EDIÇÃO ESPECIAL EM HOMENAGEM A MÁRIO JOSÉ GONZAGA PETRELLI
V I VA A V I DA ! UM HOMEM À FRENTE DE SEU TEMPO: CHEIO DE IDEIAS E REALIZAÇÕES, MÁRIO PETRELLI CONTRIBUIU PARA O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL SENDO UM EMPRESÁRIO ARROJADO, DEMOCRÁTICO E HUMANO
Ă?NDICE
2
topview.com.br
XXXXXXXX
MÁRIO JOSÉ GONZAGA PETRELLI.
topview.com.br
3
ÁLBUM DE FAMÍLIA
4
topview.com.br
topview.com.br
5
XXXXXXXX
topview.com.br
6
EXPEDIENTE
Fundador e Presidente Emérito MÁRIO J. GONZAGA PETRELLI Presidente do Grupo RIC LEONARDO PETRELLI Diretor Corporativo Administrativo & Financeiro ANDRÉ FERREIRA Diretor Corporativo de Tecnologia e Estratégia ANDRÉ FRONZA Diretor Corporativo de Produto, Conteúdo & Convergência MARCUS YABE Diretor Corporativo de Mercado & Soluções Integradas NEY BRAGA ALVES Head de Jornalismo & Conteúdo Multiplataforma IVETE AZZOLINI Head de Trade Marketing & Planejamento Comercial GISLAYNE MURARO Head Digital RIADIS DORNELLES Diretor Regional – Unidade Londrina CARLA HOFFMANN Diretor Regional – Unidade Maringá GUSTAVO GARCIA Diretor Regional – Unidade Oeste PEDRO LUIS ANDRADE Diretor de Mercado Curitiba GILSON BETTE Diretor de Mercado Nacional JOSÉ TRAVAGIN Diretor de Mercado de Rádios e Novos Negócios MARCELO REQUENA
Publisher MARCUS YABE Gerente de Conteúdo e Projetos Multiplataforma PATRICIA TRESSOLDI Coordenador de Produção RODRIGO SIGMURA Repórter SILVANA UKACHENSKI Designer Gráfico SUSAN VOLANSKI Foto da Capa e Álbum de Família LUCIANA PETRELLI Revisão FILIPPO MANDARINO Colaboradora da Edição TATIANA RANGEL
Diretor de Mercado MARCELO REQUENA Gerente de Negócios & Relacionamento MARCELE POIANI Executivos de Negócios & Relacionamento LUBNA BRAYTIH, BRUNO COMINESE e PRISCILA OGASSAWARA Assistente Administrativo REGIANE SCHUPEL � Impressão TUICIAL
Luciana Petrelli.
TOPVIEW Rua Amauri Lange Silvério, 450, Pilarzinho, Curitiba. 82120-000. Tel.: (41) 3331-6100. topview.com.br. CNPJ: 07.066.992/0001-07��
topview.com.br
7
C A R TA A B E R TA
AO MEU AMIGO
M
eu pai, grande amigo, companheiro e incentivador, não está mais fisicamente entre nós, mas foram quase 60 anos de convivência intensa e muito carinho. Nestes dias tristes, falei com muitas pessoas que participaram da sua vida e uma delas me chamou muito a atenção. Era um amigo de infância que estudou com ele em Laguna. Disse ele que Mário, já naquela época, era um aluno fora da curva, com QI acima da média, e não parava de questionar a todos e tudo, além de possuir uma memória e uma capacidade de raciocínio fantásticas. Ele morava com minha avó, Alice, que era uma mulher extraordinária, cujo pai, Leonardo, viajava constantemente como engenheiro, conduzindo grandes obras. Hoje, entendo perfeitamente porque minha avó acabou enviando meu pai para morar em Curitiba, sob a tutela de seu irmão mais velho, Armando Petrelli. Ela queria que Mário voasse! E foi exatamente isso que ele fez — Santa Catarina era pequena demais para ele. Armando Petrelli tinha uma excelente rede de relacionamentos e, por meio de suas primas, Dayse e Arlete, Mário acabou conhecendo Dircéa, que se tornou sua esposa. Começou aqui, com sua experiência em jornalismo e seu espírito inquieto, a ocupar
8
topview.com.br
espaço no cenário de seguros e da política. Foi presidente do Diretório Estudantil do Colégio Estadual do Paraná, do qual foi aluno, já mostrando seu viés político e sua capacidade para o embate saudável. Constituiu sua família aqui e veio a ter 5 filhos: Luciana, Leonardo, Mário Filho, Marcello e Rosimar. Aqui desenvolveu sua vida empresarial e alcançou os mais altos postos da carreira empresarial de seguros por meio da Boavista Seguros, tornando-se, depois, vice-presidente da Atlântica Boavista e, por fim, vice-presidente da Bradesco Seguros. Foi um desbravador nesse segmento, criando a maior apólice de seguros de vida do mundo, chamada TOP CLUB. Ainda nesse setor, teve amigos e companheiros fantásticos, começando com Amador Aguiar e Lázaro Brandão, da Bradesco; amigos até o final dos seus dias, como Braguinha e Antonio Carlos de Almeida Braga, que se tornou um grande amigo, junto com seus filhos, Kati e Luis Antonio; Nilton Molina, que figurava como um dos seus mais fraternos companheiros; seu querido amigo do setor de seguros e presidente da Fenaseg por muito anos, João Elisio Ferraz de Campos, entre muitos outros. Teve aqui, também, um parceiro no mercado empresarial que foi seu companheiro e parceiro por mais de 40 anos, o advogado Dr. Augusto Prolik. Augusto era o freio e a cautela ao lado do furacão que era o Mário. Juntos, criaram muitas coisas e se divertiram bastante. Mário criou seus filhos até a fase adulta e teve uma intensa vida social. Visionário, construiu uma casa além do seu tempo, que abrigou grandes acontecimentos sociais e políticos. Adorava receber os amigos, de forma que a família se tornou uma referência na cidade nas décadas de 1970 e 1980, reunindo um enorme número de pessoas em seus eventos. Mário e Dircéa eram um casal que adorava o que fazia. Gostavam
Luciana Petrelli
por Leonardo Petrelli, filho e amigo
de acolher seus amigos e proporcionar momentos de alegria. Cultivaram amigos deliciosos, como Chico Macedo, Aldo Almeida, Joaquim Santos, Lincoln Tarquinio, Alceu Gugelmin, Forte Neto, Gandolfi, Cecilio Almeida e tantos outros. Perdemos minha mãe há mais de 10 anos, mas ela foi fundamental para a criação dos filhos e para dar suporte para ele voar o Brasil atrás de seus sonhos. Sobretudo — com sua generosidade, bondade e educação —, contribuiu para que a nossa família tivesse criado os valores necessários para que seus filhos florescessem. Viva a Dircéa! Aqui no Paraná, Mário também se envolveu em política e pude conviver, mesmo ainda muito jovem, com figuras como Ney Braga, Paulo Pimentel, Norton Macedo, Jaime Lerner, José Richa, Euclides Scalco, Alvaro Dias, Beto Richa, Rafael Greca e tantos outros, sempre aprendendo. Na política, Mário sempre foi dono de um espírito público e a favor do país. Nunca teve interesse individual. Gostava de articular, integrar e liderar. Mário era um animal político. Na década de 1980, resolveu se mudar para SC, sua terra natal, onde tinha tantos amigos. Levou para lá, além de sua esposa, seus filhos, com exceção de mim, que estava estudando no exterior (depois, fui morar no Rio de Janeiro — Santa Catarina nunca foi minha praia). No entanto, o espírito de Mário estava cada vez mais para o meio político. Continuou no ramo de seguros, porém, com um forte viés para a política catarinense. Fez lá grandes parceiros, que se tornaram amigos até os últimos dias. Jorge Bornhausen, seu amigo inseparável, Paulo Bornhausen, Luiz Henrique, Claudio Avila, Cezar Gomes, Ivan Moritz e tantos outros que seria impossível listá-los. Na década de 1980, iniciou sua investida pela comunicação. Mário tinha o jornalismo na veia desde os tempos de foca,
E " le deixa um legado bonito para as gerações futuras e vamos, sim, ficar com saudades, mas guardaremos nos nossos corações as belas emoções que tivemos juntos. topview.com.br
