Caderno entrega 13 04

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LUZ E ARQUITETURA:

PROJETO PARA BIBLIOTECA PÚBLICA EM RIBEIRÃO PRETO


Sumário 1 Apresentação 2 Luz e Arquitetura - Gradientes

2.1 Aberturas e o espaço arquitetônico 2.2 Filtros - desenho da luz 2.2.1 Espaços filtros

2.2.2 Filtros de superfície

2.3 Materialidades - invólucros 2.3.1 Transparência, claridade, opacidade, penumbra 2.3.2 Subversão do Material Rem Koolhas Herzog & de Meuron Peter Zunthor

3 Espaços de leitura e a luz

3.1 Biblioteca Brasiliana -Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin 3.2 TEA - Tenerife Espacio de Las Artes - Herzog & de Meuron 3.3 Biblioteca da Universidade de Tama - Toyo Ito 3.4 Seattle Central Library - Rem Koolhaas 3.5 Bishan Public Library - Look Architects

4 Estudo Preliminar

RIANNE OLIVEIRA VALENTE

ARQUITETURA E URBANISMO - CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA

4.1 Leitura da área 4.2 Programa da biblioteca


1 APRESENTAÇÃO A forma de utilização da luz no ambiente evoluiu de tempos em tempos, sendo tratada em cada período de maneira diferente. Na era primitiva, por exemplo, o contato do ser humano com a luz acontecia de forma natural, pois o mesmo estava adaptado até aquele momento às condições e variáveis climáticas de onde ele habitava, de maneira que o mesmo saia para caçar somente sob a luz do dia, como se esta lhe proporcionasse segurança, e se recolhia para a caverna quando o sol se punha, para se proteger. O primeiro contato com o fogo foi determinante de grandes mudanças no comportamento e no cotidiano desse homem, sendo ele o elemento que protegia e aquecia a caverna, cozinhava seu alimento e o fazia enxergar luzes e sombras. Com isso, e com o conhecimento da trajetória do sol, o homem passou a se adaptar às novas descobertas e a utilizar da melhor maneira possível os benefícios que a luz lhe proporcionava. Uma das principais funções de uma construção é a de atenuar as condições negativas e aproveitar os aspectos positivos oferecidos pela localização e pelo clima. Trata-se portanto de neutralizar as condições climáticas desfavoráveis e potencializar as favoráveis, tendo em vista o conforto dos usuários. (HERTZ, 1998.p.126 apud Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01 – julho/2013)

Na era medieval, já com um avanço significativo dos modos construtivos, começaram a perceber que para que a luz penetrasse no ambiente, seria por meio de aberturas nos fechamentos das construções, as janelas, criando um uso emblemático da iluminação, ainda não se apresentando como uma necessidade humana de conforto ambiental. Na Renascença, essa relação da luz com o conforto ambiental já aparece de maneira que as janelas eram fechadas com vidros para que o sol adentrasse iluminando e aquecendo, proporcionando ambientes mais iluminados. No século XIX, se inicia uma consciência mais aguçada de higiene, eficiência e economia, que resultaram em inovações tecnológicas que visavam com o uso da eletricidade e da iluminação artificial que proporcionaram a evolução dos sistemas construtivos. Com isso, a luz também foi reconhecida como elemento essencial para o bem estar do indivíduo levando em consideração a sua importância funcional, estética, ambiental e econômico, como reforça Zevi (1998, p.78) “a arquitetura bela será a arquitetura que tenha um espaço interno que nos atraia, nos eleve, nos subjugue espiritualmente...”. A arquitetura se privilegiou desse ganho que foi a inovação tecnológica, porém, o Movimento Moderno, com seus edifícios de vidro, começou a criar conceitos de edifício sem levar em consideração os aspectos sociais, humanos e estéticos, de maneira que se desperdiçava energia, havendo um ganho térmico elevado devido à absorção de calor pelo vidro, e assim, a iluminação artificial foi “desperdiçada” e se desencontrando com a arquitetura. Porém, o mesmo também contribuir, no seu desenvolver com a criação de elementos de

