PRAGA
ARENZANO
Poste Italiane S.p.A. – Sped. in abb. postale – D.L. 353/2003 (conv. in L. 27/02/2004 n.46) art. 1, comma 2 e 3, CB-NO/ TORINO - TAXE PERCUE - TASSA RISCOSSA TORINO CMP - Autorizzazione del Tribunale di Genova N.45 del 23/12/91
REPÚBLICA CENTROAFRICANA
Amizade Missionária Em direto do Santuário do Menino Jesus de Praga e da sua missão na República Centro Africana
BANGUI, 1 DE JANEIRO DE 2015: O ANO NOVO COMEÇA COM O SORRISO DAS CRIANÇAS. Diretor Responsável: Padre Anastasio Roggero BOSI KARMELITANI - KARMELITSKA 9 118 00 PRAHA 1 - CESKA REPUBLIKA Tel. (00420) 2 57 53 36 46 - Fax (00420) 2 57 53 03 70 mail@pragjesu.info - www.pragjesu.info
Periódico bimestral Ano XXV
janeiro/fevereiro de 2015
n.1
PRAGA
ARENZANO CENTRAFRICA
Amizade Missionária
Publicação não comercial de informação religiosa e promoção social em sete línguas (italiano, inglês, francês, espanhol, checo, alemão e português) envia-se gratuitamente a 114 nações do mundo aos amigos das Missões dos Padres Carmelitas Descalços. Tradução em português por Irmã Maria Nazaré (Carmelitas Descalças de Crato) Para pedir informações e para escrever aos nossos missionários: P. ANASTASIO ROGGERO BOSI KARMELITANI - KARMELITSKA 9 118 00 PRAGA 1 - REPÚBLICA CHECA Tel. 00420 2 57 53 36 46 - Fax 00420 2 57 53 03 70 e-mail: mail@pragjesu.info - www.pragjesu.info
ARENZANO (ITÁLIA) SANTUÁRIO DO MENINO JESUS Horário das Missas De segunda-feira a sábado: Missas às: 08.00 | 09.30 | 11.00 | 17.00 Domingos e dias de festa: Missas às: 08.00 | 10.00 | 11.00 | 12.15 | 16.00 | 17.30 Todos os dias: Horas 16.30 (dias de festa 17.00): Adoração e bênção eucarística
FESTA MENSAL DO MENINO JESUS: Todos os dias 25 de cada mês, às 16.00 FESTA ANUAL DO MENINO JESUS: Sábado 5 e Domingo 6 de Setembro de 2015 Telefone do Santuário: +39 010.912.73.86 E-mail: santuario@gesubambino.org Self-service do peregrino: ristorazione@gesubambino.org
PRAGA - REPÚBLICA CHECA IGREJA DO MENINO JESUS Horários das Missas De segunda a sexta-feira: às 9,00 missa em checo | às 18,00 missa em checo Sábados: às 9,00 missa em checo às 17,00 missa em espanhol às 18,00 missa em checo Domingos: às 10,00 missa em checo às 12.00 missa em inglês às 17,00 missa em francês às 18,00 missa em italiano às 19,00 missa em checo Quinta-feira: às 18,00 Missa em honra do Menino Jesus FESTA ANUAL DO MENINO JESUS: 3 de Maio de 2015 www.pragjesu.info • mail@pragjesu.info Serviço para os peregrinos: www.pilgrimages.cz • pilgrimages@centrum.cz Projeto gráfico e impressão: BCD Genoa
Carta do P. Anastasio Praga, 24 de janeiro de 2015
Queridos amigos:
Neste primeiro número de 2015, com os desejos de tudo de bom para o Novo Ano, quero fazer-vos chegar a voz do nosso querido Papa Francisco, com passagens da sua Mensagem - "MAIS ESCRAVOS NÃO, SÓ IRMÃOS” - para a Jornada Mundial da Paz, celebrada no passado dia 1 de janeiro: “Desejo dirigir a cada homem e mulher, assim como aos povos e nações do Mundo, aos chefes de Estado e de Governo e aos líderes das diferentes religiões, os meus desejos de Paz, que acompanho com as minhas orações pelo fim das guerras, dos conflitos e dos muitos sofrimentos causados pelo Homem e por antigas e novas epidemias, assim como pelos devastadores efeitos dos desastres naturais. Rezo de modo especial para que, respondendo à nossa vocação comum de colaborar com Deus e com todos os Homens de boa vontade na promoção da concórdia e da Paz no Mundo, resistamos à tentação de nos comportarmos de um modo indigno perante a Humanidade”. O Papa Francisco quer que tenhamos consciência da escravatura em que ainda hoje muitos homens vivem e convida-nos a combatê-la. Depois de ter apresentado as múltiplas caras da escravidão de ontem e de hoje, diz-nos que o problema reside em tratarmos o ser humano como objeto. A este unem-se causas de natureza social e económica: pobreza, corrupção, violência e terrorismo. O Papa termina com um convite para “globalizar a fraternidade”, não a escravidão nem a indiferença. As obras espalhadas por todo o Mundo, em que os religiosos e os colaboradores laicos participam, confirmam as palavras do Papa sobre a atividade da Igreja no campo educativo. Há muitos anos que visito as escolas da Congregação da Madre do Carmelo, na Índia, onde se formam milhões de alunos pertencentes a todas as religiões. Através da “Amizade Missionária” os leitores seguem o que os nossos Missionários fizeram durante estes dois anos de guerra e de instabilidade política e como estão perto dos pobres da República CentroAfricana nos centros de Bozoum, Baoro, Bouar Yolé, São Elias e Bangui, onde o Carmelo acolhe ainda quatro mil refugiados de que vos fala o P. Federico nas páginas seguintes. Há pouco tempo recebi uma carta do P. Stefano Molon, superior da Missão em Bouar, que escreve: “O País tende a sair do caos, mas infelizmente, apesar da presença de mais de dez mil “capacetes azuis” das Nações Unidas, continuamos juntamente com esta pobre gente, a viver em insegurança. Um Irmão sacerdote polaco foi durante quase dois meses refém de um grupo de guerrilheiros, sendo posteriormente colocado em liber-
PRAGA, 30 DE NOVEMBRO DE 2014: O P. AGNELO, CHEGADO DE GOA, COMO UM PRESENTE DE NATAL, CELEBROU A SUA PRIMEIRA MISSA EM PRAGA.
