Ventura #5

Page 1

ANO II #5 -JULHO 2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

DOSES DE ALEGRIA

Estudantes do Colégio Roosevelt recebem a magia dos Risologistas VIOLÊNCIA

É CORRETO PUNIR O CRIMINOSO COM AS PRÓPRIAS MÃOS?

ENTREVISTA

CLÁUDIA MIANI LEMBRA O TEMPO QUE VIVEU EM GUAÍRA

PROSTITUIÇÃO

SAIBA SOBRE A LEI QUE VISA REGULAMENTAR A PROFISSÃO

CRISE

POR QUE INVESTIR EM PUBLICIDADE MESMO EM TEMPOS DE CRISE


2


3


4


Entrevista

A memória é o fogo que faz milagres Claudia Cristina Macke Miani nasceu em Guaíra e vive há anos em Brasília, onde responde pela comunicação do Hospital Sarah Kubitschek, um dos mais famosos do país. Como jornalista, teve passagem destacada pela Rede Globo, onde chegou a apresentar o programa Bom Dia, Brasil. Em 2010, ela esteve em Guaíra, onde seus pais estão enterrados, para participar de um encontro de gerações. Nesta entrevista, realizada no mês passado, Miani conta a importância que a cidade teve em sua formação e como sua memória ainda está impregnada por uma Guaíra romântica e que ainda resguarda um frescor de uma cidade tranqüila e mágica, como ela mesmo diz. Há relatos pra lá de interessantes, como a estadia da filha do escritor José Lins do Rêgo e, ainda mais surpreendente, a passagem de Ernest Hemingway por aqui. Também há cobranças e o relato apaixonado por seu pai, o engenheiro e erudito Dr. Miani, o nosso Niemayer. 5


Entrevista Em primeiro lugar, gostaria de saber qual é a sua relação com a cidade. Você nasceu aqui? Eu nasci em Guaíra, em pleno Domingo de Ramos, era 10 de abril. E ajudei meu pai a quebrar um protocolo, pelo menos de elegância! Era cinco da manhã e dei sinal. Meu pai, Miani, calçou um sapato preto e um marrom, em cada pé, e saiu correndo para a Maternidade, com minha mãe, Marilu. No entanto, nasci somente no final do dia, às 17h. E foi então que minha madrinha comentou com meu pai: “Miani, olhe para seus pés”. E ele exclamou o que dizia quando se sentia desapontado, “hóstia!”. A madrinha, já prometida, era uma grande amiga. Glorinha, Maria da Glória Lins do Rêgo Santos, casada com Ilido dos Santos, paulistano, de uma família de grandes cafeicultores de São Paulo. Ela, a filha do meio, do escritor José Lins do Rêgo que, coincidentemente, 3 de junho, estaria completaria 113 anos. Ela marcou minha infância, e influenciou minha escolha profissional, sem se dar conta! Seus banhos com sais aromatizados na banheira; cabelos arrumados com rabo-de-cavalo e fitas de cetim. Os aniversários com balões de gás coloridos, pipoqueiros uniformizados, vestidos de renda com aplicações de flores com fitas. Parece que aquilo saía dos livros da coleção ‘Brincando na Infância”. Nos meus aniversários, nunca faltava um bolo de chocolate com calda de brigadeiro, uma receita valiosa, que se perdeu no tempo. Um bom gosto incrível! Jantares, ao som do violão, com a afinada voz de “Glorinha”, como todos a conhecem. E eu não perdia uma dessas reuniões; às vezes debaixo da mesa; “pois era tarde e criança tinha de dormir cedo”. Mas eu achava o máximo tudo isso! As madrinhas eram endeusadas pela nossa geração. Me recordo que, muito envergonhada como era, quando ela chegava em minha casa, beijava sua mão e era assim o cumprimento. Um presente que marcou foi o livro “Menino do Engenho”, autografado pelo pai - escritor muitos anos antes e certamente não imaginava que seria eu a herdeira. E hoje ainda busco a quem minha mãe emprestou. Pois, cedo, entendi que um livro quando gostamos podemos sugerir e presentear, mas, se é tão importante, um exemplar deve ficar guardado sob o risco de perdermos. Esse, era especial! Minha infância, na casa de Guaíra, me traz, ainda, o cheiro de grama molhada, das flores do campo dessa saudosa casa de lareira que vivia acesa em todo o período de inverno. Assim, as geadas não queimavam as plantas da redondeza. O fogo fazia milagres... Confesso que vivi uma infância linda! Não é somente 6

Pablo Neruda que pode dizer isso... 2 - Quais as suas lembranças do município? Ainda tem amigos? Conte um pouco sobre a experiência de ter vivido em Guaíra. Bom, trouxe... algumas reminiscências. Nasci na Vila Nova, como era chamada essa parte de Guaira. Meu pai, um engenheiro, formado pela Universidade de Engenharia Italiana de Buenos Aires, depois de viver nos EUA, na Patagônia/Argentina e em Assunção/Paraguai, onde conheceu minha mãe, foi para São Paulo, com uma empresa, onde trabalhavam muitos descendentes ingleses. Era a Colonizadora Companhia Mate Laranjeira. Ele, engenheiro, arquiteto, calculista, astrônomo, e um grande aventureiro que adorava conhecer e desbravar novos horizontes. Foi o perfil perfeito para o que propôs. Ali teria de usar todo o seu conhecimento e um pouco mais. Tinha tudo por fazer. Deixou a USP, onde desenvolvia seus trabalhos de astronomia, engenharia e dava aulas de inglês. Deixou tudo para “abrir”a cidade de Guaíra! Ouvia dele histórias fantásticas! Que essa área era de matas, frondosas árvores, onças, cobras perigosas, tudo isso tinha nessas imediações, onde ele, depois de traçar a cidade, resolveu comprar essa esquina, João Guimarães Rosa, 636, onde construiu nossa casa, resgatando histórias de vida da influência europeia. Frutas, maçãs e outros suprimentos, tudo vinha de São Paulo, num voo da FAB que fazia uma rota periódica. Meu pai fez questão de imprimir toda a influência da Via Veneto, de Roma. Os “redondos”que servem de redutores de velocidade e retornos nas ruas da capital romana. Largas, amplas, de grande visão. É o que se vê em Guaíra. E quando eu perguntava a ele, por que espaços generosos, me dizia, “respeito humano! Não há motivo para ruas pequenas, estreitas”. Guaíra foi o resultado de um experimento dele, de um planejamento arquitetônico ordenado, belo, harmônico. De cima é uma teia de aranha. E não é perfeito, como a teia das aranhas? Tem a Cruz de Malta, que era o símbolo da Cia. Mate Laranjeira. Hoje, vejo isso em Brasília. De cima, vemos um avião, com o corpo e as asas, de Lúcio Costa, com os “alinhavos”de Niemeyer e Lelé, nas construções e monumentos da capital federal. Foram momentos áureos da arquitetura, que surgiram nas décadas de 50/60. Meu pai era meu “velho”amigo. Admirava sua cultura, sua sensibilidade. Muitas vezes me disse que gostaria de conhecer e não houve tempo de vir até Brasília. Hoje, vejo e contemplo com os meus olhos os monumentos que ele tanto admirava: Niemeyer


Entrevista puro! Muitas vezes, quando conversava com o arquiteto Lelé, João Filgueiras Lima, discípulo de Niemeyer, que acaba de morrer, comentava essas histórias de meu pai e ele me dizia; “queria muito ter conhecido seu pai”. Mas esses “gênios sagrados”eram pessoas que viviam para o trabalho. Porque era a realização profissional. Meu pai dizia que não precisava de férias, pois era feliz fazendo o que o realizava. A exemplo de meu pai, Niemeyer trabalhou até os últimos momentos de sua vida. E Niemeyer não viajava de avião... os deslocamentos eram mais difíceis. Meu pai não gostava de viajar. Dizia que já tinha viajado muito e preferia o conforto de sua casa. E era aí que lia, que estudava,revisava seus tantos idiomas que falava e escrevia e cultivava o que mais amava: suas plantas, seus gatos e cachorros. E amava essa cidade. Talvez por isso aprendemos a gostar tanto daí! Essa cidade tinha um brilho diferente para a gente. De um lado, tinha amigos japoneses e suas “batchans”. De outro lado, descendentes de alemães. Na Vila Velha, paraguaios, alguns falando guarani. Uma diversidade imensa, rica! E as histórias? Ouvi que no início da cidade aconteciam festas com trajes à rigor, no Navio Capitão Heitor(onde anda a carcaça dele?) com mulheres muito bem vestidas com “guantes”y “sombrios”. Vovó Anita e Vovô Frederico Macke, um alemão exigente e culto, administrador da Companhia Mate Laranjeira, viveram tudo isso... daí que minha mãe gostou da ideia quando meu pai propôs ir a Guaíra. As passagens de figuras ilustres, como Hemingway, que ficou hospedado num hotel, onde, por anos, funcionou a Prefeitura de Guaíra. Ouvi detalhes dessa história. Meu pai o conheceu aí. E gostava dos romances dele. Foi ele que me apresentou para os escritos de Ernest Hemingway. As histórias da cidade que eram muito mágicas para mim. E quando eu descia de bicicleta, para essa parte antiga da cidade, passava pelas casas de madeiras sobrepostas e tijolinhos, que me lembravam o subúrbio inglês... Na época ali viviam muitos amigos de meus pais. A Igrejinha de Pedra (com as histórias dos bandeirantes, Antonio Preto). As 7 Quedas. São lembranças muito vivas ainda para mim. Me lembro quando minha mãe encontrava com as amigas, Dona Deidâmia, Tia Lucila (afilhada de vovô), num parquinho onde vi uma Maria-Fumaça abandonada, quando estive na cidade em 2010. Me recordo do final das tardes, onde assistíamos o pôr do sol no Rio Paraná. À noite, quantas vezes fomos ao “Tropical”, um restaurante onde meu pai encontrava amigos. Havia uma fonte de