proteção solar, como por exemplo, os cobogós, que marcaram o Movimento Moderno brasileiro e inovou o cenário dos modos de proteção existentes até então. ...a edificação voltou a ter uma única função, a de invólucro, de proteção de chuva, piorando ao mesmo tempo, com a perda de todas as conexões que tinha com o ambiente físico, as outras funções que historicamente tinha conquistado (CINTRA, 2011.p.18 apud BUTERA, F. Architettura e Ambiente. Manuale per il controllo della qualità termica, luminosa e acustica degli edificio. Etaslibri, Itália, 1995.) No início do século XX, Frank Lloyd Wright desenvolve uma arquitetura que resgata os valores perdidos, ele combina diversos aspectos ambientais, como a climatização, a iluminação e a ventilação de maneira que a arquitetura, desde sua concepção inicial valorize e destaque esses valores. [...] Aqui se deu, pela primeira vez, uma arquitetura que não introduzia a tecnologia ambiental como um remédio desesperado, nem como uma determinante de formas da estrutura, mas que foi final e naturalmente absorvida nos métodos normais de trabalho arquitetônico, contribuindo a sua liberdade de desenho”. (BANHAM, 1975 apud Arquitextos, MASCARÓ, Lucia, 2005) Podemos dizer com convicção que a luz é peça fundamental para a construção do espaço arquitetônico, não só pelo fato de ela nos fazer enxergar as cores, os objetos e os volumes,

mas também pela competência que ela tem de nos fazer sentir e entender os elementos que nos envolvem, nos despertando a emoção de contemplar um espaço arquitetônico, seja ele um simples cômodo de uma residência, um jardim ou um exuberante edifício moderno, ambos sem muito significado sem a presença da luz. Como já dizia Le Corbusier (1924) “A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz. Nossos olhos são feitos para ver as formas sob a luz e são as sombras e os claros que as revelam”, reforçando a ideia da luz como matéria construtiva do espaço. A luz natural ilumina nossa alma e nos enche de energia. Vale lembrar que a luz do sol se altera consideravelmente no decorrer do dia. Pela manhã ela é mais avermelhada, de tonalidade quente, mais aconchegante. Quando nos aproximamos do meio dia, ela se torna mais azulada, mais fria, mais dinâmica e com reprodução de cor mais fiel. Ao entardecer ela será novamente mais avermelhada, de tonalidade quente e mais aconchegante novamente. (GURGEL, 2005, p. 122 apud Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01 – julho/2013) Toda a materialidade de um edifício, ou todos os componentes da natureza reagem de formas diferentes quando em contato com a luz, criando assim, contrastes, sombras e reflexos autênticos que caracterizam os ambientes “revelando a poesia do espaço para o homem[...] pois poesia é uma operação criativa, que revela e transforma o mundo.

E pela manipulação da luz natural, pode-se conseguir poesia na edificação” (BARNABÉ, 2002, p.5). A iluminação artificial foi evoluindo, passando de um mero elemento para um instrumento essencial para a construção, pois criou uma relação direta com a arquitetura, a qual podia ser percebida a noite, onde sua luz interna invadia a área externa, formando um espetáculo entre luz e arquitetura, que hoje em dia se torna cada vez mais esplendida e essencial devido às diferentes tecnologias e efeitos da mesma. A modernização, a facilidade de acesso e a evolução material, devem ser incorporadas no pensar arquitetônico, juntamente com a essência projetual que considera a natureza e o homem como princípio de criação, pois isso unido com a percepção sensitiva do ser humano proporciona uma compreensão muito mais valiosa do ambiente que o cerca. O sentido da visão que é o que nos liga ao mundo, “o ato de ver envolve uma resposta à luz. Todos os elementos são relevados através da luz e esta é de fundamental importância para se sentir a arquitetura...” (BARNABÉ, 2002, p.5). A presente pesquisa, portanto, abordará os meios de fazer com que a arquitetura resgate a importância de se incorporar a luz desde o início da concepção projetual, analisando seu entorno, seu uso, seus aspectos sociais, humanos e estéticos. Tendo como objeto a biblioteca, este estudo pretende colocar em questão a função essencial da iluminação nestes espaços, que visam a reflexão, a concentração, o relaxamento, a criação e o conhecimento, trazendo de volta a arquitetura da emoção para os nossos dias, aquela que nos alimenta, nos preenche e nos alegra.


