uma nova luz ao centro

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Uma Nova Luz ao Centro Dualidade energia e matéria aplicada à arquitetura Trabalho final da disciplina de Projeto Arquitetônico VII do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina, Professor Rodrigo Gonçalves Patrícia Wayne Chimiti Fernandes | 14103914 2018.1


Sumário A Proposta ............................................................................................ 5 A natureza da Luz – dualidade onda-partícula ................................ 5 Teoria das Cores............................................................................... 6 A Psicologia das cores .................................................................. 7 Situação............................................................................................ 8 Caminhos ................................................................................... 10 Fontes......................................................................................... 10 Fachadas .................................................................................... 10 O Projeto ............................................................................................ 11 Os caminhos de luz ........................................................................ 11 As Fontes de Luz............................................................................. 21 Fachadas de Luz ............................................................................. 29 A história da cidade.................................................................... 31 A degradação do patrimônio ..................................................... 32 As vivências do centro ............................................................... 32 Conclusões ......................................................................................... 36 Referências......................................................................................... 37

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Lista de Figuras Figura 1: Corpo e luz ............................................................................ 6 Figura 2: A cor visível ........................................................................... 6 Figura 3: Cor pigmento e cor luz .......................................................... 7 Figura 4: O cículo cromático ................................................................ 7 Figura 5: Significado das cores ............................................................. 8 Figura 6: Mapa geral do projeto – situação ......................................... 9 Figura 7: Centro de Florianópolis à noite ........................................... 11 Figura 8: Cores do pôr do sol ............................................................. 12 Figura 9: Caminhos de luz - planta baixa ........................................... 13 Figura 10: Caminhos de luz - corte..................................................... 14 Figura 11: Caminhos de luz - detalhe 1 .............................................. 14 Figura 12: Simulação dos caminhos de luz: durante o dia de semana ........................................................................................................... 15 Figura 13 Simulação dos caminhos de luz: durante o dia de semana, o sol quase posto .................................................................................. 16 Figura 14: Simulação dos caminhos de luz: durante o dia de semana, início da noite e a nova dinâmica de luz e cores no centro ............... 17 Figura 15: Simulação dos caminhos de luz: sem o projeto implantado, como é hoje ....................................................................................... 18 Figura 16: Simulação dos caminhos de luz: com o projeto implantado ........................................................................................................... 19 Figura 17: Fontes de luz - planta baixa .............................................. 21 Figura 18: Fontes de luz - corte.......................................................... 21 Figura 19: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, dia útil à tarde ................................................................................................... 22 Figura 20: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, dia útil final da tarde ...................................................................................... 23 4

Figura 21: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, dia útil ao cair da noite – luzes da fonte acendem-se ........................................ 24 Figura 22: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, dia útil à noite - fonte de luz plenamente acesa .............................................. 25 Figura 23: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, sem o projeto implantado, como é hoje ...................................................... 26 Figura 24: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, projeto implantado......................................................................................... 27 Figura 25: Fachadas de luz definidas no projeto ............................... 29 Figura 27: Equipamentos para geração de projeções ....................... 30 Figura 28: Processo da projeção com mapeamento ......................... 30 Figura 26: Mapeamento da fachada via software ............................. 30 Figura 29: "Storyboard" sobre a história da cidade .......................... 31 Figura 30: Mapping - patrimônio histórico ........................................ 32 Figura 31: Vivências do centro de Florianópolis ................................ 32 Figura 32: Simulação das fachadas de luz: durante o dia .................. 33 Figura 33: Simulação das fachadas de luz: à noite, sem a intervenção ........................................................................................................... 34 Figura 34: Simulação das fachadas de luz: à noite, com a intervenção ........................................................................................................... 35


A Proposta

de ondas e partículas, dependendo das circunstâncias do experimento. É um tema complexo, mas entre os mais intrigantes na física.

Considerando a intervenção Luz no Parque da Luz, realizada no dia 15/05/2018, no Parque da Luz - centro da cidade de Florianópolis-SC, no qual foi retrado o sentimento de medo e abandono do centro da cidade com a possibilidade de “ressentimento”, reviravolta e novo olhar para o local, desenvolvi o plano de projeto aqui apresentado.

