Revista Guarulhos - Edição 83

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REVISTA GUARULHOS

Ano XI - nº 83 - Dezembro/ 2013 Diretor Responsável: Valdir Carleto

Guarulhos, 453 anos Moradores dos principais bairros falam de sua relação com a cidade gente Elton Soares de Oliveira e Kiko Dinucci

passarela Looks para o Natal e o Ano Novo

especial Como os fotógrafos veem Guarulhos


C

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índice MÁRCIO MONTEIRO

ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

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capa

12 entrevista

122 especial

152 Currículo - Como ampliar as chances de admissão 162 Empresa - Contratação de jovens aprendizes 166 Livros - Sugestões sobre astrologia 168 Por aqui - O que acontece na cidade 172 Menu - Dicas de pratos que vale conhecer 178 Lista 7 - As mansões mais caras no planeta

176 acelera

O que acontece de novo no universo sobre quatro rodas DIVULGAÇÃO

GINA DINUCCI

A cidade pelo olhar de fotógrafos e leitores

Vista aérea da praça Getúlio Vargas, em 1987 DIVULGAÇÃO

JOÃO MACHADO

Elton Soares de Oliveira, historiador

Moradores contam sua história dos bairros de Guarulhos

DIVULGAÇÃO

140 perfil Kiko Dinucci

4

144 eu quero

Ideias de lembrancinhas para presentear a quem você gosta no fim do ano

148 passarela

Looks certeiros para o Natal e para o Ano Novo


Natal

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A ENIAC é uma das maiores e mais tradicionais instituições de ensino de Guarulhos, já tendo formado, desde a sua fundação em 1985, da educação infantil até a pós-graduação, gerações de guarulhenses. Por isso, é com orgulho que a ENIAC deseja, para toda a cidade, um grande e entusiasmado “PArAbéNs GuArulhos”!

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editorial Por Valdir Carleto

Histórias que o povo conta Quando Silvio Santos tinha programa de rádio, no início de sua carreira, havia um quadro com esse título, no qual casos de bichos de sete cabeças e coisas parecidas eram relatados. Nesta edição comemorativa do 453º aniversário de Guarulhos, a RG recorre a histórias que o povo conta, mas nada do outro mundo. São relatos de quem viveu a cidade em outros tempos, gente que guarda recordações, dados, fotografias. São testemunhas dos fatores que fizeram a pacata província transformar-se em metrópole. Cada um ao seu modo, com sua memória, sua linguagem, suas verdades e convicções, conta a história recente de Guarulhos, a história que ainda não está nos livros, mas que, tornando-se pública agora, quem sabe poderá ser base dos livros de um futuro próximo. A cidade é construída a cada dia por todos os seus habitantes. Engana-se quem atribui o progresso aos que ocupam cargos importantes, aos detentores de mandatos, aos que se destacam nessa ou naquela atividade. O papel dos líderes é imprescindível, mas eles nem sempre são aqueles que costumam aparecer no noticiário: há líderes anônimos em cada vila, em cada profissão, onde menos se possa imaginar. O progresso de Guarulhos

é fruto do empenho e da criatividade de muita gente, desde altos executivos até quem atua nas funções mais humildes. Ouvir pessoas comuns para contar, pelo seu ângulo de visão, a história da cidade, é uma forma de resgate e de fazer justiça, ainda que não seja algo pioneiro. Por falar em contar a história da cidade, a entrevista do mês é com o historiador Elton Soares de Oliveira, que consegue a façanha de ganhar a vida editando livros que relatam as pesquisas que gosta de fazer sobre os bairros e o patrimônio histórico e cultural de Guarulhos e de sua gente. Editar a revista que tem o nome da cidade é muita responsabilidade. Por isso, procuramos fazê-lo com todo zelo e dedicação, buscando a cada mês elaborar reportagens interessantes e matérias que sejam úteis às famílias que nos prestigiam com sua leitura, fazendo jus à imunidade tributária que a Constituição garante ao papel de imprensa. Ao findar mais um ano de muito trabalho e de edições marcantes da sua RG, agradecemos mais uma vez o apoio e incentivo de todos que têm contribuído para esse sucesso. Desejamos a todos um Natal de muita paz e alegria e um novo ano de muitas realizações, em todos os sentidos. 

expediente

cartas

Diretor responsável: Valdir Carleto (MTb 16674) Diretor Executivo: Fábio Carleto Editora Executiva: Vivian Barbosa (MTb 56794) Assistente de Edição: Amauri Eugênio Jr. Redação: Daniela Villa-Flor, Elís Lucas, Michele Barbosa e Tamiris Monteiro Revisão: Simone Carleto Diagramação: Aline Fonseca, Kátia Alves, Ricardo Lima e Williane Rebouças Fotos: Márcio Monteiro e Rafael Almeida Administrativo: Érika Silva e Viviane Sanson Comercial: Ana Guedes, Eliane Sant’Anna, Laila Inhudes, Maria José Gonzaga, Patrícia Matos, Régia Gênova, Thais Cristine e Thaís Tucci. Distribuição: Luiz aparecido Monteiro A RG - Revista Guarulhos é uma publicação da Carleto Editorial Ltda. opiniao@revistaguarulhos.com.br - www.revistaguarulhos.com.br Redação e Comercial: Av. João Bernardo Medeiros, 74 - Bom Clima - Guarulhos/SP CEP 07197-010 - Telefone: (11) 2461-9310 - comercial@revistaguarulhos.com.br Impressão e acabamento: Silvamarts Gráfica e Editora Ltda. Tel. (19) 3112-8700. Tiragem desta edição: 8 .500 exemplares. 8

Ter nas mãos a RG de outubro, caminhar por ela de todas as formas e em todos os sentidos e não se encantar...impossível! Estupenda e extraordinária, sem sombra de dúvidas, é o que se pode dizer, diante do primoroso trabalho de pesquisa, de distribuição das etapas, dos assuntos ventilados a fundo nesse que é o livro da educação, de como ela se comporta, onde está e como pode ser vista e sentida. De parabéns a direção segura e firme no propósito do bem fazer, do fazer sério, do compromisso com a cidade, sua população, suas crianças tratadas com o respeito que merecem. De parabéns essa equipe valorosa que mostra trabalho, que sente o que faz e faz bem. De parabéns Guarulhos, por contar com trabalhadores sérios e competentes que caminham na busca da excelência e fazem dela sua trilha, seu foco. De parabéns nós outros, que podemos com orgulho dizer: o tempo é agora, o que pretendíamos aconteceu, o sonho aqui está, solidificado na ética, na sapiência, nesse titanesco trabalho. Jandilisa Grassano


Concluímos mais uma etapa. 2013 chega ao fim e com ele a sensação de dever cumprido. Mas, com 2014 se aproximando, o anseio por novas metas aflora e já começamos a nos planejar para os próximos 365 dias. Em 2014 aguardamos por você, para vivermos juntos mais um ano de aprendizado, de amizade e de conquistas.

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entrevista FOTOS: MÁRCIO MONTEIRO

Por Valdir Carleto

Guarulhos tem muita história pra contar Elton Soares de Oliveira adora fazer pesquisa e contar detalhes do que descobriu Revista Guarulhos - Onde nasceu, quando e por que veio a Guarulhos? Elton Soares de Oliveira - Nasci na Bahia, em Jacaraci, distrito de Irundiara. Vim para Guarulhos em 1973, porque meu pai veio trabalhar na obra do Parque Cecap. Ele vendeu uma fazenda lá e comprou um lote de terreno aqui. Nasci lá, mas é aqui que escolhi viver. RG - Qual sua formação? ESO - Vim para cá e fui estudar no Mobral, depois na EE Enio Chiesa, no Conselheiro; fiz supletivo e me formei em história na Faficil, atual Faculdades Guarulhos.

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RG - Quando e por que decidiu que desejava ser historiador? ESO - Sempre fui pesquisador, gostava de ouvir os casos que os idosos contavam na minha terra. Quando vim para cá, sentia muita saudade, voltava lá duas vezes por ano. Quem vem de uma cidade tão pequena e enfrenta outra tão grande, estranha, porque perde todas as raízes, enfrenta discriminação. Nessa de ir e voltar, fiquei me perguntando o que fazia as pessoas se fixarem lá, naquela seca, sem nenhuma condição de vida. Inventei de entrevistar pessoas, gravar, acabei montando um museu lá com todo tipo de coisas antigas. Aí descobri que queria fazer história.

RG - Qual o motivo que o levou a interessar-se particularmente pela história de Guarulhos? ESO - Aí fui notando que a história de Guarulhos é muito rica, a cidade tem imensa diversidade, muito mais do que as pessoas percebem; desde lepra até aviação, há um leque de descobertas; sua localização geográfica, nesse triângulo dos caminhos de São Paulo para Minas e Rio; o aquífero Cumbica, sobre o qual desenvolveu-se o parque industrial; Guarulhos teve ouro. O pico mais alto da região metropolitana, o de Itaberaba, com 1422 metros, as várzeas dos rios Tietê, Cabuçu, Baquirivu. É uma das poucas áreas em tor-


no de São Paulo em que ainda existe uma casa como a da Candinha, no Bananal. A Festa de Bonsucesso é uma das mais antigas do País, talvez só perca para a das Virgens, na Bahia, se ainda houver lá. RG - Quais descobertas de suas pesquisas pode destacar? ESO - O tamanho da área que serviu ao ciclo do ouro, anterior em cem anos à de Minas Gerais e que ocupa quase um terço da cidade. Levei três anos mapeando todos os veios do ouro, indo reconhecer os lugares, porque tudo tem a ver com a colonização, com a história. Há o estudo da formação do pensamento religioso católico: temos a figura da Nsa. Sra. da Conceição, a santa poderosa que conduziu o exército português, e seu culto é estendido por todo o Brasil. E tem todas as capelas do Bom Jesus, como a do Macedo; Bom Jesus da Cabeça, do Cabuçu; Bom Jesus da Capelinha. As capelas da Santa Cruz, como a do Taboão. Desde aquela época, Guarulhos era área de interesse econômico, teve muitos escravos. Outra coisa é a diversidade de povos que forma sua identidade: o Censo de 1980 apontou 73% de imigrantes, vindos de várias nações e outros estados. RG - Fale um pouco sobre a Igreja de Nsa. Sra. dos Homens Pretos. ESO - A Igreja de Nsa. Sra. da Conceição era uma igreja-cemitério. Ainda há pessoas sepultadas lá e no

seu entorno. De frente para ela havia a de Nsa. Sra. dos Homens Pretos, que também era igreja-cemitério. Na da Conceição, uma santa branca, que não expressa na face nenhum sofrimento, frequentavam os brancos, os chamados “homens bons da terra”, os que tinham fazendas, uma determinava renda, tinham escravos e eram católicos. A do Rosário, ou dos Pretos, era para os que não podiam frequentar a Matriz. Foi benta em 1750 e ficava perto do atual Poli Shopping, não exatamente onde foi colocado um marco no calçadão. Se não tivesse a igreja dos pretos, poderia haver na igreja dos brancos um altar de São Benedito ou de Nsa. Sra. do Rosário. A partir de 1828, foi proibido o sepultamento dentro de igrejas. Então foi criado o Cemitério São João Batista, que se estendia até onde é hoje a Biblioteca Montei-

ro Lobato e ali, na parte mais baixa, passaram a ser sepultados os negros da Associação do Rosário. Em 1965, quando essa parte do cemitério foi desativada, houve um movimento fortíssimo das famílias tradicionais, para manter a parte que ainda permanece na rua Felício Marcondes, onde estão sepultados os membros dessas famílias. RG - Entende que o guarulhense tem interesse pela história da cidade? Se não, por qual razão? ESO - Infelizmente não tem. Creio que porque as pessoas vinham para cá com a ideia de voltar, não desenvolveram um relação afetiva porque se entendiam em um rito de passagem. Defendo que, nas escolas, as crianças de cinco a dez anos estudem o patrimônio local e também o visitem, para que no futuro as pessoas notem mais esse rico patrimônio cultural. Sem essa identidade, o que se vê é pichação, degradação, porque não se tem uma relação afetiva. RG - Em sua opinião, quais os aspectos positivos e negativos de Guarulhos? ESO - Positivos: o patrimônio natural que é a serra da Cantareira, de extrema importância para Guarulhos e para a Região Metropolitana, pela beleza natural, pelas quase 600 espécies da nossa fauna; pela riqueza da água - o sistema Cantareira fornece 65% da água que consumimos; pelo controle

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entrevista do calor; formações rochosas de 1,6 bilhão de anos. Quanto ao que foi construído pelas pessoas, o núcleo do centro de Guarulhos, com o triângulo das ruas D. Pedro, João Gonçalves e Capitão Gabriel e seu significado histórico. A D. Pedro teve nome de rua Direita. Por que? Quando se criava uma paróquia, o nome da rua de frente era Direita. Quando o profeta Ananias converte Paulo, é num local com o nome de Via Recta. Há uma ligação da história da cidade com a universal. Acho que falta criar hábito de se visitar e conhecer esses locais, entender sua importância. Outros aspectos positivos de Guarulhos: o aeroporto e o parque industrial. RG - E os negativos? ESO - Não ter ligação férrea com São Paulo e ter uma malha rodoviária que não atende a demanda. A falta de moradias dignas para parte significativa da população é outro. RG - Guarulhos foi até a primeira metade do século XX uma estação climática. Além da chegada de empresas à Dutra e do aumento populacional, quais fatos influenciaram na perda desse status? ESO - Se olharmos o mapa de nascentes de água que tínhamos, veremos que perdemos grande parte delas; a mata Atlântica, que se estendia até São Paulo; o caminho mais antigo de Guarulhos era estrada velha da Conceição, caminho dos Bandeirantes, por onde é a vila Sabrina hoje. A várzea do rio Tietê leva seis meses para secar quando enchia. A serra da Cantareira se chamava Jaguamimbaba, que quer dizer onça parda. É natural que o pro-

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cesso de urbanização, de expansão, vai dizimando os recursos naturais. RG - Quantos livros já lançou e como conseguiu editá-los? ESO - Começou por acaso; a editora Noovha América conheceu o site “Guarulhos tem história”, que eu lancei. A empresa Rio Negro fez um contrato com eles para produzir um livro e a editora notou que o que havia no site era o conteúdo que buscava. O livro tem 14 autores, porque, embora eu o tenha organizado, acho importante fazer jus a quem contribuiu com as pesquisas. A razão de nosso trabalho ser bem aceito é que se percebeu a coerência de cruzar os elementos naturais com os fatos históricos, não forçar a interpretação, mas apenas fornecer os elementos para que o eleitor busque entender. De certa forma, trabalho por encomenda: a editora tem uma demanda, eu pesquiso e escrevo. Para a Secretaria de Educação de Guarulhos, produzimos algumas obras, por intermédio da Noovha. RG - Quais suas primeiras providên-

cias se fosse prefeito de Guarulhos por uma semana? ESO - Eu desapropriaria toda a Serra da Cantareira, mantendo as pessoas residindo lá. Planejaria o uso ecológico-econômico. Quem produz mel de abelha, por exemplo, não precisaria sair de lá. Faria um sistema de vigilância permanente via satélite. Não desapropriar e abandonar, porque não funciona. O Parque Estadual da Cantareira é exemplo: as crianças e os pais vão lá e ficam maravilhados com aquilo. Se Guarulhos fizesse um projeto sustentável da Cantareira, seria cartão-postal do mundo. Outra coisa: criar o museu da cidade, coerente com o tamanho da nossa história, no porte do Arquivo Histórico do Estado. É mais econômico, porque pode-se reunir tudo em só lugar. E seria imprescindível investir em transporte sobre trilhos, porque não é mais possível dispender tanto tempo no ir e vir; e só tende a agravar. RG - Aconselharia um jovem que está decidindo qual carreira seguir a cursar história? ESO - Quem trabalha com história, cultura e meio ambiente sofre três vezes. Você vê algo interessante como patrimônio cultural e uma escavadeira vai lá e derruba, sem atentar para a importância daquilo. Então, é preciso gostar do que faz. Mas, recomendo sim: é preciso formar pessoas que gostem de pesquisa. Todos têm de sobreviver, ganhar dinheiro, mas é fundamental fazer algo que dê prazer.





capa

ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

Por Amauri Eugênio Jr.

A cidade é sua!

Guarulhos, na década de 1950

O melhor do jornalismo é, ao lado de informar, trazer à tona histórias relevantes e ricas em conteúdo e detalhes. Afinal, de que adiantariam dados, números, gráficos e letras frias se não fossem as pessoas? O jornalista norte-americano Gay Talese, uma das lendas vivas do new journalism, cujo estilo de texto misturava o melhor do jornalismo com o melhor da literatura, certa vez disse que prestava atenção em pessoas comuns, pois ele também era comum, além de que a pessoa mais comum (!) também era interessante e merecia virar notícia. Por esse motivo, a edição de dezembro da RG traz a história da cidade contada pela ótica de quem vive nela, a construiu e a faz pulsar com mais força dia após dia. Já que a história é feita por pessoas, nada mais justo que elas pudessem contá-la. Afinal, só quem viveu e sentiu na pele as mudanças que aconteceram com o passar do tempo pode 18

falar com propriedade sobre como era cada local, o que acontecia por lá, quais dificuldades foram enfrentadas e, em especial, o que fez daquela região parte fundamental de sua vida. Nas próximas páginas, diversos bairros de regiões com realidades para lá de diversificadas serão retratados e desbravados por alguém que viu o lugar crescer tal qual vê um filho deixar de correr pelo quintal para ganhar o mundo. Por exemplo, você sabia que um dos bairros de Guarulhos chegou a ter nome e ruas com temática espírita? Ou que esse mesmo bairro teve o nome mudado por causa de uma imobiliária? Ah, entre tantas outras histórias, estão a do bairro que vê a cidade (literalmente) decolar para demais regiões do Brasil e para pontos diversos do mundo; a do lugar que transita entre a calmaria e a correria; o bairro tido um dia como afastado de tudo,

mas que se tornou ponto estratégico em Guarulhos; o lugar que surgiu como extensão do Centro, mas criou identidade própria com o passar do tempo; o elo entre a cidade e a capital paulista, que um dia chegou a ver o rio Tietê receber banhistas; e a região que reúne tradição religiosa e mudanças a perder de vista. Em comum, todos os bairros retratados passaram pela mesma coisa: a ação do tão falado progresso. Todas essas histórias foram ouvidas e retratadas para abrir as portas da percepção da cidade para o leitor da RG. Quem sabe seja esta edição guardada para mostrar às futuras gerações! Esperamos, acima de tudo, que você, leitor, assimile e delicie-se com cada história com o mesmo entusiasmo com o qual os repórteres da RG ouviram aqueles que fizeram e fazem a história da cidade. Aproveite.



capa

Por Amauri Eugênio Jr.

