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“É esse projetinho de sociedade que

queremos?”

Mesmo com o desdém social, a cultura de rua ganha forças e luta para uma sociedade equitativa

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Fazer arte nas ruas foi a forma que a população periférica encontrou para se expressar e ganhar seu espaço na sociedade. Essa cultura age como um organismo vivo, ferindo os padrões impostos pelo sistema elitista. A arte urbana exprime a objeção e repulsa dos jovens pela sociedade atual. Com isso, diversos estilos de arte foram manifestados, como rap, pixo, break dance, lambe-lambe, skate e muitos outros.

Esses movimentos são repreendidos e vistos como marginais. Por isso, resistir às opressões é o escopo desses grupos culturais, além do intuito de dar visibilidade às expressões artísticas que surgem fora dos espaços formais. A ideia de comunidade se faz importante, porque individualizar as ações as dificultaria.

Em uma conversa com Vaine, um rapper e artista de rua, ele levanta o questionamento: “é esse projetinho da sociedade que queremos?”, se referindo ao modelo de sociedade atual que é apresentada, uma vez que ela é imposta pela classe média-alta. Afinal, as pessoas pertencentes a estes grupos evitam pisar no mesmo lugar que pobre, priorizando ambientes nos quais apenas eles frequentam. Sobre isto, Vaine afirma que “o ideal de cidade para certas pessoas, seria esterilizar tudo. Esconde tudo de ruim, pobres, pretos e diferenças sociais. Deixa tudo Branco”.

O deslocamento social que os movimentos de rua sofrem se reflete na sua desvalorização. Além das barreiras a serem rompidas, o Estado corrobora com a elite para que a cultura de rua continue a ser empurrada para a subalternização. Um exemplo de tal ato é o caso do Galpão de Skate udi diy, localizado em Uberlândia. Ele foi ocupado pelos skatistas durante 20 anos, mas foi demolido. Esse era um espaço de importância cultural que alcançou relevância internacional, se tornando a maior pista de skate diy do Brasil. Mesmo com todos esses atributos, a prefeitura se abstraiu das reivindicações do local e do dever de ter informado e comprado o espaço do antigo dono. Também não ajudou os administradores do Galpão, possibilitando que o novo comprador do local ganhasse o aval para realizar as demolições. Ou seja, o Estado, mais uma vez, deixou de valorizar a população frequentadora e ficou do lado da pequena elite.

Já que cultura é um ponto base para se manter uma sociedade, a prefeitura como instituição primordial da cidade deveria oferecer apoio às pessoas que fazem arte nas galerias abertas (ruas), para que assim pudéssemos dizer que, o que está nas ruas também é arte. A sociedade maquia o seu desdém quando tira das ruas o grafite, o rap, a poesia, a dança e coloca o que for possível em um museu para ali poder apreciar a arte. Isso tudo é uma maquiagem social para dizer que existe a possibilidade de sair das ruas. Melhor, o que a elite faz é dar visibilidade a quem eles inviabilizam.

No fim, a cultura de rua é uma forma de luta contra a opressão, sendo responsável por trazer à tona os problemas sociais. Através dela podemos encontrar possibilidades para uma sociedade mais justa e igualitária. A cultura de rua sempre gritou as desigualdades sociais, agora nós devemos fazer a nossa parte: ouvi-los. 

Reitor: Valder Steffen Jr. - Diretora da Faced: Maria Simone Ferraz Pereira. - Coordenadora do Curso de Jornalismo: Christiane Pitanga. -

Professores: Gerson de Sousa, João Damasio, Nicoli Tassis e Nuno Manna. - Jornalista Responsável: João Damasio (MTb 3727/GO) - Editoras-

Chefes: Thuanne Santos e Vitória Marcelino. - Editores: Flávio Lombardi e Izadora Faria (Ciência e Tecnologia), Ingrid Gomes e Lucas Samuel Reis (Cultura), Matheus Mazon e Samira Batalha (Esporte), e Pedro Krüger e Vitória Pereira (Política). - Opinativos: Carolina Rosa, Danielle Leite e Vinícius Rodrigues. - Foto e Arte: Camilla Pimentel, Gabriela Couto, Karynna Luz, Suianne Gonçalves. - Redes e Site: Felipe Ponzio, Giovana Sallum, Julia Teresa Silva e Sankey Gabriel. - Checagem: Amanda Passeado, Ana Clara Thommen, Arthur Martins e Luiz Henrique Costa. - Revisão: Ana Carolina Silva, Ana Clara Souza, Blaranis Gomes, Mateus Batista, Thaís Nadai e Victória Monteiro. - Divulgação: Anna Victoria Franco, Arthur de Vitto, Leonardo Piau, Duda Ferreira. - Diagramadores: Camila Grilli, Gabriela Amado e Marcus Purcino.

Finalização: Danielle Buiatti e Ricardo Ferreira de Carvalho. www.sensoincomumufu.wixsite.com/jornal

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