BANGUI, 4 DE DEZEMBRO DE 2014: O P. DIEUDONNE, PÁROCO EM BAORO, CELEBRA A MISSA NO CARMELO.
BANGUI, CARMELO, 9 DE DEZEMBRO DE 2014: OS PP. MESMIN, FEDERICO E MATEO RODEADOS PELOS NOSSOS JOVENS ESTUDANTES.
dade, juntamente com outros vinte reféns, quando já não havia es- dos movimentos para crianças e jovens. É um compromisso grande e perança. O P. Frederico foi esbofeteado por alguns rebeldes num posto custoso para mim e para os Irmãos, mas creio que é uma resposta vade bloqueio, quando viajava para a nossa Missão (há períodos du- liosa e eficaz face aos desafios da situação do País”. rante os quais é perigoso viajar). Na minha última visita à Missão, no passado mês de dezembro, pasAs escolas – estamos a meio de janeiro – estão agora a começar o ano sei alguns dias com os jovens Padres e estudantes no Carmelo de Banescolar 2014/2015 e a maior parte dos alunos perdeu o hábito de es- gui. No dia 7, domingo, celebrava a Missa com o P. Marco Poggi e tudar. O País mantém-se dividido em dois, a situação é de estagnação com os Seminaristas em Yolé e, na oração dos fiéis pedimos ao Senhor e desconforto geral, sem perspetivas claras a breve prazo. Nesta situa- que concedesse a Paz ao País. Depois da Missa entretive-me com as ção, tento com os Irmãos dar esperança e alívio a muitos jovens, me- Irmãs CMC: são maravilhosas, sempre sorridentes e dispostas para ninos e famílias que vêm ter connosco. Para o trabalho. Depois da visita à Missão de São Elias, O Papa Francisco responder à escassez alimentar, estamos a amperto das 12 horas retomamos o caminho de volta, pliar as culturas no terreno do Convento. Para convida-nos a combater as porque a capital fica a 460 quilómetros e viajar de além da horta e das árvores de fruto, também noite não seria prudente. Chegamos depois do pôrescravaturas, temos agora tubérculos para alimentar coelhos, do-sol e a noite cai rapidamente. Ao chegar ao perus, patos e aves. A comunidade (mas também em que muitos Homens Carmelo vislumbram-se as primeiras luzes. Conas crianças e os jovens a quem damos de comer e forta-nos uma boa notícia: no fim do ano o Papa vivem hoje em dia nos ajudam a cultivar e a criar os animais) é Francisco vai abençoar a República Centro-afriquase autossuficiente do ponto de vista alimentar. O resultado é sa- cana com a sua visita. tisfatório e de exemplo para as gentes. Em Praga, no dia 26 de novembro de 2014, recebemos da parte do Um número crescente de crianças vem regularmente à comunidade: Menino Jesus uma bonita prenda com a chegada do P. Agnelo Paulo seguimo-las do ponto de vista escolar, para a sua formação humana Casmiro Rebelo, vindo do Estado de Goa (Índia), que se encarregou e espiritual e, quando há necessidade, também ajudamos com comida de celebrar a Missa de domingo em inglês. e medicamentos. Até hoje inscrevemos cerca de cinquenta crianças A estação do Inverno refresca a cidade, mas não diminui o ritmo dos (as mais motivados e inteligentes, a maior parte órfãs ou com situa- peregrinos que chegam de todas as partes do Mundo, entre eles, os joções familiares difíceis) nas escolas privadas da cidade, as únicas que vens que vêm ao encontro de oração, organizado em Praga pela cofuncionam de forma séria, e seguimo-las pessoalmente. Mais de uma munidade de Taizé. Saúdo-vos invocando a bênção do Menino Jesus. centena vem todos os sábados e domingos à formação e às atividades Aff.mo
O Menino Jesus no Mundo
Desde a Nigéria
A Nigéria está a viver momentos muito difíceis e o medo de atentados é elevado. Em 2014, mais de 10 mil pessoas perderam a vida e mais de 850 viram-se obrigadas a abandonar as suas casas por causa da violência. Estima-se que o grupo extremista de Boko Haram, que quer impor a lei islâmica, atacou no último semestre mais de 20 cidades do Nordeste. Apesar disso na cidade de Benin, cidade da Nigéria, capital do Estado de Edo, entre 11 e 14 de dezembro de 2014, houve a tradicional peregrinação nacional, que chegou ao seu 27º aniversário. O P. Waltermary Obiefuna Ayogy, Carmelita Descalço e promotor da Confraria do Menino Jesus de Praga,
pediu aos fiéis reunidos para a ocasião, que rezassem para que a proteção do Pequeno Rei desça sobre todo o País e o livre da violência.
