REVISTA RIC RURAL 4º EDIÇÃO

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Edição 04 | Agosto de 2018

ANTES DE TUDO, CUIDAR BEM DO SOLO CASULO

Produção limpa e sustentável

SOJA

Liderança brasileira é questão de tempo A força do agro na

EXPOINGÁ 2018 HISTÓRIAS

De gente campeã

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APRESENTAÇÃO

A GRANDEZA DO SETOR

C

uidar do solo que se cultiva é uma exigência básica entre as prioridades dos produtores rurais, sem o que não se faz possível pensar na aplicação de avançadas tecnologias e, muito menos, almejar os necessários aumentos de produtividade. Com sua composição física, química e biológica, o solo é um ser vivo e, como tal, requer atenção e uma análise periódica para a identificação e a correção de eventuais desequilíbrios. A presente edição da Revista RIC Rural traz uma reportagem especial com produtores de várias regiões do Estado, os quais deixam claro: não há como evoluir em suas atividades sem o investimento na estruturação do solo, medida essa que é completada pela adoção de programas preservacionistas. E mostram, por meio de seus próprios resultados, o quanto isto é verdadeiro. Construir a fertilidade é, pois, algo possível e ao alcance dos produtores, mesmo daqueles que cultivam solos tidos como fracos e pobres, o que nos leva a refletir sobre os imensos potenciais do agro brasileiro. Exemplo disso é o cerrado que, com seus solos de baixíssima fertilidade, exibe níveis de produtividade comparáveis às das terras mais férteis do país. O Brasil e o agro são maiores do que se imagina. Cuidando do solo com orientação técnica adequada e a busca pela sustentabilidade, os produtores contribuem para fazer desta uma nação cada vez mais respeitada em todo o mundo. Os nossos cumprimentos. Boa leitura!

LEONARDO PETRELLI NETO Presidente Executivo Grupo RIC

Expediente

Fundador e Presidente Emérito Mário Petrelli Presidente Executivo Grupo RIC PR Leonardo Petrelli Diretor Administrativo Financeiro Albertino Zamarco Diretor de Mercado da RICTV | Record TV Gilson Bette Diretor de Mercado Jovem Pan, Dance Paradise e Top View Marcelo Requena Diretor de Planejamento e de Mercado do Grupo RIC PR Carlos Manzoli Diretor de Mercado Nacional José Grisbach Gerente de Marketing Grupo RIC PR Michelle Reffo Publisher Plataforma Top View Marcus Yabe Tiragem 25.000 exemplares Foto da capa Lovelyday12 | Dreamstime.com Projeto Gráfico | Diagramação Diego Olejnik Revisão: Michelle Reffo | Fale conosco 41 3331-6131 | rp@ricpr.com.br Conteúdo produzido pela Editora Flamma Coordenação editorial: Luiza Bianca Furlan Recco (MTb 10438/PR) Coordenação e produção: Rogério Recco Rua Flamengo, 544, Jardim Tabaetê, CEP 87005-180 Maringá PR, tel. 44 3041-0970 44 9101-1451 Colaboraram nesta edição: Agência de Notícias do Paraná (ANP), assessoria de imprensa Sistema Faep/Senar, assessoria de imprensa Sistema Ocepar, assessoria de imprensa Coopavel, assessoria de imprensa Sanepar

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PECUÁRIA

SOLO Cuidar bem para produzir mais

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SEAB

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Continuidade, com inovações

ARTIGO Bilhões desaparecem

PEQUENOS PRODUTORES Casulos, produçãolimpa e sustentável

QUALIDADE DE VIDA Índice Firjan coloca Balneário Camboriú entre as 50 melhores cidades brasileiras

TECNOLOGIA Do céu para a terra

Brasil livre de aftosa com vacinação

52

SOJA

32 34 44 46 50

A liderança é questão de tempo

EXPOSIÇÕES Lideranças debatem perspectivas para o agro na Expoingá

AGRO Sicredi disponibiliza mais de R$ 16 bilhões em recursos para o Plano Safra

54 58 60

ENERGIAS RENOVÁVEIS A vez do biogás e do biometano

BIOCOMBUSTÍVEIS A soja vai também para o tanque

GERAL Alerta de geada, culinária natural e cerveja diferenciada

TELEVISÃO Sérgio e Rose, dez anos de RIC Rural

HISTÓRIAS DE GENTE CAMPEÃ A agrônoma que conseguiu ir além do seu sonho

LEGISLAÇÃO Desconstruindo mitos

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SOLO

CUIDAR BEM PARA PRODUZIR MAIS Manejo adequado do solo é quesito básico para explorar todo o potencial produtivo da lavoura

P

ara alcançar altas produtividades, não basta ao agricultor investir em modernas tecnologias. A resposta pode ser frustrante se ele não atentar para o fato de que o primeiro passo, na busca por melhores resultados, está em atender a uma exigência básica: fazer um manejo adequado do solo. O cuidado não se resume às indispensáveis práticas conservacionistas: devem incluir, também, investimentos para que o produtor conheça as características e necessidades do solo, de forma a mantê-lo estruturado e em equilíbrio para que seja explorado todo o potencial produtivo da lavoura. Localizado numa região de transição, em que a textura do solo varia entre o arenoso com baixo teor de argila e o de alta fertilidade natural, o município de Cianorte, no noroeste paranaense, resume os desafios enfrentados por quem se dispõe a cultivá-lo. “Numa mesma propriedade, pode haver diferentes tipos de manchas”, explica o produtor de grãos Luiz Henrique Pedroni, salientando que cada qual, a princípio, requer um tratamento específico. No verão, um dos problemas dos agricultores do noroeste é a rápida decomposição dos restos culturais que protegem a superfície, deixando-a descoberta e vulnerável. O resultado é o aumento da temperatura do solo e a perda de sua capacidade de retenção de água, criando um ambiente desfavorável ao desenvolvimento da lavoura - situação que se torna crítica em caso de estiagem. Por outro lado, se chover forte, o risco de uma erosão é iminente.

ESTRATÉGIA - Pedroni conta que sempre foi atrás de soluções para impulsionar as médias de suas lavouras. Um dos investimentos que realizou é em agricultura de precisão, mapeando a produtividade. No entanto, mesmo adotando as tecnológias recomendadas, as médias não correspondiam às suas expectativas, variando entre 130 e 140 sacas de soja por alqueire (53,7 a 57,8/hectare). Por isso, há quase uma década, em paralelo ao uso das melhores práticas e recursos tecnológicos, o produtor decidiu dar especial ênfase ao solo, com a orientação de técnicos da Cocamar.

"Um dos problemas dos agricultores do noroeste é a rápida decomposição dos restos culturais que protegem a superfície, deixando a área descoberta e vulnerável" Luiz Henrique Pedroni, produtor

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Pedroni: mesmo adotando as tecnologias recomendadas, as médias de produtividade não correspondiam às suas expectativas

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SOLO

BRAQUIÁRIA X AVEIA Há quatro anos, o produtor Luiz Henrique Pedroni, de Cianorte, começou a fazer uma experiência, comparando o desempenho e os efeitos de duas culturas utilizadas como forragem – item imprescindível no sistema de plantio direto. Lado a lado, numa área de 10 alqueires (24,2 hectares) para cada qual, ele vem testando o comportamento da aveia e do capim braquiária, semeados logo após a colheita da soja, entre o final do verão e o início do outono. As forrageiras são dessecadas quimicamente entre o final do inverno e o início da primavera, na fase préplantio do ciclo seguinte da oleaginosa. TUDO IGUAL - O produtor explica que reservou para essas duas forragens as áreas de solo mais fracas de sua propriedade, onde o teor de argila é de aproximadamente 15%. “O manejo foi exatamente igual para as duas, a mesma quantidade de correção e fertilizantes, as mesmas variedades, os mesmos cuidados”, pontua. RESULTADOS - Ao fazer uma avaliação dos quatro anos de experiência comparando as duas forrageiras, o produtor constatou que o desempenho da braquiária foi muito superior ao da aveia, tomando como base a produtividade da soja. No primeiro ano (período 2014/15), praticamente não houve diferença e a colheita de soja permaneceu na faixa de 130 sacas por alqueire (53,7/

Campo onde havia braquiária apresentou desempenho superior em comparação onde tinha sido plantada aveia

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hectare). No segundo (ciclo 2015/16), as médias ainda se mantiveram equivalentes, mas os resultados começaram a aparecer no terceiro e no quarto anos. SURPREENDEU - De acordo com Pedroni, enquanto no terceiro ano (safra 2016/17) a média colhida com soja onde havia aveia chegou a 140 sacas por alqueire (57,8/hectare), na de braquiária alcançou 170 sacas/alqueire (70,2/hectare). E, no último ciclo (2017/18), com a soja tendo sido semeada no dia 27 de setembro sobre a palhada de braquiária e no dia 2 de outubro onde antes havia aveia, o resultado surpreendeu. Enquanto nesta última a média ficou em 146 sacas/alqueire (60,3/hectare), na outra, precedida pela braquiária, a diferença foi ampliada ainda mais: média de 180 sacas/alqueire (74,3/hectare), ficando entre os talhões mais produtivos. Foram 36 sacas a mais, por alqueire que, cotadas a R$ 70 em média, asseguraram um faturamento adicional de R$ 2.380. Com isso, o produtor se diz convencido a investir cada vez mais na braquiária como parte do manejo do solo. “Essa forrageira é uma ferramenta que se encaixa com perfeição no trabalho de manejo e construção da fertilidade do solo”, explica. De agora em diante, Pedroni diz que irá ampliar gradativamente a implantação da braquiária como forrageira, até atingir cem por cento das terras que cultiva.

“Essa forrageira [braquiária] é uma ferramenta que se encaixa com perfeição no trabalho de manejo e construção da fertilidade do solo” Luiz Henrique Pedroni, produtor

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SOLO

BENEFÍCIOS NA SUPERFÍCIE E NO SUBSOLO O engenheiro agrônomo Jancey Rodrigo Alves, da unidade da Cocamar em Cianorte, que presta orientação técnica a Pedroni, detalha: se por um lado a aveia não apresenta um profundo enraizamento e, em função das altas temperaturas, seus restos culturais se decompõem rapidamente, por outro, isto não acontece com a braquiária: ela segrega o solo, recicla nutrientes e atua na sua estruturação, incluindo que o intenso enraizamento rompe a camada de compactação. E, na superfície, graças à sua espessa palhada, que funciona como um cobertor, acumula mais matéria orgânica, o solo não esquenta tanto, fica protegido, absorve água da chuva e retém umidade, suportando por mais tempo um eventual veranico. Para Pedroni, não há fertilidade sem investimento e é fundamental orientar-se com um profissional especializado, uma vez que cada área tem as suas próprias exigências, pois não há receita pronta. “Quando investimos no solo, o fazemos pensando em estabilidade”, observa, citando que um solo estruturado e equilibrado é menos vulnerável às adversidades climáticas. “A braquiária é uma espécie de seguro para a lavoura”, completa.

Técnico mostra enraizamento de capim braquiária, que pode chegar a 2 metros de profundidade

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A BOA CONDIÇÃO DO SOLO, O SEGREDO DA ALTA PRODUTIVIDADE Espécie africana que se disseminou rapidamente em muitas regiões brasileiras, a braquiária não se adapta em regiões frias, caso de Guarapuava, no centro-sul do Estado, onde a família Seitz, de descendência alemã, se destaca por sua alta produtividade de soja. O pai Helmut e os filhos Alexandre e Marcos contam que fazem a rotação com cevada, milho e aveia antes de semear a soja. Mas há 30 anos eles desenvolvem um bem planejado trabalho de reestruturação do solo na propriedade. Para Helmut, a boa condição do solo é o segredo da alta produtividade. RECORDE - Na safra 2016/17, em uma pequena área de 5 hectares que foi inscrita no Concurso Nacional de Máxima Produtividade de Soja, organizado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), os Seitz colheram a incrível marca de 149,08 sacas por hectare. Em alqueire, isto equivale a 360,7 sacas, recorde nacional. O resultado é quase o triplo da média brasileira. Marcos explica que a área de 5 hectares recebeu um tratamento minucioso e diferenciado. Eles aumentaram a adubação na área e semearam em espaçamento menor. A média geral da propriedade toda foi de 191,2 sacas por alqueire (79/hectare). A experiência recordista da família é uma clara demonstração do potencial, ainda inexplorado, da soja. “A maioria dos produtores deixa de fazer o básico, que é cuidar melhor do solo”, diz Marcos. Segundo ele, observa-se que falta a devida atenção a práticas que podem fazer a diferença. Nem todos, por exemplo, se preocupam com uma adequada correção do solo; ao mesmo tempo, não cuidam da estrutura física do solo quando vão fazer a descompactação. “Acredito que temos como ajustar alguns procedimentos de adubação e aprender ainda mais para obter melhores resultados”, finaliza.

