipo de preocupação social a Aurora tem hoje com os cooperados? A Aurora é realmente diferenciada nesse sentido. O nosso PPR [Programa de Participação de Resultados], por exemplo, é igual para todos, do presidente ao funcionário mais simples. Todo mundo compartilha o mesmo benefício. O nosso propósito é cuidar de cada um para despertar a prosperidade de todos. Esse valor de cooperação é muito forte e bem disseminado. Temos no Sul a Fundação Aury Luiz Bodanese, ligada à Aurora. Os cooperados contam com assistentes sociais que vão às suas casas, preocu-

pam-se com as famílias. Levamos bem-estar e qualidade de vida a quem produz e a quem trabalha na Aurora. E com relação ao bem-estar animal? Somos uma empresa cuja matéria-prima é o animal. Cuidamos do seu desenvolvimento, e não existe essa questão de antibióticos ou de remédios anabolizantes, nada disso. Existe, sim, o tratamento do animal, que recebe medicação quando necessário, para viver e se desenvolver bem. Trabalhamos com o distanciamento dos animais, com a limpeza das granjas, iluminação e controle térmico. De que forma o animal é acompanhado ao longo da vida? Trocamos experiências com organismos internacionais, uma área dedicada ao bem-estar animal. Nossos técnicos vão

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a campo para ajudar os produtores a adotar o que existe de mais moderno. Há uma especialização de cada produtor: granjas especializadas em gestação e nascimento, em engorda, até o animal ficar pronto para o processamento. E quanto aos frangos? Com os frangos, temos a mesma dedicação à saúde e ao bem-estar que temos com os suínos. É um mercado extremamente técnico e desenvolvido no Brasil. Até porque quando a gente habilita uma planta para exportação vêm os técnicos do Japão, os da China, para fazer inspeção na fábrica, dar o aval. A Aurora, por exemplo, é a única planta de suínos habilitada para exportar para os Estados Unidos. Ainda existe restrição com relação à carne suína no Brasil? O brasileiro em geral aprecia muito a carne suína, pelo sabor e suculência. E aqueles que ainda têm restrições vêm diminuindo essa percepção quando passam a conhecer a excelência dos métodos de produção e os benefícios da carne suína. Trabalhamos para aumentar o consumo do corte suíno no dia a dia. Até porque é extremamente proteico, fonte de vitaminas e minerais, além de ser extremamente saboroso. Como é possível definir, hoje, o que o consumidor espera da Aurora? Descobrimos que nosso consumidor típico, hoje, é a classe média batalhadora, que busca o melhor para si pelo trabalho, pela educação. Ele se identifica com os valores da empresa, de união, de

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acreditar no otimismo. Quer cuidar da família para prosperar. Busca na Aurora sabor, qualidade, a procedência do alimento, que é a garantia de que a empresa vai fazer sempre produtos de alta qualidade. E, com a Aurora, ele cuida de si e dos outros, com momentos bons tanto fazendo churrasco quanto alimentando a família no cotidiano. Em termos de sustentabilidade, quais são as preocupações da Aurora hoje? Temos uma série de iniciativas de sustentabilidade para reduzir o máximo possível o nosso impacto ambiental. Trabalhamos com reutilização de água de chuva, devolvemos água captada do meio ambiente 100% tratada e temos ações para redução de emissão de carbono e outros poluentes. O lado social é muito forte, como expliquei, pela cooperativa. O educacional também. Equilibramos bem o aspecto social com o econômico e o ambiental. Cumprimos com todas as legislações e estamos sempre buscando melhorias em termos de redução de sódio e de gordura em nossos alimentos. O que é possível adiantar sobre as próximas campanhas publicitárias? Em setembro começa nossa nova campanha. Este ano iremos patrocinar um reality show que tem a cara da Aurora, que é A Fazenda, na Record. Teremos a oportunidade de divulgar o nosso posicionamento, nosso portfólio e lançamentos. Estamos presentes nas mídias digitais, divulgando nossos produtos e receitas no site da Nossa Casa Aurora, um espaço gastronômico que

temos aqui na Aurora, gerido pela nossa chef consultora, Rachel Ferraz. É lá onde desenvolvemos receitas práticas, rápidas, acessíveis, para auxiliar os consumidores. Ensinamos, por exemplo, outras formas de saborear a linguiça além do churrasco, fazendo um risoto de linguiça toscana desconstruída ou mesmo uma bisteca suína com acompanhamento para o dia a dia. A escolha de A Fazenda tem a ver com a origem rural do produto? Sim. Gostamos muito da proposta de conteúdo que vamos desenvolver lá, explicando um pouco mais sobre a Aurora e sobre nossos valores, e a nossa origem no campo. Fechamos o patrocínio agora e estamos bem animados. Qual será o mote da próxima campanha? Estamos com uma nova agência, a FCB, e desenvolvemos juntos a campanha deste ano, que inaugura essa nova fase da Aurora: “A gente faz com gosto tudo o que você gosta”. Esse é o slogan da campanha, e passa a ser também o da marca. O que a gente quer dizer com isso? Que fazer com gosto é a essência do cooperativismo – temos os produtores, o olhar do dono, fazemos o que comemos, transformamos em produto para o consumidor. Serão três peças que vão ao ar até o fim do ano falando dos nossos produtos acessíveis e saborosos. Começaram em agosto. E vamos contar com o [ex-tenista] Guga Kuerten novamente. Ele é o embaixador da marca desde 2011, um ídolo brasileiro que divide os mesmos valores da Aurora, de família e cooperação. TP


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NOVAS EXPERIÊNCIAS SEARA CHURRASCO GOURMET COM CORTES ESPECIAIS DE SUÍNOS, AVES E LINGUIÇAS A linha completa Seara Churrasco Gourmet conta com cortes e combinações variados, marinados em temperos selecionados, para você preparar aquele churrasco especial de forma prática e rápida. Podem ser assados na churrasqueira, no forno convencional ou na sua fritadeira sem óleo

Linguiça cuiabana recheada com queijo coalho

EXISTE O BOM, O ÓTIMO E SEARA GOURMET.


Panceta lemon pepper

Sobrecoxa desossada ao chimichurri

Ancho suíno ao chimichurri


E X C L U S I V O

DE BELLO TA


E X C L U S I V O

E X C L U S I V O, Ú N I C O E P E R F E I TA M E N T E SABOROSO. Viva esta experiência surpreendente de sabor e excelência. Requintados e únicos, os cortes do Porco Ibérico de Bellota são a opção perfeita para quem ama uma boa gastronomia digna de estrela Michelin! Escolha entre as opções exclusivas da Swift e saboreie esta iguaria da Península Ibérica que também dá origem ao famoso Jamón Pata Negra.

*Consulte as lojas disponíveis.

Imagens meramente ilustrativas.

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Fettercairn 12 Anos Highland Single Malt Stotch Whisky, Shackleton Blended Malt Scotch Whisky

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OS MELHORES

DA ESCÓCIA

O portfólio de whiskies da Casa Flora é impecável. Mesmo assim, a importadora vem, ano a ano, trazendo ao Brasil, e oferecendo ao consumidor mais exigente, novos produtos. É o caso do Shackleton Blended Malt Scotch Whisky e do Fettercairn Highland Single Malt Scotch Whisky 12 anos.

INSPIRAÇÃO CENTENÁRIA Na primeira metade do século passado, o irlandês Ernest Shackleton comandou uma série de expedições à Antártica. Na de 1907, conseguiu chegar o mais longe possível no Continente Gelado, o que lhe rendeu o título de “Sir”, outorgado pelo rei Eduardo 7º. Cem anos depois, em 2007, em sua homenagem, um grupo de escavadores resolveu seguir seus passos na Antártica. Entre outras descobertas, encontrou três caixas de um malt whisky da Mackinlay, protegidas pelo gelo eterno, que haviam sido deixadas pela expedição pioneira. Com base nessas garrafas, o famoso master blender Richard Paterson recriou a bebida para o mesmo fabricante. Surgiu assim o Shackleton Blended Malt Scotch Whisky. Uma preciosidade. UM TOQUE DE PIMENTA-DO-REINO A maior parte da produção da destilaria Fettercairn é vendida para outras destilarias escocesas. Mas uma pequena parte da produção fica reservada aos próprios single malts da companhia. A empresa oferece whiskies com 28 anos de envelhecimento no carvalho, de 40 anos e até de 50 anos. O mais acessível – e também maravilhoso – é o Fettercairn Highland Single Malt Whisky 12 anos. Não é um whisky delicado, ressalve-se. Mas resulta perfeito a cada gole, trazendo à boca frutas maduras e cítricas e um toque de pimenta-do-reino. Para mais informações: casaflora.com.br @casafloraimportadora

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EXPERIMENTA, BRASIL! A Serra da Mantiqueira, em São Paulo, rende excelentes roteiros gastronômicos. Aqui está só um aperitivo Por ANDRÉ BOCCATO

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Brasil não conhece o Brasil.” O verso de Aldir Blanc, musicado por Maurício Tapajós e eternizado na voz de Elis Regina em gravação de 1978, segue atual. Sobretudo na gastronomia, o Brasil precisa conhecer melhor seus gostos, sabores e produtores. Este texto tem o propósito de divulgar e aproximar, para nós mesmos, o que temos de melhor. É uma contribuição para valorizar nossas tradições, do campo e dos pequenos produtores artesanais.

OS SABORES DA MANTIQUEIRA PAULISTA A poucas horas de São Paulo fica uma região que não deve nada a Mendoza (na Argentina) e aos vales de vinhedos do Chile. A tal região está instalada entre Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, na serra da Mantiqueira. O ideal é se hospedar nessas cidades ou em Santo Antônio do Pinhal e montar sua programação de visitas e degustações. O roteiro rende uma boa semana inteira de experiências, mas também cabe em um final de semana longo com algumas escolhas bem pensadas. Aqui está, como diz o “pessoar” da terra, o meu carinhoso “toró de parpite”.