Viagem à Índia
Com o Menino Jesus e os seus Santos no sul da Índia KERALA - ANGAMALY, 17 DE JANEIRO DE 2015: IRMÃ
10 a 20 de janeiro de 2015
palmeiras de coco e buganvílias. A forma pentagonal da Igreja convida os fiéis a olhar para o altar de onde se destaca um monumental crucifixo uase todos os dias recebo com alegria na nossa Igreja, devotos de madeira. O ambiente está iluminado pela luz dos vitrais e por uma provenientes da Índia ou de origem indiana, e recordo-lhes que janela, por onde entram os raios de Sol e onde os Santos estão o grande Gandhi tinha como fundamento da Democracia, não a representados em ferro forjado. No dia anterior foi a festa anual em que revolução, mas sim o amor: “Só o amor pode salvar o Mundo” era o seu participei em 1995 para a inauguração do Santuário construído numa lema, que pode ler-se no aeroporto internacional de Mumbai. Na Índia, colina que domina a cidade: uma grande imagem do Menino Jesus a devoção ao Menino Jesus está viva entre os Cristãos, mas também encontra-se por trás do altar, onde às 18 horas, juntamente com o Bispo entre os Hinduístas - é o amor do Menino Jesus que queremos e 50 Sacerdotes, celebramos a Santa Missa. Para os fiéis que participam proclamar. estão disponíveis 14 mil cadeiras. Luzes e cânticos iluminam a noite. Milhares de Cristãos em Mumbai são assíduos visitantes do Santuário No dia 23 de novembro de 2014 o Papa Francisco canonizou 2 Santos de Nashik da responsabilidade dos Jesuítas. O Santuário de Bangalore Índios a quem nós, os Carmelitas da Província de Ligúria, estamos muito (Karnakata) em Vivek Nagar (que significa "lugar de sabedoria") tem ligados. Na fachada da Basílica de São Pedro em Roma, junto das capacidade para 5 mil fiéis e está cheio. No dia 11 de janeiro de tarde, imagens de 4 Santos italianos, estavam também as de São Ciriaco Elia depois de comer, no aeroporto de Goa (Índia), Chavara e a da Santa Eufrásia. A primeira biografia Se tivermos fé, esperava-me o P. Ivo, para me levar a Margao, do Santo em língua malabar foi escrita pelo nosso pequena cidade do Estado de Goa, a 40 quilómetros. P. Leopoldo Beccaro, de quem muitas vezes falei. O podemos mover Vim a Goa em peregrinação para visitar as ruínas do mesmo P. Leopoldo, em colaboração com São montanhas: primeiro Convento Carmelita da Índia, fundado em Ciriaco, formou a Congregação religiosa - Associação mudar o horário 1620 e abandonado por tristes acontecimentos do Menino Jesus - com o fim de edificar uma escola históricos em 1700. Já tinha visitado este lugar para a educação das raparigas e onde Santa Eufrásia de um voo histórico em 2007 e, desiludido, animava os Irmãos viveu santamente. A festa destes Santos celebroué certamente muito se em Ollur no dia 10 de janeiro com a participação para que se interessassem pela reedificação do Mosteiro que se encontra a pouca distância da Igreja de 40 mil fiéis. Para a ocasião preparou-se uma área mais fácil. onde repousa o corpo de São Francisco Xavier, coberta por meio de cortinas; por trás do palco da patrono das Missões. Arranjámos um donativo significativo, pensando presidência estava reproduzida em madeira a fachada da Basílica de que este lugar chegasse a ser um lugar de peregrinações. Infelizmente, São Pedro. Entre os milhares de participantes, estavam só 2 italianos: o às ruínas do Convento, cobertas de árvores e lianas, chega-se Cardeal Giuseppe Versaldi, convidado de honra, e eu. O Cardeal unicamente a pé e através de um caminho pouco acolhedor. recordava-se de mim que, quando era Pároco na Diocese de Vercelli Saio de Goa de comboio atravessando Karnataka - bosques de palmeiras (Itália), todos os anos ia ao Santuário de Arenzano (Génova). As de coco com a sua copa circular convidam a olhar o céu. A 15 de janeiro Superioras das 20 províncias da Congregação levavam um distintivo, celebrava a Missa na Igreja do Menino Jesus em Mangalore, entre onde, entre a efígie dos 2 Santos, estava também a do P. Leopoldo, que
Q
KERALA - ANGAMALY, 17 DE JANEIRO DE 2015: O BISPO S. E. MONS. JOSÉ PUTHENVEETTIL, IRMÃ ANIL E IRMÃ ANA MARÍA.
4 Amizade Missionária
KERALA - OLLUR, 10 DE JANEIRO DE 2015: O TÚMULO DE SANTA EUFRÁSIA.
também desejamos seja levado às honras dos altares. Ia no caminho, e no Breviário dos Santos Carmelitas, no dia da festa de São Ciriaco, lê-se um escrito seu (normalmente a segunda leitura do Ofício de Leituras está destinada aos escritos dos doutores da Igreja ou a um documento eclesiástico). Houve outro aniversário que me LISIEUX E OS SEUS FAMILIARES. trouxe à Índia este ano: no dia 17 de janeiro a Irmã Lisieux, com mais 30 Irmãs celebrou o jubileu de consagração religiosa. No ano passado, durante os tristes acontecimentos passados na África Central, a Irmã Lisieux foi agredida e roubada pelos mercenários muçulmanos e devido ao grande trauma com que ficou teve de deixar rapidamente a Missão onde estava mas, o seu coração espera lá voltar.
Na Basílica de Angamaly, juntei-me a 50 Sacerdotes e ao Bispo S. E. Mons. José Puthenveettil. Com dificuldade segui pelo missal os textos pronunciados em malabar, língua que há bastante tempo me esforço por aprender. Para a cerimónia chegam muitas Irmãs. A Irmã Lisieux, que esteve com os nossos 80 rapazes em Yolé ocupando-se da cozinha por mais de 15 anos, há muitos anos que me pedia para estar presente nesta ocasião como representante dos Irmãos Missionários. Recordo uma curiosidade: - há alguns anos a Irmã Lisieux teve de abandonar a África Central para ir para a Tanzânia, precisamente no dia anterior à minha chegada a Bangui, de forma que não nos encontraríamos. Rezou com fé ao Menino Jesus para me poder cumprimentar antes de partir e o seu voo só se realizou no dia seguinte, tendo conseguido encontrar-se comigo. A Irmã Lisieux está convencida que a mudança de horário do seu voo se deveu à sua oração. Para além disso, Jesus disse que se tivéssemos fé como um grão de mostarda, podíamos mover montanhas: mudar o horário de um voo é certamente muito mais fácil. Padre Anastasio Roggero
Álbum de Amizade
PRAGA, 18 DE NOVEMBRO DE
PRAGA, 27 DE OUTUBRO DE 2014 – DE SYDNEY (AUSTRÁLIA)
O P. John Knight com o seu grupo de peregrinos de São Patrik em southerland, depois da missa.