Produtores observam lavoura de soja na propriedade da família Seitz

191,2

sacas por alqueire (79/hectare) foi a média de produtividade, na safra 2016/17

“Acredito que temos como ajustar alguns procedimentos de adubação e aprender ainda mais para obter melhores resultados” Marcos Seitz, que conduz a fazenda ao lado do irmão Alexandre e do pai Helmut

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Cornélia e Norbert, os proprietários, apostam a maior parte das terras em cultivo de grãos, mas a cafeicultura lidera em lucratividade

SOLO BEM NUTRIDO NA FAZENDA PALMEIRA Quando se fala em cuidado com o solo, outro exemplo é a Fazenda Palmeira, situada em Santa Mariana, no norte pioneiro. Ocupando a maior parte dos 1,2 mil hectares da propriedade a produção de soja, milho e trigo jamais ofuscou a cafeicultura, onde a tradição da família se aliou a técnicas modernas A fazenda faz parte da Rota do Café, um caminho turístico que liga Rolândia a Ribeirão Claro, no qual, ao percorrê-lo, o visitante mantém contato com propriedades ligadas à história da cafeicultura nessas regiões. Ele pode hospedar-se em algumas delas, conhecer suas particularidades em meio a belas paisagens e saber como o café é produzido. As terras foram adquiridas em 1922 pela família da atual proprietária, Cornélia Gamerschlag, de origem suíça. A configuração atual da Palmeira, que totaliza 1.233 hectares, data de 1970, quando foi desmembrada da Fazenda Figueira, outra importante referência histórica regional. O profissionalismo na gestão é uma das características da propriedade, que conta com o apoio técnico de consultores para preservar e

manter o solo estruturado e bem nutrido, ou seja, em boas condições para dar as respostas esperadas. FIRME NO CAFÉ – Da área total, 635 hectares são destinados à produção de soja, milho e trigo, mas a fazenda, diferente do que se observa na região de Santa Mariana, não abandonou o café, que ocupa 192 hectares conduzidos de forma mecanizada. “O café é mais rentável que os grãos”, afirma Cornélia, casada com o alemão Norbert e mãe de três filhos. Ela e o marido residem no local e cuidam pessoalmente das atividades, cabendo à produtora a gestão da cafeicultura. “Sou

“Cem por cento da nossa lavoura é certificada, atendendo a um mercado exigente em cafés de procedência confiável e que sejam especiais” Cornélia Gamerschlag, produtora

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O trigo é uma das opções no inverno, compondo um tripé, ao longo do ano, com soja e milho

apaixonada por café, que sempre fez parte dos negócios da família”, afirma. Segundo Cornélia, são produzidas, em média, 40 sacas beneficiadas por hectare, uma marca que demonstra o quanto o solo é bem conduzido, recebendo todos os resíduos dos grãos – beneficiados ali mesmo -, que se transformam em adubo orgânico. A fazenda detém certificações reconhecidas em todo o mundo. Uma delas é a Fairtrade, do mercado justo, a qual garante ao consumidor que a produção não explora mão de obra infantil, assegura os direitos legais aos trabalhadores e não agride o meio ambiente. Outra, a UTZ, voltada aos processos de rastreabilidade e gestão, atesta, por exemplo, que as equipes a serviço utilizam equipamento de proteção individual. “Cem por cento da nossa lavoura é certificada, atendendo a um mercado exigente em cafés de procedência confiável e que sejam especiais”, afirma a produtora. Ela explica que as certificações ainda agregam pouco em termos de receita adicional ao produto, mas a cada viagem que faz à Europa, onde visita com certa frequência uma das filhas, vai aos supermercados conferir as gôndolas e constata que pelo menos 80% dos cafés já são certificados. “A tendência do mercado internacional é se restringir aos produtos possuidores de certificação”, diz.

DOIS SEGMENTOS – A fazenda exporta de 70% a 80% da sua produção, com foco em dois segmentos: um lado, o que apenas exige as certificações; e, outro, o que, além dos certificados, requer também café de alta qualidade, o que identifica o produto como especial. Ligada à Associação de Cafés do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), a Palmeira participa do Concurso Qualidade Café Paraná e, em 2017, ficou em 2º lugar em sua região. Entre os grupos de visitantes que a propriedade recepciona periodicamente, estão os de origem europeia. De acordo com a produtora, eles quase sempre questionam se há seriedade nas certificações e nas auditorias. “Ao conhecerem o nosso trabalho e o nível de exigência a que estamos submetidos, ficam satisfeitos”, completa. Praticamente toda a colheita nos 192 hectares de café da fazenda é realizada com duas máquinas próprias. Apenas as lavouras novas são colhidas manualmente, por ainda não se adequarem à operação mecanizada.

Fr

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CAFEZAL EM EXPANSÃO

Só produzir café é pouco, segundo o casal de produtores: é preciso agregar valor

“O café oferece segurança em um programa de diversificação”, assinala Norbert, marido de Cornélia. “Por hectare, a rentabilidade do café é bem maior que a de grãos.” Segundo ele, 200 hectares de café correspondem ao mesmo faturamento de 700 hectares cultivados com soja, milho e trigo. A média de produtividade de soja é de 130 a 140 sacas por alqueire (53,7 a 57,8 sacas/hectare) e a de milho, 240 sacas/ alqueire (99,1 sacas/hectare). A família possui viveiro próprio e planeja, em três anos, investir na expansão da cafeicultura e chegar a 300 hectares. Com isso, o objetivo é sair de uma produção de 5,5 mil sacas beneficiadas para 8 mil, em média, a cada safra. “Do ponto de vista econômico, para quem pensa em diversificar, é viável trabalhar com café”, observa Norbert, completando: “mas, ainda assim, só produzir é pouco: tem que agregar valor”.

5,5 mil sacas beneficiadas de café são colhidas por ano, em média; com expansão, expectativa é chegar a 8 mil sacas

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Produtores têm lançado mão de recursos mais avançados para economizar e ao mesmo tempo produzir mais

BOM MANEJO E PRECISÃO IMPULSIONAM PRODUTIVIDADE

“A agricultura de precisão pode não ser fundamental, mas é uma das ferramentas que agrega na produtividade do produtor” Irineu Baptista, gerente da área técnica da Integrada

A adoção da Agricultura de Precisão (AP) tem ajudado associados da Cooperativa Integrada a elevarem em até 90% os índices de produtividade em solos corrigidos. O número faz parte do balanço de um ano após a Integrada iniciar novos investimentos na ferramenta, ocorrido em 2017. Nesse período, a equipe de agricultura de precisão da cooperativa coletou amostras de solo que somaram 12.900 hectares nos Estados do Paraná e São Paulo. Rogério Raposo, coordenador de AP da Cooperativa, afirma que o sistema gera benefícios tanto para cooperados, quanto para a cooperativa. Segundo ele, o avanço da agricultura de precisão tem refletido diretamente no aumento da rentabilidade dos produtores associados. O produtor Oswaldo Rodrigues de Almeida, de Goioerê (PR), por exemplo, havia pedido 5 toneladas por alqueire de calcário para aplicação em sua propriedade na safra 2016/17. Quando a

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equipe de AP da cooperativa fez o mapeamento de solo com a coleta de amostras realizada por quadriciclo, o mapa indicou que ele não precisava aplicar a mesma dosagem em toda a área. TAXA VARIÁVEL- Com a aplicação em taxa variável, ou seja, aplicação de acordo com a necessidade de cada ponto da propriedade, o produtor utilizou 4 toneladas por alqueire, o que gerou uma economia de R$ 9 mil com o insumo. Além da economia, na safra seguinte o seu índice de produtividade aumentou em 15 sacas por alqueire em relação à safra anterior. Somente com a correção de solo, o diretor vice-presidente da cooperativa, o agricultor João Francisco Sanches Filho, que produz na região de Guaíra (oeste do Paraná), elevou na safra passada em 11 sacas por alqueire A sua produtividade, fazendo a correção de solo recomendada na agricultura de precisão, com 189% de retorno no investimento. “A agricultura de precisão pode não ser fundamental, mas é uma das ferramentas que agrega na produtividade do produtor”, avalia Irineu Baptista, gerente da área técnica da Integrada. Para 2018, a meta da cooperativa é abranger mais de 21 mil hectares dos seus associados com a agricultura de precisão, de uma área total atendida pela cooperativa de mais de 707 mil hectares. Além das atuais ferramentas de coleta e amostras de solo, a Integrada quer investir cada vez mais em tecnologias para melhorar o potencial produtivo de seus associados. A adoção do monitoramento por drones, a adoção nas novas plataformas digitais, investimento em estações meteorológicas e o uso da telemetria, são novas ferramentas que estão sendo estudadas e avaliadas pela equipe agronômica da cooperativa.

A busca é pelo desenvolvimento sustentável

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PRONASOLOS EM NOVA FASE

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O Pronasolos é um programa desenvolvido pelo governo federal com o objetivo de realizar o levantamento de solo em uma escala que permite melhor visualização, com suas respectivas interpretações e características. Os mapas atuais não possuem escala viável para o manejo de solo em nível de propriedade, nem para planejamento de microbacias. No Paraná, o Pronasolos vem sendo estruturado desde o começo de 2017, buscando condições para seu desenvolvimento junto às entidades parceiras e compondo o Programa Integrado de Conservação de Solo e Água do Paraná – Prosolo. O Estado deverá ser o primeiro a implantar o programa, prevendo levantamentos de solos e vegetação protetiva de recursos hídricos em seis módulos regionais, cada qual envolvendo uma área em torno de 10.000 km2. O primeiro módulo vai ser implantado em Toledo e envolve 24 municípios na Bacia Hidrográfica Paraná III. De acordo com os técnicos, os municípios contemplados por este programa poderão realizar o planejamento de suas atividades rurais com maior especificidade. O Pronasolos Paraná é conduzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Florestas) com o apoio da Itaipu Binacional, da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e suas vinculadas Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Instituto de Terras, Cartografia e Geologia (ITCG).

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CONTINUIDADE, COM INOVAÇÕES

Foto: Jonas Oliveira - AENPR

George Hiraiwa, novo secretário da Agricultura e do Abastecimento, quer incentivar a chamada Agricultura 4.0, justificando que a evolução tecnológica está sendo rápida no setor

Hiraiwa: “Até alguns anos, quando se falava em algoritmo ou inteligência artificial no campo, eram coisas que nem se tinha ideia de seu significado”

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PROJETOS - “A partir do momento em que assumimos a secretaria, a conversa com a governadora foi a de darmos continuidade aos excelentes projetos que encontramos, nos vários departamentos e coligadas, como Emater, Adapar e Iapar”, citou Hiraiwa, que diz pretender conferir, também, um toque em inovação. “Quanto a inovação, é uma questão de mudança de pensamento”, explicou, detalhando: “o que queremos deixar claro é que, além de oxigenar as entidades, iremos dialogar mais com os nossos parceiros sobre o surgimento de uma agricultura 4.0, pois as mudanças estão sendo muito rápidas”. Segundo o secretário, “até alguns anos, quando se falava em algoritmo ou inteligência artificial no campo, eram coisas que nem se tinha ideia de seu significado. Nós queremos cada vez mais deixar isso claro.” Mas há um outro caminho, segundo ele, a perseguir: observar os processos e tentar resolver as demandas e problemas, nas propriedades rurais, de modo simples”, disse, lembrando ter visto, recentemente, um vídeo feito por um agrônomo do Iapar que incentivou a adaptação de uma carreta de quatro rodas antiga, para apoiar na colheita do café. O equipamento estava sem uso de longa data. “Em resumo, são também inovações e resumidamente é isso: a busca constante por mais eficiência no campo.”

Sobre o sistema de integração lavourapecuária-floresta (ILPF), que se encaixa na linha de inovações, e que vem revolucionando o agronegócio, Hiraiwa disse ser “um processo fantástico” e, ao mesmo tempo, pela Seab, há alguns projetos na área de conservação de solos, como o Prosolos Paraná. “A integração lavoura-pecuária-floresta, além de trazer benefícios econômicos diretos, para o produtor, vai ajudar a conservar o maior patrimônio dele, que é a terra”, concluiu.

Foto: Flamma

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empresário e produtor rural de Londrina, George Hiraiwa, assumiu o cargo de secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, em lugar de Norberto Ortigara, que deixou a função recentemente para se candidatar a cargo eletivo. Hiraiwa, que integra a equipe da governadora Cida Borghetti, diz em entrevista exclusiva à RIC Rural, como pretende desempenhar esse trabalho nos próximos meses.

