QUARTA-FEIRA, 29 DE ABRIL DE 2020 www.metrojornal.com.br
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Beastie Boys de perto Documentário. Registro intimista, disponível na Apple TV+, conta história do grupo americano que construiu seu legado musical promovendo um incandescente acasalamento da energia do punk com o balanço do rap
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Mike Diamond, Adam Yauch e Adam Horovitz em 1993 REPRODUÇÃO
Quando foi anunciado que Spike Jonze seria o diretor do documentário sobre os Beastie Boys, as expectativas só poderiam ser as mais elevadas. Jonze, afinal, é um dos grandes mestres na arte do videoclipe e esteve à frente de excelentes documentários, como “Heavy Metal in Baghdad” e “Dumb: The Story of Big Brother Magazine”. Até mesmo seus vídeos de skate, entre os quais “Pretty Sweet”, de 2012, são temperados com engenhosa direção de fotografia e justapo-
sição de imagens. Em “Beastie Boys Story”, que chega ao catálogo da Apple TV+, não tem nada disso. Esqueça as narrações em off cobertas com profusão de cenas de arquivo, as edições malucas cheias de idas e vindas no tempo, as contextualizações geográficas panorâmicas ilustradas por takes captados com drones. Para contar a história de uma molecadinha punk nova-iorquina que formou banda em 1979 e virou um trio de rappers no segundo ano do ensino médio pa-
ra, mais tarde, rejeitarem o status de superstars por um caminho musical cada vez mais abrangente e experimental, Jonze preferiu um lance minimalista. “Beastie Boys Story” é, basicamente, o registro dos integrantes remanescentes Mike Diamond (Mike D) e Adam Horovitz (Ad-Rock) – Adam Yauch (MCA) morreu em 2012, vítima de câncer – empunhando microfones em cima de um palco, à frente de um telão desfilando fotos e vídeos, e diante de uma apinhada plateia num
grande teatro em Nova York. Duas horas de relatação de causos transcorrem como uma combinação de TED Talks com stand-up comedy. Fica a sensação de pulga atrás da orelha, de como seria se Spike Jonze tivesse feito, em vez disso, um documentário fílmico. Por outro lado, Mike D e Ad-Rock dominam como poucos a graça da oralidade, mesclando empatia e senso de humor com rigor de detalhes sobre todas as fases dessa grande aventura, do ponto de vista artístico
e pessoal. Falam de acertos e erros, principalmente assumindo os erros, com rara dignidade. O documentário imprime-se como uma ode à amizade e à memória de MCA, figura que, de modo que nem eles conseguem explicar, representou o motor criativo que transpôs barreiras estéticas e a guinada do grupo para um caminho de amadurecimento político e espiritual. EDUARDO RIBEIRO METRO
Talentos invisíveis do pop nacional Quem foram os clones brasileiros de astros internacionais como Trini Lopes? Como surgiu a onda dos falsos gringos, que revelou Fabio Jr.? Quem foi o responsável pela explosão da música infantil dos anos 1980, como Xuxa e A Turma do Balão Mágico? A série “História Secreta do Pop Brasileiro”, dirigida pelo jornalista André Barcinski, desvenda esses e outros fatos curiosos dos bastidores da indústria das décadas de 1970 e 1980.
Uma das histórias mais fascinantes do apanhado, em oito capítulos, disponíveis nas plataformas Now, Vivo e Looke, está no terceiro episódio, que pincela a banda Os Carbonos. Entre meados dos anos 1960 e final dos 1980, eles foram o grupo de estúdio mais prolífico de São Paulo. Lançaram cerca de 40 LPs próprios, entre discos de covers, músicas italianas, rock, samba, sertanejo e forró. É deles as gravações dos clássicos jin-
gles “Toddy, o sabor que alimenta” e da dedetizadora D.D. Drin. E também dos hits “Fuscão Preto”, “É o Amor” e “Domingo Feliz”. Calcula-se que os caras tenham gravado 50 mil faixas musicais. Outro episódio interessante é o sexto, que traça perfil de, entre outros, Edgard Poças, que compôs as músicas do Balão Mágico, Polegar e Dominó. O autor de “Superfantástico” é pai da cantora Céu. METRO
Os Carbonos eram especialistas em covers de hits internacionais | REPRODUÇÃO
Animação
Aventuras no espaço
A nova série animada para adultos de Pendleton Ward, criador de “Hora de Aventura”, acaba de estrear na Netflix e vale muito a pena acompanhar. “The Midnight Gospel” conta a história de Clancy, um vlogger espacial que usa um simulador de universos com defeito. Para gravar as entrevistas de seu programa, ele deixa o conforto do lar extradimensional, na Faixa Cromática, e conhece criaturas de outros mundos.