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Dois ótimos programas: degustar o azeite Oliq e os queijos da Queijaria do Jordão

A SERRA DA ESTRELA, EM PINDAMONHANGABA Os proprietários da Queijaria do Jordão são pequenos produtores originários de Trás-os-Montes, Portugal. Eles trouxeram 300 anos de tradição queijeira e produzem várias delícias “da terrinha”. Manuel Barroso e seu filho Miguel tocam essa fábrica queijeira artesanal. O cuidado é tamanho que as vacas Jersey produzem leite escutando música erudita. Isso mesmo. Ao som de Mozart, o leite rende excelentes queijos maturados, inclusive o Pinhal, que você pode comprar na lojinha deles. Quando se vai a Campos/São Bento do Sapucaí, se passa a apenas 2 quilômetros de Piracuama, uma antiga estação de trem, pertencente a Pindamonhangaba. Ali pertinho fica a queijaria. O ideal é telefonar para agendar visita. Os sabores (e os preços) vão compensar. Queijaria do Jordão Estrada municipal Jorge Saad, 84, Piracuama, Pindamonhangaba, (12) 99663-2244, Instagram: @queijariadojordao UMA CERVEJARIA ARTESANAL EM MEIO À FLORESTA A maioria dos visitantes de Campos do Jordão visita o Horto Florestal. Mas nem todos sabem que ali se pode fazer uma degustação da deliciosa cerveja artesanal Gård, estilo dinamarquês, embaixo de frondosas araucárias. É um passeio imperdível, sobretudo se você der a sorte de encontrar com o simpaticíssimo Júlio Carvalho. Ele é proprietário da Fazenda

Gravatá, que fica dentro do Horto Florestal. Ali instalou a fábrica/ateliê e as mesas para degustação. Um lugar ideal para ir com amigos em grupo – e que é também pet-friendly. Se gostar, você pode envasar a cerveja na hora em latas muito bonitas. Gârd significa fazenda em dinamarquês e a cervejaria leva esse nome em homenagem os avós nórdicos de Carvalho, que fundaram a fazenda Gravatá. Parte dela foi doada para se tornar o atual Horto Florestal. Gård Cervejaria Avenida Pedro Paulo, s/n, Horto Florestal, Campos do Jordão, (012) 991176522, Instagram: @gardcervejaria QUEM DISSE QUE AZEITE É SÓ NA EUROPA? Incrível como muitas pessoas nem sabem que no Brasil já se produz azeite da mais alta qualidade e até mesmo com respeito internacional. Uma ótima experiência é visitar a Oliq e participar das degustações de azeites e entender os métodos de produção. São mais de 10 mil oliveiras de diversas variedades, com direito a uma aula de como se faz um bom azeite e tour guiado a R$ 35 (incluindo a degustação, claro). Tem mais: os almoços no novo restaurante são uma grata experiência, com menus criativos. Oliq Estrada do Cantagalo, km 8, s/n, zona rural de São Bento do Sapucaí, (35) 99888-9926.

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Cerveja Campos do Jordão e azeite de oliva Sabiá: duas ótimas descobertas

AS AVES AQUI... GORJEIAM MELHOR QUE LÁ Logo na entrada, uma oliveira de 200 anos dá as boas-vindas aos visitantes que chegam à Fazenda do Campo Alto para uma degustação de azeites. O Sabiá é um azeite extravirgem premiadíssimo no exterior. Ainda não há um receptivo para almoços e lanches. Mas vale pelo passeio e pela degustação. Se você quer emendar com almoço, sugiro o Empório dos Mellos. Fica a apenas cinco minutos do Sabiá. Você será recebido pelo boa-praça Chico Lima, misto de chef e sommelier, um mestre em apresentar os sabores da Mantiqueira em seu “empório de beira de estrada” com comida regional. Azeite Sábia Estrada Municipal Pedro Joaquim Lopes (Estrada do Lageado), 3.931, Santo Antônio do Pinhal, (12) 3666-2282 Instagram: @azeitesabia. Empório dos Mellos Rua Elídio Gonçalves da Silva, 1.800 Campos do Jordão, (12) 99751-2601. De sexta a domingos e feriados, das 10h às 17h. Instagram: @emporiodosmellos.

NO ALTO DO LAJEADO E NO ALTO DO SABOR Você gosta de cervejas artesanais? Curte vistas espetaculares? Então precisa vir a este parque das cervejas, que une gastronomia, lazer e bem-estar na natureza. Está instalado em Campos do Jordão, mas antes da cidade, no Alto do Lajeado. Uma estradinha margeia o tal “Lajeado”. No mesmo caminho, estão o restaurante Bonanza e os hotéis Jardins do Amantikir, Tarundu e Toriba. Portanto, esse roteiro vale um dia bem planejado e alguém sóbrio para dirigir, pois as curvas da serra são no mínimo emocionantes. Sabiá Estrada do Lajeado, (012) 3663-1952.

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ESTE PRODUTO É DESTINADO A ADULTOS

há 22 anos apresentando tendências aos enófilos. Desbravar novas origens e novos produtos está no DNA da World Wine. A paixão pela enogastronomia que motivou o nosso nascimento 22 anos atrás é o combustível para seguirmos esse legado de respeito aos produtores que se preocupam com a qualidade de seus vinhos, com a preservação do terroir e, principalmente, traduzir o melhor dos vinhedos em nossas taças.

O V I N H O C E RTO E M Q UA LQ U E R M O M E N TO.

FA C E B O O K . C O M / W O R L D W I N E B R A S I L

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I N S TA G R A M . C O M / W O R L D W I N E

worldwine.com.br


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PARA COMER SEM PRESSA O engenheiro agrônomo Rodrigo Veraldi, seguidor do slow food, produz bons vinhos. Também é o cozinheiro aos sábados e domingos em sua “villa”. Aviso: se quiser ir, reserve com antecedência. Está sempre lotado. Não à toa: o visitante pode percorrer o vinhedo e a plantação de frutas vermelhas, a 1.600 metros de altitude. E a última de Veraldi: pioneiro como sempre, ele está conseguindo produzir autênticas trufas brancas. Quer uma sugestão? Pois escolha os vinhos Confluência e Grimpa.

A CALIFÓRNIA É AQUI! Marco e Célia Carbonari tinham uma grande propriedade rural em São Bento do Sapucaí. Em 2004, resolveram iniciar uma pequena produção de vinhos de castas francesas, como Merlot e Chardonnay. O sonho da Villa Santa Maria (foto acima) deu certo. Hoje são 90 hectares de vinhedos e mais de 10 mil garrafas anuais do excelente vinho Brandina, que homenageia a matriarca da família. O ambiente lembra o de Napa Valley, na Califórnia. Ali, o sommelier Christian inicia o leigo no mundo dos vinhos. Raramente vi aulas tão legais, e que desmistificam o mundo das degustações. Nos finais de semanas, as aulas são de hora em hora. A Villa tem dois restaurantes: um no salão da adega e outro a bruschetaria italiana. Ideal para um longo almoço romântico. Experimente o excelente Brandina Assemblage 2019.

Entre Vilas Estrada Major Pereira, km 5,5, Campo do Serrano, São Bento do Sapucaí, (12) 99745-9897, entrevilas.com.br

Villa Santa Maria Estrada Municipal José Theotônio Silva, s/n, Vale do Baú, São Bento do Sapucaí, WhatsApp: (12) 99649-2728, villasantamaria.com.br Atendimento apenas com reservas, das 11h às 17h, de quinta a domingo.

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PARA A SUA ADEGA Uma seleção das melhores bebidas à venda por aqui Por NEY AYRES

VINHO PONTUADO A importadora Itália Mais está trazendo com exclusividade os vinhos do produtor italiano Alessandro Mori (Il Marroneto). Vale destacar o Brunello di Montalcino Madonna Delle Grazie Riserve DOCG, safra 2013. Este tinto toscano 100% Sangiovese Grosso envelhece em barris de carvalho por quatro anos e dois meses, acrescidos de mais dez meses em garrafa. A produção é limitada a 1.700 garrafas, numa magnum (1,5 litro), em caixa com cera numerada. Muito bem avaliada, a safra conseguiu 100 pontos de James Suckling e 99 de Robert Parker. italiamais.com.br PRIMITIVO DE RESPEITO A Felline é uma vinícola histórica e grande protagonista da Puglia, considerada uma das regiões mais importantes de toda a Itália. Nas mãos de Gregory Perucci, foi a pioneira no resgate de castas abandonadas e na valorização de vinhas velhas – com mais de 60 anos. O amadurecimento de sua produção é procedido em grandes tonéis de carvalho da Eslavônia, na Croácia. O resultado: o Felline Dunico, com aroma marcante, médio corpo estruturado, boa concentração tânica e final persistente. É importado pela Decanter. decanter.com.br O MELHOR DO MUNDO A Moët Hennessy está trazendo para o Brasil, com exclusividade, um dos rosés mais famosos do mundo: o Whispering Angel. Produzido pelo Chateau D'Esclans, em Côtes de Provence (França), o vinho tem boa concentração e é aromático, lembrando frutas vermelhas. Moët Hennessy Brasil, tel. 11 3062 8388 Instagram: @moethennessey

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07/07/2021

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VODCA COM A SUA CARA Um privilégio reservado somente para celebridades agora está disponível no Brasil. A vodca Belvedere acaba de trazer ao Brasil a Belvedere Bespoke, em embalagens de 1,75 litro. Atrativo extra: pode ser personalizada com a mensagem que você preferir. Além disso, tem um LED que, quando acionado, ilumina toda a garrafa. Para adquirir, basta acessar o site, simular a mensagem que será estampada, visualizar a garrafa e confirmar o pedido.

belvederebespoke.com.br (Raphael Calles)

VARIAÇÕES DE UMA MESMA UVA A vinícola Kaiken plantou Malbec em três microterroirs de Mendoza, na Argentina. O resultado: três tintos diferentes, todos com o rótulo Aventura: Chacayes Norte 2019, Chacayes Sur 2019 e Valle de Canota 2019. O primeiro se destaca pelas notas florais no nariz e paladar mineral. Já o Sur traz especiarias como tomilho e poejo com paladar concentrado e de final longo. Valle de Canota, por sua vez, apresenta forte presença de frutas vermelhas no nariz e um paladar com taninos suaves e toque adocicado. qualimpor.com.br (RC) 104

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Portafogli di Pasta Farciti



Turismo OSCAR ALMENDROS BONIS DIRETOR DO TURISMO DA ESPANHA DESTINO: ESPANHA


Turismo

ARRIBA, ESPAÑA Segundo Oscar Almendros Bonis, diretor do Turismo da Espanha, em São Paulo, seu país é, hoje, o mais preparado da Europa para receber visitantes. E o Fórum Econômico Mundial também pensa assim Por WALTERSON SARDENBERG Sº Retratos TUCA REINÉS

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scar Almendros Bonis, diretor do Escritório de Turismo da Embaixada da Espanha, em São Paulo, é entusiasmado, falante, adora conversar. Em especial sobre o seu clube de coração, o Real Madrid, de quem lamenta a recente saída do zagueiro Sergio Ramos. Nascido na capital da Espanha há 43 anos, Bonis chegou a São Paulo em setembro de 2019, para assumir o comando do turismo espanhol no país. Adora o Brasil. Por sinal, defende uma tese: “Brasileiros e espanhóis são muito parecidos na maneira de pensar, de viver, de entender a vida”, avalia. O trabalho deste madrileno animado tem sido, nos últimos tempos, colaborar na volta dos viajantes à Espanha e, sobretudo, divulgar roteiros no seu país ainda pouco conhecidos por aqui. Vem obtendo sucesso em ambas as iniciativas. Bonis trabalha em um amplo escritório paulistano do Itaim Bibi, onde concedeu esta entrevista. Mora no mesmo bairro, com a mulher e um filho de apenas nove meses, por quem está inapelavelmente apaixonado.

