EDITORIAL
Novos canais para dar mais visibilidade ao agronegócio
A cadeia produtiva do agronegócio no Alto Paranaíba passa a contar com um aliado forte: o 100% Agro . Nossa proposta é colocar o jornalismo a serviço do setor que move a economia nesta região, considerada um dos polos do agronegócio nacional.
Criado pelo jornalista Rodolfo de Souza (RAF Comunicação), em parceria com os empreendedores Marcelo Gonçalves (Rago Comunicação e Marketing), Daniel Ribeiro e Wanderson Nunes (Sentinella Empreendimentos), o serviço de jornalismo multiplataforma ocupa uma lacuna importante nas comunicações especializadas do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro.
Chegamos com a proposta de trazer temas relevantes de forma clara, objetiva, ética e responsável, transmitindo a verdadeira essência de quem trabalha no dia a dia para produzir no campo e gerar emprego e riquezas para o Brasil.
O 100% Agro foi pensado para fincar a bandeira do agronegócio no jornalismo multiplataforma desta que é uma das maiores regiões agropecuárias do País. Por aqui, dominam a cena: HF, soja, milho, café, cana-de-açúcar, pecuária e a agroindústria, mas a região também contribui com soluções tecnológicas inovadoras.
Mas, o que seria da região sem as pessoas que fazem essa grande roda girar, no campo e nas cidades? É sobre pessoas, sustentabilidade e responsabilidade econômica, social, cultural e ambiental que falaremos nesta e nas próximas edições do jornal 100% Agro.
AGROINDÚSTRIA
Premiado, SIM é vantagem competitiva para o Alto Paranaíba
Para fomentar as atividades agropecuárias no município, a Prefeitura de São Gotardo reestruturou o Serviço de Inspeção Municipal (SIM). A iniciativa é resultado de um contrato celebrado com o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável do Alto Paranaíba (Cispar), estratégia que rendeu aos prefeitos do Consórcio a premiação “Prefeito Empreendedor”, concedida pelo Sebrae em 2022.
O Serviço possibilita a equiparação ao Serviço Brasileiro de Inspeção de Produtos de
Origem Animal (SISBI-POA) para alguns produtos. É a oportunidade para regularizar fabricantes de produtos de origem animal, abrindo novos mercados para os produtores locais.
Em São Gotardo, o laticínio Minas Cabra e o frigorífico Frisago já conquistaram o selo.
“Os primeiros resultados do SIM são uma forma de valorizar os empreendimentos locais, gerar emprego e manter no município recursos tributários anteriormente destinados ao Estado”, avalia a Prefeita Denise Oliveira. Pág. 4
Barragens garantem
irrigação, até sem chuva Pág. 2
Faemg Senar em Campo: lideranças de 36 municípios da região se reúnem em São
Gotardo Pág. 3
Alto Paranaíba está na rede da Escola Cooperativa do Brasil Pág. 8
Ano I — Edição n. 1 — São Gotardo (MG), — Março, 2023
SIM rendeu premiação do Sebrae a Prefeitos do Cispar (Foto: Ascom/Cispar)
Barragens garantem irrigação na estiagem USO DA ÁGUA
Uma das barragens do Grupo Shimada (Foto: Shimada Agronegócios)
realizar um barramento deve ser a outorga pelo uso da água, um processo que, na prática, pode ser moroso.
Hugo Shimada conta que, para a Shimada Agronegócios, o processo foi lento e caro. “Foram 6 longos anos e muito dinheiro gasto para conseguir a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental [EIA-RIMA], tendo que contratar, inclusive, levantamento arqueológico para atender as normas”.