“A integração lavourapecuária-floresta, além de trazer benefícios econômicos diretos, para o produtor, vai ajudar a conservar o maior patrimônio dele, que é a terra” George Hiraiwa, secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento

AGRICULTURA 4.0 – O QUE É? A indústria 4.0 representa novos processos e produtos originados de avanços científicos de ponta e convergentes, como as info, nano, bio e neuro-cognotecnologias, que têm aplicações em praticamente todas as áreas do conhecimento e setores econômicos, inclusive na agricultura. Abrem-se, a partir daí, inúmeras oportunidades (e riscos) para novos processos, produtos e negócios.

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ARTIGO

BILHÕES DESAPARECEM

Se fosse produtor, especialista disse que venderia parte da safra futura para garantir o bom patamar de preço

Primeiro semestre, um período complicado sob o aspecto climático e econômico para o Paraná e o Brasil por Marcos Fava Neves*

A

chuva sumiu e fez perdermos bilhões de reais, principalmente no milho de segunda-safra e na cana, mas sem esquecer da laranja e outras culturas também afetadas. Com a greve dos caminhoneiros, houve deterioração do quadro econômico, com as estimativas todas ficando ligeiramente piores, desde o crescimento econômico até a redução da taxa de juros. Tivemos também um “chicote cambial”, devido à valorização dólar (leitura de aumento da taxa de juros nos EUA) e instabilidades na política mundial e também na brasileira, o que é ruim para os processos de planejamento, mesmo que representem preços em reais melhores no curtíssimo prazo às nossas commodities. INSTÁVEL - Além disto, a Argentina passa por forte instabilidade, e isto não é bom, pois nos 12 meses passados tivemos um saldo comercial de US$ 8 bilhões, principalmente de bens manufaturados. Esta instabilidade fez com que a queda da taxa Selic tenha sido postergada, ruim para o agro. PREVISÕES - A nova estimativa da Conab (oitava) traz produção esperada de 232,6

milhões de toneladas (2,1% menor que a safra anterior) mas ainda 1,3% maior que a última previsão. O algodão melhorou e a soja também, agora são esperadas 117 milhões de toneladas, praticamente garantidas, mas no milho ainda falam em 89 milhões de toneladas – o que é estranho, pois as perdas não estão ainda bem colocadas e a aposta é em uma queda maior da produção de milho. ABAIXO - O novo valor bruto da produção (VBP) do Mapa está em R$ 542 bilhões, praticamente R$ 12 bilhões a mais que o previsto em abril, efeito das maiores quantidades e preços em reais, mas ainda é 2,4% menor que o valor de 2017. Somente na soja são esperados R$ 130 bilhões, o maior faturamento já visto. Serão R$ 366,2 bilhões nas lavouras e R$ 175,8 bilhões nas carnes. Este valor pode ter viés de alta, pois mesmo a perda na produção em volume será compensada por preços melhores em grãos, mas nas carnes devem puxar para baixo. EMBARQUES - As exportações do agro em abril foram boas, de US$ 8,89 bilhões (2,7% acima de abril de 2017) e retirando-se as importações de US$ 1,3 bilhão, restou um superávit 6,8% maior, de US$ 7,59 bilhões. O

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POUCA MUDANÇA - Em relação aos preços internacionais, praticamente nenhuma variação. O índice mundial dos preços das commodities alimentares (índice da FAO) ficou em 173,5 pontos, praticamente o mesmo do mês passado. Cereais subiram um pouco (1,7%) e os lácteos também (3,4%). Os açúcares caíram quase 5%, óleos vegetais caíram 1,4% e carnes caíram 0,9%. Mas quando comparado a março do ano passado, os preços estão 2,7% maiores em dólar. E devem ficar assim ou subir um pouco, pois a estimativa do USDA (departamento de agricultura dos Estados Unidos) lançada em 10 de maio, mostra áreas plantadas nos “belts” americanos de soja e milho um pouco menores (bem pouco, mas menores). APERTO - A oferta de milho nos EUA estará bem ajustada ao consumo e qualquer evento climático trará forte alteração no mercado. Estamos num momento onde a demanda vai superar a oferta e estoques serão consumidos, o que dá uma tendência de no mínimo manutenção de preços em US$ e melhores em reais, devido ao câmbio. Vale lembrar que comparando a esta época do ano passado, os preços do milho estão quase 50% acima e da soja 27%. Então, agora nosso fato principal é observar o efeito da seca no milho brasileiro da segunda-safra e o comportamento do clima na safra dos EUA. Qualquer problema será um grande problema. NEGÓCIOS - Entre as notícias empresariais, para que tenhamos ideias de valores, destaco um caso muito interessante de marketing: a Nestlé está fechando os direitos de usar a marca Starbucks para cafés e chás, por US$ 7,15 bilhões. A empresa,

com isto, sobe um andar, tendo uma marca posicionada ao segmento mais premium, além da Nescafé e Nespresso, e aumenta sua participação no canal varejista dos EUA e em outros países. Estima-se que a Nescafé venda ao redor de US$ 10 bilhões/ano, Nespresso US$ 5 bilhões e Starbucks US$ 2 bilhões (no varejo, sem as lojas de café). A Starbucks em varejo passa a vender cafés da Nestlé, mas nas cafeterias o negócio é independente. PREOCUPAÇÕES - Finalizando o mês, são boas as notícias em relação às exportações e volumes, porém pioraram na economia e ainda não temos claro o desastroso efeito do clima, que deve tirar produção e renda. Isto não poderia acontecer, pois a oferta de milho estava ajustada e teremos problemas no custo da ração animal, para agravar a já difícil situação de produtores de suínos e aves que têm preços de 10 a 20% menores que os de abril passado. Soma-se a isto a preocupação com os preços do petróleo em escalada e o dólar, igualmente. Como sempre dou ao leitor a minha aposta, acho que o real pode até se desvalorizar um pouco mais, mas volta para 3,40 até o final do ano. Aos preços atuais em reais, eu venderia uma parte da minha produção futura para garantir. Marcos Fava Neves é Professor titular em tempo parcial das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto (SP) e da FGV em São Paulo (SP). Especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Contato: favaneves@gmail.com Foto: Flamma

complexo florestal foi o destaque, com 10% a mais. Fechamos o primeiro quadrimestre 4,4% acima de 2017, vendendo US$ 30,47 bilhões, graças ao aumento de 5,6% nas quantidades e queda de 1,1% nos preços em dólar. Importamos 1,4% a mais (US$ 4,91 bilhões) o que dá um saldo de US$ 25,56 bilhões. O agro foi responsável por 41% das exportações brasileiras.

A oferta de milho nos EUA estará bem ajustada ao consumo e qualquer evento climático trará forte alteração no mercado

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Foto: Flamma

Foto: Flamma

PEQUENOS PRODUTORES

CASULOS, PRODUÇÃO LIMPA E SUSTENTÁVEL Reconhecida como a capital brasileira da seda, Nova Esperança, no noroeste, conta com cerca de 240 barracões mantidos em áreas reduzidas

O

s tempos de dificuldades enfrentados pela criação do bicho-da-seda ficaram para trás. Hoje em dia, as cotações do casulo são mais remuneradoras e a atividade vem passando por um processo de modernização, com a adoção de novas tecnologias. “Há variedades de amoreiras mais produtivas e o trabalho no interior dos barracões passou a ser em parte mecanizado, o que trouxe facilidades”, afirma o técnico Osvaldo Silva Pádua, do escritório da Emater em Nova Esperança, município da região noroeste do Paraná. 22 | RIC RURAL - AGOSTO 2018

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“A atividade se tornou mais profissional e com foco na produtividade” Osvaldo Silva Pádua, técnico agrícola da Emater

O poder municipal de Nova Esperança – cidade que ostenta o título de a capital brasileira da seda - tem incentivado a renovação das amoreiras (cujas folhas são fornecidas para alimentar as lagartas). Ao todo, o setor congrega 239 barracões no município e em 60% deles é mantido o sistema de parceria, em que o proprietário mantém um porcenteiro para cuidar do negócio. De acordo com o técnico da Emater, as propriedades são pequenas, com média de 3 hectares, e cada barracão trabalha com 4 a 5 caixas de larvas por criada, fornecidas pela indústria, que, ao final de 30 dias, vão render de 55 a 60 quilos de casulos cada. Como há de 9 a 10 safras por ano, cada barracão tem potencial para garantir um resultado líquido ao redor de R$ 45 mil anuais, nada mal para uma área tão diminuta.

O proprietário Marcos (dir.) com o Vanildo e Laurentina: parceria que vem desde 1991

“A seda é uma produção limpa e sustentável”, observa Pádua, acrescentando: “a atividade se tornou mais profissional e com foco na produtividade”, realizando-se, inclusive, o adensamento das amoreiras, de 32 mil para até 60 mil plantas por hectare.

60%

dos barracões de seda, no município, são mantidos em sistema de parceria

Dono de 50 hectares, o produtor Marcos Perin possui quatro barracões e trabalha com 30 caixas por mês. “Quem não se mecanizou, parou no tempo e caiu fora”, diz Perin, ao lado do porcenteiro Vanildo dos Santos e da esposa deste, Laurentina. A parceria deles vem desde 1991 e, segundo Vanildo, ele, a mulher e dois filhos dão conta de dois barracões. “Nós jamais conseguiríamos ganhar na cidade o que faturamos aqui”, afirma o porcenteiro, que fica com 40% da produção.

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PEQUENOS PRODUTORES

Foto: Flamma

TOMATE, LARANJA, PEIXES... Nunca colocar todos os ovos na mesma cesta faz parte dos princípios de uma família de Nova Esperança que, em área reduzida, mantém amplo projeto de diversificação de negócios.

O tomate é uma das culturas mais rentáveis; na foto, a partir da esquerda: Carlos Alberto, João Maturi e Lucas

20 mil

Foto: Flamma

quilos de tomate são produzidos por ano, pela família, em média, numa área de apenas 1.550 metros quadrados

O agricultor Carlos Alberto de Moraes Santander, de 55 anos, conta com o filho Lucas Martins, engenheiro agrônomo, de 26, para conduzir uma propriedade onde são conduzidas várias opções de renda: cultivo de tomates em estufa, uva, pomares de laranja, eucaliptos e, mais recentemente, produção de tilápias em dois tanques. São apenas 7,5 hectares próprios onde cabem tudo aquilo e mais um pouco, além de outros 7,5 hectares arrendados, exclusivos com pomares de laranja. Há pouco tempo, os Santander adquiriram 12 hectares, onde pretendem ampliar o leque de negócios, implantando uma moderna lavoura de café, pelo sistema mecanizado. Os dois têm o acompanhamento diário do sogro de Carlos Alberto, João Maturi, de 80 anos, que chegou ao município ainda na época do desbravamento regional. São quatro estufas de tomates, com 1.550 metros quadrados no total, onde a família obtém cerca de 20 mil quilos por ano, em média. Se vendidos ao preço de R$ 3 o quilo, só essa atividade vai render um faturamento anual de R$ 40 mil, já descontados R$ 20 mil de despesas, pelas contas de Carlos Alberto. A renda é boa, segundo ele, porque a família faz a comercialização sem atravessadores, diretamente junto ao público consumidor, em feiras. Por sua vez, a laranja e a uva têm oferecido retorno, de acordo com Lucas, uma vez que parte da produção é igualmente vendida em feiras, onde eles também faturam com o suco de laranja, espremido na hora. O eucalipto é que, segundo Lucas, não correspondeu às expectativas. Por isso, pretendem erradicar as árvores e, no lugar, expandir os pomares. A nova aposta é a piscicultura, com a produção de tilápias. “Acredito que será, também, um bom negócio”, completa.

A piscicultura é uma atividade em expansão

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QUALIDADE DE VIDA

Foto: Diego Grandi

Texto: Edmundo Pacheco

ÍNDICE FIRJAN COLOCA BALNEÁRIO CAMBORIÚ ENTRE AS 50 MELHORES CIDADES BRASILEIRAS

B

alneário Camboriú é um dos destaques, dentre as 50 cidades mais desenvolvidas do Brasil. É o que revela o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) divulgado no início de julho, com base em dados de 2016 de Emprego e Renda, Saúde e Educação, que avaliou 5.471 municípios brasileiros. Localizada no litoral norte de Santa Catarina, o Balneário mostrou que é mais que uma das praias mais cobiçadas do Brasil. Se transformou numa das cidades mais promissoras, com uma das melhores médias em renda familiar (a média nacional é de R$ 3.900 e Balneário Camboriú tem média 58,5% maior: R$ 6.184, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE). No ranking das 100 melhores cidades brasileiras para se investir, está entre as três eleitas com os mais altos índices de desenvolvimento social segundo levantamento feito pela consultoria Urban Systems e divulgado pela Revista EXAME. As oportunidades de negócios, a valorização de investimentos e a atração de público qualificado são reflexos da consolidação do balneário como centro de produtos e serviços de alto padrão fomentado,

principalmente, pelo mercado da construção civil. Segundo pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), seja para trabalhar ou investir, Balneário Camboriú, está no topo do ranking. Tem, por exemplo, o maior metro quadrado de empreendimentos novos, que ultrapassam a R$ 26,5 mil e tem a segunda maior valorização em preços de imóveis novos e usados do país, com ênfase numa fatia de mercado das mais promissoras: os segmentos de luxo e super luxo. O Firjan que pertence à Federação das indústrias do Rio de Janeiro, mede a competitividade empresarial, a educação e a geração de emprego e renda. O índice varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 1, melhor é o desenvolvimento da cidade. Balneário Camboriú foi classificada em 49º lugar com índice de 0.8575, o que a coloca dentre as cidades em alto estágio de desenvolvimento. Florianópolis, a capital de Santa Catarina ficou em 47º, com índice de 0.8584. E Curitiba, a capital do Paraná, teve o pior desempenho dentre as três, ficando em 74º lugar com índice de 0.8514.