PRAGA, 30 DE DEZEMBRO
E CH 2014: DA ÍNDIA, COLOMBIA
IPRE
oka va a Madre Teresa ao Mosteiro de Ash “Recordo os dias durante os quais levaao Santuário do Menino Jesus de Praga em Road - Bangalore. Ia com frequência inal, antes das atuais construções, era uma Vivek Nagar. Recordo que a Igreja origver e a água caía sobre os fiéis. Aqui conheci tenda. Estava ajoelhado, estava a cho ino Jesus. Rezei para ter um trabalho em a oração para obter uma graça do Mena indústria química. Depois, pedi para ter Bangalore e contrataram-me para um rra ou Austrália e, em 1979, tive a opora possibilidade de emigrar para Inglatea ir para a América, e estou infinitamente tunidade de abandonar Bangalore pars prometi vir a Praga. Hoje, com a minha agradecido. Durante todos esses anoChipre, cumpri a promessa. Obrigado, Memulher e a minha filha, que vive no Durbar Claudius nino Jesus”. a sua mulher Alba, Na foto: o P. Víctor, Claudius com Califórnia. a sua filha e a senhora Mazzoni da
DE 2014 – DE REGGIO EM
ILIA (ITÁLIA) “Este ano o tradicional encontro de oração de Taizé, teve lugar em Pra ga e, deste modo, pudemos visitar o Santuário do Menino Jesus de Praga. Daqui lembramo-nos dos nossos amigos Capuchinhos que tinham a Missão na África Central, mas tiveram de fugir durante a guerra”. Andrea Boni Na foto (a partir da esquerda): Ma tteo Lugli, Jacopo Marziano, Cristofe r (Polaco), Lorenza Artoni, Andrea Bon i, Sara Bonaccini e Marzio Bruseghin
PRAGA, 24 DE JANEIRO DE
2015 – DE TRNAVA (ES
LOVÁQUIA) A senhora Rúženka chega na sua 67ª peregrinação à nossa Igreja e dá graças ao Menino Jesus pelos inu meráveis benefícios recebidos. Aco mpanham-na as senhoras Anka e Michaeka.
Amizade Missionária 5
Mensageiros do Evangelho
No Carmelo de Bangui é sempre Natal
J
á é um pouco tarde para vos oferecer uma referência natalícia, mas no Carmelo de Bangui, desde há mais de um ano, é como se fosse sempre Natal e, desta vez, as crianças serão os protagonistas do que vos vou contar: na manhã de dia 5 de dezembro de 2013, quase no final da Missa, os cânticos das nossas orações eram intercalados com os disparos de armas pesadas. Só nesse dia, nos bairros da cidade, para além dos roubos e das casas incendiadas, mataram cerca de 500 pessoas. Nessa altura não sabíamos que aqueles disparos iam modificar - tanto e durante tanto tempo - a nossa vida. Pouco depois, chegavam ao nosso Convento milhares de pessoas e quase sem darmos conta transformámo-nos repentinamente num grande presépio. E esse presépio ainda está aqui, as personagens são um pouco pequenas, ainda cá estão umas 4 mil, pelas quais temos muito carinho. De vez em quando voltamos a recordar, com um pouco de nostalgia aqueles primeiros meses, quando as crianças dormiam na Igreja, as mulheres davam à luz no refeitório e nós comíamos arroz e feijão no corredor das nossas celas. Com as crianças há sempre uma certa beleza de as ver crescer. Recordais-vos de Juan da Cruz, o primeiro menino nascido no Carmelo, no dia 13 de dezembro de 2013, na Igreja do Convento? Agora já anda e balbucia algumas palavras. Quem sabe se um dia será bonito contar-lhe a sua história. Há cerca de 3 meses que a situação na capital é sem dúvida alguma mais tranquila. Mas, é muito cedo para dizer que está instalada a Paz - quem sabe se só
BANGUI, CARMELO, 24 DE DEZEMBRO DE 2014: O P. MESMIN LEVA O MENINO JESUS EM PROCISSÃO, SEGUIDO DE TODOS OS FRADES, PARA LEVAR OS PRESENTES DE NATAL AOS REFUGIADOS.
6 Amizade Missionária
parou a guerra. Infelizmente há algumas zonas do norte onde não faltam choques e tensões. Entretanto, os 12 mil soldados da ONU estão a instalar-se dentro do país. Está prevista uma conferência de Paz e, se Deus quiser, para o fim do ano, terão lugar as tão esperadas eleições. A vida do nosso campo de refugiados continua com bastante normalidade. A Cruz Vermelha Internacional terminou um censo detalhado recorrendo a equipamentos de Recordais-vos d alta tecnologia, atribuindo a cada chefe de família o menino nas uma caderneta com fotografia e um código de do Con barras. Este censo teve como resultado a presença Agora j nas nossas instalações de mais de mil núcleos familiares. Nos próximos meses teremos de Que bonito desenvolver algumas atividades para favorecer o seu contar-lhe a s regresso aos bairros de origem. O sonho de fazer uma pequena lembrança para todos os meninos do nosso campo de refugiados não nos deixa quase dormir. Dar uma lembrança já é um problema para quem tem 1 ou 2 filhos, imaginem para quem se encontra repentinamente com mais de mil. Evidentemente não éramos os únicos a ter este sonho. Na tarde de 24 de dezembro apareceram no Convento uns 20 distintos senhores, muito sérios e muito bem vestidos. Pertencem a uma desconhecida Associação Centro-africana. Do carro descarregam 5 grandes caixas e dizem-nos: “Trouxemos 1600 jogos para as vossas crianças dos 0 aos 5 anos. Pedimos que os distribuam se for possível”. Quase não parece verdade e rapidamente organizámos a distribuição. Os meninos, depois de uma confusão inicial, não se aguentam mais. E quem se importa se este ano o Pai Natal, em lugar de ter barba branca, a roupa vermelha e as renas, se multiplicou em 12 jovens Frades, vestidos de castanho e nenhum com barba, que saltam como loucos por trás da imagem do Menino Jesus? Em pouco mais de 1 hora repartimos os presentes e desejamos um Feliz Natal a todos os refugiados. Confesso que naquele momento não queria estar em nenhum outro sítio senão aqui, com estes Irmãos e com esta gente. Segue-se uma simpática representação natalícia, uma espécie de presépio vivo, acompanhada pela leitura do Evangelho. Os nossos amigos fizeram uma interpretação livre da Bíblia: os soldados romanos estão vestidos como a Seleka e São José, que no Evangelho não há indicação de que tenha dito uma palavra, aqui fizemo-lo bastante falador. Presenteou-se a Virgem com uma proposta de casamento de pouca importância, mas convincente: “Maria, se entendi bem, porque sinceramente estava com sono, Deus disse-me
que devo tomar-te por mulher. Se estás de acordo devemos ir rapidamente a Belém”. E a Virgem não se fez rogada. Depois, a Missa da meia-noite que se celebrou às 7h00 da tarde, já é para nós um sinal de Paz, porque o ano passado, por causa da guerra, vimo-nos obrigados a antecipar a celebração para as 3h00 da tarde. Pela manhã do dia de Natal a Missa é especialmente solene, pois estão previstos mais de 12 batismos. Uma verdadeira exceção porque a nossa Igreja não é Paróquia. Para mim, Missionário por casualidade e um pouco por Ti, trata-se dos primeiros batismos que administro em terra africana. Entre os batizados encontra-se Juan da Cruz, Teresa, Edith, José... O paraíso carmelitano tem de que se alegrar. Nesta Missa estão presentes os italianos Alpinos a cujo comando está o Coronel Renna.