No nosso nível de percepção essa dualidade da luz é mais “simples” de ser percebida, enquanto da matéria é bem mais complexo a nosso nível, pois necessitaria de quantidades absurdas de energia para ser percebida por nós, sendo bem comumente captada em eventos astronômicos gigantescos em relação ao nosso planeta.

A intenção é criar novas perspectiva sobre o centro da cidade intervindo no abandono noturno do local com luz, literalmente construindo com a luz, utilizando suas propriedades duais de energia e matéria, traçar uma nova dinamicidade em vias e espaços “obscuros” da área central de Florianópolis. A proposta inclui a aproximação do olhar da cidade ao centro noturno em duas escalas, uma mais ampla, onde as fachadas cegas exercerão papel importante como suporte da intervenção, a outra é a nível do pedestre, em vias que ficam ermas ao escurecer, dada a falta de moradias que esvaziam o centro após o horário comercial.

A natureza da Luz – dualidade onda-partícula

Na história da luz a corda de guerra entre a sua natureza dual foi bastante acirrada até o século XX, quando m 1905 (o ano do milagre), Albert Einstein publicou seu artigo explicando o efeito fotoelétrico, que propôs que a luz viaja em pacotes discretos de energia, os quanta. A energia contida dentro de um fóton estava relacionada com a frequência da luz. Esta teoria veio a ser conhecida como a teoria do fóton de luz (embora a palavra fóton não foi inventado até anos mais tarde).

"A Luz funciona como uma partícula e uma onda, dependendo da forma como o ensaio é conduzido e quando são feitas as observações." Albert Einstein

O princípio da dualidade onda-partícula vem da física quântica, que afirma que matéria e luz exibem os comportamentos 5


Assim como a luz possui sua dupla natureza: ora comporta-se como onda dissipando sua energia luminosa infinita, ora comportase como matéria ocupando “lugar” no espaço e rompe-se na matéria bruta e pesada; assim também o somos: energia vital e única em um corpo físico que ocupa lugar no espaço e relaciona-se com seu entorno em uma dinâmica de troca.

através da luz que atinge a superfície e é refletida por ela com a frequência de onda correspondente. A visibilidade das cores está ligada ao fenômeno ondulatório da luz. Cada cor é percebida por nossos olhos e processada em nosso cérebro pela diferenciação das frequências que cada cor visível possui. Fisicamente, a luz branca contem todas as frequências de luz possíveis e a luz negra nenhuma. Ao projetarmos uma luz branca em uma superfície monocromática, apenas a cor da superfície será refletida na forma de luz e poderá ser percebida pelo humano. Ou seja, a cor que vemos em uma superfície está diretamente ligada à conformação da luz que incide sobre ela. Quanto mais pura de uma certa frequência for a luz, mais restrita será perspectiva de cor possível de ser vista por nossos olhos, e ao contrário, quanto mais próxima da luz branca for o raio incidente maior as possibilidades de visão completa das cores da superfície.

Figura 1: Corpo e luz Fonte: https://www.unisa.edu.au/Business-community/Samstag-Museum/Current-Exhibitions/Pastexhibitions/2009/19022009-Lynette-Wallworth-Duality-of-Light/

Teoria das Cores

Cores são parte intrínseca do nosso dia a dia, postas sobre todas e qualquer superfícies materiais, percebidas por nossos olhos

Figura 2: A cor visível Fonte: http://www.citruscollege.edu/lc/archive/biology/Pages/Chapter06-Rabitoy.aspx

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É importante diferenciar aqui a cor luz e a cor pigmento. Simplificadamente a cor luz é a encontrada nos objetos que emitem luz, como sol, monitores, lanternas, televisão, já a cor pigmento é a cor das tintas que cobrem as superfícies ou estão contidas nos pigmentos biológicos que conferem as cores dos seres e objetos naturais.

peso. Ela é uma cor inquietante e que lida com os nossos sentimentos mais instintivos, estando presente em situações de perigo na forma do sangue e do fogo. É o clássico exemplo das placas de PARE que precisam ser enxergadas com urgência, refletindo o perigo de seguir em frente.