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THE PRESIDENT _ Conte, por favor, um pouco da sua trajetória. Oscar Almendros Bonis - Sou de Madri e me formei em direito, embora jamais tenha advogado. Escolhi o curso muito novo, porque ele te dá um amplo conhecimento geral, e sempre me liguei na área de humanas. É uma formação que te fortalece para a vida. Além disso, o entendimento das leis, de como elas funcionam, é importante em qualquer profissão. Depois de formado, fiz cursos em diversas áreas. Cheguei a dar aulas e a trabalhar com teatro. Até que o pai de um amigo me aconselhou a prestar concurso público. A administração do Estado precisa de gente de nível superior, que tenha conhecimento geral e de leis, de administração, de orçamento. Passei no concurso e fui trabalhar em Barcelona. Foi meu primeiro emprego no serviço público, onde estou há 17 anos. O que você fazia? De início, trabalhei no Ministério da Previdência Social. Entre outras atividades, fui gestor da área de atendimento a pessoas desempregadas e procurando readequação. Depois passei para uma área internacional. E acabei voltando a Madri como braço direito de um amigo que assumira a gestão do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Depois assumi a chefia da área de União Europeia, em Madri. Na sequência, trabalhei em Bruxelas, na Bélgica, como especialista nacional por quatro anos na Comissão Europeia na área de turismo. Uma grande experiência.


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Turismo

Bruxelas é a sede de vários organismos da União Europeia. Isso ajudou? E como. As estratégias que abraçamos tinham não só a ver com a Espanha, mas com a Europa toda, inclusive para o apoio da promoção do turismo europeu por meio do estabelecimento de parcerias público-privadas e ajudas na elaboração de projetos e boas práticas nacionais. Aprendi como funciona a administração pública da União Europeia. De volta à Espanha, utilizei os novos conhecimentos na Secretaria de Estado de Turismo e na Turespaña, aplicados não só ao marketing como na estratégia. Tive relacionamento direto com a rede de escritórios de turismo do país no exterior em geral. Só então vim para o Brasil. Você já conhecia o país? Sim, porque minha ex-mulher, com quem tenho uma filha de 7 anos, é brasileira, de Goiânia. Hoje ela mora em Madri. Por causa dela e da família dela, conheci bastante como pensa e age o brasileiro. Estive no Rio de Janeiro, em Brasília, em Goiânia. Portanto, o Brasil era uma das minhas opções não só por ser um mercado importante e com enorme potencial de crescimento, mas também por minha ligação pessoal. Vir para o Brasil me estimulou bastante. Até porque brasileiros e espanhóis são muito parecidos na maneira de pensar, de viver, de entender a vida.

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pelas duas cidades que são porta de entrada não só da Espanha como da Europa: Madri e Barcelona. Também vai à Andaluzia, no Sul, com predileção por Granada, Sevilha, Málaga e Córdoba, quatro importantes cidades históricas. O brasileiro é atraído pela história, pela cultura. Nosso trabalho é mostrar que há muito mais a visitar, além dessas cidades mais conhecidas. Valência, por exemplo, é uma cidade muito bem preparada, pronta, linda, com um centro histórico belíssimo. Ao mesmo tempo, tem também uma modernidade magnífica.

e cultural entre regiões é imensa e isso influencia a variada gastronomia do país”

Sim, com muitas obras do arquiteto valenciano Santiago Calatrava. Exatamente. E não apenas em Valência há esta mistura fabulosa entre tradição histórica e a vanguarda. No País Basco, no Norte, também é assim. Bilbao, por exemplo. É uma cidade portuária, e, portanto, foi vítima da decadência dos armazéns, como muitas outras. No entanto, houve um bem-sucedido esforço de recuperação e, ao mesmo tempo, Bilbao incorporou obras de arquitetos de vanguarda. E não é só o Museu Guggenheim, do Frank Gehry. Há obras de Norman Foster, que projetou o metrô e a ampliação do Museu de Belas Artes, além de trabalhos de vários outros arquitetos.

Que destinos o brasileiro costuma frequentar na Espanha?

O País Basco também tem San Sebastián, cidade de gastronomia fantástica. O visitante brasileiro costuma fazer turismo gastronômico?

Obviamente, ele tem preferência

Acho que 12% do turismo na Espanha

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"A diferença climática

é gastronômico. Um dos lugares preferidos é San Sebastián. É um destino de luxo, com o charme inglês dos hotéis Londres e Maria Cristina, onde a aristocracia britânica passava férias. Tem uma culinária fantástica, em qualquer restaurante que você vá, com uma cultura muito forte dos pintos, as pequenas porções de aperitivo que, em outros lugares do país, são chamados de tapas. Na Espanha a culinária é um estilo de vida. O país deu um passo à frente em relação ao antigo monopólio gastronômico da França. A partir de pioneiros como o chef Ferran Adrià, da Catalunha, criou-se a gastronomia para ser apreciada com os cinco sentidos. A Espanha tem um território que não chega ao tamanho da Bahia ou de Minas Gerais, mas reúne uma


diversidade fantástica. A diferença climática e cultural entre regiões é imensa e isso influencia a sua variada gastronomia. Até porque vocês falam quatro idiomas dentro do país. Sim. A riqueza cultural é enorme. O Norte e o Sul são totalmente diferentes. Cada um com seu charme. No Norte prevalece a Espanha Verde. Tem montanha, natureza preservada, turismo rural, de aventura. E ainda os melhores frutos no mar no mundo na Galícia. Se você chegar numa pousada de La Coruña às 9 da noite e quiser comer, a dona vai lhe dizer: “A essa hora? Não preparei nada! Vou ver o que posso fazer”. E aparecerá com 40 pratinhos diferentes, de sabores fantásticos [risos]. Desde 2015, a

Espanha vem sendo considerada pelo Fórum Econômico Mundial o país mais apto para receber turistas. Entre outros motivos, em virtude da segurança, do patrimônio cultural e paisagístico, da infraestrutura hoteleira e de transporte. E o visitante pode se hospedar em diversos edifícios histórico, nos paradores, não é? São 90 paradores, instalados em edifícios de séculos atrás, como palácios, castelos, conventos, mosteiros. E antigas residências de reis, como o Parador de Olite, em Navarra. Ficam em lugares privilegiados, como reservas naturais. É uma colaboração muito bem-sucedida do Estado com a iniciativa privada. Deslumbra os visitantes e ajuda a preservar os edifícios históricos.

E o turismo de vinícolas? Está cada vez mais desenvolvido, com hospedagens de alto nível nas próprias vinícolas. Você beberica vinhos espetaculares, como os de La Rioja, em um ambiente acolhedor e pode até praticar a vindima, ou seja, pisar com os pés descalços nas uvas. Além disso, várias adegas foram desenhadas por arquitetos de ponta, de vanguarda, como Frank Gehry, Santiago Calatrava, Philipe Mazières, Richard Rogers e Norman Foster. E há também roteiros especiais de trens, com experiências de enofilia. Um deles passa por Bilbao, San Sebastián, Cantábria, Santander. Segue à beira do litoral, no Norte, e chega a Santiago da Compostela. O Brasil é o maior emissor de peregrinos na América Latina para o Caminho. A Espanha inteira está ligada por trens

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Turismo

ótimos. Em alguns dá para fazer roteiros de uma semana visitando lugares lindos com todo o conforto. Roteiros especiais não faltam, não é? Você tem Rota das Joalherias, Rotas Judaicas, Rota Árabe, a Rota da Prata, que os romanos faziam de Extremadura até o norte de Astúrias. E muitas outras. Os trens são ótimos; as estradas, idem. De Madri a San Sebastian são apenas 460 quilômetros. Para um brasileiro não é nada. Vocês estão acostumados a distâncias maiores. E o interior da Espanha é belíssimo. Castela e León tem uma história maravilhosa. Há o Roteiro de Castilla de La Mancha, que é o trajeto de Dom Quixote. Eu poderia ficar falando de roteiros ao longo de horas. Começamos a promover recentemente Ronda, que fica a 40 quilômetros de Málaga. Uma cidade erguida nas rochas. E há um roteiro dos pueblos blancos de origem árabe, nas montanhas. Nossos roteiros estão na internet. Basta acessar spain.info. Se você for, por exemplo, de Madri a Sevilha, pode consultar o site que ele lhe dirá quais são as atrações do caminho. O que o turismo da Espanha fez e vem fazendo na pandemia para garantir a segurança do viajante? A Espanha foi um dos países pioneiros na Europa em elaborar e botar em prática protocolos de saúde e higiene no setor turístico para guias turísticos, hotelaria, em todos os transportes. Elaborou um sistema de estandardização que foi aprovado pelo sistema ISO,

