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Kátia Pacheco

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Nedel Cítricos

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Mãe de um menino alérgico, enfermeira portadora de doença celíaca e com intolerância à lactose fez especialização em alergia alimentar e hoje desenvolve um projeto de inclusão de pessoas com restrições à alimentos

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ãe do Lucas Pacheco Sauzen, de 4 anos e sete meses, a enfermeira especialista em alergia alimentar Kátia Cilene Ferreira Pacheco, mestre em ensino da saúde, tem muito a celebrar em maio. Além do Dia das Mães, é no quinto mês do ano a Semana Nacional da Enfermagem e a Semana de Conscientização das Alergias Alimentares, com destaque para a doença celíaca. Em resumo, um mês de reflexão para quem abraçou a área da saúde para fazer a diferença na vida de quem precisa ser escutado, ter sua dor compreendida.

Empatia respaldada nas idas e vindas a médicos e hospitais durante a infância e adolescência decorrentes da hipersensibilidade ao glúten e intolerância à lactose. Hoje, mãe de um menino com alergia severa ao ovo, depois de curado da alergia à proteína do leite de vaca (APVL), descoberta aos dois meses de idade, resolveu mudar a história de quem se descobre com alergia a alimentos. “Quando eu vi que meu filho era alérgico, decidi que não queria que ele e nenhuma outra criança passasse o que eu passei.” Assim, deu início à Especialização em Alergia Alimentar Infantil e Adulta pela Faculdade Unyleya (AVM WPOS).

Através de lives no Instagram e no grupo do WhatsApp, Kátia Pacheco abrange diversos conteúdos referentes a alergia alimentar

No ano passado, Kátia passou a direcionar sua atenção às pessoas que vivem às dificuldades impostas pela hipersensibilidade a determinados alimentos, que hoje representam em torno de 1% da população mundial. No Brasil, estudos apontam que em média 2 milhões de pessoas sofrem com a doença. Número que, para a especialista, pode estar subestimado porque os sintomas facilmente podem ser confundidos com os de outras doenças. Mais uma motivação para atender pessoas em busca de um diagnóstico.

“Oriento desde a suspeita da alergia alimentar, diagnóstico e sigo acompanhando o paciente até o alcance da tolerância oral”, explica. O processo compreende inclusive as estratégias de cuidado na rotina da casa no preparo de alimentos, para evitar contaminação com algum traço do alimento restrito. Conforme a especialista, portadores da doença celíaca não podem ingerir nem traços de glúten. Também oferece apoio para a entrada da criança alérgica na escola.

No entanto, Kátia quer mais que cuidar da segurança alimentar do paciente infantil ou adulto. A especialista está desenvolvendo um projeto de inclusão, com o propósito de disseminar conhecimento e conscientizar as pessoas sobre o tema. Kátia, que na infância e adolescência sofreu na pele as dificuldades relacionadas à restrição alimentar, considera fundamental que a sociedade compreenda os problemas causados pela hipersensibilidade a alimentos, principalmente, para resguardar as crianças. Público que considera bastante suscetível a sofrer consequências emocionais graves devido às restrições.

O programa prevê também levar conhecimento sobre intolerância e alergia alimentar às escolas infantis de forma gratuita e futuramente uma série de livros infantis abordando o assunto de forma lúdica. Para a especialista em alergia alimentar, o ambiente escolar deve ser acolhedor e seguro para que portadores da doença possam ter seu desenvolvimento garantido. E acrescenta: “É muito importante que a escola seja uma parceira no que tange a inclusão da criança com restrição alimentar”.

Kátia ainda produz conteúdos de apoio para familiares de portadores de alergia alimentar e demais interessados no tema para o Facebook, Instagram, onde já está postado um e-book gratuito com receitas, e Youtube.

Uma vida fazendo a diferença

A vivência na infância e adolescência com as dificuldades impostas pela restrição alimentar aumentou a capacidade de Kátia Pacheco colocar-se no lugar do outro. Qualidade que aumentou quando diagnosticada com a doença celíaca, pois, somado aos desconfortos, veio a vergonha de levar o próprio alimento para as festas de amigos. Desse roteiro para controlar a doença, Kátia guarda boas lembranças dos enfermeiros e técnicos, que a tratavam com amor. “Isso me fez querer ajudar as pessoas.”

Foi assim que em 2008, a jovem que nasceu em 6 de abril de 1983, em Santana do Livramento (RS), resolveu cursar enfermagem, na Unipampa (Universidade Federal do Pampa), em Uruguaiana (RS). Ainda como acadêmica atuou na saúde coletiva, atendendo pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Essa vivência aumentou ainda mais seu fascínio pela profissão. “Tenho paixão por cuidar de pessoas e de suas dores, de ouvir suas histórias, seus medos e suas angústias.”

Motivo este que a fez abrir uma nova frente de trabalho voltada à alergia alimentar. Reconhecida como enfermeira de unidades de terapia intensiva, Kátia chegou a assumir a coordenação de enfermagem de todas as UTIs do complexo hospitalar Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS). Período este em que coordenou junto ao time de gestores a horizontalização de processos de enfermagem, acreditação hospitalar e a primeira fase de enfrentamento à Covid-19. Uma história de muitas concretizações e que agora ganha um novo capítulo.

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