água e um aquário, logo na entrada. Para mim, isso era o melhor! Na década de 70, quando voltamos a viver em Guaíra, depois de um período no Mato Grosso, retornamos em plena época da ditadura. Ditadura numa área de fronteira! Meus professores, muitos, eram da Academia de Agulhas Negras. À noite, em casa, ocorriam encontros de minhas irmãs com amigos e, em meio a jogos de cartas, conversavam sobre política. Tinha uma moça que se chamava Ana Maria Bahiana, (acho que era jornalista e me pergunto se não seria Ana Bahiana que fazia crítica de cinema em Nova York?!). Era muito atuante politicamente. Como todos do grupo! Eu ouvia com atenção, e o compromisso era de não comentar, ‘pois era ditadura”, diziam eles. Era uma geração bonita, de bons princípios e “os bons partidos”para casamento eram funcionários do Banco do Brasil, de Guaíra. Mas aprendi cedo que a vida apresenta surpresas e pesadelos! Perdi minha mãe, precocemente. Eu tinha apenas 16 anos, mas, sabiamente meus pais nos prepararam para a vida, como se “cedo tivéssemos que virar gente grande!” Aos 19, quando saí de Guaíra, eu pensava que sabia tudo. A ingenuidade e pureza de alma turvam a visão. Mas são valores pueris. Penso que o lado infantil que guardamos no nosso íntimo são as”células-tronco”que nos permitem regenerar a própria vida e transformar, renascer, sem perder o caráter. Hoje, as amigas(os) que deixei aí encontrei nas redes sociais. E o tempo nos muda, mas não apaga as lembranças. 3- Por quê a escolha pelo jornalismo? Onde se formou? Quais os primeiros empregos? Acho que sempre fui e não me dei conta que era uma jornalista. Adoro minha área e, se tivesse de voltar, faria tudo outra vez. Quando, aos 16 anos, fiz um teste na Rádio Guaíra, tinha certeza que era isso que eu queria. Trabalhar com voz, texto, teatro, cultura, informação! Já havia feito teatro infantil no Educandário Nossa Senhor do Carmo, quando Irmã Zeni e a Madre Leônia nos davam a direção de canto e outros trabalhos nessa área. Me formei na PUCCAMP- PUC de Campinas. E já trabalhava, aliás, comecei logo, pois descobri o prazer pela área. Apesar de meu pai não ter aprovado, pois, para ele era errado o filho trabalhar em idade estudantil. Em Guaíra, um dia, ouvi quando conversava com Dr. Quintas e Collin - os idealizadores dessa Rádio, que ele ajudou a instalar. Na conversa, meu pai pedia que eu trabalhasse para aprender, mas não pelo salário. E eu 7


Entrevista me senti ofendida, pois ganhar meu salário era o maior orgulho para mim. Em Campinas, meu primeiro emprego foi na Rádio Brasil, onde era produtora e apresentadora de um programa sobre música brasileira e programava, muito, Roberto Carlos, Chico Buarque, Gil, Caetano. Mas, era também repórter de política. Logo depois, fui convidada para trabalhar na Rádio Educadora, da Rede Bandeirantes. Em seguida, fui para a Rádio Central, que trazia uma proposta que hoje achamos criativa, na CBNa Rádio que Toca Notícias. Na época, a Rádio Central tinha essa proposta e os jornalistas que se destacavam, lá estavam. Em seguida, abriu uma afiliada da Tv Globo em Campinas e fui convidada para ser apresentadora. Fiz um teste e, em São Paulo, fiz muito laboratório, pois estava em fase de implantação. Mas eu não me sentia à vontade. A reportagem foi meu caminho e depois fiz o inverso, voltei para fazer telejornal. Eu me cobrava muito, achava que jornalista tinha que enfatizar o conhecimento, não podia ser uma figura produzida. Talvez essa resistência não me deixasse à vontade na bancada do telejornal. De Campinas, fui para a Espanha, fiz uma pós graduação na Universidade de Navarra, em Pamplona (terra onde Hemingway escreveu a obra “O Sol também se Levanta”e revigorou a festa de San Fermin, da corrida de Touros). Quando pleiteei a Bolsa de Estudos para a Navarra, fui incentivada por meu pai que disse que me acompanharia para a Europa, caso fosse selecionada nesse Programa de Graduados. Eu ficaria na Espanha e ele em Udine, na Itália, sua terra natal. Fui selecionada juntamente com 5 outros jornalistas do país. Mas, o tempo me pregou uma peça e meu pai partiu antes, antes da nossa ida à Europa. Mas na Itália quando fui, ao final de minha pós-graduação em jornalismo, encontrei amigos, colegas, que estudaram com ele, então, junto com minha tia e meus primos, resgatei uma história viva que não conhecia, mas tinha muita vontade de viver! Acho que tudo isso me deu uma amplitude de olhar a vida e querer mais, mudar, experimentar. Quando voltei para Campinas, e me reintegrei à equipe da Tv Campinas, logo fui para São Paulo, para o Globo Rural. E talvez tenha sido o único programa que não me realizou. Era difícil, técnico, e não consegui desenvolver como gostaria. Fui para a TV Cultura, convidada por Carlos Nascimento. Fiz coberturas, primeiramente, fui a “moça do tempo”e, também não gostei... Então, comecei a fazer a cobertura de política, pois tínhamos uma parte das reportagens, que eram de opinião. Trabalhei com Caio Blinder. Muito interessante. Mas, 8

durou pouco. Fui convidada para voltar à Globo e ser correspondente, repórter de Rede Nacional, em Natal. Aliei o trabalho à família, pois minha irmã, Ana Maria, entre idas e vindas à Espanha, está lá. Foi muito bom. Mas objetivava um ritmo maior. Pensei São Paulo, mas conheci meu marido, um mineiro que vivia em Brasília; um matemático, apaixonado por arquitetura, cálculos, espiritualista, que me “prendeu”e resolvemos nos casar. Pensamos ir a Belo Horizonte, onde contatei a Manchete e tinha acertado tudo com o Tércio Luz, mas mudei de ideia, pois meu marido preferiu vir a Brasília. Então, procurei a Globo, Carlos Monforte, e tinha uma única vaga para repórter. Confidenciei que o telejornal dele me informava em primeira mão quando eu morava em Natal. Uma vez que os voos que traziam os jornais impressos chegavam somente no almoço. Imagine o que era sem os jornais on-line, sem a internet. Pois foi assim que vim e comecei a fazer o Bom Dia, Brasil. Um programa que até hoje assisto, no meu café da manhã. Chegou minha primeira filha, que apareceu na bancada do Bom Dia, e fui uma das primeiras apresentadoras a aparecer grávida no ar. Depois foi Valéria Monteiro. Chegou então Flávia Macke Miani Borges, e ela me fez mudar. Aliás, como aprendi com a maternidade, criei raízes mais profundas. E construí minha família em Brasília. Adoro a cidade e a defendo. Digo aos críticos à cidade de Brasília que os que não gostam do que veem e ouvem sobre a política precisam votar criticamente! Pois nós, também, vivemos com os que nos são enviados, por conta das eleições. E é uma cidade onde se trabalha muito e, apesar de todas as mudanças, ainda nos dá qualidade de vida. 4- Por qual motivo resolveu abandonar o trabalho de repórter da TV Globo? Você foi direto para o atual emprego? Era difícil acordar às 3h, amamentar até às 4h, produzir o cabelo, retocar o blazer e estar pontualmente às 5h na redação. Foi então que fiz um concurso para editoraroteirista, no SARAH. Passei em segundo lugar e vim para cá. Valia muito a pena quando analisei a questão do reconhecimento financeiro e o custo- benefício de vida. Ana Paula Padrão, com quem trabalhei em Brasília, no livro que acaba de publicar, fala da infelicidade que ela vivia quando era a última a chegar em casa e a primeira a sair. Não tinha vida social e familiar. Muitas vezes, o jornalismo nos rouba um pouco a vida, social e familiar. Dr. Campos da Paz, que eu já conhecia de reportagens, e pelo qual nutria uma admiração profissional e intelectual, me convidou também para ser a Assessora