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que é o de qualidade internacional. Tudo isso começou já em abril de 2020. Vale a pena acessar o site Travel Safe (travelsafe.spain.info) para quem quiser viajar para a Espanha agora, quando as fronteiras abriram para turistas brasileiros vacinados. O viajante pode acompanhar quais são os requisitos de entrada no país e as condições normativas e sanitárias de cada região. As informações são atualizadas sempre. Quais são as restrições para o viajante brasileiro entrar na Espanha? Até o dia 3 de agosto o país estava fechado para o viajante brasileiro. Graças em parte às nossas pressões, em colaboração com a Embaixada do Brasil, conseguimos diminuir essa limitação. A entrada na Espanha foi liberada para familiares de primeiro grau de cidadãos espanhóis, qualquer pessoa que tenha passaporte europeu, corpo diplomático, voluntários humanitários, gente com razões familiares ou de extrema gravidade ou justificadas, além dos estudantes ou pessoas com visto de estudo e trabalho. Além deles, felizmente podemos anunciar que desde o dia 24 de agosto a entrada se liberou para turistas vacinados. E quando que você acha que acabarão as restrições? É muito complicado fazer uma previsão porque a curva de contágios pelo novo coronavírus avança e diminui. Mas acredito que as restrições diminuirão muito a partir de dezembro. Essas restrições devem ter afetado

especialmente Madri, que é a cidade com a mais ativa vida noturna da Europa. Houve alguma diminuição, claro. Mas Madri continua com grande movimentação noturna. Até porque tem muita segurança, e falo não apenas de segurança sanitária. Brasileiros já comentaram comigo em relação à Espanha inteira: “A sensação de liberdade, de segurança que eu tenho lá, não tenho aqui”. Em Madri você vê casais caminhando tranquilamente nas ruas depois da meia-noite e até bem depois disso. O brasileiro consegue comprar antes de viajar ingressos para LaLiga, ou seja, o Campeonato Espanhol de Futebol? Sim. Temos algumas parcerias com LaLiga para promover o campeonato e a Espanha, não só focados na compra de ingressos, que já qualquer pessoa pode requisitar pela internet. Mas não temos incentivos para partidas de Real Madrid e Barcelona. Os ingressos desses dois times são concorridos demais, se vendem sozinhos tão logo ficam disponíveis. Mas você consegue comprar tíquetes já no Brasil para jogos do Valencia, Sevilha, Bettis, Atlético de Madrid, Deportivo La Coruña, Valladolid, clube que o Ronaldo Fenômeno recentemente adquiriu. Enfim, todos os outros. Não vendemos ingressos, mas trabalhamos em colaboração com LaLiga para que os brasileiros viajem e vivenciem o campeonato. Algo mais? Quero lembrar que a Espanha também não é só futebol. Trata-se de um país com uma diversidade imensa de


“A Espanha foi pioneira em elaborar e botar em prática protocolos de saúde e higiene no setor turístico”

eventos esportivos. Promovemos a Copa Davis de tênis, estamos do calendário da Fórmula 1, do Moto GP, sediamos o Campeonato Internacional de kitesurf e temos maratonas internacionais muito importantes, como a Transvulcania, na ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias, e as de Barcelona e Valência. Ciclismo também, claro. A Volta Ciclística da Espanha é uma das três mais concorridas disputas do gênero, ao lado do Giro da Itália e da Tour de France. A verdade é que nosso clima ajuda muito. Não só para assistir, mas também para praticar esportes. Golfe, por exemplo. Temos campos excelentes. A cultura esportiva é uma das nossas forças. Temos até hotéis preparados para receber ciclistas em várias cidades. Além de trilhas para esportes de aventura. Tudo com muita infraestrutura e segurança. TP

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Turismo

EXPERIÊNCIAS EXCLUSIVAS

NO MEDITERRÂNEO Situado entre o mar e a montanha, o Principado de Mônaco reúne história, cultura, entretenimento e muita personalidade

MÔNACO NÃO É APENAS UM DESTINO. É a experiência de uma vida inteira. Símbolo de glamour, este lugar de sonho também é reconhecidamente seguro e está pronto para receber muitos visitantes novamente. Com a certificação Monaco Safe vigente, o principado confirma o seu compromisso com a saúde e a segurança dos visitantes, garantindo experiências exclusivas para aqueles interessados em redescobrir o prazer único de viajar. Confira nove experiências imperdíveis para incluir em seu roteiro de viagem a Mônaco. 1. GASTRONOMIA MONEGASCA NO MERCADO CONDAMINE Que tal surpreender o seu paladar degustando algumas especialidades monegascas tradicionais no Halle Gourmande do Mercado Condamine? Vale fazer um tour gastronômico pelos pratos populares e locais, saboreando o fougasse, biscoito de massa fina levemente adocicado, ou o barbagiuàn, aperitivo feito com arroz, queijo, espinafre e alho-poró, ícone da cozinha de Mônaco. As animadas bancas de flores frescas, frutas e vegetais proporcionam aos viajantes uma atmosfera única e colorida. 2. VIVA A EXPERIÊNCIA DO GRANDE PRÊMIO DE FÓRMULA 1 O principado recebe um dos eventos mais importantes do automobilismo mundial. O Grande Prêmio de Fórmula 1 de

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Mônaco acontece desde 1929, atraindo milhares de visitantes de todas as partes do mundo. Os pilotos e a alta velocidade invadem as ruas do país uma vez por ano. Em 2022, o Grande Prêmio de F1 de Mônaco será no dia 29 de maio. 3. DESFRUTE DE UMA APRESENTAÇÃO AO VIVO NA SALLE GARNIER Para uma experiência extraordinária em Mônaco, reserve uma noite para acompanhar uma apresentação na Salle Garnier, joia do Cassino de Monte Carlo. O espaço recebe os maiores nomes da ópera e do teatro mundial. A Orquestra Filarmônica de Monte Carlo e os Ballets de Monte Carlo realizam ali espetáculos ao longo do ano. 4. ADMIRE DO ALTO Voe alto para ver o principado em um passeio de helicóptero e aproveite a vista panorâmica magnífica da Riviera Francesa. Nesse voo, você descobrirá o melhor de Mônaco e seus arredores. Trata-se de uma experiência única e sustentável. A Monacair, empresa responsável pelo passeio, compensa 100% das emissões de carbono em seus voos. 5. TENTE A SORTE NO CASSINO DE MONTE CARLO A forma mais bela de descobrir Mônaco é por Monte Carlo, bairro mais conhecido e onde a vida é efervescente. Em sua praça


Entre as atrações de um lugar charmoso até numa banca de flores estão o Museu Oceanográfico e o imperdível Cassino

principal está o Cassino de Monte Carlo. De jogadores experientes a novatos, há algo para todos: entretenimento, emoção e surpresas. E lembre-se: você não pode vencer se não jogar. 6. PROVE A GASTRONOMIA ESTRELADA Em Mônaco, é possível conhecer as melhores cozinhas da Europa. Aqui, os chefs famosos são mais criativos do que nunca. Cozinhas gourmet combinadas com tradição e modernidade, fusões sutis de sabores exóticos e restaurantes totalmente orgânicos convivem no mesmo espaço. Mônaco detém nove estrelas Michelin distribuídas em sete restaurantes. Opções não irão faltar. Vale destacar o restaurante do chef Yannick Alléno, recém-instalado no Hôtel Hermitage Monte Carlo e com três estrelas Michelin, e o La Table d’Antonio Salvatore, que recebeu a sua primeira estrela recentemente. 7. DESCUBRA AS BELEZAS DO MUSEU OCEANOGRÁFICO Inaugurado em 1910 pelo Príncipe Albert 1º, o Museu Oceanográfico oferece a chance de conhecer milhares de espécies de peixes tropicais e mediterrâneos ao mesmo tempo que conscientiza seus visitantes sobre a preservação da vida marinha. A área de cobertura do museu acena com uma vista espetacular, onde o Mediterrâneo e o principado se encontram. Para uma experiência imersiva e mais interativa com o oceano de Mônaco, “mergulhe” na Grande Barreira de

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Corais para conhecer suas espécies mais fascinantes. 8. TOUR PELAS BOUTIQUES DE LUXO No luxuoso bairro de Monte Carlo, ao redor da praça do Cassino, a alta-costura, a moda, a perfumaria, as joalherias e as marcas de beleza se unem em um espaço de compras exclusivo chamado One Monte Carlo. Não há lugar melhor para você se presentear ou presentar alguém. Viva a experiência de compra mais exclusiva da Europa. 9. RELAXE NAS ÁGUAS DO MEDITERRÂNEO O principado também é o lugar certo para relaxar. O azul do mar proporciona o relaxamento que você procura. Seja nas praias privadas dos hotéis Meridien Beach Plaza e Monte Carlo Beach Hotel ou na recém-renovada praia pública de Larvotto, adultos e crianças podem aproveitar mergulhos refrescantes no Mediterrâneo. Para momentos de bem-estar e rejuvenescimento, atrações não faltam, como o spa Cinq Mondes no Monte Carlo Bay Hotel and Resort, o spa Haute Couture Metropole by Givenchy ou o mundialmente conhecido Thermes Marins Monte Carlo. TP Para uma escapada romântica ou em família, uma pausa na cidade ou uma experiência revitalizante, Mônaco é o destino ideal. visitmonaco.com/pt

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Turismo

TEM PIMENTA NO FORTE Vem aí a 15ª edição de um festival gastronômico baiano com muitas atrações e temperos Por ANDRÉ BOCCATO

NA PRAIA DO FORTE, PERTENCENTE ao mu n icípio baiano de Mata de São João, a apenas uma hora de Salvador, ocorre todos os anos uma notável reunião de sabores e saberes. Chama-se Tempero no Forte – Festival de Cultura e Gastronomia de Praia do Forte. Criado pela chef Tereza Paim, com organização e produção de Djanira Dias e apoio da Turisforte, está na 15ª edição, desta vez com o ingrediente “Pimenta” como tema. Reunirá nada menos que 30 chefs de restaurantes locais e a eles se juntarão famosos chefs convidados, transformando o vilarejo baiano numa cidade gastronômic a. O evento o cor rerá de 25/1 1 a 05/1 2. Programe-se. Vale a pena. Onde se hospedar? Resolvi sugerir três hospedagens em que a gastronomia também brilha.

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HOTEL VIA DOS CORAIS O Adeilson Lisboa, barman do Hotel Via dos Corais, é um artista dos drinques. Até mesmo na hora de decorá-los. Em vez de jogar fora as cascas de melancia e melão, ele as recorta com moldes de sereias, tartarugas, peixes e pássaros. Uma atitude sustentável, claro. Ao decorar os coquetéis com essas cascas, Adeilson cria um prazer a mais. Muita gente fotografa. Enfim, vale a visita. Para quem vai ficar hospedado sugiro provar o prato camarões africanos com arroz negro ou o interessante filé-mignon ao molho de tamarindo. Ah, também adorei a carne de fumeiro com purê de banana-da-terra. Para quem curte um café da manhã especial, a pousada acena com um dos melhores. Tanto que vai virar livro em breve. Aliás, os drinques também. Hotel Via dos Corais viadoscorais.com.br Rua do Dourado, 143 (71) 3676-8000


O Tivoli, na foto maior, tem tudo – além de culinária de primeira. O barman Adeilson Lisboa, mais ao alto, e a Pousada Refúgio, que oferece alta hospedagem e gastronomia

TIVOLI ECORESORT PRAIA DO FORTE Agora uma dica para toda a família, sobretudo aquelas com crianças. Trata-se do Tivoli Ecoresort Praia do Forte. Você sabe muito bem que resort significa um lugar provido de tudo. Não é preciso sair de lá para nada. Muito menos para comer. A gastronomia do Tivoli, comandada pelos chefs internacionais Laurent Hervé e Frederico Miranda, é ponto de referência. Eles estão à frente de dois restaurantes internos, o Tabaréu e o Goa. Logo mais abrirão um terceiro, de inspiração oriental. Ainda bem que o Tivoli oferece muitos esportes aos hóspedes, porque sua gastronomia aliciante decerto faz os menos ativos ganharem vários quilinhos ao longo da estadia. Tivoli Ecoresort Praia do Forte tivolihotels.com Avenida do Farol, 39 (71) 3676-4000

