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Senso (In)comum: De que forma as ações afirmativas, no geral, têm contribuído para a permanência, qualidade e conclusãodaformaçãodosalunoscotistas?
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Flávio Muniz: A lei que garante acesso não tem nada em seu texto que garanta a permanência. Agora, veja bem:os cotistas são as pessoas que mais têm que trabalhar durante a universidade e, assim, não podem dedicar-se integralmente aos estudos. Por isso, por fazerem parte desse recorte socioeconômico inferior da sociedade, sofrem mais pa- ra terminar o curso. Ela não é necessariamente uma lei que garante acesso apenas a pessoas negras, mas garante acesso a pessoas negras e pessoas dentro de um recorte social inferiori- zado e marginalizado. E se o racismo e a discriminação socioeconômica são estruturais, épreciso atacar a estrutura através de políticas públicas e revisar a lei para garantirbolsasdepermanência.
Senso (In)comum: Enquanto estudante e pesquisador, você consegue identificar se as políticas de acessibilidade existentes para a população negra na UFU geram impactos significativos a essas pessoas?
Flávio Muniz: Acredito, sim, que são importantes os benefícios de suporte à permanência concedidos a pessoas negras ou que têm dificuldades socioeconômicas. Eu fui usuário tanto da bolsa de alimentação na minha graduação quanto da bolsa de transporte. Isso sim faz diferença, porque é um custo que representa impacto significativo do orçamento doméstico, e esse impacto é reduzido. No entanto, a universidade tem que pensar ainda na questão de livros e acesso a outros materiais, por exemplo. Ela tem que pensar nos estágios pro- postos, porque muitas dessas pessoas trabalham para sustentar a vida ou para ajudar em casa, então precisa ser revisto, sim, porque a estrutura [das pessoas em questão] não é a mesma.
Senso (In)comum: A UFU acaba de completar 45 anos de federalização. Dessa forma, atualmente, existem políticas e assistências para permanência de estudantes pretos e pardos elaboradas pela própria universidade?
Flávio Muniz: Olha, vamos pensar nesses 45 anos e analisar os institutos e a instituição. Eu acredito que as políticas públicas promoveram grandes mudanças na UFU. Não tenho dúvida dos benefícios que vêm das bolsas de auxílio. Uma pergunta muito interessante é: por que na UERJ começa em 2001, na UNB começa em 2004 e a UFU vai pensar nisso só depois que houve a lei? Não existiam essas políticas específicas antes aqui? Não. Existe a estrutura da universidade que é racializada. A gente não pode celebrar o óbvio. Eu acho que falta à UFU ousadia para assumir que, historicamente, é uma instituição que segregou, separou, racializou, discriminou e agora quer estabelecer um novo rumo e uma nova forma de pensar a universidade.
Senso (In)comum: Enquanto estudioso do tema e beneficiário do sistema de cotas em seu primeiro ano de implementação, o que você acredita que a revisão deveria trazer como mudança ou novidades?
Flávio Muniz: Eu acho bom ter sido um beneficiário da primeira versão e sou grato. Mas essa primeira versão pensou em garantir acesso e não em garantir a permanência. A revisão tem que ser feita nesse sentido: pensar políticas que incluam no orçamento a pessoa negra, estudante universitária e com recorte financeiro específico. A segunda versão tem que oferecer garantia de permanência e pensar na geração de oportunidades para o aluno cotista graduando e formando. Então, apenas oferecer o ticket para alimento e transporte não é suficiente. Ah, mas o Estado tem que fazer tudo? Sim! Nós temos que pensar que o Estado precisa fazer isso agora, porque durante mais de um século ele se negou a fazê-lo.