Twent#4

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Fichá técnica

Capa: Jade Liz França Curadoria de conteúdo: Jade Liz França e Natália Zuca Tradução Português - Francês: Natália Zuca Revisão Português: Ana Guerra Revisão Francês: Guillaume Toumi e Líria Barbosa Barros Produção Gráfica: Jade Liz França


Colaboração especial, foto de Lívia Arnaut


Álvaro Vinueza Nogueról • 17 anos • Distrito Federal cafecomlitio.blogspot.com.br

João Gabriel Furbino • 24 anos • Minas Gerais

Eduardo Lapouble • 19 anos • Minas Gerais

Lehi Henrique • 20 anos • Pernambuco .facebook.com/Lehihenrique

Efe Godoy • 24 anos • Minas Gerais flickr.com/godoydocampo

Leonardo Thebit • 16 anos • Minas Gerais

Guilherme Aguiar • 21 anos • Minas Gerais

Lorhan Luc • 21 anos • Minas Gerais

Gil Torres de Castilho • 22 anos • Minas Gerais

Natália Zuca • 19 anos • Minas Gerais

Igor Rocha • 19 anos • Minas Gerais

Vitor Barbosa • 19 anos • Minas Gerais

Jade Liz França • 18 anos • Minas Gerais flickr.com/jadeliz

Paulo Giselli Monsanta • 24 anos • Minas Gerais poesiakitsch.wordpress.com


Colaboradores



Desenho com

Lehi Henrique acabamento digital

Dessin avec finition digital


Monera Gil Torres de Castilho

Entre as organizações mais simplezinhas com que se toma contato nessa recolhida agência de inteligência e censura: o laboratório de bioquímica! ainda há muitas surpresas visuais para o século XXI. É claro, sejamos honestos: a menos que diante de uma observação despretensiosa e, principalmente, que não desmaie de tédio ou incômodo de, por um longo, longo, longo tempo, franzir a testa e fechar um olho diante do orifício curtinho: a caverna da microbiologia: recinto fechado (têm falado que perigoso), decerto instável como um formigueiro de cores formidáveis! Alguns de nós insistirão entre goles de catuaba que aquele punhado de bolinhas multiplicantes só existe num espaço entre lentes e luzes laboratoriais, chegarão em

casa entre guinchadas e rasantes de morcegos e aceitarão humildes uma bronca que profetiza a dor de ouvido que nos desperta: “foram os ares ruins”, dirá Hipócrates, “tomou sereno”, dirá sua mãe. Às vezes não é fácil negá-los. Você funga sobre o chá de camomila e aceita que o passado rigorosamente menstrua seus mitos, suas dúvidas nas esquinas pelas quais vez ou outra você passou: não há tanta certeza que a peste negra não nade no frio de uma fração derretida de sacolé, pronta para um slackline sobre um fio de sua saliva sedenta. Mas erga-se! delicie-se com a febre que te conecta a seus antepassados, vamos! sinta sua insignificância para os tempos em que você vive, como o verme que habitará o intestino dos


Aquarela Eduardo Lapouble

descendentes de seus descendentes! Ulisses, uma bactéria ardilosa de uma cultura distante, vive em ti junto a bilhões de outros argonautas unicelulares, desde o fim da Guerra de Troia, ontem em plena Rua São Domingos do Prata, quadricentésimo nonagésimo primeiro portão; Pois ele foi agraciado com o mesmo sonho que embalará seu delírio desse sábado à noite em que você não chegará ao Maletta com os seus amigos, tal como ele não chegou a Ítaca com os dele; sentado sobre a madeira enegrecida de óleo do convés, ele pensa em Penélope. No seu interior, a navegar sob as águas salinas que chacoalham em sua bexiga arcaica, naufragam um bilhão de embarcações viróticas, prontas para causar-lhe os tremores que no mesmo convés,

3.000 anos depois, você sofre. Resta reconhecer enfim que a monera sorri com igual humor para vocês dois, que se parasitam um ao outro no tempo, ao som retumbante de uma velha sentença: “Pró-pólis; seu vacilo é seu castigo, cara-pálida!”. O pesadelo cessa no embalo em que você acorda pela performance de inquietude e penetrabilidade de sua mãe. Na placidez de uma raposa, ela perfura seu sovaco com uma flecha de vidro ao passo que um navegante dois andares lá em baixo e lá fora anuncia chup-chups a dois reais. Sob as mesmas nuvens cor de elefante, ele escuta as trovoadas do céu que a todos cobre e você se cobre ao som das trovoadas de céu da sua boca.