POUSADA REFÚGIO DA VILA Você já experimentou o prato em que os camarões são preparados com aqueles pedacinhos de coco mole, a polpa do fruto, bem suave? O Camarão Refúgio é servido no coco verde com creme de leite fresco, tomates orgânicos, queijo coalho e, claro, a polpa mole do próprio coco. Eis aí uma escolha imperdível na Pousada Refúgio da Vila, que faz parte da Associação Roteiro do Charme e que tem alta gastronomia. Quem assina é o chef baiano Fabrício Lemos, do restaurante Origem, um sucesso em Salvador. De sobremesa, vá de Cocada da Núbia. É feita no forno e servida quente com queijo pecorino e baunilha e um sorvete de tapioca. Hospede-se na Pousada Refúgio da Vila. Fará muito bem ao paladar. E à alma. Pousada Refúgio da Vila refugiodavila.com.br (71) 3676-0114

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Turismo

HOSPEDAGEM

PORTUGAL, COM TODO O CONFORTO Cinco novíssimas hospedagens no país, seja no continente ou nas ilhas

ADEGA DO FOGO Apenas 15 mil pessoas moram na Ilha do Pico, a segunda maior das nove ilhas vulcânicas do Arquipélago dos Açores, ao largo da costa portuguesa. Ou seja: o sossego é pleno. Mas isso não quer dizer ausência de atrações. Entre elas, a paisagem da Cultura da Vinha (guindada a Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2004), o Parque Natural da Ilha do Pico, os chernes e lagostas preparados à moda local e as praias de Graciosa e Faial. Tudo fica ainda melhor para quem se hospeda na Adega do Fogo. A antiga destilaria foi transformada em uma ampla casa de férias com seis quartos e piscina panorâmica. Ideal para famílias grandes. adegadofogo.com

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SENHORA DA ROSA São Miguel é a maior das ilhas dos Açores. Tem 120 mil moradores. Entre os chamarizes estão as igrejas e os palácios da cidade de Ponta Delgada, alguns ainda do século 16. Próximo dali, mas a distância suficiente para garantir um adorável silêncio, fica o hotel Senhora da Rosa. São apenas 35 suítes, todas amplas e refinadas. Imerso na natureza, o hotel está encravado no que foi uma fazenda do século 18. Partes da quinta – como os portugueses denominam propriedades rurais – ainda resistem, lado a lado com comodidades do quilate do Spa Musgo, onde se oferecem restauradores tratamentos à base de óleos medicinais. senhoradarosa.com


Na página ao lado, a visão da Ilha do Pico a partir da Adega do Fogo. Em sentido horário, a piscina do Lumen Hotel, a fachada do lisboeta The Ivens e uma suíte do hotel Senhora da Rosa

THE IVENS O Chiado, acomodado entre Alfama e o Bairro Alto, é um dos bairros mais animados de Lisboa. Quem se hospedar no The Ivens, no entanto, pode se tranquilizar. Embora instalado no coração da região, o novo cinco-estrelas alfacinha tem o sossego garantido por eficiente isolamento acústico. O hotel foi inaugurado em setembro. Instalado em um lindo edifício do século 19, que abrigou um armazém público, une tradição, elegância e modernidade. São 87 suítes, sendo dez delas ainda maiores, incluindo duas no último andar. Os três restaurantes já vêm ganhando adeptos entusiasmados. Um deles é italiano. Um outro, especializado em frutos do mar. O terceiro acena com petiscos e vinhos. Quem não quiser abrir uma garrafa pode pedir apenas uma taça.

LUMEN HOTEL Instalado no centro de Lisboa, o Lumen Hotel está novinho em folha. Foi inaugurado em julho último e está tinindo. Há muitos chamarizes neste hotelzão de decoração arrojada e 160 suítes. A começar pelo jardim interno. Outra iniciativa que agradou em cheio foi a bela piscina no rooftop, cercada por reconfortantes cadeiras de sol. Também faz sucesso o restaurante Clorofila. O nome tem tudo a ver com o hotel. A clorofila, como se sabe, é uma substância que permite a absorção de luz para realizar a fotossíntese. Pois o Lumen capricha nas luzes, em cada detalhe. Tudo foi pensando e repensado nesse sentido. Não à toa, todos os dias, às 22 horas, há um show de luzes que já virou uma marca – e por si só uma atração. Lúmen (com acento agudo no “u”), aliás, é a unidade de medida do fluxo luminoso.

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lumenhotel.pt

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Turismo

IMMERSO Ericeira é ao mesmo tempo muito tradicional e muito jovial. Tradicional porque este lugar litorâneo, a 25 quilômetros a noroeste do centro de Lisboa, é tão antigo quanto a ocupação dos fenícios. O primeiro povoado a surgir no local data ainda de um milênio antes de Cristo. Desde aquela época seus moradores eram, em sua maioria, pescadores. Mas Ericeira também é jovial, em virtude de outra espécie de adorador do mar: os surfistas. Para eles, o Havaí é aqui. E não só para os surfistas portugueses. A praia de Ribeira d’Ilhas foi alçada a Reserva Mundial de Surf. Um aviso: nem todas as praias de Ericeira têm ondas gigantescas. Também há aquelas próprias para famílias. Seja qual for a sua praia, Ericeira tem agora hospedagem requintada. O IMMERSO – assim mesmo, todo escrito em maiúsculas – é o primeiro hotel cinco-estrelas da região.

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Com previsão de inauguração para o início de 2022, ele ocupa um vale verde e aconchegante, rodeado pela natureza, e oferece uma estupenda vista para o mar. O projeto arquitetônico do premiado Tiago Silva Dias conseguiu captar o espírito de Ericeira. Se o lugar é tradicional e jovial, o IMMERSO consegue ser, ao mesmo tempo, descontraído e sofisticado. E, acima de tudo, sustentável. Basta lembrar que ingredientes como ervas aromáticas, frutas e legumes são plantados e colhidos ali mesmo, e servidos de acordo com a sazonalidade. A preocupação com o meio ambiente, por sinal, transparece em cada pormenor. No estacionamento dos automóveis, por exemplo. Há ali pontos de carregamento para veículos híbridos ou elétricos. Immerso.pt


O MELHOR DO CARIBE Aurora Anguilla Resort & Golf Club Anguila, no Caribe, vive de bancos (graças às benesses fiscais) e de turismo. Os viajantes têm muitos motivos para vir a este arquipélago de colonização britânica. Começando, claro, por praias de areias imaculadas e um mar da cor dos olhos da atriz Liz Taylor. As delícias continuam numa gastronomia de influências britânica, espanhola e francesa, abençoada por uma quantidade bíblica de frutos do mar – os melhores do Caribe, apregoa-se. Anguila tem também outra atração e tanto: o Aurora Anguilla Resort & Golf Club. O resort tem tudo de bom e do melhor. Incluindo, como antecipa no nome, um campo de golfe de 18 buracos. Só de restaurantes são sete. Todos eles sob a égide um chef com uma constelação de estrelas: Abram Bissell. Ninguém menos que o responsável pela cozinha do NoMad, de Nova York. O Aurora conta com 178 suítes, separadas umas das outras com distância suficiente para garantir total privacidade. A partir de novembro, passa a oferecer, também, um serviço de jatos particulares. By the way, a ilha de Anguila recebe viajantes brasileiros sem qualquer entrave, a não ser a constatação de vacinação completa contra o novo coronavírus. auroraanguilla.com

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DE GRÃO EM GRÃO A Caramuru Alimentos, de César Borges de Souza, começou com um negócio de moenda de milho e arroz. Hoje tem cinco unidades industriais, 59 armazéns e exporta para 40 países Por LUIZ GUERRERO

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ineiro de Uberlândia, César Borges de Souza é avesso a formalidades. Vice-presidente da Caramuru Alimentos, 35ª colocada no ranking Forbes das maiores empresas do agronegócio brasileiro, Borges de Souza, 74 anos, pede para ser tratado por você na entrevista. “Prefiro não ser tratado por senhor”, explica. “Ainda me sinto com a disposição de um jovem.” Com essa disposição, a despeito da calma do seu ritmo de voz, ele dá início à conversa relembrando a viagem que fez, ainda adolescente, com a família no começo dos anos 1960 – e que, como se verá, deu origem a uma gigantesca corporação familiar. “Meu pai tinha terras no Cerrado, mas não via oportunidades de negócio na região”, conta. “Resolveu mudar-se com a família para Maringá, onde a agricultura era mais desenvolvida.” Foi nessa cidade do oeste do Paraná que o pai, Múcio de Souza Rezende, abriu em 1964 um negócio de moenda de milho e arroz. O estabelecimento fi-

cava na rua Caramuru, via de mão única que corta cinco quarteirões na região central de Maringá. Vem daí o nome da empresa gerida pela família Borges de Souza, hoje a maior empresa de capital nacional de processamento de grãos, em especial os de soja não transgênicas, com faturamento bruto de R$ 6,451 bilhões no ano passado (aumento de 48,6% em comparação a 2019) e lucro de R$ 221,8 milhões (redução de 7,6% em relação ao ano anterior). Os números corporativos são superlativos: a empresa conta com cinco unidades industriais distribuídas nos estados de Goiás, Paraná e Mato Grosso, 59 armazéns com capacidade de estocagem de 2,9 milhões de toneladas de grãos, seis terminais, incluindo o do porto de Santos. Mais: é a quinta maior produtora de biodiesel no país e também atua no ramo do varejo por meio da marca Sinhá, entre outras atividades. Em 2020, exportou derivados industrializados de grãos para 40 países com faturamento em torno de US$ 486 milhões.

A Máquina Caramuru, como a moenda de Maringá ficou conhecida, prosperava. Mas no começo dos anos 1970, atraído pelo projeto de ocupação econômica do Cerrado, incentivado pelo então ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli – o agrônomo e político mineiro recentemente indicado ao Nobel da Paz –, Múcio retornou à região e se estabeleceu a 130 quilômetros de sua antiga casa em Uberlândia (MG), em Itumbiara (GO), ainda hoje sede industrial do grupo. Quatro filhos, três netos e mais outro a caminho, César Borges de Souza é pós-graduado em administração financeira pela Fundação Getulio Vargas-SP, preside o Instituto Soja Livre, é membro do Conselho Superior de Agronegócios (Cosag), da Fiesp, e do Conselho Temático Permanente de Infraestrutura (Coinfra) da CNI, além de ocupar a vice-presidência da Caramuru. Ele concedeu esta entrevista de forma remota a partir de seu apartamento em São Paulo, a poucas quadras do escritório da empresa no bairro do Itaim Bibi.