9


Entrevista de Imprensa, da Rede SARAH. Passei a cuidar de todas as unidades. Hoje, são 9 no Brasil. Foi um desafio, mas hoje é uma extensão da minha vida, onde passo grande parte do tempo. E posso conciliar minha vida familiar. Não trabalho em outros veículos, pois nosso contrato exige dedicação exclusiva e tempo integral. Mas não há tempo também para outras atividades. Além de meu papel de mãe, que ampliou, pois nasceu Giulia que faz, hoje, 17 anos. E esse papel, de verdade, exige muita dedicação. Sempre fui aquela mãe que usava celular para conversar com o bebê, usava bip e celular, antes mesmo de serem incorporados aos recursos habituais de trabalho. Tentava me fazer presente, mesmo que não fisicamente. 5- Fale sobre a experiência como repórter da Globo. Eu me realizo como repórter, em qualquer momento. Me identifico com o profissional jornalista. E, como repórter da Globo, você tem a responsabilidade de um veículo que é líder de audiência e, quando não é líder no horário, consegue agregar muitas opiniões, contra e à favor. Então, há visibilidade. Passamos a ser conhecidos (as). Eu me recordo de Ilse Scamparini, uma vez, quando voltávamos da Globo-Campinas, no ônibus que passava em frente à redação, alguém nos olhou e eu comentei que não gostava de ser reconhecida. Me recordo que ela disse; “, não tem jeito, se você não quiser ser reconhecida, não pode fazer televisão”. Esse foi um dilema, pois eu não gostava, me tirava a espontaneidade... Mas, sem dúvida, é um veículo que ensina muito. Você tem, por norma, uma conduta diferente, seu produto é muito apurado, as edições bem cuidadas, e, portanto, é um veículo que tem um bom “acabamento’ da notícia. Hoje, todos procuram isso, mas a Globo, ainda tem uma marca de qualidade no jornalismo e entretenimento. Claro, que a audiência, em geral, hoje é dividida com a diversidade das formas de noticiar. A informação ganhou outras linguagens; blogs, links de áudio e imagens, mas, é importante filtrar para saber a procedência de tal informação. O jornalismo ainda tem seu espaço de reconhecimento e credibilidade. 6 - Como é assessorar um hospital do porte do Sarah? Bom, é um trabalho que me exige estar atenta a tudo, e todo o tempo. Uso dois celulares. Posso ser localizada a qualquer momento. Não sou imprescindível, claro, mas, se precisar de mim, a direção sabe como me encontrar. O SARAH eu digo que é uma caixa de ressonância de Brasília. Por aqui, passam todos. 10

Inclusive um político, se precisar. Então, tenho que estar atenta à saúde, à política, à economia. Eu nunca pensei em ser uma assessora de imprensa, até resisti quando fui convidada. Mas, quando argumentei com o Dr. Aloysio, o presidente, na época, eu disse que não sabia ser assessora, mas sabia ser jornalista, então, ele me disse: Como você quer que isso flua? E eu respondi: “Quero tratar os jornalistas como eu gostaria de ser tratada, como jornalista”. Então ele me disse. “Vamos fazer juntos a assessoria, quando você tiver dificuldades, converse comigo”. E foi uma aprendizagem de vida e profissional, diferente do que havia vivido, até o dia quando vim para cá. Respeito muito esta instituição. Não é em vão que é conceituada no Brasil e no exterior. Hoje, a presidente do SARAH, a neurocientista Lúcia Braga é uma referência no estudo e no comportamento do cérebro, na reabilitação, e é prazeroso trabalhar com ela. Eu me realizo também com esse trabalho e o reconhecimento. Mas, minha atuação não fica restrita à Assessoria. Também faço palestras de prevenção sobre os acidentes que acometem jovens até 14 anos. Coordeno esse projeto, que estendi para Salvador, São Luis, Belo Horizonte, e Fortaleza, além de Brasília. Anualmente recebemos aproximadamente 105 mil alunos professores, do ensino fundamental. Produzo roteiros, gravo vídeos, edito, enfim; aplico também a minha vivência e o meu conhecimento na área de produção em prol de uma causa nobre, o bem, a qualidade de vida, a preservação da integridade física e emocional dos jovens, que acreditam que podem tudo, tem longevidade e esse é o risco maior! Tenho certeza que salvamos vidas com a informação difundida nesse trabalho. É compensador! Em breve, vocês poderão acessar a nossa nova homepage do SARAH, e dentro dela terá um atalho para o Programa de Educação e Prevenção de Acidentes, esse que comento com vocês. 7- Fale um pouco sobre sua vida atual, filhos, etc. Busco a felicidade, em tudo o que faço. E como a felicidade é um sentimento complexo, que é a soma de tantos fatores, digo que busco a realização! Eu me sinto uma pessoa realizada na minha área. Na família, não sabia que poderia ser a mãe que sou! Exigente, preocupada com a saúde física, com a saúde emocional, a cultura de minhas filhas, os valores morais e éticos que são imprescindíveis na minha forma de ver a vida. Falo muito com elas sobre as drogas, dependências, o cuidado com o ‘experimentar’. Digo muito isso. Não uso drogas, nunca usei. E comento que podemos viver todas as emoções de uma festa, de uma comemoração, “curtir”literalmente um momento lúdico, de forma lúcida, no máximo com um copo de vinho.


Entrevista Mas isso, comento, na idade que estão, hoje! Para os jovens, com os quais converso nas minhas palestras, e para minhas filhas, digo que a bebida é algo que socialmente eles poderão conhecer, mas hoje a dependência se torna mais vulnerável pela pouca idade. Aconselho que deixem para depois esse hábito social. Depois, pois o depois pode perder a importância que tem hoje, nessa fase de autoafirmação, delimitação do seu espaço na sociedade. Me entristece quando vejo jovens, muito jovens, com um copo de bebida alcoólica nas mãos. Penso que perdem, perdemos todos! Perdemos percepções, emoções, situações importantes podem ser passadas em branco quando não estamos lúcidos. Sorver uma taça de vinho, é um prazer, beber um garrafa inteira, é um porre! Sempre fui assim, quando percebia que não estava mais tão “aqui e agora’, via quer era a hora de parar! E se insisto, fico mal. Meu marido é um super companheiro. Adora motos, curte sua Harley, e eu, na medida do possível, acompanho. Ele curte a natureza, passeios, viagens por locais exóticos. Trabalhamos muito, mas adoramos a vida, e dentro do nosso tempo, sempre estamos procurando algo que, em família, podemos fazer juntos. Meus finais de semana passo na minha casa, no Lago Norte, numa área de preservação ambiental. 8- Esteve em Guaíra nos últimos anos? Qual a impressão? Estive em Guaíra em setembro de 2010. A última vez que fui era para o enterro de meu pai, e foi difícil para mim! Então, por vezes eu comentava que não voltaria mais. E, em 2010, na festa dos amigos de Guaíra, foi um momento feliz. Ao chegar, fui até a casa de Tia Lucila, que todos vocês conhecem. Encontrei todos da família e foi um resgate. Me senti acolhida. Foi lindo, cantamos guarânias, comemos a chipa paraguaia, almoçamos juntos. Vivi o que vivia quando a visitava com minha mãe. Encontrei amigos e amigas de infância e adolescência; amigos das serenatas que fazíamos. A cidade cresceu, em algumas coisas melhorou, mas teria de ficar mais tempo para passar uma impressão fiel, real. O que acompanho muitas vezes pela imprensa, no item segurança, me entristece. Sei que uma área de fronteira, está sempre vulnerável. Mas, em todo o país, a segurança deve ser um item prioritário. Acabo de chegar do Peru, fui a Machupicchu, e fiquei impressionada com a segurança. Como países como Peru, México, Colômbia conseguem diminuir a criminalidade e o Brasil não consegue?

