homen olhei no espelho como você disse vi minhas rugas minhas verdades assumidas olhei você falou que eu reparasse na minha imagem no espelho a pele antiga novas trilhas amarelas as mudanças no rosto mas você não sabe não percebe o que eu vi lá estava um homem estava mesmo me olhando Presença Elaboro imagens pensadas à luz da noite resulta-me claro o corpo cada boca em seu peito de criar as pombas tão perto que a primavera pela chuva esqueceu de levar vejo-te sobreviver as minhas palavras que sempre chegam quando um voo rasante te despenteia quando desço certo a tua cintura acreditando nos gestos que te anunciam
...e não obstante abrem-se os jasmins com seus olhos brancos suas lágrimas vermelhas seus braços sem dormir cercados pelas paredes que nos encerram muros absurdos rígidos debaixo da pele crescem as máscaras do medo tem a cabeça turva acovardada de acontecimentos calafrios marginais todo se passa debaixo da pele em um canto isolado gatos de ira arranham as paredes escondem impactos onde crescem gelos ...e não obstante abrem-se os jasmins com seus olhos brancos suas lágrimas vermelhas por que vamos seguir tão abraçados trocando-nos terrores e a luz ainda nos pronuncia
traduções : Nina Reis desenho capa: Fernando Barreto