Master thesis "One Straight Story"

M

2014

UMA HISTÓRIA SIMPLES o pretexto da teoria do pacífico para a prática equatoriana do atlântico

ROSSANA DE CARVALHO ECKARDT DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA À FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DO PORTO EM ARQUITECTURA

uma história simples

o pretexto da teoria do pacífico para a prática equatoriana do atLântico:

progresso de um projecto prático em São Tomé e Príncipe Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura

Aluno: Rossana de Carvalho Eckardt Orientador: Prof. Doutor Hélder Casal Ribeiro FAUP • 2013/2014

4

uma hist贸ria simples

dedicado ao António, à Amélia, ao Hemming, à Jytte à minha mãe, ao meu pai, à minha irmã e ao meu Carlos

6

uma hist贸ria simples

| Sumário p.11

resumo• abstract

p.13

introdução

p.23 p.29

1. enquadramento académico 2.construcción avanzada I

p.43

objectivo pedagogia de ensino programa teórico exercício final: proyecto de diseño casos de estudo da disciplina estrutura do exercício 3. proposta: génese de uma história simples

capítulo

capítulo

p.57

I

II

1. a relação entre a arquitectura e o ambiente

sustentabilidade vernáculo regionalismo crítico bioclimático p.71

2. arquitectura tropical

condição humanitária, de emergência, pós traumática e temporária casos de estudo escola modular m3 • m3h1 architecture mao tao clinic • a.gor.a architects moving school • building trust no border school • joão guimarães e miguel magalhães labu tale sik • projecto académico de austrália cassia coop training center • tyin tegnestue casa de artesanato e museu arquitecto • josé castro caldas vila barulho d’água • arquitectos vidal e sant’anna lesedi nhanhle training créche • projecto académico holanda

bach

III 1. enquadramento condição santomense encomenda 2. implementação de um conceito objectivos programáticos área de intervenção 3. concretização de uma história simples processo de desenho i• redesenho ii•volumetria iii•materialidade iv•humanização v•síntese capítulo

p.107

p.117

p.127

p.179

referências bibliográficas

p.186

lista de imagens

8

uma hist贸ria simples

| AGRADECIMENTOS À Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto pelo excelente ensino À Facultad de Arquitectura y Urbanismo por la oportunidad de intercambio Ao Profesor Luis Goldsack Jarpa por el entusiasmo puesto a su enseño y el amor que tiene a la madera Ao meu orientador Hélder Casal Ribeiro, pela receptividade, incentivo e disponibilidade no acompanhamento do meu projeto no Chile, e pela paciência e auxílio na dissertação Ao João Carlos e Isaura Carvalho pela simpatia e o convite para desenhar este projeto Ao Arq. Carlos Prata e Arq. Catarina Prata pela oportunidade e compreensão Ao João, por ser simplesmente o que ele é todos os dias, e pela inseparável e dedicada companhia À Raphael por la pasíon que tiene a la arquitectura y el diseño, y la motivación en Chiloé À Teresa, pela paciência e perseverança na revisão da minha tese Às meninas: Margarida, Cris, Du e Ana pelo último acerto e também às amigas: Sofia Raquel, Sofia Aguiar, Carlota, Maria João, Gabi, Xu pelas conversas, angústias e por todo o apoio e ainda, sem esquecer, aquelas que mesmo longe, sempre estiveram por perto, Fruzs Ao Carlos por acreditar em mim,pelo seu apoio e o seu afecto incondicional À minha família: Eva, Lars e Veró pelo carinho e amor E todos aqueles que cruzaram comigo no desenvolvimento deste trabalho, e percurso académico Obrigada

| RESUMO A presente dissertação apresenta um projeto para São Tomé e Príncipe a partir da reinterpretação de um trabalho prático elaborado para a disciplina Construcción Avanzada I, resultado da oportunidade suscitada pelo processo de intercâmbio para a Facultad de Arquitectura y Urbanismo da Universidad de Chile, em Santiago.

uma história simples

Para além do enquadramento da disciplina explicita-se o processo de desenho relativo à reinterpretação do projecto académico, decorrente de um processo pedagógico especifico, para o contexto social de São Tomé e Príncipe tendo em conta a cultura e a tradição inerente às problemáticas, metodologias/técnicas de construção da arquitectura tropical.