Monère Entre les structures les plus simples qu’on pourrait venir à connaître dans l’intérieur de cette discrète agence d’intelligence et censure : le laboratoire de biochimique! Il y a, encore, plusieurs surprises visuelles au XXIe siécle. Il est vrai que si nous soyons justes. Il y a moins que devant une analyse modeste et principalement une analyse que ne s’évanouisse pas d’ennui à la nuisance de - pour un long, long, long temps - plisser le front, entre-fermer un oeil devant ce petit trou: la grotte de la microbiologie: enceinte clos (on dit que dangereux), sûrement instable, Telles que le fourmillière de couleurs formidables! Entre nous, quelques-uns insisteront, entre deux gorgées de bière que cet ensemble de petits pois multipliants seulement existent dans un espace entre des lentilles et des lumières de laboratoire, arriveront-ils chez eux d’entre treuils et des nivellements des chauves-souris et humblement accepteront la reproche qui professe l’otalgie qui nous réveille. <<...les mauvais vents.>> dirai Hippocrates. <<t’as pris du serein, n’est-ce pas?>> dirait votre maman. Souvent n’est pas facile les nier. Vous reniflez sur votre thé de camomille et enfin acceptez que le passé sévèrement à ses ours, ses mythes, ses doutes et les répands sur les cornes par lesquelles, une fois ou deux, vous avez passé: il n’a pas tel certitude dont la peste noire ne serais pas en nagant dans la froide, ainsi que fondue, partie de vêtre crème glacée; elle-même, prête pour un slackline sur un fil de votre salive. Mais levez-vous! Enchantez-vous avec la fièvre laquelle vous lie à vos ancêtres, allons-y! Touchez l’insignifiance que les temps où vous vivez ont pour vous, tel comme l’helminte que habiterai l’intestin des descendants de vos descendents! Ulysse, une bactérie russe d’une culture loitaine vit dans vous-même, assemblée à milliards d’autres argonautes unicellulaires, à partir à la fin de la Guerre de Troie, hier, juste à la Rue Mouffetard car, il a été rendu la grâce du même rêve qui vous bercera le délire de la nuit de cet samedi, où vous n’arrivera pas à Montmartre, ainsi comme il n’a pas été arrivé à Ithaque avec ses amis; assis sur le bois du point noir par le betume, il pense à Pénélope. Dans son intérieur, en glissant sur des eaux salines secouants sa vessie archaïque, naufragent un milliard de navires virals, prêtes pour vous causer les tremblements lesquels, sur le même pont, 3000 ans depuis, vous souffrez. Il faut reconnaître que la monère vous sourit avec la même humeur qui parasitent un à l’autre ,sous le son d’une vieille dite: “Pro-polis, sa vacillation est votre punition, bon vivant! Le cauchemar cesse au élan dans lequel vous vous réveillez par la performance d’inquiétude et pénétrabilité de votre mère. Avec la sérénité d’un renard, elle poince votre aisselle,avec une flèche de verre pendant un navigateur, deux étages dehors, au-dessous, annonce des glaces à 1 euro, sous les mêmes nuages, gris comme des éléphants. Il écoute les tonnerres du ciel qu’à tous nous couvre et vous vous couvrez sous le son des tonnerres sur son palais .


Eduardo Lapouble Aquarela Aquarelle


Efe Godoy Desenho colagem sobre papel cart達o


Dessin-collage sur carton






Jovens, pesquisadoras e apaixonadas por música. Paula Andrade e Lorena Padrine, 22 e 21 anos, são criadoras e realizadoras do “Hoje eu escuto o que?”, um blog sobre música. Conversamos com Paula Andrade, que contou um pouco mais sobre o blog e sobre sua visão do mundo musical. Como o blog surgiu? Eu e Lorena sempre trocamos músicas com todo mundo. Mesmo se eu acabei de conhecer uma pessoa, começamos a falar sobre música e a gente troca figurinha. Nós temos vários amigos com os quais trocávamos músicas todo dia, mas algumas pessoas tinham que ficar pedindo: “você me falou daquela música, me manda ela, não lembro qual é”. Por isso, resolvemos criar uma página onde pudéssemos postar as músicas. Assim os nossos amigos poderiam pegá-las. Nós duas fizemos isso, mas a verdade é que tínhamos que arrumar um nome para o blog e nós somos péssimas com nome. Tem aquele

blog da Cris Guerra (Hoje vou assim), então a gente plagiou um pouco o nome e ficou “Hoje eu escuto o que?” porque isso engloba tudo. Com uma semana, foram mais de cem curtidas. Gente do Rio, de São Paulo, não era só daqui de BH. Continuamos postando sem nenhuma pretensão de crescer e de fazer um site. Postávamos duas vezes por semana e a coisa começou a crescer. Então veio a ideia de fazer o blog, ele veio pra ser uma coisa bem aberta, escolhemos colaboradores que gostam de estilos diferentes dos nossos, sempre na onda um pouco mais alternativa, não importa se é folk, se é rock ou MPB. Isso pra deixar o blog mais amplo mesmo.


