UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLร GICO - ARQUITETURA E URBANISMO Prof. Rodrigo GonรงalvesBANISMO
ATELIร P7
Aluna Luiza Costa Laus
O bairro Centro, na cidade de Florianópolis, Ê constantemente o foco de diversos projetos urbanos, arquitetônicos, debates e intervençþes urbanas, impulsionados por uma sÊrie de problemåticas que contrastam com sua importância histórica, comercial, institucional e por suas heterogeneidades culturais e humanas.
FLORIANĂ“POLIS
A ĂĄrea foi o ponto de partida para as primeiras ocupaçþes na Ilha de FlorianĂłpolis, e historicamente o berço de edificaçþes de grande importância para a população, hoje patrimĂ´nios histĂłricos, tais como o Mercado PĂşblico, Casa da Alfândega, PalĂĄcio Cruz e Sousa, Praça XV, o Hospital Imperial de Caridade, a Catedral Metropolitana de FlorianĂłpolis, entre outros, que marcaram a forte atração da rotina popular com o mar, com uma inteira vida urbana voltada ao mesmo. Entretanto, tais marcos municipais tornaram-se apenas cenĂĄrio para as diversas alteraçþes territoriais que distorcem as relaçþes entre terra e mar. Os aterros, voltados para o vazio asfaltado, com imensas edificaçþes (como a RodoviĂĄria Rita Maria) cercadas por vias para veĂculos, distanciam as pessoas do bem popular: o espaço pĂşblico. Nesse contexto, o Centro tornou-se temĂĄtica principal para a disciplina de Projeto ArquitetĂ´nico VII, como ĂĄrea destinada Ă s intervençþes urbanas e posteriores propostas projetuais.
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No inĂcio da disciplina, a turma experimentou o que discutimos em sala: a deriva. Transitamos em grupos ao longo da ĂĄrea de estudo, em busca de “tesourosâ€? para a nossa caçada. Com o propĂłsito de nos instigar a observar alĂŠm, precisĂĄvamos fotografar cenas especĂficas que se encaixavam com os “desafiosâ€?. Entretanto, pessoalmente, senti que minha experiĂŞncia foi comprometida pela busca, pois os olhos que tanto buscavam algo em especĂfico deixavam passar o restante. Outro ponto que comprometeu a experiĂŞncia foi que a busca pelas fotografias na maioria das vezes levava a objetos inanimados, enquanto isso a dança dos corpos no meio urbano foi deixada de lado. Creio que seria mais interessante se a deriva nos instigasse a observar pessoas e a caçar histĂłrias, comentĂĄrios, depoimentos e vivĂŞncias alheias, mesmo se tais experiĂŞncia estivesse tambĂŠm destinada Ă s intervençþes.
Anterior a uma proposição de projeto, planejamos uma intervenção no bairro que posteriormente seria a inspiração para um projeto. Tendo em vista os contrastes no bairro e a negligĂŞncia com o passado, foi instintiva a proposta voltada para “janelas do tempoâ€?: molduras em madeira cuja “telaâ€? transparente apresenta uma ilustração que se sobrepĂľe a paisagem do Centro. Com breves informativos e conversas com os interessados, questionamos sobre a ausĂŞncia dos espaços pĂşblicos e da ĂĄgua na rotina da população, que cedeu espaço para carros. Dentre os locais escolhidos para as janelas temos: a via de pedestres que corta a Avenida Paulo Fontes e a face do Mercado PĂşblico voltada para o aterro e TICEN. Infelizmente nossa expectativa sobre o sucesso em entrar em contato com vĂĄrias pessoas e discutir a respeito da vivĂŞncia do Centro nĂŁo se concretizou. Entretanto a experiĂŞncia foi enriquecedora para nossa visĂŁo de mundo a respeito do nosso lugar e, por mais clichĂŞ que possa soar, sobre nossa pequinĂŞs diante as vĂĄrias rotinas ininterruptas.
Apesar de ter sido feito em dupla, cada membro teve uma interpretação diferente a respeito do que a intervenção signiďŹ cou para si. Pessoalmente a experiĂŞncia destacou para mim a carĂŞncia por espaços pĂşblicos com o frescor que a proximidade com a ĂĄgua providenciava. Enquanto isso, minha dupla destacou a ausĂŞncia da arte e um espaço fĂsico para a celebrar.
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CamelĂłdromo
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Mercado PĂşblico
TICEN
Largo da Alfândega (projeto público em execução)
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Formação viåria conflituosa que persiste do antigo local de Terminal de ônibus.
ConexĂŁo entre interesses que pertence aos veĂculos.
Passagem de pedestres no meio da Av. Paulo Fontes.
Ă rea sem uso ao lado do TICEN.
„ O presente projeto foi desenvolvido não somente com base nas discussþes tidas em sala ou sobre a intervenção, mas tambÊm com base em experiências e inquietaçþes pessoais anteriores a disciplina, que envolviam um percurso rotineiro pela Avenida Paulo Fontes, entre o TICEN e Praça XV. Tais inquietaçþes eram a respeito da ausência de coberturas para a proteção contra o sol e a falta de pontos de interesse sobre o passeio de pedestres, que alÊm de ser o trecho mais curto para alcançar a Praça XV, ele tambÊm evitava desvios desnecessårios.