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| ABSTRACT This dissertation of the Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Portugal presents the development of a project in the African country São Tomé and Principe. The project is based on a practical exercise developed during the exchange programme of the architecture study carried out in the Facultad de Arquitectura y Urbanismo de la Universidad de Chile, in Santiago in the classes of Construcción Avanzada I.

abstract

Besides following the specific agenda of the classes, the dissertation outlines the creative process of a specific approach to the academical project. This approach results from an explicit pedagogical method related to SãoTomé and Príncipe respecting its culture and tradition and taking into consideration all aspects of the methodology and techniques of tropical architecture.

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introdução

| Introdução Pretende-se com a presente dissertação, desenvolver um projeto para São Tomé e Príncipe a partir do trabalho prático elaborado para a disciplina Construcción Avanzada I, resultado da oportunidade suscitada pelo processo de intercâmbio para a Facultad de Arquitectura y Urbanismo da Universidad de Chile, em Santiago.

A pertinência do enunciado e respectivo enquadramento teórico da disciplina de Construcción Avanzada I decorre do Chile se afirmar como um dos países com maior exportação de madeira a nível mundial e onde a tradição construtiva incide principalmente neste material.

A metodologia e a técnica de ensino juntamente com as premissas do programa da disciplina, motivaram-me no trabalho final individual, para ir mais além do que o simples exercício académico e objectivá-lo com uma visão pessoal sobre o país de origem da minha mãe, São Tomé e Príncipe.

“Não é bem um País, é um projecto dos Deuses atraiçoados pelos homens (...) como se as ilhas fossem demasiado perfeitas para a condição humana (...) Mas a verdade é que, não obstante a miséria que nos ofende (...) há nestas paragens tropicais um chamamento e uma força que despertam em nós exactamente o oposto da tristeza - uma alegria de crianças deslumbradas, como se só aqui pudéssemos reencontrar qualquer coisa perdida no fundo da nossa memória e das nossas raízes.”[1]

No meio do Atlântico, bem no golfo do continente africano este pequeno país sob condições adversas, caracterizada pela sua tradição cultural simples tenta adaptar-se à evolução do mundo. A visita a São Tomé e Príncipe marcou-me profundamente e apesar de bastante jovem sensibilizou-me para uma das prementes problemáticas da arquitectura: a habitação precária dos nativos.

Ismael Seralgeldin afirma “The architect is the generalist who speculates on how the pieces could fit together in more advantageous ways one who is concerned with what well might be.”

introdução

Como resultado de uma reflexão sobre as condicionantes locais procurei com o meu exercício encontrar uma solução contemporânea de baixo custo para casas de pescadores com recurso à metodologia e bibliografia da disciplina supracitada. Após uma equação atenta das diversas temáticas como, arquitectura vernacular, arquitectura de emergência, arquitectura sustentável e ecológica sugeridos pela orientação do docente, o projecto tomou um rumo positivo com uma boa apreciação final motivando-me a aprofundar esta ideia/proposta como resposta efectiva a uma situação real com a possibilidade da correspondente construção.

Pretende-se, assim, uma reflexão teórico-prática sobre o exercício de projecto com o continuo/

1 SOUSA TAVARES, Miguel- Sul. Lisboa: Oficina do Livro, 2004

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aprofundamento das preocupações sociais, funcionais e formais da proposta académica, como uma aproximação à pratica profissional, e investigação da minha identidade na disciplina de arquitectura.