9
C A R TA A B E R TA
por Leonardo Petrelli, filho e amigo
10
topview.com.br
T" er tido a oportunidade de testemunha a vida extraordinária do Mário e, frequentemente, participar dela, foi a minha verdadeira herança. de sua vida e que foram essenciais para que ele permanecesse com sua saúde intacta. No Paraná, o nosso amigo Gilson Yared, seu cardiologista de plantão em terras paranaenses e, também, o quase sobrinho médico, José Macedo, sempre pronto para ampará-lo. Em Santa Catarina, a dupla dinâmica Felipe Simeão, cardiologista e amigo, e o inseparável Ivam Moritz, que, além de médico, era também seu parceiro de travessuras memoráveis. Por último, o seu cardiologista de São Paulo, o Dr. Protásio. A todos eles, o nosso agradecimento pela competência e pelo carinho com que trataram o meu pai. Por fim, quero, em nome da minha família, da Karla, de meus filhos, Eduardo e Mário Neto, agradecer a vida maravilhosa que ele proporcionou a todos nós e a seus amigos e familiares. Ele deixa um legado bonito para as gerações futuras e vamos, sim, ficar com saudades, mas guardaremos nos nossos corações as belas emoções que tivemos juntos. Ter tido a oportunidade de testemunhar a vida extraordinária do Mário e, frequentemente, participar dela, foi a minha verdadeira herança. Viveu intensamente! Como dizia, VIVEU A VIDA! Com carinho, do seu filho e amigo, Leonardo Petrelli
Luciana Petrelli
quando fazia cobertura política no Diário do Paraná, aos 19 anos. Adquiriu duas rádios em Curitiba e, ao mesmo tempo, uma TV em Chapecó. Por volta de 1986, iniciou a criação do que viria a ser o maior grupo de comunicação do sul do país, com mais de 10 emissoras de TV, 5 de rádio, jornais, revistas e portais de internet, empregando mais de 1.200 funcionários e cobrindo mais de 17 milhões de habitantes nos estados do PR e de SC. Hoje, o grupo é denominado GRUPO RIC, no Paraná, e GRUPO ND, em Santa Catarina. Fazíamos questão de apresentá-lo como FUNDADOR e PRESIDENTE EMÉRITO, pois, apesar de ter ficado pouco na rotina da gestão, foi o idealizador, o estrategista, o investidor e, sobretudo, o sonhador de tudo o que, em equipe, acabamos formando. Mário é o mentor disso tudo! Quando perdemos nossa mãe, Mário ficou sem chão. Acostumado a ter sua esposa como o grande suporte para quase tudo, ficou em um vazio muito grande até encontrar uma mulher extraordinária, que lhe deu um novo voo. Mário, com Mônica Buffara Petrelli, construiu uma vida fantástica nos últimos dez anos. Mônica foi sua companheira, sua protetora, sua guia e, mais do que tudo, uma mulher que mostrou como era possível continuar voando no campo político, empresarial e social, agora em outra dimensão. Filhos criados e encaminhados, Mário e Mônica viviam como dois namorados. Construíram uma família maior, com os maravilhosos e generosos Buffara e seus filhos, netos, genros e noras. Foram encontros, viagens, festas, homenagens e alguns hospitais no meio, que permearam a vida do nosso querido pai e da Mônica nestes últimos anos. Aqui não posso deixar de mencionar os amigos médicos que ele cultivou ao longo
topview.com.br
11
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
12
topview.com.br
UMA VIDA PARA SER LEMBRADA Conheça a trajetória de Mário Gonzaga Petrelli, uma vida cheia de histórias e baseada no respeito ao próximo, em valores morais e na ética
Luciana Petrelli.
U
m homem que acreditava no trabalho, na família e na liberdade. Esse foi Mário José Gonzaga Petrelli, um dos pioneiros da comunicação em Santa Catarina e no Paraná e que ajudou a construir a história do Brasil. Por onde passava, conquistava o respeito e a admiração das pessoas, por conta de suas ideias inovadoras e sua preocupação com a manutenção das características regionais, por meio de projetos que gerassem empregos e desenvolvimento. Definido por muitos como um homem generoso, sensível, culto, solidário e que se preocupava com o futuro do país, Dr. Mário, como era carinhosamente chamado por todos os que conviviam com ele, foi arrojado e democrático. Transitava pelos meios empresariais e políticos e não fazia distinção de credo, raça, ideologia, partido, religião ou condição social. Com a morte do Dr. Mário, fundador e presidente emérito do maior grupo regional de comunicação do sul do país, em 22 abril de 2020, aos 84 anos, fica o exemplo de homem humilde, que, com muita dedicação e amor, construiu uma história singular. Seus ensinamentos serão sempre um legado e, seu exemplo, fonte de inspiração. topview.com.br
13
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
P por Luciana Petrelli, filha
“
ara falar sobre meu pai, preciso transformar minhas impressões em imagens, até porque foi ele que me incentivou a ver melhor o mundo que estava lá, pronto para ser absorvido. ‘Durma pouco, não desperdice a vida dormindo!, ele dizia. Era encantado pela vida; nosso tempo era para experiências. Quando eu tinha 7 anos, em um passeio pela Praça da República, ele me mostrou que existem diferenças entre os humanos, porém, cada um deve ter a responsabilidade e a coragem de viver para valorizar a bagagem recebida e dela tirar o melhor, sabendo que tudo pode ser passageiro. Com ele, entendi o valor dos argumentos e como fazer valer uma ideia. Sonhar sempre, mas realizar será sempre melhor. Sei que nos amamos e aprendemos a aceitar nossas diferenças — o tempo foi nosso grande amigo. Claro que queria mais, esperava encontrá-lo às 13h e ver que estava tudo bem, pois sempre estava. Sua força e determinação nos faziam crer nas possibilidades positivas, sempre para frente, com esperanças. Assim me sinto hoje, completamente envolvida com suas ideias, o verbo ‘compor’ e o gesto ‘aceitar’ ficarão gravados em mim com a marca deste homem, meu pai. Ele foi um vento sobre o mar, gerando movimentos infinitos, mergulho fundo nessa imagem e retorno com gosto pela vida. São momentos de coragem que se tornam desafios que emocionam. Viva a Vida!!!
” M“ por Rosimar Petrelli, filha
14
topview.com.br
eu pai era um homem maravilhoso que sempre cuidou de mim. Ligava sempre para saber como eu estava, para saber da família, do trabalho, queria me ver bem e feliz. Era um homem muito inteligente e gostava de dividir com os filhos suas experiências. Gostava de contar as histórias do mundo político, das empresas, e se preocupava em nos passar bons ensinamentos. A gente absorvia muita informação, porque ele era muito articulado e acompanhava todos os acontecimentos. Conviver com ele era um prazer. Brincalhão, cada vez que a gente se encontrava, ele pegava no meu nariz, batia no meu bumbum e me chamava carinhosamente de “macaca” e minha filha de “macaquinha”, porque somos agitadas. Ele queria que os filhos estivessem sempre por perto para poder cuidar de cada um com muito carinho. Ele era um homem muito correto. Sempre disse que agir da forma certa, sem irregularidades, faria com que a gente se sentisse bem e estivesse bem.