“Os produtores devem estar unidos e trabalhar em parceria para benefício de todos, reservando água para irrigação na propriedade, garantindo, assim, a produção, emprego e renda, também na seca”
MAKOTO SEKITA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE IRRIGANTES
Como alternativa de garantia da produção agrícola, produtores do Alto Paranaíba têm recorrido à construção de barragens para armazenamento de água. Hugo Shimada, um dos mais tradicionais produtores do agro na região, conta que a família Shimada veio do Japão há 90 anos e se instalou na região de São Gotardo em 1975. A família começou produzindo café, soja e milho e, com a aquisição de equipamentos de irrigação, conseguiu aumentar a produtividade e a diversificação de culturas, passando também a produzir alho, cenoura, beterraba, repolho, batata, cebola, e outras culturas.
Com o aumento das áreas
EXPEDIENTE
Jornal 100% Agro - Ano I - Edição n. 1 - Mar, 2023
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irrigadas, houve a necessidade da construção de barragens, e de se criar a Associação dos Irrigantes do Alto Paranaíba. A entidade atua em políticas públicas, de forma conjunta, para a construção de barramentos e a utilização regular dos recursos hídricos.
Mas, nem sempre a regularização dessas obras é tão simples assim. De acordo com a advogada Cíntia Nogueira, especialista em agronegócio, para uma barragem estar dentro da legalidade, é preciso passar pelos processos de licenciamento prévio, de instalação e de operação ou, no mínimo, o licenciamento simplificado. A especialista alerta que o primeiro passo para
Pensando em agilizar e simplificar o processo, a Associação dos Irrigantes oferece suporte aos produtores no processo de planejamento e licenciamento de barragens. O produtor Makoto Sekita, Presidente da Associação, conta que, atualmente, a região já conta com 20 barragens prontas e 20 em processo de licenciamento. “Os produtores devem estar unidos e trabalhar em parceria para benefício de todos, reservando água para irrigação na propriedade, garantindo, assim, a produção, emprego e renda também na seca”, diz.
Makoto Sekita ressalta, também, a importância de trabalhar dentro da lei e de realizar a barragens de forma correta, inclusive com o reflorestamento às margens do barramento, para garantir condições para a manutenção da diversidade de fauna e flora.
Diretor de Mercado: Marcelo Gonçalves
Diretor de Tecnologia: Wanderson Nunes
Diretor Financeiro: Daniel Ribeiro
Diretor de Conteúdos e Editor: Rodolfo de Souza
Editora-assistente: Milena Caramori
Colunistas: Hélio Lemes Costa Jr., Milena Caramori e Pauliane Oliveira
FAEMG SENAR EM CAMPO
São Gotardo recebe lideranças regionais
São Gotardo sediará, no dia 30 de março, das 8h30 às 16h, no Sindicato dos Produtores Rurais: avenida Brasil, no Jardim das Flores, a terceira edição do evento “Sistema Faemg Senar em Campo”. A iniciativa é do Sindicato Rural com apoio do Sistema, e pretende reunir cerca de 500 produtores rurais, mulheres e jovens do campo, com destaque para participantes do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).
O Presidente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio Pitangui de Salvo, estará presente, ao lado do Superintendente do Senar, Christiano Nascif, além de membros da diretoria, gerentes e outros representantes do Sistema Faemg Senar. A ideia central é estreitar as relações da entidade com os produtores rurais das cidades que compõem as regionais de Patos de Minas e Uberaba.