Figura 3: Cor pigmento e cor luz Fonte: http://www.graficarocha.com.br/significado-das-cores/

A Psicologia das cores Figura 4: O círculo cromático

Cada matiz tem um comprimento de onda específico e assim ao ser captado por nossos olhos eles têm uma reação em nossa mente. As cores tem peso, movimento e forma baseados nesses comprimentos, isso somado à construção simbólica em torno das cores, gera significados inconscientes conhecido como “psicologia das cores”. O maior comprimento de onda é da matiz VERMELHA, fazendo dessa cor a mais instável tanto em forma, movimento e

Fonte: http://www.graficarocha.com.br/significado-das-cores/

A matiz complementar ao vermelho é o VERDE, fazendo suas características simbólicas serem opostas. Sendo assim, é a matiz cromática de maior estabilidade, traz equilíbrio e saúde. O contato com a natureza causa tranquilidade, mas nunca pensamos que é por conta da cor verde predominante nas plantas. Mas apesar de sua estabilidade, o verde não é uma matiz NEUTRA, atributo que apenas os tons de cinza contemplam. 7


Com um comprimento de onda entre o vermelho e o verde, está o AMARELO. É uma matiz de movimento expansivo, peso leve e dá sensação de proximidade. Ainda com o calor do vermelho, mas sem toda a sua agressividade, a matiz amarela é alegre e otimista. Está bastante presente em materiais para crianças e famílias. Já a matiz complementar do amarelo é o AZUL, tendo características opostas. Sua onda está entre as menores (mas não é a menor), dando à essa cor propriedade de introspectiva e pesada, simbolizando seriedade, profundidade e confiança. Está bastante presente em identidades visuais de empresas familiares e de tecnologia.

Figura 5: Significado das cores Fonte: http://www.graficarocha.com.br/significado-das-cores/

Situação A proposta deste projeto, como já dito antes, pretende atrair um novo olhar ao centro de Florianópolis-SC, a partir da intervenção 8

semente realizada anteriormente – Luz no Parque da Luz (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=1NttfM1qJ34&t=45s ) – a ideia é contrapor o sentimento de medo e vazio que o centro emana em suas noites com o da luz e das cores. Na escala da cidade várias projeções luminosas nas fachadas cegas das edificações mais altas voltadas para sul e sudoeste principalmente serão realizadas e na escala do pedestre a luz será usada para delinear caminhos e para criar dinamicidade ao olhar de quem atravessar seus caminhos mais devolutos com cores e formas construídas pela luz. As vias contempladas no projeto são: Francisco Tolentino Conselheiro Mafra Marechal Guilherme Bento Gonçalves Pedro Ivo Sete de Setembro Álvaro de Carvalho Jerônimo Coelho Deodoro Trajano Tiradentes Victor Meireles Fernando Machado Saldanha Marinho Nunes Machado Ratcliff General Bittencourt


Figura 6: Mapa geral do projeto – situação Fonte: imagem Google Earth, traçados a autora

As fontes de luz acontecerão: No trecho da Rua Francisco Tolentino e Conselheiro Mafra Largo da Alfândega

Praça Fernando Machado Trecho da Rua Victor Meireles e João Pinto E as fachadas de luz estão indicadas na figura 6 acima. 9


Caminhos A escolha das vias dos caminhos de luz está principalmente relacionada à falta de vivacidade noturna nestas vias, que ficam completamente desertas após o horário comercial, ao cair da noite. A luz e as cores procuram nestes trechos conformar espaços e efeitos, com o uso significativo das cores, alteradas ou interferidas por carros e pessoas que as atravessem ao passar. Fontes As fontes de luz já possuem uma característica diferente e por isso serão localizadas em espaços abertos, com a possibilidade, principalmente de confluências humanas à pé. Essas fontes conferirão uma interação com o espaço e com os usuários dele bem

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diferenciada dos caminhos de luz. Posicionadas em espaços abertos estrategicamente escolhidos e mostrados na figura 6, serão agrupamentos de pequenos pontos de luz projetados em direção ao céu, cujos fachos somente serão percebidos ao serem interceptados pelas pessoas, vegetação ou fachadas em seus caminhos. Fachadas Na escala da cidade, com o intuito de atrair o olhar de todos, projeções de luz acontecerão nas fachadas cegas, que estão de costas para cidade e são abundantes no nosso centro. As projeções pretendem serem lúdicas, educativas e significativas, relacionadas à história e vivências do centro.