Através de contactos com familiares na ilha de São Tomé surgiu a oportunidade de realizar um projecto no contexto da habitação de ecoturismo, que se enquadra nas premissas do exercício académico, enriquecendo todo o processo projectual, ou seja, a existência de um problema num contexto real com um cliente o que, consecutivamente, redimensiona a importância da proposta.

“As architects, we learn to focus on our basic role: acting as communicators of information, as agents who translate ideas and intentions into built form. Here, we cannot rely on the knowledge others have of our discipline. We have to revise the way we apply our knowledge to the context of the project.

We can however, rely on the enthusiasm of those who work on the building, on their sense of ownership of the work, and on the support of the community. In this respect, architecture can improve the lives of people in a very basic way; simple building can show the scope of architecture to create a sense of place in the landscape. The buildings are of no great intrinsic value; they are simply designed to meet the uses we require of them.”[2]

Neste trabalho, pretende-se para além de expor uma experiência bastante enriquecedora do ensino chileno, desenvolver o projecto académico, decorrente de um processo pedagógico especifico, para o contexto social de São Tomé e Príncipe tendo em conta a cultura, a tradição , as metodologias e técnicas de construção da arquitectura tropical.

A estrutura prevista para a dissertação reflecte o percurso temporal pela qual o processo foi evoluindo. Desta forma, empregando uma organização tripartida, o primeiro momento apresenta-se como um resumo/descrição/reflexão, da disciplina de Construcción Avanzada I, abordando as premissas do exercício final.

uma história simples

Intenciona-se, ainda, criar uma linha condutora desde o enquadramento da disciplina no percurso académico da Universidad de Santiago, o seu processo pedagógico até à implementação das premissas do enunciado e dos objectivos da disciplina que foram essenciais para lograr o projecto. Com a exposição das opções projectuais e respectivas referências arquitectónicas organiza-se a apresentação e explicitação dos desenhos técnicos resultado do exercício prático

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Numa segunda parte, desenvolve-se uma revisão de temas suscitados pelo projeto desde a relação entre a arquitetura e o ambiente até à arquitetura tropical. Procura-se, ainda, aprofundar conteúdos como a sustentabilidade, o vernáculo, o regionalismo crítico e o bioclimático. Neste sentido, o estudo da arquitetura tropical parte da análise dos aspetos fundamentais deste tipo de construções, contextualizando a arquitetura no que concerne às condições humanitárias, de

2 Dittman, Elmar- Simple Forms of Building in the Third World,in DETAIL 3/2001. Simple Forms of Building

emergência e pós traumáticas. Aborda-se, ainda, casos de estudo que sintetizam-se os temas principais do capítulo, construindo-se uma base teórica/bibliográfica de apoio à revisão/ crítica do modelo académico no confronto com a realidade, destacando-se “Taking Shape:a new contract between architecture and nature” de Susannah Hagan.

O terceiro momento, caracterizado essencialmente pela explicitação do processo de elaboração do projecto para São Tomé e Príncipe, será introduzido por um enquadramento do arquipélago, através da caracterização da área de intervenção juntamente com os objectivos do programa.

introdução

Na aproximação à realidade de São Tomé e Príncipe, o projecto sofrerá naturalmente adaptações que implicarão a revisão do modelo académico segundo as características e condicionantes locais. Consequentemente, explicita-se a readaptação do programa, a revisão dos materiais e técnicas construtivas, tendo em conta e a realidade construtiva de um país tropical, ou seja, procura-se uma síntese das tradições construtivas vernáculas com a respectiva reinterpretação contemporânea desses diversos elementos.

