Ateliê de Contos - Histórias que me contaram

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Ateliê de Contos Histórias que me contaram

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Organizado por Rogéria Araújo

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Copyright® by Rogéria Araújo

Ilustrações miolo e capa: Rogéria Araújo

Produção Gráfica​ Independente E-mail: rogeriaaraujo@msn.com

Ateliê de Contos: Histórias que me contaram / Organizado por Rogéria Araújo - João Pessoa, 2015 - 41 p .: il. Inclui bibliografia: 1. MALASSOMBRAMENTOS - 2. ARQUIVO SECRETO D’ O RECIFE ASSOMBRADO - 3. GEOGRAFIA DE MITOS BRASILEIROS - 4. CAUSOS DE ASSOMBRAMENTO EM QUADRINHOS - 5. MITOS E LENDAS DO BRASIL EM CORDEL.

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Aos meus avós Adélia Severina e Severino José que sempre me contaram histórias de “trancoso”. In memorian

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Agradecimentos

Às pessoas que contribuíram para a realização desse projeto, participando de forma direta em minhas pesquisas e referências com total incentivo. À minha querida Zona da Mata de Pernambuco por sua diversidade cultural, por um povo que respira e valoriza a sua cultura e a leva para todos os cantos do mundo, mas que só pode ser sentida em sua alma em nosso Estado. Rogéria Araújo

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Sumário

Prefácio ............................................................................... 08 A menina da mata (Cumade Fulozinha) .............................. 09 O Bode berrador .................................................................. 13 O segredo de família (A porca) ........................................... 15 A noiva do pé de juá ............................................................ 19 Horror em São Vicente Férrer (Chupa Cabras) ................... 21 O Doutor, a menina e a mãe moribunda .............................. 25 Maria do forró ..................................................................... 28 Depois do enterro ................................................................ 32 O bicho que uiva ................................................................. 35 Referências Bibliográficas .................................................. 40

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Prefácio

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empre fui fascinada pelas histórias de mal assombrados ou no dito popular de “trancoso” que meus avós e conhecidos me contavam. Pessoas essas que já residem ou residiram a décadas na região onde nasci e vivi por muitos anos. A idéia do livro com este tema tem o intuito de resgatar essas histórias que, ao que se percebe, estão se perdendo ao longo do tempo. Resgatar isso é evidenciar o nosso folclore brasileiro, trazer de volta a magia desses contos, não deixando que eles se percam em meio à modernidade. Rogéria Araújo

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A Menina da Mata (Cumade Fulozinha)

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Cumade Fulozinha É uma personagem mitológica do Nordeste brasileiro, o espírito de uma cabocla de longos cabelos, ágil, que vive na mata protegendo a natureza dos caçadores, e gosta de ser agradada com presentes, principalmente mingau, fumo e mel. Algumas pessoas a confundem com Caipora (ou Caapora) ou Curupira. Tem personalidade zombeteira, algumas vezes malvada, outras vezes prestimosa. Diz-se que corta violentamente com seu cabelo aqueles que a mata adentram sem levar uma quantidade de fumo como oferenda e também lhes enrola a língua. Furtiva, seu assovio se torna mais baixo quanto mais próxima ela estiver, parecendo estar distante. Ela também gosta de fazer tranças e nós em crina e rabo de cavalo, que ninguém consegue desfazer, somente ela, se for agradada com fumo e mel. Diziam alguns que a Cumade Fulozinha era uma criança que se perdeu na mata quando ainda era pequena, ela procurou o caminho de volta para sua casa, mas ‌10

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o Vilarejo chamado Pirauá, distrito de Macaparana, Zona da Mata de Pernambuco, ouvese muitos contos de arrepiar, considerados por muitos histórias de “trancoso”, e que foram passadas de geração em geração, muitos desses contos assustadores tem como figura principal a Cumade Fulozinha. Conta-se que ela aparecia para as pessoas que tinham o dom de vê, e para quem não acreditava ou zombavam dela, acontecia coisas terríveis. Reza a lenda que a Cumade não tolerava insultos ou descrenças, e as pessoas que assim o faziam recebiam castigos, surras com urtiga ou as perdiam na mata, hipnotizandoas, ficando por lá durante vários dias sem saber o caminho de volta pra casa, e quando voltavam estavam quase loucas. Era sabido que certos insultos a deixava muito zangada. Ela odeia ser chamada de caipora e isso a deixava extremamente irritada. Todos a agradavam com oferendas: fumo e papa. Mas quando as oferendas eram batizadas com pimenta ela se vingava da pessoa que fez essa maldade de uma forma assustadora. Fazia tranças impossíveis de desfazer na crina e no rabo dos cavalos, nós nos cabelos das crianças, escondia recém nascidos pagãos em baixo das

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não achou e acabou morrendo, seu espírito passou a vagar pela floresta em busca do caminho de volta para casa.