O Projeto

Como apresentado na apresentação, o projeto baseia-se na conformação dual da luz, construindo efeitos e sentimentos a partir da percepção do olhar humano em relação às luzes e cores aplicado a uma resignificação do centro de Florianópolis. A ideia é contrapor o sentimento de medo e o abandono do centro, atraindo o olhar da cidade para ele, seja na sua escala mais humana, seja na escala da cidade. Figura 7: Centro de Florianópolis à noite

Os caminhos de luz A grande maioria das vias da área central da cidade, como ocorre com a grande maioria das cidades do mundo, ficam vazias após o horário comercial, muito em função da falta de moradias e de atividades noturnas que deem vivacidade nesse período do dia a ele. Nesse trabalho procuro dar um contraponto da monotonia que abraça o centro noturno de Florianópolis

Fonte: https://www.change.org/p/salvem-a-noite-e-o-centro-de-florian%C3%B3polis-contra-o-fechamento-de-casas-noturnas

À medida que a noite cai e o comércio fecha e o movimento do centro se altera. Primeiro entram os garis e caminhões de lixo recolhendo os rejeitos diários produzidos pelas lojas e restaurantes; os garis concorrem com as pessoas de situação de rua que buscam no lixo itens que possam servi-lhes e alimentos que possam comer. Em seguida começam a abrir as casas noturnas e meretrícios remanescentes, pois até estes já não são mais em grande número dado o esvaziamento da área, assim um novo público chega a pontos específicos e ocupam suas imediações por algum par de horas nas noites dos finais de semana, principalmente.

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A monotonia solitária de suas ruas ficam assim relacionadas à ida do sol para alem do horizonte, isso fez-me associar as cores do pôr do sol à intervenção corpo luz da vias adjacentes e abandonadas do centro da cidade. As cores são: Azul escuro Azul claro Amarelo Laranja Magenta

Interessante observar como essas cores são praticamente todas associadas a sentimentos e sensações de calma e de transformação. Algumas cores são análogas e outras são opostas no círculo cromático, conferindo a harmonia assim como a dinamicidade que gostaria de impor aos trechos das vias nas quais o projeto pretende atrair o olhar e modificar a atmosfera de medo e solidão. Arquitetonicamente o projeto prevê a instalação nos meio fios dos trechos indicados na figura 6 de spots de luz, com lâmpadas halógenas de LED tipo par 20 e seladas contra entrada de líquidos, dispostas alternadamente simulando a sequência das cores do pôr do sol, como indicadas ao lado, ao longo de todos os trechos marcados.

Figura 8: Cores do pôr do sol Fonte: https://veja.abril.com.br/blog/modo-aviao/os-melhores-lugares-do-mundo-para-ver-o-por-do-sol/

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A distância entre os spots é de 1,5 m, colocados em ambos os lados da via de tal forma a conformar um “tapete”de luz que se projeta na via dos carros e nas calçadas, e levemente nas fachadas, cansando interrupção de facho apenas na passagem de um veículo ou pessoa.