Faemg e Senar já promoveram dois encontros do evento neste ano. O primeiro, realizado em Manhuaçu, teve como destaque a fala do Presidente Antônio Pitangui de Salvo, valorizando esse novo projeto como pilar da proposta de levar a Faemg para dentro dos sindicatos com o objetivo de fortalecê-los. “Nós entendemos que a nossa entidade, nosso setor, só será forte se toda entidade, se todo segmento estiver unido, trabalhando junto com planejamento, foco e proje-
NOTAS
PECUÁRIA: Pesquisadores da Embrapa e parceiros do campo formataram um sistema produtivo para aumentar a produtividade e reduzir o ciclo da pecuária: o Sistema Pontal. O nome é referência à Fazenda Pontal, em Nova Guarita (MT), base do experimento. O Sistema é sustentado por três pilares: integração lavoura-pecuária (ILP), manejo
tos, para que possamos continuar representando bem o nosso produtor rural que é o objetivo maior do Sistema Faemg Senar”, disse. No segundo encontro, realizado em Alfenas, 400 produtores trocaram conhecimentos e conversaram sobre os caminhos do agronegócio. Além de detalhes sobre todo o processo de atuação do Sistema Faemg Senar em favor do produtor, temas como prestação de serviços e questões ambientais, jurídicas e econômicas permearam uma mesa-redonda que foi um dos pontos altos do evento. Os participantes também conheceram todo o potencial de serviços educacionais que serão oferecidos a partir deste ano, no Centro de Excelência
de pastagens e a estação de monta invertida. Já é referência para produtores por aliar sustentabilidade com incremento de produtividade e ganhos econômicos.
FRUTAS: O plantio de árvores frutíferas para a formação de um pomar doméstico é uma boa opção para quem procura disponibilidade de alimentos saudáveis no quintal de casa. A cartilha on-line “Pomar doméstico, orientações técnicas e recomendações gerais”, disponibi-
em Cafeicultura, com sede em Varginha.
ALTO PARANAÍBA: A programação do evento de São Gotardo, no Alto Paranaíba, vai abrir espaço para debates técnicos sobre pautas sindicais, jurídicas e ambientais com especialistas do Sistema Faemg Senar. Os participantes também poderão conhecer as ações, produtos e serviços que a entidade oferece para produtores e trabalhadores rurais e suas famílias. O credenciamento será às 8h30, seguido de café, com abertura prevista para 9h30. Às 9h45, haverá uma apresentação insti- -tucional da Faemg. Em seguida, apresentação do Senar.
lizada gratuitamente pela EmaterMG, traz informações sobre como formar um pomar em casa. Traz dicas sobre abacate, abacaxi, acerola, banana, goiaba, laranja, limão, manga, maracujá e tangerina. Para baixar a cartilha, basta acessar o site da Emater-MG na aba downloads.
ALHO: As importações de alho da Argentina estão sufocando os produtores brasileiros, principalmente dos estados do sul. O presidente da Associação Nacional dos Produtores
Após o almoço, às 14h, um debate técnico abordará temas ligados às áreas ambiental, sindical e jurídica — especialmente aspectos trabalhistas e previdenciários. Às 15h30, será apresentado um relato sobre os programas e ações na região. O encerramento será às 16h.
O Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Gotardo, Rodolfo Molinari, afirma que a maior aproximação entre o Faemg, Senar e produtores é altamente positiva porque rende parcerias importantes para o segmento. “É a oportunidade de trazer a Faemg e o Senar mais pra perto de nós, por meio do Sindicato. E isso é muito benéfico”.
de Alho (Anapa), Rafael Jorge Corsino, se reuniu com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, em Brasília, para tratar do tema. Além do reforço na fiscalização, Rafael Corsino destacou a importância de prorrogar o custeio. Aliás, a concorrência do alho argentino será tema de um dos próximos episódios do podcast “100% Agro”, com o Presidente da Associação Mineira dos Produtores de Alho, Flávio Márcio da Silva.
100% Agro / Março, 2023 3
Debates e mesa-redonda foram pontos altos do evento em Alfenas (Foto: ASCOM/Faemg Senar)
MATÉRIA DE CAPA
SIM beneficia agroindústrias com certificação de produtos de origem animal
Graças ao Serviço de Inspeção Municipal (SIM), a Prefeitura de São Gotardo, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável, está promovendo a regularização de empreendimentos locais. A afirmação é da Prefeita Denise Oliveira, para quem o SIM facilita o contato entre empreendedores e a fiscalização, e traz importantes ganhos econômicos.