camas, entre outras coisas que só quem passou é quem sabe contar. Um certo senhor chamado Joaquim morador do Vilarejo sempre caçava pássaros na mata, pedia para a sua esposa preparar papa e cortar um pouco de fumo e religiosamente levava oferendas para a cumade, isso sempre trouxe muito êxito em suas caçadas, pois ela tem um poder enorme sobre a mata e os animais que lá vivem. Me chamo Lourdes e já ouvi muitas histórias dessa região, principalmente as que meu pai contava pra mim e meus irmãos. Francisco Monteiro da Silva, conhecido como Chiquinho Monteiro, sempre via aparições desse ser encantado em diversas situações, pois em seu percurso de casa para a roça havia uma mata, e ele sempre tinha que passar por lá. Em uma dessas suas caminhadas, algo o chamou a atenção: meu pai olhou para a Mata e avistou uma menina pulando entre as plantas como se estivesse brincando. Por um momento ele nem imaginou que se tratava desse ser encantando que todos comentavam, mas depois ela sumiu! Daí ele teve certeza que havia visto a tal cumade. Outra vez ele foi pastorear suas cabras perto de uma casa antiga, destruída pelo tempo, onde não mais habitava ninguém. Olhou para dentro das ruínas e viu uma menina de cabelos longos, de costas, debruçada na janela ‌Ateliê de Contos - Histórias que me contaram

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olhando o horizonte, e imediatamente ele achou, não sei por que, que seria a sua irmã mais nova. Tocou-a no ombro e ela desapareceu. Ele ficou apavorado, recolheu seus animais e voltou para casa nos contando, quase sem fôlego o acontecido. Meu irmão Domingos Sávio sempre brincava com os amigos nos arredores da casa, e sempre ouvia um assovio muito alto vindo do mato. Ele cresceu e foi trabalhar em São Paulo. Mesmo depois de rapaz crescido, certo dia ele vinha do seu trabalho na madrugada e ouviu o mesmo assovio, da mesma forma, no mesmo tom e na mesma intensidade o chamando novamente. Logo ele contou o que ouviu para a família e amigos e todos zombaram dele afirmando que ela estava apaixonada por ele, e que isso nunca havia ocorrido em estância alguma, não que se saiba. (Os mais velhos contam que ela gostava de brincar e escolhia a criança “especial” para levá-la a mata. Muitas delas achavam que era uma menina como outra qualquer e nem se davam conta que era a cumade). História contada por: Maria de Lourdes Monteiro (Cresceu e viveu muitos anos em Pirauá).

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O Bode “Berrador”

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O bode berrador Trata-se de um homem que, segundo a lenda havia sido amaldiçoado pela mãe, pois ele cometia maus tratos com ela. A mãe desesperada com tanta maldade rogou uma praga dizendo: Quando você morrer ficará vagando em nossas terras para todo o sempre e berrando como um bicho. Relatos de moradores afirmam que as aparições são exatamente nas terras desta família e/ou nos arredores.

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erto dia Chico Monteiro estava voltando pra casa pela estrada que ligava seu sítio ao Vilarejo que ele morava, aonde todos os dias ia cuidar das plantações e isso era uma coisa corriqueira. De repente ouviu um berro horrível ao longe e a cada minuto ia se aproximando mais, e sem esperar surge uma criatura por trás dele com aparência de um bode, mas com estatura humana – um bode em pé apenas com as patas traseiras. Ele tentou correr, fugir dali, mas o bicho era bastante rápido, quase que se transportou para adiante dele – É como diz o velho ditado: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Mesmo com muito medo, ele correu desesperado em sentido a Vila de Pirauá. Era fim de tarde, as luzes já estavam acesas e ao avistar as luzes das casas o bicho desapareceu. Sempre se ouvia comentários de pessoas que passaram maus bocados com essa tal aparição. Muitos relatos eram principalmente de quem vivia na roça ou nos arredores de uma terra pertencente a uma família que, ao que se sabe escondia um grande segredo. História contada por: Maria de Lourdes Monteiro

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Segredo de família

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Segredo de família Reza a lenda que casais que tivessem sete filhos homens ou sete filhas mulheres o primeiro tinha, que por obrigação ser padrinho/madrinha do (a) último (a), para que a maldição dos sete filhos fosse quebrada, caso contrário o último se transformaria em um animal. Pessoas mais antigas afirmam que esse ritual é feito a meia noite, em um curral perto da casa, onde moças levam vestidos, saias e rapazes calças nunca antes usadas. Darem-se nós nessas roupas e a moça ou o rapaz se espoja no lugar em que o bicho vive – Bezerros, cabras, porcos – Bebem o sangue do animal escolhido e logo se transformara no bicho. Seguem em direção às suas casas e lá vomitam todo o sangue bebido e se transformam novamente em humanos, e ficarão livre da tal maldição.