Luz e arquitetura - Gradientes 1.1 ABERTURAS E O JUSTIFICATIVA A importância que a iluminação natural tem na concepção dos projetos de arquitetura que objetivam garantir um ambiente saudável, confortável e com qualidade de vida para o usuário, é inquestionável, pois é algo que sentimos assim que adentramos em um espaço que assegurem essas características. Um dos objetivos do projeto arquitetônico é o de projetar ou adaptar espaços para determinada função. Esses objetivos são atendidos utilizando soluções que garantam ao espaço: beleza, conforto, claridade, ventilação, funcionalidade, etc. Essas são algumas qualidades construtivas fundamentais na relação do homem com o edifício para que o mesmo se sinta bem no espaço e permaneça neste por mais tempo, assim como assegura à construção diferenciais espaciais e construtivos que a tornam eficiente funcionalmente. Assim sendo, algumas variáveis projetuais de maior relevância que atendem aos requisitos mencionados acima na questão da iluminação natural são: a forma do edifício, a localização, as condições de sombreamento e penetração da luz pelas aberturas, a dimensão das aberturas, as condições de ventilação e iluminação propiciadas pelo local, a materialidade empregada na construção, a condição do entorno, entre outras. Sendo estes preceitos essenciais para garantir uma edificação eficiente, o arquiteto deve sempre buscar a integração da construção com o meio em que ela está inserida, tomando proveito das situações impostas e assim trabalhá-las de maneira eficaz para que a iluminação natural penetre na construção e possa exercer o seu papel de enriquecedor ambiental, contribuindo para que o espaço se torne dinâmico, ou seja, que mude a aparências nas diferentes horas do dia.

Por exemplo, em um quarto não há necessidade de se ter quantidade de luz e sim qualidade, e para isso, deve-se investigar a dimensão e o tipo de abertura ideal para este caso analisando sempre a posição em que o mesmo se encontra em relação ao sol e os elementos de proteção solar que seriam eficazes e ao mesmo tempo proporcionasse diferentes maneiras de composição da luz no espaço. Estudos científicos comprovaram que o uso adequado da iluminação natural também promove o conforto psicológico e fisiológico do usuário, tornando o ambiente agradável, produtivo, com mais definição das formas e cores, além de melhores condições de salubridade que é de importância inquestionável para a saúde emocional do homem. A ideia do objeto teve início na necessidade de uma biblioteca pública na cidade de Ribeirão Preto, que hoje, possuindo mais de 600 mil habitantes, não possui uma que comporte a população e nem que seja um atrativo para a mesma. As bibliotecas existentes, além de não comportarem o número de habitantes da cidade, não possuem uma estrutura agradável espacialmente. Elas estão localizadas no Centro de Ribeirão Preto, sendo elas: Biblioteca Altino Arantes, Biblioteca Padre Euclides e Biblioteca Leopoldo Lima, além da Biblioteca Central da USP que é aberta ao público, porém fica na zona Oeste da cidade. Todas elas são antigas, não acompanharam a evolução da cidade, se modernizando, ou se reformlando. Tendo como ponto de partida este fato, será possível aplicar as teorias e conceitos mencionados no início deste texto nesse objeto de forma eficiente, sendo que este possui programas que visam a utilização da iluminação de diferentes formas variando conforme a localização e a posição deste no terreno.

ESPAÇO DA ARQUITETURA

A luz nos permite ver, e ainda nos estimula e informa sobre o que nos cerca. Nada seria percebido sem a luz. A luz revela. Revela contornos, superfícies, formas e cores. Revela a arquitetura, seus materiais e seus valores. Assim como Louis Khan defendia: “a luz da vida ao espaço”, pelo fato de modificar a percepção das superfícies. Nossa relação com a luz apresenta relações com aspectos da natureza: a luz fria dos trópicos, os raios de luz que penetram na copa das árvores, a luz refletida pelas águas de um lago, o pôr do sol, etc. Isso se associa a sentimentos diversos e alimentam aspectos arquitetônicos da luz do dia e da luz artificial. A luz pode fazer o espaço parecer mais quente ou mais frio, pode nos fazer sentir abertos e integrados ou ainda restritos, fechados e com intimidade. O espaço pode ser regulado pela luz durante o dia, e a noite pela luz artificial que recria a claridade com fontes brilhantes na escuridão. “A luz não tem apenas intensidade, mas também vibração que é capaz de tornar áspero um material suave e macio, dando uma qualidade tridimensional para superfícies planas” Renzo Piano O primeiro abrigo construído pelo homem, era separado do resto do mundo, era seu refúgio, onde o mesmo adentrava para se acolher, se proteger. A relação entre dentro e fora se iniciou com a porta, que representa a possibilidade do homem ir e vir. Depois de um tempo, surge a janela, que ao invés de possibilitar a passagem do homem, possibilitou a passagem do ar, da luz, do olhar, também como forma de construção espacial. A janela não esteve presente nos primórdios da arquitetura, ela foi uma evolução no modo construtivo, tanto que as primeiras construções gregas e egípcias, os templos, não possuíam quase nenhuma abertura, pois havia a necessidade de espaços poucos iluminados, escuros.