Implantado em 2019, pelo Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável do Alto Paranaíba (Cispar), o SIM é uma grande conquista para a região, ao estimular a regularização de estabelecimentos agroindustriais com os serviços de inspeção de leite, ovos, pescados, produtos de abelhas, como mel e própolis, além de outros produtos de origem animal e seus derivados.
Em novembro de 2022, o Cispar aderiu ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA).
Na prática, os produtos certifi-
Prefeita de São Gotardo, Denise Oliveira: SIM garante vantagem a produtos locais (Foto: ASCOM/PM São Gotardo)
cados, antes comercializados somente na área de abrangência do Consórcio, agora podem obter o selo SISBI, válido em todo o território nacional.
A iniciativa rendeu o reconhecimento do Sebrae. Em novembro de 2022, prefeitos do Cispar receberam o XI Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, em Presidente Olegário, na cate-
goria Governança Regional e Cooperação Intermunicipal.
Em São Gotardo, o Secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Dener Henrique de Castro, afirma que o município já vem recebendo solicitações para a inspeção. Castro disse, ainda, que outros empreendimentos estão em processo de análise para a concessão do Selo.
A Lei Municipal 2517/21, regulamentada pelo decreto 414/21, estabelece critérios para inspeção na fabricação de produtos de origem animal e também a segurança alimentar.
Dois empreendimentos locais já receberam o selo: o Minas Cabra, primeiro empreendimento certificado, e o Frisago: Frigorífico São Gotardo.
O Minas Cabra se apresenta como produtor de queijos artesanais feitos com leite de cabra produzido nas montanhas do Cerrado Mineiro, na cidade de São Gotardo, “pelas mãos da dona Joana”. Daniel Ribeiro, representante do Minas Cabra, explica que buscou o SIM ao perceber que seus produtos poderiam alcançar novos mercados, que exigem certificação. Atualmente a empresa produz leite, queijos e matrizes de alta genética, e já teve produtos premiados por uma escola francesa, em 2022. “Estamos gerando empregos e inovando na criação de novos queijos, levando o nome de São Gotardo para outros palcos”, conclui.
SIM facilita a vida do produtor, diz especialista
Inspeção rigorosa é garantia de diferencial para o consumidor final (Foto: ASCOM/Cispar)
É importante divulgar que São Gotardo já dispõe do Serviço de Inspeção Municipal. A afirmação é do Coordenador do Serviço de Inspeção Municipal, médico veterinário Pedro Pinheiro, para quem a região só tem a ganhar. “Com o produto regularizado, há diversos benefícios: maior área de abrangência do comércio, o que agrega valor ao produto, oferecendo maior rentabilidade para quem vende e para o consumidor.
Temos produtos alimentícios mais seguros e de melhor qualidade. E isso ainda gera receita para o município, promovendo o desenvolvimento local”, diz.
O especialista explica que,
com um registro menos burocrático em relação aos serviços estadual e federal, o produtor é atendido com mais agilidade sem a necessidade de se deslocar para fora da cidade. “Muitas vezes, o produtor tenta se registrar em outras esferas e não consegue.
Quando se fala em burocracia, muitas vezes não tem a ver com a quantidade de documentos exigidos. É que a análise do projeto fica mais rápida. O contato mais próximo confere maior agilidade ao processo”, explica.
NOVIDADE – Em breve, a região poderá contar com o Serviço de Inspeção de Produtos de Origem
Vegetal (SINCOV) que, até o momento, não foi descentralizado, mas já foi editada a legislação que permitirá aos municípios oferecerem o serviço. No começo, espera-se realizar registros de agroindústrias de polpa e sucos de fruta, se estendendo para a classificação de grãos e outros ramos da agroindústria vegetal.
Fazem parte do Consórcio do Serviço de Inspeção Municipal do CISPAR os municípios de João Pinheiro, Presidente Olegário, Guimarânia, Patrocí-nio, Cruzeiro da Fortaleza, Serra do Salitre, Coromandel, Carmo do Paranaíba, Arapuá, São Gonçalo do Abaeté e Paracatu.