9 - Fique à vontade para deixar um recado para amigos e para os guairenses de modo geral. Eu diria que resgatem as histórias. Não deixem o tempo, o esquecimento apagar vidas, cultura, influências ricas, a diversidade que sempre foi o diferencial dessa cidade. Eu tenho um ressentimento de que meu pai foi esquecido pela cidade. Há pouco tempo, a Tv Paranaense fez uma reportagem sobre Guaíra e a entrevista sobre o traçado da cidade, o projeto, foi de autoria de um engenheiro italiano que, “segundo dizem”, trouxe da Europa a influência da urbanização das cidades européias. Esse italiano tem nome: é Antonino Fermo Miani. Soube de trabalhos dele que foram assinados, sem o menor pudor, por outras pessoas, daí. Como astrônomo, fez mapas estelares na USP, e nunca teve vaidade de assinar. Aí existem plantas baixas da cidades, ficas por bico de pena, que eu assisti noites a fio ele a fazer, e soube que alguns assinaram. É um crime se apropriar intelectualmente e artisticamente de trabalhos! Mas ele, com certeza, onde esteja, deve dizer, “mas o conhecimento é de domínio público”. Quando perdi meu pai, Ana Maria, minha irmã maior, entregou todos os diplomas ao Brasil de Oliveira, representante da prefeitura da cidade. Eram originais, e nunca mais os vi. Ele dizia que iria fazer um museu com esse material de meu pai. Perdemos o contato, não sabemos o destino desse material. O conhecimento não se mede por um papel na parede, dizia meu pai, mas, os 5 diplomas acadêmicos, as histórias que ali estavam, não podem ser perdidas, inutilizadas. É história que hoje é história de vocês, do fundador da cidade, de um estudioso, nobre, desprovido de vaidades, extremamente polido, educado e simples demais. Quem o conheceu pode referendar isso que digo. Ele dizia que “o melhor lugar do mundo, para se viver, era o Brasil”. E tinha tanto carinho por essa cidade! Preferiu deixar a vida lhe levar, aí, quase só. Em companhia de seus livros, suas músicas, e respeitava a distância física, pois dizia que não poderia impedir seus filhos de fazerem o que ele sempre fez: “a liberdade de procurar seus sonhos, ir atrás de seus projetos de vida”. Eu tenho um projeto, que espero realizar aí. Mas, vocês que aí estão, agora, precisam coletar depoimentos de testemunhas vivas de uma história que não está presente mais. Esses registros históricos, não podem ficar perdidos. É preciso fazer um documentário sobre a cidade, construção da cidade, os costumes e festas regionais, das personalidades, dos descendentes. Eles se vão. E a história também! 11


nota do editor Expediente DIREÇÃO GERAL Nader Hamdan REDATOR CHEFE Cristian Aguazo REP. COMERCIAL Diego Prado DIREÇÃO DE ARTE Nader Hamdan DESIGNER Alisson Rochinski REPORTAGEM Roberto Dias SOCIAL Priscila Michels Editora Ventura 17.341.715/0001-00 Rua Mato Grosso, 30 - Sala 02 Guaíra/PR 44 9980 0708 44 9959 9575 revistaventura@gmail.com Conselho Editorial Cristian Aguazo, Diego Prado e Nader Hamdan Tiragem 1.000 exemplares (Gráfica Idealiza) Os artigos e opiniões não refletem, necessariamente, a opinião desta publicação.

Rir é o melhor remédio. O velho e batido ditado popular é unânime exatamente pelo que tem de verdade. E se os corações das pessoas já sentiam isso, hoje a ciência comprova: sorrir é mesmo um aliado da saúde. Ventura acompanhou os profissionais da Companhia Risologistas Doutores do Riso em uma apresentação no Colégio Presidente Roosevelt e quis saber um pouco mais sobre o método de trabalho do grupo. Nesta edição, o leitor poderá acompanhar também uma entrevista com a jornalista guairense Claudia Miani. A ex-repórter da TV Globo faz um relato apaixonado de Guaíra, revela dados surpreendentes e chama a atenção para a importância da preservação da história da cidade. A edição de número 5 da revista Ventura também coloca em discussão temas de grande relevância no Brasil hoje em dia, sem esquecer, é claro, do nosso lema, que é levar conteúdo de qualidade e com o compromisso com você, leitor. Até a próxima edição! Cristian Aguazo

SUMÁRIO

Entrevista................................................ 05 Claudia Macke Miani

Capa......................................................... 14 Doses extras de alegria para alunos do Colégio Roosevelt

Violência.................................................. 18 Saiba sobre o surgimento dos ‘Justiceiros’

Polêmica.................................................. 22 Governo estuda a regularização da prostituição

Social....................................................... 28 Eventos de Guaíra e região

Economia................................................ 34 Mesmo em crise os fortes não economizam em publicidade.

Panóptico................................................ 39 Seleção de livros, músicas e filmes da Ventura.

Cidade...................................................... 42 ACIAG resume seu 1º semestre de trabalho


13


Capa

Risologistas no Colégio Roosevelt

Doses extras de alegria para alunos do Roosevelt. No inicio de Junho, alunos e professores do Colégio Roosevelt receberam uma visita especial da Companhia Risologistas Doutores do Riso. O Dr. Tupisco especialista na arte de fazer rir, animou o dia chuvoso de outono, eliminando qualquer sintoma de mau humor.

A

driano Brandão, escondido sob as extravagantes roupas do Dr Tupisco Papibaquígrafo e auxiliado pelo produtor e também palhaço da Companhia, Alan César, trouxe um espetáculo interativo, divertido e com improvisações que só quem é experiente e faz com paixão consegue realizar. Com apenas uma maleta de objetos, o Dr. Tupisco fez uma sala lotada de crianças e adultos balançarem sob uma tenda imaginária, gargalharem até caírem lágrimas e as barrigas se retorcerem, cativando até mesmo os adolescentes mais turrões e tímidos. A apresentação foi daquelas que se vista 10 14

vezes, continua sendo divertida, pois não é uma cena decorada com piadas prontas tipo stand up, que na segunda vez perde a graça. A apresentação é construída com o humor que flui de todos que estão assistindo e se adapta à personalidade da plateia. É um show feito por todos que estão presentes. O Dr. Tupisco interage de forma direta ou indireta com os espectadores. Você precisa ficar ligado já que pode ser o próximo escolhido a participar do espetáculo. E no fim, deixa aquele gostinho de quero mais, mostrando que alegria nunca é demais. Essa apresentação é a segunda dos artistas em Guaíra. Há alguns

meses trouxeram o espetáculo de malabares “Inquilíbrio”, onde se apresentaram em outros colégios contando com a participação do artista circense de Guaíra, Marcelo de Lima.

A Companhia. A Companhia Risologistas Doutores do Riso surgiu em 2007 em Cascavel, graças à ideia de Alfredo, Jhonata, Valter e o apoio do Dr. Marco A Largura. Inspirados nos trabalho do Dr. Patch Adams, e dos Doutores da Alegria, os amigos se tornaram os Doutores do Riso, com o intuito de levar arte para lugares que necessitam de uma dose extra de humor, como


15


PATCH ADAMS

Capa

Dr. Patch Adams tornou-se mundialmente conhecido por sua abordagem humana ao tratar seus pacientes. Sua vida foi retratada no filme “O Amor é Contagioso”, estrelado por Robin Williams. Patch Adams se tornou um símbolo de como tratar as outras pessoas com respeito, amor e dignidade. hospitais da região, animando pacientes, auxiliando na recuperação destes a partir da alegria. Os palhaços atendem principalmente hospitais regionais como a UOPECCAN na cidade de Cascavel, e outros de Cianorte e Curitiba. Contudo não se limitam a estes espaços, fazem apresentações em colégios e empresas em todo o

Alan e Adriano (Risologistas)

16

Paraná. E já levaram sorrisos para Nova Zelândia, Espanha e França, somando mais de 100 mil pacientes atendidos em mais de 70 cidades. Apesar de a palavra “sorriso” ser recorrente, o objetivo principal não é somente sorrisos, que infelizmente são passageiros, mas sim, a relação humanitária que se estabelece a partir do riso. Os palhaços buscam a humanização da saúde, a consideração e harmonia entre os pacientes e profissionais da saúde. Levam consigo a ideia de que pessoas felizes são saudáveis e um ambiente feliz colaboram na recuperação da saúde dos pacientes. Alan César, conta que a apresentação quase sempre parte da iniciativa deles. Separados ou reunidos, pro-

curam locais para se apresentar, cobrando um valor simbólico para auxiliar nos custos. Alan ressalta que existem alguns patrocínios por parte de empresas e do governo, onde empresários que apoiam o projeto têm 4% de desconto no imposto de renda. Além da apresentação, também realizam palestras e caso haja interesse, formam grupos onde ensinam a arte de atuar para futuros artistas que podem se juntar paralelamente à companhia. A apresentação dos Risologistas não tem o apelo forçado, depreciativo e sexualizado dos programas de TV. Mas sim revive o humor que flui a partir das atividades cotidianas, como fazia Charles Chaplin. Os Doutores estimulam a imaginação, e a interação despretensiosa entre as pessoas. Lembram que somos humanos, e que por traz da imagem que tentamos construir de pessoas sérias, existe um ser imperfeito, que cai e levanta e que é ridículo por natureza. O Palhaço Santa Rita, define que ser palhaço “é bagunçar tudo que acreditamos estar organizado, é quebrar padrões, é aceitar que todos são fracassados e que isso nos faz tão sensíveis”. O humor se torna uma ferramenta de tremenda importância para estimular futuros adultos conscientes da sua humanidade e imperfeição. Principalmente entre crianças e adolescentes que cada vez mais estão expostos e forçados a se preocupar com a organização, e a atender as expectativas da vida adulta. Essa forma de humor, de rir de si mesmo, revive a alegria inocente do dia a dia e não deixa nos esquecermos, que apesar de socialmente distintos somos humanamente iguais. Por Roberto Dias.