”
por Mário José Gonzaga Petrelli, filho
por Marcello Petrelli, filho
M
“
S
” “
eu pai era capaz de enxergar além e, com sua brilhante memória, juntamente com sua fala mansa e, ainda assim, firme, conseguia encontrar soluções onde ninguém percebia e acreditava. Muitas pessoas, ao longo de sua vida, o procuravam em busca de seus conselhos. Por onde andei neste Brasil, sempre encontrei alguém que por ele tinha uma profunda gratidão, por conta de alguma ajuda ou algum ensinamento que ele tivesse proporcionado. Não trabalhei com ele, pois escolhi uma carreira diferente daquela em que ele atuava, mas tive o privilégio de estar em sua companhia em diversos encontros sociais, políticos e empresariais, observando sua maneira gentil, atenta e eloquente de conduzir esses encontros. Com ele, aprendi a importância da coerência, da gentileza e do conhecimento para se ter uma vida digna e feliz. Seu apego à fé, à família e aos seus valores me influenciou e influencia muito. Compartilho com minhas filhas e meus amigos este presente que foi o convívio com ele nestes 56 anos. A falta que ele faz é suprida pela lembrança da sua bondade e eterna vontade de ajudar o próximo.
empre foi para mim uma referência. Não tinha tempo para ensinar, mas quase tudo o que aprendi foi com ele. O valor e o prazer do trabalho. O cuidado com a família. O ajudar quem precisa. Olhar para a comunidade e se preocupar com ela. Tive, nestes últimos dois anos, o privilégio de estar mais próximo dele, em almoços e jantares, visitando-o, falando todos os dias por telefone no mínimo duas vezes, conversando, ouvindo, aprendendo mais e mais. Sempre esteve ao meu lado nas minhas mudanças e sempre apoiou com amor e confiança as minhas opções. Você me aceitou, me apoiou e me incentivou. Me liberou para voar e conquistar tudo o que tenho hoje. Perdi um pai, um amigo, um mentor, uma referência. Viveu quase 85 anos. Ele foi em paz, lúcido e sem dor. Ainda não deu para chorar o quanto eu quero chorar pela saudade que terei dele. Estou em paz pelo que vivi com ele. Te amo, Mário, meu pai.
”
topview.com.br
15
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
por Mônica Buffara Petrelli, esposa
por Manu, Dario, Helena e Maria, da família Buffara
16
topview.com.br
V
“
S
” “
ivemos 10 anos juntos. Ele era um homem muito intenso e isso nos tornou cada vez mais unidos. Sempre brincalhão, gostava de fazer pegadinhas — e aí vinha aquela risada gostosa. Um espírito leve que só ele tinha. Acordar ao seu lado, tomar café da manhã, jogar tranca — ele adorava, mas, quando perdia, fazia bico — e, antes de dormir, ele gostava muito de conversar, contar histórias da sua vida, de pessoas e da ilha que ele amava tanto. Fizemos muitas viagens, vivemos momentos muito felizes com os filhos, netos e amigos queridos. Era realmente um agregador! O que eu mais admirava nele era o amor ao próximo. Em dezembro de 2017, em um dia lindo de domingo, fomos nós dois almoçar fora. Quando chegamos, veio um guardador de carros. Ele só tinha uma perna e eu falei: ‘Olha que triste este menino.’ Ele só olhou para mim e não falou nada. Gostava mais de ouvir do que falar. Na saída, ele chamou o menino, que veio pulando, e perguntou: ‘O que você quer de Natal?’ O menino prontamente respondeu: ‘Uma perna!’ Aí o Mário tirou um papel do bolso e deu a ele, falando: ‘Este é o telefone da minha secretária, ligue para ela amanhã e você vai ganhar sua perna.’ Momento emocionante e que sempre estará guardado em minha memória. Este era meu marido. Saudades que não cabe em mim.
audade remete ao passado, mas alegra o presente. Mário, você irá não só alegar o presente das nossas vidas como o futuro. As lembranças são tantas quando lembro que me fazem rir e chorar, mas o mais importante: me fazem lembrar. Lembro-me da Maria roubando sua bengala e todos na casa à procura dela. Lembro-me do cachorro que a mãe comprou, Nick, que roubava dinheiro da sua carteira. Lembro-me das muitas vezes em que tive oportunidade de cozinhar para você e te fazer sorrir. Lembro-me das brincadeiras com as meninas, os jornais jogados no chão do apartamento da praia, a viagem de navio com os netos que ficou para a história, de tanta gargalhada... mas do que mais me lembro é de suas reflexões sobre a vida, sobre meu restaurante, suas opiniões e ideias, que gostava tanto de ouvir e gostaria de ouvir muito mais. Obrigada por nos dar memórias para levar para a vida toda, somos muito gratos. Deixo aqui minha homenagem sincera por tudo o que você representa para mim e para a minha família.
”
por Eduardo da Silva Ramos, da família Buffara
É
“
F
” “ ”
uma honra e também uma responsabilidade muito grande falar sobre o Mário, uma das pessoas mais inteligentes que já conheci. Logo depois que o conheci, com poucas conversas, eu já falava que o Mário era uma enciclopédia em pessoa, sabia tudo sobre a História do Brasil e, ainda, dos estados do Paraná e de Santa Catarina. Uma lembrança que eu tenho é de uma das viagens que fizemos, com a família da minha mãe e a dele. Estávamos na Croácia e tinha uma pequena ilha chamada Hvar que eu já conhecia e à qual eu queria que eles fossem. Para isso, tinha organizado um barco que levaria todos até lá. Quando chegamos à marina, começou a chover e o mar ficou agitado. Alguns já tinham desistido antes mesmo de sairmos, mas o Mário não deixou de fazer piada e foi o primeiro a entrar no barco. Durante o trajeto, demos muitas risadas, pois ele queria arranjar um casamento entre a minha avó — que estava junto no barco — e o capitão da embarcação, um italiano chamado Schettino — que tinha ficado famoso no ano anterior após o naufrágio de um navio. Essa é só uma das lembranças boas que vou ter do Mário, sempre feliz e de bem com a vida.
oi um ser humano extraordinário. Generoso, inteligente, possuidor de uma memória ímpar. Chefe de família exemplar. Gostava de reunir a todos, adorava conversar sobre diversos assuntos. Estava sempre alegre. Brincava muito com a família e os amigos. Honesto, sensato, uma pessoa do bem. Deixou um lindo legado. Fará falta, muita falta, para mim e para toda a minha família.
por Lelinha Buffara, sogra
topview.com.br
17
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
QUEM FOI MÁRIO PETRELLI
18
topview.com.br
Desde criança se destacava pela privilegiada memória, lembrando nomes, episódios e fatos históricos. em 1929. Em sua homenagem, o então governador Espiridião Amin instituiu em 1999 a Medalha de Mérito Funcional Alice Guilhon Gonzaga Petrelli, que é destinada aos profissionais do Executivo estadual que se destacam em suas atividades. Aos 15 anos, mudou-se para Curitiba para estudar no Colégio Estadual do Paraná e foi eleito o primeiro presidente do centro estudantil da instituição, em 1951. Em 1959, formou-se bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Trabalhou como advogado entre 1958 e 1960, mas foi no setor de seguros, previdência e capitalização que conquistou sucesso e respeito. Começou sua trajetória como vice-diretor executivo do Grupo Atlântica Boa-Vista, que se tornou a Bradesco Seguros, e permaneceu por vários anos no grupo Icatu. Também criou a maior apólice de seguros de vida do mundo, chamada TOP CLUB. Foi diretor da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados (Fenaseg), hoje Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), e do Instituto de Resseguros do Brasil. Foi um dos responsáveis pela criação da Academia Nacional de Seguros e Previdência. Como membro da Confederação Nacional de Seguros Privados e Capitalização, representou o país em vários compromissos internacionais. Também foi o fundador do Conselho Superior da Academia Nacional de Seguros, Previdência e Capitalização.
Luciana Petrelli.