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TECNOLOGIA

DO CÉU PARA A TERRA

O manejo dos drones melhora as condições de trabalho, viabiliza a permanência de agricultores de idade mais avançada, reduz a exposição de defensivos e minimiza os riscos de intoxicações, entre inúmeros outros benefícios

N

ovas tecnologias e processos podem modificar radicalmente a paisagem rural no mundo. A fotografia mais comum na Ásia rural, por exemplo, são os campos de arroz que se espalham em plataformas nas montanhas ou em áreas inundadas nas planícies. Ali há pequenos lavradores curvados rente ao solo, descalços, usando enxadas primitivas, pulverizadores costais ou guiando búfalos que puxam sulcadores primitivos. Especialistas diriam que esse modelo primitivo de produção jamais teria a influência da agricultura intensiva em capital, altamente mecanizada e baseada em propriedades agrícolas

com alta produtividade e escala de produção. Mas estão surgindo drones que podem transformar radicalmente o processo na pequena propriedade. Essa tecnologia permite monitorar de perto a condição das lavouras e as operações agrícolas. Começam a chegar ao mercado máquinas voadoras que literalmente substituem o trabalho de lavradores, animais e máquinas. Em vez de pulverizador costal, por exemplo, surgem drones capazes de pulverizar três hectares por hora, com baixo volume de água (8-12 litros/hectare), precisão de aplicação localizada, melhores formulações e mínimo desperdício de insumos. Eles voam com base em coordenadas de GPS e são operados em sistemas de “digital farming”.

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BENEFÍCIOS - “O manejo de drones melhora as condições de trabalho, viabiliza a permanência de agricultores de idade mais avançada, reduz a exposição de defensivos e minimiza os riscos de intoxicações e de incidentes fatais com serpentes e outros animais peçonhentos, muitos frequentes na Ásia”, comenta Marcos Sawaya Jank, especialista em questões globais do agronegócio. Jank lembra que no Japão o uso de helicópteros de controle remoto já é prática comum nos últimos dez anos, inclusive na semeadura de arroz. Na China, estima-se que haja mais de 5 mil drones em operação. Projeções apontam que esse número possa chegar a 100 mil equipamentos até 2020. Isso significa que em apenas três anos, segundo Jank, cerca de 30% de toda a área cultivada na China será manejada com drones. ”Presenciamos eventos na China em que aplicações são feitas com múltiplos drones ao mesmo tempo, em paralelo, controlados em conjunto.” INCENTIVOS - O governo chinês oferece financiamento subsidiado para a aquisição de drones. Grandes fundos de investimento do país apostam nesse modelo de negócios, que pode levar a pequena agricultura asiática diretamente do século 19 para o século 21. Jank ressalta que ainda há empecilhos para a expansão dos drones na agricultura: o custo relativamente alto dos equipamentos e a falta de regulamentações específicas – formulação adequada, carga máxima, normas e habilitação de voo. “Mas isso irá mudar rapidamente.” Em 2016, a China tirou do Brasil a posição de 3º maior exportador agrícola do planeta, graças a um modelo baseado na exportação de legumes, verduras, frutas e pescados, destinados basicamente aos seus vizinhos asiáticos. Hoje a China possui mais de três milhões de hectares de cultivo protegido, o que representa 90% das casas de vegetação plásticas utilizadas no mundo.

pecuários permitir que mais de 500 milhões de pequenos produtores da Ásia aumentem a sua produtividade em 20% ou 30% em poucos anos?”, pergunta o especialista, acrescentando: “Qual o impacto que isto terá na exportação futura de países como o Brasil?” Segundo Jank, “em tempos turbulentos, fincar os pés e as sementes no chão é fundamental, mas não podemos deixar de olhar o que está acontecendo no mundo tecnológico digital, nos céus e nos nossos vizinhos de além-mar”.

“O que vai ocorrer se uma revolução nas tecnologias e nos processos agropecuários permitir que mais de 500 milhões de pequenos produtores da Ásia aumentem a sua produtividade em 20% ou 30% em poucos anos? Qual o impacto que isto terá na exportação futura de países como o Brasil?” Marcos Sawaya Jank, especialista em questões globais do agronegócio

IMPACTO - “O que vai ocorrer se uma revolução nas tecnologias e nos processos agro-

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Foto: Flamma

PECUÁRIA

BRASIL LIVRE DE AFTOSA COM VACINAÇÃO Depois de anos de muito trabalho, país conquista certificado junto a OIE mas não pretende parar por aí

O

ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) recebeu no dia 24 de maio em Paris, durante a 86ª reunião da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), certificado que confere ao Brasil o status de livre da febre aftosa com vacinação. A nova condição sanitária, agora estendida a todos Estados - além de Santa Catarina, considerada livre sem vacinação -, foi comemorada pelo ministro, que destacou esforços do governo e da iniciativa privada e perspectiva de ampliação de mercados para as carnes bovina e suína. “O Brasil vem numa luta, em um programa de mais de 60 anos para erradicar essa doença e, nos últimos anos, fez um esforço muito grande para finalmente resolver o problema”, afirmou.

“E, a partir desse reconhecimento, o Brasil tem novo status no mercado mundial e poderá acessar mercados que ainda estão fechados”. Ele destacou tipos de carne que passarão a ser negociados, principalmente, com países asiáticos, entre eles, China e Japão. “Não era possível, até agora, por exemplo, exportar para a China carne que contém osso”. EFEITO COLATERAL - “E há o efeito colateral, que são as exportações de carne suína. Se você não tem o país livre, o mercado não aceita a carne suína. Temos um Estado na federação que é livre sem vacinação, então, ele podia exportar por exemplo, para o Japão, para Coreia e outros mercados. Em resumo, mudar o status e ao mudar, você tem mais gente para conversar, mais países para comercializar”, disse Maggi.

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O país tem novo status no mercado internacional, o que poderá significar oportunidades

REDUZINDO AOS POUCOS Programa elaborado pelo Ministério da Agricultura prevê que até 2023 deverá ser possível cessar a vacinação no país, iniciando a retirada da vacina contra aftosa já a partir do ano que vem. “Temos esse cronograma definido em função do fluxo de animais, porque uma vez declarado o Estado como zona livre, não é possível transitar mais por ele com animais procedentes de outro Estado com situação diversa. E também há atuação nas fronteiras, desde a Argentina, Paraguai, Bolívia, Venezuela, países com os quais há um programa conjunto.”

“O Brasil vem numa luta, em um programa de mais de 60 anos para erradicar essa doença e, nos últimos anos, fez um esforço muito grande para finalmente resolver o problema” Blairo Maggi, ministro da agricultura

200 milhões

de cabeças é a estimativa do rebanho bovino nacional, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa)

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Foto: Flamma

SOJA

O Paraná é o segundo maior produtor nacional do grão, só perdendo para o Mato Grosso

A LIDERANÇA É QUESTÃO DE TEMPO Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) estima que se o Brasil repetir no próximo ciclo o volume colhido neste ano, ocupará a dianteira na produção mundial

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epois de assumir a ponta na exportação global de soja no ciclo 2015/16, o Brasil poderá alcançar já na próxima safra de verão (2018/19) a liderança na produção mundial da oleaginosa, deixando para trás os Estados Unidos. A previsão foi feita pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) em seu relatório de oferta e demanda publicado no dia 10 de maio. O Paraná tem papel importante nesse contexto. O Estado é o segundo maior produtor nacional do grão, só perdendo para o Mato Grosso. Na safra 2017/18, os produtores paranaenses colheram cerca de 19 milhões de toneladas. Especialistas lembram que esse avanço da soja brasileira em relação à norte-americana já poderia ter acontecido no ano passado. Tarso Veloso, analista da AgResource Brasil, afirma: a pequena quebra de safra registrada no ciclo 2016/17, impediu que os produtores brasileiros passassem à frente de seus colegas dos Estados Unidos. O relatório do Usda indica que isto vai acontecer se o Brasil reprisar na temporada 2018/19 o que fez no período 2017/18 e colher ao menos 117 milhões de toneladas, enquanto a produção norte-americana não deve ir muito além de 116,5 milhões de toneladas. Lá, os produtores enfrentaram nas primeiras semanas de maio o frio intenso e muita umidade,

fatores que têm atrasado a semeadura e podem atrapalhar o rendimento médio das lavouras. MILHO - Para o cereal, os norte-americanos também seguiram a tendência da Conab, reduzindo em 5 milhões de toneladas a colheita estimada no comparativo com a previsão de abril, chegando a 87 milhões de toneladas na safra 2017/18. Já para a safra seguinte, o Usda acredita que o Brasil vai recuperar o potencial das lavouras, depois de um ano de redução em área e produtividade, atingindo mais de 95 milhões de toneladas. A agência Reuters avalia que o Brasil pode ultrapassar os Estados Unidos como o maior exportador de milho dentro de cinco anos, dando fim a décadas de domínio norte-americano no mercado de um dos alimentos básicos do mundo. Produtores dos EUA, que por gerações se orgulham de estar no celeiro do mundo, agora sofrem com os preços dos grãos e infraestrutura envelhecida. Os esforços de Washington para renegociar acordos comerciais também podem afetar as exportações e, além de tudo isso, as divergências comerciais do país com a China pode ter reflexos na agricultura norte-americana. Ao mesmo tempo, o Brasil está colhendo os benefícios de seu investimento massivo em infraestrutura para exportação. Em 2012/13, o país sul-americano ultrapassou os EUA como maior exportador de soja. Três anos depois, a Rússia desbancou os EUA do primeiro lugar na exportação de trigo.

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117 milhões

de toneladas foi o total da colheita brasileira de soja na última safra (2018/19), segundo a Conab; expectativa conservadora é repetir esse volume no próximo ciclo (2019/20)

Em 2012/13, o Brasil ultrapassou os EUA como maior exportador de soja

Foto: Flamma

"Se você olhar cinco, dez anos adiante, o Brasil vai competir com os EUA para ser o primeiro exportador de milho do mundo", disse Michael Cordonnier, presidente da consultoria Soybean and Corn Advisor. "Eles têm terra: centenas de milhões de hectares que podem ser voltados para a produção; eles têm o clima; eles têm o know-how. Do ponto de vista agronômico, não há limites a vista", acrescenta. Bilhões de dólares investidos nos portos do Brasil, principalmente no norte, encerraram anos de atrasos crônicos na exportação, tornando o envio mais barato e impulsionando compras de consumidores como a China. Além de soja, o Brasil também é o maior fornecedor de carne bovina, frango, açúcar, café e suco de laranja. O Brasil está aquém dos EUA em infraestrutura rodoviária, mas melhorias graduais são esperadas na área. Os fazendeiros norte-americanos enfrentam seus próprios desafios.