“ A gente posta música de manhã, a primeira música pra acordar, o ‘bom dia’, é sempre uma música tradicional.

Como é o processo de pesquisa de vocês? Ele fica mais centralizado na internet ou vocês utilizam outras fontes? Depende muito de colaborador. Por exemplo, eu e Lorena escrevemos mais. Eu prefiro escrever sobre música internacional, justamente sobre música independente internacional, com destaque para rock e para música eletrônica. Então a minha pesquisa fica um pouco mais na internet mesmo, eu pesquiso muito em sites e em blogs, converso até com um pessoal de fora por meio dos sites, faço várias perguntas. Já a Lorena escreve melhor sobre MPB, a nova MPB, sobre cantores daqui de BH. A gente meio que separou assim, ela fica com a parte brasileira e eu com a internacional. Só que fomos abrindo também pra filmes, séries e tecnologias. Ela fica com a tecnologia e eu com essa parte de filme e série. E tem também os colaboradores, a pesquisa geral é pela internet, acho que hoje esse é o canal, né? Mesmo assim, tem colaboradores que procuram aqui em BH mesmo, por exemplo, a Camile, ela fez três entrevistas com bandas muito boas aqui de BH. Ela marca com eles,

entrevista, a gente dá uma ajuda e depois postamos no blog. Para Vocês, o que seria tradicional na música? Muda muito de acordo com a época e o estilo? Tradicional é uma coisa meio difícil de definir, acho que muda de acordo com a época, ou melhor, ele fixa de acordo com a época, ele não muda. Depende também do estilo. Você tem um rock hoje que vai dos Beatles para o Elvis e ainda BB King, isso se tornou o tradicional, assim como na MPB brasileira o tradicional é Caetano, tropicália. Acredito que daqui a vinte anos, cantores de hoje como Mallu Magalhães e Los Hermanos serão tradicionais. O tradicional meio que não existe nos dias de hoje, mas ele vai se tornar um dia. Qual é a posição do blog em relação ao tradicionalismo? Já que trabalhamos mais nos campos alternativos da música, sentimos que temos meio que a obrigação de pegar o tradicional do rock, por exemplo. A gente posta música de manhã, a primeira música pra acordar, o “bom dia”, é sempre uma música tradicional. Ou é uma do começo de Oasis ou Beatles. Todo mundo curte, as pessoas curtem o tradicional mais que as músicas novas. Como a gente vai pelo alternativo de hoje,


eles bebem do tradicional. Então a gente tem que voltar no rock antigo pra explicar o rock de hoje. O tradicional é a base para a gente fazer o que fazemos hoje. Na perspectiva de vocês, qual é a influência da tradição na produção atual? Eu vejo na MPB, isso é até meio feio de falar, mas quase não escuto música brasileira, gosto muito de alguns cantores, Marisa Monte, Djavan. Só que com a nova MPB eu não tenho muita paciência. O que eu vejo é uma reciclagem do tradicional, eles reciclam a letra, reciclam a melodia e passam um pouco pro estilo folk e então, depois, voltam no MPB. Sempre tá ali no tradicional, isso é legal de certa forma, não deixa o tradicional morrer.

J’écoute, tu écoutes, nous écoutons Jeunes, chercheurs et amants de la musique. Paula Andrade de 21 ans et Lorena Padrini de 22 ans sont créatrices et réalisateurs du blog de musique “Hoje eu escuto o que?” (Ce que j’écoute aujourd’hui?). On a fait un entretien avec Paula. Elle a déclaré un peu de l’histoire du blog et aussi sa vision du monde musical. Comment le blog a apparu? Lorena et moi avons toujours échangé de musique avec les autres. Même si je viens de te connaitre, on commence à parler de musique et on change des informations sur cela. Nous avons plusieurs amis avec lesquelles on échange de musique tous les jours. Mais il avais quelques-uns qu’ont demandé souvent: “ Tu m’avais dit d’une musique, mais je ne me rappelle plus laquelle. Est-ce que tu peux me l’envoyer?”. Alors, on a décidé de faire une page où on pouvait publier les musiques. Comme ça nous amis pourraient les prendre.