Descendente de italianos, Mário José Gonzaga Petrelli nasceu em Florianópolis, em 31 de maio de 1935. Filho do segundo casamento de Leonardo Petrelli, com Alice Petrelli, desde criança se destacava pela privilegiada memória, lembrando nomes, episódios e fatos históricos. O pai era engenheiro e veio da Itália para trabalhar na Bahia, em 1912, como presidente da Navegação Baiana. Também foi Secretário de Obras da Bahia e, em 1923, mudou-se para Santa Catarina a fim de trabalhar na construção da ferrovia que ligava Blumenau a Rio do Sul. Participou da construção dos Portos de Itajaí e Laguna, em 1935. A mãe, Alice, também fez história, sendo a primeira mulher servidora pública do estado de Santa Catarina, trabalhando na Secretaria de Estado da Fazenda,
por Nilton Molina, amigo, segurador e presidente do conselho do Grupo Mongeral Aegon
por Jorge Konder Bornhausen, amigo, ex-governador, ex-senador e ex-ministro
O
“
A
” “
Mário foi autor, incentivador, criador e participante de relevantes iniciativas no mundo empresarial. Foi no final dos anos 1960, com a introdução da cobrança obrigatória pelos bancos das apólices de seguros, que apareceu o gênio criativo e perseverante do Mário Petrelli, na criação do TOP CLUB. Não é demais lembrar que disso tudo resultou o que é hoje a Bradesco Seguros, o maior conglomerado de seguros da América Latina. Nessa época, eu era o controlador de uma corretora de seguros e o Mário sempre tentou me aproximar do Grupo Atlântica-Boa Vista. Em 1977, ele conseguiu e então me tornei acionista de uma seguradora, subsidiária da Atlântica, a Mauá Seguros, que deu origem ao que é hoje a Bradesco Vida e Previdência, da qual fui fundador, executivo e acionista. Devo ao Mário essa mudança no curso da minha vida profissional. Daí em diante, nestes últimos 50 anos, estivemos juntos praticamente todos os dias, pessoalmente ou pelo telefone. Falando de negócios, de política e das nossas famílias. Por tudo isso, sinto uma enorme falta do Mário, como amigo, sócio e irmão.
companhei a trajetória vitoriosa de Mário Petrelli no ramo segurador, com destaque para a criatividade de suas iniciativas inovadoras e vitoriosas, como o TOP CLUB. Com competência e inteligência, destacou-se como dirigente da Atlântica Boa-Vista, da Bradesco Seguros e, finalmente, da Seguradora Icatu, da família Almeida Braga. No entanto, não só no ramo de seguros Mário foi vitorioso. Seu sucesso foi repetido no setor de comunicação, fundador e orientador que foi do hoje vitorioso Grupo RIC, complexo de canais de televisão, rádios e jornais em Santa Catarina e no Paraná. Contudo, foi na amizade familiar que pude sentir mais de perto a sua fraternidade. Em 1982, quando eu disputava uma cadeira para o Senado pelo estado de Santa Catarina, tive que deixar em segundo plano a minha campanha para poder acompanhar meu filho Irineu na busca pela cura contra a leucemia que o atacara. Foi necessário, então, levá-lo para os Estados Unidos e, não tendo os recursos necessários, fui, espontaneamente, ajudado com empréstimos do Mário e do meu irmão Paulo, atitudes que jamais esquecerei.
”
topview.com.br
19
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
RELAÇÃO COM A COMUNICAÇÃO O homem brincalhão e comunicativo, que por onde passava conquistava amigos, sempre definiu a sua ligação com a comunicação pela história da própria família. Na Itália, em meados de 1910, seu tio, Giuseppe Petrelli, trabalhou no jornal Corrieri di Napoli, que era o maior jornal italiano da época. Quando o irmão Armando foi estudar Medicina em Curitiba, o pai comprou o jornal A Tarde, que era o maior vespertino de Curitiba. Armando era o diretor do impresso e, mais tarde, quando Mário Petrelli foi morar em Curitiba para cursar a faculdade de Direito, trabalhou como repórter no jornal, fazendo coberturas políticas. Mesmo trabalhando com seguros, o talento nato de grande articulador fez com que a vontade de diversificar os negócios o levasse novamente para a comunicação. Em entrevista, Mário Petrelli contou um pouco sobre essa relação: “A minha vocação foi sempre a área empresarial. Como eu era executivo, não era proprietário e, dentro daquela visão de que é importante não colocar no mesmo ninho os mesmos ovos, eu tive a intenção de abrir espaço visando a uma atividade nova para a família. E surgiu intuitivamente, talvez pelo fato histórico de família: eu tive vontade de entrar (para a comunicação)”. Em 1975, junto com um grupo de amigos, comprou uma rádio em Curitiba, a Curitibanos. No mesmo período, conseguiu a concessão de uma rádio FM em Joinville, a Rádio Floresta Negra, que foi a primeira experiência de Mário como empresário de uma empresa de comunicação. No ano seguinte, em 1976, surgiu a oportunidade da concessão da TV Cultura em Chapecó, retransmissora da TV Tupi. Logo em seguida, uma crise na TV Coligadas, de Blumenau, levou Mário Petrelli a reunir
20
topview.com.br
um grupo de investidores para que, juntos, comprassem a emissora. Durante a negociação com Wilson Melro, um dos donos da TV Coligadas, um fato curioso chamou a atenção: além da compra da TV e do Jornal de Santa Catarina, o grupo teve que adquirir a loja Tevelândia, que vendia aparelhos de TV. “Tivemos que comprar a cabeça, o tronco e o membro. A primeira coisa que fizemos depois da compra foi vender a Tevelândia”, lembrou Mário Petrelli. Na década de 1970, o Brasil vivia em plena ditadura militar e a televisão brasileira ainda estava sendo construída. As estações de rádio e televisão eram concessões dadas pelo governo
A ligação com os dois estados, Santa Catarina e Paraná, que tinham um lugar de destaque no coração de Mário Petrelli, ganhou até um nome: Cataraná..
para aqueles que trabalham na área ou tinham alguma ligação. Não havia licitação ou leilão. Era difícil manter a programação no ar de algo que ainda estava ganhando forma. No entanto, conhecido pela capacidade de conseguir parcerias, superar problemas e espalhar boas ideias, em duas décadas, Mário Petrelli conseguiu expandir as emissoras no Paraná e abrir caminhos em Santa Catarina. O mesmo grupo de empresários que tinha investido na TV Coligadas comprou, ainda, a rádio Diário da Manhã, de Florianópolis. Com a concessão da TV Barriga Verde, em Florianópolis, e a participação da TV Planalto, em Lages, foi montado o Sistema Catarinense de Comunicação. As emissoras do grupo transmitiam a programação do SBT em Santa Catarina. Na década de 1980, no estado do Paraná, o grupo de investidores do qual fazia parte Mário Petrelli adquiriu a TV Vanguarda, em Cornélio Procópio, que retransmitia a TV Manchete. Em 1987, com a compra da TV Independência de Curitiba e da Rádio Independência, formava-se a Rede Independência de Comunicação. Durante vários anos os grupos foram se reestruturando e atuando como empresa multiplataforma. Para a alegria de Mário Petrelli, que sempre foi impulsionado pela ideia do novo, os filhos, Leonardo e Marcello Petrelli, são os executivos responsáveis por continuar a história de trabalho e sucesso nas sedes do Paraná e de Santa Catarina. A ligação com os dois estados, Santa Catarina e Paraná, que tinham um lugar de destaque no coração de Mário Petrelli, ganhou até um nome: “Cataraná”. Era assim que ele respondia quando perguntavam de onde ele era. “Eu sempre tive uma mania, tinha um grande amigo meu, Karlos Rischbieter, blumenauense famoso, que foi presidente da Caixa, foi presidente do Banco do Brasil, foi Ministro da Fazenda, e, quando nos perguntavam ‘de onde vocês são?’ nós dizíamos: ‘Cataraná, que era catarinense e paranaense. Havia uma afinidade histórica com Santa Catarina e o Paraná, por isso, nós sempre dizíamos que éramos de ‘Cataraná’, explicava Mário Petrelli.