15

| mapa e lista de obras consultadas

28

31

porto

7

são tomé

13

14

santiago 29 27

uma história simples

localizações onde a dissertação toma lugar * ordem conforme a apresentação na dissertação

16

1.save haven bathouse tyin tegnestue 2.safe haven library tyin tegnestue 3.soe ker tie houses tyin tegnestue 4.baobad house asante architecture 5.marika house glenn murcutt 6.paper log shigeru ban

7.escola modular m3 m3h1 architecture 8.mao tao clinic a.gor.a architects 9.moving school building trust 10.no border school joão guimarães e miguel magalhães 11.labu tale sik projecto académico de austrália

12. cassia coop training center tyin tegnestue 13.casa de artesanato e museu arquitecto josé castro caldas 14. vila barulho d’água arquitectos vidal e sant’anna 15.lesedi nhanhle training créche projecto académico holanda

22

6.30

26 23

1.2.3.8.9.10 32.33

4

24

12

15

13

5

34

16.herbst bach herbst architects 17. aotea bach herbst architects 18.compson bach herbst architects 19.kaipara pavillion herbst architects 20.wetland folly herbst architects 21.timms bach herbst architects

22. cresce e jardim de infancia pedro reis 23.hut to hut rintala eggerston 24.chen house marco casagrande 25.gogo house herbst architects 26.palmira house studio mumbai 27.casa té cazú zegers

28.Villa Lanbo olavi koponen 29.casa buchuporeo alvaro ramirez y clarisa elton 30.horai onsen bath house kengo kuma 31.new summerhouse ulmayers sylvester 32. low cost house vong trong architects 33.bbhome hp architects 34.mudgee tower casey brown architecture

introdução

16.17.18 19.20.21.25

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CapĂ­tulo I

Capítulo I

capítulo

I

1. enquadramento académico 2.construcción avanzada I

objectivo pedagogia de ensino programa teórico exercício final: proyecto de diseño casos de estudo da disciplina estrutura do exercício 3. proposta: génese de uma história simples

21

capítulo

01. vista sobre Providência, Santiago do Chile, com a marcação do local de residencia durante o período de intercambio

22

05. pátio de entrada da FAU

uma história simples

legenda localização antiga da FAU localização da FAU actual

03. implantação da FAU 04. entrada da FAU

02. mapa da cidade de Santiago do Chile, por ‘comunas’

| Enquadramento Académico “La Arquitetura estudia la relación del hombre con los espacios que lo acogen, de lo que se desprende la dimensión urbanística de la carrera, desde lo contemporáneo y apoyada en los nuevos recursos tecnológicos”[3]

A origem do ensino da arquitetura no Chile remonta ao ano de 1848 quando o reitor da Universidad do Chile – Don Andrés Bello – sugere a fundação de uma escola prática de arquitetura civil[4] para satisfazer as necessidades das obras públicas do país. Sob a direção do arquiteto francês do Estado - Claude François Brunet Baines – procede-se, em 1849, à materialização dos fundamentos da Escuela de Arquitetura no decreto de 17 de novembro, tendo por base o modelo de ensino francês, assim como um determinado conjunto de princípios vitruvianos.

“Sin esta educación preparatoria, que esta mui lejos de ser completa, el arquitecto puede llegar ser un hábil dibujante, un buen constructor; pero su espíritu sin cultura solo producirá obras imperfectas;(...)El fin que el arquitecto debe proponerse en sus composiciones es cumplir con las dos condiciones principales del arte de edificios lo bello i lo útil; poco importan los medios, los elementos empleados, con tal que se consigan éstos objetos (...) El profesor no debe, pues, en manera alguna poner trabas a la marcha del alumno, levantando barreras insuperables en tal o cual dirección, sino que en cada unos de ellos se encuentran (...)” [5]

A Escuela de Arquitetura de Chile, devido à associação inicial à Facultad de Ciencias Físicas y Matemáticas pública, viu-se dotada de um conjunto de matérias científicas que ainda hoje constam do curso. Um século depois, em 1944, assiste-se à criação de forma independente, da Facultad de Arquitetura y Urbanismo tal como é conhecida atualmente[6]; acabando por se associar à Escuela de Geografia em 1965. Neste mesmo período, passou da Avenida República para a Plaza Ercilla Cerrillos, terminando na sede atual do Campus Andrés Bello, localizado na Avenida Portugal, mesmo no centro da vida urbana de Santiago.