Construção dos condomínios do Cecap, nos anos 70.

Parque

Cecap

Progress o conqu istado com mu ita luta

Luiz Gouveia

FOTOS: MÁRCIO MONTEIRO E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

Q

uem vê de passagem o Parque Cecap, enquanto trafega pelas rodovias Presidente Dutra ou Hélio Smidt, não faz ideia da dimensão do bairro que reúne dez condomínios construídos pela atual CDHU, antiga Caixa Estadual de Casas para o Povo - Cecap – a sigla que dá nome ao bairro. Mas quem já passou por dentro do conjunto pôde ter ideia do tamanho dali e se pergunta 20

como os moradores conseguem ir e vir ali dentro sem confundir-se ou perder-se. Afinal, são 4.680 apartamentos. Sim, o Cecap parece ser um grande labirinto para os novatos ou “estrangeiros” que chegam lá. Essa foi a sensação da reportagem da RG quando foi entrevistar o professor de matemática Luiz Gomes Gouveia, 62, que faz daquele bairro o seu lar e parte fundamen-

tal de sua vida há 41 anos. O repórter e o fotógrafo foram parar em outro bloco dentro do condomínio onde Luiz mora, enquanto tentavam localizá-lo. Mas isso não é inédito: “No início, os moradores erravam de apartamento e entravam nos de outras pessoas, porque todas as unidades eram iguais”, explica Luiz, ao dizer que os condomínios ainda não tinham as grades que os cercam. Houve muita polê-


Em sentido horário: crianças brincando em lago próximo ao Cecap (ao fundo); o Terminal Metropolitano da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos); vista panorâmica do Cecap nos dias atuais; e vista aérea do bairro, nos anos 70.

mica para colocar as grades, mas hoje não dá para imaginá-los sem essas proteções. Em cerca de uma hora de conversa, muita água passou por baixo da ponte, que antigamente era de madeira e liga o Cecap à região de Cumbica – “cheguei a pescar ali”, ele comentou durante a entrevista. E ele também contou muitas histórias, que entrelaçam a história do bairro e a trajetória desse senhor

de fala calma, que conta com orgulho as lutas da comunidade local para conquistar melhorias. Sempre ativo, Luiz Gouveia foi presidente executivo do Conselho Comunitário, entidade criada para integrar os condomínios e fazer reivindicações aos poderes públicos. Ele fez parte do Grupo Espírita Bezerra de Menezes e da USE - União das Sociedades Espíritas de Guarulhos e agora integra o Instituto Pró-Cultura.

Chegada e primeiras histórias

Logo quando chegou com o irmão ao Cecap para morar no Condomínio São Paulo, o primeiro a ter sido construído em 1972, seo Luiz estudava e trabalhava na capital paulista, e o choque de realidade foi dos grandes. “Não havia nada de infraestrutura. Por exemplo, a padaria era ambulante, dentro daqueles 21


capa furgões em que eram trazidos pães e leite. Para tomar o ônibus, era necessário andar até a Toddy, na Dutra, o que era perigoso à noite por causa de assaltos”, relembra, ao citar a participação popular, quando ele havia se mudado com a esposa, Ana, para

O tal do progresso Se antes os moradores do Cecap precisavam ir ao Centro ou à capital para fazer compras, ir ao médico ou levar os filhos à escola, hoje a história é outra: há centro comercial no bairro; o Hospital Geral de Guarulhos foi aberto por lá em 2000; a Rodoviária de Guarulhos, apesar de ser pouco utilizada, está instalada ao lado do Cecap; daqui a alguns anos o bairro será sede de uma estação de trem (estação Guarulhos-Cecap, da Linha 13-Jade da CPTM) e espera, ainda que em um futuro distante, ter uma estação do Metrô. É inegável que há muito mais comodidade hoje do que há pouco mais de 30 anos, mas algo causa estranheza a Luiz: as consequências das facilidades da vida atual. “Antes havia união por causa da necessidade de melhorias e porque tínhamos causas pelas quais lutar. Hoje, como tudo está encaminhado e pronto, a sociedade passou a ser mais fria”, lamenta, ao dizer que as pessoas estão mais individualistas. Mudanças e evoluções à parte, o fato é que o ex-analista de sistemas, que após aposentar-se passou a lecionar na Escola Francisco Antunes Filho - ou “Chicão” para o povo do Cecap -, gosta mesmo do bairro. Ele cogitou em alguns instantes morar no interior, mas ao pensar nisso a sério, uma espécie de vazio surge em seu peito. “Gosto daqui por causa das amizades que fiz, pois um cuida do outro. As únicas coisas que pesam são os três andares que tenho de subir para chegar ao meu apartamento”, finaliza.  22

o Condomínio Rio Grande do Sul, construído pouco tempo depois. “Para conseguir tudo aqui foi na base da luta: linhas de ônibus, creche, escola, centro comercial e posto de saúde”, explica Luiz, que viveu um episódio curioso em meio ao Regi-

me Militar, no fim dos anos 1970: “Fizemos uma passeata para reivindicarmos uma escola e uma creche. Fomos chamados ao batalhão do Exército e até hoje não voltei lá para saber se o meu nome está fichado ou não”, narra aos risos.

Moradores da região aproveitam para banhar-se em lago próximo ao Cecap; e trailers, que foram a primeira forma de comércio na região, resistem às mudanças que aconteceram com o passar do tempo.

À esquerda, autoridades acompanham a construção de um dos condomínios, nos anos 70. À direita, um dos prédios nos dias atuais.



capa

Por Amauri Eugênio Jr.

Avenida Guarulhos, em 1960.

Atual sede do Ciet (Centro Integrado de Emprego, Trabalho e Renda), na rua Antônio Iervolino, 225

Vila Aug

usta Um oási s, apesa r do emaranh ado de p rédios

Rua Vitalina Leite Balduíno, em 1990.

FOTOS: RAFAEL ALMEIDA E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

S

e há uma sensação que a vila Augusta causa em quem anda por suas ruas arborizadas é a de que é um bairro calmo. Não dá para dizer que é como se distanciar da loucura tão peculiar às metrópoles, até porque a verticalização e o consequente aumento do fluxo de carros são efeitos colaterais do que se costuma chamar de progresso. Logo, ver a molecada na rua correndo atrás de uma bola de capotão, brincando de taco e outras tantas atividades infantis é cada vez mais raro, mas com alguma sorte ainda é possível presenciar vizinhos batendo papo na calçada e trocando impressões sobre assuntos que variam entre bana-

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lidades, o clima do momento e a última notícia que passou no telejornal do começo da tarde. Foi nesse clima de calma que Cecília Manfrinatti, 66, recebeu a equipe da RG em uma tarde típica de Primavera: agradável e com calor na medida certa. Tanto que, durante a visita à sua casa, ela se prontificou a fazer suco para os visitantes – “faço em um instante” –, avisava, enquanto mostrava a água caindo da torneira, não tão abundante como tempos atrás, e se queixava das construções cada vez mais frequentes de condomínios no bairro: “Isso entristece um pouco, pois parte da essência daqui foi perdida”, argumenta.

Cecília Manfrinatti


Adaptação e identificação Desde 1974 em Guarulhos, Cecília levou um choque de realidade logo ao chegar à cidade, por uma série de fatores, a começar pela escassez de ônibus, o que a fazia atravessar a rodovia Presidente Dutra quando vinha visitar o então noivo, Henrique, quando ela ainda morava na capital paulista. Mas o lado humano também reservou surpresas para ela: “diferente de como era em São Paulo, a hospitalidade era maior e sempre havia quem ajudasse quando era necessário. Isso causava sensação de segurança”, conta. Foi nessa época que ela passou por uma experiência que marcaria positivamente a sua vida e a de sua família. Ao visitar a casa que poderia ser o seu futuro lar, no final da rua Francisco Bondança, ela ficou preocupada com um campo aparentemente abandonado em frente ao imóvel e levou o marido para conhecê-lo horas depois, na esperança de convencê-lo a desistir do negócio. Mas a vida é uma caixinha de surpresas. “Pensei em não ir para lá, mas ele se encantou pela casa. Os meus três filhos tiveram alguns dos melhores anos de suas vidas, ao lado das crianças dali, e eles aprenderam naquela rua o valor da amizade”, narra, com misto de nostalgia, alegria e dever cumprido. E assim foi até a família mudar-se para outra casa, próxima ao Parque Júlio Fracalanza. 

À esquerda, a recente onda de verticalização da vila Augusta. As outras imagens são da rua Cônego Valadão, uma das principais vias do bairro.

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capa

Avenida Guarulhos, em 1975.

Clássico e contemporâneo De alguns anos para cá, a família teve de acostumar-se a uma nova realidade: a vila Augusta, que sempre foi um bairro tradicionalmente tranquilo, ganhou ares um pouco mais frenéticos. A mudança de ares aconteceu, em especial, após construtoras voltarem a atenção para lá, o que motivou o surgimento de número significativo de condomínios, o que não poupou sequer terrenos abandonados e antigos prédios, como o do Hospital Menino Jesus. Claro, o trânsito passou a ser mais complicado. Para quem sempre esteve acostumada à calma e à paz tão comuns ao bairro, como no caso de Cecília, a mudança de perfil da região impacta, não dá para negar. Ainda mais quando interfere em atividades básicas no dia a dia. “Há fila para tudo. Para ir ao mercado, por exemplo, tenho de chegar lá antes das 8 horas para conseguir uma vaga no estacionamento”, queixa-se. Ainda assim, ainda há um pouco

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de calma por ali, tal qual um oásis em meio ao deserto. O lado tradicional pode ser destacado pelos famosos mercadinhos de vilas, onde há de tudo o que se possa imaginar e que são as opções mais procuradas em situações de emergência doméstica; e a tranquilidade ainda resiste no Parque Júlio Fracalanza, que virou o novo point da garotada após eles perderem espaço para os carros nas ruas. E a tradição e a calma são alguns dos motivos que fazem a simpática senhora a continuar no bairro. “Às vezes sinto vontade de ir embora, mas não consigo me desprender daqui, assim como os meus filhos”, ressalta. Ao final da reportagem, os extremos entre a tradicional e o novo puderam ser vistos lado a lado: uma motorista encostou o seu carro na rua para comprar pães de um homem que os vendia em uma moto. “Isso é a vila Augusta, meu filho”, finaliza Cecília. 



capa

Por Amauri Eugênio Jr.

Vista aérea da Ponte Grande, nos anos 50.

Ponte G

rande

Dos cam avenidas pinhos às movimen tadas

Maria Teresa

FOTOS: RAFAEL ALMEIDA E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

P

or algum tempo, a Ponte Grande foi a única ligação de Guarulhos com São Paulo, por meio de uma ponte de madeira, que serviu como inspiração para o nome do bairro. Antes, os moradores passavam por ali para, na maioria das vezes, divertir-se no rio Tietê. Hoje, moradores e não habitantes do bairro passam pela avenida Guarulhos, que corta a região, para atravessar a atual ponte do Imigrante Nordestino e ir à Penha, bairro da Zona Leste da capital paulista. “É mais fácil chegar a São Paulo. Se você quer ir ao Mercado Municipal, há um de boa qualidade. Há também o centro comercial da Penha, que é mais acessível para nós do que o Centro de Guarulhos. O tempo em que você toma um ôni28

bus para ir ao Centro é o mesmo que você leva para tomar outro para ir ao Brás”, relata a aposentada Maria Teresa Liberato Fonseca, 55, que vive há mais de 50 anos no bairro. Não por acaso, a Ponte Grande tem como vizinhas a rodovia Presidente Dutra e a Marginal Tietê, além de ficar próximo à via Fernão Dias. Quem hoje passa por ali depara -se com casas por todos os lados; empresas e galpões antigos, como o da Philips, transformado em campus da UnG (Universidade Guarulhos) e no Auto Shopping Guarulhos; e o trânsito caótico na avenida Guarulhos e em ruas próximas à via, em especial no horário de pico. Nem dá para imaginar que aquele local um dia foi abrigo de fazendas e olarias.

Mas era ali, quando ainda dominado pelo descampado e pelo verde das fazendas existentes, que as crianças – inclusive Maria Teresa – brincavam. “Aqui havia jogos marcados aos domingos e, como morávamos perto, íamos assisti-los. Era um lugar muito bom, pois brincávamos na rua o dia inteiro e havia muito espaço para empinar pipa e andar no mato, que era baixo”, falava com saudosismo, enquanto traçava um paralelo com os dias atuais: “não era como hoje, quando não dá para brincar na rua. Minha filha não sabe andar de bicicleta, pois não dá para ensinar aqui. Para ter uma ideia, a uma hora dessas, eu estaria brincando no meio da chuva”, narrava, enquanto a chuva caía lá fora. 



capa

Perto e distante

Acima, a avenida Guarulhos, nos anos 80 e nos dias atuais, e a avenida Professor José Munhoz, no Jardim Munhoz, em 2013.

30

Antes, os moradores da região da Ponte Grande pagavam meia passagem no ônibus quando o usavam para andar até antes da ponte, enquanto pagavam a inteira para ir após a ponte. Hoje, há diversas linhas de ônibus para a Zona Leste da capital paulista, em especial para as estações Penha e Carrão do metrô, mas linhas que circulam só dentro de Guarulhos quase não passam lá. Antes, passava um carro de cada vez na antiga ponte de madeira. É comum ver a avenida Guarulhos, antiga estrada Nossa Senhora da Conceição, travada nos horários de pico, o que causa uma espécie de efeito-borboleta no dia a dia de quem mora por perto. “Apesar de haver acesso, os motoristas vêm para cá quando há um problema na Dutra ou na Marginal. Nunca imaginei que teria trânsito na porta de casa”, contava, enquanto a conversa mudava de rumo – ou melhor: de estação, por causa da estação Ponte Grande, da Linha 2-Verde do metrô, prevista para ser entregue em 2017. “Com a chegada do metrô, a região provavelmente ficará valorizada, mas aqui ficará mais movimentado.” Mesmo com mudanças tão grandes no perfil do bairro, cujo boom foi entre a segunda metade dos anos 1960 e começo dos anos 1970, uma coisa continua a mesma: as pessoas ainda conversam umas com as outras. Ou, pelo menos, ainda se lembram. “Somos muito conhecidos aqui na Ponte Grande. Certo dia, minha filha comentou que encontrou uma pessoa que disse que me conhecia e parou para perguntar se ela era minha filha. Após descrevê-lo, eu disse que sabia quem era”. 



capa

Por Amauri Eugênio Jr.

Estádio do A.A. Flamengo, nos anos de 1990

Tranqui li

dade

História q ue se co nfunde com a d a A. A. F lamengo Wilson Alves David

FOTOS: ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS, MÁRCIO MONTEIRO E RAFAEL ALMEIDA

O

Hospital Padre Bento está em uma espécie de limite geográfico entre o Gopoúva e o Jardim Tranquilidade, masa referência deste é, sem dúvida, o Estádio Antônio Soares de Oliveira, onde a Associação Atlética Flamengo manda as partidas da Série A3 do Campeonato Paulista. Quem vê o bairro movimentado em dia de jogo da equipe nem imagina que o seu início foi despretensioso. “A dona Guiomar Pereira Xavier, que foi a primeira presidente da equipe, era carioca e veio a Guarulhos porque o marido veio para cá a trabalho. O bairro tinha poucas resi32

dências e era cheio de campinhos de futebol. Por isso, ela fez um rabalho com a garotada do bairro e criou o Flamenguinho do Jardim Tranquilidade”, narra o advogado Wilson Alves David, 67, que era um desses garotos e foi presidente da equipe entre 1966 e 1974, ao suceder a própria Guiomar, que esteve à frente da associação entre 1954 e 1956. Como se pode imaginar, ela torcia pelo Flamengo do Rio de Janeiro. Daí veio a inspiração do nome da equipe, cuja história confunde-se com a do bairro: os moradores que passaram a jogar pela equipe

ajudaram-na a crescer; e o Flamengo, por sua vez, ajudou a formar a identidade do bairro. “Dali, eu guardo com carinho a Associação Atlética Flamengo. A torcida era fanática e acompanhava o a equipe m qualquer lugar”, conta Wilson, que chegou ao bairro em 1951, vindo do Tatuapé, com o pai, que trabalhava em um porto de areia à época existente na cidade. E foi naquele bairro onde ele formou a sua identidade. “Fiz parte da primeira turma de formandos do primário [atual ensino fundamental] da EE João Álvares de Siqueira Bueno, em 1957”, relembra. 



Foto atual da rua Bezerra de Menezes

Espírito presente

Vista aérea do Jardim Tranquilidade, nos anos 50.

Estádio Antônio Soares de Oliveira

Entrega dos apartamentos da CDHU, em 1993

34

Pouca gente sabe que, antes de ser conhecido como Jardim Tranquilidade, o bairro teve outro nome. E, da mesma forma, quais são as origens dos nomes das ruas Jacob, Leon Diniz ou Bezerra de Menezes. A região era conhecida como vila Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), um dos fundadores da doutrina espírita. Logo, os nomes das ruas foram atribuídos para homenagear pessoas importantes ligadas ao espiritismo. Segundo o livro “Jardim Tranquilidade – Um bairro e suas lembranças”, de Maria Thereza Avelino Testone, Jacob era o pseudônimo de Frederico Figner, diretor da Federação Espírita Brasileira em 1920; a Leon Denis atribui-se ser um dos principais continuadores da obra de Allan Kardec, considerado o filósofo do espiritismo; e Bezerra de Menezes foi médico e presidente da FEB (Federação Espírita Brasileira), de 1895 a 1899. O local passou a ser conhecido pelo nome atual após os lotes terem sido vendidos pela Tranquilidade Companhia Imobiliária. Algumas vias receberam outros nomes, mas as ruas citadas são conhecidas até hoje pelos mesmos nomes. Outro ponto a ser destacado na região é a série de condomínios construídos pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no terreno que fazia parte do Complexo Padre Bento. Curiosidades à parte, o fato é que a memória afetiva fala alto entre os moradores do Jardim Tranquilidade, como em reuniões para relembrar os velhos tempos. “Quem mora ali é quem realmente gosta dali. Hoje moro na vila Galvão, mas guardo a Tranquilidade como local de crescimento”, finaliza Wilson Alves David, que foi secretário de Esportes de Guarulhos, no período de grandes conquistas da cidade nesse setor. 