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“Ferrovias e hidrovias são estratégicas no agronegócio, pois transportam grandes volumes com mais economia, mais segurança e com menor desperdício”

THE PRESIDENT _Nos anos 1970, sua família deixou um negócio próspero em Maringá, uma cidade promissora, para se estabelecer no Cerrado goiano. Como foi esta decisão? César Borges de Souza - Meu pai confiava muito no programa de ocupação daquela região promovido pelo [Alysson] Paulinelli, um homem que enxergou o potencial agrícola do Cerrado. E ele estava certo: Goiás cresceu e se desenvolveu graças às culturas da soja e do milho. Antes do programa de Paulinelli, o que se tinha era a cultura do milho, mas muito incipiente: o agricultor deixava os grãos secarem no próprio pé, não havia estufas de secagem e muito menos depósitos de armazenagem. Ou seja, o produtor era obrigado a vender a colheita no período da safra, quando havia muita oferta, e nem sempre recebia o preço justo pelo produto. Essa situação foi mudando aos poucos e com a entrada da soja, nos anos 1980, deu-se o grande salto agrícola

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da região. [NR: O Brasil é o maior produtor mundial de soja, com 38,502 milhões de hectares plantados e 135,409 milhões de toneladas produzidas na safra 2020/21, segundo levantamento da Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento. A produção nos Estados Unidos, segundo maior produtor, foi de 112,549 milhões de toneladas]. Aos 56 anos de fundação e investimentos em diferentes áreas do agronegócio, a Caramuru ainda se mantém uma empresa familiar. Como é o assédio das gigantes do agronegócio? Já foi maior, mas de vez em quando ainda recebemos proposta de venda. O que nos torna menos visados, acredito eu, é que atuamos em um nicho do negócio que poucos se mostram interessados que é o processamento da soja não transgênica. Quanto à empresa, ela é gerida pela família [hoje são três irmãos à frente dos negócios], mas contamos com conselho externo independente.

Recentemente a Caramuru voltou ao noticiário com mais um movimento de abertura de capital. O que você pode dizer sobre isso? O que posso dizer por enquanto é que a abertura de capital é uma das possibilidades futuras que estudamos há algum tempo. Uma das áreas que tem merecido pesado investimento da Caramuru é a logística, especialmente o transporte por ferrovia e hidrovia, setores que não vinham merecendo tanta atenção do poder público. Ferrovias e hidrovias são estratégicas no agronegócio, pois transportam grandes volumes com mais economia, mais segurança e com menor desperdício. [Dados da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, Abifer, mostram que em 1 quilômetro um caminhão consome 13 vezes mais energia que um trem para transportar uma tonelada de carga – e que um comboio de 200 vagões transporta volume igual ao de 400 carretas rodoviárias]. Agora em março inauguramos em par-


Borges de Souza é um empreendedor moderno: vem fazendo parcerias com startups. “São mais ágeis que as empresas tradicionais e têm maior liberdade de criação”, avalia

ceria com a Rumo, empresa de logística, o trecho São Simão (GO)-Estrela do Oeste (SP) da Ferrovia Norte-Sul, que vai agilizar em muito o transporte para nosso terminal no porto de Santos. Para você ter uma ideia, 75% do volume exportado por Santos chega por trem. Caminhões são necessários, mas para cobrir curtas distâncias. A Caramuru, que já tinha tradição na produção de biocombustível a ponto de ser a quinta maior produtora de biodiesel no país, também tem investido em etanol combustível a partir do melaço de soja. Você acredita que o etanol de soja é comercialmente viável? Ainda não temos esta resposta, porque o etanol de soja encontra-se em fase de testes. O que posso dizer é que sempre procuramos soluções para racionalizar nosso negócio e um dos caminhos que encontramos são as startups, iniciativas que agregam grande conhecimento e que, por serem mais ágeis que uma empresa tradicional, têm maior liberdade de

criação. [Estima-se em 298 o número de startups voltadas para o agronegócio, a maioria dedicada à agricultura de precisão]. Há dois anos, eu me associei a uma startup que desenvolveu o poliuretano vegetal a partir do óleo de soja. Como a Caramuru atravessou o período mais crítico da pandemia? Tomamos todos os cuidados necessários para preservar a saúde dos nossos funcionários e, se houve um lado positivo, é que aprimoramos nosso setor de TI, fundamental para o trabalho remoto. Mas um ponto que nos surpreendeu é que nosso setor de varejo, representado pela marca Sinhá, teve grande alta em vendas, especialmente o Flocão, nossa farinha de milho flocada, usada como substituto do arroz.

Em sua visão, como serão os próximos 50 anos da Caramuru? Em dez anos muita coisa vai acontecer no setor do agronegócio com as novas tecnologias e maior consciência ambiental. Mas um aspecto que ainda precisa melhorar é a forte dependência do Brasil em insumos básicos para a produção de fertilizantes. Mas mesmo que o país consiga se livrar dessa dependência, é preciso recuperar nossa indústria química, que infelizmente se encontra capenga. Para encerrar, como você gosta de passar seu tempo livre? Tem algum hobby? Meu passatempo predileto é passear com meus cachorros: Margot, uma SRD, e a pug Katarina. TP


REVOLUÇÃO SILENCIOSA As startups que estão ajudando o agronegócio brasileiro a ser o maior do mundo Por LUIZ MACIEL

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om uma das maiores e mais férteis áreas agriculturáveis do planeta, o Brasil sempre foi um protagonista no comércio global de produtos agrícolas. Hoje, na condição de terceiro maior produtor de alimentos do mundo, e de segundo maior exportador, o país caminha para liderar esses dois rankings – ultrapassando China e Estados Unidos no primeiro caso, e Estados Unidos no segundo –, com o uso de técnicas modernas que vêm aumentando ano a ano a produtividade das mais diversas culturas.

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Nos últimos anos, essa evolução tem sido acelerada com a ajuda de pequenas empresas, conhecidas como agtechs, ou agritechs, que oferecem soluções tecnológicas de ótimo resultado nas mais variadas vertentes do agronegócio. O produtor rural brasileiro já conta com mais de 1.500 dessas startups para apoiá-lo em suas decisões. Conheça algumas das agtechs mais promissoras, todas candidatas a se transformar em unicórnios nos próximos anos, ao alcançar o valor de mercado acima de US$ 1 bilhão.


AGROSMART A partir de uma plataforma de agricultura digital, a mais completa da América Latina, a Agrosmart fornece ao produtor os dados necessários para ele explorar ao máximo o potencial de cada hectare. O sistema usa sensores, imagens de satélite e inteligência artificial para gerar recomendações sobre irrigação, melhor aproveitamento do solo e sugestões de plantio. A startup tem clientes nos Estados Unidos, Israel e outros países da América Latina, além do Brasil. agrosmart.com.br

JETBOV A proposta desta agtech é semelhante à da Agrosmart, só que dedicada à pecuária, um setor mais carente de tecnologia no Brasil. Para monitorar a engorda do rebanho, basta ao pecuarista acessar pelo celular o banco de dados da JetBov. Informações sobre datas de vacinação e evolução do peso são transmitidas em tempo real por sensores instalados em brincos nos animais. A empresa, que também está presente no Paraguai, Angola e Moçambique, dobrou de tamanho na pandemia. jetbov.com

GRÃO DIRETO Entrar em contato com compradores, corretores e armazéns é uma necessidade de qualquer agricultor, mas nem sempre isso acontece da melhor maneira. A Grão Direto entra em campo para tornar essa conexão justamente mais segura e amplificada, com bons resultados para todas as partes envolvidas no negócio. Focada na comercialização de grãos, a startup é a única do Brasil convidada a participar do BlackBox Connect, um programa de imersão no Vale do Silício. graodireto.com.br

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SAFETRACE As constantes notícias de queimadas na Amazônia comprometem a imagem do produtor rural brasileiro, que se vê obrigado a ir além da adoção de boas práticas de governança: também precisa exigir o mesmo cuidado de seus fornecedores e deixar isso claro aos clientes no exterior. A proposta da Safe Trace é rastrear a cadeia produtiva de alimentos, integrando informações de todos os elos para dar ao consumidor final a certeza de estar adquirindo um produto de boa procedência. safetrace.com.br

SOLUBIO O controle biológico de pragas na agricultura atrai um interesse cada vez maior dos produtores, por ser um processo mais sustentável e pela tendência de agregar mais valor de mercado aos produtos – a área tratada com esses agentes naturais aumentou 23% no país em 2020, para 19,4 milhões de hectares. A Solubio desenvolveu uma tecnologia de multiplicação de bactérias para combater as pragas da lavoura e já atende 100 grandes produtores em uma área de 1 milhão de hectares. solubio.agr.br

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MOMENTO DE RENOVAÇÃO Para empresários do setor agrícola, o momento é bom para modernizar seu equipamentos. Veja novidades de Massey Ferguson, New Holland e MP Agro Máquinas Agrícolas

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setor de máquinas e implementos agrícolas cresceu 12% em vendas em 2020 em relação ao ano anterior, com faturamento de R$ 40 bilhões. A tendência voltou a ser notada no primeiro bimestre deste ano: em comparação com o mesmo período de 2020, as vendas cresceram

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55%, de acordo com levantamento da Abimaq, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos. Um dos motivos desse desempenho é a renovação e modernização dos equipamentos. Metade do maquinário em operação encontra-se defasado, com mais de dez anos de uso.