3 Frase introdutória do site de apresentação, [consult. 4jan2014] disponível em http://www.fau.uchile.cl/arquitetura 4 História da faculdade [consult.4jan2014] disponível em http://www.fau.uchile.cl/facultad/presentacion/63270/historia 5 Excerto do discurso Preliminar de Brunet Baines, do Curso de Arquitetura, escrito em francês para o Instituto Nacional do Chile, publicado na Imprensa Julio y Cia em 1853 em Santiago.[consult. 20dez2013] disponível em http://www.scribd.com/ doc/188161623/Andres-BelloBARRIENTOS, Hernán- Ciento cincuenta años de enseñanza de la arquitetura en la Universidad de Chile : 1849-1999 /, Santiago de Chile: FAcultad,1999, P.10,11-12 6 Ciento cincuenta años de enseñanza de la arquitetura en la Universidad de Chile : 1849-1999 /, Santiago de Chile: Facultad,1999

capítulo

Situada num edifício reabilitado de estilo colonial, a Faculdade de Arquitetura organizase num pátio seccionado por cinco volumes horizontais de dois pisos, interligados por um corredor que retém as funções comuns como a biblioteca, sala de exposições e os ateliers de reparação. Tendo em conta as diversas remodelações e usos que sofreu ao longo do tempo – inicialmente como Armazém de Madeira e, posteriormente, como Hospital Psiquiátrico –, a organização simples e os espaços amplos do edifício permitiram a adaptação às exigências da faculdade, retratando desta forma um esquema funcional que relembra o utilizado na FAUP (ver imagem 06 e 07). Os usos comuns e administrativos localizam-se nas pontas encerrando o percurso da faculdade, ao longo do qual as salas de aulas se distribuem organizadas em blocos. A métrica linear do edificio é interrompida pelo pátio exterior irregular que invade os vazios entre blocos, que, embora não esteja controlado como é o caso da FAUP com os muros inseridos na

23

A

planta FAUP piso 2 (*nível de referencia do pátio)

corte pelo corredor de ligação AA’

B’

06.vista do alçado principal da FAUP 07.planta e corte do ornigrama funcional

A’

B

legenda área pedagógica área administrativa áreas comuns

uma história simples

planta FAU

24

alçado

08.vista do alçado principal da FAU 09.planta e corte do ornigrama funcional

entrada principal

topografia, que se trata de um espaço de grande proveito.

Em consonância com o desenvolvimento económico e social do país, o ensino na Faculdade de Arquitetura foi sendo constantemente aperfeiçoado. No entanto, ao longo deste processo de amadurecimento, manteve-se presente a constante participação dos estudantes na sociedade como havia sido proferido pelo reitor Don Juan Gomez Millas aquando da inauguração do ano escolar em 1958.

“Si al iniciar vuestros estudios universitarios solo pensáis en una acción egoísta e individual, en logros lucrativos y satisfacciones personales, en realidad no os comprometéis y haréis temer que vuestra vida futura será́ una constante y subrepticia lucha contra todos y, que en el plan de acción que os señaléis, los seres humanos jugarán para vosotros el papel de objetos de vuestra prometedora y expectante actividad [...]. Si vosotros queréis una reforma de la sociedad moderna en Chile, para hacerla más libre de errores y falsías, más justa, más eficiente y, también, más agradable para el gran numero- y sé que vosotros los anheláis sinceramente - debéis comenzar por disponeros a comprometeros en la gran lucha por el progreso humano”. [7] Atualmente, com o fim do regime ditatorial, assim como um conjunto de reformas recentes, a Facultad de Arquitetura y Urbanismo de Chile mantém os princípios instaurados no passado; apresentando porém uma reestruturação do seu programa, sendo a mais recente de 2010.