de Juan da Cruz, scido na Igreja nvento? já anda. será um dia, sua história…!
Terminada a celebração, tiram dos carros armados, balões, canetas, cadernos e lápis de cor, oferecidos pelos italianos Alpinos de Casale Monferrato, Turim e Como. Um presente certamente inesperado. Que bela é esta Itália, discreta e imprevisível, inigualável na sua generosidade. As nossas crianças estão obviamente contentes, mas também um pouco confusos: hoje o Pai Natal não é nem vermelho nem castanho, mas verde, têm um colete antibalas e têm na cabeça um chapéu estranho com uma grande pluma preta. Mas não penseis que já acabou, porque aqui o Natal faz-se a sério. A noite reserva-nos ainda uma surpresa. Era já 1h30 e estávamos todos a dormir, quando me chamam à porta. Uma mulher está a dar à luz. Corro rapidamente a acordar Aristides, nosso aspirante e valioso enfermeiro. Depois de fazer uma primeira avaliação, diz-me que não convém levar a mulher para o hospital porque o parto está iminente. Neste momento os papéis inverteram-se: Aristides é o Padre principal e eu o Noviço (um pouco emocionado para dizer a verdade). Em poucos instantes a sala do Capítulo transforma-se em sala de partos. Temos unicamente um fonendoscópio em madeira para ouvir o coração da criança. Junto da parturiente está sentada uma anciã, mãe de mais de 8 filhos. Enquanto as suas mãos ásperas desfiam um Rosário completo, dá conselhos muito valiosos sobre como empurrar, como respirar e sobre outras coisas que não me explicaram quando estudava Teologia. A sua tranquilidade é impressionante, como se soubesse o momento exato em que terá lugar o parto. A parturiente não emite um grito, só invocações e orações, como se não quisesse perturbar o silêncio do Convento. Logo chega ao Mundo uma preciosa menina. Está quase a amanhecer e dentro em pouco vai tocar o sino para a oração. Aristides – Deus seja louvado por o termos conhecido alguns dias antes de estalar a guerra – brinca e sugere colocar a menina no presépio, no sítio da imagem do Menino Jesus e ver a reação dos Irmãos. Mas, lembra-se de que ainda não pesaram a menina. Fomos até à Biblioteca, onde há uma grande balança e ponho o corpito da menina no prato da balança. Que romântico é o nosso presépio. Não há anjos, nem pastores, nem Magos chegados do Oriente, mas há livros de Platão, tratados de São Agostinho e a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino. Depois olho para o ponteiro da balança: 3.500gr de vida, de esperança e de Paz. P. Federico Trinchero
no meu pedido de ajuda aos refugiados. Contudo, contra todas as expetativas, na Missa de domingo os paroquianos de Bozoum Grande emoção entre os fiéis da Paróquia de São Lorenzo de Peveragno participaram em massa levando grande quantidade de comida para estes irmãos, antes inimigos mas agora em dificuldade. O seu gesto foi (Itália) para a Missa celebrada no sábado, dia 27 de dezembro pelo P. grande e comovedor. Geralmente recolhemos uns 20 euros na coleta Aurelio Gazzera, convidado por Dom Valerio Ferro para dar o da Missa, mas na de domingo quase triplicámos o valor com mais de 70 testemunho Missionário e para “alimentar a nossa mente e coração – euros. Para alguns pode parecer pouco mas, para quem não tem nada, disse o Pároco – até aos confins de todo o Mundo”. O P. Aurelio foi de são o sinal de um coração que perdoa e Itália para a República Centro-africana em 1992. No campo ganhou reconhece a necessidade do irmão, ainda uma alcunha de todo o respeito, chamam-no “o homem que desarmou que antes lhe tenha os bandidos” que infestavam a zona. É Pároco da Igreja de Bozoum, causado mal”. uma pequena cidade com 25.000 habitantes, em que encontraram abrigo na Missão cerca de 3.000 refugiados da guerra, que desde há bastantes anos destrói o País. “Há algumas semanas, propus um gesto de solidariedade para com muitas famílias muçulmanas que vivem em Bozoum e que, por diversos acontecimentos militares, hoje se encontram em condições de despojados na Missão, com grande necessidade de assistência. São os mesmos que antes perseguiram os nossos Cristãos; por isso, não insisti PEVERAGNO (CUNEO), 27 DE DEZEMBRO DE 2014:
Um gesto para contar
O P. AURELIO E DON VALERIO FERRO.