Expansão da oleaginosa deve acontecer, sobretudo, em áreas antes ocupadas por pastagens

NOVA SAFRA BRASILEIRA DEVE TER ÁREA MAIOR Os produtores brasileiros devem semear uma área maior de soja na safra 2018/19, que começa em setembro. Com a rentabilidade em alta devido a forte quebra de produção na Argentina e à disputa comercial entre Estados Unidos e China, fatores que geraram altas de preços e prêmios nos últimos meses, especialistas estimam que o aumento da área será de até 1,5 milhão de hectares no país. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informa que foram semeados 35,1 milhões de hectares de soja no ciclo 2017/18, ante 25 milhões em 2011/12. Como nas últimas safras, a expansão deverá acontecer principalmente em áreas antes dedicadas a pastagens. A expectativa é que a demanda pela soja permaneça firme na safra 2018/19, mesmo com o arrefecimento da disputa sino-americana. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda), as exportações brasileiras do grão alcançarão 72,3 milhões de toneladas em 2018/19, 1 milhão a menos que em 2017/18, mas patamar ainda elevado, quase 10 milhões de toneladas superior ao do ciclo 2016/17. Com a quebra de safra na Argentina as compras do grão para processamento aumentaram no país. Há uma janela aberta para exportações de farelo de soja, e os EUA não conseguem ampliar muito a produção, uma vez que as indústrias de lá já operam quase no limite, conforme explicam especialistas. 33 | RIC RURAL - AGOSTO 2018

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Foto: Ass. Imprensa/SRM

EXPOSIÇÕES

Pelos levantamentos da SRM, exposição recebeu 600 mil visitantes e somou cerca de R$ 550 milhões em negócios

LIDERANÇAS DEBATEM PERSPECTIVAS PARA O AGRO NA EXPOINGÁ Feira realizada em Maringá recebeu especialistas que abordaram temas diversos relacionados ao setor em eventos com grande número de participantes

exposições agropecuárias do país”, ressalta Iraclézia, mencionando que isto é fruto de parcerias com os mais diversos setores. Segundo ela, “mais do que um evento de lazer e entretenimento para pessoas de todas as idades, a Expoingá se afirma a cada ano como uma vitrine para a realização de negócios e fórum para a discussão dos temas mais relevantes do setor”. Foto: Ass. Imprensa/SRM

U

m dos pontos altos da Expoingá 2018, promovida de 3 a 14 de maio no Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeiro, em Maringá (PR), foram os vários eventos que tiveram a participação de especialistas renomados e centenas de representantes do setor, entre produtores, dirigentes de empresas, lideranças de classe e parlamentares. Ao longo de sua realização, entre diversas outras iniciativas, a Feira recebeu uma palestra sobre as perspectivas para o agro nacional que reuniu mais de 600 convidados, um evento inédito envolvendo agronegócio e direito agrário assistido por quase mil participantes, um congresso nacional sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) com outros 500 interessados, e a segunda edição do fórum que analisou o presença cada vez maior de mulheres na moderna atividade rural. A presidente da Sociedade Rural de Maringá (SRM), Maria Iraclézia de Araújo, fez um balanço positivo da Exposição que, em sua 46ª edição, recebeu cerca de 600 mil visitantes e totalizou R$ 550 milhões em negócios efetivados e prospectados. A SRM é a entidade promotora da Feira, que contou este ano com mais de 500 expositores. “A Expoingá consolidou-se entre as maiores e mais importantes

Maria Iraclézia, presidente da Sociedade Rural de Maringá: “A Expoingá consolidou-se entre as maiores e mais importantes exposições agropecuárias do país”

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Professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (SP), Marcos Fava Neves foi um dos palestrantes da Expoingá 2018. Para Neves, uma das melhores notícias para o agronegócio internacional em 2017 foi dada pelo presidente chinês, Xi Jinping. Num esforço para reduzir os níveis de poluição urbana em seu país, ele anunciou a adição de 10% de etanol na gasolina, percentual que poderá chegar a 20% numa segunda etapa. “Com isso, de uma só tacada, o presidente chinês criou um mercado adicional de pelo menos 50 milhões de toneladas de milho [a matéria prima para produção do biocombustível]”, disse Neves, para quem essa situação deve beneficiar diretamente os produtores brasileiros. O palestrante lembrou que, há alguns anos, a exemplo do que acontece atualmente na China, os Estados Unidos não adicionavam etanol à gasolina. Quando o presidente George W. Bush (2001-2009) anunciou a medida, inicialmente com 10% de mistura, e que foi sendo ampliada posteriormente, acabou criando um mercado suplementar para o milho que chega atualmente a 120 milhões de toneladas. Agora, o impacto da decisão chinesa ganha ainda mais importância, para os brasileiros, sobretudo em razão das divergências que estão ocorrendo entre a China e os Estados Unidos. Como o presidente Donald Trump impôs uma taxação de 25% nas importações do aço e do alumínio, afetando diretamente os interesses chineses, grandes produtores, estes últimos, em retaliação, podem passar a importar mais produtos do agronegócio brasileiro.

e a cana”, afirmou o palestrante, enfatizando que o déficit na oferta ocorre justamente quando as cotações do petróleo estão subindo e devem incidir sobre os preços dos combustíveis, ao consumidor.

“A demanda por etanol vai bombar no mercado interno e o Brasil terá que recorrer ao produto importado.” Marcos Fava Neves - Professor titular da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto

Foto: Flamma

MILHO GANHA MERCADO ADICIONAL COM ETANOL NA CHINA

Esse crescimento da demanda internacional para o etanol de milho, e também de cana-de-açúcar, esbarra, segundo o professor, na redução da oferta da matéria-prima. Houve substancial quebra de safra de soja e milho na Argentina, enquanto, no Brasil, o milho de segunda safra, ainda em fase de desenvolvimento, deve apresentar sensível redução, devido a falta de chuvas. É esperada, também, uma diminuição de pelo menos 10% na oferta de canade-açúcar, causada por efeitos climáticos e também pelo envelhecimento e a perda de produtividade dos canaviais. “Acendeu o sinal amarelo para o milho 35 | RIC RURAL - AGOSTO 2018

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Foto: Ivan Bueno - aenpr

EXPOSIÇÕES

Previsão é que só com as exportações do setor agro, o país chegue a 1,2 trilhão de dólares nos próximos dez anos

DÓLAR TRAZ INCERTEZAS E UNIVERSIDADE PRECISA DE UM “CHACOALHÃO” Sobre os aumentos constantes que têm sido verificados na moeda norte-americana em relação às demais, Marcos Fava Neves enfatizou na Expoingá que tal fenômeno, de âmbito global, não estava previsto. “Ninguém previa essa chicotada do dólar”, asseverou o palestrante, afirmando que, na sua visão, a moeda norteamericana não deve permanecer muito tempo em patamares tão altos. Os aumentos beneficiam os produtores de commodities agrícolas, como soja, assegurando cotações remuneradoras. Por isso, Neves orienta que seja negociada parte da safra, “para aproveitar os ganhos”. ENSINO - Falando como professor da FEA/ USP, Marcos Fava Neves fez uma crítica ao ensino superior no país, afirmando que o mesmo precisa de um “chacoalhão”. Ele disse considerar inaceitável que acadêmicos da Universidade Nacional de Brasília tenham, recentemente, depredado os diretórios de cursos de agrárias e medicina veterinária, exigindo a exclusão desses cursos do portfólio da instituição, por puro preconceito. “Há um ranço que não se consegue

compreender contra o agronegócio, setor referencial que está recuperando a economia e gerando muitas oportunidades para os jovens em todas as áreas.” Para Neves, os estudantes não saem das universidades preparados para empreender e, sim, com uma visão obsoleta e pensando apenas em serem bolsistas.

“Há um ranço que não se consegue compreender contra o agronegócio, setor referencial que está recuperando a economia e gerando muitas oportunidades para os jovens em todas as áreas” Marcos Fava Neves, professor da FEA/USP

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em metro quadrado. Ao mesmo tempo, há um grande número de empresas investindo em startups, consolidando o pilar da inovação. “Já existe a maçã que não oxida, a carne que não vem do boi e sim das algas, o leite que é obtido da ervilha e até mesmo os alimentos produzidos a partir de insetos, entre inúmeras outras novidades”, exemplificou.

Neves: anúncio de adição de 10% de etanol à gasolina, pelos chineses, deve criar uma demanda adicional de 50 milhões de toneladas de milho

O PAPEL DO BRASIL NO AGRO MUNDIAL E AS QUEBRAS DE PARADIGMAS “As notícias a respeito do Brasil, no exterior, são sempre muito ruins”, ressaltou o palestrante Marcos Fava Neves, citando como exemplos a corrupção sistêmica, a violência e informações mal-intencionadas de que o país está destruindo suas florestas. “Mas quando o assunto é o agronegócio, há um reconhecimento: somos o Cristiano Ronaldo”, disse. Diante do crescimento da população global, que poderá chegar a 9,7 bilhões de indivíduos em 2050, o Brasil continuará registrando forte expansão na oferta de alimentos. Nos próximos dez anos, só com o aumento das exportações de soja, milho, algodão, carne bovina e de frango, o agronegócio deve gerar divisas estimadas em 1,2 trilhão de dólares ao país. Neves mencionou ainda, as “transformações impressionantes” havidas nos últimos anos, com o desaparecimento de indústrias que não se adaptaram aos novos tempos. “Muita coisa sumiu, como o DVD, o gravador e os mapas de papel, enquanto outras perderam valor, caso do telefone fixo.” Na lavoura, a enxada e outros objetos viraram artigos de museu. No campo, hoje, enfatizou o professor, predomina a tecnologia, com recursos como o drone se popularizando e permitindo ao produtor não pensar mais em alqueire ou hectare e, sim,

A economia circular, por sua vez, segue conquistando espaço. Em algumas regiões do Brasil, usinas de açúcar e etanol já incorporaram também o milho para produção de biocombustível, otimizando suas estruturas e ganhando mais eficiência. Sem esquecer que um subproduto desse sistema, o composto proteico resultante do esmagamento do milho, é um alimento de alta qualidade, aproveitado na engorda de bovinos. Tudo isso sem falar, ainda, da economia do compartilhamento. De acordo com Marcos Fava Neves, o surgimento do Uber e da AirBnb, por exemplo, rompeu paradigmas e vai mudar o futuro. Nesse sentido, já existem, inclusive no Brasil, empresas especializadas em compartilhar o uso de máquinas em operações agrícolas, dispensando produtores de realizarem altos investimentos na sua aquisição.

9,7 bilhões

é a expectativa da população mundial em 2050, o que vai demandar a produção de 40% a 50% mais alimentos e energia, segundo a FAO

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“Foi o campo que segurou as pontas, principalmente em 2015 e 2016, quando o PIB negativo do país poderia ter sido bem maior.” Aderaldo: em 2000/01, a demanda por soja no mundo era de 172 milhões de toneladas, volume que chegou a 342 milhões em 2017/18

O AGRO “SEGUROU AS PONTAS” E É VOCAÇÃO DOS BRASILEIROS Ao falar sobre as perspectivas de mercado para o agronegócio brasileiro, na Expoingá, o vicepresidente de Negócios da cooperativa Cocamar, José Cícero Aderaldo, iniciou mencionando a importância do segmento, particularmente nos últimos anos, em que o país enfrentou uma de suas piores crises econômicas. “Foi o campo que segurou as pontas, principalmente em 2015 e 2016, quando o PIB negativo do país poderia ter sido bem maior.” Para Aderaldo, o agro é uma vocação dos brasileiros, mas precisa incorporar ainda muita tecnologia para consolidar sua presença no concorrido mercado internacional. CONSUMO - O dirigente da cooperativa citou como exemplos os números da expansão do consumo de alguns itens, em nível global, para destacar a crescente importância do papel brasileiro como fornecedor de alimentos. Em 2000/01, a demanda por soja no mundo era de 172 milhões de toneladas, volume que chegou a 342 milhões em 2017/18, registrando evolução de 99% no período, média de 4% ao ano. Só a China importa 100 milhões de toneladas, em grande parte do Brasil. Ao mesmo tempo, há expansão da demanda por milho, que garante suporte ao aumento da produção de carnes e biocombustível.

José Cícero Aderaldo - vice-presidente de Negócios da cooperativa Cocamar

DESAFIOS - As próximas décadas, segundo Aderaldo, chamam atenção pelos desafios que apresentam. O principal deles é o aumento da população do planeta, que vai beirar 10 bilhões de pessoas daqui a 32 anos, em 2050. “A população chinesa está se mudando para as cidades, fenômeno que se observa em vários outros países em desenvolvimento”, disse o executivo, lembrando que isto acontece em paralelo a uma melhoria de renda. “Quando as pessoas começam a ganhar mais, a primeira coisa que fazem é melhorar a sua alimentação.” E vem da China, ainda, a notícia de que o país pretende adicionar 10% de etanol à gasolina, o que vai impulsionar ainda mais a demanda por milho, uma das matérias-primas empregadas na produção do biocombustível.