Quando havia, eram pequenas aberturas, ou frestas de vigas, onde penetravam uma pequena quantidade de luz, oriundas de diversas técnicas construtivas.

Templo de Luxor

Simbolicamente relacionada ao divino desde a Pérsia e o Egito, a luz tem sido, historicamente, um dos principais elementos constitutivos da arquitetura religiosa. “O templo Egípcio divide-se em três partes ao longo de um eixo: pátio com colunas, sala epístola e santuário. Orientado a Leste, tem na sua porta de entrada a metáfora da porta para o céu, recebendo a luz nascente. A sala principal, que era utilizada normalmente para conferências, era geralmente iluminada por uma clarabóia central. À medida que se avançava pelo edifício, os espaços iam adquirindo dimensões cada vez mais reduzidas, terminando o percurso na célula fechada do santuário. A luz tinha essencialmente um carácter simbólico. À medida que se avançava, os compartimentos iam escurecendo até chegar ao santuário, em penumbra” (MONTEIRO, 2009:19). Já na aquitetura gótica, as aberturas passam a ter vitrais coloridos, que inundavam o ambiente de cores, sendo comparada com uma luz sobrenatural. Isso é esquecido na Renascença, que valoriza a luz branca, indireta e direcionada à elementos importantes, como o altar, reservando a escuridão para ambientes mais recolhidos e de oração.


Le Corbusier, um dos pioneiros do movimento moderno, manipulou magistralmente a orientação, as aberturas e as texturas para criar uma arquitetura cinética com a luz natural em seus edifícios religiosos. Nestes, ele faz a interação de cores e luz, criando ambientes comtemplativos magníficos.

Ele abandonou a solução tradicional de propor aberturas limitadas, ou muito verticais, buscando iluminação constante e homogênea.

“Em vez de servir como um instrumento de persuasão religiosa, como geralmente fazia no passado, a luz se tornou uma força silenciosa para resistir e iludir visualmente, corroer e ofuscar a ordem da Igreja. A luz corrói e enfraquece a disciplina institucional, ao passo que exerce seus poderes próprios para atentar ao céu e suas maravilhas” Henry Plummer Vila Savoye - janelas em fita

Os modernistas, começaram a negar a ideia das janelas tradicionais e a estabelecer que a composição arquitetônica poderia ter fechamentos com peles de vidro. Isso foi um sim à luz, e assim surgiram os primeiros edifícios com fechamento todo em vidro, alguns, muito marcantes, projetados por Mies Van Der Rohe.

Foi no início da década de 60 que esses edifícios envidraçados começaram a surgir, e com ele várias discussões sobre eficiência energética e proteções solares, pois o mesmo expunha todo o interior do edifício aos raios solares. Nessa discussão, Herzog & De Meuron, arquitetos suiços, começam a inovar no uso das peles de vidro. Eles utilizam métodos de proteção, onde algumas vezes, abrem o interior completamente para a vista, transparente, ora fecham a visão do interior com proteções foscas no vidro. Vai da quase ausência, nos limites da imaterialidade, à quase solidez, na condição de parede. De um lado, a penumbra introspectiva, quase clausura (luz introvertida); de outro, o êxtase luminoso dos ambientes no interior da caixa de vidro (luz extrovertida), onde a luz filtrada pelos planos de vidro jateado e a majestosa vista da cidade se fundem, como que numa miragem, criando um ambiente de celebração.