Figura 9: Caminhos de luz - planta baixa

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Figura 10: Caminhos de luz - corte

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Figura 11: Caminhos de luz - detalhe 1


Figura 12: Simulação dos caminhos de luz: durante o dia de semana

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Figura 13 Simulação dos caminhos de luz: durante o dia de semana, o sol quase posto

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Figura 14: Simulação dos caminhos de luz: durante o dia de semana, início da noite e a nova dinâmica de luz e cores no centro

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Figura 15: Simulação dos caminhos de luz: sem o projeto implantado, como é hoje

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Figura 16: Simulação dos caminhos de luz: com o projeto implantado

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As Fontes de Luz Muitos trechos do centro de Florianópolis são calçadões, vias que ficam fechadas a veículos ou são compartilhadas com os pedestres. Nestas áreas a conformação da luz seria diferente dos caminhos de luz, ao invés de formar um “tapete” as fontes são pontos instalados ao centro dos espaços, propositadamente colocados na confluência da passagem das pessoas pelo local. Exatamente como os spots instalados nos meio fios, estes serão em lâmpadas halógenas de LED, porém par 38, com maior potência que a dos caminhos de luz.

Figura 17: Fontes de luz - planta baixa

As cores das luzes também serão diferentes, aqui tomei partido das características do comportamento cor luz, usando apenas as três cores RGB – vermelho, verde e azul – que quando misturadas ficam com a tonalidade branca. Assim na sua base a fonte mostras as cores separadas, as quais vão se misturando com a altura. Figura 18: Fontes de luz - corte

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Figura 19: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, dia útil à tarde

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Figura 20: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, dia útil final da tarde

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Figura 21: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, dia útil ao cair da noite – luzes da fonte acendem-se

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Figura 22: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, dia útil à noite - fonte de luz plenamente acesa

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Figura 23: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, sem o projeto implantado, como é hoje

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Figura 24: Simulação das fontes de luz: Largo da Alfândega, projeto implantado

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Fachadas de Luz Agora chego ao ponto do projeto onde o foco é trazer para o centro o olhar “estrangeiro” a ele, o olhar de quem estiver às cercanias do centro histórico e se vê atraído por projeções em gigantescas telas em branco – as fachadas cegas dos altos edifícios construídos nas últimas décadas na área central de Florianópolis. Assim como na intervenção Luz no Parque da Luz, essa faceta do projeto não pretende interferir física e diretamente na dinâmica corpórea do usuário do local, mas sim sensibilizar e construir um novo sentimento por nosso centro, abandonado e morto em suas noites. Algumas fachadas foram selecionadas, de acordo com seu posicionamento estratégico, que fossem bastante visíveis por quem: chega à ilha de Santa Catarina pela ponte Pedro Ivo Campos; vem do sul da ilha para o centro ou norte, seja pela Rua Silva Jardim ou pelo túnel Antonieta de Barros; e quem trafega ou caminha pelas Av.Paulo Fontes e Av. Governador Gustavo Richard.

Figura 25: Fachadas de luz definidas no projeto

A técnica utilizada para a realização das projeções chama-se “Video Mapping” ou mapeamento de vídeo. Nela são utilizados equipamentos de alto processamento para a geração das animações projetadas, bem como toda uma estrutura para as projeções, com potentes projetores precisamente posicionados. Todas as fachadas definidas para a projeção estão indicadas na figura 6. Após serem definidas as fachadas, tecnicamente seria necessário um mapeamento extremamente preciso delas – daí vem o nome da técnica – para que possa haver a programação das projeções.

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Na figura 27 abaixo é possível ter uma ideia de como o mapeamento da fachada é realizado, de tal maneira que as imagens projetadas não se deformem ao serem interceptadas pela edificação, dando um efeito realístico e impactante dele.

Figura 27: Equipamentos para geração de projeções Fonte: https://madmapper.com/

Figura 26: Mapeamento da fachada via software Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=2qiWtxOdKOg&feature=youtu.be

Muitos equipamentos são necessários para configurar e programar os efeitos da projeção, e requerem profissionais especializados. Muitas pessoas acabam se envolvendo no processo, desde os criadores da narrativa até montadores das estruturas necessárias à colocação dos equipamentos, e algumas vezes de ajustes das fachadas para que as imagens não fiquem demasiadamente deformadas. 30

Figura 28: Processo da projeção com mapeamento Fonte: http://projection-mapping.org/what-is-projection-mapping/


A história da cidade Ao final costumam serem intervenções muito artísticas, apesar de realizadas para diversas finalidades. Aqui neste projeto a intenção é sensibilizar, atrair e, quem sabe, levar a reflexões a cerca do papel do centro em nossas vidas e na dinâmica da cidade toda. Para as projeções no centro de Florianópolis estão definidas três linhas de narrativas:

Contar em imagens e vídeos momentos marcantes da história de Florianópolis busca relembrar fatos e locais importantes da cidade. Na forma de microdocumentários mudos, esses fatos tentarão dar luz a locais significantes do centro que tiveram papel relevante na constituição do centro e de toda a cidade.