100 milhões

de toneladas de soja é quanto a China deve importar do Brasil em 2018

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Herrmann: “Estamos no lugar certo, na hora certa, fazendo o negócio certo”

PAÍS VAI SUPRIR A DEMANDA Com o tema “O futuro brilhante do Brasil”, o presidente da John Deere no país, Paulo Renato Herrmann, participou da Expoingá 2018 fazendo uma palestra sobre as expectativas para o agronegócio nacional. “Estamos no lugar certo, na hora certa, fazendo o negócio certo”, disse ele, dando ênfase, em especial, aos sistemas de produção integrados. De acordo com Herrmann, que desde 2012 preside a Associação Rede ILPF, uma entidade nacional de fomento a projetos integrados composta por Embrapa, John Deere, Cocamar, Bradesco, Syngenta e Soesp Sementes, formatos como a integração lavoura-pecuária (ILP) e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) têm crescido rapidamente no país. Em 2015, uma pesquisa apontou que 11,5 milhões de hectares já eram cultivados com esses sistemas, no Brasil. Os dois próximos objetivos da Associação, segundo ele, são captar 1 bilhão de dólares para fomentar a pesquisa e o aprimoramento desse modelo de produção, e certificar as propriedades onde o programa é executado. INTEGRAÇÃO - Ao analisar os desafios do planeta nas próximas três décadas, em especial

no que refere ao aumento da população e a maior demanda por alimentos, Herrmann disse enxergar o Brasil como um dos principais produtores de alimentos, sendo um dos únicos com potencial de expansão do agronegócio para atender ao mercado em larga escala. Isto será possível em grande medida, segundo ele, por meio da integração – que, em resumo, é a intensificação de atividades agropecuárias numa unidade produtiva. Herrmann aponta a realidade dos dois mais populosos países do mundo, Índia e China, para dar uma dimensão das oportunidades que se apresentam ao agro brasileiro. Segundo ele, especialistas projetam que até 2050 as duas nações, juntas, devem somar cerca de quatro bilhões de habitantes. O crescimento da população acontece em paralelo a um irreversível processo de urbanização em ambos os países, com melhoria da renda. “Quando uma família melhora sua renda, a primeira coisa que faz é se alimentar melhor”, observou. DEPENDENTES - As vocações naturais da Índia e da China são, respectivamente, a prestação de serviços e a indústria. “Eles não têm como alcançar a autossuficiência alimentar, pois as propriedades rurais, em ambos os países, são muito pequenas, com

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Detalhe de sistema de integração, cuja proposta é desenvolver várias atividades na mesma área

tamanhos variando entre 1 e 1,5 hectare”, disse o dirigente. “Faz muito tempo que os chineses produzem por volta de 15 milhões de toneladas de soja, mas em 2018 eles vão importar 100 milhões de toneladas.” Diante desse cenário, o Brasil vai ocupar naturalmente o seu lugar, explicou o palestrante, assinalando que o país cultiva cerca de 60 milhões de hectares com culturas agrícolas, possui 150 milhões de hectares de pastagens (a maior parte em estágio degradado) que podem ser incorporadas ao processo produtivo, por meio da integração, e ainda há pelo menos 50 milhões de hectares de novas fronteiras a explorar. Na visão dele, a integração é a mais nova revolução do agronegócio brasileiro, que em 1970 passou a contar com o inovador plantio direto na palha. Nos anos 1990, a segunda safra chegou para revolucionar o setor, sendo o Brasil o único país a conseguir cultivar uma lavoura no verão e outra no inverno.

11,5 milhões de hectares já eram cultivados com formatos integrados no Brasil em 2016, segundo a Associação Rede ILPF, que fomenta o programa

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segurança, “pois há uma desconfiança muito grande por parte dos investidores internacionais”. Os impostos são extorsivos e a burocracia atinge níveis que definiu como “inacreditáveis”. “O Brasil é um país com os dois pés no freio”, continuou, reclamando a falta de uma reforma tributária e ressaltando as enormes deficiências e defasagens logísticas e estruturais. “As estradas e pontes das regiões produtoras foram construídas há muitos anos”, exemplificou, lembrando ainda que as propriedades rurais e empresas estão sujeitas a 15 tipos de fiscalizações e há ausência de segurança jurídica.

Stephanes: os impostos são extorsivos e a burocracia atinge níveis “inacreditáveis”

O BRASIL É UM PAÍS TRAVADO, RECLAMA REINHOLD STEPHANES O deputado federal pelo PSD/PR e ex-ministro da Agricultura (de março de 2007 a março de 2010), Reinhold Stephanes, também palestrou a produtores na Expoingá. Ele disse ter uma visão otimista do agronegócio, justificando o forte crescimento do setor nas últimas quatro décadas, quando o país deixou de ser importador de alimentos para se tornar um dos principais fornecedores do planeta, exportando para 180 países. No entanto, chamou atenção para “pontos críticos” em relação à economia brasileira. Stephanes lembrou que, ao contrário do setor agro, o país apresentou crescimento pífio nas últimas décadas, ficando entre os lanternas da América do Sul, com baixos índices de produtividade e competitividade. No início dos anos 1990, previu-se que os integrantes do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) seriam a bola da vez em crescimento econômico, mas o Brasil frustrou as expectativas. “Potencial para crescer nós temos, mas é preciso fazer a lição de casa”, afirmou o parlamentar.

Stephanes disse considerar o Paraná um Estado diferenciado em estruturas de suporte à produção agropecuária, mas lembrou que isto é, principalmente, um mérito da iniciativa privada, em especial do sistema cooperativista: “63% das safras passam pelas cooperativas, não fosse por elas seria o caos”. O deputado defendeu que o país resolva o problema fiscal – “não é possível continuar tendo déficits anuais de 200 bilhões de reais” – sendo que metade disso vem da previdência social. Ressaltou, ainda, a necessidade de se investir mais, lembrando: “nossas taxas de investimento têm sido inferiores a 15% do PIB, enquanto na China elas chegam a 25%”.

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são as modalidades de fiscalizações a que está sujeita uma propriedade rural.

PROBLEMAS DEMAIS - Em primeiro lugar, disse, se faz necessário criar um ambiente de

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Mais de dois terços do território nacional (66%, segundo o cadastramento ambiental rural) são formados por florestas. É o maior percentual de conservação dentre todos os países no mundo

70% DAS TERRAS BRASILEIRAS ESTÃO PROIBIDAS PARA QUALQUER ATIVIDADE “O Brasil é um país muito regulamentado e autolimitado”, afirmou Reinhold Stephanes, ao explicar que 70% das terras do território nacional estão congeladas para qualquer atividade. “A soma das reservas indígenas, para ser ter ideia, equivale a seis Estados do Paraná” e, para complicar, segundo ele, são inúmeros os obstáculos burocráticos. “E quando se fala em meio ambiente, é tudo não, é tudo proibido”, salientando que as licitações são complexas e emperram projetos. “A complexidade é tão grande que isto acaba facilitando as fraudes”, asseverou. A autolimitação acontece em todos os setores da esfera econômica, pontuou o deputado, lembrando que uma simples operação de dragagem do berço (local onde os navios atracam) no Porto de Paranaguá, é ainda mais difícil: além da autorização dos órgãos ambientais, depende da concordância de meia dúzia de representantes de comunidades indígenas do entorno. “Se uma família estiver cultivando uma propriedade há um século e for surpreendida pela chegada de técnicos da Funai, com um antropólogo afirmando que ali há qualquer vestígio arqueológico, é expropriada sem direito a reclamar.” Ele disse saber que o setor cooperativista do Paraná tem um bilhão de reais disponíveis para investir em novas estruturas industriais, mas está há cinco anos tentando vencer a burocracia e licenciamentos, sem saber se conseguirá alcançar seu objetivo nos próximos anos.

que utiliza para adubar suas lavouras, mesmo possuindo a terceira maior reserva do planeta. O mesmo acontece em relação ao fósforo, lembrou Stephanes: “quando, há algum tempo, o governo tentou iniciar a exploração, houve um bombardeio de ONGs internacionais e não se falou mais nisso”. As dificuldades para empreender no campo não param por aí. Segundo o ex-ministro, o Brasil proibiu o cultivo de arroz em várzeas, o que é autorizado em todo o mundo. Da mesma forma, não se pode plantar em encostas, o que também se vê em inúmeros países. A insegurança é tão grande, de acordo com Reinhold Stephanes, que há pouco tempo o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou uma nova votação para analisar a constitucionalidade do Código Florestal sancionado em 2012, o qual havia demandado quase quinze anos em sua discussão e elaboração. Mesmo assim, foi um susto para o setor: o STF confirmou a constitucionalidade, mas pelo apertado placar de 6 a 5.

"O Brasil se vê obrigado a importar 95% do potássio que utiliza para adubar suas lavouras, mesmo possuindo a terceira maior reserva do planeta" Reinhold Stephanes - deputado federal pelo PSD/PR

NÃO PODE MEXER - Nessa toada, o Brasil se vê obrigado a importar 95% do potássio 42 | RIC RURAL - AGOSTO 2018

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Temas jurídicos fizeram parte deste ano da edição da Expoingá, com alertas aos produtores

DESINFORMAÇÃO TRAZ PREJUÍZOS Comparando a atividade rural a uma corrida de obstáculos, o advogado Gastão Mesquita Filho, de São Paulo (SP), onde também faz parte do conselho da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, disse que o produtor rural precisa aprender a prevenir problemas com a justiça. Segundo ele, o preenchimento equivocado do formulário do Imposto Territorial Rural (ITR), por exemplo, pode acabar custando uma pesada infração. “A recomendação é que o produtor sempre consulte um advogado especializado antes de colocar sua assinatura em um contrato”, frisou Mesquita, ao explicar que até mesmo documentos corriqueiros de parceria, como arrendamentos de terras, podem resultar em enormes dores de cabeça. Por sua vez, em tom bastante incisivo, o advogado e professor Albenir Querubini, especializado em Direito Agrário, de Porto Alegre (RS), afirmou que produtores norte-americanos financiam ONGs internacionais para tentar garantir os seus empregos, defendendo que a produção de alimentos seja uma primazia dos Estados

Unidos, em detrimento do Brasil, seu principal concorrente, onde só deveriam existir florestas. Por isso, segundo Querubini, há muita divulgação ideológica e a legislação agrária não pode ser feita de “achismos”. Ele argumentou que uma propriedade rural tem fim econômico e não é para conservação florestal. Mesmo assim, no Brasil, mais de dois terços do território nacional são constituídos por reservas florestais, sendo o país que mais preserva em todo o mundo.

“A recomendação é que o produtor sempre consulte um advogado especializado antes de colocar sua assinatura em um contrato” Albenir Querubini, jurista especializado em direito agrário

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Foto: Flamma

A própria juventude passou a ser um desafio para Amanda, mas ela conseguiu conquistar a confiança dos produtores

A AGRÔNOMA QUE CONSEGUIU IR ALÉM DO SEU SONHO Desde pequena, seu desejo era cursar agronomia; hoje, é uma profissional respeitada em citricultura

S

ó mesmo com muita superação é que a paranaense Amanda Caroline Zito conseguiu realizar o objetivo de ser uma engenheira agrônoma, mesmo sem que a sua família tivesse ligação com a atividade rural. “Meus pais nunca foram agricultores, mas desde pequena eu já falava em cursar agronomia”, lembrou a profissional, que é contratada da Cocamar em Nova Esperança, no noroeste do Paraná.

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Na faculdade eram 60 alunos, dos quais apenas 6 mulheres. “Eu realmente encontrei minha vocação ao cursar agronomia, mas não imaginava como seriam grandes os desafios que me esperavam”, disse. No quarto ano do curso, ao procurar trabalho, conseguiu uma vaga como estagiária na unidade da cooperativa, em Nova Esperança (PR). “Menina tímida, poucos acreditavam que eu seria selecionada no teste seletivo, mas fui aprovada e conquistei o emprego”, contou Amanda, que precisaria prestar assistência técnica a campo, na citricultura, atendendo dezenas de produtores. RESISTÊNCIA - No entanto, ao apresentar-se, quase nenhum daqueles produtores de laranja concordou em ficar sob a sua orientação, alegando que ela era muito nova e, por isso, preferiam contar com profissionais experientes. “Eles ficaram receosos e eu muito preocupada com a situação”, afirmou Amanda, que era de uma família humilde: mãe costureira e pai proprietário de um pequeno bar. “Um dia, cheguei em casa muito desanimada, achando que não conseguiria. Achava até que havia escolhido a profissão errada”, resumiu. Foi daí que encontrou na mãe Maria Ivonete o seu estímulo e referência. A mãe decidiu dar uma guinada na própria vida e provou à filha que não faziam sentido as palavras “não consigo”, “é impossível” e “desisto”. Maria Ivonete, que tinha só o primeiro grau, matriculou-se no Centro de Estudos Supletivos para completar o segundo. Para isso, passou a acordar todos os dias às 5h para estudar. Extremamente determinada, ela passou no vestibular de enfermagem, concluiu o curso e fez ainda outras duas faculdades: ciências biológicas e medicina.

“Atualmente, as áreas de laranja mais produtivas da região da cooperativa estão sob os meus cuidados” Amanda Carolina Zito, engenheira agrônoma

Empolgada com o esforço da mãe, Amanda dedicou-se aos poucos produtores de laranja que acreditaram em seu trabalho e os resultados começaram a aparecer. Foram tão positivos que os demais acabaram dispensando os consultores particulares, para receber o atendimento oferecido pela profissional. “Atualmente, as áreas de laranja mais produtivas da região da cooperativa estão sob os meus cuidados”, orgulha-se. Amanda se tornou palestrante e consultora de citricultura, fazendo atualmente mestrado nessa área.

