homen olhei no espelho como você disse vi minhas rugas minhas verdades assumidas olhei você falou que eu reparasse na minha imagem no espelho a pele antiga novas trilhas amarelas as mudanças no rosto mas você não sabe não percebe o que eu vi lá estava um homem estava mesmo me olhando Presença Elaboro imagens pensadas à luz da noite resulta-me claro o corpo cada boca em seu peito de criar as pombas tão perto que a primavera pela chuva esqueceu de levar vejo-te sobreviver as minhas palavras que sempre chegam quando um voo rasante te despenteia quando desço certo a tua cintura acreditando nos gestos que te anunciam
...e não obstante abrem-se os jasmins com seus olhos brancos suas lágrimas vermelhas seus braços sem dormir cercados pelas paredes que nos encerram muros absurdos rígidos debaixo da pele crescem as máscaras do medo tem a cabeça turva acovardada de acontecimentos calafrios marginais todo se passa debaixo da pele em um canto isolado gatos de ira arranham as paredes escondem impactos onde crescem gelos ...e não obstante abrem-se os jasmins com seus olhos brancos suas lágrimas vermelhas por que vamos seguir tão abraçados trocando-nos terrores e a luz ainda nos pronuncia
traduções : Nina Reis desenho capa: Fernando Barreto
Linha fronteiriça
Reinicio
a gente não quer morrer mas sabe que é inevitável
Modificam as paredes os meridianos as latitudes se sucedem o sol pleno deixa passar as meiastardes e contrastes a boca oferecida que se multiplica e todo o universo pareceria oferecer estalos dar certeza de vida para que as novas moradas que virão sejam sempre vestidos protetores donde se configure o reinicio.
incendeia um campo de relógios invade cativo os espelhos trava uma ridícula batalha contra as rugas a gente despede-se diariamente renova-se em saudações dorme temendo não voltar sobrevive a suas adversidades e respira desmaios na duvidosa linha fronteiriça
Nós
fogo
entre nós estão os anjos imaculados de silêncio quando saem a curvar maçãs
ninguém espera nas fronteiras nem se embebeda com seus próprios rios todos sabemos que a chuva é longa que o vento se define quando grita que os torrões como a pedra mesma não resistem a quietude e rodam iconoclastas fugindo do deserto se abro fogo é porque anfíbio por minhas veias transpiro a voragem voo como semente a que insiste em renascer
desperto-me e te sorrio caminho por todos os aromas recebo de teus lábios erva doce os anjos participam seriamente dos amores atravessando dedos mornos páginas e versos que se necessitam quando desejamos copular eternamente num balanceio universal onde não chegue e chegue um orgasmo ritual sensação de infinito que os anjos semeiam entre nós
Chamar-se como sempre Y me han do lido los c uch illos de esta mesa e n todo el paladar Cé sar Vallejo -Perú
convivo com patins mágicos dedos fugazes forço com a planta do meu pé minha trepadeira as colunas amorfas do silêncio salário de granizo nas costas na nuvem vertical de assombros desejo despertar sempre entre tuas pernas se a piedade me descarta no final do jogo apostarei às cartas de vento das constelações e quando a saúde acabe desejarei medalhões abertos de ternura como um só universo em que se esconde o amor em una cápsula