Nous faisons cela cependant, la vérité est que nous avions besoin d’ inventer un nom pour le blog et nous sommes horribles pour faire ça. Il y a le blog de la Cris Guerra (Cris guerra est une brésilienne célèbre qui a un blog qu’en français ça veut dire “Aujourd’hui je vais comme ça” et l’original est “Hoje eu vou assim”) alors, on a plagier un petit peu le nom et il est resté “Hoje eu escuto o que?” (Ce que j’écoute aujourd’hui?) parce que cela englobe tout. Dans une semaine on avait plus de cent j’aime. Gens de Rio de Janeiro et São Paulo, Il n’avait pas seulement des gens de


Belo Horizonte. On a continué à publier sans aucune prétention de grandir et faire un site. Nous avons publié deux fois par semaine et le truc a commencé à grandir. Donc l’idée de faire le blog apparue. Il est venu pour être une chose bien ouverte, on a choisi des collaborateurs qui aiment des styles diffèrent de le nôtre et toujours dans une atmosphère alternatife. N’importe si c’est du folk, du rock ou de la MPB (Musique Populaire Brésilienne) et tout cela est pour que le blog soit plus ouvert. Comment est votre processus de recherche? Il est centré sur internet ou vous utilisez aussi des autres sources? Ça dépend du collaborateur. Par exemple, Lorena et moi écrivons le plus. Je préfère écrire sur musique internationale, justement la musique indépendant international, avec un accent pour le rock et l’électronique. Alors, ma recherche est plus sur internet quand même. Je cherche beaucoup sur sites et blogs. Je parle aux gens de l’étranger sur les sites et je pose des questions. Cependant, Lorena écrit mieux sur MPB (Musique Populaire Brésilienne), la nouvelle MPB, sur les chanteurs de Belo Horizonte. On a partagé comme ça : elle est avec la partie brésilienne et moi, je suis avec l’international. Ensuite, on a ouvert aussi pour film, série et technologie. Elle est avec la technologie et je

suis avec la partie de film et série. Et il y a aussi les collaborateurs, la recherche en général est sur internet, je pense qu’aujourd’hui cela est chemin, n’est-ce pas? Quand même, il y a des collaborateurs qui cherchent ici à Belo Horizonte, par exemple Camile. Elle a fait trois entretien avec des bandes très cool ici à Belo Hozitonte. Elle prend un rendez-vous avec eux, fait l’entretien, on l’aide et après on publie sur le blog. Pour vous, c’est quoi le traditionnel dans musique? Change beaucoup avec l’époque ou le style? Traditionnel est une chose un peu difficile de définir, je pense qui change avec l’époque, ou mieux, elle fixe avec l’époque. Elle ne change pas. Ça dépend aussi de le style. Il y a aujourd’hui un rock qui va dus Beatles jusqu’à Elvis encore de BB King, cela est le traditionnel. Comme dans la MPB le traditionnel est Caetano, la Tropicália. Je crois que dans vint ans quelques chanteurs d’aujourd’hui comme Mallu Magalhães et Los Hermanos vont être traditionnels. Le traditionnel est un peu comme une chose qui n’existe pas à l’actualité mais, il va être un jour. Quel est le placement du blog en relation au traditionalisme? Comme on travaille plus avec l’alternatif de la musique, on sent qui est un peu notre obli-


gation de montrer le traditionnel du rock, par exemple. On publie la musique de la matinée qui est la première musique pour nous réveiller, “le bonjour”, est toujours une musique traditionnele. Ou une du début de Oasis ou The Beatles. Tous aiment, les gents aiment plus le traditionnel que les musiques nouvelles. Comme on publie sur les alternatifs de aujourd’hui, ils s’inspirent dans le traditionnel. Alors, on parle du rock ancien pour expliquer celui-lá de l’actualité. Le traditionnel est la base pour ce qu’on fait aujourd’hui. Quelle est l’influence de la tradition à la production actuelle dans la vôtre perspective? Je vois ça à la MPB. C’est un peu mal de dire, mais je presque n’écoute pas musique brésilienne, quand même j’aime beaucoup quelques chanteurs comme Marisa Monte et Djavan. Cependant, je n’ai pas une grande patience avec la nouvelle MPB. Ce que je vois est un recyclage du traditionnel. Ils recyclent la parole et la mélodie de la chanson, font un peu comme le style folk et après ils reviennent à la MPB. Le traditionnel est toujours là. Cela est bien de certaine façon parce que ne permet pas la mort du traditionnel.




