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Lei de Incentivo ao Esporte é prorrogada

Em vigor até 2027, medida empolga profissionais do ramo

A Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), que permite que recursos provenientes de renúncia fiscal sejam destinados a projetos esportivos, estava prevista para ter seus benefícios válidos apenas até o final de 2022, de acordo com a Lei nº 11.438, de 2006. No entanto, com o apoio do Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou a Lei nº 14.439, que atualiza o texto anterior e prorroga a legislação até 2027. O novo regulamento traz alterações nos percentuais que as empresas poderão deduzir do Imposto de Renda (IR).

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Pessoas jurídicas poderão destinar até 2% do IR devido, para incentivar projetos esportivos, e o percentual pode chegar a 4%, se o valor for destinado a iniciativas que visem à inclusão social por meio do esporte em comunidades vulneráveis. Pessoas físicas também tiveram aumento no limite das doações para 7%.

A prática esportiva oferece benefícios nos aspectos biológico, psicológico e social. A prática do esporte é importante instrumento na formação cidadã, podendo desenvolver a formação humana e princípios éticos. É o que reforça o economista e professor da UFU Benito Salomão ao dar exemplos dos jovens da periferia. Benito afirma que eles “são mais expostos à violência, e a uma série de problemas sociais”, e políticas públicas como os investimentos no esporte ajudam a protegê-los de problemas estruturais da sociedade.

Empregabilidade Pelo Esporte

O esporte pode ser uma porta para um emprego despretensioso, como conta a atleta de vôlei, Isabely Boaventura. A camisa quatro do time de vôlei da cidade de Vinhedo São Paulo, relata que começou a jogar aos oito anos por gostar do ambiente e das pessoas envolvidas, mas aos poucos foi se interessando pela modalidade, o que resultou em sua federação (sendo o atleta federado aquele que se filiou a organização federal do esporte que pratica).

Isabely hoje joga como ponteira, atuando na defesa e no ataque do time, mas relata que não recebeu nenhum incentivo governamental em sua jornada esportiva. No entanto, reafirma a importância deles, principalmente, para as áreas periféricas. “Acredito que esses pequenos projetos que vão nascendo em algumas regiões são muito importantes para crianças de bairro, que às vezes não tem o que comer, a família quer tirar da rua e colocar em alguma coisa para além do estudo”.

Atleta há 13 anos, Isabely descreve as dificuldades dos desportistas que não recebem auxílio do governo, tal como o bolsa-atleta, e encontram instabilidade em seu trabalho devido aos contratos. “O atleta tem um salário na temporada, mas se você não arrumar algo para a próxima temporada, fica sem”. Alguns desportistas precisam procurar ‘bicos’ nas férias, em academias, por exemplo, para sobreviverem. Para a jogadora, uma solução seria auxiliar financeiramente essas pessoas por alguns meses, visando incentivar aqueles que acabam desistindo nesse período.

Isabely diz que se não tivesse seguido a carreira de jogadora, ainda assim teria escolhido uma profissão ligada ao esporte, como Fisioterapia ou Educação Física. Foi dessa forma com Alessandra Oliveira, técnica dos times de vôlei masculino e feminino da UFU. A educadora física foi atleta por 20 anos. Em seguida, formou-se na área na qual atua como treinadora há 15 anos.

Alessandra comenta sobre as várias possibilidades para a profissão: “Se você é um atleta, tem um leque. Se gosta de academia, pode ir, se gosta de escola, você vai se direcionar para lá. Hoje, tem um curso de Gestão da Educação Física que é só nos bastidores, na parte de administração”.

A técnica diz ter exemplos da geração de empregos pelo esporte, como sua própria filha, Marcela Oliveira, de 14 anos, que joga profissionalmente na equipe de Barueri. Alessandra, então, reforça o valor de ações como a LIE: “Quem depende do esporte nem sempre tem um apoio, às vezes precisa tirar do próprio bolso, tem que depender de pai e mãe. Esse projeto do governo é muito bom por isso.”

UFU RECEBE PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

O projeto criado em 2003 pelo Ministério do Esporte tem o objetivo de facilitar o acesso à atividade física e estimular o desenvolvimento da cidadania, além de promover uma melhor qualidade de vida para os praticantes. As modalidades escolhidas foram judô,nataçãoeatletismo.

Desde o início do programa na UFMG em 2022, 500 estudantes já foram impactados e tiveram suas vidas transformadas. Lá, ele passou por algumas mudanças nas diretrizes bases. “Ao invés de definir modalidades fixas, criamos um combo de atividades para serem trabalhadas ao longo do ano”, conta o professor Gibson Moreira, coordenador geral do PST na UFMG, unidade de referência da implementação do projeto.