Igreja de Ronchamp - Le Corbusier_Iluminação natural da capela

Ambientação baseada na penumbra com iluminação indireta marca a identidade da Ronchamp. Aberturas estratégicas nas paredes grossas com vitrais , que inundam o ambiente com luzes pontuais que variam conforme as horas do dia e frescas horizontais no alto que fazem a cobertura flutuar . Saindo da iluminação nas edificações religiosas, Le Corbusier, no movimento moderno, buscando quebrar a tradição da repetição e das soluções pré estabelecidas, J desenvolve cinco pontos para uma nova arquitetura, sendo que na questão das aberturas, estabelece as janela em fita.

Cottbus University Library - Herzog & de Meuron

Edifício Seagram - Mies Van Der Rohe

1.2 FILTROS

DESENHOS DA LUZ

ESPAÇOS FILTROS Os sistemas de sombreamento para o controle da radiação solar, que é essencial para o conforto lumínico, também é fundamental, para o conforto térmico. A varanda é um desses fatores de sombra que se ajusta aos dois. Ela bloqueia a incidência de luz solar direta, retardando a propagação de seu calor e, ao mesmo tempo, permite a entrada da luz refletida e difusa e a circulação de ar, ao possibilitar que os vãos de ventilação fiquem abertos. Na história da arquitetura doméstica brasileira, a varanda foi vista durante muito tempo como um dos poucos recursos existentes para ofertar conforto ambiental ao morador da casa, pois, na ausência de sistemas artificiais de iluminação e condicionamento interno do ar, a tecnologia disponível era a própria forma da arquitetura. Além da varanda, o alpendre também foi uma solução adotada nas construções que contribuiram para o controle solar, além de ser mais um espaço de convivência que separa o interior do exterior das residências. O átrio, que também esteve presente em várias construções brasileiras, também tinha um papel de filtro de luz. Estes se localizavam no centro das construções e tinham o papel de receber a luz e distribuí-la aos dormitórios, que geralmente tinham suas entradas voltadas para o átrio, com a intenção de receber mais luz natural. FILTROS DE SUPERFÍCIE A origem mais antiga do elemento vazado provém da cultura islâmica, onde os padrões de desenho criam complexos labirintos visuais. Verdadeiro testemunho da habilidade dos artesãos muçulmanos da época, o palácio de Alhambra na Espanha, reúne inúmeros detalhes criados a partir dos padrões de desenho islâmico, onde sofisticados arabescos ornam todo o conjunto, revestindo pisos, paredes e tetos.


Os métodos gráficos para a construção dos desenhos de padrão islâmico foram desenvolvidos ao longo do tempo por importantes geômetras do Islã.

Outro belo exemplo deste tipo de elemento, cito novamente Herzog & de Meuron e suas peles. Eles evoluiram ainda mais os métodos projetuais e construtivos desses elementos de proteção solar, utilizando algumas vezes, materiais simples, porém de forma diferente, criando com eles filtros de luz impressionantes, como os da Vinícola Dominus, em Napa Valley.

Biblioteca Brasiliana

Arquitetos: Rodrigo Mindlin Loeb, Eduardo de Almeida Localização: Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, USP Área: 20.950 m2 Ano Do Projeto: 2013 Biblioteca idealizada pelo bibliófilo José Mindlin, que em 1999, junto com seu neto Rodrigo Mindlin e seu amigo Eduardo de Almeida, decidiu criar a biblioteca que abrigaria o maior acervo particular do Brasil, seus aproximados 17 mil títulos e 40 mil volumes que doou para a Universidade de São Paulo (USP). Além de abrigar a BBM, o edifício do Complexo Brasiliana USP abriga o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), A livraria da Edusp e o Auditório István Jancsó (com capacidade para 300 pessoas), e conta com salas de aula, salas de exposição e uma cafeteria no mezanino da Livraria da Edusp.

detalhes interior Palácio de Alhambra - Espanha

No Brasil, os edifícios projetados por Lucio Costa para o parque Guinle no Rio de janeiro (1954), são um belo exemplo de aplicação desses elementos conhecidos como cobogó. O rico conjunto formado por brises verticais e cobogós cerâmicos de vários tipos, resulta em uma complexa e sofisticada trama, configurando uma pele que reveste os volumes transformando-os em instigantes mosaicos tridimensionais.