17


Violência

Foto: Brazil Post (Estadão)

‘‘Olho por olho e o mundo acabará cego”.

“Justiceiros” ou “vingadores”: assim ficaram denominadas as pessoas que buscaram fazer justiça com as próprias mãos, principalmente os que se manifestaram após a jornalista do SBT, Rachel Sheherazade, afirmar que o caos atual da segurança pública tornava compreensível a atitude dos cidadãos que optaram por essa forma de justiça individual. Após o comentário, houve uma explosão de atos de agressão contra supostos bandidos nos quatro cantos do país.

É

natural que os sentimentos de fragilidade e indignação aflorem ao presenciar ou ser vítima de um crime, e acabamos por desejar acima de tudo, a punição do criminoso. Mas qual o impacto destes atos? Agredir é realmente uma forma de justiça? Somos reféns do poder público, afinal, vivemos em uma sociedade em que o código penal fora estabelecido como regente legal único para os trâmites. Ou seja, quem causar prejuízo à outra pessoa deverá ser punido nos términos determinados por lei, por meio de uma instituição que vai medir o grau do crime e penalizar conforme sua tipificação, seguindo os princípios do devido processo 18

legal. Porém, quando isso parece ineficaz, que meio poderíamos seguir? Será que o único meio é julgarmos e condenarmos segundo o senso individual de justiça, como feito pelos “justiceiros”? A primeira instância, podemos dizer que o intuito da punição é fazer o individuo “pagar” pelo crime que cometeu. E para não ser um fim em si mesmo, precisamos que tal punição previna que aconteçam outros crimes, servindo de exemplo ou reformando o individuo, colocando ele de volta às normas do convívio social. Correto? O tipo de justiça “vingadora” é feita por meio da força – ou violência propriamente dita – para servir de exemplo. Instaura-se o medo nos

indivíduos, anunciando por socos e pontapés o que pode acontecer a quem se atrever a repetir o mesmo. O rapaz que foi amarrado ao poste, semanas depois foi preso novamente. Ele sofreu, pelo crime que cometeu e ainda assim voltou à mesma vida. Então por muitas vezes, essa se torna uma versão de justiça que acaba sendo um fim em si mesmo, quiçá tão ineficaz quanto à justiça comum. Um paradoxo, não?! Os Estados Unidos, por sua vez, possui em alguns estados a pena de morte, e continua tendo a maior população carcerária do mundo. Em alguns países, ladrões são punidos com a perda da mão,


19


Violência e os crimes persistem. Nem as decisões mais severas acabam sendo suficientes para que se finde a criminalidade.

O que gera a criminalidade?

falha, pois diferente de um julgamento, não temos estudo de caso aprofundado nem competência investigativa para isso. O possível resultado são falhas que não podem ser admitidas, como foi o caso do assassinato de Fabiane Maria de Jesus, no mês de Abril, uma mulher inocente que foi linchada por dez pessoas por engano. A última vítima foi um professor de história que foi acusado de roubo e depois de ser agredido precisou dar uma aula sobre Revolução Francesa para provar sua inocência. Mesmo assim foi levado a delegacia, humilhado e ameaçado de morte.

Os fatores sociais são fundamentais para compreender, entre outros, o fenômeno da violência no Brasil. O que se observa da realidade da população carcerária brasileira, é que em sua maioria é formada por indivíduos da classe baixa, sem estudo, negros e reincidentes. São frutos da desigualdade social, e não possuem meios de superar a situação a qual se encontravam antes da prisão. “Como se fosse uma doença E justamente no caso dos justiincurável, no seu braço a tatuagem: ceiros, o que vimos foi a punição DVC, uma passagem, 157 na lei... de pequenos ladrões, assaltanNo seu lado não tem mais ninguém. tes, trombadinhas, e na maioria A Justiça Criminal é implacável. negros. Tiram sua liberdade, família e Quando preso, provavelmente moral. o criminoso passará por situações degradantes, como super- Mesmo longe do sistema carcerário, te chamarão para sempre de exlotamento das celas, coação para presidiário.” crimes ou fugas, tempo ocioso, Trecho da música Homem na entre outras que não contribuem Estrada, do grupo Racionais Mc’s para a ressocialização do detento. Dessa forma, ele também estará recebendo uma punição que tamO que fazer para que o crimibém não gera nenhuma perspectinoso não volte a atuar? va de mudança moral e social. Na Paraíba, um ex-detento se torCiente que a estratégia da violênnou diretor de presídio após ser cia – que foi utilizada até os sécusolto, e conhecendo a realidade los em que estruturamos o direito dos presos, modificou o tratamenpenal – não deu certo. E que a justo dos presidiários, oferecendo ditiça é mais justa para alguns, deálogo, estudo, profissionalização, vemos focar na justiça que atinja inclusive, conseguiu a aprovação a todos de fato, e que tenha uma de uma lei, para que 5% das vagas finalidade maior que a de saciar a em empresas sejam para ex-detenvontade da vingança. tos. E quais os riscos para o cida- Outro exemplo é a Suécia que, em dão? 2013, fechou quatro prisões por falta de presos. A estratégia utiPrimeiramente, também nos torlizada é o foco na reabilitação de namos criminosos ao violentar o prisioneiros. próximo, julgamos premeditadamente e muitas vezes de maneira Muito embora seja necessário re20

Rachel Sheherazade

forçar que não são apenas meios paliativos, e sim medidas emergenciais em conjunto com medidas de ressocialização de longo prazo. E a melhor prevenção de crimes é a educação e profissionalização. Todavia, se quisermos combater o mal pela raiz, temos que focar primeiramente na desigualdade social. Há que se decidir se é melhor tratar o braço do que cortá-lo fora. Principalmente prezando pelo julgamento e punição como previsto em lei, para todos de maneira igual. Pois temos um código penal razoável, mas pecamos em sua aplicabilidade. Deste modo, julgando dentro do devido processo legal, com igualdade, dignidade e respeitando o ser humano, evitamos que você ou eu, sejamos os próximos a serem linchados, tendo cometido ou não algum crime. Mahatma Ghandi, grande figura lutadora pela paz, já dizia: “Olho por olho e o mundo acabará cego”. Por Roberto Dias.


21


Pôlemica O debate acerca da prostituição é tão antigo quanto sua própria existência (diz a sabedoria popular, ser a profissão mais antiga de todas), havendo diversas questões polêmicas e contraditórias, marcadas por pessoas que condenam a atividade e outras que veem como um tipo de comércio qualquer.

‘‘Profissão mais antiga do mundo” vai ganhar carteira de trabalho? Foto: Rafael Neddermeyer

M

esmo estando presente em praticamente todos os núcleos urbanos, rurais e em todos os níveis sociais, a prostituição continua sendo analisada superficialmente. Apenas vista a partir de argumentos ultrapassados e que não condizem com a realidade observada. Assim, no momento que viramos as costas para esse tema, deixamos de compreender, como ela funciona, e nos entulhamos de senso comum. O Brasil, enfim, está estimulando debates de assuntos até então marginalizados. Colocando em cima da mesa assuntos desconfor22

tantes e realidades que até então não queríamos reconhecer. Um exemplo desse período é o debate sobre a regulamentação do uso da maconha e a própria regulamentação da prostituição. Embora essa atividade seja mal vista e geralmente julgada como imoral, o comércio do sexo no Brasil não é proibido, apenas as casas de prostituição são consideradas ilegais. Em outros cantos do globo, a prática é considerada profissão, sendo regulamentada, tornando-a uma dentre tantas outras formas de trabalho.

Para que seja possível compreender questões que são polêmicas para a sociedade, é necessário construir diálogos fugindo do senso comum e da hipocrisia, observando a realidade de fato e refletindo se existe mesmo um problema, para aí sim, procurar meios de contorná-lo, de maneira que se evite tomar decisões arbitrárias, preconceituosas e que prejudiquem a dignidade humana.