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uvia muitas histórias do meu avô, e uma delas ele contava que em sua mocidade namorava uma moça que tinha sete irmãs e as pessoas sempre falavam para ele ter cuidado, pois uma delas virava porca, mas não se sabia qual. Meu avô nunca acreditou nessas conversas que falavam, achava que estavam tentando assustá-lo. Mas de tanto que falavam ele passou a prestar mais atenção em todas. Observou atentamente e notou que uma das irmãs era bastante pálida, calada, recolhida, diferente. Passaram-se dias e ele sempre observando essa moça. Logo notou que ela o olhava de forma diferente, nunca como as outras, mas de forma apaixonada. Não falou nada para sua namorada, pois se tratava da irmã dela, poderia causar alguma discórdia entre as duas. Maquinou em sua cabeça uma forma de terminar esse namoro, pois aquilo além de ser estranho estava deixando-o perturbado. Certo dia ele voltando pra casa pela estrada que ligava as fazendas ao Vilarejo, escutou um ruído estranho, vindo de trás, como se estivesse sendo perseguido. Olhando para trás avistou uma porca muito grande, assustadora e violenta. Em pânico em correu em direção ao Vilarejo conseguindo

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chegar a sua casa, mas notou que a porca ainda estava em seu rastro, imediatamente correu em direção a sala e pegou um ferro arremessando-o na cabeça da horrenda criatura e o bicho foi embora emitindo um berro assustador. Aquilo ficou martelando a noite inteira em sua cabeça. Mesmo bastante assustado e sem entender o acontecido, lembrou do que as pessoas falavam sobre as sete irmãs e resolveu que logo ao raiar do dia iria visitar a casa de sua namorada. Chedando a propriedade, como naquela época as pessoas “acordavam com as galinhas”, logo que o sol raiasse, bateu palmas do terreiro mesmo – Ô de casa! E sua namorada veio atende-lo - Perguntou-lhe: Onde está a sua irmã? Ela respondeu: Ela está indisposta. Ele imediatamente pediu para vê-la. Ao chegar a seus aposentos da moça ela estava enrolada com um pano na cabeça e perguntou-lhe: O que houve com sua cabeça? Ela, desconfiada retirou aquela rudia que escondia o que ele previa: A marca da pancada que ele havia dado na criatura que o seguiu, no mesmo lado em que ele bateu. A moça ficou bastante nervosa e pediu que ele não contasse seu segredo para ninguém, do contrário ela nunca arranjaria um marido. E ele guardou isso por toda a sua vida. História contada por: Maria de Lourdes Monteiro

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A noiva do pé de juá

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A noiva do pé de juá De acordo com as histórias dos moradores da região, essa aparição trata-se de uma moça que no dia de seu casamento estava muito nervosa, ansiosa demais e acabou morrendo a caminho da igreja, exatamente em baixo do pé de juá. E assim permaneceu vagando naquela região, aparecendo para as pessoas. Há relatos sobre o peso no bagageiro da bicicleta, pessoas que afirmam chegar a certo ponto da estrada, onde sentia a bicicleta ficar leve, olhavam para trás e avistavam uma moça vestida de branco indo em direção a uma casa, que como conta os moradores da época era a casa que ela iria morar após seu casamento.

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m terras de Pau D’arco, há muito tempo atrás, meu avô contava que seu amigo tinha uma bicicleta e sempre vinha pela estrada que dava acesso ao Vilarejo onde todos compravam seus mantimentos ou buscavam fumo de rolo do bom. Certa vez seu amigo foi comprar fumo em sua bicicleta, e sempre que passava em baixo de um pé de juá sentia que o bagageiro da sua bicicleta ficava pesado, como se alguém tivesse subido nele. Sempre que passava em baixo dessa árvore, mas ele assustado, nunca teve coragem de olhar para trás pra vê o que era e metia o pé a correr, desesperado, e a coisa continuava lá fazendo peso em seu bagageiro. Chegando a determinado ponto da estrada sentia um alívio, a bicicleta ficava mais leve, não havia mais peso, Isso sempre acontecia. Cansado disso, foi novamente ao vilarejo comprar seu fumo e na volta pensou em voz alta: Hoje eu olho para trás, quero saber o que é isso! Foi se aproximando do pé de juá, seu coração saindo pela boca de tanto medo, começou a rezar. Não adiantou suas preces, sentiu o peso em seu bagageiro novamente. Pedalando com dificuldade, não só por causa do peso, mas do medo incontrolável que estava sentido, olhou para trás e viu algo que não acreditava: Uma mulher vestida de noiva, assustado, mas curioso ‌Ateliê de Contos - Histórias que me contaram

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perguntou-lhe: O que você quer de mim? - Ela respondeu: Me leve pra casa. História contada por: Maria de Lourdes Monteiro

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Horror em São Vicente Férrer (Chupa cabras)