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Herança de Minas, herança de família
NATÁLIA PERSI FARIA, JORNALISTA
Jornalista renomado e apreciador da natureza, Demóstenes Romano Filho, que em meados dos anos 90 morava em Belo Horizonte mas mantinha a Fazenda Boi Parido, em Oliveira/MG, teve a ideia de produzir cachaça após um encontro com Roberto Rodrigues, ex-Ministro da Agricultura. Acatar o desafio do amigo foi fácil, uma vez que Demóstenes e sua esposa Beatriz também eram grandes apreciadores de uma boa cachaça.
De valores familiares muito sólidos, o casal se preocupou com cada etapa da criação da cachaça da família, focados em produzir um produto ético, que respeitasse a ter-
uma forte bagagem cultural e considerada uma herança do povo mineiro, a bebida ainda era associada à marginalidade ou à exageros. Produzir e disseminar uma cachaça para o bem foi, desde o primeiro momento, uma missão. Assim, nasceu a Cachaça da Fazenda Boi Parido, um aguardente de altíssima qualidade, amadurecido em barris de carvalho e fortemente enraizado aos valores da família Romano.
Seu curioso nome chamou atenção e fez fãs em todo país. De produção artesanal, foi vendida e divulgada pelos próprios consumidores. Ganhou um rótulo robusto, rústico como o seu
Valores familiares sólidos estão na origem da Cachaça Boi Parido (Foto: Acervo da Empresa)
que a cachaça, mas toda uma experiência sensorial, adicionando à bebida um saquinho de juta que envolvia um copinho de bambu para o consumo de
Completando 30 anos em 2023, a Cachaça da Fazenda Boi Parido caminha para novos desafios, agora sob a tutela dos sucessores Bené e Gabriel
100% Agro / Março, 2023 5 TRADIÇÃO
Oportunidades de captação de investimentos no agro
PAULIANE OLIVEIRA, ADVOGADA. SÓCIA
COFUNDADORA
DA SANTOLIVEIRA ADVOGADOS.
COMUNICADORA NO AGRO
Dados sobre financiamento pela via privada especialmente ligados a títulos verdes, sociais e afins, apresentam expectativa de atingir, até 2030, o montante de US$163 bilhões, segundo a Climate Bonds Initiative (CBI), no artigo “Mercado brasileiro de títulos verdes bate a marca dos 9 bilhões de dólares”, publicado por Luiza Mello, no site Climate Bonds, em junho de 2021.
Já as operações no mercado de crédito de carbono poderão atingir US$100 bilhões em 2030, de acordo com a Câmara de Comércio Internacional (ICC). A informação foi publicada pelo site Valor Econômico em outubro de 2021, sob o título “Brasil pode gerar re-
ceita de US$100 bi com créditos de carbono até 2030, diz ICC”.
Diante disso, é muito importante considerar a percepção ESG (environmental, social and corporate governance) e de como o Brasil tem aproveitado para amadurecer o conceito que perpassa pela visão global sobre todos os impactos positivos e negativos das atividades econômicas, especialmente para as externalidades ambientais, sociais e morais, avaliando riscos financeiros, reputacionais, operacionais, sistêmicos, de mercado, de crédito, sustentabilidade do negócio no longo prazo e legais.
Para aproveitar todo o potencial do agronegócio brasileiro em receber esses investimentos, é necessário disseminar e democratizar o conhecimento das possíveis partes interessadas sobre gestão, governança e boas práticas, as quais são imprescindíveis para acessar o mercado de capitais ou mesmo fazer uma emissão rotulada/temática.