Por ser um projeto de iniciação à prática esportiva, ele se torna atrativo para a comunidade, já que não é necessária experiência para participar. “O PST é uma ótima oportunidade para quem quer praticar esporte mas tem receio porque acha que não é bom. Temos que lembrar que é uma iniciação, então é pra quem quer aprender”, comenta Gustavo Henrique Scarmigliat, estudante de Educação Física da UFMG e aluno do PST. Ele ainda afirma que, além do desenvolvimento físico, o convívio e a troca de experiências entre pessoas diferentes também são uns dos benefícios agregados pelo projeto. “O intuito era a prática es- portiva, mas acabei aprendendo para vida pessoal e profissional”, complementa. bosa, diretor da Diretoria de Qualidade de Vida do Estudante (DIVRE) comenta: “As modalida- um profissional capacitado para orientá-los e acabavam treinando por conta própria”.

Claudio ainda afirma que haverá a contratação de um novo professor e estagiários da Educação Física para acompanhar os estudantes. Esportes que fizeram sucesso anteriormente em outros projetos da UFU também foram selecionados, como o futebol de campo e o rugby, que tiveram alta procura entre 2016 e 2020. “Quando oferecemos esses esportes a procura foi alta. Desde então, temos uma demanda crescente da comunidade para retornarmos com eles”, afirma Claudio. De acordo com o plano de trabalho apresentado pela UFU, a expectativa é de que pelo menos 70% das vagas sejam preenchidas. 

Quem torce pelo Cheerleading?

Treinador e atleta da modalidade discute sobre visibilidade na cidade e dificuldades enfrentadas

POR ANA THOMMEN, MARIANNE KAZUE E SUIANNE SOUZA

Reconhecido como esporte desde 2016 pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), o cheerleading tem ganhado cada vez mais espaço e visibilidade. Um exemplo é a participação da modalidade no “JUMs” (Jogos Universitários Mineiros). Neste ano, o evento teve o time da UFU como medalhista de ouro, resultado do incentivo ao esporte na cidade.

O esporte é marca na trajetória de muitos na região do Tri- ângulo Mineiro. É o caso do Lucas Gabriel, que iniciou a sua carreira em 2012, pela Sexy Lions. Além de técnico das equipes Panthers (Humanas) e Furious (Educação física), atualmente é atleta da equipe profissional All Star de Uberlândia, a Bravo. Em entrevista ao Senso (in)comum, fala sobre a visibilidade da modalidade na cidade de Uberlândia e as dificuldades de treinar uma equipe próximo às competições.

Senso (in)comum: Como foi participar da transição da chegada do cheer no Brasil e a consolidação dele como esporte no país?

Lucas: O começo foi realmente o estereótipo de fazer apresentação para abertura de outras modalidades. Essa transição aconteceu aqui em Uberlândia, passando a ser um esporte reconhecido, com regras. Cada vez mais, a galera está lutando para ser reconhecido como esporte. Nessa próxima Olimpíada Universitária da UFU, o cheer já conta como modalidade. Além disso, já é um esporte cotado para ser uma modalidade olímpica.

Senso (in)comum: Há incentivo à modalidade em Uberlândia?

Lucas: Estamos em uma das universidades que mais apoiam esse esporte no Brasil desde que surgiram as primeiras equipes. A primeira competição que aconteceu foi uma organização totalmente dos atletas. Nela, o reitor viu a energia do esporte e determinou que o Cheers seria uma modalidade oficial da UFU. Em questão de incentivo, então, o Cheers, a Universidade está bem à frente de várias outras do Brasil.

Senso (in)comum: Os atletas recebem algum tipo de bolsa ou incentivo para competir?

Lucas: Como ainda não é uma modalidade olímpica, os atletas do Cheer não recebem bolsa. Para cobrir os gastos, geralmente, cada um paga uma mensalidade, além de arcarem com os custos de uniforme, pompom e placa. As equipes estão sempre tentando arrecadar dinheiro para tirar o menos possível do próprio bolso, fazendo eventos como festas para engajar a comunidade.

Senso (in)comum: Como é a relação e preparação das equipes para as competições? Como elas ajudam na visibilidade e difusão do esporte?

Lucas: Tentamos ir ao máximo de competições possíveis pela questão da visibilidade. Primeiro, porque a gente gosta de competir. Segundo, porque os times tentam se consagrar como os melhores do ginásio, os melhores do Brasil. Nas competições, podemos expandir mais ainda o esporte, o que é muito importante para atrair atletas, já que participando de competições fora de nossas cidades, trazemos reconhecimento para a região. 

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