topview.com.br
21
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
por Karla Kersten Carvalho Petrelli, nora
por Cláudio Ávila da Silva, amigo e administrador
22
topview.com.br
C
“
E
” “
onvivi com meu sogro por 33 anos! Dois anos depois que casei, perdi meu pai e ele preencheu essa lacuna em minha vida com sua atenção e seu carinho. Dos vários momentos bonitos que passamos, o que mais me emocionou foi vê-lo conhecer e segurar Eduardo e Mário pela primeira vez, quando nasceram. O olhar de amor e ternura, colocando no pescocinho deles uma corrente e os abençoando, orgulhoso em ver que seu sangue corria naquelas pequeninas veias. Quando íamos a festas com som ao vivo, ele não descansava enquanto eu não fosse cantar! Pedia uma cadeira, que era sempre colocada para que ele pudesse ficar na minha frente. Ele foi mais do que um sogro, foi meu segundo pai, meu fã número um, exemplo de bondade, inteligência, correção, amor pela vida e pelo próximo! Foi uma honra e uma bênção tê-lo em minha vida! Gratidão, amor e belas lembranças sempre em nossos corações!
m 1969, sofri um acidente de automóvel e necessitei fazer uma cirurgia reparadora. O Dr. Mário convenceu meu pai de que eu deveria fazê-la em Curitiba. Após uma cirurgia bem sucedida e uma semana de hospital, tive alta com determinação de voltar a Curitiba para acompanhamento e retirada dos pontos. Nosso plano era voltar para Florianópolis no mesmo dia, mas, novamente, o Dr. Mário nos convenceu de que eu deveria ficar para evitar o vaivém das viagens. Levou-me para sua casa e lá fiquei sob o cuidado carinhoso de Dona Dircéa e família por aproximadamente dez dias. Meus pais voltaram para Florianópolis, sem conseguir pagar médicos e hospital... imaginem quem já o tinha feito? Nessa ocasião, aconteceu de vê-lo brabo uma única vez na vida. Ao final da minha convalescência, em uma manhã de sol, na fria Curitiba, saí com um quadriciclo e, passeando na quadra, dei de cara com o Dr. Mário. Parou o carro e soltou os cachorros: ‘seu irresponsável, você quer voltar para o hospital?’ Ele tinha total razão. Um homem extraordinário e um amigo querido de quem sinto falta.
”
C
por Gilson A. Yared, amigo, cardiologista e diretor da Fisicor
”
M por Telma Pereira, amiga e secretária
“
onheci o Mário na Praia Brava, em Florianópolis, quando passamos juntos um Carnaval com a família Petrelli há mais ou menos 25 anos. Me visitava pelas manhãs no meu apartamento — éramos vizinhos — e fazia piadas sobre a minha habilidade de fazer omeletes para sustentar a criançada. O momento mais intenso que vivemos foi durante a sua cirurgia cardíaca, realizada na cidade de São Paulo pelo Dr. Adib Jatene. Durante esse período, participei ativamente de sua decisão terapêutica, tornando-me o seu médico de referência em Curitiba. Me lembro muito de sua privilegiada memória, sempre contando belas histórias, sendo também um colecionador de amigos, característica que me recordava muito o meu pai.
“
esmo em alguns momentos, com problemas de saúde, o Dr. Mário estava sempre pronto para trabalhar. Em certa ocasião, um médico/amigo disse: ‘Mário, tens que descansar’. Mário respondeu: ‘A alegria do meu dia é quando estou trabalhando com a Telma.’ Sou muita grata por ter tido a oportunidade de conviver com um homem tão especial, generoso, inteligente e ter recebido dele confiança, amizade e carinho. Ele dizia: ‘Telma, és como uma filha.’ As lembranças são muitas, ele gostava muito de enviar e-mails e mensagens de todos os tipos, elogiando, parabenizando, relembrando histórias de vida, de política e do Brasil. Como ele não usava computador, cedo me ligava ditando os diversos e-mails. A letra dele era horrível e ele costumava dizer: ‘Ninguém entende a minha letra, nem eu, só a Telma, e, quando ela não entende, ela inventa e dá tudo certo.’
”
topview.com.br
23
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
MAIOR PRODUTOR DE CONTEÚDO REGIONAL DO SUL DO PAÍS A falência da Manchete em 1989 fez com que Mário Petrelli buscasse uma nova parceria. Como as emissoras de Santa Catarina e do Paraná retransmitiam as programações nacionais de TVs diferentes, coube mais uma vez ao fundador dos grupos Sistema Catarinense de Comunicação e Rede Independência de Comunicação negociar com a Record e com o SBT para que a programação fosse unificada. Em 2007, todas as emissoras pertencentes aos grupos de Mário Petrelli passaram a transmitir a programação da Rede Record. Essa parceria auxiliou também na expansão nacional da rede, já que o bom relacionamento de Mário Petrelli com empresários de comunicação de outros estados fez com que a emissora ganhasse espaço fora do eixo Rio-São Paulo. Mário Petrelli sempre valorizou o trabalho de unir as pessoas em torno de seus projetos e, na família, isso também aconteceu. “Havia um espírito meu de pacificação, quer dizer, todas as coisas de que eu participei eu sempre procurei associar gente, e gente local... eu visei criar um grupo porque tudo na minha vida foi visando algo grande, mas não na questão financeira, na questão econômica, e sim na questão de geração de emprego, geração de projeto, geração de desenvolvimento”, comentou. O processo de formação dos grupos começou em 1970 e, ao longo dos anos, foi se construindo com a participação de vários empresários e parcerias até chegar ao formato atual, com 11 emissoras no Paraná e em Santa Catarina, além de rádios, portais de notícias, plataformas multimídia, jornais e revistas. Em 2019, as corporações do Paraná e de Santa Catarina, integradas sob a mesma marca e identidade, tornaram-se independentes. O Grupo RIC continuou atuante no mercado paranaense em todas as suas plataformas: RICTV Record, Revista TOPVIEW, Portal RIC Mais, Instituto RIC de Atitude Social, Dance Paradise e Rádio Jovem Pan. O Grupo RIC de Santa Catarina mudou de nome e passou 24
topview.com.br
a ser o Grupo ND, apresentando uma nova identidade. Os dois, juntos, formam o maior grupo produtor de conteúdo regional do sul do País, respeitando aquilo que Mário Petrelli sempre defendeu: o regionalismo. “Eu nunca fui o presidente executivo, eu tive no Paraná o Leonardo e, em Santa Catarina, na hora de desenvolver, na hora de existir o Grupo RIC, foi o Marcelo. Quer dizer, Mário Petrelli é o criador da história, mas não é o executivo da história. Fui presidente até alguns anos atrás e depois recebi uma homenagem da família e do pessoal da Record, de ser considerado o fundador, o que é verdade, e presidente emérito, uma homenagem que se dá pela minha ideia. Agora, efetivamente, eu tive vontade, acreditei nisso, sempre fazendo duas coisas muito importantes: respeitando os valores regionais do Paraná e de Santa Catarina e buscando um meio de comunicação regional. Porque o indivíduo vive na cidade, não no estado e na União”, destacava.
Defensor da democracia e do bom jornalismo, Mário acreditava na liberdade de imprensa e, principalmente, na liberdade do cidadão.
No entanto, tudo isso só foi possível porque Mário Petrelli era um defensor da democracia e do bom jornalismo. Dizia que acreditava na liberdade de imprensa, mas, principalmente, na liberdade do cidadão: “O direito de criticar é de total liberdade da imprensa, liberdade dos meios de comunicação,
por José Sarney, amigo e ex-presidente da República
por Rafael Greca de Macedo, amigo e prefeito de Curitiba
mas criticar com respeito, com dignidade, e transformar o fato negativo em um fato positivo, para que o Brasil tenha mais expectativa, para que o cidadão acredite no que ele está vendo no município, no estado e na União. O direito de criticar é inerente à imprensa, mas não é o direito de destruir”, defendia.