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Por Jéssica Batista

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Fotos de arquivo da família Tavares. No detalhe, Délio e Maria

Cumbic

a Servente de pedre fundou a iro Comunid ade do Santa na FOTOS: ARQUIVO PESSOAL E RAFAEL ALMEIDA

N

a casa do funcionário público aposentado Délio Tavares Dias, de 76 anos, e da dona de casa Zulmira Maria Tavares, de 77 anos, todo dia é uma festa. A música “A grande família”, do cantor de samba Dudu Nobre, parece ter sido feita para eles. Com dez filhos, vinte netos e 12 bisnetos, a família Tavares vive em Cumbica há mais de quarenta anos e provocou uma mudança significativa no aspecto de parte do distrito. A família saiu de Joanópolis, no interior de São Paulo, e mudou-se para a região metropolitana em 1968. Depois de uma rápida passagem por Atibaia, escolheram Guarulhos como lar. Délio começou a trabalhar na Prefeitura como servente de pedreiro e o prefeito à época, Fioravante Iervolino, cedeu para o funcionário público 36

um terreno de mil metros quadrados no bairro. “Quando vim para Cumbica, só havia cerca de três casas na região e, como estava com sete filhos, resolvi bater no gabinete do prefeito para ver o que ele podia fazer por mim. Quando recebi os documentos do terreno, me senti realizado.” Porém, enquanto muitos pensariam em montar negócios e empresas em um espaço de localização privilegiada, Délio construiu uma pequena casa de dois cômodos com tijolos que iam ser descartados de outras obras, e com telhadinho de sapé para ele, a esposa e os filhos. O restante do terreno foi dividido entre migrantes que, assim como os Tavares, mudaram-se para a região em busca de prosperidade. “Sempre que alguém chegava aqui, vinha me perguntar e eu cedia um pedaço do terreno. Nós não tí-

nhamos nada, então sabíamos o que aquelas famílias estavam passando.” Hoje, cerca de trinta famílias moram no local, conhecido como Comunidade do Santana. Depois de dez anos, Délio conseguiu construir uma casa maior para a família, e os próprios filhos, à medida em que foram envelhecendo, também construíram suas próprias casas no mesmo terreno dos pais. Hoje, além do lar do casal, seis dos dez filhos construíram moradia e vivem no mesmo quintal com suas famílias. “Quando morávamos na casinha de sapé, sempre chegavam famílias que precisavam de uma estadia e a gente acolhia. Mesmo com 12 pessoas na casa, cabia mais uma família. Infelizmente nestes tempos não é mais possível confiar tanto em quem passa na rua”, conta Zulmira. 



capa A casinha de sapé construída à época não é mais utilizada, mas ainda está de pé. Ela é reflexo do que o bairro foi um dia, com fogão a lenha e lamparinas. “Quando viemos para cá, não havia energia elétrica, tínhamos de cozinhar no fogão a lenha e pegar água no poço para beber e tomar banho. Ao redor da comunidade existiam muitas chácaras com cria-

ção de porcos e galinhas e tudo era manual. A vida está bem mais fácil hoje”, conta Zulmira. Sobre o amor que têm pelo bairro, os dois estão felizes em ter construído uma história no local. Com 56 anos de casamento, Délio e Zulmira passaram por muitas experiências e hoje se dizem contentes com a vida que levam. “Para mim e minha espo-

sa, este é o melhor lugar do mundo. Eu não penso em outra coisa a não ser Cumbica, pois foi aqui que fui acolhido e nosso estilo de vida combinou muito com o bairro. Nós nos damos bem com os vizinhos e eu não me vejo morando em outro lugar”, conta Délio. Para ele, o local ficaria ainda melhor para viver se tivesse um pronto-socorro próximo.

ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

Erosão de terra no Jardim Cumbica, nos anos 80. Na imagem, uma pessoa ajuda uma criança a cruzar uma ponte improvisada

Paixão por aviação Na sala de jantar, diversas imagens de aviões e do aeronauta mineiro Santos Dumont estampam as paredes. Aficionado por aviação, Délio conta que trabalhou na Aeronáutica e sente muita saudade dos tempos em que consertava aeronaves. A Base Aérea de Cumbica também fez parte, durante muitos anos, da rotina dos moradores de Cumbica e de Délio. Por mais que não fossem moradores do local, só havia duas opções de ônibus para o bairro e um deles passava por dentro da Base Aérea. “Todos os dias pegávamos um ônibus que saía da praça dos Estudantes, no Centro, e que ia para o São João. Quando o ônibus passava pela Base Aérea, éramos obrigados a descer e só partíamos depois que éramos revistados”, conta.  38



Por Jéssica Batista

capa

Construção do Inocoop, em 1981. À direira, imagens de José na Banca Dutra.

Jardim Preside nte Du

tra Com 85 anos, aposenta da conta s história n o bairro ua

Nair Camilo

FOTOS: ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS E ARQUIVO PESSOAL

S

ão Paulo está repleta de gente que veio em busca de oportunidades de emprego. O Estado foi um dos mais evidenciados no processo migratório, precisando acolher todas as culturas e tradições de diversas partes do Brasil, além de pessoas que vinham para oferecer mão de obra e contribuir para a evolução de seus bairros. O Jardim Presidente Dutra surgiu no fim dos anos 1950, com a divisão de diversos sítios em lotes que, mais tarde, se transformariam em residências e comércios da região. O bairro começou a despontar com a chegada do Aeroporto Internacional, localizado em Cumbica. Surgido em 1985, o aeroporto tem pistas de pouso e decolagem que se aproximam do bairro, o que chamou a atenção de 40

muita gente que se instalou em busca de trabalho. A família de Nair Camilo de Almeida mudou anos antes para o Jardim Presidente Dutra, em 1979. Nair, na época com 51 anos, mudou com o marido João Amaro, 52 anos, e os três filhos, José Amaro, 28, Davi Camilo de Almeida, 30, e Adriana de Cássia, com menos de um ano. Hoje, Nair é viúva e lembra das dificuldades enfrentadas quando saiu do Paraná para se aventurar em São Paulo. “Todos nós trabalhamos na roça quando morávamos em Minas Gerais e, mais tarde, no Paraná. Mas não conseguíamos nos sustentar e meu marido e meus filhos resolveram mudar com a esperança de tudo melhorar”, conta. A família encontrou o bairro pouco desenvolvido e, mesmo nos anos 1980,

ainda não havia ruas asfaltadas, tratamento de esgoto ou comércio diversificado. “Quando nos mudamos, logo comecei a trabalhar como chacareira em um sitiozinho, enquanto o João conseguiu um emprego de padeiro”, diz. Os filhos seguiram em diversas profissões, como auxiliares de pedreiros e montadores de carrocerias, mas foi em 1982 que a família conseguiu abrir seu próprio negócio. A Banca Dutra, na rua Amélia Rodrigues, 34, foi a primeira do bairro e até hoje funciona, agora sob administração do filho José. “Resolvemos abrir esta banca no bairro, pois na época era preciso ir até o São Luiz [bairro vizinho] para encontrar um jornal. Esta poderia ser uma oportunidade para respirarmos mais aliviados em relação às contas”, conta. 



capa Há 34 anos no bairro, Nair é popular entre os vizinhos. Muito conhecida, a aposentada às vezes sofre para lembrar o nome de um ou outro vizinho que a cumprimenta na rua. Após sofrer dois AVCs, desenvolveu esclerose múltipla e tem dificuldades em memorizar detalhes. Mas se recorda muito bem de como era o bairro quando chegou. “Aqui tinha muita área verde, árvores e animais silvestres. Só de pensar o quanto que este

bairro mudou, fico assustada (risos).” O filho José continua morando no bairro. Assume que procurou outro lugar para viver, na vila Augusta, mas decidiu retornar ao bairro depois de sete meses, por ter encontrado dificuldade na adaptação. “Eu gosto muito de morar aqui, pois é um bairro calmo. A única coisa que, para mim, atrapalha é estarmos entre o Aeroporto e a Dutra, o que incomoda tanto pelo barulho

quanto pela locomoção”, diz. Entre histórias curiosas, o jornaleiro lembra de quando o aeroporto estava em seus primeiros anos de funcionamento e a vizinhança era surpreendida. “Sempre quando um pouso era revertido, fazia um barulhão por aqui e assustava todo mundo (risos). Também teve uma vez, há muito tempo, em que uma turbina de avião caiu na casa de um morador e isso virou comentário durante meses.”

Infância difícil Nair conta que perdeu os pais ainda criança, quando tinha 10 anos. Analfabeta, foi criada pelos irmãos mais velhos e trabalhava na roça em serviços braçais ou como empregada doméstica em casas de fazendeiros mineiros. Casou com João Amaro quando completou 19 anos. Com o passar dos anos e depois de ter dois filhos homens, decidiu adotar Adriana, mesmo com dificuldades financeiras e com planos de mudança de Estado. Nair conta que, durante os primeiros anos trabalhando no bairro, precisava cuidar da casa, da alimentação do

marido e dos filhos e ainda trabalhava fora, como chacareira ou doméstica, sempre levando a filha menor consigo. Ficou viúva em 1994 e perdeu o filho mais velho, Davi, em um acidente na estrada no ano passado. Mesmo assim, mantém a alegria. “Tenho meus netos que são uns amores e gosto muito da minha vida. Não posso reclamar, apesar da idade me trazer dores novas todos os dias”, diz Nair, como é conhecida, que tem cinco netos e quatro bisnetos.

José, em imagem dos anos 80.

O bairro

Nair, aos 67 anos, na casa que dividiu com filhos, genros, noras e netos por mais de trinta anos

O nome do bairro é em homenagem ao presidente da República Eurico Gaspar Dutra que, durante sua gestão, foi o responsável pela inauguração do trecho de 21 quilômetros da Rodovia Dutra e do loteamento do bairro. Quando a família de Nair se mudou, em 1979, ainda não havia opções de condução ou comércio no local. Hoje a situação é diferente e muitos moradores de bairros vizinhos vão ao Jardim Presidente Dutra para fazer compras ou contratar prestadores de serviço. José conta que não pode reclamar da qualidade dos serviços prestados, mas que ainda falta infraestrutura no bairro. “Não temos uma área de lazer adequada, um local onde as crianças podem realmente brincar com segurança”, finaliza.  42



Por Jéssica Batista

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Visão do bairro pela varanda do aposentado

Taboão

O apose ntado Tio M conta su a relação ané carinho c d om o ba e irro FOTOS: ARQUIVO PESSOAL E RAFAEL ALMEIDA

O

aposentado Manoel Serafim dos Santos, de 70 anos, mora há 37 no bairro do Taboão. Ao lado de sua casa, a Prefeitura de Guarulhos inaugurou o Restaurante Popular Josué de Castro, capaz de servir três mil refeições por dia. O restaurante fica em frente a um centro comercial de forte movimento e muitas empresas estão instaladas no local. A construção do restaurante na região é prova da demanda de pessoas que escolheram o bairro que, segundo dados do Censo de 2010, tem quase 75 mil habitantes – o quarto mais populoso de Guarulhos. 44

Em 1970, após uma briga entre um casal de amigos, sua colega precisou se desfazer do terreno que havia comprado, alguns anos antes, de um loteamento no Taboão anos e o ofereceu para Manoel. O cearense, na época, vivia no Tatuapé com a família e viu a oferta como uma oportunidade de se estabelecer. Como não podia arcar sozinho com o custo do lote, dividiu o terreno com outra amiga que, seis anos mais tarde, em 1976, iria tornar-se sua esposa. Porém, quando Tio Mané, como é conhecido, se mudou para o distrito, o cenário era muito diferente. “Demorei seis anos para

me mudar definitivamente para cá. Naquela época, quase não havia casas, mas havia muitos eucaliptos. Era bem bonito”, conta. Manoel está casado há 38 anos com a dona de casa Maria de Lurdes da Costa dos Santos, de 73 anos, e tem três filhos: Sérgio, de 37, Maurício, 35, e Leandro, 33 anos. O aposentado é popular no Taboão. Há quase quarenta anos vivendo na mesma casa, diz que conhece todo mundo na região, em bairros como Santa Inês e no entorno da praça Oito de Dezembro, mas que, nos últimos dois anos, apareceram muitos rostos novos no bairro. 



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Fotos de arquivo da família Serafim no bairro durante os anos 1980

Crescimento desordenado Manoel conta que o bairro era bem pacato e com vasta vegetação. Só viu a situação mudar depois dos anos 1990, quando a migração causou êxodo para periferias como o Taboão, que, assim como outros, cresceu desordenadamente. Só depois de o distrito ser completamente habitado, as empresas e o comércio em geral começaram a se instalar na região. “Mesmo antes de eu sair de São Paulo e nunca ter vindo para cá, já ouvia falar de empresas que saíam da capital para montar seus prédios aqui. Mas isso foi potencializado depois dos anos 1990”, diz. O próprio Manoel montou um bar em frente à sua casa em 1992 e o manteve até 2004. “Foi ali no bar onde fiz as minhas maiores amizades. Sempre tem gente boa e gente ruim em lugares como estes, mas nós precisamos separar as coisas. Infelizmente, minha esposa estava bem cansada e eu não queria tocar o negócio sozinho. Só por isso decidimos fechar o comércio”, conta. Leandro Serafim, filho mais novo de Manoel, lembra dos tempos em 46

que era criança e descobria a vizinhança. “A infância era muito boa por aqui. Fazia o que todo garoto gostava, que era jogar bola na rua de terra e andar de bicicleta. Quando asfaltaram as vias, nos anos 1990, comecei a andar de skate”, lembra. Indagado sobre o que mudaria no local, Manoel aponta a precária infraestrutura no trânsito e transporte da região, que carecem de investimentos. “A rua em que moramos não suporta a quantidade de caminhões que passam por aqui e arruínam nosso asfalto. Todos os ônibus que vão para a garagem passam pela rua, mas, por outro lado, não temos uma linha de ônibus sequer que atenda quem mora por aqui”, finaliza. No entanto, ele se sente muito feliz e afirma que o bairro é seu lugar. “Estou satisfeito aqui. Foi aqui que construí minha casa e criei meus filhos, que estudaram desde o pré até o colegial no Taboão. Cultivei e mantive muitas amizades, ninguém nunca mexeu comigo e sempre fui considerado amigo de todos”, finaliza. 



Por Jéssica Batista

capa

Bonsuc

esso

Morador a acredit ou no poten cial econôm ico do b airro

O

bairro de Bonsucesso guarda muitas histórias. Famílias de todas as partes do Brasil que se mudaram para o local e tantas outras que se formaram a partir desses novos encontros têm algo em comum: todas adotaram, mesmo temporariamente, a área periférica como lar e contribuíram para seu desenvolvimento. A paulista Rosa Riciardi Marcusso, hoje com 69 anos, acompanhou as transformações do bairro desde quando se mudou com a família, em 1965. Na época com 21 anos, casada e com dois filhos pequenos – Soraia, 48

com 1 ano, e Antônio, com 4 – Rosa conta que foi difícil adaptar-se, pois estava em dificuldades financeiras e precisava arrumar um modo de sustentar a família. “Meu marido era assalariado e o lugar era deserto, tudo era terra plana e quase não tinha vizinhos por perto”, conta. Rosa também lembra não havia nenhum bairro próximo construído. “Estes bairros como Inocoop, Ponte Alta, Jardim Presidente Dutra, surgiram bem depois que eu vim pra cá.” A moradora está há 48 anos no local e administra o depósito de materiais de construção Rosa & Fi-

lhos, na avenida Armando Bei, 526, Bonsucesso, há 17 anos. A primeira experiência de Rosa com o empreendedorismo havia sido no bairro Tremembé, na Zona Norte de São Paulo, mas, com o passar dos anos, a necessidade de deixar o aluguel e montar um negócio próprio a fez arriscar e montar a primeira loja do gênero na região. “No começo era uma incerteza, pois no Tremembé havia muitas linhas de ônibus e comércios ao redor, era mais fácil aparecer clientela. Quando montei a loja, em 1996, ainda não tinha certeza que os negócios prosperariam por aqui”, completa.


FOTOS: ARQUIVO PESSOAL E RAFAEL ALMEIDA

Na página anterior e ao lado, imagens da família Marcusso no Bonsusesso. Acima, a Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso, em 1929; e Rosa Riciardi Marcusso.

Atualmente, além da loja de materiais de construção, Rosa conseguiu montar seis salas comerciais e um salão de festas no bairro, todos em funcionamento. A clientela de Rosa é vasta, já que Bonsucesso é o segundo distrito mais populoso da cidade. De acordo com o Censo realizado em 2010, o bairro ocupa uma área com mais de 20 km² e tem 93.666 habitantes. “Trouxe meu dinheiro para investir no bairro porque levava sempre no coração a esperança de que Bonsucesso pudesse prosperar e é graças a ele que já fiz meu pé de meia e posso parar de trabalhar”, conta.

Com dois filhos e cinco netos morando no bairro, Rosa se sente em casa no lugar que a acolheu há quase 50 anos. “Eu não troco este bairro por nada neste mundo. Por mais que tudo tenha mudado, quando estou aqui ainda me sinto em contato com a natureza. Esse clima de mata faz bem para minha saúde e quero me manter sempre assim”, diz. Mesmo satisfeita com as mudanças feitas do entorno, a comerciante se sente triste por ver que ainda há coisas para serem feitas e melhoradas. “Ainda tem muitas coisas que me irritam aqui. Por exemplo, moro há quase cinquenta

anos na mesma casa, asfaltaram minha rua só no ano passado e já está toda esburacada”, desabafa. Casada há 56 anos, Rosa espera curtir mais o bairro e a cidade após a aposentadoria, prevista para acontecer assim que vender a loja. “Sinto-me muito feliz em ter contribuído para a construção do bairro – literalmente – nestes últimos 17 anos. Como meus filhos não se interessam pelo negócio, pretendo vender para aproveitar a minha vida. Eu me sinto bem em ter arriscado apostar nesta região quando não havia nada e ver que meu palpite deu muito certo”, finaliza.  49


capa SIDNEI BARROS

Nossa Senhora de Bonsucesso

Fiéis durante a festa em Louvor à Nossa Senhora do Bonsucesso.

