De novo Riviera

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SÃO PAULO, SÁBADO, 28 DE SETEMBRO DE 2013 www.metrojornal.com.br

PINGUE

DE NOVO

PONGUE Facundo Guerra, um dos sócios do novo Riviera Bar, conversou com o Metro enquanto acompanhava os preparativos finais para a inauguração da casa.

RIVIERA

O que motivou a sua parceria com o Alex Atala nessa empreitada? Sempre se falou por aí que alguém precisava revitalizar o Riviera. Uma amiga em comum já havia me colocado em contato com o Atala, e havia essa ideia de a gente fazer algo juntos, mas não sabíamos o quê. A casa estava posta à venda, o assunto veio à tona, então ele me procurou, fomos atrás, e conseguimos um contrato de aluguel. Você pensa no Riviera como o começo de uma revitalização daquele pedaço da Consolação com a Paulista? Seria audacioso da minha parte afirmar isso. Mas, como paulistano, acho que seria ótimo. Digamos, um efeito colateral positivo. O que foi mantido e o que foi criado no novo cardápio? Os lanches e pratos, como o clássico sanduíche Royal, de rosbife, foram preservados, mas com uma releitura e ingredientes mais sofisticados. Os drinks e coquetéis são versões de receitas como o Bombeirinho, a Maria Mole e a Meia de Seda, mas temos também Dry Martini, Manhattan, e invenções nossas como o Rivierinha, que leva vodca, licor de açaí, suco de limão e espuma de lichia. METRO

Angeli

cartunista “No Riviera conheci todo tipo de gente, quebrei o bar, briguei, roubei vinho, criei personagens inspirados em frequentadores, casei e me separei. Foi uma escola.”

2006, foi repaginado e reabre a porta neste fim de semana

Riviera Bar. Av. Paulista, 2584, Consolação, tel.: 3231-3705. Seg. a qua., das 12h à 0h; qui., até 1h; sex. e sáb., até 2h. Buffet: diariamente, das 12h às 15h.

Bar ficou mais amplo

ANDRÉ PORTO/ METRO

I

naugurado originalmente em 1949, o Riviera Bar, que volta à ativa neste fim de semana, teve como grande primeiro feito deslocar o burburinho notívago do centro à região da Paulista. Foi anos mais tarde, porém, entre 1968 e o fim da década de 70, que a casa, instalada no térreo do icônico Edifício Anchieta, na esquina da rua da Consolação, viveu seus anos dourados. Sob a tensão do regime militar, figuras como Chico Buarque, Angeli, Arrigo Barnabé, Claudio Tozzi e Paulo Caruso, entre muitas outras personalidades, trocavam contatos, discutiam um novo Brasil possível, paqueravam, davam vexame e tomavam seus porres. Tão ilustres quanto os frequentadores, eram os garçons, Juvenal Martins e José Henrique da Silva. Juvenal, em seu alinhado smoking branco, chegou, tal qual as moças que inspiraram a personagem Rê Bordosa, a ser retratado como nas tiras de Angeli. Seu colega de profissão,

o “Zé”, tinha fama de bom de lábia, e vivia ganhando bitocas das clientes. “O espírito do tempo passou e o bar não acompanhou”, diz o empresário da noite Facundo Guerra, que, em sociedade com o chef Alex Atala, reabre o endereço, fechado desde 2006, quando Renato, filho do fundador, Ignácio Maniscalco, não conseguiu arcar com as contas atrasadas e baixou as portas do Riviera. Repaginado O ambiente e proposta do novo bar invocam latente refinamento estético; mas mantêm, de certa forma, a essência boêmia-intelectual e o menu a preços acessíveis, como nos idos de outrora. Se a festa do antigo espaço funcionava no térreo, agora a escada serpenteia ao mezanino, onde shows noturnos de jazz e MPB serão atração. E o que antes era um estreito balcão de fórmica, virou uma extensa bancada coletiva: durante o almoço, a casa servirá bufê executivo. METRO

Juvenal Martins

Claudio Tozzi

“Se não tivesse ninguém conhecido, você ficava conversando com os garçons, ou o seu Zé ou o Juvenal. A gente tem esse estereótipo do garçom ideal, que adivinha o que você quer. Eles eram isso.”

“Bebiam uísque, caipirinha... A Rê Bordosa gostava de vodca e amendoim. Quem frequentava? Angeli, Claudio Tozzi, Chico Buarque, Chico Caruso, Paulo Caruso... Conheço todos, mas não posso falar muito, fica mal, né?”

“Era um ponto de encontro, de troca de informações, de fofocas políticas até coisas mais sérias, além de discussões de arte. Parecia que você estava em Paris. Era uma coisa muito viva, de que hoje a gente sente muito falta.”

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SAIBA MAIS

Lendário bar, fechado desde

Paulo Caruso cartunista

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{POR AÍ}

ex-garçom

artista plástico

9/27/13 7:42 PM


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