Amizade Missionária 7
Santa Teresa “faz” 500 anos e… não parece
“Enfim, Senhor, morro filha da Igreja” A Igreja segundo Teresa
A
história humana e espiritual de Santa Teresa de Jesus Cristo e pelas quais a Monja de Clausura “…mil vidas daria para (1515-1582) passa-se num contexto histórico e eclesiás- remédio de uma alma, das muitas que ali se perdiam” (C 1, 2). tico dramático e complexo. Teresa nasce quando há Este é o Mundo e a Igreja em que Teresa nasce, vive, reza e espoucos anos a Europa tinha descoberto o Novo Mundo. É uma creve: "… como vejo as grandes necessidades da Igreja, e estas menina quando, em 1517, Martin Lutero inicia o movimento me afligem tanto, parece-me uma farsa o ter pena por outro de reforma que levará à divisão da cristandade ocidental. Te- motivo…" (CC 3, 7). E nesta Igreja a Santa espanhola leva a resa já era a reformadora do Carmelo, quando a Igreja está a cabo a impressionante obra da reforma do Carmelo feminino terminar o Concílio de Trento (1545-1563) e a Europa está com- e masculino; e, sem jamais se afastar desta Igreja, Teresa morre, pronunciando uma das suas mais embleprometida nas guerras contra o Império Turco (basta recordar a batalha de Lepanto Não era ainda adolescente máticas frases: “No fim, Senhor, morro filha Igreja”. de 1571) e está, ao mesmo tempo, empequando Teresa tenta um da Teresa amou a Igreja do seu tempo, sobrenhada nas guerras da religião (a famosa tudo os seus ministros, fossem santos ou noite de São Bartolomeu datada de 1572). “improvável” martírio São incontáveis as amizades de Teresa não só está informada (apesar das dirigindo-se a territórios pecadores. Teresa com Sacerdotes e religiosos. Vale a regras da clausura e da ausência de meios de comunicação), como também existen- ocupados pelos muçulmanos pena recordar pelo menos uma dessas amizades. Estamos em 1538 e Teresa encontracial e espiritualmente está implicada. Todos estes acontecimentos entram com muita força nas suas se em Becedas, com uma Irmã, aguardando pelas curas de uma orações, animam os seus projetos e estimulam a radicalidade curandeira. Nesta situação, a sua jovem Irmã de Ávila – que tem da sua orientação. Não era ainda adolescente quando Teresa pouco mais de 20 anos – entra em contacto com um jovem Satenta, com o seu inseparável irmão Rodrigo, um improvável cerdote ao qual se confessa. Entre o Sacerdote e a Monja nasce martírio, dirigindo-se com audácia aos territórios espanhóis rapidamente uma profunda amizade e Teresa não duvida em ainda ocupados pelos muçulmanos. Em 1562 funda o Carmelo lhe dizer que “…lhe queria muito” (V 5, 4). Sem dúvida, o Sade São José em Ávila com uma explícita referência aos “males cerdote em questão vive há muitos anos uma relação com uma de França”, isto é, às guerras entre católicos e protestantes e mulher que, "… tinha-lhe posto feitiços num idolozito de cobre às profanações da Eucaristia. Se os seus irmãos partiram um que lhe rogara trouxesse ao pescoço por amor dela…” (V 5, 5). atrás do outro para a América, Teresa escuta com paixão o re- Teresa, quando se inteira da situação, não tem palavras de eslato dum Missionário Franciscano de volta daquelas terras, po- cândalo, apenas afirma: "…logo que soube isto, comecei a mosvoadas por milhões de almas que podiam ser ganhas para trar-lhe mais afeição. Minha intenção era boa, a obra má; … 8 Amizade Missionária
Tratava com ele mui de ordinário de Deus. Isto devia-lhe ter aproveitado, embora mais creio fez ao caso o querer-me muito” (V 5, 6). Finalmente, o Sacerdote reconheceu o seu erro, livrouse dos laços com a mulher e retomou a beleza da sua vocação. Não há dúvida que em todo este caminho de conversão, a contribuição de Teresa, firme e maternal, foi determinante. Teresa, a quem um Núncio apostólico definiu como feminina “vagabunda e inquieta” (Cta 260, 3 -1578), obedeceu à Igreja do seu tempo, a da Contrarreforma Tridentina e do Tribunal da Inquisição. Na sua situação – quem sabe, única na história da Igreja – de mulher, fundadora, escritora e mística, as ocasiões para encarar um conflito com a autoridade eclesiástica e para inquietar algum Juiz do Tribunal da Inquisição, certamente não faltavam. Teresa sempre se mostrou obediente e paciente,
audaz e determinada, sobretudo humilde e consciente de ter recebido de Deus uma difícil Missão para cumprir nos intrincados meandros da Igreja espanhola do século XVI. Em todos os seus escritos e em toda a sua experiência mística, Teresa sempre se mostrou obediente, aceitando ser contrariada e corrigida, incapaz de não se submeter “…a tudo em que crê e ensina a nossa Mãe, a Santa Igreja Católica Romana”, disposta, “também em defesa da mais pequena verdade ensinada pela Igreja”, a “…sofrer mil mortes…” e a “ir conforme ao que ensina a Igreja… que nem quantas revelações pudesse imaginar – até mesmo que visse os céus abertos…” (V 25,12). Padre Federico Trinchero Seguir-se-á: A humildade segundo Teresa
Desde Santa Teresa até hoje