Na parte central do bairro, a tradicional Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso está situada em uma pracinha bem preservada. Todos os anos ocorrem as mais antigas festividades religiosas de Guarulhos. As festas da Carpição e de Bonsucesso reúnem centenas de moradores e fiéis que trabalham para os vários dias de comemoração. Católica, Rosa e sua família participam todos os anos ajudando a montar os preparativos desde quando se mudaram. “Sou muito devota e desde que viemos para cá contribuímos para promover essas festas com o maior prazer. Quando não ajudo no caixa, frito salgadinhos e me divirto muito”, conta.

ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

Mudanças no bairro Por causa do tamanho e localização, Bonsucesso apresenta um perfil misto, com muitas fábricas e comércio variado, incluindo o Shopping Bonsucesso, situado no lado direito da via Dutra, fazendo com que a produção econômica do bairro integre parte importante do total faturado em Guarulhos. Em 2010, o PIB (Produto Interno Bruto) de Guarulhos estava em torno dos R$ 37 bi. E, com o crescimento desordenado que surgiu após a industrialização nos anos 1980, o bairro passou a enfrentar os mesmos problemas de uma cidade grande. Um dos principais entraves da região é o trevo de Bonsucesso. A presidente Dilma Rousseff esteve em Guarulhos em novembro para liberar recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para Guarulhos e Osasco, o que promoverá a reformulação da via para destravar o trânsito da região cortada pela rodovia Presidente Dutra. 

50

DIVULGAÇÃO

Acima, a via Dutra nos anos 70. Ao lado, a rodovia e o trevo de Bonsucesso.



Por Jéssica Batista

capa

Em sentido horário: vista aérea do Bairro dos Pimentas, Ponte Nitroquímica (1993) e Conjunto Habitacional Marcos Freire, nos anos 1990.

Pimenta

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Comerci mudanç ante fala sobre as nos ú ltimos 20 anos no local

Heliodoro Peixoto

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL, ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS E RAFAEL ALMEIDA

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o alto do Parque São Miguel é possível contemplar milhares de casas construídas com blocos de tijolos vermelhos que se amontoam em quase 15 km² de extensão em telhas cinzas e antenas em busca da melhor recepção de sinal. O distrito mais populoso de Guarulhos é dividido entre mais de 40 bairros como Jardim Aracília, Jardim Angélica, Marcos Freire, Parque Jurema, Parque Estela, entre outros, e, nos últimos 20 anos, tornou-se o bairro mais populoso de Guarulhos. Uma das áreas periféricas da cidade tem, segundo Censo realizado em 2010, mais de 156 mil pessoas. O bairro é mais próximo de São Miguel Paulista, em São Paulo, do que 52

do centro de Guarulhos, e esse fato contribuiu para que os moradores passassem alguns anos sem se sentirem cidadãos guarulhenses – fazendo sempre uma ponte até a cidade vizinha para se divertir ou resolver problemas pessoais e profissionais. Por mais que seja cortado pelas Rodovias Dutra e Ayrton Sen na, demorou muito para que os empresários reconhecessem o potencial econômico do bairro. A família Peixoto - composta pelos pernambucanos Heliodoro Peixoto da Silva, de 59 anos, Neraci Maria de Melo, de 46, e os filhos guarulhenses Tuany, de 24 anos e Taylan, de 17 - vive no Jardim Angélica II desde 1990. “Saímos do Uirapuru [bairro guarulhen-

se a 15 km de distância] quando a Tuany tinha menos de um ano. Nossa situação econômica era ruim e só tínhamos essa opção naquele momento. Então, decidimos comprar o terreno”, conta Neraci. Há 23 anos na região, Heliodoro conta que o bairro era bem precário quando se mudaram. “Quase não havia casas por aqui quando compramos o terreno e asfalto só se via em poucas ruas de alguns bairros, como Parque Jurema ou Estela”, lembra. De uns anos para cá, no entanto, a própria população contribuiu para o crescimento da região, que ainda carece de muitos equipamentos do governo para funcionar melhor. O local conta hoje com o 



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À esquerda, o casal posa com a filha mais velha no fim dos anos 1980 e, à direita, no mercado que construíram por acaso há 14 anos.

Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso, dois Centros de Educação Unificados (CEUs), o Shopping Bonsucesso e uma unidade da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Tuany estudou letras na universidade, até ser aprovada no processo seletivo da Fuvest. Hoje, a filha mais velha mora em São Paulo, mas visita os pais sempre que possível. Em 1999, o casal se viu em outro aperto financeiro. Após Heliodoro ter sido mandado embora de uma fábrica de metalurgia, Neraci decidiu comprar alimentos e produtos de limpeza para deixar à venda em um galpão que haviam construído no terreno. Mais tarde, aquele local se tornaria o Mercado Peixoto. “Nem pensei muito na concorrência, pois já havia mercadinhos na O bairro mais populoso de Guarulhos recebeu intensa migração nos anos 1990

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região. Pensei mesmo em dar um jeito em nossa situação e, aos poucos, fui montando um estoque”, fala Neraci. Neste meio tempo, o casal sofreu mais de dez assaltos, que os assustaram. Apesar do problema de segurança pública, Heliodoro não reclama dos lucros obtidos no comércio e ressalta que o desenvolvimento econômico do bairro foi o aspecto mais positivo de todos estes anos vivendo e trabalhando na região. “Acho que agora o comerciante acredita mais na região e por isso vem para cá investir nos negócios. Hoje, o Pimentas é uma verdadeira cidade! Temos tudo aqui: bancos, hospitais, shopping center e lojas. Antes precisávamos atravessar a cidade até o Centro, simplesmente para pagar uma conta no banco. Hoje está tudo mais acessível.”

A única reclamação que Heliodoro faz em relação ao bairro é o aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), que chegou a mais de 600%, o que ele considera abusivo. Neraci sente falta de áreas de lazer para as crianças e os idosos, pois o bairro tem poucas praças e piscinas públicas para lazer aos fins de semana. São seis, se considerar toda a região, localizadas dentro dos CEUs Pimentas, Paraíso-Alvorada e Parque São Miguel. Mesmo com os contratempos, o casal sente-se feliz em ter apostado sua vida no local. “Eu gosto muito daqui, por ser um lugar tranquilo, e também me acostumei com a vizinhança. Não me arrependo do tempo que passei aqui, pois foi onde criei meus filhos e sou feliz assim”, finaliza Heliodoro. 



capa

Por Michele Barbosa

Foto da rua Treze de Maio, em 1980

Vila Gal

vão

Aqui é tu

do bom Laércio Aparecido, Davi Lima e Maria de Fátima

FOTOS: ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS E ARQUIVO PESSOAL

Eu amo este bairro e não me mudaria para nenhum outro local do mundo”, diz Maria de Fátima Lima da Silva, 60, comerciante, que reside em vila Galvão há 25 anos. Mãe de Andréia, 38, e Davi, 32, Maria de

Fátima é pernambucana e veio para Guarulhos ainda criança. “Gosto muito dessa cidade que abriga tanta gente que vem de fora, assim como eu vim”. Ao se casar com o comerciante Laércio Aparecido da Silva, 64, o casal foi

morar no centro de Guarulhos, depois para o bairro Cocaia, mas o interesse de residir em vila Galvão foi maior. “Nós já tínhamos loja no bairro, vimos então uma chance de ficar perto do nosso estabelecimento”, explica.

entrada de água na loja, mas não era a solução do problema de moradores e comerciantes que se desesperavam quando viam as nuvens acinzentadas anunciando temporal. “Cansei de varar a noite cuidando do meu estabelecimento, que às vezes ficava sem portas e não tinha quem pudesse vir me ajudar, devido ao horário tardio”,

afirma Laércio. Uma situação difícil que não fez com que o casal desistisse de morar em vila Galvão. “Graças a Deus foram feitas intervenções que eliminaram alguns pontos de alagamento em minha região, mas no lago de vila Galvão [conhecido como lago dos Patos], o problema ainda existe”, conta Fátima.

Nem tudo são flores Dez anos atrás, a situação do bairro era outra: quando chovia, alagava tudo e a enchente tomava conta das ruas e avenidas. “A água chegava a um metro de altura, era desesperador. A gente via nossas coisas sendo levadas pela enxurrada”, explica Laércio com a voz embargada. Comportas eram utilizadas para diminuir a 56



Foto atual da rua Treze de Maio

Evolução do comércio O bairro está em constante evolução, o número de comerciantes cresceu e a loja da família não ficou para trás. “Começamos em um salão pequeno, mas a demanda de clientes nos ajudou a mudar para um local maior, na mesma rua.” O estabelecimento ficou por dezoito anos no primeiro salão e está há doze no atual. “Além da nossa loja, outras vieram pra cá, aqui tem de tudo, bancos, farmácias. Não nos falta nada, antes tínhamos de ir até o centro de Guarulhos”, comenta Maria de Fátima. Foto da loja da família no primeiro salão em 2001

Infância no bairro Davi se lembra com saudades da época em que brincava na rua de sua casa. “Eu empinava pipa, jogava bola... Tempinho gostoso, era tudo muito mais tranquilo”, conta sorrindo. O jovem se casou e foi morar com sua esposa no Parque Continental IV. Apesar de gostar da nova moradia, confessa que sente falta de alguns pontos positivos que, segundo ele, têm na vila Galvão e estão a desejar no Parque Continental. “O lago dos Patos é um local onde eu gostava de caminhar, andar de pedalinho; já perto da minha atual casa não tem nada de lazer. O policiamento da vila é bem melhor. Mudei de região, mas meu coração guarda lembranças boas de vila Galvão”, conclui. A escola e os amigos são recordações preciosas que marcaram a infância de Davi. 

Foto atual da loja da família 58



Foto do lago de vila Galvão,em 1970

Construção do reservatório Desde 2012 estão sendo realizadas obras referentes à construção de um reservatório de contenção de cheias no córrego do Jacinto, canalizado abaixo do canteiro central da avenida Francisco Conde (conhecida como Vinte Metros). O reservatório ocupará uma área de sete mil metros quadrados, com capacidade de armazenar 33 mil m³. Outra parte da obra é a readequação dos sistemas de drenagem e novas galerias nas avenidas Campista, Gabriel Vasconcelos, Francisco Conde, praça Cícero Miranda (lago da vila Galvão), rua dos Coqueiros, rua Francisco Gonzaga Vasconcelos e rua São Daniel. Foto atual do lago de vila Galvão

O bom daqui

Foto atual do lago de vila Galvão

60

Maria de Fátima fala sobre as belas e antigas árvores que estão na avenida em que mora, mas enfatiza que precisam ser podadas para evitar problemas nas casas ao redor. Outro detalhe que faz a diferença para Fátima é a vizinhança, pois assim como ela, os vizinhos moram há muito tempo no bairro e a amizade entre todos é de longa data. São muitos pontos positivos. “Meu lugar preferido é o lago dos Patos, eu passeio com meu netinho e minha filha, a gente come pipoca e faz cami-

nhadas”. A comerciante fala com a boca cheia das coisas boas que tem na vila Galvão, entretanto reclama de sua avenida, Tomé de Souza, que é de paralelepípedos e está afundando. Já Laércio diz que o bom do bairro é que tem saída para qualquer lugar de São Paulo. “Eu chego em dez minutos aos domingos, quando vou para lá”. Problemas existem em qualquer lugar e não poderia ser diferente no caso da vila Galvão. Mas, como em toda história de amor, o lado positivo sempre fala mais alto. 



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Por Amauri Eugênio Jr.

Avenida Transguarulhense, nos anos 80

Parque Contine nta Entre a c alma e o agito

l Rogério Gouveia

FOTOS: ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS, MÁRCIO MONTEIRO E RAFAEL ALMEIDA

E

nquanto crianças brincam nas ruas do Parque Continental e nos playgrounds na praça instalada na avenida Transguarulhense, um dos pontos de referência da região, e a tradicional sensação de tranquilidade toma conta do comércio e das sacadas da região, o trânsito e os condomínios que começam a surgir no bairro passam a mudar a cara dali. “Antes, quem comprava um terreno no Continental era chamado de louco, pois falavam que aqui era o fim do mundo. E olha no que esse lugar se transformou”, relata Rogério Gouveia, 45, proprietário da Auto Capas Tio, há 25 anos no bairro e que viu o quanto a região mudou de lá para cá.

62



Da caderneta à tapeçaria Quem vê o Parque Continental (I ao V) pulsante, bem povoado e com estilo de vida que começa a mudar de pacato para acelerado, não imagina como a região mudou após ter sido loteada pela imobiliária que dá nome à série de bairros. E Rogério foi testemunha ocular do começo das mudanças que aconteceram com o passar do tempo. “Havia dez casas no bairro, sendo uma delas o bar e mercearia do meu pai, que era o único comerciante da região. Ele vendia fiado aos clientes, que levavam uma caderneta para anotar tudo o que era vendido. Cada um levava para casa e vinha pagar no fim do mês”, relata, ao destacar uma passagem curiosa que dá ideia de como era o bairro no começo de tudo. “As grávidas usavam o carro do meu pai [para darem à

luz], que as socorria e levava para os hospitais”. Como Rogério não tinha interesse em trabalhar no comércio da família - “era ‘moleque’ e não gostava, pois achava que [trabalhar no bar] prendia muito”, Rogério foi trabalhar com o tio em uma tapeçaria automotiva na Penha, na Zona Leste de São Paulo, e decidiu iniciar o seu próprio negócio aos 20 anos. “Abri uma tapeçaria na garagem da casa do meu pai, mas o serviço caiu porque o bairro era pequeno”, relata. O passo seguinte foi procurar por outro local, onde ficou por dois anos, até mudar-se de endereço novamente. “Estou há 23 anos neste endereço [rua Teixeira Mendes] e quero fazer uma festa de bodas de 25 anos da Auto Capas Tio em março [de 2014]”, detalha, sobre o tempo que trabalha na região.

Parque Transguarulhense

Apostar nas raízes Houve um tempo em que os serviços prestados em Guarulhos custavam menos do que em comparação com a capital paulista, mas a realidade passou a ser outra faz algum tempo. Muito disso deve-se à vinda para cá de gente que morava lá, o que ajudou a valorizar o comércio local. Mesmo assim, a essência simples do Continental continua a dar as caras. “Tenho clientes também do Rio de Janeiro e do interior de São Paulo, mas nunca fiz propaganda. A divulgação foi no ‘boca a boca’”, narra. A identificação com a região é tamanha, ao ponto de ter investido no comércio local, por meio de outras frentes - “o meu irmão abriu uma lotérica e eu abri uma lanchonete [Cenoura’s Lanches Naturais] no Shopping Pátio Guarulhos”, conta.

“O que quero é sossego”

Velhos hábitos ainda são preservados na região

64

É inegável que o Parque Continental não é o mesmo se comparado com o lugar que foi dividido um dia em inúmeros lotes e cinco bairros - “moro no Jardim City [na mesma região], em um terreno que comprei do Jorge Tadeu Mudalen [deputado federal], que fica em uma rua sem saída”. E também é inegável que a essência tranquila de outros tempos também mudou. “O Continental I ainda tem característica residencial, mas o II, por exemplo, não é mais tão tranquilo”, queixa-se, por causa do aumento do

público que vai até lá em busca de pizzarias, lojas, padarias e afins. Por fim, a mudança de perfil da região e a vinda de mais pessoas, muito por causa da verticalização do bairro, causa preocupação. “Guarulhos cresceu, mas as vias e o saneamento básico não acompanharam esse crescimento. A cidade está mais bonita, com lagos, playgrounds e praças, mas haverá problemas se não forem feitos viadutos”, finaliza, ao citar a necessidade de melhorias na infraestrutura do bairro. 



capa

Por Tamiris Monteiro

Vista aérea do Gopoúva, com destaque para a caixa d’água, nos anos 80

Gopoúv

a

O bairro surgiu em volta do Complex o Padre Be

nto

Wallace Pereira

FOTOS: ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS, MÁRCIO MONTEIRO E RAFAEL ALMEIDA

A

história do Gopoúva começa no Hospital Padre Bento, que era antigo Sanatório, inaugurado em junho de 1931. Foi referência no tratamento da hanseníase (conhecida na época como lepra). “Eu me internei em 1957 e tive alta em 1963 e aí passei a me radicar no próprio bairro”, afirma o morador Wallace Pereira. Com a chegada da sulfa (sulfanamida) no Brasil, houve uma revolução no tratamento da doença e milhares de pacientes foram curados. Na região de Gopoúva não foi 66

diferente: as pessoas que passaram por tratamento, como Wallace, passaram a viver no bairro. “Quando recebi alta, ia visitar minha família no bairro de Santana, em São Paulo, mas preferi ficar por aqui, embora eu nunca tivesse tido nenhum problema com eles, diferente de muitos internos que cortavam laços com as famílias por causa do abandono”, relata. Segundo Wallace, os hansenianos tinham muita dificuldade de arrumar emprego quando saíam das colônias e inserir-se novamente na sociedade era quase impossível. “Na verdade,

nem autoestima existia quando esses internos saíam, pois o preconceito era severo demais. Com a falta de estímulo, 80% dos pacientes que recebiam alta decidiam ficar por aqui. Eu, como muito outros, compramos terrenos, pois existia muita área desabitada. Havia um grande loteamento de uma imobiliária de São Paulo, que ajudava até com material; eles davam dez mil tijolos para iniciar a obra e os terrenos custavam muito pouco. Isso porque ninguém queria ser vizinho de leprosos. Dessa forma teve início e evolução do bairro”, comenta. 



Trem da Cantareira capa O Gopoúva também guarda recordações do trenzinho da Cantareira, fator importante para o crescimento do município. “A estação ficava onde hoje é a praça Antônio Nader, antiga praça Gopoúva. Ele percorria até a praça Quarto Centenário, na região central, e lá era seu ponto final. Quando aconteceu a ditadura em 1964, um dos projetos colocados em prática em São Paulo era acabar com as vias ferroviárias para dar espaço para as rodovias. Lembro que 1968, o trenzinho já não existia mais. Porém, um pouco antes, eu e outros moradores fizemos um movimento com a participação de poucas pessoas para que a locomotiva não fosse extinto. Houve cobertura da imprensa e tudo, mas não tivemos êxito”, conta Wallace. Com a chegada da urbanização, os trilhos foram substituídos por importantes avenidas, como a Emílio Ribas e Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, e a estação deu lugar à praça de Gopoúva. Hoje o bairro conta com mais de 32 mil moradores, tendo um movimentado centro comercial, escolas conceituadas, a paróquia São Francisco de Assis e histórias guardadas na lembrança de cada morador.