Guilherme Aguiar AcrĂ­lia sobre Canson Acrylique sur Canson


AHH, vá!

Então quer dizer que Vossa Senhoria, agora, desistiu da vida? Não vai mais roubar o ouro da igreja, botar o pé pro ceguinho tropicar... Nem isso, nem

Amor valem à pena?

Então, vá lá, tudo bem, pode ser. Arregaçamos a manga e subimos o Morro na raça pra exigir de Deus ou a resposta ou a pergunta, tanto faz, depois, vandalizamos o Mundo, ora! Somos vândalos!

Pichamos uma frase de qualquer comédia-romântica americana No teto com aquele desenho do Michelângelo! Colocar bigode e dente de vampiro na Gioconda seria o ideal (acabar com todos os sorrisos pretensiosos!) Entramos no quadro da Santa Ceia e dizemos ao moço do centro Que quem traiu foi a gente, que o beijo do cara lá é de Amor! E aí mudamos tudo, e aí o mundo vai ser nosso

porque no mundo dos outros, a gente cansa até de cansar do mundo!

João Gabriel Furbino


BAH, allez!

Alors vous voulez dire que maintenant Votre Seigneurie a renoncé à la vie? Vous n’allez plus voler l’or de l’eglise, mettre le pied pour que l’aveugle tombe... Ni cela et ni l’amour ne vaut pas la peine? Alors, allez-y, ça va, ça peut être. On retrousse ses manches et on monte la colline avec la force pour exiger de Dieu la reponse ou la question, c’est indiferent et aprés on vandalise le Monde, dis donc! Nous sommes des vandales! Faire des graffitis d’une phrase de n’importe quelle comédie romantique américaine Sur le plafond où il y a le dessin du Michel-Ange! Mettre une moustache et des dents de vampire sur La Joconde serait l’idéal (mettre fin à tous les sourires prétentieux!) On rentre dans le cadre de La Cène et on dit à l’homme du centre Que ce fut nous qui l’eûmes trahi, que le baiser du mec-là est d’amour! Et ainsi nous changeons tout, et donc le monde sera à nous car dans le monde des autres, on se lasse même de fatiguer le monde!



InterferĂŞncia digital sobre grafiti InterfĂŠrence digitale sur graffiti


? a u r e d e Art Atualmente a arte de rua deixou de ser somente grafite e pixo para dar espaço aos mais conhecidos; estêncil, lambes e stickers, mas também performances, instalações e se tornou um outro espaço expográfico ilimitado de possibilidades, que me soa mais como os museus no futuro. Eu vejo a arte urbana hoje como a Arte encontrando seu devido local. Lugar este que é comum para todos e todos equivalentes, de certa forma que o espaço é e está disponível para todos, e, a maneira de cada um estar neste espaço é o que o define. Arte de rua é interferência sem permissão para expor qualquer trabalho de expressão, a grosso modo, ferindo o cotidiano da cidade e as pessoas que por ali passam. Isso quer dizer que no corriqueiro do momento as pessoas não estão condicionadas para entrar em contato físico e/ou emocional com a Arte, porém é este ato transgressor que desperta sua origem como não produto a ser consumido.

- Vitor Barbosa


Actuellement l’art de la rue n’est plus seulement le graffiti ou le tag, parmi les plus connus: pochoir, wheat paste et stickers, mais aussi les performances, les installations (artistiques) qui sont un autre espace d’exposition illimité de possibilités. A mon avis, ils seront les musées du future. Je vois l’art urbain d’aujourd’hui comme l’Art qui se trouve dans son lieu approprié. Ce lieu qui est commun pour tous et où tous sont égaux. C’est-à-dire que l’espace existe et est disponible pour tous, et la manière dans laquelle chacun se comporte c’est ce que le défine. L’art de rue est l’interférence sans permission pour exposer quelque travail d’expression, en gros, en blessant le quotidien de la ville et des personnes qui passent. Ça veut dire qu’à la routine intense du jour les personnes ne sont pas conditionées pour avoir un contact physique et/ou émotionnel avec l’Art, néanmoins c’est cet acte de transgression qui tient son origine comme un non-product à être consumé.


Não é produzido com o intenção de estar na galeria, e sim na rua. Nem sempre o criador tem o intuito de fazer arte.