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Â… Â… AlĂŠm das vantagens para a saĂşde fĂsica e mental que a prĂĄtica de esportes traz Ă s pessoas, o Skate se apresenta como um dos poucos altamente adaptĂĄvel ao meio urbano, pela viabilidade de se “encaixarâ€? nos diversos espaços e ser adequado como transporte em ĂĄreas planas. A prĂĄtica, que estimula muita perseverança pela superação de dores e limites, ĂŠ uma dança de corpos que atrai diferentes gĂŞneros e idades, com crescente popularidade em FlorianĂłpolis, apesar da carĂŞncia por espaços de fĂĄcil acesso. Por tais razĂľes, tendo em vista um pequeno espaço sem uso ao lado do TICEN, alĂŠm do grande fluxo de jovens por motivos estudantis e trabalhistas no Centro, optou-se pela implantação de uma praça de skate na ĂĄrea.
A existĂŞncia da Praça XV no coração do Centro de FlorianĂłpolis ĂŠ nĂŁo apenas um marco visual e histĂłrico, mas uma resistĂŞncia climĂĄtica ao meio de uma grande ilha de calor que se forma no bairro. Infelizmente polĂticas de arborização urbana nĂŁo se fazem comuns na cidade, mesmo em locais tĂŁo prĂłximo da praça, como o passeio de pedestres da Avenida Paulo Fontes. AlĂŠm de promover a sombra, arborização melhora a qualidade do ar a ser respirado e promove mĂĄscaras visuais e auditivas, tendo em vista a passagem intensa de veĂculos. NĂŁo hĂĄ ĂĄrea suficiente para criar uma massa arbĂłrea que amenize realmente os ruidos, mas uma “mĂĄscaraâ€? ĂŠ capaz de desviar focos.
Inspirado no palco existente prĂłximo ao Largo da Alfândega, tenho o objetivo de promover mobiliĂĄrio para apresentaçþes pĂşblicas independentes, com o propĂłsito de nĂŁo prender a cultura em edificaçþes no interior do Centro, mas que ela estivesse na rotina de cada um que passasse pelo local. Ao considerar a nĂŁo periodicidade dos artistas e visando permitir liberdade a todos, evitei estabelecer um espaço para guardar equipamentos, para manter o espĂrito de espontaneidade e evitar territorialismo. Planejou-se tanto mĂłdulos independentes e pequenos distribuĂdos pelo percurso, equipados com tomadas e iluminação, quanto um palco maior prĂłximo ao TICEN, entre as travessias. A respeito da memĂłria Ă ĂĄgua, tentou-se estabelecer a memĂłria por meio de pequenos espelhos d’ågua e a arte sobre as travessias de pedestres.
Assim, considerando esses pontos e as potencialidades da ĂĄrea, a proposta projetual foi desenvolvida sobre trĂŞs pretensĂľes: a criação de um passeio linear sobre a passagem de pedestres no meio da Avenida Paulo Fontes (onde inexistem ĂĄrvores); a disposição de espaços para apresentaçþes artĂsticas que permeie uma extensĂŁo do comĂŠrcio popular; implantação de ĂĄrea para esportes de asfalto como o Skate, por meio da reciclagem de ĂĄreas sem uso.
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ESTACIONAMENTO EXISTENTE
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ESCALA: 1/ 750
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CASA DA ALFÂNDEGA
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PLATAFORMA C
PROJETO EM ANDAMENTO DE REVITALIZAÇÃO DO LARGO DA ALFÂNDEGA
PLATAFORMA A
ESTACIONAMENTO EXISTENTE
ESTACIONAMENTO EXISTENTE
A esquerda está a representação do que seria o mobiliário a receber as apresentações públicas de arte, em que artistas plásticos, como grafiteiros, também teriam a liberdade de modificar a aparência do palco. No total são 3 módulos ao longo do passeio, com o cuidado de não ficarem muito próximos para evitar conflitos sonoros.
Os mobiliários a esquerda foram planejados e localizados estrategicamente com seu entorno mais próximo. Eles vão de encontro com a travessia mais próxima ao parque de skate, e diferentemente dos outros modelos, esses são desenhados para serem mais interativos e irregulares, com rampas nas bordas onde os skatistas podem utilizar.
No início do projeto, anteriormente aos desenhos técnicos, por meio de croquis eu estabeleci o que eu queria transmitir para o passeio. Esclareci no papel que as laterais do passeio se alternariam entre mobiliários longos em madeira, espelhos d’água e gramados onde árvores poderiam ser plantadas. Nos intervalos entre formas, o espaço será ocupado por feirinhas em uma extensão do que atualmente ocorre no Largo da Alfândega, de forma a estabelecer maior periodicidade e assim permitir diferentes e novos comerciantes. Como pode ser observado, houve alterações no desenho do mobiliário, que se tornou mais ortogonal, porém a ideia permaneceu. Optei por resgatar meus primeiros croquis, por melhor representarem para mim.