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EMBASAMENTO

Vinícola Dominus - Herzog & de Meuron

A construção da vinícola foi inspirada em um gabião, muro de sustentação feito de pedras arrumadas dentro de uma tela. Ela é formada por uma parede feita de aço inoxidável, no formato de rede, preenchido com rochas basálticas retiradas do American Canyon, que fica bem perto da região.

Parque Guinle - Luciu Costa

Leituras Projetuais

Trata-se de projeto e obra com aplicações de conceitos bioclimáticos que contribuem ao aumento da eficiência energética e conservação de energia, assegurando as condições de conforto para os ocupantes e usuários e a guarda adequada de acervos de obras raras. O Instituto de Elétrica e Eletrônica (IEE) da USP desenvolveu um projeto de geração de energia fotovoltaica na cobertura do edifício. Com potência de 150kv, deve suprir a demanda do complexo durante o dia. Foram levadas em consideração e aplicadas técnicas e soluções acessíveis para uma durabilidade dos materiais, desde os sistemas de impermeabilização até a grande cobertura e sistema de quebra sóis nas fachadas insoladas.

1. ESPELHO D’ÁGUA 2. ÁREA TÉCNICA 3. PÁTIO 4. GALERIA TÉCNICA / CIRCULAÇÃO 5. EXPOSIÇÕES 6. DOCA

7. CONSERVAÇÃO / RESTAURO / DIGITALIZAÇÃO 8. RESERVA TÉCNICA BIBLIOTECA 9. USO MÚLTIPLO 10. APOIO TÉCNICO 11. TRABALHO

Uma praça coberta (A) articula uma passagem pública livre com acesso ao auditório (B) para 300 pessoas, à livraria central da Edusp, com uma cafeteria e uma grande sala de exposições. Dá acesso às duas alas da edificação, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin em uma e o IEB, Sibi e Biblioteca de Obras Raras da USP em outra.


Tama Art University Library

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Arquiteto: Toyo Ito Localização: Tokyo, Japan Área: 5,639.46 m2 Ano Do Projeto: 2007

PLANTA TÉRREO 1. PRAÇA COBERTA 2. AUDITÓRIO 3. LIVRARIA 4. ÁTRIO BIBLIOTECA 5. EXPOSIÇÕES LONGA DURAÇÃO 6. LEITURA

7. SAGUÃO IEB 8. CONSULTA 9. ADMINISTRAÇÃO 10. TERRAÇO 11. VAZIO

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PRIMEIRO PAVIMENTO 1. VAZIO PRAÇA 2. AUDITÓRIO 3. CAFÉ 4. ACERVO 5. VAZIO 6. CONSULTA

O pavimento inferiorabriga um depósito da biblioteca, e casa de máquinas e equipamentos mecânicos.

7. GRANDES FORMATOS 8. PESQUISA 9. ACERVO ARTES VISUAIS 10. ACERVO BIBLIOTECA 11. ACERVO ARQUIVO 12. PESQUISA

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SEGUNDO PAVIMENTO 1. VAZIO 2. ACERVO LIVROS RAROS 3. ADMINISTRAÇÃO 4. ATIVIDADES DIDÁTICAS 5. ACERVO ARTES VISUAIS 6. ACERVO BIBLIOTECA 7. ACERVO ARQUIVO

O projeto levou em conta elementos sustentáveis. Todos os espaços são ligados por uma grande cobertura com lanternin central de vidro laminado, o que permite a entrada de luz natural. promovendo economia de energia, além de filtros UV e um plano de chapa perfurada, que protegem os livros de radiação solar direta. Também possui células fotoelétricas na cobertura para captar energia solar, que além de ser energia limpa, supre a demanda do complexo durante o dia.

No piso térreo há espaços multimídia (A), um bar e uma grande mesa de vidro (B) com números recentes de revistas. É também uma área de exposições públicas, com galerias de arte,, uma cafeteria, algumas mesas (G), um laboratório (C), escritórios e um espaço temporário para teatro.