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Chupa Cabras É um tipo de criatura muito estranha e na maioria das vezes, não identificada. Não se sabe de que animal se trata quando se fala neste ser. Muitos afirmam, inclusive, tratar-se de um ser não originário do planeta terra. A lenda tomou grande proporção nos anos 90, pela aparição de vários animais mortos. Esses animais apareceram, principalmente, em Porto Rico, Nicarágua, Flórida, e em algumas regiões do México e do Brasil. O nome chupa cabra é derivado de Porto Rico, país que registrou os primeiros casos de cabras que apareciam mortas, sem sangue. O detalhe é que essas cabras não apareceram sem partes do corpo ou somente com sua ossada, elas apenas apareceram com marcas de dentadas no pescoço e sem sangue, que teria sido totalmente drenado. Ele foi avistado por muitas pessoas ao longo das últimas décadas em vários países, principalmente no continente Americano. A criatura é, geralmente, descrita como tendo 1,5 metro de altura, pele estranha que lembra a ‌22

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município está localizado na Zona da Mata a 116 quilômetros do Recife e é conhecido por ser um dos maiores produtores de bananas de Pernambuco. Bastam esses dados para se concluir que São Vicente Férrer é uma cidade pacata, de gente trabalhadora e tranqüila, como uma típica comunidade do interior. Mas a rotina de paz dos moradores de lá foi quebrada em abril de 2008 por acontecimentos macabros que têm deixado grande parte dos seus 17.688 habitantes apavorados. É que animais de criação e domésticos estavam sendo mortos por uma criatura misteriosa! Até hoje, razão do massacre dos bichos é totalmente desconhecida. Cachorros, bodes, porcos gansos e até um jumento tiveram as vidas ceifadas por golpes que lhes rasgaram as carnes. Só numa propriedade, vinte e sete carneiros que estava num mesmo curral foram trucidados durante a madrugada. Nas carcaças estavam marcas profundas de dentes e garras - evidências que levam a pensar que um animal de grande porte teria sido o responsável pelos ataques. Mas predadores caçam para comer e os animais em questão não foram devorados: foram apenas estraçalhadas, como vítimas indefesas de uma fúria assassina. Os donos dos bichos

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de um lagarto e com tom esverdeado ou marrom. Algumas pessoas que afirmam terem avistado a criatura nos Estados Unidos da América dizem que ela também possuía pelos.

guardaram os ossos dos animais mortos - sinais incontestáveis de que algo terrível vinha mesmo ocorrendo em São Vicente Férrer. Há que diga que cachorros selvagens seriam os culpados pela matança. Há quem fale até na possibilidade de um leão estar rondado a área. Contudo, cães e felinos não se assemelham com as descrições feitas pelas testemunhas que teriam visto a criatura, que teria pêlos vermelhos, não passaria de pouco mais de um metro de altura, andaria sobre duas patas e ostentaria longas garras. A figura lembra em muitos aspectos o famoso “chupa-cabra”, criatura bizarra que vem provocando estragos em rebanhos de outros lugares do Brasil e também outros países da América Latina. Existe quem garanta que esse tal ser teria origem extraterrestre - seria fruto de experiências genéticas realizadas por alienígenas. Todavia, o monstro visto em São Vicente Férrer poderia se parecer com um personagem bem conhecido do imaginário popular tradicional: o lobisomem. Para esclarecer o enigma, a polícia já caiu em campo. Segundo o delegado da cidade na época, Pedro Santana, foram feitas visitas aos locais onde ocorreram os ataques e amostras do que restou dos bichos mortos foram colhidas por técnicos da secretária municipal de Saúde. O material foi analisado por especialistas da Universidade Federal de Pernambuco, ‌Ateliê de Contos - Histórias que me contaram

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mas os exames nada revelaram. Com o tempo, os ataques pararam. Mas os moradores de São Vicente Férrer nunca se esqueceram. Ainda se trancam em suas casas, quando cai a escuridão. Temem que o monstrengo volte e faça de um ser humano o seu próximo alvo. Fonte:http://historiasmedonhas.blogspot.com

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O doutor, a menina e a mãe moribunda

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A assombração é definida como: “Objeto fantástico ou fantasma que assombra, que causa terror; alma do outro mundo, aparição; susto causado pelo encontro ou aparição de coisas sobrenaturais; terror procedente de causa inexplicável”. Quando se fala em assombração, todos têm uma história fantástica ou misteriosa para contar. São experiências vivenciadas ou testemunhadas por alguém conhecido, por um familiar ou pelo próprio narrador, transmitidas oralmente, muitas vezes sem possibilidades de comprovação, principalmente porque são experiências individuais. São revelações, avisos, aparições de alguém que já morreu. Pode-se dizer que assombração é um assunto fascinante e envolvente. Quem, em algum momento da vida, não parou para ouvir, algumas vezes até contar, uma arrepiante história de assombração? Muitas dessas histórias já fazem parte do folclore brasileiro, algumas são histórias próprias da zona rural, outras são mais urbanas, outras estão diretamente ligadas ao ‌26