FORTE E ECONÔMICO O mais recente lançamento da Massey Ferguson, empresa que completa 60 anos de Brasil, é o pulverizador MF 8285, equipado com motor de 174 cavalos e, segundo o fabricante, com consumo 60% menor em relação aos modelos equivalentes. masseyferguson.com.br

CONECTIVIDADE INTELIGENTE As linhas T8 e T9 de tratores New Holland já são dotadas de arquitetura eletrônica embarcada destinada à agricultura digital. Batizado de PLM Intelligence (sigla em inglês para inteligência na gestão de precisão da terra), o sistema permite total conectividade para monitoramento e controle das operações agrícolas. newholland.com.br

TAURUS ROBUST A novidade da MP Agro Máquinas Agrícolas, empresa de Ibaté, interior de São Paulo, é o Taurus Robust, um distribuidor de fertilizantes sólidos tracionado, indicado no preparo do solo para culturas de soja, milho, algodão e feijão. Com estrutura em aço inox, tem capacidade de carga de 25 toneladas ou 35 toneladas e distribui o fertilizante em áreas de até 36 metros de largura. mpagro.com.br

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DE BEM COM A NATUREZA O agronegócio brasileiro tem muito a ganhar com a preservação ambiental Por LUIZ MACIEL

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nquanto bate recordes sucessivos na safra agrícola, com o uso das tecnologias mais modernas, o Brasil também reforça, a cada ano, a imagem de país que não controla a devastação de seus biomas – especialmente a Amazônia e o Cerrado –, o que leva boa parte do mundo a associar, erroneamente, o agronegócio brasileiro à destruição da natureza. É um equívoco reconhecido até por organizações sociais dedicadas à conservação ambiental. “Os grandes produtores agrícolas nacionais são os primeiros interessados em garantir a boa procedência dos seus produtos para não perder mercado

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no exterior”, admite Tasso Azevedo, coordenador da MapBiomas, ONG que acaba de publicar um levantamento completo da destruição da vegetação nativa no país em 2020. O relatório do MapBiomas, o mais completo já realizado até hoje com essa finalidade, se baseia em imagens de satélite de dois institutos brasileiros (o Inpe-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e o Imazon-Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) e um americano (o Global Land Analysis & Discovery, da Universidade de Maryland). E traz resultados devastadores para a imagem do país – que preocupam não só


Leonardo Dutra, da consultoria EY, e Tasso Azevedo, da ONG MapBiomas: preocupados com o avanço dos especuladores

as organizações que lutam por um futuro mais sustentável, mas um número cada vez maior de empresas e consumidores. De acordo com o estudo, divulgado no início de junho, uma área de 13.853 quilômetros quadrados – nove vezes maior do que a do município de São Paulo ou mais de meio Sergipe – foi desmatada no ano passado. Ou seja, 14% mais do que a devastação ocorrida em 2019, medida pelo próprio MapBiomas. “O Brasil perdeu 158 hectares – ou um Parque do Ibirapuera – por hora em 2020”, adverte o relatório. Azevedo nota que o principal agressor da floresta é o especulador que ocupa uma terra pública – e 75% das terras da Amazônia são públicas – para tentar vendê-la mais tarde. “De cada dez hectares de floresta desmatada, seis viram pastagens, três acabam abandonados e só um hectare vira lavoura produtiva”, afirma. “É esse especulador que precisa ser barrado.” As imagens de satélite geram alertas e permitem identificar não só a área degradada como o nome do proprietário da terra na maioria dos casos – mas a fiscalização é falha e as multas, quando aplicadas, são proteladas, o que acaba consagrando a impunidade. “A fiscalização deve ser melhorada, mas acho que será muito mais efetivo, no médio prazo, recompensar os produtores que prestam serviços ambientais”, sugere o diretor de Sustentabilidade da consultoria EY, Leonardo Dutra. “Eles são os melhores agentes da preservação dos biomas.” A lei de remuneração dos serviços ecossistêmicos – como a

purificação do ar, o sequestro de carbono, a conservação de nascentes, o controle biológico de pragas e um vasto etc – até existe, foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente da República em janeiro deste ano, mas não se sabe quando ela vai deixar de ser uma bela carta de intenções. Como será feita essa remuneração? Como os serviços serão reconhecidos e precificados? Há muitas dúvidas no ar. “O fato é que hoje estamos perguntando ‘como fazer’ e não mais ‘por que fazer’. A sustentabilidade já é reconhecida como um valor fundamental pela maior parte das corporações e da opinião pública. E a cada reunião da Cúpula do Clima avançamos um pouco mais nas ações concretas. No próximo evento, marcado para novembro deste ano em Glasgow, devem ser criados mecanismos para consolidar o mercado de créditos de carbono, por exemplo”, afirma Monica Alcantara, diretora de sustentabilidade da Atvos, uma das maiores produtoras de açúcar e etanol do país. Monica também é coordenadora da plataforma Ação pelo Agro Sustentável, uma das principais iniciativas da rede brasileira do Pacto Global da ONU. O próprio fortalecimento do Pacto Global – que funciona como um agregador de empresas e instituições, das mais diversas, preocupadas em frear as mudanças climáticas que ameaçam o futuro da humanidade – é um indicativo de como o tema sustentabilidade vem ganhando cada vez mais importância. Criado pela ONU no ano 2000, o Pacto Global se distribui por 69 redes

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Monica Alcantara, da Atvos, e Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP: preservar é preciso – até para lucrar mais

locais, abrangendo 160 países, e conta com 16 mil membros que aderiram voluntariamente a dez compromissos de boas práticas nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. A rede brasileira é a segunda mais numerosa, com 1,3 mil participantes. Dois terços deles são empresas, de todos os portes, e o outro terço inclui ONGs, organizações públicas, entidades de classe, municípios e fundações. Participar do Pacto Global é uma maneira de colocar o pé no futuro, procurando se sintonizar com as novas gerações de consumidores, que não decidem a compra apenas com base no preço – querem saber, também, se o produto foi produzido com técnicas sustentáveis e sem uso de trabalho análogo ao escravo, por exemplo. À medida que os millennials – os nascidos entre 1980 e 1994 – assumem postos de comando nas empresas e organizações públicas, essa preocupação é cada vez mais internalizada nas companhias e governos. Os países europeus, que atuam em bloco, são os mais atentos a essas boas práticas, o que deixa os exportadores brasileiros – não só de commodities agrícolas, mas de qualquer produto – de orelhas em pé com ameaças de novas exigências ou mesmo boicote por parte do Parlamento Europeu, a cada notícia de avanço das queimadas na Amazônia. As queimadas são de fato terríveis, mas imaginar a Amazônia como uma floresta que precisa permanecer intocada também é uma falácia, observa o climatologista Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados (IEA), da Universidade de São Paulo (USP). “A cadeia do açaí, por exemplo, emprega 150 mil famílias e já movimenta US$ 1 bilhão por ano, sem causar nenhum dano à floresta”, afirma. Nobre é um dos criadores do projeto Amazônia 4.0, dedicado à difusão de novos negócios agroflorestais na Amazônia. O primeiro deles, financiado por organizações independentes e prestes a ser lançado, prevê o aproveitamento do cupuaçu num produto semelhante ao chocolate, o “cupulate”. “Há um grande potencial nos produtos da Amazônia que ainda nem conhecemos”, destaca. Um Relatório da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos corrobora o professor Nobre: ele aponta que um hectare de floresta pode gerar até R$ 12 mil anuais em sistemas agroflorestais, enquanto um hectare desmatado para a pecuária daria um lucro de no máximo R$ 100 por ano, e entre R$ 500 e R$ 1 mil se usado para o cultivo de soja. A vantagem de manter a floresta em pé é muito clara. Basta fazer as contas. TP

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EMPRESAS

RESPONSABILIDADE SOCIAL DÁ LUCRO Empresas que adotam medidas ambientalistas e pela diversidade favorecem não só a ética mas também os rendimentos Por FRANÇOISE TERZIAN

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s petrolíferas, mineradoras, madeireiras e gigantes do agronegócio recorrem ou pensam em recorrer ao ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) para escapar da pecha de prejudiciais ao meio ambiente. Para isso, as companhias mais sérias desses setores vêm tentando se submeter às novas exigências. Mas não só essas companhias. Também conhecida por ASG – de Ambiental, Social e de Governança Corporativa –, ESG é, hoje, a sigla mais repetida pelos gestores do universo corporativo. E cada dia mais exigida pelos investidores.

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A sigla dá a entender que uma empresa tem práticas e processos claros de atuação de respeito ao meio ambiente, ao homem, à sociedade e à ética. Ou seja, não pode desmatar nem poluir e tampouco fechar os olhos para trabalho infantil. Mais: não deve discriminar funcionários, sobretudo pela cor, raça ou orientação sexual. Empresas que pagam salários menores às mulheres e não têm presença - ou têm baixa presença - feminina em cargos de diretoria e conselhos de administração também não devem ser consideradas exemplos em ESG.


Gradativamente, esses critérios avançam inclusive nos negócios do universo do luxo. Há pouco, a grife Giorgio Armani apresentou um lançamento que pode ser definido como “o perfume da era ESG”. Trata-se da fragrância feminina My Way. Entre outros atributos, este floral recorre a ingredientes naturais adquiridos de forma responsável, em colaboração com ONGs locais e por meio de programas que apoiam comunidades vulneráveis. Um deles, a tuberosa indiana, é escolhido a dedo na região indiana de Mysore, por fazendeiros de campos na aldeia de Tirumakudal Narsipur. “As grifes cada vez mais extraem matérias-primas de forma responsável, afirma Rachele Montellano, diretora de marca da L’Oréal Lux (divisão do grupo francês que tem Giorgio Armani em seu portfólio). “Acredito que este seja um movimento sem retorno na L’Oréal Luxo.” O frasco de My Way também foi pensado para durar. Por isso, traz um sistema de recarga inovador. A válvula spray pode ser removida e, em seguida, o refil de 150 ml é conectado ao frasco da fragrância de 50 ml. Dá-se assim início ao processo de reabastecimento que é 100% automático. Isso permite uma redução de 32% no uso de papelão e 55% no de vidro. Há ainda uma diminuição de 64% de plástico e de 75% de metal. Além disso tudo, a fragrância é a primeira do grupo L’Oréal com o compromisso de neutralidade de carbono. De acordo com a empresa de consultoria Ernst & Young, o mundo está se redesenhando para uma economia de baixo carbono. Internalizar essas questões nas estratégias de negócios cria, ao mesmo tempo, oportunidades e dificuldades. Mas atuar de forma reativa, esperando uma exigência legal para tomar uma atitude, não é o melhor caminho para extrair valor desse futuro que começa a surgir. É preciso assumir uma mentalidade estratégica e incorporar as questões ESG ao core dos negócios, transformando práticas, processos e estruturas.

ATÉ NA BOLSA DE VALORES Marcella Ungaretti, analista de ESG da XP Investimentos, lembra que empresas de capital aberto que seguem os critérios ESG têm suas ações mais valorizadas nas bolsas de valores em relação às demais companhias. E este, ao que tudo leva a crer, é um caminho sem volta.