Acima, o anel viário, em 1979. Abaixo, a praça Antônio Nader, também no anel viário, em 1975.

Abaixo, o anel viário nos dias atuais

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Avenida Emílio Ribas, na altura do anel viário. Foto da fachada da Associação.

Associação Fraternal Doutor Lauro de Souza Lima Em abril de 1966, foi criada a Associação Fraternal Doutor Lauro de Souza Lima, como homenagem ao médico e diretor do Sanatório. A princípio, o lugar foi aberto com o nome de Associação Padre Bento e, anos depois, foi feita uma homenagem ao médico diretor do hospital, por isso, até hoje leva o nome de Lauro de Souza Lima. Wallace desde o início participa do Grupo, que mais tarde agregou também membros da extinta AAG - Associação Amigos de Gopoúva. Aberta oficialmente em 25 de setembro de 1970, a Associação visava

Paróquia São Francisco de Assis. 70

a reinserir na sociedade os pacientes que se recuperavam da hanseníase, levantando fundos. Isso por meio de trabalhos manuais, como sapataria e costura de couro, que contava com trabalho dos próprios colaboradores. Sendo assim, eles iniciaram um trabalho colaborativo, que até hoje se mantém. Com a criação da Associação, as pessoas que se recuperavam de hanseníase tiveram as primeiras conquistas: uma farmácia, uma barbearia, um gabinete dentário e, por último, uma sapataria especializada. Apenas a barbearia e a sapataria continuam em funcionamento.

“No começo era difícil até mesmo manter um profissional na Associação, por causa do preconceito. Mas o barbeiro, Florentino, está conosco até hoje, e é um ser iluminado, despido de qualquer preconceito e estigma. Também conservamos a sapataria ortopédica, com exclusividade para o atendimento de ex-hansenianos. Aqui fazemos próteses e calçados adaptados”, explica. Quando necessário, a Associação também abriga familiares de pacientes de lugares distantes que por algum motivo precisam de atendimento no Padre Bento.

Avenida Nossa Senhora Mãe dos Homens, nos anos 80.


D O B E R Ç Á R I O A O E N S I N O M É D I O. Onde PRAZER e CONHECIMENTO caminham juntos.

“O conhecimento não vem pronto, é produzido a cada momento e é algo questionável e dinâmico.”

Unidade de Ensino Fundamental e Ensino Médio (11) 2453-3535 | Alameda Yayá, 976 | Guarulhos

Unidade de Berçário e Educação Infantil

(11) 2440-9755 | Alameda Yayá, 389 | Guarulhos

www.colegioaugustoruschi.com.br


Por Valdir Carleto

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À esquerda da via Dutra, fábrica da Olivetti; à direita, obra da Philips

Vila End res e Itapeg ica Os Sara ceni e o polo industria l

Ronaldo B. Saraceni

FOTOS: ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS E ARQUIVO PESSOAL

F

oi em 1919 que Giuseppe Saraceni chegou a Guarulhos com a família e instalaram-se no bairro que veio a chamar-se vila Endres, em homenagem à família que era proprietária de grandes áreas da região, vizinha do bairro do Itapegica, nas proximidades do caminho para a Penha. Giuseppe encantou-se com o terreno onde hoje está situado o Internacional Shopping e o adquiriu. O imóvel que ficou conhecido posteriormente como casarão Saraceni - demolido em 2010 - já 72

existia, mas era menor. O casal teve onze filhos e a família ramificou-se, atuando nos mais diversos ramos de atividade na cidade. Ronaldo Beltran Saraceni é um de seus muitos netos. Filho de Beltran Saraceni e Maria Vallardi, ele nasceu em 1936, em uma casa situada em frente ao casarão, na rua José Saraceni - nome abrasileirado de seu avô. Ronaldo conta que Giseppe sentiu que a casa que adquira era pequena para toda a família e resolveu ampliá-la. Na parte inferior da nova ala, havia um porão

que foi utilizado para fabricar calçados e artefatos de couro.Eram cartucheiras, cinturões, perneiras e talabartes, vendidos à Força Pública do Estado de São Paulo. Há autores que consideram essa manufatura a precursora da indústria guarulhense. Foi Giuseppe Saraceni quem vendeu à Olivetti boa parte do terreno onde viria a ser construída a lendária fábrica, que, quando desativada, deu lugar ao Shopping. O casarão ficava na parte baixa do atual estacionamento. 



Avenida Rotary: ao fundo, o Colégio Júlio Mesquita

Impossível passar pela região e não sentir o cheiro exalado pela fábrica da Bauducco, que ocupa vários imóveis

Ruas bucólicas ainda prevalecem

Reminiscências Além de lembrar-se de ter visto a fábrica de máquinas de escrever ser erguida, Ronaldo recorda-se que do alpendre do casarão era possível avistar a estação de vila Augusta e ver o trem da Cantareira passando e apitando. Sua esposa, Norma Zacharias, chegou a utizar-se do trem para ir estudar no Colégio Santa Inez, em São Paulo. Um dos tios de Ronaldo ia logo cedo, uma ou duas vezes por semana, ao Mercado Municipal de São Paulo, comprar um saco de pão para toda a família e voltava no trem seguinte. A primeira escola do bairro foi instalada pelo Estado na casa onde Ronaldo nasceu, cedida por sua avó. Chamava-se Escola Mista do Itapegica.  Hospital Stella Maris 74



capa

Por Tamiris Monteiro

FOTOS: MÁRCIO MONTEIRO E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

Bosque Maia, na década de 1980

Jardim

Maia

Onde a natureza e requinte se encon o tram Maria Stangari

Q

uem passa pelo Jardm Maia, às margens da avenida Paulo Faccini - uma das mais importantes da cidade -, depara-se com ruas planejadas e casas que parecem ter sido tiradas de filmes americanos. E não é à toa que o bairro apresente esse cenário; afinal, é lá que está uma das maiores rendas per capita de Guarulhos, o que faz com que os imóveis sejam comercializados por altíssimos preços. Outro ponto forte do bairro é o Bosque Maia, bastante frequentado por moradores de diversas regiões. O Jardim Maia foi um dos primei-

76

ros bairros da cidade a ser povoado e também teve papel fundamental no progresso guarulhense. Embora venha se transformando gradativamente em área comercial, ainda é predominantemente residencial, tem um charme todo especial e a maioria dos moradores só faz elogios ao lugar. É o caso da psicóloga Maria Stangari, que mora na região há mais de 30 anos. Mineira de nascimento e guarulhense de coração, Maria veio para Guarulhos em 1968 com o intuito de estudar. “Tinha 23 anos e cheguei sozinha para estudar psicologia. Lembro-me

que, quando cheguei, a cidade não tinha quase nenhum prédio, apenas uns poucos na região central. Um bem conhecido era o Nahim Rachid. A princípio, fui morar na vila Augusta, na passagem Soinco. Por lá fiquei um ano e meio, na casa de uma tia, e em seguida trouxe a minha família e fomos morar na rua Cerqueira César. Depois meu pai comprou uma casa na vila Augusta e nos mudamos novamente. Quando me casei, fui para a rua Sete de Setembro, mas quando já tinha meus filhos, eu e meu ex-marido optamos por morar no Maia”, narra. 



capa

Avenida Paulo Faccini, em 1974

Assim como muita gente não se vê morando no bairro por causa do valor dos imóveis, Maria também não se via. “No início, quando começamos a procurar casa, jamais imaginei conseguir morar no local. Compramos de uma pessoa conhecida e fizemos notas promissórias. Mas a ideia não era morar lá por ser um bairro nobre, mas sim porque eu queria que meus filhos estudassem n’O Pequeno Príncipe, onde hoje é o Mater Amabilis. Por isso, sempre procurávamos casas próximas dali. Fizemos muitas reformas até a casa ficar do modo que sonhávamos, mas digo que não foi uma conquista fácil”, ressalta. Quando chegou ao bairro, a psicóloga lembra que não existiam comércios próximos e tudo era muito tranquilo. “Para se ter ideia, nem barulho tinha. Quando o caminhão da coleta de lixo passava na rua, meus filhos iam para fora, pois era a única coisa diferente que passava por ali. Por essa tranquilidade, numa determinada idade, meus filhos caminhavam até a escola sozinhos, pois era bem próxima da minha casa e não existia essa efervescência das grandes metrópoles”, conta.  78

Bosque Maia, em 1940

Corrégo na avenida Paulo Faccini


alegria

esper ança

paz

união

beleza

respeito

natal

amizade conforto

mulher s u m i r ê

bondade

felicidade

hu mil da de

equilíbrio

felicidade

união

vida

natal f é saudade

conforto

s u m i r ê

mulher

humildade

luz

beleza

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mulher

s u m i r ê

bondade

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ano novo

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alegria união

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saudade pac i ê n c i a

força

luz

amizade

força

sorte

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vida

F e l i z 2 0 a1m o4r

luz

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paz amor beleza fé

ano novo

equilíbrio f é autoestima

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luz

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Est es são o s n o s s o s voto s pa r a o p róx i m o a n o

f e l i z n ata l e u m p r ó s p e r o a n o n o v o S aú d e b e l e z a e b e m e s ta r , T u d o n u m s ó l u g a r !

11 2440-1404 Rua. Dom Pedro, 61 - Centro - Guarulhos/SP


capa

Fotos atuais das ruas do bairro

O Bosque, que já existia na época em que Maria mudou-se, não era ainda tão frequentado. “O parque já existia, mas não com a estrutura que tem hoje.” O lazer das famílias que moravam na região era desfrutado no Clube Recreativo. “Tenho muitas recordações do clube, sempre íamos em grupos de amigos, as famílias eram muito unidas. Acredito que, na época, era um dos lugares mais frequentados e animados da cidade. Durante o dia, levávamos os filhos e à noite eram feitos os bailes. O Carnaval também era bastante divertido. Outra festa boa era a da Ilha da Fantasia, que homenageava a série de tevê que levava o mesmo nome”, relembra. Após anos muito bem vividos, hoje Maria tem uma filha recém-casada, outra que lhe deu o prazer de tornar-se avó e um filho que mora com ela. A paixão por Guarulhos tornou-se tão grande que, apesar da origem mineira, a psicóloga enraizou-se na cidade e jamais pensou em ir embora. “Estou feliz com o lugar onde moro e com tudo que tem por perto. Vou muito para Minas, amo lá, mas acho que vou morrer em Guarulhos. Aqui consegui meu trabalho, me casei e tive meus filhos. Adoro este lugar”, conclui.  80

Baile Ilha da Fantasia, no Clube Recreativo



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capa

Por Tamiris Monteiro

Centro, em 1959 e foto atual da fonte da praça Getúlio Vargas

Centro

Onde tu do come çou e onde t udo aco ntece Leonildo Zampoli FOTOS: MÁRCIO MONTEIRO E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

Q

uem trabalha ou frequenta a região central de Guarulhos sabe bem o quanto é um lugar acalorado. Cheio de gente, na maioria atraída pelo comércio, o Centro é o coração pulsante da cidade. Abarrotada de prédios comerciais, a região abriga uma enorme variedade de lojas: de roupas, calçados, acessórios, móveis, eletrodomésticos e outras tantas que suprem as necessidades de consumo dos cidadãos. Inclusive, com tantas opções, o Centro é uma alternativa 86

até mesmo para moradores de cidades mais próximas como Arujá e distritos da zona Leste de São Paulo que têm limites com Guarulhos. Felício Marcondes, Capitão Gabriel, Sete de Setembro, Dom Pedro II e algumas outras ruas são bastante populares. Contudo, Dom Pedro II tem como particularidade o calçadão. Também é no Centro que se localiza o primeiro shopping da cidade, o Poli Shopping, patrimônio de uma das famílias pioneiras na re-

gião. Mas, apesar de tantos elementos atrativos, quem anda hoje pelas ruas do bairro nem imagina que o lugar já foi um cenário vazio, com pouquíssimo comércio, casas e quase nenhum prédio. Leonildo Zampoli é morador antigo do Centro e, nos últimos 50 anos, tem sido testemunha viva da transformação progressiva que se instalou na área. E apesar de ser protagonista deste enredo, a história do simpático e gentil advogado não


Foto antiga da fonte da praça Getúlio Vargas

começa exatamente no Centro. “Originariamente, sou do bairro que era chamado Bairro dos Alves ou conhecido como São Roque, bem ao lado de onde está o Cecap. Meu pai, filho de imigrantes italianos, radicou-se na cidade ainda muito jovem e morava na Ponte Grande. E minha mãe, portuguesa legítima, veio ainda criança para o Brasil e mais tarde o conheceu. Aqui se casaram, tiveram quatro filhos, eu e mais três irmãs, sendo que uma já faleceu. No início

do casamento, minha mãe optou por morar na Ponte Grande e por lá ficou alguns anos. Meu pai, um homem extremamente simples, mas dedicado e trabalhador, montou um comércio na avenida Monteiro Lobato, onde hoje fica a indústria Levorin. Na época, a Monteiro Lobato não era calçada e existia apenas uma bifurcação que dava acesso à avenida Octávio Braga de Mesquita. Foi nessa região que passei minha infância e boa parte da juventude”, relembra.

Na primeira moradia, Leonildo fala de uma infância saudável e cheia de estripulias. Segundo ele, o rio Baquirivu era usado para pesca e muitas pessoas nadavam lá. As poucas famílias que povoavam a área se conheciam intimamente e indústrias como Pfizer e Toddy sequer existiam. Mesmo vivendo em uma área um pouco afastada, o primeiro contato que o advogado teve com o Centro foi ainda na adolescência, por causa dos estudos. “Na adolescência,

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capa

Colégio Capistrano de Abreu, em 1940

tive a oportunidade de estudar no colégio Capistrano de Abreu, diferente das minhas irmãs que estudaram em escolas rurais. Na escola fiz muitos amigos da região central e a minha vivência com essas pessoas tornou-se muito constante. Minhas principais lembranças de garoto são do local onde hoje fica a praça Getúlio Vargas. No tempo de escola, não existia construção no local, apenas um campo de futebol”, conta. Meio lá, meio cá, aos 21 anos Leonildo finalmente veio com a família

Foto atual do colégio

para o Centro e, então, constituiu a sua própria família. “Viemos morar na rua Padre Celestino. Quando me casei, também preferi ficar por aqui e morei em um apartamento próximo à praça Getúlio Vargas. Vivi longos anos no edifício Nahim Rachid e atualmente moro na rua Antonio Francisco de Miranda. Ao longo desses anos, pude testemunhar todas as transformações que aconteceram. Comecei a trabalhar muito cedo, não por necessidade, mas por vocação, no Banco do Trabalho Ítalo

Avenida Tiradentes com a rua Felício Marcondes

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Brasileiro, o primeiro de Guarulhos, que ficava na rua Dom Pedro. Na sequência, trabalhei por um tempo na Prefeitura e depois me dediquei ao direito. Mas sempre atuei efetivamente no desenvolvimento da cidade. Recordo que certa vez queriam colocar os departamentos públicos no prédio da biblioteca da rua João Gonçalves. Eu e mais alguns colegas fizemos um movimento e fomos reivindicar com faixas e bandeiras para que isso não acontecesse. E não aconteceu”, lembra com orgulho. 



capa Edifício Nahim Rachid

Rua Felício Marcondes, em 1968

Saudosista, Leonildo recorda de um período único, no qual a cidade galgava os primeiros passos para tornar-se umas das maiores potências de São Paulo. E mesmo em meio a tanto progresso, para ele, o Centro, assim como o restante da cidade, poderia ter se desenvolvido com mais qualidade. “Nas últimas quatro décadas, Guarulhos sofreu uma agressão ao seu progresso, sem efetivamente um planejamento maior do poder público. Poderíamos estar numa situação de equilíbrio social, boa mobilidade urbana, entre outros. E digo mais: se hoje somos o que somos é por causa de famílias como os Bauducco, Ianone, Rossetti e Martello, que acreditaram na cidade e ajudaram a transformá-la. Acredito que o mérito desse progresso deve-se em grande parte à população e a essas pessoas que acreditaram em Guaru90

Praça Getúlio Vargas

Centro, em 1987



capa

Por Tamiris Monteiro

Foto antiga da estrada do Cabuçu

Cabuçu

O que re sta de ve rde na cidade e stá amea çado

Oziel Souza

FOTOS: MÁRCIO MONTEIRO E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

D

ividida em seis bairros: Recreio São Jorge, Novo Recreio, Chácaras Cabuçu, Jardim Monte Alto, Jardim Siqueira Bueno e Jardim dos Cardosos, a região do Cabuçu está em expansão e conta com uma imensa área verde. Inclusive, lá se encontra o Núcleo Cabuçu, parte do Parque Estadual da Cantareira. Embora seja privilegiada pela natureza, a região apresenta aspectos negativos, como altos índices de desmatamento e moradias irregulares em zonas de risco. Muitos moradores lutam para que os bairros sejam mais bem estruturados, porém, sempre pensando na preservação ambiental, que é a essência de boa parte do que o Cabuçu representa. Oziel Souza, 92

artista plástico e mantenedor do “Movimento Cabuçu”, é um desses guarulhenses que levantam a bandeira pela região. Protagonista do progresso e também das lutas travadas para que áreas de mata densa fossem conservadas, Oziel sempre pautou sua vida no desenvolvimento de ações comunitárias. Tanto que, em 2009, o Movimento Cabuçu nasceu por causa do histórico socioambiental e cultural encabeçado por ING’s (Indivíduos Não Governamentais), que são voluntários com experiência técnica e saber local. Quando chegou a Guarulhos, a primeira residência habitada pelo artista foi na avenida Timóteo Penteado, e foi por meio de um namoro que a paixão pelo Cabuçu aconte-

ceu. “Conheci o bairro por causa da minha primeira esposa. A família dela mora na região e comecei a frequentar o bairro no fim da década de 1970. Como já trazia comigo um propósito ambiental, o Cabuçu despertou minha curiosidade, pois a natureza era muito vasta. No entanto, apesar das belezas naturais, os recursos eram escassos, a estrada principal nem era asfaltada e não existia iluminação pública. Em contraponto, lembro-me que as pessoas se conheciam por nome e sobrenome. E como todos eram muito próximos, fui traçando relacionamento com as lideranças do bairro, aderindo a algumas causas e, assim, me engajei na defesa da fauna e flora que caracterizam a região”, afirma. 