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uma noite chuvosa no município de Timbaúba-PE estava o Dr. Joaquim em sua cadeira de balanço quando bateram em sua porta: TOC! TOC! TOC! Ele logo levantou e foi atender. Ficou espantado, pois se tratava de uma criança de mais ou menos oito anos, aquela hora e sozinha. - Ele perguntou: O que você deseja a essa hora da noite criança? - A menina desesperada responde: Preciso dos seus serviços. A minha mãe está muito doente, e eu preciso que o senhor vá ajudá-la. O médico prontamente pegou sua maleta, vestiu o paletó e a acompanhou. Ao chegar em sua casa, realmente encontrou a sua mãe muito doente, e logo a examinou e a medicou, passando toda a noite a cuidar da senhora moribunda. Ao amanhecer o dia, ela já estava melhor, ao abrir os olhos que se deparou com um médico a sua frente, perguntou-lhe: Doutor quem lhe trouxe até aqui? Moro tão distante de tudo, sem nenhuma vizinhança.Ele disse: A sua filha. - A mãe assustada indagou: Não pode ser! Desde ontem ela morreu e não pude enterrá-la, pois me encontrava bastante debilitada, sem forças... E como o senhor percebeu sou sozinha,

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local, à determinada casa. São as casas ou ruas mal-assombradas.

sem ninguém por mim. O médico assustado perguntou de imediato! - Onde está o corpo da sua filha? A mãe logo apontou em direção ao quarto da menina, onde a mesma estava em cima da cama coberta por um lençol. O médico foi verificar, vê com seus próprios olhos e constatou que era a mesma criança que bateu em sua porta. Fontes:http://historiasmedonhas.blogspot.com. br ANDRADE, Maria do Carmo. Assombrações. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio. fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 29 maio. 2015.

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Maria do Forró

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Essa é uma história verídica. Foi contada há cerca de vinte anos, por uma senhora hoje falecida. Enviada por: Rodrigo Caldas

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ra noite de quinta-feira em Nossa Senhora do Ó, praia do município de Paulista, em Pernambuco. Antônio tinha saído tarde da oficina, mas ainda assim tinha fôlego para uma boa noite de farra. Foi sozinho a um forró perto ali da entrada da vila. A casa estava cheia, muita música, muita bebida, muita dança. Tomou umas cervejas e dançou com umas conhecidas suas, quando avistou uma moça muito bonita, bem branca, até um pouco pálida, de cabelos castanhos longos. Aparentava ser tímida; de vestido branco, encostada sozinha numa pilastra, num canto escuro da festa. Chamou-a pra dançar. Ela resistiu um pouco; parecia assustada, surpresa mesmo com aquele convite, mas ele insistiu e ela acabou por ceder. Dançaram e conversaram bastante. Maria parecia uma moça de família, morava ali perto, um pouco antes da entrada do Ó, quase na rua do cemitério. No meio da conversa, lá pela terceira música, a moça deu um pulo e disse: - Êita; tenho que ir por causa da hora! - É cedo, disse o rapaz, um pouco decepcionado. Afinal, gostara da menina. Ela tinha algo estranho, às vezes era como se estivesse distante, mas ainda assim, tinha um jeito especial. Ela insistiu que deveria ir, porque tinha que chegar em casa antes da meia noite, de todo jeito. ‌Ateliê de Contos - Histórias que me contaram

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Para convencê-la a ficar mais, Antônio propôs o seguinte: -Tome aqui o meu relógio. Fique com ele no braço. Você controla a hora de ir. Ela aceitou. Também gostara de Antônio; bom moço, bem apessoado, trabalhador ali no Ó. Dançaram mais, conversaram mais, até que chegou a hora de ir, perto de meia noite. Antônio ainda insistiu um pouco, mas Maria disse que não havia jeito, que tinha que ir e ia mesmo. Tentou beijála, mas ela não deixou. Ele pediu para levá-la em casa. A pé mesmo, ali pertinho. Ela recusou. Ele insistiu, ela continuou negando. O rapaz acabou desistindo, porque começou a sentir algo estranho na moça. Não era uma irritação, mas uma certa angústia, quase agressiva. Parecia que ela estava fazendo algo errado, e que tinha realmente que ir embora. Na saída, chovia bastante. Antônio ofereceu a Maria uma capa de chuva. Na despedida, de propósito, ele deixou que ela levasse o seu relógio, como se tivesse esquecido. Era um motivo pra que ele voltasse a vê-la. Antes de ir, ela tirou do bolso do vestido uma pequena foto três por quatro, e deu a ele. O rapaz achou aquele gesto muito bonito, gostou ainda mais da moça e a vontade de revê-la cresceu. Despediram-se. Ela logo sumiu na chuva, coberta com a capa. Na manhã seguinte, apesar de um certo aperto no coração, que acreditava ser saudade, Antônio resolveu ir à casa de Maria. Sabia onde era porque ela lhe dissera na noite anterior. Chegando a casa, bateu e esperou alguns minutos. Apareceu uma senhora com um aspecto muito triste, abatida, sofrida mesmo. - Bom dia, senhora. Vim aqui pra falar com Maria, sua filha. A velha fitou Antônio com um misto de surpresa e repúdio. - Que é isso, moço! Que brincadeira é essa. Isso não se faz com uma mãe. Ele não entendeu, mas se explicou. Disse-lhe que conhecera Maria na noite anterior, num forró, que ela lhe dissera onde morava e até tinha trazido seu relógio e sua capa de chuva. ‌30