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HISTÓRIAS DE GENTE CAMPEÃ

Foto: FPA

foi o período em que a região se destacava por seus potenciais no cenário nacional”, contou a deputada, lembrando que um de seus desafios foi enfrentar um surto de febre aftosa no Estado.

Antes de seguir para Brasília, onde passou a representar o Mato Grosso do Sul como deputada federal, ela ouviu que “aquilo não era fácil”

TEREZA CRISTINA SOUBE CONQUISTAR SEU ESPAÇO Engenheira agrônoma, a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a deputada federal Tereza Cristina Souza Dias (DEM-MS), disse na recente Expoingá, em Maringá (PR) que não foi uma tarefa tranquila para uma mulher como ela transitar em um território essencialmente masculino, como era o agronegócio brasileiro até alguns anos. A começar pelo próprio curso universitário que escolheu, onde só havia quatro alunas. Logo que se formou, Tereza, a mais velha entre cinco irmãos, foi trabalhar em São Paulo numa trading que vendia soja para a Europa. “Naquela época, o Brasil não comercializava direto para os asiáticos, como hoje. Tinha que passar pela Europa, que fazia a venda para os outros mercados”, recordou. LIDERANÇA - Como o pai morreu quando ela apenas iniciava sua carreira, aos 22 anos, a única opção foi regressar para o Mato Grosso do Sul e ajudar a família, na propriedade rural. “Depois de alguns anos, fui convidada a trabalhar na Famasul [Federação da Agricultura do Estado do Mato Grosso do Sul] e me apaixonei pelo esforço coletivo”. Foi ali que desenvolveu a sua liderança. Nessa época, segundo Tereza, o agronegócio brasileiro passava por grandes dificuldades em razão do forte endividamento, agravado por uma sequência de malsucedidos pacotes econômicos adotados pelo país. “Dediquei-me de corpo e alma a esse trabalho e cheguei a superintendente do Senar [Serviço Nacional de Aprendizagem Rural]”. Certo dia, ela recebe um telefonema e, do outro lado da linha, o governador a convida a assumir a secretaria estadual da Agricultura. “Fiquei sete anos e meio no cargo e

NOVO DESAFIO - Casada, três filhos e um neto, Tereza não deixou por menos quando o mesmo governador fez a ela um segundo convite: candidatar-se a uma vaga na Assembleia Legislativa. “Recusei de pronto, mas não o decepcionei: eu disse que só aceitaria o desafio se fosse para concorrer ao cargo de deputada federal”, relatou. Ela recebeu a quarta maior votação no Estado, mas antes de seguir para Brasília, ouviu que “aquilo não era fácil” – uma alusão ao Congresso Nacional com seus 513 deputados. “Lá chegando, passei a formar uma produtiva rede de conhecimentos e relacionamentos”, disse. MAIS MULHERES - No início deste ano, ao ser convidada para assumir a presidência da poderosa FPA, que conta com mais de 200 parlamentares, Tereza afirmou ter escutado, de colegas, que a bancada ruralista “é o símbolo do atraso” e que enfrentaria preconceitos, por ser mulher. “No Congresso, somos aproximadamente 50 deputadas”, afirmou, enfatizando que muitas delas exercem seus mandatos com muita representatividade. “Precisamos que mais mulheres que se candidatem a cargos políticos.” O PAÍS E O SETOR - Tereza Cristina lembrou que “o Brasil é um país cobiçado por suas potencialidades e os brasileiros precisam aprender a participar do jogo político, elegendo pessoas honestas e capazes, que os representem de verdade”. Segundo a deputada, não é mais possível pagar pela máquina pública do Brasil, assim como não se concebe mais tanta desinformação e bobagens que se ouve, a todo momento, a respeito do agronegócio brasileiro.

“No Congresso, somos aproximadamente 50 deputadas. Precisamos que mais mulheres que se candidatem a cargos políticos” Tereza Cristina Souza Dias, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)

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Foto: Flamma

Grossa (PR). No tempo em que trabalhou na entidade, ela disse ter visto o governo criar um parque florestal em áreas produtivas, sem indenizar os proprietários das terras, o que, a exemplo de muitas lideranças, considerou um absurdo. Em meio ao debate que se formou em uma importante reunião com a presença de muitos parlamentares que se colocaram em defesa dos produtores, Samanta pediu a palavra para dizer que os congressistas lutavam por tudo até aquele momento, menos pelas questões relacionadas ao meio ambiente. “Eu me senti meio atrevida ao fazer isso e achei que sofreria retaliação por parte de alguns parlamentares mais tradicionais”, contou.

Samanta: “Sempre fui durona, mas em casa eu chorava muito, porque não conseguia acompanhar, como mãe, a educação dos meus dois filhos pequenos”

A ADVOGADA QUE AJUDOU A PROTEGER OS PRODUTORES Com sua família originária de Clevelândia (PR), a advogada Samanta Pineda é atualmente uma referência nacional em direito ambiental, prestando consultoria a produtores rurais do Paraná e de várias outras regiões do país. Moradora em Ribeirão Preto (SP), onde é casada com o prefeito Antonio Duarte Nogueira Júnior, Samanta lembra que sua trajetória no mundo jurídico, com foco no agronegócio, começou por acaso. Nascida em Curitiba (PR), aos 13 ela anos começou a trabalhar como recepcionista. “Na época, a vida no campo era muito sofrida”, lembrou, percebendo que havia muito exagero por parte da sociedade, que via os produtores rurais como predadores do meio ambiente. “Quando um dos primeiros deputados federais, o saudoso paranaense Moacir Micheletto, começou a defender os produtores na questão ambiental, foi massacrado pela imprensa nacional.” Por isso, com seu entendimento de que não era bem assim, decidiu cursar direito e optar justamente por uma especialização ainda em falta no país, em sua época: o meio ambiente. “Não havia direito ambiental que não fosse para ambientalista”, recordou. NO SINDICATO RURAL - “Fiz o curso com o objetivo de defender os produtores”, lembrou Samanta, que se tornou assessora jurídica do Sindicato Rural de Ponta

Dias depois, o então deputado federal Abelardo Lupion manda chamar Samanta para uma conversa, na qual faz um convite à advogada: proferir uma palestra sobre meio ambiente, com foco jurídico, para 150 parlamentares em Brasília. Surpresa, Samanta disse que ficou feliz com a oportunidade e aceitou, lembrando que, no Congresso, “como não tinha nada a perder”, aproveitou para “soltar o verbo”, apontando que seria preciso mudar a lei do meio ambiente, a qual penalizava os produtores. “Embora alguns dissessem que isto, ainda no final de 2006, seria uma utopia, o deputado Valdir Colatto acabou escrevendo a primeira minuta do novo Código Florestal”, destacou a advogada. “Com isso, ajudei a escrever um projeto de lei que mudou a vida dos produtores brasileiros”, acrescentou. Ela foi contratada pela Bancada Ruralista, para a qual trabalhou como consultora, até o final de 2013. “Sempre fui durona, mas em casa eu chorava muito, porque não conseguia acompanhar, como mãe, a educação dos meus dois filhos pequenos”, disse, lembrando que não se sentiu culpada por isso, pois hoje os filhos estão entre os seus maiores incentivadores e se orgulham de sua trajetória.

“Quando um dos primeiros deputados federais, o saudoso paranaense Moacir Micheletto, começou a defender os produtores na questão ambiental, foi massacrado pela imprensa nacional” Samanta Pineda, advogada especialista em questões ambientais

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Foto: brasquímica

LEGISLAÇÃO

Por estar localizado na região tropical do planeta, Brasil encontra-se mais suscetível ao ataque de pragas e doenças nas lavouras do que os países das zonas de clima temperado, onde o frio constitui limitante natural

DESCONSTRUINDO MITOS Parlamentares desenvolvem trabalho para modernizar as leis relacionadas aos defensivos agrícolas no Brasil

O

ponto de partida para desvendar a questão dos defensivos agrícolas no Brasil passa pelo entendimento do que o país tem uma agricultura tropical, enfrenta temperaturas elevadas e deve-se levar em conta, também, o cenário completamente distinto do que havia há séculos. O advento da tecnologia, o aumento no consumo de alimentos, a produção agrícola em larga escala, bem como a resistência adquirida pelas pragas, incitam a necessidade de modernização da política nacional do uso de defensivos. Esta é uma das demandas do setor agrícola brasileiro. TRÓPICO - O clima tropical do país é facilitador da propagação de pragas e do aumento do número de doenças, tanto para indivíduos quanto para a produção de alimentos e insumos agrícolas. Mesmo levando em conta essa característica intrínseca da região, o

Brasil não é o país com o maior consumo de agrotóxicos. Dados da Wageningen University (Holanda) mostram que o consumo no Brasil de ingrediente ativo por hectare (3,22 kg) fica atrás de países como a Holanda (20,8 Kg), Japão (17,5), Bélgica (12,0), França (6,0), Inglaterra (5,8), Alemanha (4,0) e Estados Unidos (3,41). DESAFIOS - O combate ao contrabando e a falta de equipamentos de segurança adequados também constituem desafios enfrentados na agricultura por órgãos federais de controle. O diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, informa que estudos utilizam recortes tendenciosos quando afirmam que o aumento no número de mortes registradas por intoxicação é causado pelo uso de defensivos agrícolas. Segundo dados do DataSUS (Ministério da Saúde), nos últimos 10 anos, há registros de 804.797 mil intoxicações por diversas circunstâncias: medicamentos, cosméticos, alimentos,

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99%

das amostras de alimentos analisadas pela Anvisa, entre 2013 e 2015, estavam isentas de resíduos de agrotóxicos

e bebidas, até mesmo plantas tóxicas. Deste total, 4% são por agrotóxicos, dos quais 70% pelo uso acidental e em tentativas de suicídio. O manuseio habitual de agrotóxicos corresponde a 0,7% dos casos de intoxicação geral. Em relação ao número de óbitos, houve 9.163 casos de morte por intoxicação geral. Destes, 1.829 notificações foram por uso de agrotóxicos, sendo que 87% dos óbitos decorreram de suicídios utilizando esses produtos. Em relatório realizado pelo Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quase 99% das amostras de alimentos analisadas, entre o período de 2013 e 2015, estavam livres de resíduos de agrotóxicos, que representam risco agudo para a saúde. LEGISLAÇÃO – De autoria do deputado federal Covatti Filho (PP-RS) e relatoria do deputado Luiz Nishimori (PR-PR), ambos membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), uma proposta vai modernizar questões como registro, uso e comercialização dos produtos.

MERCADO MONOPOLIZADO Segundo o deputado Luiz Nishimori, para se registrar um novo produto no Brasil demora-se, aproximadamente, de 5 a 8 anos. “Hoje existem 1.800 processos aguardando análise e a capacidade do governo gira em torno de 150 processos/ano. O mercado está monopolizado devido ao alto custo e tempo despendido no processo de desenvolvimento dos defensivos agrícolas. Por outro lado, 99% das amostras de alimentos analisadas, entre o período de 2013 a 2015, estão livres de resíduos de agrotóxicos, que representam risco agudo para a saúde”, ressalta o deputado em sua justificativa. Nishimori revelou que pretende entregar o relatório ainda neste semestre. “Para chegar ao texto atual realizamos audiências públicas e ouvimos os setores envolvidos, caminhamos para um parecer que contribua para a modernização da legislação atual e ao mesmo tempo contemple a segurança alimentar, porque precisamos pensar na saúde da população e também cuidar do meio ambiente”. O deputado acrescentou, ainda: “Tivemos excelentes audiências públicas com grande participação, debatemos a questão inclusive com autoridades de outros países, como a Austrália, que já possui uma legislação eficiente. Pensamos desde o grande produtor até o pequeno. No geral, foram 18 temas debatidos” concluiu.

1.800

processos estão aguardando análise sendo que e a capacidade do Governo Federal gira em torno de 150 processos / ano.

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ENERGIAS RENOVÁVEIS

A VEZ DO BIOGÁS E DO BIOMETANO

A iniciativa se alinha à ideia de atender às demandas do setor produtivo, aprimorando a legislação estadual para que esteja em sintonia com as tendências de sustentabilidade

Governadora Cida Borghetti sanciona lei que estabelece instrumentos de organização, incentivo, fiscalização e apoio às cadeias produtivas dos materiais derivados da decomposição de matéria orgânica

P

ara fomentar a produção de biogás e abrir novas oportunidades de negócios baseados em energias renováveis, a governadora Cida Borghetti sancionou no dia 21 de maio a lei que institui a Política Estadual do Biogás e Biometano. A iniciativa faz parte do Programa Paranaense de Energias Renováveis, conduzido pela Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral. O secretário estadual do Meio Ambiente, Antonio Carlos Bonetti, que representou a governadora na reunião na Secretaria do Planejamento, destacou o pioneirismo do Estado para o marco legal, sendo que um dos objetivos é proporcionar maior suporte jurídico a empreendedores que desejam investir em biogás. REGRAS - Bonetti explicou que a nova legislação pretende estimular empresas a se estabelecerem e participarem do setor produtivo estatal, através da

isenção de impostos, por exemplo. De acordo com a lei, ficam estabelecidas regras, obrigações e instrumentos de organização, incentivo, fiscalização e apoio às cadeias produtivas dos materiais derivados da decomposição de matéria orgânica. A lei também prevê ao poder público o fomento à produção e ao consumo de biogás e biometano gerados na região, através de programas específicos instituídos em regulamento que promovam, por exemplo, a adição de um percentual mínimo de biometano ao gás canalizado distribuído no Estado e o estabelecimento de tarifas e preços mínimos. A iniciativa se alinha à ideia de atender às demandas do setor produtivo, aprimorando a legislação estadual para que esteja em sintonia com as tendências de sustentabilidade econômica, ambiental e social, diversificando a matriz energética e contribuindo para redução das emissões de gases de efeito estufa.