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Antigo lixão do Cabuçu

Represa do Cabuçu

A mudança de Oziel para o Cabuçu aconteceu somente após o casamento; até então, ele ainda trabalhava em São Paulo. Contudo, após instalar-se, a relação com o bairro estreitou-se tanto, que o desejo de ficar apenas em Guarulhos falou mais alto. “Trabalhava com literatura, artes cênicas e plásticas, mas sempre trabalhei com artesanato. Quando vim para cá, vivia especificamente do artesanato, fazendo peças em couro e outros materiais. Com o tempo, fui desenvolvendo outras facetas e recordo que logo que me instalei no Cabuçu desenvolvi um projeto denominado Semente. Atuava como arte-educador sem vínculo empregatício com escolas públicas. Sempre tive essa ousadia, criatividade e vontade de exercer minha cidadania. Levava meu projeto às escolas, fazia uma negociação com a coordenadoria e desenvolvia ações, como oficinas. Sempre achei importante buscar esse crescimento pedagógico para a região, pois antes ouvia muito a população falar que aqui era uma área do governo, e o meu trabalho foi passar para eles que isto aqui é área de mata Atlântica, que deve e precisa ser conservada, com consciência e respeito”, pontua.  94

Aterro sanitário, em 1999

Santuário e capela Bom Jesus da Cabeça


Sheila Paula de Souza 24 anos, contadora.

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Tijolo fabricado na região Foto antiga da capela Bom Jesus da Cabeça

O maior problema da região é a ocupação ilegal de terras. “O Cabuçu, que era aberto em termos de espaço e tinha terrenos com baixo valor em relação a outras áreas, foi tomado da noite para o dia. Grosso modo, a população não vê o impacto ambiental que a moradia sem planejamento pode causar. Hoje nós temos um inchamento do bairro, o que traz situações contrárias”, avalia. Embora as dificuldades existam, Oziel não pretende abandonar o bairro, tampouco seus ideais. “Meu sobrenome é Cabuçu. Este lugar me proporciona qualidade de vida. E por mais que eu tenha que enfrentar discussão, estar aqui vale muito a pena”, declara.  Foto recente Santuário Bom Jesus da Cabeça

96



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Por Michele Barbosa

Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1980

Cocaia Do inabi à superp tável opulação Daniela Nunes

FOTOS: ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS, RAFAEL ALMEIDA E ARQUIVO PESSOAL

D

aniele Nunes Oliveira, 32, enfermeira, detalha sua vida no Cocaia, desde sua infância até os dias atuais, com muito carinho. “Eu nasci, cresci e brinquei muito por aqui; aliás, as crianças de hoje não têm o mesmo hábito”, diz Daniele, que descreve como era o bairro e as mudanças positivas que ele teve.

O bom da rua era a amizade

Graciele Nunes, Filipe Abreu e Daniele Nunes, em 2003 98

Todos eram muito amigos e Daniele andava com um grupinho de sete meninas e cinco meninos, que quando se juntavam não davam sossego. Dentre as inúmeras brincadeiras, as preferidas eram vôlei e esconde-esconde. Em época de Festa Junina, os moradores do bairro se uniam e faziam a festa

com quitutes, bebidas e brincadeiras. “Era o momento que tínhamos para ter contato com os meninos. Para os meus pais, não tínhamos idade para namorar: quando um garoto vinha me chamar no portão, lá ia minha mãe igual a um cão de guarda. Era constrangedor”, conta aos risos. 



Igreja do Cocaia, em 1970

Foto atual da Igreja do Cocaia

Mudanças no bairro

A enfermeira confessa que sente falta e tem excelentes recordações do passado. Os vizinhos não têm o mesmo contato de antes. “Não saio na rua com tanta frequência, parece que o pessoal não é mais o mesmo. Muitos se casaram, tiveram filhos e ficaram mais reservados.” O bairro mudou bastante. Antigamente não existia asfalto, só colocaram em 1990. Em dias de chuva, o barro atrapalhava a vida de quem precisava por os pés para fora de casa. Em períodos quentes, o pó consumia as narinas. “Quem tinha alergia sofria no Verão.” O transporte era demorado, de uma em uma hora passava apenas um ônibus. “Às vezes o horário não era respeitado pelos motoristas, que se atrasavam ainda mais a passar no ponto e, quando minha mãe perdia a hora, era um desespero total, como se nunca mais conseguíssemos pegar outra condução.” Não tinha muito comércio, só um supermercado, um açougue e uma avícola. Com o tempo, o progresso chegou à região. Segundo Daniele, o que ficou ruim com o passar dos anos foi o trânsito pois, por causa das melhorias, muita gente se mudou para o Cocaia, e se acumulam os carros nas ruas. “Antes eu demorava 15 minutos para chegar ao centro de Guarulhos, agora levo 40 minutos.” Eram poucas as pessoas que queriam morar na região, mas agora o número de moradores aumentou. 100

Avenida Brigadeiro Faria Lima, em1990

Foto atual da Avenida Brigadeiro Faria Lima

O futuro será em outro lugar

Após se casar, Daniele pretende se mudar para algum lugar próximo ao metrô, mas não disse de qual estação. Sabe que sentirá falta da rotina que tem hoje, mas pensa em construir uma nova vida em um outro bairro. As lembranças irão permanecer na casa de seus pais e dentro de seu coração. “O meu lugar preferido daqui é minha rua; a cada passo fora do portão, é como se eu ainda fosse menina e estivesse saindo de casa para ir brincar. Até hoje tenho essa sensação, que nem o tempo pode apagar."



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Por Michele Barbosa

Paço municipal, em 1959

Bom Cl

ima

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do é per

to Margit Mary

FOTOS: RAFAEL ALMEIDA E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

E

mpresária, mãe de dois filhos, Margit Mary de Lima Guedes, 48, é empresária e, como toda mulher que trabalha fora de casa, precisa dividir-se em mil para dar conta dos muitos afazeres. Em 1987, casou-se com Wagner Guedes,49, empresário, formando uma família no bairro Bom Clima.

Lar doce lar Uma sobrado grande com quintal espaçoso abrigava os primos e amigos de Caroline, 24, e Vinicius, 17, filhos do casal, nas férias e feriados. Foram dias inesquecíveis de brincadeiras, principalmente no Verão, pois havia na casa um poço de água, que refrescava a tarde de todos com banhos gelados. A 102

rua era tranquila e de pouco acesso de carros, por não ter saída. A criançada fazia a festa, as mães sentavam na calçada para observar os filhos brincarem. Na época de Copa do Mundo, Margit e a família uniam-se com os vizinhos para pintar a rua com as cores do Brasil e muitas fra-

ses de torcida a favor do País. As bandeirolas e fitas faziam parte da decoração do bairro, que ficava muito mais verde-amarelo durante o período dos jogos. “Vivemos por dez anos nessa casa, foram momentos muito bons em nossas vidas. Jamais esquecerei. Sinto saudade.” 



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Daqui eu não saio, desse bairro ninguém me tira Terreno do Paço Municipal, em 1950

Após dez anos, Margit e Wagner planejaram a compra da casa própria, mas não queriam sair do bairro e, depois de pesquisarem um imóvel na região, encontraram um terreno perfeito para a construção do novo lar. Quando tudo estava pronto, era hora de mudar e deixar o sobrado antigo e cheio de lembranças para começar uma

Pode melhorar Segundo Margit, apesar de ser uma região de muitos acessos comerciais, as ruas precisam ser recapeadas, as calçadas são esburacadas e não têm acessibilidade para um deficiente andar com tranquilidade sem que se machuque. A limpeza 104

urbana está em falta, principalmente nas praças, que estão cheias de entulhos e lixo. “Tenho certeza que em breve essas questões serão solucionadas. Os pontos positivos do bairro são maiores para que eu não queira sair daqui”. 

nova história e plantar novas recordações. “O mais engraçado é que nos mudamos de casa, mas não de rua, não sinto exagero ao dizer que sou privilegiada em morar no Bom Clima.” A empresária diz isso pelo fato de o bairro ter vários benefícios como comércio variado, hospital e pontos de transporte perto de onde reside.



Do barro ao concreto A dona de casa Gilda Maria dos Santos Lima Stelari, 58, e seu esposo, o taxista Mário Stelari, 58, moram há mais de 30 anos no Bom Clima e nele criaram os filhos Vitor Stelari, 27, e Mário Stelari Júnior, 32. Com tanto tempo de moradia, a família acompanhou a evolução da região de pertinho. “Ali só havia mato, as casas estavam sendo construídas, não havia comércio e tudo que precisava fazer tinha que me deslocar até o centro de Guarulhos”, explica Gilda. Antes, o casal morava no Macedo, mas viu no Bom Clima uma oportunidade de ter o imóvel próprio e cuidar de sua família no lugar que fosse deles de fato. Gilda Maria dos Santos Lima Stelari

Vitor dos Santos Lima Stelari e Juliana Maiagem, em 1987

Passado e presente Assim como Margit, Gilda concorda que o Bom Clima tem o benefício de ter tudo próximo, mas conta que nem sempre foi assim. “Minha região não tinha asfalto, era um barro danado, e o transporte era precário.” A dona de casa ainda diz que seus filhos brincavam na rua com segurança e tranquilidade, mas hoje seu neto não tem esse privilégio, pois o movimento de carros cresceu, assim como o comércio e alguns orgãos públicos. “Eu vi ser 106

construído o Fácil e a Prefeitura. É engraçado lembrar que, antes de existirem, em seus terrenos não havia nada de significante.” Mário propôs a Gilda que se mudassem para uma apartamento fora do bairro, pois seus filhos estão prestes a casar-se e, segundo ele, uma casa grande como a deles é sinônimo de trabalho extra, mas ela não quer. “Um dos melhores lugares para se morar é aqui, por isso não quero sair para nenhum outro canto.”

Juliana Maiagem e Mário dos Santos Lima Stelari Júnior, em 1991


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Por Michele Barbosa

Paulo Faccini e Monteiro Lobato, em 1994

Macedo

Uma infâ

ncia tran

quila Priscila Evangelista

FOTOS: RAFAEL ALMEIDA E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

Q

ueimada, esconde-esconde e bicicleta eram as brincadeiras preferidas da gerente de contas Priscila Evangelista de Souza, 30, de quando era criança. “Minha

infância foi muito boa, na rua da minha casa tinha muita criança e todos éramos amigos”, confirma. Priscila mora há trinta anos no Macedo e não se imagina em outro lu-

gar. “Aqui eu cresci e tive minha filha, não sei como seria viver longe daqui.” A jovem conta que o bairro teve muitas mudanças e que sente falta de como era antigamente.

elas não se queixavam muito.” Nas férias, a criançada fazia a festa com muitas brincadeiras e o piquenique era de lei, sempre tinha. Cada um trazia um prato de doce ou salgado, refrigerante e suco. Pronto! A diversão estava garantida e a comilança era farta. “Fazíamos tudo no

meio da rua, os carros eram poucos e os que passavam andavam sempre devagar e não havia perigo. A gente até deitava no asfalto. Isso depois, porque antes nem tinha asfalto: meu avô buscava água no lago do bairro. Meus primos mais velhos nadavam lá”, relembra. 

Amizade na vizinhança Priscila detalha quão forte era a união entre os vizinhos que sempre se ajudavam. As crianças frequentavam umas as casas das outras, sem problemas. “Cada dia era uma casa diferente que escolhíamos para brincar. Nossas mães ficavam de cabelos em pé por causa da bagunça, mas 108



Tempo bom, que não volta nunca mais... Claro que para quem nasce e mora há tanto tempo em um bairro, como é o caso de Priscila, as recordações são muitas e a saudade do que passou e foi bom é grande. “Aos domingos eu ia ao culto com a minha mãe e irmã, acordávamos cedo, íamos a pé, pois a igreja era próxima de casa. Eu reclamava por acordar cedo, mas sinto falta até disso.” O trajeto era cheio de flores, e a ela diz que sempre pegava uma para dar à professora da escolinha dominical. Após o culto, a criançada andava a cavalo em uma rua próxima que é sem saída. “Contava as horas para sair da igreja e cavalgar; era muito divertido.”

Alegria na simplicidade Uma infância divertida e tranquila, conforme descreve, não poderia emendar em uma adolescência que fugisse da regra. Apesar de ser uma atividade simples, Priscila e seus amigos se reuniam no parquinho, que era do lado da igreja. A sensação de liberdade trazia o frescor da nova fase. Antes as brincadeiras e os piqueniques; agora, os que antes eram crianças já são adolescentes, que se mantinham em rodinhas para jogar conversa para o alto. Infelizmente, as

reuniões não perduraram, o pequeno parque foi danificado e por um período tornou-se o local preferido de usuários de drogas. “Ficou tudo pichado. Os poucos brinquedos que existiam foram destruídos. Minha filha não pode brincar lá como eu brinquei.” O parque passoupor revitalização, como compensação pelo impacto de um condomínio de luxo que foi construído em frente, e recebe algumas escolas de samba que fazem ensaios por lá.

Foto atual da Avenida Monteiro Lobato 110

Varzea do Macedo, em 1960

De lá para cá Como qualquer lugar, o Macedo teve suas mudanças, algumas boas e outras nem tanto. O número de empreendimentos cresceu e bons comércios chegaram à região. O local que Priscila foi criada era o encontro das crianças, mas hoje raramente tem movimento de pessoas. Alguns idosos reúnem-se para tomar Sol ou jogar cartas e dama. A jovem vê o contraste do tipo de gente que hoje movimenta o local em que ela se divertiu muito na infância e sabe que o importante é viver o presente. O que passou foi bom, mas a vida segue e o futuro reserva muitas surpresas. O tempo não para. 



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Por Michele Barbosa

Praça de vila Fátima nos anos de 1970

Vila Fát

ima

A família Kida e sua fáb rica de pip ocas Vitória S. Kida, Akira Kida e Elisete Kida

FOTOS: RAFAEL ALMEIDA E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

E

m 1953, a família da arquiteta Elisete Akemi Kida, nascida em 1956, chegaram à vila Fátima e se estabeleceram com uma fábrica de pipocas de canjica. “Meus pais, Akira Kida e Vitória S. Kida, deram continuidade ao trabalho de meus avós Tsurukite Kida e Maria de Fátima Kida. A fábrica tinha uns 60 funcionários e fazia entregas em vários locais, inclusive na Bahia”, afirma Elisete. Mas a história da família da arquiteta não para por aí: viu como tudo começou e teve grande influência no desenvolvimento do bairro, participando ativamente em momentos significativos.

Virou nome de rua Tsurukite Kida, avô de Elisete, cedeu uma parte de seu terreno para as construções da igreja de vila Fátima e de uma capela, em frente à residência. “Por esta, entre outras razões, quando minha avó faleceu, a rua onde era a capela recebeu o nome dela, Maria de Fátima Kida.” As famílias da região faziam 112

quermesses, cujas barracas ficavam em frente à casa de Elisete; havia bailes no galpão da fábrica de pipocas e na garagem da família Moreno, na avenida Octávio Braga, além de rifas; todas essas ações com intuito de arrecadar fundos para as obras. A capela era pequena, então a maioria das pessoas ficava do lado

de fora. “Nós brincávamos em frente dela e não tinha perigo algum. Era como se fosse a extensão de nossa casa.” Infelizmente, a capela teve de ser demolida, pois ela foi construída em no meio da rua e, de certa forma, segundo a Prefeitura, atrapalhava o trânsito. 


113


Casa da família Kida, em 1960

Foto atual da casa da família Kida

A infância Elisete conta que teve uma infância muito tranquila e alegre, pois todos os moradores do bairro se conheciam. “Antigamente era tudo muito sossegado, brincávamos bastante, e no horário de almoço nos reuníamos com os funcionários da fábrica de pipocas para jogarmos queimada e vôlei. Todos os dias eram cheios de diversão.” Tendo participação ativa na história da região, a família Kida

viu a vila Fátima crescer. Até hoje, quase todos os vizinhos ainda têm contato e bater papo na rua é um costume que não acabou nem com o passar o tempo. “Sinto falta dos amigos que se foram, mas só tenho lembranças alegres de meu passado.” O que era bem comum no bairro eram as visitas inesperadas do prefeito, dos amigos, das crianças. Todos se sentavam à mesa em almoços, janta-

res e cafezinhos. “Hoje o que falta nas pessoas é o sentimento de união. Talvez a correria do dia a dia nos impeça de sermos amigos como antes.”

Antes e depois Assim como qualquer região, na vila Fátima não havia asfalto, eram ruas de barro e, no calor, o pó era tanto que era necessário tirar o pó dos móveis todos os dias. As crianças iam para suas casas “vermelhas” dos pés a cabeça. O comércio era escasso; o transporte, precário. “Hoje temos escolas, comércios e empresas. A condução melhorou muito.” Elisete se sente feliz e sabe que a participação de sua família faz parte da história do bairro. A presença do sobrenome em uma rua representa mais do que um ato meramente oficial: é a retribuição de um carinho por uma vila que, mesmo com o desenvolvimento, mantém laços de amizade e as lembranças de uma infância feliz. 

114

Akira Kida fotografando as crianças em frente à capela Nsa. Sra. de Fátima.

Capelinha construída pela família,1960

Igreja Nossa sª de Fátima,1960


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capa

Por Michele Barbosa

FOTOS: MÁRCIO MONTEIRO E ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS

Jardim São João, 1977

Haroldo Veloso Do vale a o

progress o Loide de Almeida

FOTOS: ARQUIVO HISTÓRICO DE GUARULHOS E RAFAEL ALMEIDA

Está vendo aquelas casas? Antes elas não existiam, ali era um vale verde no meio do nada, sem asfalto. Hoje tudo mudou”, explica Loide Reis de Almeida, 73, consultora de beleza que há mais de 40 anos reside no Conjunto Residencial Haroldo Veloso. Mineira de Monte Carmelo, veio para São Paulo após se casar com o falecido Walter Almeida. O casal morava no bairro do Ipiranga em São Paulo e, em 1970, Walter soube através de um colega de tra116

balho que em Guarulhos estavam vendendo casas em um conjunto habitacional. Loide veio conhecer o local e gostou. “Eu não tinha imóvel próprio. Mesmo sendo longe de tudo, vi ali uma oportunidade de ter minha casa.” Pronto! O casal se mudou para o lar doce lar. “Estava muito feliz, e o fato de saber que a casa era minha fez com que eu esquecesse as dificuldades da região.” A consultora conta que não havia mercados, ponto de ônibus e

farmácias, e o comércio demorou a surgir. Era um vale que só contava com aquele conjunto habitacional e as pessoas que moravam ali. As mães tinham de andar até o bairro vizinho, a fim de pegar a condução e chegar no centro de Guarulhos, onde eram feitas as compras, pagamentos de contas e idas ao médico. Mãe de três filhos, Loide sentiu o drama de criar as crianças em um local “deserto”. “Vivi momentos difíceis aqui, fora a adaptação por estar longe da família.” 