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- O senhor está enganado. Não conheceu a minha filha. Antes que ele falasse novamente, ela arrematou: - Minha filha morreu no ano passado. Atropelada por um caminhão. Ontem fez um ano da morte dela. O senhor não conheceu a minha filha. Perturbado, Antônio gaguejou um pouco, dizendo que não era possível, que dançara com Maria na noite anterior e tudo mais. A senhora ficou nervosa, ralhou com Antônio e disse que se não acreditava nela, que fosse ao cemitério, ali mesmo no fim da rua, e procurasse por Maria. Transtornada e chorando, entrou em casa e bateu a porta com força, fazendo o sinal da cruz. Antônio ficou perplexo. Não sabia o que fazer. Só podia ser um engano. Fora na casa errada. Tratava-se de outra Maria, que deveria morar ali perto. E para mostrar isso a si próprio, resolveu ir ao cemitério. Era perto e nada lhe custava. Em menos de dez minutos, procurava entre jazigos, covas, tumbas, algo com o nome da moça. Passaram-se vinte minutos e nada. Convenceu-se, então, de que havia um engano. De repente, um vento muito frio chegou em suas costas, do nada. Virou-se em direção ao vento e se deparou com algo aterrorizante. Numa lápide, pálida e triste, estava uma foto da moça, igual à foto que ele trazia na mão. Em cima do túmulo, jogados, seu relógio e sua capa de chuva. O nome da morta: Maria. Fonte:http://historiasmedonhas.blogspot.com.br

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Depois do Enterro

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hama-se Norberto o coveiro que me relatou este curioso episódio. O nome da cidade do interior onde tudo aconteceu, ele me pediu para não revelar. Mas posso adiantar que é um município pequeno da Zona da Mata de Pernambuco, cercado por vastos tapetes verdes de cana-de-açúcar. Em 1975, meu informante ainda era aprendiz no ofício funerário. E, como todo aprendiz, foi incumbido pelo “coveiro-mor” das tarefas menos nobres. Nunca participava do sepultamento de morto rico, quando surgiam gordas gorjetas. Estava sempre ocupado com a conservação da necrópole e vez por outra é que enterrava algum indigente. Numa tarde quente de dezembro, tiraram Norberto de um cochilo sob a proteção de um frondoso jambeiro para um desses trabalhos maçante. Num bilhete escrito a mão, o prefeito solicitava tratamento adequado para o corpo daquela pobre senhora levado por funcionários da municipalidade – eleitores fiéis eram sempre recompensados de alguma forma, sabia o coveiro. Enquanto abria a cova, ouviu de um dos barnabés a história da finada. Dona Deda morava num das tantas casinhas da periferia. Negra miúda de aspecto centenário, não era de muitas palavras, mas tinha o respeito da comunidade. Vivia sozinha há décadas, não tinha parentes e não sabia precisar a idade. “Minha mãe se criou na senzala do engenho”, repetia ela aos curiosos. Ficava horas a fio pitando um velho cachimbo, sentada num banquinho e fitando o horizonte com um olhar meditativo. Um dia os vizinhos sentiram a falta de Dona Deda na sua pose habitual. De dentro da casinha trancada, ela não respondeu aos gritos e palmas. Um vizinho mais afoito arrombou a porta frágil e encontrou a velhinha deitada na cama. Estava quieta, serena, sem respiração. Um descanso merecido, todos concordaram. Morrera durante o sono, um final digno para os justos. Alguém mais solidário foi pedir ao prefeito um enterro decente, mas ninguém quis acompanhá-la na derradeira despedida. “Velha valente” pensou o coveiro. “Penou só até na ‌Ateliê de Contos - Histórias que me contaram