O que é prostituição? A questão é tão complexa que para começarmos a compreender o assunto, temos que definir o


23


Polêmica que é prostituição. Pois a fronteira entre prostituição e troca de favores é demasiadamente sutil. Por exemplo, pode se considerar prostituição trocar comida por sexo? Ou até mesmo trocar outros favores dentro de um relacionamento. O cliente que sustenta a prostituta se enquadra no mesmo nível que vários clientes que sustentam outra profissional? Pagar por companhia é prostituição? São várias questões a serem consideradas e diversas perguntas a serem lançadas e discutidas. Um segundo fator importante é a necessidade de conhecer a realidade dos indivíduos, embora sendo minoria, nem todos que optaram por esse meio de vida entraram por questões de sobrevivência. Há inúmeros casos de estudantes que se prostituem para pagar os seus estudos. E muito menos condiz

demanda pelo serviço, igualmente existem pessoas que se disponibilizam a prestá-lo. E proibir quem fornece o produto, acaba aumentando ainda mais o seu valor, estimulando a transgressão da lei. Com as iminentes realizações de megaeventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, apressou-se esse debate para que se regulamente a profissão, definindo limites do que é ou não tolerável. Isso, porque se sabe que o Brasil é conhecido no exterior por ser um paraíso do turismo sexual, e o grande número de turistas nesses períodos estimularia muito a atividade e infelizmente a exploração. Por exemplo, um dos maiores jornais alemães, o Die Walt publicou pouco antes da Copa, uma matéria intitulada “Prostituição infantil tem boom à sombra da Copa do Mundo”, em que afirma que é pos-

Quem foi Gabriela Leite? Gabriela leite foi uma ativista e ex-prostituta, líder do movimento pela regulamentação da prostituição. Em 1987, organizou o primeiro encontro nacional de prostitutas, e em 1992 criou a ONG Davida. Foi criadora da grife Daspu, a qual o nome ironiza a famosa grife Daslu. Em 2009, lançou o livro “Filha, mãe, avó e puta”, no qual conta sua história. com a realidade, o pensamento de que são pessoas de má índole. No entanto, marginalizados e por conta própria, esses indivíduos estão sujeitos a qualquer tipo de exploração. Portanto, a regulamentação é incentivada para que haja uma fiscalização que preze a dignidade da vida humana. Sabemos que a prostituição está ligada com a exploração sexual, a mercantilização do corpo e a violência contra a mulher, mas paralelamente envolve a liberdade sexual e os direitos do cidadão. E como existe uma realidade de alta 24

sível fazer sexo com menores por pouco dinheiro. Acusa a negligência da polícia e até certo silêncio da FIFA. Mas bem antes disso, lá em 2012, o Deputado Jean Willys, juntamente com representantes das prostitutas construiu o PL 4211/2012, ou “Projeto Gabriela Leite”, observando as necessidades e as implicações trabalhistas dessa profissão. Com a aprovação da lei, deixa-se claro o que é legal e ilegal dentro do comércio do sexo. Assim evita-se, por exemplo, a exploração se-

xual com a fiscalização de ambientes de prostituição. Garantem-se direitos e deveres aos profissionais do sexo. O projeto deixa claro que não pretende estimular o crescimento das profissionais do sexo. “Muito pelo contrário, se pretende a redução dos riscos danosos de tal atividade. A proposta caminha no sentido da efetivação da dignidade humana para acabar com uma hipocrisia que priva pessoas de direitos elementares”. Entretanto a PL Gabriela leite, está longe de ser perfeito. Existem posicionamentos não favoráveis ao projeto, até mesmo dentro de movimentos feministas, de outros movimentos que possuem características liberais e também por parte de algumas prostitutas. Pois de fato, esse passo não implica necessariamente numa “emancipação” da mulher e das formas de opressão que ela sofre nesse trabalho. Mas sim, estaria legitimando a mercantilização e objetificação do corpo da mulher, a principal afetada pela prostituição. O projeto foca principalmente em casa de prostituição, deixando de fora muitas outras que trabalham apenas nas ruas. Outro detalhe significante é que o projeto enquadraria a atividade como um trabalho qualquer, sendo que possui diversas características especificas que devem ser consideradas. Porém pode ser um meio de começar a garantir o mínimo de segurança, dignidade e organização do meio de trabalho. Uma vez que não se pode haver uma resolução de todos os problemas de maneira imediata, é necessário que se tratem os problemas que já existem, sem tirar o olho da complexidade da questão, de forma que não se tapem buracos que vão se abrir novamente. Por Roberto Dias


25


26


27


28


29


30


31


32


33


Economia Parece lógico: quando a crise bate à porta das empresas, o primeiro passo dado é cortar gastos, principalmente em áreas que não são vitais para o funcionamento do negócio, como a propaganda, por exemplo. Mas o que muitos precisam ter em mente é que a divulgação de seus produtos ou serviços não deve fazer parte da lista de despesas de uma empresa, e sim estar atrelada aos investimentos, precisam saber também que ao cortar verba de publicidade, muitas empresas acabam deixando um espaço vazio na mente do consumidor, permitindo que seus concorrentes avancem sem medo nesse território.

VEN

DAS

INVESTIMENTO EM PUBLICIDADE

Em tempos de economia fraca, os fortes não economizam em publicidade

A

economia desaquecida oferece uma oportunidade rara para que uma empresa se diferencie das demais e se destaque na multidão. De acordo com Leonard Lodish, “se sua em34

presa tem algo importante a dizer nesse cenário, é muito melhor que o diga agora do que em tempos mais favoráveis”. Pesquisas mostram que as empresas que sempre recorrem à publi-

cidade, mesmo em períodos de recessão, têm melhor desempenho a longo prazo. Um estudo feito pela McGraw-Hill Research com 600 empresas, de 1980 a 1985, mostrou que as empresas que optaram por


35


Economia manter ou elevar seu nível de gastos com propaganda durante a recessão de 1981 e 1982 tiveram vendas muito mais expressivas depois que a economia se recuperou. As empresas que utilizaram de forma persistente a propaganda durante a recessão tiveram vendas 256% maiores do que as que fizeram cortes na área.

Vale ainda lembrar que empresas que só divulgam suas promoções acabam criando um vício na mente de seus clientes, que estarão mais propensos a consumir nestas determinadas datas, acreditando ser uma melhor oportunidade de compra. Vícios como este diminuem drasticamente a lucratividade de qualquer negócio.

Quem é visto é lembrado

Marketing × Publicidade

A verdade é que todos os seres humanos têm necessidade de comer, beber e se vestir. No entanto, são muitos lugares oferecendo os mesmos produtos a preços semelhantes. O que pesará na hora do consumidor decidir onde comprar será qual concorrente virá primeiro à sua mente, e para ocupar este privilegiado espaço – na mente do consumidor –, as empresas têm que constantemente lembrá-lo de sua existência e por que são melhores que seus concorrentes. E “fazer propaganda” somente de vez em quando não é a melhor alternativa quando o empresário almeja ter uma vasta carteira de clientes fiéis e retornantes. Anunciar e ‘fixar’ sua marca na mente do consumidor requer bastante tempo e uma mensagem consistente. É sabido de todos que a conquista de cada cliente só se dá com dedicação, tanto na hora de atender, como na hora de fisgá-lo – e para a segunda, servem os anúncios publicitários. Empresas que limitam sua comunicação, utilizando apenas divulgações de curto prazo (promoções e liquidações) estão sujeitas a serem esquecidas por seus clientes na hora de decidir onde fazer suas compras além minimizar as chances de fisgar qualquer consumidor, pois em sua mente já há alguma marca concorrente ocupando espaço.

Grande parte das pessoas confunde marketing com publicidade. A publicidade é uma parte importante do marketing, mas é apenas uma parte. Então o que é marketing? Marketing, esta palavra que parece tão distante e tão pouco aplicável às pequenas empresas está presente diariamente na operação de qualquer negócio, ou pelo menos deveria estar. Ele nada mais é do que qualquer ação no mercado: é a compra, a venda, a entrega, a divulgação, entre outras várias ações requeridas para atender o consumidor. Já a publicidade é o braço do marketing que faz com que o público saiba que sua empresa existe, o que ela vende, quando e como ela vende. Ambos estão interligados e são dependentes, mas cuidar do marketing não é só divulgar sua empresa no rádio, jornal ou revista. Cuidar do marketing é cuidar bem de todos os processos necessários, desde o anúncio do seu produto ao atendimento ao cliente e a garantia de que ele sairá satisfeito de sua empresa.

36

Novos hábitos de consumo pedem novas estratégias de marketing Com os consumidores cada vez mais racionais nos seus processos de decisão, mais exigentes, des-

confiados e sensíveis aos pequenos detalhes, cabe agora às empresas apostarem na transparência e numa cultura de confiança, em novos padrões de segmentação e numa verdadeira capacidade de diferenciação. O marketing deve ser cada vez mais “relacional” e as empresas devem estar onde estão os consumidores, daí que a presença no contexto online se torna absolutamente vital. Até porque, hoje, os concorrentes de uma empresa não estão mais somente na sua rua, bairro ou cidade. Em sua maioria estão online e muito presente na vida social de seus clientes, seja no Facebook, Twitter ou Instagram.

Amor, acima de qualquer valor Embora o preço seja um elemento importante em tempos de recessão, a maior parte dos consumidores atentos aos preços não abre mão de consumir sua marca preferida. As empresas devem cuidar bem da “casa” durante os períodos desfavoráveis, não negligenciando a qualidade do produto e os bons sistemas de distribuição. Contudo, a identificação com a marca e a liderança vêm pela comunicação. Se diminuirmos a comunicação, teremos um problema enorme. Se as empresas fizerem cortes profundos na verba de publicidade e comunicações em períodos de baixa, o custo para recuperar o percentual de participação no mercado, passada a crise, pode ser de quatro a cinco vezes o valor da economia feita. Por isso, é preciso manter o equilíbrio em situações desse tipo. Não desapareça quando o cliente e o consumidor precisam de você, porque eles precisam de você tanto quanto você precisa deles. Por Nader Hamdan.