117


A união faz a força São dez casas e os vizinhos são como amigos. “Eles recebem minhas encomendas sem problema algum.” Antigamente eram bem mais unidos; infelizmente, alguns dos mais chegados faleceram, outros mudaram-se. A união de antes era tão forte, que os moradores se juntaram e asfaltaram a rua para que todas as crianças brincassem por lá. “São pessoas com quem sei que posso contar sempre e, como eu conheço quase todos os moradores, facilita quando eu preciso de algo.” Sua popularidade se deu através das vendas de cocada que ela mesma fazia e vendia de porta em porta. “Parei de vender para cuidar de meu neto, mas até hoje sou mais conhecida como ‘a mulher da cocada’ do que como revendedora de produtos de beleza.” As crianças saíam da escola e iam direto à casa dela para comprar a última fornada.

Jardim São João, em 1995

Antigo centro administrativo Seródio, 1995

Antes e depois Como o vale era bem deserto, como dito anteriormente, a tranquilidade reinava entre os moradores. “As portas ficavam abertas, as crianças andavam de bicicleta e ninguém mexia nas coisas de ninguém. Hoje tenho de deixar tudo trancado com cadeado”, diz Loide, apontando para as grades de sua janela. “Sinto falta de não ter medo de morar.” Porém, até na dificuldade é possível ter boas lembranças e uma saudade boa. “Naquela época, há 20 anos, um carroceiro vendia pães que, no período de chuva, molhavam, e tínhamos de colocar no forno para requentar. Agora temos muitas padarias e o comércio cresceu bastante. O ônibus para na minha porta. As coisas melhoraram”, conclui, emocionada ao descrever tais situações.  118

Conjunto Habitacional Haroldo Veloso, em 1975

Foto atual do Conjunto Habitacional Haroldo Veloso


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“O que gosto daqui” O bairro tem muitas árvores, dentre elas algumas cerejeiras, laranjeiras e limoeiros. Em um terreno próximo, Loide tem uma hortinha com pé de acerola, folhagens, flores e verduras, que ajudam a compor a beleza local. “Eu gosto daqui, pois tem muito verde e dá para respirar ar puro.” Foi perceptível que a mineira gosta mesmo de onde vive, tanto que, apesar de sua filha ter comprado um apartamento espaçoso no centro de Guarulhos, Loide disse que não sai do conjunto em que mora. “Boa parte de minha vida está aqui, meus amigos e meu trabalho. Não posso deixar minha casa com minhas recordações.”

A maior riqueza Uma senhora simples, mas rica em lembranças e de uma história de vida cheia de lutas e vitórias. Na humildade de seu bairro, ela encontrou sua maior riqueza: a felicidade de saber que seus maiores tesouros são seus vizinhos, amigos, familiares e um lar construído com muito esforço e amor. “Amo esta região, vi nascer e ser construída como se fosse ontem. Viveria tudo novamente com a mesma alegria.” 

“Vai diminuindo a cidade Vai aumentando a simpatia Quanto menor a casinha Mais sincero o bom dia” Pato Fu 120

Foto atual do Conjunto Habitacional Haroldo Veloso


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Por João Machado

especial

Metrópole Como em toda edição especial de fim de ano, comemoramos o aniversário de Guarulhos. Desta vez, convidamos alguns dos importantes nomes da fotografia na cidade para mostrar, por meio de suas lentes, a Guarulhos que ninguém vê. Acompanhe nas próximas páginas e tente identificar os locais fotografados. Você vai perceber que muitos deles fazem parte da nossa rotina, mas a correria de sempre não permite que enxerguemos a beleza que há ao nosso redor. Agradecemos a todos os fotógrafos que aceitaram nosso convite e, assim, emprestam seu talento para deleite dos leitores da RG. 

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Por Jo達o Machado

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especial


125


especial

Por Gustavo MandĂş

Cidade Vazia

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especial

Por Gustavo MandĂş

Colaboraram com este ensaio: Paulo Oliveira e Leonardo Valente

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129


Por Diego Calvo

especial

Uma outra Guarulhos

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Por Diego Calvo

132

especial


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especial

Por Alexandre de Paulo

Andanรงas

Alexandre ressalta que todas as fotos foram capturadas com iPhone 4S.

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especial

Por Rodrigo Madureira

Olha o passarinho!

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especial

Mauro Alvarenga

Mauro Alvarenga

Silvana de Souza

A vez dos leitores Jacques Miranda

Além dos fotógrafos profissionais, convidados a enviar fotos para ilustrar esta edição comemorativa da RG, abrimos espaço para nossos leitores. Pelas redes sociais, foram incentivados a enviar material produzido por eles para mostrar outros ângulos de Guarulhos. Confira.

Neide Tokacs

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perfil

PAULO BRITO

Por Amauri Eugênio Jr.

Atitude samba’n’roll Cristiano Dinucci, 36, é guarulhense da gema e cresceu pessoal e artisticamente na cidade. Kiko Dinucci é da metrópole: o artista cresceu e tornou-se um dos nomes mais emblemáticos da nova cena musical paulistana, que conta com nomes de respeito na cena alternativa, como os dos badalados Rômulo Fróes e Juçara Marçal, com quem ele toca em diversos projetos. Seja na música, no audiovisual, nas artes plásticas, no rock ou no samba, Kiko Dinucci é um cara que trabalha por música. Ou melhor: respira e vive por música e demais linguagens artísticas.

O primeiro contato com Kiko para entrevistá-lo foi no fim de outubro, por meio de conversas no Facebook, para entrevistá-lo ao vivo e em cores. Mas a sua vida à época estava para lá de corrida, seja por motivos pessoais ou por estar na produção de um novo projeto de Juçara Amaral, com quem ele toca no projeto Metá-Metá. Por isso, a en-

trevista foi feita por telefone e, por cerca de meia hora em pleno domingo, sua carreira, projetos paralelos e até mesmo alguns planos para o futuro foram assuntos da conversa com o artista. Para quem estranhou ler “domingo”, a entrevista foi feita nesse dia e Dinucci mostrou-se bem solícito, como de costume. “Quem quiser trocar ideia pode

conversar comigo no Facebook. Você mesmo entrou em contato lá, falou comigo [em referência às conversas dias antes] e não precisou conversar com empresário ou assessor. Acho mais fácil fazer contato direto com o artista. Às vezes aparecem uns loucos [risos], mas são a minoria”, explica, sobre sua postura mais próxima do público.

tocar guitarra e montar uma banda de rock. Mas, com o passar do tempo, a sensação de mesmice musical começou a tocar em “repeat eterno” e, por causa da mesmice, ele começou a desbravar novos horizontes e os discos de samba de sua mãe. Após aprofundar-se nas obras de mestres

do samba como Zé Keti e Nelson do Cavaquinho, ele viu semelhanças entre o ritmo e o tal de rock’n’roll. “O samba era uma espécie de rock brasileiro. Havia contestação e postura meio marginal na sociedade, e ainda tem, mesmo sendo algo que vende e todos ouvem”, relata. 

Do rock ao samba O contato com a música aconteceu ainda cedo, por volta dos 12 anos – “ganhei o primeiro instrumento aos 6 anos, mas ele ficou encostado em casa. O violão estava todo arrebentado, coloquei durex nele e fiquei tocando do meu jeito”, conta. Daí, o passo seguinte foi começar a 140


Um brinde aos 453 anos da cidade qUe faz o nosso sUcesso voar alto. É com muito orgulho que comemoramos mais um ano de sucesso da cidade que nos acolheu com tanto carinho e, desde o início, faz história. Obrigado, Guarulhos.

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perfil Arte é vida e vice-versa Dinucci já era artista antes mesmo de saber que era um, pois passou boa parte de sua vida desenhando e tocando música. Mesmo assim, por muito tempo, ele não via o cenário desse jeito, ainda mais porque ter algum talento artístico não era tão valorizado na cidade, graças ao perfil industrial – “todo o mundo tem de fazer Senai e ir para uma gráfica”. Mas a história passou a ser outra algum tempo depois, ao descobrir que ser artista era, sim, uma profissão. “Isso abriu uma porta para mim. A insistência na arte foi em fazer algo que eu sabia e que um dia deu certo. Foi assim que superei, mas não foi escolha. Foi por falta de escolha, mesmo”, destaca. A arte, inclusive, influenciou diretamente em sua vida religiosa. Em

GINA DINUCCI

2005, Kiko dirigiu o documentário “Dança das cabaças - Exu no Brasil”, sobre como a divindade africana que dá nome ao filme é retratada no imaginário popular brasileiro, e foi nessa época em que ele se aproximou do candomblé e ingressou na religião. Para quem está de fora, traçar paralelos entre a relação de Kiko – e a religião – e como o eterno Vinícius de Moraes aderiu ao candomblé, é inevitável, mas a história é um pouco diferente nesse caso: “Moacir Santos [músico pernambucano] e Abigail Moura, da Orquestra Afro Brasileira, faziam isso antes do ‘Os Afro-sambas’ [parceria entre Baden Powell e de Moraes] e com mais propriedade do que Vinícius. Fui influenciado até mais pelo Abigail Moura do que por ele”, detalha.

hits como “Não existe amor em SP”, “Subirusdoistiozin” e “Bogotá”; ou composições suas nas vozes da própria Juçara Amaral, com quem ele divide o palco no Metá-Metá, e Ná Ozzetti. No fim das contas, essa é conclusão que se pode tirar: não há diferença alguma entre Kiko e Cristiano Dinucci; logo, não dá para separar a vida da arte. “Sou viciado em trabalho e talvez por isso ele tome quase 24 horas do meu dia”, finaliza Kiko, que entrará em estúdio em 2014 para a gravação do álbum “Cortes curtos”. 

Acima, Dinucci (à esquerda) com Thiago França e Juçara Marçal no projeto “Metá-Metá”). Abaixo, Kiko (com camisa florida) com Rômulo Fróes, Rodrigo Campos e Marcelo Cabral, no projeto Passo Torto. 142

EVERTON BALLA

Passo Torto. Metá-Metá. Bando Afromacarrônico. E a lista segue. Esses são alguns dos projetos em que Dinucci está ou esteve envolvido. Diz a sabedoria popular que há casos em que a fome se junta com a vontade de comer e, de certo modo, pode-se dizer que é o que acontece nesse exemplo. Os projetos em que ele está envolvido são, ao mesmo tempo, maneiras para ele extravasar a criatividade e ajudar na renda. “Tenho a minha agenda com uma quantidade de shows do Metá-Metá, do Passo Torto e de um projeto novo, e isso também é uma saída para completar o orçamento mensal”, relata. De quebra, volta e meia é possível ouvir composições suas sendo interpretadas por outros artistas, como “Mariô”, conhecida na voz do rapper Criolo, intérprete de

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eu quero Por Daniela Villa-Flor FOTOS: DIVULGAÇÃO

Hora

dos presentinhos

O fim de ano costuma ser aquela época de reflexão, onde fazemos uma retrospectiva de tudo que passou e traçamos novas metas para o próximo ano. E, com o clima de união e as festas em família chegando, lembramos também das pessoas queridas que nos cercam e é hora de achar um presente que defina o afeto que sentimos de forma delicada, simples e sem exageros. Afinal, haja bolso para presentear todas as pessoas que convivemos, sejam elas da família ou mesmo os amigos, parceiros

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e colegas de trabalho, não é mesmo? “As tais lembrancinhas definem de forma objetiva o que queremos: presentear, fazer a pessoa se sentir lembrada, mas de forma simples. Isso não significa dar um presente ruim. Pode-se escolher algo funcional e criativo”, orienta a designer Ana Campos Mello. Separamos opções para você distribuir presentes neste fim de ano. Criativas, moderninhas, tradicionais ou funcionais? Escolha o perfil do mimo que quer dar.

Criatividade Os objetos coloridos dão um toque alegre à decoração e criam possibilidades aos ambientes, mesmo os mais básicos. “Os presentes criativos são ótimos e divertidos, geralmente são objetos de decoração, o que complementa qualquer lugar da casa”, diz Ana. 


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passarela

BANCO DE IMAGENS

Por Tamiris Monteiro

Que atire a primeira pedra a mulher que ainda não pensou nos looks para as festas de fim de ano. Às vésperas das comemorações mais esperadas pelo mundo todo, é natural pensar com que roupa festejar com os familiares e amigos. Afinal, estar entre quem amamos é único e, por isso, estar apresentável para esses dias é mais do que importante. Mas com tantas opções oferecidas pelo universo da moda, às vezes, fica difícil decidir qual é a melhor opção para cada ocasião. Caso pinte uma dúvida, não se desespere, pois a democracia do mundo fashion permite misturar peças antigas, clássicos e tendências, ou seja, é quase impossível fazer feio nas festas de fim de ano. Basta um pouco de ousadia, criatividade e bom senso para criar composições bonitas e harmoniosas. Para ajudar, a RG, junto com Ronaldo Santos, consultor de moda e professor da escola ProModa, dá algumas dicas sobre o que vestir no Natal e Ano Novo.

Natal

Para o Natal aposte em peças rendadas, como blusas, vestidos ou camisas. Também vale investir em cores como o azul, verde, branco e vinho. Além de serem tendências, lembram cores natalinas. O Natal, geralmente, é uma festa mais formal comemorada junto de familiares e amigos; por isso, deve-se ter atenção ao escolher o look desta data. “Cuidado com os comprimentos de saias e vestidos e fique alerta com as transparências, pois todos esses detalhes podem estar na moda, mas menos é mais e o bom senso é sempre uma peça-chave”, pontua Ronaldo. Para não cair na vulgaridade, opte por blusas ou vestidos vazados e transparências estratégicas, que deixam o look com cara de sofisticado.  148


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passarela Ano Novo

Para o Ano Novo, o velho e bom branco continua em alta. E como essa é uma festa mais descolada, brilho e paetê estão liberados. Quem deseja comemorar o Ano Novo e fugir do tradicional branco, pode apostar em roupas amarelas e azuis em vários tons. E também em vermelhos como o bordô. Na praia, o short saia, além de ser uma tendência, é muito fácil de combinar. “Uma boa composição é o short saia branco ou nude com uma blusa ou regata de paetê, que pode passar do fosco ao brilho nas cores dourado-velho, cobre ou azul”, sugere o consultor. Para um local mais formal, um macacão tomara que caia na cor azul, ou um vestido de crepe, que pode ser curto ou longo. “Quem gosta do branco, pode dar um up ao look com colares e pulseiras. E os sapatos podem ir da sandália com salto alto até a rasteirinha. Para dar um toque especial, a carteira de mão deixa o visual mais clássico e fica um luxo”, avalia. 

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BANCO DE IMAGENS


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currículo Por Tamiris Monteiro

FOTOS: BANCO DE IMAGENS E ARQUIVO PESSOAL

Criatividade no papel Currículo com atrativos diferentes pode ser a porta de entrada para o emprego almejado Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de dois milhões de jovens entre 15 e 24 anos estão desempregados. E com a aproximação do ano novo, o desejo de muitos é começar 2014 com emprego novo. É bem verdade que a procura nem sempre é fácil, mas um bom currículo pode ser meio caminho andado para conseguir aquele trabalho dos sonhos. Embora a elaboração do currículo não seja nenhum bicho

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de sete cabeças, muita gente desconsidera que características diferenciadas podem ser atrativos a mais na hora da escolha. Afinal, tudo começa por ele. A simplicidade dos currículos usados antigamente deixou de ser padrão na hora do recrutamento. E aquela mania de colocar a vida no papel também não é mais tão apreciada pelos recrutadores, pois hoje o tempo é escasso. “A avaliação feita pelo recrutador dependerá da experiência dele e da descrição da função solicitada pela vaga. Mas, na média, lê-se o currículo em um minuto. Do contrário, existe uma análise além da leitura quando a pessoa tem muita bagagem e, então, isso pode levar uns cinco minutos”, explica Nair Mota Ferreira, diretora do Grupo Auxiliar, em Guarulhos. Se o tempo é curto e a ideia é destacar-se no meio da multidão, vale a pena colocar a criatividade em prática para chamar atenção. As imagens, por exemplo, ajudam na objetividade. Porém, é preciso ter inteligência ao usá-las. “O currículo pode conter o que a pessoa quiser, mas não é conveniente, pois o documento é uma descrição de trajetória profissional e não um folheto publicitário cheio de informações.

Quando existem muitos elementos desnecessários, isso atrapalha para fazermos a análise. Por exemplo, imagens e foto podem ser utilizadas, mas a foto não pode ser aquela colocada nas redes sociais. Precisa passar uma imagem séria do candidato”, ressalta Nair. Douglas Caetano é designer e sabe bem o quanto um currículo criativo pode fazer a diferença em sua área. “Como trabalho com criação, sempre busquei colocar em meus currículos trabalhos com desenhos, caricaturas e arabescos. Acho que o currículo de um designer tem que ser bem chamativo e colorido, pois isso se torna um diferencial. Inclusive, para mim, sempre foi algo destacado pelos recrutadores e que me ajudou a conquistar empregos”, conta. Para criar um currículo criativo, o ideal é utilizar programas como InDesign e Photoshop, pois ambos têm mais ferramentas que ajudam a viabilizar a elaboração de imagem e texto de forma harmônica. “Se a pessoa não domina o funcionamento desses programas gráficos e quer ter um material bonito e elaborado, o ideal é procurar por um designer ou alguém que domine esses recursos. Garanto que é mais satisfatório”, aconselha Douglas. 


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currículo

Seis passos que podem ajudar 1• Faça um resumo

Gráficos e porcentagens sempre proporcionam visão melhor do todo. Com suas qualificações e habilidades, isso pode ser uma boa pedida.

2• Menos é mais

5• Pense no design

Não exagere nos textos nem na parte visual. Um currículo criativo precisa ter as informações simplificadas, de fácil acesso e compreensão.

3• Comunicar é cortar palavras

Evite número de documentos, referências pessoais, motivos de saída de empregos anteriores ou certificados dos cursos realizados. O currículo criativo precisa mostrar apenas a trajetória profissional. 154

4• Torne suas informações mensuráveis

O currículo precisa ter informações relevantes em no máximo duas páginas. O conteúdo precisa estar resumido e organizado de acordo com o cargo pretendido.