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hora da morte”. Por causa do enterro de Dona Deda, Norberto teve que ficar até mais tarde no cemitério. Já era noite quando acabou todo o serviço de limpeza do lugar. Lembrou o longo caminho de volta para casa. E, com a ajuda de um velho cobertor, aconchegou-se ao lado do jambeiro amigo. Lá para as tantas, o coveiro foi acordado por um gemido distante, abafado. Mesmo arrepiado de medo, acompanhado de uma vela juntou forças para procurar a origem do ruído. As pernas tremiam ao caminhar entre os túmulos e o barulho estava ficando cada vez mais perto. Apurou a audição e constatou que o lamento vinha do lote da nova moradora. Pensou em correr, mas falou mais alto o profissionalismo: coveiro frouxo morre de fome. Repetindo velhas orações, cavou com rapidez. Depois da primeira camada de terra, viu surgir uma mão suplicante. Com o berro de horror travado na garganta, puxou para fora da cova a velha que parecia tão viva quanto ele. E Dona Deda foi logo tirando os chumaços de algodão do nariz e resmungando: - Vôte! Que agonia desse povo. É um vexame pra fazer as coisas! Num tá vendo que não chegou a minha hora... E saiu arrastando os pés até desaparecer na escuridão. A notícia da ressurreição foi levada pelo vento e corria a boca pequena em cada esquina da cidadezinha. Norberto nem teve tempo de contar a ninguém, pois todos foram ver Dona Deda pitando cachimbo sentada no banquinho. Fonte: http://historiasmedonhas.blogspot.com.br

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O Bicho que Uiva ‌Ateliê de Contos - Histórias que me contaram

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O Bicho que uiva Trata-se de uma lenda genuína da nossa região que só se ouviu falar no município de Macaparana. De acordo com os moradores, há muito tempo atrás existiu um ourives, caixeiro viajante que sempre passava pela região vendendo joias, e que em uma dessas idas ao nosso município, estava mal tempo, escureceu e ele precisou de abrigo. Na estrada avistou uma casa e pediu abrigo a um senhor para logo pela manhã ele seguir viagem. Nessa noite o senhor tomado pela ganância assassinou o ourives a facadas e colocou água quente em suas feridas para que não houvesse evidencias no local, levou o corpo do viajante e o deixou a beira da estrada para as pessoas pensarem que foi um latrocínio. Logo após esse crime, não se sabe se foi apenas coincidência, os moradores da região começaram a escutar um uivo aterrorizante todas as noites. De acordo com as crenças, pensaram que a alma estava precisando de reza. Fizeram uma cruz e rezaram para a pobre alma do viajante para que ‌36

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o município de Macaparana-PE se falava bastante de um tal “Bicho que uiva” em meados da década de 70 e 80, principalmente nos Distritos de Lagoa Grande, Poço Comprido e arredores. Sou Zezinha Silva tenho 49 anos e contarei aqui alguns relatos de pessoas que passaram mal bocados com esse tal bicho. Eu também escutei essa entidade muitas vezes e sempre ia dormir aterrorizada com aquele som horrível que, ao começar, durava alguns segundos e se repetia por inúmeras vezes na mesma noite. Nem todas as noites eu escutava mas ele uivava todas as noites em outras localidades e muitas pessoas comentavam no dia seguinte. Parece que ele escolhia as pessoas que queria assustar a cada noite. Todos da região viviam apreensivos, pois logo que escurecia se ouvia um uivo assustador vindo do mato, e isto acontecia simultaneamente em toda a região de Macaparana, tanto na cidade, quanto nos sítios e fazendas. Um membro da família chamado Bebé, pessoa esta que era o único que eu conhecia que tinha coragem de sair após escurecer. Vinha de uma dessas suas andanças caminhando pela estrada que o levava até sua residência no Sítio Uruçu.

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ele pudesse descansar em paz. Mas nada disso adiantou, foram muitos anos de medo e terror naquela região. Alguns pensavam que era uma coruja, saiam para caçar e voltavam assustados, nervosos. Como uma coruja iria uivar nos quatro cantos da região ao mesmo tempo, no mesmo horário? Os moradores combinavam de confirmar os horários dos uivos para tentar entender do que se tratava. No final da década de 80 o bicho desapareceu. Dizem os mais velhos que quando chega o tempo de morrer as assombrações desaparecem, levando consigo toda a dor de uma vida que poderia ter sido mas, antes que isso aconteça ficam vagando por aí assustando as pessoas como uma forma de vingança pela vida que lhes foi arrancada. A cruz de Lagoa Grande, ou melhor, do Bicho que Uiva permanece até hoje a beira da estrada que liga nossa cidade a este distrito.