E
“
E
” “
ra um grande empresário, mas, nele, predominava acima de tudo um grande espírito público. Éramos grandes amigos e eu tinha por ele especial consideração, carinho e afeto. Admirava a sua capacidade de trabalho, seu poder de articulação e de reunir os melhores talentos do país para discutir, analisar e meditar sobre os assuntos de interesse nacional, predominantemente a economia e os rumos da política. Sabia fazer amigos e tinha em torno de si uma plêiade de admiradores. Eu, pessoalmente, tinha por ele uma grande estima e amizade e, com uma frequência quase diária, trocávamos ideias sobre a conjuntura e os caminhos que estavam sendo trilhados ou construídos pelo país. O Brasil também perdeu um homem que amava o seu país e a ele dedicou a sua vida nos setores empresarial e político, com honestidade, honradez e altruísmo. Particularmente, perdi um extraordinário amigo — e é com profunda emoção que escrevo estas palavras, que têm muito de saudade e do sentimento do quanto ele faz falta.
u o conheci, pai de meus colegas de Colégio Medianeira, Luciana, Leonardo e Mário José. Frequentei sua hospitaleira casa, na Rua Carmelo Rangel, em Curitiba. Ali, ele e sua Dircéa a todos acolhiam com fidalguia. Guardo boas memórias das festas joviais no pavilhão da piscina, ao som dos Embalos de Sábado à Noite do John Travolta. Guardo feliz lembrança dos elegantes jantares em que Dircéa e Mário eram os anfitriões, quase sempre realizados em benefício das boas causas patrocinadas pelas Oficinas de Caridade de Santa Rita de Cássia, movimento da nossa Igreja Católica. Das conversas com Mário e Norton, em presença de Jaime Lerner, Saul Raiz, Jayme Canet e Anibal Khury, auferi boa parte da cancha política que me faria vereador, deputado estadual, prefeito de Curitiba, deputado federal e Ministro de Estado. O companheirismo nunca cessou. Entusiasmado com a qualidade de vida de Curitiba, foi um grande cooperador da minha atual gestão. Seu grande coração parou de bater no dia 22 de abril ao compasso do mar, na mágica ilha em que o vento sul deste outono, assobiando, reverbera a nossa tristeza.
”
topview.com.br
25
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
Não precisou disputar nenhum cargo político para circular pelos bastidores dos poderes".
S
“ ” “
por Pe. Vilson Groh, amigo
T por Euclides Scalco, amigo, empresário e ex-ministro
26
topview.com.br
enho uma lembrança muito especial do dia em que fomos homenageados por Santa Catarina, quando o Luiz Henrique era governador. Nós dois recebemos a Medalha do Mérito Anita Garibaldi, em 2010. Combinamos que o Mário faria o discurso de agradecimento. Ele, então, de improviso, surpreendeu a todos com uma verdadeira aula de história. Foi um discurso memorável. Mário tinha uma memória invejável, citou datas, fatos, personagens. Juntou os cenários atualizados da política do seu estado e do Brasil, fazendo uma análise atual e projetando o futuro. Até hoje consigo ver os rostos de admiração da plateia. Lembro do Mário todos os dias. É que, em uma das últimas visitas que me fez aqui em casa, viu minha dificuldade para caminhar com a bengala que estava usando. No dia seguinte, mandou-me outra de presente, com apoio no braço, o que a torna mais estável. Desde então, é a que uso.
”
Luciana Petrelli.
eu Mário fez uma grande travessia, um homem com uma profunda raiz de fé. Nos últimos tempos, estava frequentando a Igreja São Sebastião — onde eu celebro — e quero agradecer, de modo particular, ao seu Mário e à família Petrelli pela cooperação que fizemos de acordo técnico entre o Instituto Vilson Groh e a ND. É com essa parceria que temos trabalhado fortemente veiculando os trabalhos, os projetos e a vida da nossa rede VG com a perspectiva de ampliar o horizonte da esperança. Nosso muito obrigado ao seu Mário, que ele encontre o grande abraço eterno do Pai. Que o Pai lhe abrace, dizendo: ‘Filho amado do meu coração.’
VISÃO ASSERTIVA Mário Petrelli foi um homem além de seu tempo. Estava sempre muito bem informado e por dentro de todos os acontecimentos do país. Nos últimos anos, dividia seu gosto pela leitura com familiares e amigos. Quando gostava de um livro, comprava vários exemplares, escrevia dedicatórias e enviava para algumas pessoas. Depois, ligava para falar sobre a leitura e questionar se a pessoa tinha gostado da obra. Todo o conhecimento e a facilidade de articulação trouxeram também um bom relacionamento com políticos e empresários. Não precisou disputar nenhum cargo político para circular pelos bastidores dos poderes. Sua visão dos fatos fez com que inúmeras vezes aconselhasse ministros, senadores, deputados, governadores e até presidentes de vários partidos, de direita e esquerda. Era um homem respeitado, admirado e deixou sua marca na história. Dono de uma memória revigorante, costumava reproduzir em detalhes os encontros com grandes lideranças para indicação de candidatos, conversações sobre alianças políticas e articulação de projetos. Por três vezes, exerceu funções governamentais. Em 1985, foi diretor geral de crédito industrial e comercial do Banco do Brasil. Em 1992, foi chefe de gabinete da Secretaria Especial da Presidência da República, junto ao Ministro Jorge Konder Bornhausen. Em 2006, foi designado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, como suplente de João Elísio Ferraz de Campos.
Quando gostava de um livro, comprava vários exemplares, escrevia dedicatórias e enviava para algumas pessoas.
topview.com.br
27
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
O homem que circulava por vários núcleos tinha um grande aliado: o avião. Dizia que o meio de transporte ajudava na solução para a agenda apertada.
C
por Kati Almeida Braga, amiga e securitária
28
topview.com.br
O homem que circulava por vários núcleos tinha um grande aliado: o avião. Dizia que o meio de transporte ajudava na solução para a agenda apertada. Principalmente quando trabalhava com seguros e precisava se reunir com alguém, mas não tinha horário, usava os trajetos de avião para realizar as reuniões. Comprava uma passagem, a pessoa viajava com ele e a reunião era feita dentro do avião. Ele viajava muito e adorava. Outro item indispensável era o telefone. Não vivia sem e passava o dia entre uma ligação e outra. Com a chegada da telefonia móvel, tudo ficou mais simples, mas um aparelho apenas não era suficiente para atender a tantas demandas. Chegou a ter três aparelhos e ganhou a fama de ter uma das agendas mais importantes do país. Nem nas sessões de fisioterapia ele deixava o celular de lado. Não desligava nunca, estava sempre conectado.
“
onheci o Mário em 1970, quando a Boa-Vista foi incorporada à Atlântica e Mário assumiu a vice-presidência da companhia, a convite de meu pai. Desde então, sempre convivemos, nunca houve interrupção na convivência, sempre tão amorosa. Já estou sentindo muita falta de suas análises — que me mandava com frequência, por e-mail —, as quais fazia presencialmente, em um conselho criado por ele na Icatu Seguros. Nossa última reunião foi em março. Deixou alguns livros de dever de casa! Eu rio sempre contando histórias de quando ele era meu chefe. Uma de que eu gosto especialmente: Mário viajava sem parar, não parava de voar por este país inteiro. E era o chefe, então, às vezes, a gente precisava despachar com ele, né? A sede da companhia era no Rio e eu pedindo: ‘Mário, preciso me encontrar com você!’ E ele: ‘Ok. Hoje à tarde vou pegar um voo de Recife para Belém. Vem até Recife e reserva um lugar no mesmo voo, a gente vai decidindo as coisas até lá.’ Eu fui, claro! Saudades suas, Mário Petrelli! Muitas! Sempre. Te amo!
por João Elisio Ferraz, amigo, empresário e exgovernador do Paraná
por José Fernando Macedo, amigo e cirurgião vascular
C
“
F
” “
T
” “ ”
onheci o Mário Petrelli em meados de 1960, quando eu fazia parte da diretoria que ele presidia no Sindicato das Seguradoras do Paraná. Lembro, também, que participamos juntos de ações da Igreja Católica, na Cúria Metropolitana de Curitiba, mais ou menos na mesma época. O tempo e a convivência fizeram dele um de meus melhores amigos. Além de suas atividades empresariais, particularmente na área de comunicação social e de seguros, o que chamava muito a minha atenção era o seu fascínio pela política. Nunca disputou um cargo eletivo, mas acho que nunca passou um dia sem conversar com políticos de todas as esferas do poder. Mário já faz muita falta. Como homem de seguros, como homem de comunicação, como cidadão sempre disposto a lutar por um Brasil melhor e, acima de tudo, para mim, como um de meus melhores amigos.