O momento global é de pro-
Em novembro de 2021, Presidente do Banco Central, Campos Neto, falou de títulos verdes no seminário “Agronegócio Sustentável no Brasil”, em Portugal (Foto: Ag. Brasil)
cura por investimentos verdes, iniciativas que viabilizem o clima, que nos direcionem para uma transição rumo a uma economia verde e de perceber essa oportunidade em um país com o potencial de produção sustentável como o Brasil é o mesmo que alguém que tem muita sede encontrar uma fonte de água para beber.
O que se faz necessário pelo Brasil e pelos agentes das cadeias produtivas do agronegócio é ter esse ponto de vista, é enxergar no desafio, a oportunidade e, no anseio global, o mote para o desenvolvimento dos projetos que irão alavancar o Sistema Privado de Financiamento da produção agrícola sustentável no Brasil.
ARTIGO
Empresário analisa cenário regional de startups
Em geral utilizam tecnologia como base para as suas operações. “Nem toda empresa digital é uma startup e nem toda startup precisa ser uma empresa digital”, explica Duarte. “Temos empresas que simplesmente seguem utilizando processos já existentes e outras, que trazem soluções mais inovadoras e disruptivas. São produtos fora do padrão, que trazem uma nova forma de entregar produtos ou serviços. Isto basta para caracterizar essas empresas como startups”.
Uma das características das startups é que seus produtos sejam escaláveis. Depois de testados e validados, esses produtos conquistam mercados e geram grande faturamento para essas empresas. “Elas conseguem vender mais sem precisar aumentar a sua operação e seus custos”.
Os segmentos em que atuam acabam por dar diferentes identidades a essas startups. No caso do agronegócio, são as agritechs ou agtechs.
Uma startup cria, entrega, captura valor e gera dinheiro. Basicamente, há empresas que entregam direto para o consumidor final (B2C) e empresas que atendem outras empresas (B2B).
Recentemente, o empresário Leandro Duarte, CEO da Difere Energia, de São Gotardo, gravou entrevista para o podcast “‘100% Agro” falando sobre disrupção no agronegócio. O episódio é uma verdadeira aula sobre inovação, tratando de startups, notadamente as startups do agronegócio. O episódio estará disponível em breve.
As startups são empresas que atuam em diferentes áreas e mercados.
O termo startup surgiu no Vale do Silício, região de alta concentração de empresas de tecnologia, nos Estados Unidos. Nos anos 1990, época conhecida pelo fenômeno “Bolha da Internet”, foram criadas pequenas empresas que cresceram muito e hoje são as famosas big techs. “Essas empresas, como Google, Tesla e Facebook, tinham enorme potencial, mas não sabiam onde iriam chegar. Hoje, elas dominam o mercado”, lembra Duarte.
Em São Gotardo, existem exemplos isolados de startups, inclusive a própria Difere, que trabalha com energia fotovoltaica. Mas, Duarte lamenta a inexistência de um hub: um espaço onde empresas de inovação e tecnologia possam ter acesso a contatos, investidores, mentores e fornecedores, onde seus projetos ganhem visibilidade. Hubs assim existem, por exemplo, dentro da Universidade Federal de Viçosa, campus Rio Paranaíba, e em Patos de Minas.
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TECNOLOGIA NO AGRO
Equipe da Difere atuando com tecnologia no agro do Alto Paranaíba (Foto: Difere)
COOPERATIVISMO
Alto Paranaíba tem unidade da primeira escola cooperativa de líderes para o agronegócio
Henrique Zaparoli
No segundo semestre de 2022 um grupo de produtores de diversas regiões do Brasil, pautados pela construção de uma cultura de melhoria contínua e de desenvolvimento das pessoas dentro dos seus próprios negócios, se reuniu para criar a Cooperativa Terra Ideal. A proposta é ser um núcleo de aprendizado para pessoas do agro desenvolverem habilidades gerenciais e de liderança com um ensino prático e aplicado.
A cooperativa começa suas atividades contando com a participação de 18 cooperados, entre pessoas físicas e grandes empresas produtoras de alimentos em São Paulo, Minas Gerais e Brasília, trazendo para esse movimento uma representatividade de diferentes realidades da produ-
ção do país.