Quem produz a pichação não é só a galera que está marginalizada, é um feito marginal, mas nem sempre quem está produzindo está à margem.

A arte de rua é uma coisa totalmente agressiva porque você não escolhe consumir aquele tipo de arte, você não vai atrás dela na galeria, ela entra na sua mente de forma involuntária

A gente só falou de grafite e pichação até agora, mas se eu fizer uma performance na rua ou uma outra intervenção, é arte de rua. É arte urbana, tá ali no ubano.

- Lorhan Luc


L’art de la rue est une chose complètement agressive parce que tu n’as pas choisi consumer ce type d’art. Tu ne va pas à sa rencontre dans une galerie, elle rentre dans ta tête d’une façon involontaire

Ceux qui taguent ne sont pas seulement des gens de la racaille. C’est un acte est marginal, mais il n’est pas toujours fait pour quelqu’un qui est à l’écart.

On a parlé seulement du graffiti et du tague jusqu’à maintenant, mais si je fais une performance dans la rue ou une autre intervention elles seront l’art de rue. C’est l’art urbain, c’est dans le urbain.

Fotografias: Jade Liz França

Ce n’est pas fait avec l’intention d’être exposé dans une galerie, mais d’être à la rue. L’artiste n’a pas toujours l’intention de faire de l’art.


Claudel e a tradição que

sufoca

Não me esqueço de uma tarde aparentemente comum de 2010, em que caminhava pela avenida Afonso Pena, uma das mais movimentadas de Belo Horizonte, e me deparei com um enorme bloco de manifestantes clamando pelo fim dos manicômios. Aquele havia sido meu primeiro contato com a luta antimanicomial, suscitando reflexões, ainda que superficiais, completamente novas, sobre um tema que até então nunca me havia incomodado. Qual seria o mal a se combater naquela instituição tão tradicional, secular? Três anos e algumas ideias mais tarde, fico sabendo da existência de um filme, então em cartaz em um (raro) cinema de rua da capital mineira. Tratava-se de Claudel 1915, do francês Bruno Dumont. De imediato, criou-se em minha mente a imagem de um filme que trataria da vida da célebre escultura Camille Claudel, injustamente conhecida mais por seu conturbado romance com Rodin do que por sua própria obra. Tendo o (aparente) tema em si me interessado bastante e constatando que a atriz a interpretar Claudel seria a magnífica Juliette Binoche, procurei a sala de cinema na primeira oportunidade. Mas o que vi foi um baque muito maior do que esperava.


O filme de Bruno Dumont busca remontar uma parte do longo período de Camille Claudel no manicômio de Villeneuve-lès-Avignon. A narrativa se passa no momento em que Camille recebe a notícia de que seu irmão, Paul, a visitaria. O ambiente descrito é, por si só, enlouquecedor. Camille é retratada como uma mulher aflita, angustiada e, não obstante, lúcida. Entre todas as internas do manicômio, é a única capaz de dialogar com as freiras ou o médico que ali trabalham, sendo uma peça que lhes ajudaria no tratamento das demais, ao auxiliar na locomoção, alimentação e companhia. Mas, naturalmente, a primeira pergunta que se faz é “por que estaria Camille internada em um manicômio, se ela aparenta tamanha lucidez?” Ao longo do filme, incomoda, aflige a solidão à qual Claudel é submetida. De maneira bastante bem sucedida, Dumont constrói um ambiente desesperador, ao lançar mão de longas sequências com pouco ou nenhum diálogo. O que se vê e sente é uma Claudel jogada em um ambiente rodeada de pessoas incapazes de falar, de externar pensamentos, entre gritos, falas balbuciantes e silêncio. Aliás, a ausência de música extradiegética (que não faz parte da cena em si) durante todo o filme contribui para a construção da atmosfera angustiante do manicômio,

reservando à cena uma mulher que apenas deseja sair daquele lugar - tanto é que, no momento em que Paul enfim chega para visitar a irmã, a única coisa que esta lhe pede é que a leve de volta, ou ao menos a permita estar em algum outro manicômio mais perto de Paris entre os sons do vento, passos, objetos deixados cair, balbucios. Dumont não busca construir um veredicto, um diagnóstico definitivo quanto às condições mentais de Claudel. Há passagens em que se é possível perceber que havia distúrbios reais que a perturbavam, como no momento da cena em que a escultura se consulta com o médico do manicômio, dizendo que Rodin a havia tirado à força de casa, para se apropriar de sua obra e matá-la, mais de dezesseis anos após o rompimento definitivo entre os dois. Mas não é essa a questão que o filme busca levantar. Claudel 1915 traz consigo uma constatação dura e clara - o ambiente manicomial, a privação da liberdade e do contato com seus próximos tendem a potencializar a perturbação de qualquer distúrbio. No cárcere das cenas internas, ou no desespero da falsa liberdade das cenas externas, o espectador sente a insalubridade do enclausuramento manicomial