37


Panóptico

Música, Cinema & Literatura

Confiras as melhores dicas de CDs, Filmes e Livros, selecionados por nós, da Ventura, para que seu entretenimento e lazer seja sempre rico em cultura e bom gosto.

Para Ler

Um bom lugar para morrer Mário Bortolotto Um dos livros mais recentes do escritor londrinense radicado em São Paulo, Um Bom Lugar pra Morrer é daqueles livros que cortam, sangram e doem da primeira à última página. Histórias de quem vive à margem, com doses de lirismo puro. E sem gelo. Os poemas trazem consigo tudo o que o dramaturgo, ator, diretor, vocalista de blues e rockeiro Mário Bortolotto aborda há mais de 30 anos nos palcos da vida.

38

Toda Poesia Paulo Leminski Aqui estão reunidos os caprichos e relaxos (rigor e desprendimento poético) do autor curitibano Paulo Leminski, um dos poetas mais incensados dos últimos tempos. O paranaense cosmopolita figura entre os mais vendidos desde a publicação da coletânea, um feito e tanto para o gênero poesia, especialmente nessa época. Recomendadíssimo.

Faróis no Caos Ademir Assunção O que acontece quando um bom jornalista e poeta entrevista a fina flor da produção artística nacional? O resultado pode ser conferido neste livro de entrevistas de Ademir Assunção ao longo de 30 anos de carreira. Perguntas inteligentes com respostas interessantes de artistas como Itamar Assumpção, Caetano Veloso, Grande Otelo, Alice Ruiz, Augusto e Haroldo de Campos, Luiz Fernando Veríssimo, Arnaldo Antunes e Arrigo Barnabé, entre outros.


39


Panóptico

Para Ouvir

O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui Emicida Em seu primeiro álbum de estúdio, o rapper foi buscar nas raízes da música brasileira a sonoridade ideal para embalar o seu rap. Em um processo orgânico, com músicos em estúdio criando todos os instrumentais, o álbum vai do funk ao soul, com forte presença do samba. Tudo como pano de fundo para suas rimas ainda mais afiadas e certeiras -, costuradas por um texto da atriz e poetisa Elisa Lucinda.

Ventura Los Hermanos Há dez anos, o grupo Los Hermanos lançava o álbum Ventura, a obra-prima da banda. Letras perfeitas, arranjos pontuais, vocais inspirados. Tudo conspira a favor dos cariocas. Com certeza, um dos melhores discos (ou o melhor) da década, que coloca a banda na discografia básica de qualquer antologia do rock/MPB.

Once upon a time in the west The White BUffalo Em 2012, a banda The White Bufallo lançou “Once Upon a Time in the West”. O vocalista Jake Smith, ou White Buffalo, consegue transmitir perfeitamente o sentimento expresso em suas letras, sejam elas tristes ou alegres. O álbum é uma coleção atemporal de treze canções sobre o amor, a vida, a perda, o vício, raiva e redenção. No entanto, nenhuma dessas emoções diminui a experiência divina de ouvir o álbum em si.

Paradise Now Hany Abu-Assad “Estar sob ocupação já é estar morto”. Said e Khaled são amigos e voluntários a morrer como mártires. São rapazes nada fanáticos, que sonham muito menos com o paraíso do que com as questões da vida terrenas. O filme exibe uma trama onde a religião não joga o papel tão preponderante nas decisões dos palestinos e mostra o lado mais humano dos ‘terroristas’.

Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios Beto Brant Reeditando uma grande parceria com o escritor Marçal Aquino, Brant deu sua versão para a história que se passa no interior da Amazônia, onde um fotógrafo de passagem acaba se envolvendo com a linda e instável esposa de um pastor, com consequências desastrosas. Destaque para Camila Pitanga, que se entrega a um personagem difícil e faz um trabalho memorável

Para Assistir

Na Natureza Selvagem Sean Penn Com uma fotografia ímpar, trilha sonora envolvente e belas atuações, Na Natureza Selvagem é um filme profundo, quase incomparável. Baseado numa história real, o longa nos demonstra a jornada de um rapaz desiludido com as relações sociais impostas, disposto a deixar para trás tudo que ama e odeia para se aventurar na paisagem inóspita do Alasca. Uma história real de medos confrontados, sabedoria adquirida e auto descobrimento. 40


41


Cidade

Foto: Associação Comercial

ACIAG divulga resumo dos trabalhos no 1º semestre Gestão 2014

A

gestão da diretoria 2014, presidida pelo empresário Glenio Antonio Calheiro, em seus quase 4 meses de trabalho vem cumprindo uma extensa pauta em prol do empresariado guairense, com alguns assuntos que já marcaram este início de mandato, como: A adequação dos estacionamentos e sinalização das principais avenidas; Os estacionamentos nos canteiros centrais e regulamentação de estacionamentos exclusivos para motocicletas; O tráfego intenso de veículos no acesso da Ponte Airton Senna; Construção do presídio semiaberto no município. Outro assunto permanente discutido em praticamente todas as reuniões da ACIAG é a segurança no comércio, que ocasionaram 42

muitas outras reuniões com autoridades e como judiciário, além de diversos ofícios que foram endereçados às autoridades competentes e responsáveis pela segurança. De imediato, a solicitação de guarita no quiosque da Praça do Chafariz e a ronda permanente da guarda municipal e militar no comércio, requeridas recentemente ao executivo, sempre visando à contenção da violência no comércio local. Além destas, talvez menos polêmicas, mas não menos importantes, foram realizadas outras solicitações ao executivo e ao legislativo, que tratam dos alagamentos, nas avenidas Mate Laranjeiras e Av. Thomaz Luiz Zeballos, ocasionados nos dias de chuva e a solicitação de emenda parlamentar para

regulamentação dos horários de publicidade em carros de som. A ACIAG tem procurado participar de todas as reuniões em entidades que representam a região oeste, como Municípios Lindeiros, AMOP, FACIAP e CACIOPAR, responsáveis por decisões transformadoras visando desenvolvimento da região oeste do Paraná. Tem, ainda, estendido seus braços, na mobilização local, com a participação de seus diretores em todos os conselhos municipais, tornando-se desta forma, proativa, nos assuntos que direcionam os anseios da comunidade empresarial. No início do ano foi solicitada, pela Aciag, uma pesquisa junto aos associados e junto aos escritórios de contabilidade, com objeti-


43


Cidade

Foto: Associação Comercial

vo de identificar a quantidade de empreendimentos econômicos do município e a quantidade de empregos gerados por estes estabelecimentos, aferindo desta forma à representatividade da ACIAG. Para este ano, as campanhas de início do ano, foram totalmente remodeladas, incluindo a semana da páscoa no calendário anual, contando com várias parcerias entre elas, Secretaria de Educação e Cultura, Unipar, Rádio Guaíra e Pernambucanas. Na ocasião foram distribuídas centenas de cestas de páscoa, doadas por empresas da ACIAG, sorteadas através das cartas enviadas ao coelho da Páscoa. As campanhas do Dia das Mães e dos Namorados foram um sucesso, e a campanha do Dia dos Pais segue com as inovações presentes nas anteriores. Todos os clientes que fizerem compras no comércio de Guaíra estarão concorrendo em dobro, pois além dos prêmios do Dia dos Pais, em breve será sorteada uma moto Biz 0 km entre os consumidores e mais três poupanças, entre os associados, vendedores e empresas participantes da campanha. O sorteio acontecerá num jantar alusivo ao empresário 44

associado da ACIAG, no mês de agosto, nestas campanhas a Associação conta com patrocínio do Sicredi e Sicoob. Na questão desenvolvimento empresarial, a ACIAG já tem agendados vários cursos e palestras, tais como: Boas Práticas de Vendas junto com o Instituto Sicoob, curso de Liderança, Como Motivar Equipes de Vendas e de Decoração de Vitrines, em convênio com a Escola do Trabalho e Senac, além do programa Varejo Mais com extensa programação implementada pelo Sebrae, com duração de três meses, iniciando em maio. O conselho da Associação Comercial também fez a sua parte. O COMEG (Conselho da Mulher Empresária de Guaíra), com a comemoração do Dia da Mulher, a Campanha Guaíra Liquida e a escolha da Rainha da Festa das Nações. E o COJEM (Conselho do Jovem Empreendedor) tem realizado várias reuniões visando à implementação novamente para este ano do Prêmio Empresarial, destaques do ano. Recentemente a ACIAG contou com a presença do Vice-Prefeito Osmar Volpato, Dra Andréia Dia Andrade e Augusto de Nadai, ava-

liando a adequação dos estacionamentos e da nova sinalização de trânsito. A ACIAG esteve discutindo junto ao executivo o livre comércio na fronteira Brasil e Paraguai, com a inclusão das cidades de Guaíra e Salto Del Guairá, anexando ao projeto do deputado Nelson Padovani, que hoje prevê Foz do Iguaçu e Cidade Del Leste. A Associação Comercial e Empresarial de Guaíra esteve recentemente, apoiando e participando em duas campanhas sociais: Campanha de conscientização de entorpecentes a menores, principalmente referente ao uso do “arguile”. E a campanha do agasalho promovida pelo COJEM. Estas foram algumas das ações implementadas e muitas outras estão por vir. Conforme o Planejamento Estratégico recentemente realizado pela atual diretoria, contando com acompanhamento da FACIAP através de seu consultor, Valentin Naue, realizamos todas as atividades sempre com a premissa que a missão da ACIAG é: “Promover a integração, o fortalecimento, a capacitação e a representatividade da classe empresarial”.