A história da cidade A degradação do patrimônio As vivências do centro

Figura 29: "Storyboard" sobre a história da cidade

“Sua arquitetura é quase toda de época, Impressiona os que passeiam por lá. Visão de um tempo que estacionou, Provocando inconfundível admirar...” Djalma CMF 31


A degradação do patrimônio Como pôsteres de serviço ao patrimônio arquitetônico e cultural, esta linha de projeções já assume uma postura mais crítica, onde situações de desvirtuação do uso ou destruição do patrimônio da cidade sejam focados. O objetivo é despertar a consciência de que a cidade é nossa, que o centro é nosso, e que devemos todos cuidar dele.

As vivências do centro Valorização das vivências do centro seria a mais importante tônica das fachadas de luz. Vídeos, dinâmicas, imagens estáticas, jograis e tudo o mais que mostre a todos que o centro é muito mais que comércio e trabalho, que existem muitas atividades que acontecem sem a maioria das pessoas saberem.

Figura 30: Mapping - patrimônio histórico Fonte: http://median.newmediacaucus.org/summer-2011-v-07-n-01-under-fire-3d-animation-pedagogy-3dprojection-mapping-and-its-impact-on-media-architecture-in-contemporary-and-future-urban-spaces/

Nestes mapeamentos a ideia não a é de projetar imagens literais das edificações e lugares históricos, mas sim imagens impactantes e animações que demonstrem o quanto somos responsáveis pela nossa história.

Figura 31: Vivências do centro de Florianópolis

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Figura 32: Simulação das fachadas de luz: durante o dia

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Figura 33: Simulação das fachadas de luz: à noite, sem a intervenção

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Figura 34: Simulação das fachadas de luz: à noite, com a intervenção

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Conclusões

Após um longo processo de apropriação dos conceitos da corpografia da cidade, entendimento e reconhecimento do centro da cidade de Florianópolis, apreendi certa nuances que nunca antes havia denotado durante o ensino de Arquitetura: conhecer e sentir antes de intervir, e mais, ter muito cuidado para não destruir algo que já permeie e enriqueça o local. Foi uma questão de sensibilização e de “recompreenção” do nosso centro. Deriva, visitas e muita observação fizeram parte do processo e subsidiaram as premissas do projeto aqui apresentado, o qual passou primeiramente por uma escala menor, mais intuitiva e introspectiva, que gerou a atenção ao centro noturno, vazio e amedrontador. A luz, e a falta dela, foram a tônica do projeto. Entendendo luz do seu ponto de vista literal e simbólico, energético e físico; construindo sensações ao mesmo tempo em que são conformados espaços. A ideia é atrair uma nova visão, nova perspectiva, sobre o centro noturno, dinamizado por cores e formas criadas com a luz. Com significados contidos nas formas e nas cores utilizadas, a luz foi o material da concretização do projeto.

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Referências

CARONIA, Anthony. Florianópolis, História e Arquitetura. Ed. Escrituras. São Paulo. 2012. Cidade de Florianópolis. https://www.pensador.com/cidade_de_ florianopolis/, acessado em 29 junho de 2018. How to make 3d video mapping projection. https://limeartgroup.com/make-3d-video-mapping-projection/. Acessado em 20 junho de 2018. STARMER, Anna. The Color Scheme Bible – Inspirational palettes for designing home interiors. Ed. Firefly Books. Ontario. 2012. TextMachine 3D - Projection Mapping and Masking. https://www.youtube.com/watch?v=2qiWtxOdKOg&feature=youtu.be. Acessado em 18 junho de 2018.

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