ao qual Claudel - que outrora esculpira tantas obras-primas e agora limitava-se a traçar alguns pequenos desenhos no papel, sendo mais uma “louca” a ser tratada - foi submetida. Claudel 1915 vem para nos lembrar que a questão manicomial é, ainda, um problema presente e real em nosso século. Um filme denso, triste e belo, com direção, atuações, figurino e fotografia formidáveis. E aqueles espectadores que desejarem aliviar a angústia da ausência de trilha sonora, se aguardarem os créditos finais, podem se maravilhar com uma passagem do Magnificat, BWV 243, de Johann Sebastian Bach. Com ou sem Bach, há de se entender melhor os blocos que porventura cruzarem a cidade pedindo por um tratamento mais humano aos internos dos tradicionais manicômios.

Igor Rocha


Lehi Henrique Desenho com acabamento digital Dessin avec finition digital


Claudel et la tradiction étouffante Je n’oublierai jamais une de ces soirées qui me semblait parfaitement normale, en 2010, alors que je marchait sur l’avenue Afonso Pena, une des plus animées de Belo Horizonte, et que soudainement j’y ai trouvé un grand groupe de manifestants demandant la fin des hospices. C’était mon premier contact avec la lutte contre les hospices, suscitant de nouvelles reflexions quoique superficielles en moi, sur un thème qui ne m’avait jamais inquieté. Quel était le mal à combattre dans cette institution si tradictionelle; antique?

Gerais. C’était Claudel 1915, du réalisateur français Bruno Dumont. Immédiatement, j’ai pensé que le film montrerait la vie de la célebre sculptrice Camille Claudel, malhereusement plus connue pour sa tumulteuse affaire avec Auguste Rodin que sa propre oeuvre. Le thème apparent m’intéressant au plus haut point, et notant que l’actrice qui jouerait Claudel serait la magnifique Juliette Binoche, je cherchais sans relâche la salle de cinema. Ce que j’y vis fut un choc bien plus grand que ce à quoi je m’attendais.

Trois ans et quelques idées plus tard, Le film de Bruno Dumont cherche à je repérais un film dans un des rares reconstruire la tranche de vie durant la cinema de rue de la capitale de Minas longue période que Camille Claudel à


passée au hospice de Villeneuve-lèsAvignon. L’histoire se déroule au moment ou Camille reçoit des nouvelles de son frère, Paul, qui s’apprête à lui rendre visite. La pièce filmée est, par elle-même, affolante. Camille est depéinte comme une femme affligé, en détresse et néanmoins, lucide. Parmi toutes les internes de l’hospice, elle est la seule en mesure de dialoguer avec les médecins ou les religieuses qui y travaillent, on pourrait croire à un traitement aidant au réapprentissage de sa propre locomotion et son contact avec l’Autre. Naturellement, la première question qui se pose est :“Pourquoi est-elle internée dans un hospice si elle garde autant de lucidité?» C’est une inquietante et affligeante solitude à laquelle Claudel est somumise pendant le film. Avec succès, Dumont construit un lieu angoissant en ayant recours à de très longues séquences avec peu ou aucun mot. Ce qui est vu et ressenti est une

Claudel jeté dans un millieu empli d’individus incapables de parler, de montrer leurs pensées autrement qu’avec des cris, des babillages et du silence. Par ailleurs, l’absence de musique extra-diégétique (qui ne fait pas partie de la scène elle-même) pendant tout le film contribue à la construction de l’atmosphère angoissante de l’hospice, ne laissant sous le regard du spectateur qu’une femme qui ne désir qu’une chose: quitter cet endroi. Lorsque Paul arrive enfin rendre visite à sa soeur, la seule chose qu’elle lui demande est de l’ammener chez elle, la ou, au moins, elle sera plus proche de Paris ; entre les frictions du vent, la parole des pas, des objets tombés et des babillages. Dumont n’essaie pas de construire un verdict, un diagnostic finale sur les condictions psychologiques de Claudel. Des moments laissent imaginer ses troubles, lorsque la sculptrice et le