45


INFORME PUBLICITÁRIO: D’PIL

Beleza

Cinco hábitos que prejudicam sua pele

Para retardar o aparecimento das rugas, é preciso ir muito além dos cremes. Fique atenta aos hábitos do dia a dia que podem prejudicar sua pele e saiba como driblar a ação do tempo!

1. O vício do cigarro

dias na semana sem ingerir álcool.

Esse conhecido vilão tem componentes que quebram as fibras elásticas da pele e estimulam a produção de radicais livres. Um estudo da Universidade de Nagoya, no Japão, descobriu que fumar causa uma perda de até 40% no colágeno, além de ressecar a pele e impedir sua oxigenação. Como os danos são irreversíveis, aqui a solução é uma só: abandonar o hábito.

4. Alimentação desregrada

2. Resquícios de maquiagem Usar maquiagem não é problema, desde que ela seja específica para a sua pele. Isso significa ter propriedades hidratantes, se a pele for seca e for livre de óleo (ou “oil free”) se for oleosa. Mas é preciso tirar o make antes de dormir. Caso contrário, os poros ficam obstruídos e a pele não recebe oxigênio, o que causa ressecamento, o arqui-inimigo da pele linda. Use tonificantes menos agressivos, ou seja, sem álcool.

3. Álcool em excesso Se você adora bebericar, fique esperta. O hábito colabora para a formação de linhas de expressão. Ele, aliás, traz outras consequências, como a desidratação da pele e a formação de radicais livres. Siga a recomendação da dermatologista: “Se for beber, sempre alterne um copo de bebida alcoólica com outro de água”. Se você adora um drinque, fique ao menos dois 46

Não tem como fugir. Tudo o que comemos influencia nossa saúde. Com as rugas, acontece o mesmo. Produtos industrializados e gordurosos inflamam as células e pioram a pele. “Após os 40 anos, temos de aumentar a ingestão de proteínas para estimular a produção de colágeno”, diz a médica. Peixes frescos de água salgada, como atum, e alimentos verde-escuros ajudam nessa missão.

5. Sol sem proteção Aqui está o pior inimigo de todos: o sol. A exposição a ele destrói a produção de colágeno e as fibras da pele, causando marcas permanentes – leiam-se rugas. A boa notícia é que a solução é fácil e acessível: é só usar filtro solar (com FPS 30, no mínimo) todos os dias – não só na praia! Aproveite estas dicas e combine com o Fotorejuvenescimento D’pil e tenha a pele ainda mais jovem e saudável! *Fontes: Mônica Linhares, diretora do Espaço Saúde Rio, membro da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia Estética e da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia a Laser.


47


INFORME PUBLICITÁRIO: ACONCHEGO COLCHÕES

Qualidade de Vida

Um bom colchão para dormir! Nós passamos aproximadamente um terço de nossa vida dormindo. Por isso, um bom colchão pode influenciar muito na saúde da coluna. Um sono tranquilo e contínuo é fundamental para a nossa saúde e um bom rendimento no dia-a-dia. A falta de sono pode contribuir para um aumento do estresse e um aumento da dor. Durante um dia normal, a coluna vertebral passa o dia todo suportando o peso do corpo e participando em todos os movimentos que realizamos. O período em que ficamos deitados e dormindo deve ser completamente restaurador para que a coluna vertebral possa se recuperar. Isso pode ser tornar difícil ou até mesmo impossível se não utilizarmos um colchão adequado.

Então, quais são as características de um bom colchão? É importante ser mais duro ou mais macio? Um bom colchão deve manter o mesmo alinhamento natural da coluna de quando estamos em pé. Os músculos devem ficar relaxados e esse posicionamento fisiológico determina um sono mais reparador e tranquilo. Existem diversos tipos diferentes como: colchões de mola, de espuma, de água, de ar, etc. O melhor tipo de colchão é aquele que oferece o maior apoio e é o mais confortável para você. Ele deve ser projetado para distribuir a pressão uniformemente pelo corpo para ajudar a circulação, diminuir o movimento do corpo e melhorar a qualidade do sono. Em colchões de casais, ele também deve ser concebido para minimizar a transferência de movimento a partir de um parceiro para o outro. Portanto, a escolha é individualizada. Entretanto, sabemos que há uma grande diferença em termos de firmeza e durabilidade em cada um. O colchão mais firme não é necessariamente o melhor. Um colchão muito firme não é capaz de suportar a coluna 48

uniformemente, ele tende a suportar apenas as partes mais pesadas do corpo. Por outro lado, um colchão extremamente macio também evita que a coluna permaneça em seu alinhamento fisiológico. O ideal é apresentar uma densidade ou firmeza média para o indivíduo, o que varia de pessoa para pessoa. O primeiro passo ao comprar um colchão é experimentá-lo. Deite-se sobre ele como normalmente você costuma dormir e procure virar de um lado para o outro para sentir sua densidade e seu movimento. Fique atento com alguns termos que frequentemente são utilizados comercialmente como “ortopédicos”, pois nem sempre isso tem significado na prática médica. O mais importante é verificar se esse determinado tipo de colchão é capaz de apoiar sua coluna em uma curvatura natural confortável, e isso varia muito de indivíduo para indivíduo, pois cada pessoa tem um determinado peso, constituição corporal, altura, etc.

E a durabilidade do colchão? A durabilidade pode variar muito entre os colchões e está diretamente relacionada aos seus componentes de fabricação. Um bom colchão deve durar de 8 a 10 anos, portanto é importante verificar a garantia oferecida pelo fabricante. Se você já possui um colchão há mais de 10 anos, é provável que necessite de um novo. Alguns sinais como acordar cansado e dolorido, rangidos do colchão, dificuldade em se manter na mesma posição no colchão e rolar para outra posição durante o sono podem indicar que está na hora de trocá-lo. Via: Dr. Luciano Pellegrino


49


INFORME PUBLICITÁRIO: ÓTICA CRISTAL

Estilo

1

2

3

Qual fã de óculos é você?

Os óculos que você usa refletem em sua personalidade! A afirmativa é tão correta, que podemos facilmente identificar características em comum da personalidade de dois grupos de usuários: os que não gostam de óculos e os usam por necessidade, buscando a armação mais harmoniosa e discreta para o seu rosto, e os que o usam como acessório complementar ao estilo.

A

partir daí, podemos identificar muitos outros perfis de usuários. Nesta edição trazemos até você características marcantes das pessoas que utilizam óculos como acessório de moda. Com quais destes você se identifica?

Os que gostam de óculos da moda: 1 - O rei do estilo: estas pessoas que muitas vezes

tem mais de um óculos. Para eles, nada é extravagante ou moderno demais. Sempre com o modelo mais atual e de preferência com lentes tingidas: desde que goste e que esteja de acordo com o seu humor e/ou roupa, tudo combina. Criativos e extrovertidos consideram seus óculos um complemento do visual.

2 - O apaixonado por marcas: dão valor a marcas e modelos, inclusive quando escolhem suas roupas. A escolha dos óculos dessas pessoas é influenciada por marcas. Apenas armações dos designers mais famosos do mundo poderão dar elegância ao seu rosto. Além disso, os óculos também devem estar em sintonia com o resto do seu estilo – o visual tem que ser 50

impecável. Os fãs de óculos de marca também apostam em lentes de boa qualidade. Resumindo, sabem que a qualidade tem o seu preço, mas que também se justifica.

3 - Óculos sem grau (só pelo estilo): óculos

sem a função corretiva estão a venda em lojas de moda como um acessório para o rosto. Óculos “nerd”, óculos “GG” estilo anos 70 e óculos em estilo John Lennon são usados no mundo da moda alternativa por pessoas que não precisam, mas desejam usar óculos para complementar o visual. É preciso ter experiência para escolher lentes para óculos; no entanto, armações grandes só ficam realmente bem com lentes finas orgânicas ou em policarbonato, o que torna o seu uso muito mais confortável. Os profissionais óticos também são bons conselheiros na escolha de lentes coloridas. Para próxima edição da Revista Ventura, você vai conhecer o estilo de quem usa óculos apenas por necessidade, e que assim deixam transparecer um toque da sua personalidade. Fonte: Assessoria de Comunicação Zeiss – Portal da Oftalmologia


51


52


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.