Antes de elaborar o currículo, pense nas imagens, fontes e cores a serem utilizadas. É recomendado utilizar tons claros para versões impressas e na web é possível brincar um pouco mais com as cores de fundo. Mas nada de exageros.

6• Mantenha-o atualizado

Cada vez que algo importante acontecer na carreira, vale colocar no currículo, para mais tarde não haver nenhum esquecimento. 


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LOGGIA


8 de dezembro

Dia da Justiça

Celebrado no mesmo dia do aniversário de Guarulhos, o Dia da Justiça consiste em homenagem ao Poder Judiciário. A data, instituída em 1951 pelo então presidente Getúlio Vargas, é comemorada em âmbito nacional e visa a lembrar sobre aspectos básicos da justiça, que são estabelecer a ordem e promover a paz entre os indivíduos. A deusa grega Têmis, símbolo da justiça, foi escolhida para representá-la, no sentido moral, por meio da definição dos sentimentos de verdade, humanidade e equidade – imparcialidade. Parabéns aos profissionais que defendem os princípios da Justiça e da promoção da igualdade entre todos.

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08 de dezembro - Dia da Justiรงa

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08 de dezembro - Dia da Justiรงa

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empresa Por Amauri Eugênio Jr.

Ah, o primeiro emprego... FOTOS: BANCO DE IMAGENS

Da primeira oportunidade no mercado de trabalho, a gente nunca esquece. Todo aquele entusiasmo juvenil, tão comum aos adolescentes, está à flor da pele e a vontade de querer fazer tudo ao mesmo tempo e de conquistar o mundo é indomável. Mesmo assim, os novos trabalhadores estão em fase de aprendizado e começando a conhecer o mundo. Por isso, eles mesmos, assim como empregadores e pais, precisam ter em mente que trata-se de uma fase de aprendizado e, por isso, a paciência para ensiná-los a portar-se no ambiente de trabalho deve ser redobrada. 162

Com base na CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), a idade mínima para um adolescente entrar no mercado de trabalho é a partir dos 14 anos, na condição de aprendiz. Com base no Manual da Aprendizagem, do Ministério do Trabalho e Emprego, o regime “cria oportunidades tanto para o aprendiz quanto para as empresas, pois prepara o jovem para desempenhar atividades profissionais e ter capacidade de discernimento para lidar com diferentes situações no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, permite às empresas formarem mão de obra qualificada”. 


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empresa Vivendo e aprendendo a jogar O contrato para aprendizagem, feito com base na CLT e no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), prevê condições de trabalho especiais, em que o prazo limite deve ser de dois anos, e garantias para formação técnico-profissional condizentes com a realidade do jovem. As empresas credenciadas para esse tipo de formação fazem parte do “Sistema S”. Ou seja, estão credenciados o Senai (Serviços Nacionais de Aprendizagem Industrial), Senac (Comercial),

Senar (Rural), Transporte (Senat) e Sescoop (Cooperativismo); escolas técnicas de educação – as ETECs, por exemplo – e entidades sem fins lucrativos de assistência ao adolescente. A Randstad, empresa prestadora em recursos humanos, oferece oportunidades a jovens aprendizes por meio de parceria com o Senac, em que o novato fica por dias no órgão e outros três na empresa, quando o expediente é de seis horas diárias. O

jovem recebe remuneração de um salário mínimo e benefícios como vale-transporte e vale-refeição. “Como o aprendiz não tem experiência profissional e precisa ser treinado, ele é visto na empresa como alguém que está começando. Por isso, o objetivo é formá-lo como profissional e é preciso ter em mente que ele está em aprendizado e poderá errar”, explica Michelly Takabayashi, gerente coorporativo e merchandising da Randstad Staffing.

Direitos e deveres Assim como a empresa deve levar em conta a condição do aprendiz e ajudá-lo a desenvolver-se pessoal e profissionalmente, o jovem também deve fazer a sua parte enquanto o contrato estiver vigente. Ele deve cumprir os horários previstos no contrato tanto na empresa como nas aulas. Em contrapartida, o desligamento da empresa e do programa de formação de aprendizes ocorre nas seguintes situações*: a)Término da duração do contrato; b)Quando o aprendiz completar 24 anos, salvo quando se tratar de pessoa com deficiência; c)Desempenho insuficiente ou inaptidão do aprendiz; d)Falta disciplinar grave; e)Ausência sem justificativa na escola que resulte na perda do ano letivo; f)A pedido do aprendiz. *Fonte: Manual da Aprendizagem 164

Formação caseira Os pais, claro, têm papel fundamental no apoio ao jovem durante o período de aprendizado, pois o aprendiz começa a assimilar aos poucos situações diversas do dia a dia e não sabe como se portar. Por isso, quanto mais presente a família estiver na formação do jovem e quanto mais ela der dicas sobre como se portar em situações diversas, como conversas possivelmente mais acaloradas com trabalhadores da empresa, mais lúcidas serão as atitudes do aprendiz.

Estagiário ou aprendiz? Volta e meia, os jovens que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho ficam em dúvida sobre procurar um estágio ou regime de aprendizagem. No caso, o estágio é indicado para os jovens que sabem qual rumo querem seguir na vida profissional, estando na maioria dos casos na faculdade, enquanto o menor aprendiz ajuda a descobrir o que fazer da vida. “O jovem é o garoto de 14 ou 16 anos que não sabe se quer trabalhar com números ou pessoas. Ele aprende como funciona determinado ramo e descobre se quer ser engenheiro ou contador, por exemplo”, finaliza Michelly.


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mundo das letras

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Por Tamiris Monteiro

Escrito nas estrelas Chegamos à reta final de mais um ano e os planos para a chegada de uma nova fase começam a transbordar no pensamento. Afinal, esse é um período em que as pessoas enchem-se de energia positiva para reiniciar tudo o que não foi concluído no ano que passou. Há quem prefira colocar os planos e expectativas no papel, mas também há quem conte com a ajuda da astrologia para saber mais sobre si e sobre o que os astros reservam para o futuro. Pois bem! Para quem acredita na astrologia e deseja interar-se sobre o assunto, fizemos uma seleção de dicas de livros sobre o tema. Bíblia da astrologia Pensamento / Autor: Judy Hall Seja você um leigo no assunto ou um astrólogo experiente, este livro é uma opção para quem deseja aprofundar-se no tema, pois é considerado um guia abrangente sobre astrologia tradicional e moderna. A obra traz um conteúdo bastante completo sobre os efeitos da atividade planetária e sua relação com o comportamento humano, personalidade, saúde, karma e mais.

Astrologia real – O que seu signo quer dizer a você Rocco / Autor: Oscar Quiroga Poder, amor e inteligência são aspectos destacados pelo autor Oscar Quiroga sobre a astrologia. O autor destaca que a vida pode ser experimentada com ou sem sentido. Para ele, a arte de interpretar os astros é a harmonização das atividades e preocupações terrestres com esferas superiores do universo, que também se traduz na expressão do luminoso e pleno intercurso de tudo.

Segredos do céu – Astrologia e a arte da previsão Globo Editora / Autor: David Berlinski O matemático David Berlinski investiga as origens, desenvolvimento e força da astrologia no mundo contemporâneo. Ele torna simples e acessível o que antes era confuso e intimidador para muitos. Suas histórias, aliadas ao texto ágil e a um raciocínio crítico, mostram porque a ideia astrológica ainda desempenha importante papel.

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Por Valdir Carleto

Padre Marcelo Rossi em Guarulhos

Padre Marcelo Rossi esteve no dia 3 em Guarulhos, para autografar exemplares de seu livro “Kairós”, e lançar edição de luxo da obra, na livraria Nobel do Internacional Shopping Guarulhos.

DIVULGAÇÃO

Sonia Lago lança livro

A empresária Sonia Lago reuniu os principais editoriais que publicou na Revista É! e lançou o livro “Mais de mim”, em concorrido evento, na Forneria Capannone.

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ALEXANDRE SALLES/REVISTA É

Agora também por quilo

A família Coladello, que há vários anos faz sucesso com o restaurante Pio XII, que adota o sistema self-service à vontade, atendeu sugestões de clientes de adotar também o sistema por quilo. Porém, preferiu abrir outro estabelecimento, o restaurante Talher, na mesma avenida Papa Pio XII, número 205, quase em frente ao anterior.

DIVULGAÇÃO

Ação social do Rotary Guarulhos-Sul

A renda da Festa do Queijo e do Vinho do Rotary Club de Guarulhos-Sul foi utilizada para trocar 160 metros de piso na Creche Joana D’arc (foto). Através de outros eventos, foram instaladas duas salas de inclusão digital na comunidade São Rafael e doado um forno para cerâmicas para trabalhos manuais na Escola Estadual Coronel Ary Gomes. 168


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Por Valdir Carleto

VALDIR CARLETO

Inauguração da Chocolândia em Guarulhos

Foi inaugurada dia 4 a loja Guarulhos da rede Chocolândia, que conta com outras cinco unidades espalhadas na região metropolitana de São Paulo. A loja, cujo carro-chefe é o comércio de produtos à base de chocolate, também comercializa itens básicos de mercearia, hortifruti, bebidas, laticínios, embalagens e produtos para limpeza. Cursos de culinária são outro destaque da rede. A unidade Guarulhos está localizada na avenida Monteiro Lobato, 300, Centro, com estacionamento. Informações: 45747620 ou www.chocolandia.com.br.

NATA NEUMANN

II Eniac Music Festival

Aconteceu, entre 26 e 28 de novembro, no auditório da Faculdade Eniac, a segunda edição do Eniac Music Festival. O evento, prestigiado por cerca de 350 pessoas, contou com participações de 12 bandas, sendo que cinco grupos foram à final – inclusive a Luneta Vinil, da jornalista Elís Lucas, redatora da RG. O festival foi vencido pela banda Dec 04, que recebeu o prêmio de R$ 3 mil.

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O fundador Osvaldo Nunes (ao centro) e familiares cortando faixa da inauguração da unidade. Abaixo, detalhe da seção de hortifruti e um dos corredores


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menu

Combinado Japastel Por R$24,90 o prato é bem servido com opções da culinária oriental, composto por 8 sashimis, 4 uramakis, 4 hot rolls, 4 hossomakis, 2 joys e 2 niguiris.

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Fondue de Carne Fondue de carne servido na pedra. Acompanha 4 tipos de carnes: lombo, calabresa, filé mignon e frango, além do pão e molho. Serve 2 pessoas. Vira Latas Av. Dr. Timóteo Penteado, 904 – vila Progresso Tels.: 2382-7032 / 2382-7033

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Escondidinho Vegetariano Purê de mandioca e mandioquinha com recheio de legumes. Finalizado com queijo parmesão. Luma Art Café com arte Av. Papa João XXIII, 95 Tel.: 2440-5839

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Espetinhos Práticos, os churrascos, de vários sabores, são servidos no espetinho, o que facilita qualquer comemoração. Cia dos Espetinhos Rua Tapajós, 56 - Jd. Barbosa Tel.: 2442-7977

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As recentes manifestações populares levantaram uma questão importante sobre o modo como desenvolvemos nossa cidadania e como atuamos na comunidade em que vivemos. O que vimos foram milhões de pessoas saindo às ruas e reivindicando algo melhor. Em diversas capitais, as vozes foram ouvidas e os manifestantes conseguiram o que queriam. O que sobra de reflexão após essa onda de questionamentos e insatisfações é: o que mais podemos fazer? De que forma somos atuantes onde estamos inseridos? Ao contrário de já levantar o dedo e dizer que não tem jeito, que o país é liderado por uma corja de ladrões corruptos e inacessíveis, vale uma reflexão mais aprofundada. Será mesmo que estamos tão distantes assim do que julgamos ser a direção do país? As coisas não são tão grandes e centralizadas como imaginamos, tudo dentro da sala da justiça em Brasília, essa cidade que só ouvimos falar no telejornal das nove da noite. Não, não! A vida política em comunidade acontece todos os dias dentro do condomínio onde você mora, na associação de moradores de sua cidade ou região, na usina de reciclagem e compostagem de lixo na esquina de sua casa, na escola comunitária onde o amiguinho de seu filho estuda, na subprefeitura de seu bairro, nas aulas profissionalizantes que a comunidade cristã ministra em sua sede, logo ali à frente. Se prestarmos atenção, seja nossa cidade uma São Paulo ou uma Borá (o maior e

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o menor município brasileiro), sempre haverá o que fazer, pelo que lutar, pelo que reivindicar, no que trabalhar, o que oferecer, o que mudar. Nós, que vimos milhões de pessoas ou até participamos juntos com elas, querendo mudar o país em alguns dias ou noites nas ruas, podemos – e devemos – continuar a fazer isso diariamente. Mudar o mundo não implica necessariamente sair gritando palavras de ordem e impondo menos corrupção. Muda o mundo aquele que age positivamente e transforma a sua realidade e a dos que estão próximos. Você pode mudar o mundo de um adulto lixando a lousa da sala da igreja onde ele é alfabetizado à noite, depois que trabalha pesado na obra da esquina. Você pode encher de alegria a vida de uma criança, fazendo um balanço no parquinho da creche comunitária de seu bairro. Você pode ajudar a melhorar o comércio de sua região, participando em conjunto com os líderes locais para criar regras para a comercialização de ambulantes. A mudança é simples porque ela está em nós e não no outro, no País ou nos políticos. O desejo de ser atuante e de fazer algo por nós mesmos e pelas pessoas que vivem neste mundo conosco pode ser facilmente saciado, basta expandir nossos conceitos de ajuda. Está em nossas mãos, sim, mudar o mundo! E isso é mais fácil do que a gente imagina. Se cada um de nós nos lançarmos no desafio e abrirmos os olhos, veremos que por toda parte tem gente precisando de mãos dispostas a ajudar.

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Por Yasushi Arita


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Por Luiz Fernando Lovik

Estrela azul

Céu fechado

A Jaguar finalmente mostrou o F-Type Coupé. A versão com teto fixo do esportivo britânico foi exibida no Salão de Los Angeles, nos EUA. Sem todo o aparato para guardar a capota, o F-Type ficou mais barato e, além disso, a Jaguar injetou ainda mais potência. A versão de entrada agora custa US$ 65 mil – equivalente a R$ 149 mil – no mercado norte-ameri176

cano e US$ 7 mil a menos do que o conversível. Ela é equipada com motor V6 3.0 litros de 340 cv e cumpre o zero a 100 km/h em 5,3 segundos. Já a intermediária F-Type S Coupé traz o mesmo propulsor V6, mas a potência é elevada em 40 cv – para o total de 380 cv. O preço acompanha a “cavalaria” extra e parte de US$ 77 mil – em torno de R$ 177 mil. A gran-

A Mercedes-Benz vai oferecer seu segundo SUV diesel no Brasil. Depois do GLK, chega ao País o ML 350 BlueTec. Serão duas configurações: a de entrada, que vai custar R$ 259.900 e a Sport, onde o preço pula para R$ 326.500. Ambas trazem sob o capô um motor V6 3.0 turbodiesel que rende 258 cv de potência e 63,4 kgfm de torque. Gerenciado por uma transmissão automática de sete marchas com tração integral, o SUV cumpre o zero a 100 km/h em 7,4 segundos e chega a 224 km/h velocidade de máxima. Itens em comum das duas versões são o sistema multimídia com tela de sete polegadas com acesso à internet e GPS integrado, sistema start/stop, controle eletrônico de estabilidade, detector de sonolência e alerta de pressão de pneus. A versão Sport adiciona faróis bixênon com Intelligent Light System, sistema de iluminação em led que adapta automaticamente a iluminação às condições climáticas e da via, rodas de 20 polegadas, teto solar, sistema de entretenimento para os bancos traseiros, portamalas com acionamento elétrico e bancos esportivos.

de surpresa ficou para a “top”, com motor V8 5.0 litros sobrealimentado, que passou dos 495 cv da roadster V8S para 550 cv de potência. Ela atinge 100 km/h em 4,2 segundos e custa US$ 99 mil – cerca de R$ 230 mil. A Jaguar confirmou a chegada do novo modelo ao Brasil no segundo semestre do ano que vem, mas ainda não tem valores definidos. 


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Por Michele Barbosa

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3 FOTOS: DIVULGAÇÃO

Na minha humilde residência #SQN Pois é... Enquanto pessoas comuns utilizam o plano do governo “Minha Casa, Minha Vida” para adquirir a sonhada casa própria, alguns magnatas pagam à vista bagatelas altíssimas por imóveis que parecem o paraíso. Veja quais são as mansões mais caras do mundo, de acordo com a revista Forbes.

1- Antilia Mumbai, Índia O arranha-céu de 37.161 m² e que recebeu o nome de uma ilha mística no Oceano Atlântico tem seis níveis subterrâneos de estacionamento, três heliportos e um posto de saúde com 600 funcionários. O valor? R$ 2,4 bilhões*. 2- Villa Leopolda Villefranche-sur-mer, França A propriedade, que vale “apenas” R$ 1,8 bilhão, tem vinte hectares e foi construída pelo Rei Leopoldo II para uma de suas amantes. 3- Fair Field Sagaponack, Estados Unidos O local conta com 29 quartos, 39 banheiros, três piscinas e sua própria usina de energia. Custa R$ 595 milhões. 4- Kensington Palace Gardens – Londres, Inglaterra O proprietário Lakshmi Mittal tem três casas na rua conhecida como "Linha dos Bilionários", incluindo uma mansão neo regoriana perto da Embaixada Israelense. R$ 528,19 milhões, em 2008. 178

5-One Hyde Park Londres, Inglaterra O apartamento mais caro do mundo, situado em Knightsbridge, foi comprado pelo homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov. Dispõe de escalonamento de 2.322 m², vidro à prova de bala e 24 horas de serviços de hotel. Valor da propriedade: R$ 533 milhões, em 2011. 6- Ellison Estate Woodside, Estados Unidos São 23 acres em estilo japonês, dez edifícios, um lago artificial, uma casa de chá, uma de banho e um lago de carpas. O local está avaliado em mais de R$ 167,3 milhões. 7- Kensington Palace Gardens – Londres, Inglaterra Dentre os inúmeros cômodos, a mansão tem extensão subterrânea, que inclui uma quadra de tênis, centro de saúde e museu. R$ 334,6 milhões, em 2011.  * cotação do dólar comercial: R$ 2,39 em 4 de dezembro

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