alar sobre Mário Petrelli é uma missão fácil, mas não simples. Testemunhei tantos atos dignos de recordação que é difícil escolher um. Poderia falar sobre a festa de casamento que ele nos ofereceu ou sobre como ele me ajudou a conseguir um trabalho em São Paulo. Poderia contar essas e outras histórias que o fizeram crescer diante de meus olhos, mas prefiro lembrar algo simples: o hábito que ele cultivou comigo, por anos, de fazer uma ligação telefônica por semana. Era um momento especial, que me enchia de energia positiva. O assunto era sempre o mesmo: ele queria saber da família, dos amigos, de minha carreira e da medicina. Sempre terminava com a mesma pergunta: ‘o que posso fazer para ajudar?’ Como resumir um homem que te liga durante anos para fazer essa pergunta? A mim, só ocorre duas palavras: grandeza e gratidão!
rabalho como governanta na casa do Dr. Mário e ele tinha uma relação maravilhosa não só comigo, mas com todos os funcionários. Com o início da pandemia, eu ficava direto na casa dele e o ajudava com o controle da pressão arterial, com os remédios, fazia e recebia ligações, estava sempre com ele. O Dr. Mário gostava de apostar na Dupla Sena e eu era a responsável por fazer os jogos. Ele dizia: ‘Vamos conferir se ganhamos uns troquinhos.’ O Dr. Mário me ajudou muito.
por Salete Malacarne, amiga e funcionária
topview.com.br
29
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
Entre tantas conquistas, talvez a maior de Mário Petrelli ao longo de sua vida tenha sido a construção de uma família sólida e unida. Casou com Dircéa Corrêa Petrelli, mulher forte e que foi a base estrutural da família. Foi ela que educou e cuidou dos filhos, Luciana, Leonardo, Mário José, Marcello e Rosimar, enquanto ele trabalhava incansavelmente. Dircéa faleceu em 2007. Nos últimos anos, Mário estava casado com Mônica Barusso Buffara Petrelli, mulher alegre que o acompanhou por novas experiências e viagens e dividiu com ele momentos de muita alegria. Tinha uma rotina com os 10 netos, fazia questão de acompanhar o desenvolvimento de cada um. Uma forma encontrada para manter a relação era promover viagens apenas com os netos. Definiam o roteiro e juntos aproveitavam o tempo e dividiam as experiências. Quando a família estava reunida, apesar de ele estar à mesa com os mais velhos, fazia questão de ir aonde os netos estavam, porque queria saber das novidades, saber o que os netos pensavam e sobre a escolha das profissões. Durante a vida inteira, o homem carinhoso, generoso e controlador em alguns momentos conquistou grandes amigos. A casa estava sempre cheia, porque ele fazia questão de estar rodeado pelas pessoas de que gostava. Nunca se esquecia das datas de aniversários
Nunca se esquecia das datas de aniversários e, se soubesse que alguém estava doente, fazia questão de ser solidário e oferecer ajuda.. 30
topview.com.br
e, se soubesse que alguém estava doente, fazia questão de ser solidário e oferecer ajuda. Certa vez, um amigo de Florianópolis precisava de uma consulta médica com um especialista. Mário Petrelli não teve dúvidas. Encontrou o profissional em Joinville, marcou a consulta e pediu para o motorista levar o amigo até Joinville para consultar e trazê-lo de volta. Com um grande coração, certa vez ajudou um jovem, sem uma das pernas, que pedia esmola na rua. Realizou o sonho do rapaz de ter uma prótese e poder andar. Também se preocupava com os problemas sociais e ajudava projetos voltados para a formação de jovens em situação de vulnerabilidade social. Além do hábito da leitura de jornais, revistas e livros, outro chamava a atenção.
Luciana Petrelli.
TALENTO PARA UNIR AS PESSOAS
Seu lado brincalhão e divertido era uma de suas marcas, Gosta de pregar peças nos amigos e se divertia com situações engraçadas.
Mário Petrelli também gostava muito de fazer apostas nos jogos semanais da Caixa Econômica Federal. Seu jogo favorito era a Dupla Sena. Seu lado brincalhão e divertido era uma de suas marcas. Gostava de pregar peças nos amigos e se divertia com situações engraçadas. Em certa ocasião, um bar que ficava em frente à sua casa de praia, em Florianópolis, pegou fogo e foi destruído — e era um bar conhecido, onde todos gostavam de ir, independentemente da idade. Uma semana depois, ele telefonou para um grande amigo, que vivia em outra cidade, dizendo que tinha descoberto que era ele quem tinha sido o mentor intelectual do incêndio. O homem ficou apavorado, dizendo que não
tinha nenhum envolvimento com o que tinha acontecido. Mário Petrelli sustentou a mentira por alguns dias até contar que tudo não passava de uma brincadeira. Em outra situação, quem caiu na pegadinha foi o primo e muito amigo Ivam Moritz, que tinha um Fusca, todo restaurado, de que ele gostava muito. Mário Petrelli conseguiu uma foto do carro e pôs um anúncio no jornal vendendo o Fusca. Várias pessoas ligaram para a casa do Ivam, interessadas na compra do carro, oferecendo valores altos, inclusive. Demorou um tempo até o Ivan perceber que tudo não passava de mais uma brincadeira. Mário Petrelli será lembrado como um protagonista na história da comunicação, mas, acima de tudo, será lembrado como o homem que ajudou a construir a história do país de forma ética. O homem generoso, que se preocupava com as pessoas, continua sendo fonte de inspiração para quem admira a boa administração, baseada no respeito ao próximo, em valores morais e na ética. Quando fez 80 anos, todos da família usaram uma camiseta para homenageá-lo, que trazia um de seus lemas: “Viva a Vida!” E foi assim que ele percorreu sua trajetória, principalmente nos últimos anos, quando teve mais tempo de viver, de estar com a família, de conversar com os amigos e de tomar um bom vinho.
topview.com.br
31
U M A V I DA PA R A S E R L E M B R A DA
RECONHECIMENTO Ao longo dos anos, Mário Petrelli recebeu medalhas, títulos e premiações como forma de reconhecimento pela sua contribuição para a História. Em pelo menos seis cidades de Santa Catarina, recebeu comendas e títulos de Cidadão Honorário e também foi homenageado pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina e de São Paulo. Veja outras homenagens recebidas por Mário Petrelli e que merecem ser destacadas.
2001 Medalha João Baptista Bonnassis, da Ordem dos Advogados de Santa Catarina. 2003 Destaque da História do Seguro Brasileiro, título concedido, pela primeira vez, pela Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP). 2006 Comenda da Ordem do Mérito Anhanguera, a mais alta condecoração do estado de Goiás. 2010 Medalha do Mérito Anita Garibaldi, a mais alta condecoração do governo do estado de Santa Catarina.
2014 Cidadão Honorário de Londrina.
32
topview.com.br
Luciana Petrelli.