Ensinar o Evangelho aos jovens Entrevista ao P. Marco Poggi Trinta e seis anos, seis de Missionário na África Central P. Marco, como cresceu o desejo de se converter em Missionário? É um desejo que tinha desde criança entrar para o Seminário. Fascinava-me escutar os relatos dos Padres Missionários Carmelitas que todos os anos voltavam para um breve período em Itália, em Arenzano, levando consigo a sua bagagem de experiências vividas. Mostravam fotografias da República Centro-africana e contavam aos estudantes passagens do dia-a-dia vivido com aquelas gentes. Desta forma, ano após ano, amadureci o meu desejo de ser útil onde pudessem necessitar. Quando finalmente foi chamado para desenvolver a sua missão na República Centro-africana, que África encontrou? Tinha 22 anos. O impacto foi forte com a cultura diferente e as dificuldades da língua. Dia após dia tomei consciência da pobreza existente. Compreendi que aqui tinham verdadeira necessidade de tudo e que nós Missionários podíamos, com a ajuda do Senhor, tentar ajudá-los. Mas, sobretudo senti talvez o impulso de partilhar a beleza do Evangelho, do Amor e da Esperança. Uma mensagem que não podemos guardar para nós. Quando me pediram que fosse para Yolé, senti-me feliz de ser escolhido, ainda que tivesse momentos de cansaço e, não o escondo, pequenos desencorajamentos… mas o Senhor dá sempre a força necessária para seguir. De que se ocupa em Yolé? Agora a minha tarefa é de ensinar as crianças da primária ao secundário. É uma missão muito estimulante: trata-se de uma experiência de formação humana acima de tudo, depois ocupo-me do trabalho, da vida fraterna e naturalmente espiritual. Ensinamos-lhes a mensagem do Evangelho e, sobretudo, recordamo-los que Jesus os ama. É importante que compreendam que
o Senhor se preocupa com eles como um pai ou uma mãe e sempre os apoia, especialmente nos momentos difíceis que certamente não faltarão com a guerra dos últimos anos. Digo sempre às crianças que todo o bem que receberam hoje, serão chamados a compartilhar amanhã, ajudando a Igreja Centro-africana a crescer, uma Igreja que também necessita de pessoas Cristãs e competentes para o País. Entre as dezenas de crianças que vêm ao Seminário, alguns chegaram a ser Sacerdotes: para nós formadores, é uma grande satisfação. Há muito benfeitores e voluntários que enviam ajudas concretas para a República Centro-africana. Como é recebida esta ajuda? Ainda que nos separem milhares de quilómetros, sentimos muito próximo de nós, aqueles que com as suas orações diárias, ou ajudas concretas, nos apoiam. A eles se dirigem as nossas orações e também as de todos os estudantes que sabem que, sem estas ajudas, não podiam seguir no seu caminho de crescimento na Fé. Estamos aqui fisicamente, somos os braços, as mãos, os olhos das Missões, mas se não existisse a ajuda do coração de todos, não podíamos andar para a frente. Obrigado. P. Marco, como vê o seu futuro? Sempre na República Centro-africana? Estou firmemente convencido de que no fim de tudo há um projeto do Senhor. Sinto em mim o dever de ter sido mandado a levar a cabo esta missão e até quando Ele queira eu estarei sempre disponível; por isso abandono-me nos Seus braços e, se ainda estou em África, o trabalho poderá continuar.
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Projetos para a missão
“Da ti Nzapa” - “Casa de Deus” Recordemo-nos também das Igrejas: chamada das populações na savana de Baoro Os nossos Missionários escrevem-nos - esta é a sua carta: “Na savana, os Cristãos dos povoados declararam-se disponíveis para contribuir oferecendo gratuitamente mão-de-obra e o pouco dinheiro de que podem dispor para reparar as fachadas das Igrejas da povoação, mas as intervenções de alvenaria e carpintaria de que necessitam estas construções, têm um custo muito elevado. Por este motivo fazemos uma chamada de atenção ao bom coração e à solidariedade cristã dos nossos amigos, para apoiar este projeto que seria muito modesto para uma única Igrejas, mas que, no seu conjunto, assume uma importância económica muito elevada. Por isso, contamos, como sempre, com a ajuda de quem queira ajudar, impulsionada pela graça de Cristo que preenche os nossos corações com a sua caridade”. PP. Renato Aldegheri e Lionello Giraudo
Que podemos fazer? Na República Centro-africana a guerra, como temos referido algumas vezes nestas páginas, levou à destruição: os bandidos armados saquearam, queimaram e destruíram as cabanas da pobre gente. As Igrejas foram reparadas e algumas converteram-se provisoriamente em lugares de refúgio para muitos desalojados que, protegendo-se dentro delas, aqui dormiram, cozinharam e desenvolveram as sua atividades diárias, esperando poder voltar a ter uma casa onde viver. Agora as pequenas Igrejas dos povoados necessitam de obras de reconstrução: em alguns casos necessitam ser pintadas, noutros de fazer obras de alvenaria, ou reparar o telhado. Estão aqui as urgências, divididas por povoação, o trabalho a fazer e o custo aproximado: 10 Amizade Missionária
LOCAL
INTERvENçõES
CUSTO
Povoação Bayanga Didi
1. A água erodiu os cimentos: é necessário um muro em pedra para 600.000 FCfa = € 900 os consolidar. 2. O pavimento e as grades do portão estão deteriorados.
Povoação Yoro
1. O pavimento necessita de reparações por causa dos buracos e 200.000 FCfa = € 300 fendas.
1. A porta da sacristia tem de ser substituída por uma porta de ferro. Povoação Samba Bougoulou 2. Fendas nas paredes e no pavimento, devido a abatimentos cau- 250.000 FCfa = € 380 sados pela erosão das chuvas. Povoação Pate B.
1. As vigas de madeira do telhado têm de ser substituídas, estão carcomidas. 2. A porta da Igreja tem de ser reparada, possivel- 1.600.000 FCfa = € 2.450 mente tem de ser de ferro.
Povoação Bayanga Bode
1. As chapas do telhado foram arrancadas. 2. Os cimentos estão a descoberto devido à erosão da água.
Povoação Dobere Katara
1. Uma chapa danificada tem de ser substituída no telhado. 2. As paredes interiores necessitam de ser pintadas com cal para 130.000 FCfa = € 200 as higienizar. 3. Os cimentos estão ao ar por causa da erosão das chuvas.
Povoação Barka Bongo
1. Há fendas nas paredes: é necessário colocar estuque e dar uma 230.000 FCfa = € 350 mão de pintura.
Povoação Bawi
1. Telhado em péssimas condições e o travejamento começa a ficar podre. 350.000 FCfa = € 540 2. As paredes necessitam ser pintadas para as higienizar. 3. É preciso avaliar a ampliação da Igreja, pequena e insuficiente para os Cristãos da povoação.