Logo após fazer a travessia do rio que cortava o seu caminho ele começou a ouvir um uivo. Durante todo o seu percurso de quase 4 km o “Bicho que uiva” o seguiu pelo mato até o terreiro de sua casa. Aflito, ele entrou rápido e trancou as portas. Mas a entidade não foi embora, permaneceu ali a noite toda com seu uivo de lamentações aterrorizando o sono daquela família. Certo dia, a família de Bebé estava se preparando para jantar na boquinha da noite e ouve-se o uivo. Cansado já desse mau agouro, o cunhado de Bebé começou a “remenda-lo”, como dizia minha avó. Enquanto o bicho uivava ele repetia o mesmo som, e esse uivo cada vez mais ia se aproximando, até que a criatura bate de forma violenta na porta da cozinha - todos correm para a sala, e antes que chegassem a sala outra pancada violenta na porta da frente. Todos ficaram quietos, esperando o pior, mas aquele uivo aterrorizante e as batidas cessaram. Quando morávamos no Sítio Uruçu, um dos Distritos de Macaparana, era uma casa simples, nossa cozinha era de pau-a-pique, e a parte de cima da porta era solta. Minha mãe D. Adélia, estava lavando a louça perto da porta da cozinha, quando de repente o bicho começou uivar. Mamãe fez igual ele porque ali na região todo mundo já sabia remendá-lo direitinho de tanto que ele uivava, e em questão de segundos o bicho estava uivando ‌Ateliê de Contos - Histórias que me contaram

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tão perto que parecia está no terreiro de nossa casa e isso me deixava bastante apreensiva, pois não só uma pessoa da família ouvia. O som foi ficando cada vez mais próximo e mais próximo, já aflita, minha mãe parou! Ouviu! Sentiu como se estivesse sendo observada, imediatamente correu e fechou a porta da cozinha colocando sua trava de madeira. Ouviu o uivo aterrorizante do outro lado da porta como se ele quisesse entrar, a deixando extremamente desnorteada naquela noite. Ao relatar esta história ainda sinto um frio na espinha pois foram momentos aterrorizantes que por mais que eu tente acho que nunca vou conseguir esquecer. Nessa mesma época meu irmão Totonho estudava em Macaparana a noite. Geralmente ele não voltava pra casa, pois a estrada que o levava até Uruçu trazia terror as pessoas que ali caminhavam ao entardecer. Desde a aparição deste bicho nos arredores, meu irmão passou a dormir na casa de tia Narcisa em Macaparana. Mas certo dia, não se sabe por que ele resolveu ir pra casa a noite, e chegando próximo ao Engenho Macapazinho ele começou a ouvir o uivo vindo de algum lugar entre a vegetação e não teve coragem de continuar - voltou imediatamente para a casa de nossa tia. Tia Narcisa já havia relatado que ouvia uivos horrendos vindos de um pé de manga que tinha nos fundos do seu quintal, e que isso a deixava morrendo de medo. E meu irmão ao chegar a casa dela ouviu o bicho uivando no quintal como se tivesse o seguido. Certo dia, meu avô Manoel que era um homem que não tinha medo de nada, cansado de tanto falatório e de tanto uivo aterrorizando o povo da região, carregou sua arma e ao entardecer se embrenhou no mato atrás do bicho. Depois de ter andado horas, ouviu o uivo ao longe e começou a seguir o som. E aquilo foi ficando mais alto, e mais alto, até que ele parou em baixo de uma arvore, olhou pra cima, não via nada, mas o uivo vinha daquela direção. Meu avô prontamente apontou sua espingarda e atirou na direção do som e o inesperado aconteceu: Sem vê nada, pois não havia nada que pudesse ser visto, meu avô ouviu asas chacoalharem e todos os chumbos que foram atirados naquela direção caíram sobre as folhas ‌38

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secas ao pé da árvore. Sem acreditar naquilo que viu e ouviu, saiu desesperado dali e voltou para casa. No outro dia espalhou para os quatro cantos do Uruçu que se tratava de uma entidade ou do próprio demônio, pois o bicho era imune a balas. Há muitos relatos de experiências com o “bicho que uiva”, mas muitas dessas pessoas já se foram, pessoas mais idosas da região que passaram muitos anos convivendo com essa criatura. História contada por: Maria José da Silva (Zezinha)

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referências Bibliográficas

BELTRÃO, Roberto. Malassombramentos: Arquivo Secreto d`O Recife Assombrado. 1 Ed. Edicões Bagaço, 2010. LONGOBARDI, Nireuda. Mitos e Lendas do Brasil em Cordel. 1 Ed. Paulus Editora, 2009. PEREIRA, Maurício. Causos de Assombramentos em Quadrinhos. Editora Jujuba, 2009. CASCUDO, Luís da Camara. Geografia de Mitos Brasileiros. 2 Ed. . Editora Global, 1976. SAMARA, Timothy. Guia de Tipografia: Manual prático para uso de tipos no design gráfico.Editora Bookman, 2011. SAMARA, Timothy. GRID: Construção e desconstrução. 1ª Ed. Ed. Cosac Naify, 2007.

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A Zona da Mata de Pernambuco, especificamente a zona rural é repleta de lendas urbanas, histórias contadas por seus moradores locais, que afirmam ter tido contato com seres encantados ou sobrenaturais. Fala-se muito de uma certa “cumade” da mata por lá. Essas lendas foram sendo transmitidas oralmente através dos tempos, onde misturam fatos históricos com acontecimentos que são fruto da fantasia, e procuram dar explicação a experiências misteriosas ou sobrenaturais.

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