Os principais materiais utilizados para construir o edifício foram a estrutura em concreto armado, janelas de vidro e esquadrias de alumínio. O desenho final é resultante da estrutura formada pela interseção das curvas dos arcos. Os arcos são feitos em chapas de aço de 20 cm. revestido de concreto Prateleiras e mesas de estudo de diferentes formas, divisórias de vidro que funcionam como quadros de avisose outros detalhes de construção proporcionam um caráter individual e visual e uma continuidade visual. O uso do vidro nas mesas de leitura permitem o reflexo externo, onde se pode ver a integração com a vegetação.

No segundo pavimento, se encontra a área privada de leitura com estantes baixas (D) que cruzam os arcos com grandes coleções de livros de artes. Neste espaço encontra-se mesas de estudo de vários tamanhos. (E) Este pavimento é configurado como uma área de leitura e descanso (F) para os estudantes, onde se destacam os móveis da designer Kazuko Fujie.


TEA - Tenerife Espacio de Las Artes B

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Arquiteto: Herzog & de Meuron Localização: Santa Cruz de Tenerife, Canary Islands, Spain Área: 20.622 m2 Ano Do Projeto: 2008 Com mais de 20.622 metros quadrados, o TEA foi encomendado pelo Conselho Ilha de Tenerife, que vai usá-lo para as atividades e exposições culturais em toda a ilha. O complexo abriga o Instituto Óscar Domínguez de Arte Contemporânea, o Centro de Fotografia de Tenerife e da Biblioteca Tenerife, bem como um pequeno auditório, um café / restaurante e uma loja de presentes, todos os quais podem ser acessados a​​ partir da rua.

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A fim de alcançar um conceito arquitectónico onde as diferentes atividades e espaços do centro são abertos do interior para o exterior, o acesso ao centro será possível a partir de todos os lados. Um caminho público corta diagonalmente o complexo de edifícios que liga a parte superior do terreno com a parte inferior, na outra rua, transformando-se em uma praça triangular semi coberta no coração do centro cultural. Essa praça triangular é aberta e acessível a todos. Ela dá cesso ao café e restaurante que não serve só à biblioteca, mas a todos que passam ali. A praça também pode ser usada a noite como cinema ao ar livre. No entanto, a principal qualidade da praça é a de conduzir as pessoas até o interior do edifício, sempre oferecendo uma boa orientação e visão aos visitantes. O lobby é uma continuação do espaço da praça. Ele organiza o café do museu, a loja e os balcões de recepção.


A construção é caracterizada por um diálogo entre o vazio, definida por um invólucro externo de pedra e pela passarela que corta o edifício. Os interiores apresentam dois tipos de iluminação que se complementam: a que filtra através das aberturas no telhado ondulado e que entra através de perfurações nas paredes de concreto, além da iluminação artificial dos espaços de leitura. Uma grande escada em espiral liga à parte superior, bem como para o nível inferior do museu. O nível superior tem galerias com clarabóias de diferentes tamanhos adaptadas aos requerimentos da coleção do Oscar Dominguez. O nível inferior é um grande espaço aberto que pode ser subdividido de acordo com a necessidade. O pé direito, em quase todos os níveis são de 6 metros ou mais, sendo que o Centro de Fotografia se encontra em um espaço mais reservado conectado com o espaço de exposições temporárias. No seu caminho através da praça, que corta o espaço de leitura da biblioteca, os visitantes se deparam com uma biblioteca repleta de luz natural. Grandes aberturas com vidro permitem a integração entre interior e exterior. A noite, a luz interior enriquece o skyline noturno da cidade. Sua tipologia é baseada em patios alongados para maior fornecimento de luz, e maior visibilidade para os visitantes e usuários do espaço. Essa tipologia também foi pensada para permitir a mesma identidade com o edifício vizinho o “Museo de la Naturaleza y el Hombre”. A interação espacial entre dentro e fora integra a paisagem urbana.

FECHAMENTO Ao longo da fachada, mais de 1.200 aberturas em 720 formas diferentes filtrar a luz natural para o interior , gerando uma incrível vista durante a noite.


ESTUDO PRELIMINAR A

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Vista do lote - rua Mariana Junqueira

Esquina Mariana Junqueira x Tibiriça

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ÁREA AMPLIADA

Esquina Mariana Junqueira x Visc. Inhaúma

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local escolhido para implantação da biblioteca

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Vista do lote - rua Tibiriça

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