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VOCAÇÃO AGROPECUÁRIA E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Na visão do coordenador do Programa Paranaense de Energias Renováveis, Mário Figueiredo, a criação do Marco Regulatório do Biogás e do Biometano surgiu como uma demanda dos diversos segmentos envolvidos com o assunto no Estado, considerando a intensa vocação agropecuária e a representatividade do agronegócio no PIB paranaense, além da preocupação com a preservação do meio ambiente. “O objetivo é criar uma economia circular, na qual os passivos ambientais da agropecuária e meio urbano serão transformados em ativos energéticos, trazendo mais competitividade e sustentabilidade ao Estado”, definiu. Segundo o coordenador, depois de estabelecer a política do biogás e biometano, a prioridade do Programa Paranaense de Energias Renováveis será aprofundar os estudos em energia solar e energia eólica.

PARANÁ PODERIA SUBSTITUIR 100% DO DIESEL, SEGUNDO ABIOGÁS Representantes e conselheiros da Associação Brasileira do Biogás e Biometano (Abiogás) comemoraram a decisão. “Essa é uma vitória para o setor como um todo e um resultado concreto do trabalho realizado pela Associação desde 2013. Atualmente o Paraná tem potencial de substituir 100% do diesel consumido no Estado. O nosso trabalho aqui está só começando”, destacou Alessandro Gardemman, presidente da entidade. Para Gardemman, a legislação paranaense chega num momento oportuno, em que ocorre grande transformação da bioenergia no mercado nacional. “O Paraná sempre esteve na vanguarda do biogás, o Estado é uma grande potência agroindustrial e, portanto, grande produtor de biogás. Faltava apenas uma política adequada para melhorar o passivo ambiental e ainda melhorar a renda do produtor”, afirmou, completando: “a Lei assinada agora é estruturada, completada e integrada com todas as áreas”, finalizou.

“O objetivo é criar uma economia circular, na qual os passivos ambientais da agropecuária e meio urbano serão transformados em ativos energéticos, trazendo mais competitividade e sustentabilidade ao Estado” Mário Figueiredo, coordenador do Programa Paranaense de Energias Renováveis

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BIOCOMBUSTÍVEIS

A SOJA VAI TAMBÉM PARA O TANQUE Com a maior adição de biodiesel ao diesel (que subiu de 8% para 10% em março), demanda pela oleaginosa para produção de biocombustível aumenta 4 milhões de toneladas e já representa, cerca de 15% da safra nacional

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C

omo resultado do aumento da mistura de biodiesel ao óleo diesel, de 8% para 10% em março último, houve uma demanda adicional de esmagamento de 4 milhões de toneladas de soja, para além das 15 milhões de toneladas já utilizadas anualmente na produção do combustível renovável. Com isso, aproximadamente 15% de toda a soja produzida no Brasil é processada para virar combustível, fazendo com que o volume da produção nacional de biodiesel aumentasse para 5,3 bilhões de litros, 25% a mais em comparação ao ano passado. O diesel B10 deverá permanecer pelo menos até 2019, quando os pesquisadores terão finalizado os testes encomendados pela indústria automobilística sobre a viabilidade de elevar a mistura vegetal para 20%. Para isso, soja é que não vai faltar, segundo o pesquisador César de Castro, do Núcleo Temático de Agroenergia da Embrapa Soja, em Londrina. Pelos cálculos da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), desde que começou a ser adotado, em 2005, o biodiesel gerou demanda para processamento doméstico de 85,1 milhões de toneladas de soja. Outras 3,9 milhões de toneladas de

gorduras animais foram utilizadas, evitando o descarte inadequado no meio ambiente. Em 13 anos, o biodiesel evitou que o país gastasse mais de 15 bilhões de dólares com importações de diesel fóssil.

"O diesel B10 deverá permanecer pelo menos até 2019, quando os pesquisadores terão finalizado os testes encomendados pela indústria automobilística sobre a viabilidade de elevar a mistura vegetal para 20%."

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BIOCOMBUSTÍVEIS

ETANOL NO VEÍCULO ELÉTRICO O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria da Cana-de-Açúcar, Alfred Szwarc, enfatiza em artigo os avanços em relação ao veículo elétrico a etanol, que representa, segundo ele, um salto para o futuro. “O etanol de cana é renovável, apresenta toxidez ambiental reduzida, é biodegradável, tem elevada octanageme emite até 90% menos fases de efeito estufa (GEEs) do que a gasolina. No Brasil, sua produção e uso em larga escala se tornou um sucesso por conta dessas qualidades e pela viabilidade técnica de substituir a gasolina, na mistura com o combustível fóssil ou no uso direto. SUSTENTABILIDADE - Os automóveis híbridos, que operam parte do tempo com propulsão elétrica e parte do tempo com a energia produzida por um trator de combustão interna, já utilizam gasolina com 27% de etanol. Sinônimo de sustentabilidade ambiental, por conciliar economia de combustível e baixa emissão de poluentes, os modelos híbridos poderão incrementar mais estes atributos com a utilização direta do etanol, que já vem sendo cogitada por algumas montadoras.

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É imperativo para os interesses do país que o governo federal incentive a inserção do automóvel híbrido que utiliza etanol, em curto prazo, por meio de estímulos destinados a baratear o seu preço final. Em um patamar mais avançado que o dos veículos híbridos, os elétricos vêm sendo celebrados como a melhor alternativa para atingir a emissão zero de poluentes e de GEE. Contudo, podem não atender essa expectativa se a energia utilizada para carregar suas baterias for gerada por fontes fósseis, que liberam para a atmosfera essas substâncias. É fundamental que a energia elétrica seja obtida de fontes limpas, como a biomassa da cana, a água, o vento e o sol.

Colheita de cana no Paraná: uso do combustível derivado da cultura é cogitado por montadoras

ETANOL - Uma opção interessante nesse contexto é a geração da energia elétrica a bordo do próprio veículo. A tecnologia da célula de combustível que converte hidrogênio em eletricidade por meio de um processo eletroquímico, possibilita avançar nessa direção. A novidade é o que o hidrogênio pode ser obtido do etanol em um equipamento chamado reformador. Assim, um veículo equipado com o reformador de etanol e com a célula de combustível pode ser abastecido com etanol, dispensando investimentos milionários na produção de hidrogênio e na logística de sua distribuição.”

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GERAL

ALERTA GEADA Entrou em operação, em maio, o Alerta Geada, serviço que o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) oferecem até setembro com o objetivo de auxiliar os produtores de café do Estado a decidir, na iminência de ocorrência do fenômeno, sobre a aplicação de técnicas de proteção das lavouras cafeeiras. Durante o período de funcionamento do serviço, os pesquisadores acompanham as condições meteorológicas na região cafeeira do Estado e publicam diariamente um boletim informativo, disponível gratuitamente nos endereços www.iapar.br, www.simepar.br e, ainda, pelo telefone (43) 3391-4500, neste caso ao custo de uma ligação para aparelho fixo.

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CULINÁRIA NATURAL Alimentação alternativa é um assunto cada vez mais recorrente em todo o mundo. A culinária vegana, por exemplo, passou a ganhar um espaço significativo, conquistando chefs e um grande número de adeptos que buscam uma alimentação mais saudável. Pensando neste mercado efervescente, a chef mineira radicada em Curitiba (PR), Gabi Mahamud, se especializou em gastronomia vegana e passou a difundir suas ideias e receitas pela internet. Agora, a profissional lança o seu primeiro livro: Flor de Sal.

Foto: Divulgação

Com o selo da Editora Alaúde, a obra traz conceitos sobre gastronomia sustentável, e mais de 60 receitas veganas e sem glúten, distribuídas em 143 páginas. São tortas, massas, salgadinhos, doces, bolos, lanches e bebidas, além de versões vegetais de maionese, requeijão e queijo. “Além de contar um pouco da minha história com a gastronomia, o livro traz diversos ensinamentos de como desperdiçar menos, realizar pequenas tarefas que podem mudar o mundo, e diversas receitas diferentes”, explica a chef. O grande diferencial do livro é a preocupação com o sabor de cada receita. “Temos que acabar com o mito de que receitas sem glúten, veganas, saudáveis e sustentáveis não têm compromisso com o sabor”, complementa.

CERVEJA DIFERENCIADA A egressa do curso de biomedicina, da Faculdade Campo Real, Danielle Tratz, conquistou uma patente internacional, divulgada em mais de 180 países. O trabalho foi desenvolvido a partir dos estudos em biotecnologia, produzindo cerveja com um processo totalmente diferenciado. Após concluir o curso, ela continuou trabalhando nas pesquisas e aprimorando os processos. Com o título “Bagaço de Laranja: Resíduo Altamente Lucrativo”, Danielle desenvolveu o trabalho de especialização durante a pós-graduação em Biotecnologia, também na Faculdade Campo Real, com orientação do professor Durinézio José de Almeida. Dentro das pesquisas realizadas, Danielle chegou a uma bebida fermentada a qual foi apresentada para a conclusão do curso. Diante disso, a cerveja foi sendo melhorada, despertando o interesse de investidores. “Já possuímos cervejas de erva-mate, chá-mate, café e chocolate. As inovações não param. Já temos uma lista de novas receitas para serem testadas. Acredito que a cada temporada teremos novas edições”, explica.

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TELEVISÃO

SÉRGIO E ROSE, DEZ ANOS DE RIC RURAL

O

s apresentadores do RIC Rural, Sérgio Mendes e Rose Machado, fazem a comunicação com o público rural há 22 anos e, confirmando a audiência do programa que é exibido aos domingos das 9 às 10h na RICTV /RECORDTV, são reconhecidos por onde passam. “A gente gosta muito desse relacionamento com os telespectadores”, afirma Sérgio. Quando os veem, as pessoas geralmente vão chegando para saudá-los, como se fossem amigos de longa data e dizer que os acompanham em suas andanças pelo mundo do agronegócio estadual. Mas não é somente junto ao segmento rural que os dois se tornaram conhecidos. Nas cidades, parte da população se identifica com os temas abordados e, mesmo aqueles sem nenhuma ligação com a terra, gostam de assistir às reportagens, mergulhando na realidade das fazendas e das pequenas propriedades, sem falar que um dos quadros mais esperados do RIC Rural, o Sabor da Terra, comandado por Rose, pesquisa a gastronomia típica do campo, fazendo um resgate de receitas que, invariavelmente, faz grande sucesso. Sucesso, aliás, que pode ser medido também pela quantidade de premiações importantes conquistadas nos últimos anos. Só o Prêmio Ocepar de Jornalismo, eles já faturaram 14 vezes. E, como resultado dessa interação com o meio, Sérgio e Rose são convidados para viagens internacionais, integrando praticamente todos os anos comissões formadas pelo Sistema Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) para conferir o que há de novo, no setor, nos Estados Unidos e na Europa. Em 2017, ambos e o repórter cinematográfico Renato Pesarini, que está com eles há muito tempo, viajaram para países europeus para conhecer mais a fundo a produção de energia limpa, algo que ainda está começando no Brasil. Na Alemanha, se viram diante de um mar de placas fotovoltaicas, uma cena marcante, lembra Sérgio. “Os produtores estão produzindo a sua energia a partir do aproveitamento da luz solar e também de resíduos”, afirma.

Casados e pais de seis filhos, dos quais três são jornalistas, Sérgio e Rose residem em Maringá e começaram seu trabalho em Paranavaí, na antiga TV Imagem. Tempos depois, já comandavam um programa semanal, para todo o Estado, no Grupo Paulo Pimentel. Na RICTV / RECORDTV, eles já estão há dez anos e, além da abrangência estadual do programa, as reportagens são exibidas para grande parte do mundo pela Record Internacional. Para completar, os dois apresentam um programa diário de rádio, o CBN Rural, em várias emissoras paranaenses.

Rose e Sérgio: dez anos acompanhando o agronegócio estadual

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