Povoação Mbormo
1. A sacristia não está equipada com o estritamente necessário; 100.000 FCfa = € 150 uma cadeira, uma mesinha e um crucifixo.
Povoação Ngombou
1. O telhado está estragado: é necessário substituir as chapas furadas. 2. Algumas colunas têm os ferros da armação a descoberto: 60.000 FCfa = € 90 é necessário arranjá-los e cobri-los com cimento.
Povoação Valo
1. O telhado deixa entrar água. 2. Os muros estão feitos com la300.000 FCfa = € 460 drilhos de terra crua, por isso estão quebradiços. 3. Substituir as aberturas por janelas para dar ar e luz.
TOTAL
380.000 FCfa = € 580
4.200.000 Fcfa = € 6.400
Há um projeto mais ambicioso na povoação de Balembé, a 45 quilómetros de Baoro, onde há uma grande comunidade protestante mas, onde desde há alguns anos o número de católicos está a aumentar e para quem é importante o desejo de ter uma Igreja de alvenaria. Deste modo comprometeram-se a arranjar as pedras para a fundação e estão a pensar contribuir para os gastos da construção. LOCAL
INTERvENçõES
CUSTO
Povoação Balembé
1. Construção da primeira Igreja em alvenaria
6.560.000 Fcfa = 10.000 €
Podiam perguntar-se: “Mas a construção de uma Igreja é uma prioridade numa povoação que sofreu as violências da guerra?”. A resposta vem dos nossos amigos africanos: não pediram comida, nem ferramentas… apenas pediram para apoiar a sua Fé, que lhes parece fundamental na sua vida.
Como estão os projetos dos meses passados? Queridos amigos: Graças à vossa ajuda, aqui está o que recebemos: PROJETO
PERíODO
DONATIvO RECEBIDO
“Abertura de uma tipografia”
N.3 - maio/junho de 2014
10.790 €
“Procuremos que as ajudas cheguem ao seu destino”
N.4 - julho/agosto de 2014
6.440 €
“Apoiemos a escola”
N.5 - setembro/outubro de 2014
8.050 €
“Escola de mecânica em Baoro”
N.6 - novembro/dezembro de 2014 € 700 €
Para além disto, indicando a causa, é sempre possível apoiar outras necessidades: ➀ Educação das crianças do Seminário de Yolé ➁ Ajuda aos meninos órfãos e necessitados ➂ Remédios para os dispensários de Bozoum e Yolé ➃ Para a Igreja do Menino Jesus, em Praga ➄ Adoções à distância de um menino ➅ Emergência para as Missões ➆ Poços para as povoações sem água potável
Celebração de Missas
P
ara as pessoas queridas defuntas ou pelas intenções particulares, é possível que os Frades Missionários celebrem Santas Missas. Com este sinal concreto preocupas-te com a alma dos teus entes queridos e ofereces a tua importante ajuda aos Sacerdotes pobres que vivem em terras de Missão. As Missas serão celebradas diretamente pelos Sacerdotes Missionários no Carmelo de Bangui, em Bozoum, em Bouar ou em Baoro. Por outro lado, como na República Centro-africana há muitas crianças que ficaram órfãs por causa da guerra, ao mesmo tempo que famílias que perderam uma pessoa querida, se desejares, podes pedir para celebrar uma Missa também para recordar as vítimas da violência neste País. O donativo irá todo para o Sacerdote celebrante e para as Missões em que vive.
PARA FAZER UM DONATIVO: Nome do Beneficiário: CONVENTO CARMELITANI SCALZI MISSIONI Endereço do Destinatário: PIAZZA S. BAMBINO 1 Cidade e País de Destinatário: ARENZANO, ITALIA Nome do banco: BANCO POPOLARE Número de conta: 10043 Cidade e País do banco: ARENZANO, ITALIA Endereço do Banco: VIA MATTEOTTI Código IBAN: IT42D0503431830000000010043 Código BIC/Swift do Banco Beneficiário: BAPPIT21501
BAORO, 2014: NAS IGREJAS DA POVOAÇÃO, NA AUSÊNCIA DE SINOS, USAMOS AS JANTES DOS CAMIÕES.
Se quiser usar Western Union para enviar de modo rápido e prático um donativo para as Missões Carmelitas, ponha o nome do destinatário: DAVIDE SOLLAMI e o País de destino: ITÁLIA. Por cortesia quando fizer uma transferência para as Missões, avise via correio eletrónico para o seguinte endereço: missioni@carmeloligure.it, de modo que eu me possa dirigir a um balcão da Western Union para levantar o dinheiro que é preciso mandar para as Missões Carmelitas na África Central. Obrigada! P. David Amizade Missionária 11
A página para os pequeninos
Queridos meninos: do lápis de Marco Paravidino, o nosso desenhador preferido, nascem belas histórias que faz inspirando-se na vida de todos os dias na África Central. Aqui está a que escolhemos hoje para vocês.
pully, o pintainho que tinha vontade de aprender.
t
OdOs Os dias em África, O pintainhO puLLy acOrda cOm O cantar dO tiO gaLO.
e de tOmar O peQuenO-aLmOçO,
eLe sabe Que tem de cOrrer...
pOrQue a escOLa estÁ LOnge, para LÁ dO bOsQue.
mas, OutrOs ObstÁcuLOs estãO à espreita, cOmO O gatO seLvagem e a víbOra guLOsa.
cOmeça O seu caminhO para a escOLa entre ramOs, pOças e charcOs.
mas, puLLy é astutO, estÁ preparadO e iLude Os dOis.
pOr fim chega aO seu destinO
ESCOLA
hOje vai aprender a Ler e a escrever em sangO
OLÁ!
de tarde, depOis de uma LOnga caminhada de vOLta, estÁ cansadO, mas feLiz. “nãO me impOrta se tOdOs Os dias vOu estar cansadO, é muitO bOm ir à escOLa e pOder aprender as cOisas da vida”.
depOis de dar graças aO céu
O prOfessOr dÁ-Lhe um papeL e um LÁpis e puLLy fica muitO entusiasmadO.
“QuandO eu crescer e sOuber muitas cOisas, este serÁ O meu futurO”.