2013 Cidadão Honorário do Estado do Paraná.
topview.com.br
33
DEPOIMENTO DOS NETOS
por Lucas Petrelli Wilmer, 37 anos, neto “Ter Mário Petrelli como vô foi especial. Ao mesmo tempo, um avô zeloso e uma figura de mil relacionamentos. De um lado, fazia brincadeiras normais de um vô com um neto, do outro, deu mil oportunidades de ver o mundo e conhecer grandes figuras públicas. Foi um superavô e deixa muitas saudades e experiências inesquecíveis. Vive nos nossos corações.”
por Gaia Petrelli Wilmer, 35 anos, neta “Quando eu era pequena, passando as férias na fazenda, quando um avião passava, eu dava tchau como se meu vô estivesse dentro, cheia de orgulho. Agora, dia 22 de abril, quando estava no hospital, um pouco depois de ele ir embora, pensei rapidamente em deixar o celular com ele, lembrando-me de como ele amava um telefone! Com o avião e o telefone foi minha vida com ele: me levando pra muitos lugares, me ensinando a ver e a aprender, me pedindo fotos e descrições. Me ensinando a sair e a voltar. A amar e a cuidar. A estar presente. Me amou, me ensinou, me protegeu. Esteve sempre comigo, me ajudou a ir para o mundo e sempre me pediu para estar de volta. Foi meu pai e meu avô, dizendo que eu era a cara dele. Ainda sinto ele aqui.”
por Eduardo Carvalho Petrelli, 28 anos, neto “Meu avô foi e sempre será sabedoria para mim. Intelectual, espiritual, profissional e pessoal. Uma pessoa ímpar em todos os aspectos. Teria milhares de ótimas memórias para citar, porém uma das mais especiais foi poder mostrar o que venho construindo com o meu esforço profissional, levei ele para conhecer a sede da minha empresa e ir em uma palestra que dei em uma universidade. Foi muito emocionante e especial ver a alegria dele com todas as minhas conquistas. Eu irei levar as melhoras memórias e o seu sobrenome para sempre! Te amo!
por Ravi Petrellli Paciornik, 26 anos, neto “Mário Petrelli, uma pessoa que pode ser definida por mil denominações, desde empresário, político e advogado, mas além disso tudo, para mim foi uma pessoa apaixonada pela família, um avô carinhoso e um grande mentor.”
por Maria Alice Richter Petrelli, 26 anos, neta “Para mim, o vô é uma enciclopédia humana e um ser humano que me ensinou a ajudar ao próximo. E a sempre ser correta, em todas as circunstâncias. Eu me sinto abençoada por ter tido o prazer de ter convivido de perto e de ter a honra de ser neta dele.”
34
topview.com.br
por Maria Luiza Petrelli, 25 anos, neta “Saudades das conversas e de ser a “macaquinha do vô”. Amor eterno e a falta também.”
por Mário José Gonzaga Petrelli Neto, 23 anos, neto “Pude ter o prazer inúmeras vezes de olhar em seus olhos, onde pude ver nitidamente seu grande amor pela vida: cada sorriso que recebia, cada almoço que “comandava” sempre na ponta da mesa, cada jogo de canastra que ganhava dos netos, cada grande e pequeno acontecimento que acontecia ao seu redor. Viva pra sempre aí em cima e em nossos corações agora, meu vô. Te amo!”
por Mariana Petrelli Vieira, 18 anos, neta “Eu ainda me lembro da felicidade de quando eu ia à casa dele. Toda vez que eu chegava lá, ele me chamava de macaquinha e apertava meu nariz e eu apertava o dele e, sempre que combinávamos de almoçar lá na casa dele, ele abria aquele sorriso... Onde você estiver, eu sempre vou te amar, vô Mário. ”
por João Gabriel Pereira Petrellli, 11 anos, neto “Meu avô era uma pessoa muito querida, ajudava bastante as pessoas e sempre era legal comigo e com todos os netos. Sempre que vinha aqui em casa, falava de futebol comigo. Deu de presente para mim vários uniformes do Avaí e, para o meu irmão, do Figueirense, e, assim, quando recebíamos amigos, jogávamos futebol, cada grupo com um uniforme. Estou com saudades.”
por João Antônio Pereira Petrelli, 8 anos, neto “O vovô é bonito Inteligente Amigável Engraçado Ele sempre dava livros e dindin quando vinha em casa.”
topview.com.br
35
ÁLBUM DE FAMÍLIA
36
topview.com.br
topview.com.br
37
ÁLBUM DE FAMÍLIA
38
topview.com.br
topview.com.br
39
C A R TA A B E R TA
por Ivam Moritz, melhor amigo
MARIOVILHOSO
N
asce em Florianópolis, em 31 de maio de 1935, Mário José Gonzaga Petrelli, da primeira cesariana da cidade, consoantes gostavas de afirmar. Filho do segundo casamento do engenheiro Leonardo Petrelli, com minha tia-avó, Alice Guilhon Gonzaga Petrelli, irmã da vó Maria da Glória Guilhon Gonzaga Pirajá Martins, mãe do meu pai. M de MAGNÍFICO e MEMÓRIA ÍMPAR A de ASTUTO e ARTICULADOR R de REALIZADOR e RESILIENTE I de INTELIGENTE e IMPETUOSO O de OBSTINADO e ORATÓRIA Nasci em 22 de novembro de 1954. No meu primeiro ano de vida, na casa da Rua Almirante Alvim, do velho Desembargador Sálvio de Sá Gonzaga, teu avô e meu bisavô, me pegaste no colo aos teus 19 anos, do qual nunca mais sai. Continuas muito vivo e presente na minha vida e nados incontáveis admiradores, conquistados neste percurso terrestre. Helena Jobim, irmã do gênio Tom, escreveu um livro gordo intitulado Um Homem Iluminado. Peço licença aos dois para também te chamar com esta mesma adjetivação. Foste luz prateada na vida de muitos, de todas as cores, de todos os credos, de todos os bolsos, de todas as idades. Na minha, foste luz dourada. Como grande patriarca, o maior, reuniste, por incontáveis vezes, em encontros monumentais, a família Guilhon. Esse sobrenome une a todos nós, apesar de nenhum dos Petrelli, dos Moritz, dos Pirajá Martins, dos Mello Mosimann ou dos Mello Viana o terem no registro de nascimento. Há dias o 61-98114-8855 está em silêncio. Saudades dos teus barulhos. Eram 5 chamadas por dia para me dizer: ‘A bonequinha está boa?’ Respondia sempre vibrante: ‘Marietinha, estou ótima.’ E continuavas: ‘Te espero hoje, às 19h45, depois da fisioterapia, para uma tranca.’ Jogarão o The King com Maria do Carmo 40
topview.com.br
(a tua mulher) com os patos Ivam e Mônica (minha mulher). Tinhas dois patinhos amarelos de plástico que fazias soar a cada noite, para comemorar as vitórias, que, no último ano, foram de 139 a 51. Lembranças felizes das nossas inúmeras viagens, como naquela em que a tua calça caiu no barco em Budapeste, dançando de rosto colado, quando fostes aplaudido por 30 coreanos de Chicago. A do guardanapo de linho, que colocastes no meu blazer, no restaurante de Paris. E aquela outra, dos 4 comprimidos de diurético que puseste no copo da Lelinha, tua sogra, no navio em Dubrovnik. E a do hotel de Santiago, nós dois na king size, nos teus 80 anos, rodeados por todos os filhos, em êxtase total. O envio da famosa coroa de hortênsias a um velório concorrido da cidade e minha foto colocada por ti em um túmulo do Itacorubi da família jamais serão esquecidos. Em nossas caminhadas na Brava, levavas dois celulares, um em cada mão, e conseguias conversar comigo e com mais duas pessoas ao mesmo tempo. Nossa história de amor, certamente, não é desta vida. Voltamos juntos em tempos distintos de chegada. Um veio antes e preparou o terreno, o outro aguardava no plano superior a oportunidade do reencontro. Na Terra, o tempo passou e chegou o momento de reatar os laços. Não dá para saber quem amava mais. Isso não importa, mas foi lindo e ainda acompanha essa trajetória. Parecíamos duas crianças, dois moleques. Adultos, nos permitíamos retomar a mais bela infância. O tempo não existe. Fui teu pai, teu filho, teu irmão e, sem absoluta modéstia, teu melhor amigo, na essência. Orgulho-me de ter convivido contigo nestes meus 65 anos. Para tua evolução, não posso te chamar de volta. As melhores lembranças permitirão que sigas adiante. Nos reencontraremos. Dança uma valsa com Dircéa. Te amo muito. Fica em paz.
topview.com.br
41
XXXXXXXX
42
topview.com.br
topview.com.br
43