médecin de l’hospice se consultaient, expliquant que Rodin l’avait pris par la force de chez elle, pour s’approprier son oeuve et la tuer, plus de seize ans aprés la rupture finale entre eux. Mais ce n’est pas la question que le film essaie de poser. Claudel 1915 apporte une découverte difficile mais claire: l’ environement de l’institution, la privation de liberté et du contact avec les gens proches pouvant potentialiser la perturbation de n’importe quel trouble mentale. Dans l’enfermement des scènes d’intérieur ou le désespoir de la fausse liberté des scènes d’extérieur, le spectateur peut sentir l’insalubrité de la prison aux allures d’hospice à laquelle Claudel – qui avait connue la sculpture de chefs-d’oeuvres et, maintenant, était limitée a dessiner qualques petits esquisses dans le papier, – était soumise, comme une folle à liée que l’on traite.

Claudel 1915 vient pour nous rappeller que la question des hospices et des hopitaux psychiatriques est, encore et surtout aujourd’hui, un véritable et réel problème très présent dans notre siècle. Un film dense, triste et beau, avec une droiture d’exécutions, des costumes et des photographie formidables. Les spectateurs qui veulent se soulager de l’angoisse de l’absence de bande sonore, le peuvent s’ils s’écoutent aux crédits de fin, prêts à s’enchanter avec un fragmente du Magnificat, BWV 243, de Johann Sebastian Bach. Avec ou sans Bach, il est nécessaire de se faire comprendre mieux les groupes de manifestantes que traversent les villes, demandant un traitement plus humain aux internes des traditionels hospices et institutions psychiatriques.



Trimúrti

[Parte 1 -Shiva]

Deus é um adolescente nepalês ouvindo odara pela primeira vez, dançando em volta mundo pra tudo ficar mara.


Trimurti [Partie 1 - Shiva]

Dieu est un adolescent népalais écoutant odara pour la première fois, dansant autour du monde pour que tout reste pacifique. Paulo Giselli Monsanta



Cotidiano Cotidiano Cruzado Cruzado Leonardo Thebit Fotografia Photographie







Parecia, então, que as lágrimas armazenadas aqui por 30 anos agora encontravam maneira de fluir para fora. Para fora de 30 anos hermeticamente confinados a algum sentido cuja referência desconheço. Que realidade criei a ponto de jogar por terra- não essa que se nutre pelas lavas do Pichincha - uma vida que passou não mais por mim? As lembranças, apesar do que digo no sentido de que nada foi tempo perdido, desconstroem qualquer utilidade última em tudo que fiz. Essa construção orgulhosa e imponente das raízes de uma família parecem-me olhar com desprezo, pois falhei nos 30 anos que foram e também por não terem sido esses aqui. Essa casa vermelha, nessas ruas tão modificadas determinam o que sou, algo que não voltará a ser como antes. E sei que cometeria os mesmos erros, pois como é a tradição de uma família, é a nossa parte que invariavelmente nos fará errar sobre os mesmos pontos. Meu irmão me entrega seu braço, e sobre esses óculos escuros olho para o lado, como sempre fiz. E sei que, ao atravessar essa rua, hei de esquecer todas essas coisas importantes. Assim somente se pode continuar vivendo..

Il semblait alors que les larmes stockées ici depuis 30 ans maintenant avaient trouvées une façon de s’échapper. De s’échapper de 30 ans d’hermétique confinement à quelque sens dont je ne connais l’origine. Mais quelle réalité ai-je créer - bien que celle-ci se nourisse des laves du Pichincha– au point de jeter à terre une vie qui n’avais jamais été vécue pour moi? Les souvenirs, en dépit de ce que je dis du sens ou rien ne se perd dans le temps, déconstruirent l’utilité de tout ce que je pouvais faire. Ce bâtiment fière et majestueux, cette famille et ses racines qui semblent me regarder avec mépris car j’ai échoué ces trente dernières années, se trouvaient eux aussi en quête d’identité. Cette maison rouge tapie dans ces rues modernisées détermine ce que je suis: quelque chose qui ne retournera pas à ce qu’il était avant. Mais je sais que je reproduirai les mêmes schémas, parce que comme les traditions d’une famille, notre sang nous envoie invariablement commettre les mêmes erreurs sur les mêmes points. Mon frère me tend son bras. Et sous ses lunettes de soleil, je le regarde de côté comme je le fais toujours, et je sais pertinemment que quand je traverserai la rue, j’oublierai toutes les choses importantes. Puisque c’est la seule façon de continuer à vivre.. Álvaro Vinueza Nogueról



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