Entre os signatários da proposta está o grupo Sekita, de São Gotardo. A adesão da empresa foi assinada no dia 27 de outubro de 2022, em Piracicaba (SP), por Henrique Zaparoli Marques (Presidente da Cooperativa Terra Ideal, Felipe Zumkeler (Gestor e um dos idealizadores da Co-operativa), Dayane Aparecida Santos (Comunicação da Cooperativa), e pelos executivos do Grupo Sekita: Makoto Sekita (Presidente do Conselho Administrativo), Eduardo Sekita (Diretor Executivo), Fernando Sekita (Diretor Agrícola), Ana Paula Sekita (Membro do Conselho Administrativo) e Ana Flávia Veronezzi (Diretora de Gestão de Pessoas).
A primeira iniciativa da cooperativa foi a criação da Escola Cooperativa Terra Lean, dedicada aos gestores de negócios agrícolas, com campus em São Gotardo, Brasília (DF), Holambra (SP) e Ibiúna (SP).
Em novembro de 2022, ocorreu a Assembleia Geral de Constituição, com participações de cooperados e produtores agrícolas envolvidos na concepção e construção da iniciativa.
A Escola vai levar conhecimento
e prática de gestão a fazendas de todo o Brasil, difundindo um modelo de gestão diferenciado, com formas assertivas de resolver problemas e de conduzir projetos, por meio de gestão visual e metodologias ágeis. Com isso, é possível ao participante avaliar a performance do próprio negócio.
Os programas de formação e projetos acontecem “in loco”, nas fazendas dos cooperados, abordando assuntos como: gestão do dia a dia das operações agrícolas, liderança de equipe e comunicação, melhoria e padronização de processos, métodos de capacitação de pessoas e planejamento de projetos agrícolas. “O fato de estarmos onde as coisas acontecem contribui muito para o ensino-aprendizado, e possibilitou a utilização de uma metodologia de ensino inovadora em que o aluno aprende fazendo, e principalmente, aprende a ensinar, para que, depois, ele possa voltar para o seu negócio e multiplicar o conhecimento”, conta Henrique Zaparoli Marques.
Além dos programas de formação, a cooperativa conta com um grupo de profissionais que realizam projetos de capacitação no local de trabalho, diferente das consultorias tradicionais que vão às empresas para resolver problemas, tendo como foco o desen-
Da esquerda para a direita: Felipe Zumkeller, Ana Flávia Veronezzi, Eduardo Sekita, Henrique Zaparoli, Fernando Sekita, Ana Paula Coelho Sekita e Dayane dos Santos (Foto: Terra Lean)
volvimento de lideranças capazes de resolver os próprios problemas, gerando autonomia na criação da cultura de melhoria contínua.
Os cursos e programas utilizam como base os fundamentos do Sistema MDA, modelo de gestão baseado na filosofia lean, e que foi criado e vem sendo adaptado, nos últimos 40 anos, para a pecuária de leite, por Paulo Machado: professor titular da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) e Diretor da Clínica do Leite. Esse trabalho inovador é a inspiração e a base para a criação da Cooperativa, que busca continuar expandindo esse modelo para a produção de hortifruti e cereais.
FILOSOFIA LEAN: A filosofia lean é o modelo de gestão criado pela Toyota para produzir com mais qualidade, rapidez, facilidade e mais barato, utilizando os recursos de forma racional. “A realidade de uma indústria automobilística é bem diferente da realidade de produção agrícola. Entretanto, os resultados obtidos pelos cooperados ao longo dos anos em seus negócios mostram que essa é uma nova forma de pensar que veio para ficar e para revolucionar a agricultura no país”, conclui Felipe.
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100% Agro / Março, 2023
“... o aluno aprende fazendo, e principalmente, aprende a ensinar, para que depois ele possa voltar para o seu negócio e multiplicar o conhecimento”