CHEGOU PARA FICAR Não é de hoje que os investimentos orientados pela ESG têm experimentado uma ascensão global. O relatório Five Ways that ESG Creates Value (Cinco Maneiras Que o ESG Cria Valor), da McKinsey, já fazia esta afirmação em 2019. Naquele momento pré-pandemia, o investimento sustentável girava em torno de US$ 30 trilhões. Um aumento de 68% desde 2014 e dez vezes maior que em relação a 2004 – ano em que o termo ESG foi cunhado por uma publicação do Banco Mundial em parceria com o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). “Hoje, mais de US$ 35 trilhões são geridos no mundo por fundos com estratégias sustentáveis”, contabiliza Marcella Ungaretti, analista de ESG da XP Investimentos. Em outras palavras: são fundos que consideram os critérios ESG na hora de investir o seu dinheiro. Esse número tem crescido de forma exponencial. A aceleração contínua e crescente, explica a McKinsey, foi impulsionada por fatores sociais, governamentais e ambientais, tanto por parte do novo consumidor como pelo mercado financeiro. Definitivamente, o ESG é um movimento que veio

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É preciso tomar cuidado para não cair na cilada do greenwashing . Ou seja, quando um negócio é verde só na fachada – e, na verdade, passa muito longe dessa preocupação

SEM CARBONO Rachele Montellano, diretora da L’Oreal Lux, ressalta que as grifes de luxo também aderiram ao ESG. O perfume May Way, da Giorgio Armani, do portfólio da empresa, reduziu o uso de papelão, vidro e metal. E tem compromisso com a neutralidade de carbono.

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para ficar. “Ele ganhou contornos ainda mais fortes a partir de 2020, principalmente pelas emergências climáticas”, aponta Mariana Santos Faria, gerente sênior de sustentabilidade da Ernst & Young. Dentre essas demandas, ela cita a Agenda 2030 da ONU e o Acordo de Paris, que, de 2015 para cá, visa combater as mudanças climáticas e barrar o aumento da temperatura terrestre. “Tudo isso vem dando um tom de mudança geracional muito forte”, explica Mariana. Tal movimentação deu força ao chamado “capitalismo de stakeholder” - incluem-se aí consumidores, funcionários, comunidades locais e toda a cadeia produtiva. O lucro pelo lucro deixa de ser a única prioridade. “Grande parte dessa pressão veio dos investidores, da carta do CEO da BlackRock (maior gestora de investimentos do mundo), ao afirmar que risco climático era risco de investimento”, lembra Mariana. Já o consumidor, cada dia mais, busca escolher produtos e serviços que se enquadrem nos termos da responsabilidade social. Os critérios do ESG são, cada dia mais, considerados essenciais nas tomadas de decisão de muitos gestores de ativos. Mariana Santos Faria só faz um apelo: muito cuidado para não cair na cilada do greenwashing - prática condenável na qual um negócio finge ser verde para posar de sustentável e responsável, quando, na verdade, não tem essa preocupação. Felizmente, o ISE B3 (Índice de Sustentabilidade Empresarial) é um exemplo inspirador. Hoje há várias empresas no Brasil adotando os critérios


do ESG. Mesmo que em graus diferentes de maturidade, esse termômetro mostra o avanço da consciência das companhias. GRANDES EMPRESAS E O ESG Está comprovado. Investir em ESG traz bons retornos, mais cedo ou mais tarde, tanto para as empresas que abraçam o conceito quanto para os investidores. Programas ESG fortes podem aumentar a liquidez das ações, garante a Nasdaq, segunda maior bolsa dos Estados Unidos. Os investimentos sustentáveis e de impacto estão crescendo ativamente a taxas de dois dígitos. No Brasil, uma comparação entre o índice de retorno total ISE B3 e o Ibovespa (mais importante indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3) deixa isso claro. “Desde a criação do ISE, no começo de 2006, até julho de 2021, ele registrou mais de 284% de valorização contra 262% do Ibovespa”, compara Marcella. E isso não é só no Brasil. “Fizemos um estudo olhando para trás, observando e comparando a performance de índices ESG versus benchmarks ao redor do mundo e em diferentes períodos de tempo e é sempre assim”, continua Marcella. “Empresas bem posicionadas na agenda ESG tendem a ser as vencedoras.” Mas por quê? Pelo fato de seus pilares as levarem ao crescimen-

to, o que tem ligação direta com o resultado financeiro. Por sua vez, isso abre os olhos dos investidores e movimenta todas as pontas. Do fornecedor da empresa em questão ao seu acionista. Só para relembrar: o ISE B3 reúne empresas reconhecidas pelo seu comprometimento com a sustentabilidade empresarial. Sua função é apoiar os investidores na tomada de decisão de investimento e induzir as companhias a adotarem as melhores práticas de sustentabilidade, uma vez que as práticas ESG contribuem para a estabilidade dos negócios. Para citar algumas das empresas presentes no ISE B3, consideradas cases hoje em ESG, destaque para AES Brasil, Ambipar, Anima Holding, Bradesco, Banco do Brasil, BRF, Duratex, Fleury, Itaúsa, JBS e Lojas Renner. A Europa lidera essa corrida. No Velho Continente, um a cada dois fundos já considera os critérios ESG na hora de fazer seus investimentos. Ou seja, um percentual de 50%. Já nos Estados Unidos o número é mais baixo - 1 a cada 4. Quanto ao Brasil, ainda engatinha no tema. Marcella conta que o primeiro mapeamento foi conduzido pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Revelou que o percentual de produtos conectados aos pilares do ESG é de 2%. “Ainda que seja somente 2%, esse número saiu do zero e vem aumentando.”

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A pandemia colocou um holofote sobre o tema. O papel dos analistas que recomendam papéis ou fundos compostos por ações de empresas diversas é acompanhar a evolução das companhias na agenda ESG, de forma a mitigar riscos e capturar oportunidades. E oportunidade é o que não falta. OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO Marcella Ungaretti cita três exemplos de empresas cuja estratégia de negócios tem aderência ao ESG: ORIZON VALORIZAÇÃO DE RESÍDUO - Abriu, recentemente, capital na bolsa. Trata-se de uma empresa de tratamento de resíduos que investe em tecnologia para gerar energia limpa, desenvolver a economia circular e proteger o meio-ambiente; AERIS - Fabricante brasileira de pás para geradores de energia eólica que atua em localização estratégica do Nordeste. A empresa está bem posicionada nos pilares ESG e atua na economia de baixo carbono; ENJOEI - Uma plataforma de revenda do mercado de segunda mão. Enquanto a indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo, o Enjoei atua na direção do reaproveitamento das peças.

A PRESSÃO DE QUEM INVESTE Mariana Santos Faria, gerente sênior de sustentabilidade da consultoria Ernst & Young, afirma que grande parte das pressões para que uma empresa resolva aderir aos preceitos ESG vem dos investidores. Mas também os consumidores estão a cada dia mais atentos nesse sentido.

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MUDANÇA DE OLHAR A Diretoria ESG da XP, da qual Marcella faz parte, foi criada há um ano e já conta com R$ 3 bilhões de ativos sob custódia e a meta de fechar 2021 com R$ 8 bilhões. Já foram lançados mais de 30 fundos alinhados à agenda ESG, que passaram de um patrimônio líquido de R$ 50 milhões, em junho de 2020, para quase R$ 1 bilhão na metade deste ano, com mais de 50 mil investidores. A meta para os próximos cinco anos é de que, ao menos, 15% do volume total de operações de renda fixa e instrumentos híbridos emitidos pela XP tenha algum ângulo de sustentabilidade. A área de Marcella Ungaretti recomenda investimentos para empresas de capital aberto. Trata-se de um processo de análise que vai além dos indicadores econômicos e financeiros tradicionais (como faturamento e lucro). Ou seja, antes de recomendar a compra de uma ação, por exemplo, o time da XP analisa se a empresa em questão está posicionada em ESG frente ambiental, social e de governança. TP



OPINIÃO

UNINDO CULTURAS EM PROL DO CRESCIMENTO

OP

Por ALEXANDRE VELILLA GARCIA

A

Alexandre Velilla Garcia, Profissional do ano 2020, CEO do Cel.Lep e sócio-fundador da Quest Construções, é economista com pós-graduação em management pelo ISE/IESE-University of Navarra. Apresenta o programa Café com CEO, na Record News TV velillagarcia@uol.com.br

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construção de espaços corporativos inclusivos deixou de ser somente um anseio de algumas lideranças. Tornou-se sobretudo um imperativo econômico e de responsabilidade social dentro de uma realidade que reivindica igualdade de oportunidades para pessoas de todos os gêneros, etnias, origens, gerações, orientações sexuais e perfis socioeconômicos. O ambiente de uma empresa, enfim, deve ser visto agora como um ecossistema vivo composto por diferentes culturas e skills. Diversidade — eis a palavra. Sim, promover a difusão desses ambientes multiculturais e multifacetados implica uma jornada de desafios. Mas vale a pena. Afinal, quando geramos oportunidades para todos, o diferencial será a competência. Temos assim a chance de estruturar corporações em que o valor do trabalho de cada colaborador é, de fato, o ponto-chave para o sucesso de uma carreira. Meritocracia — eis outra palavra. Toda essa conjuntura de diversidade, aliás, pode favorecer o processo de inovação e modelos de gestão mais criativos. As lideranças terão a seu favor equipes com diferentes perspectivas e visões de mundo para conduzir projetos mais dinâmicos. Não por acaso, uma série de estudos aponta que a busca pela diversidade traz resultados concretos. Uma reportagem da Forbes de janeiro do ano passado indicou que companhias com equipes de gerenciamento mais diversas têm margens de EBIT (lucro operacional), em média, quase 10% maiores. Além disso, empresas com diversidade acima da média alçam ganhos de 19% relacionados a seus processos de inovação. Dito isso, um dos principais pontos críticos para as lideranças nessa jornada envolve, antes de tudo, o “tirar do papel” as boas intenções. Não adianta apenas adotar belos discursos para o mercado. A mesma reportagem da Forbes cita uma pesquisa da PwC na qual 83% das lideranças enxergam que suas empresas deveriam fazer mais para promover a diversidade racial e de gênero. Quantas, de fato, levam isso para a prática? A mudança em prol da diversidade tem de ser efetiva. Mais: não pode ser estruturada do dia para a noite. Trata-se de uma jornada de médio prazo. Há diferentes caminhos que podem ser seguidos nesse sentido: de parcerias com ONGs/startups e empresas especializadas em recrutamento inclusivo a programas internos (de trainees/estágios/aprendizes) focados em diversidade. O importante é termos uma estratégia. Como lideranças, cabe a nós a missão de guiar esta jornada. Acima dos resultados práticos, paira a dimensão humanitária. Como bem frisou a paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, “a diversidade promove a tolerância”. Ela permite, enfim, que pessoas possam ter esperança “sem que se coloquem fronteiras ou barreiras para o futuro e os sonhos delas”. TP

© TUCA REINÉS


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