A Faculdade está dividida em quatro departamentos: Arquitetura, Design, Urbanismo e Geografia; e dispõe de três cursos: Design, Geografia e Arquitetura. A formação é semestral com uma duração total de dez semestres – com exceção de Arquitetura, que é de doze semestres – para a obtenção do grau de licenciado. Para além dos departamentos, existem ainda três instituições de investigação: INVI (Instituto Nacional de la Vivienda) dedicada ao estudo, planeamento e projetação da habitação social em Santiago; Instituto de la Historia y Patrimonio que se debruça sobre o estudo e reabilitação do Património Chileno; e o Centro de Proyectos Externos relacionado com os estágios profissionais e a investigação dos proyectos de título.

7 8

FERNÁNDEZ HECHENLEITNER, Manuel-Don Salomón Sack Mott. Revista de Urbanismo,[S.l.] ,n. 3, Maio 2011 [consult. 4 jan2014] disponível em http://revistaurbanismo.uchile.cl/index.php/RU/article/view/11770/12133 A missão da faculdade, [consult. 4jan2014] disponível em http://www.fau.uchile.cl/facultad/presentacion/63269/mision 4

capítulo

Atualmente, a Faculdade mantém a missão pela qual sempre se orientou “Contribuir al desarrollo de la Nación, mediante la generación, integración y comunicación del saber en las áreas de la arquitetura, el diseño, la geografía y el urbanismo en sus diversas manifestaciones disciplinares asociadas, con estricto apego a los principios orientadores establecidos en el Estatuto de la Universidad (…) Mantener una participación activa y permanente con todos los actores de la sociedad a fin de prospectar, comprender, responder y dar solución a los problemas y los procesos que afectan al espacio, el territorio y la calidad de vida sustentable.”[8]

25

26

10.organização académica do curso na fau com a localização da disciplina construcción avanzada 1

uma história simples

Proyecto de título o tesis EGRESO

seminario

Práctica profesional

Licenciatura

O curso de Arquitetura estrutura-se em duas etapas: o Pregrado (licenciatura) e o Posgrado (mestrado). O Pregrado tem uma duração de oito semestres que funcionam como a base do curso, e o Posgrado, cuja duração é de quatro semestres, confere à formação um caráter profissional conducente ao título de arquiteto.

A primeira etapa é iniciada por um ano de incubação em que disciplinas como a Física de la arquitetura, Geometria, Forma y Espacio e o Taller de Introducción al diseño são lecionadas enquanto matérias introdutórias que contribuem para o enquadramento específico e disciplinar do curso. A partir deste ano, já no terceiro semestre, existe uma repartição semestral em seis disciplinas obrigatórias: “Taller de Diseño Arquitectónico” (Projeto), História, Urbanismo, Construção, Estruturas e Formação Geral (de temáticas diversas). Cada aluno tem a liberdade de orientar o seu percurso académico devido à ramificação das disciplinas em tópicos distintos.

Este processo de escolha é entendido pela faculdade como fazendo parte do processo de maturação do aluno como arquiteto e do enriquecimento da sua formação académica. Neste sentido, é possível estabelecer um paralelismo entre este princípio e o que Zumthor expressa em Pensar a Arquitetura “As raízes do nosso entendimento arquitectónico encontram-se nas nossas vivências (...) encontram-se na nossa biografia. Os estudantes devem aprender a trabalhar de forma consciente as suas experiências pessoais como base dos seus projetos.”[9] Por outras palavras, cada um é responsável por encontrar o que o motiva, o que o apaixona e o que o impulsiona para o mundo real da ‘arte de projetar’ e construir edifícios e, desta forma, traçar o percurso do conhecimento que um dia o formará como arquiteto.

A segunda fase - o Progrado - divide-se em dois anos: o primeiro de caráter profissional repartido por um semestre de Seminário de Investigação e outro de Estágio; o segundo pelo proyecto de título ou tesis de título. Assemelha-se portanto ao programa Pré-Bolonha ministrado na Faculdade de Arquitetura do Porto.

9 ZUMTHOR, Peter- Pensar a Arquitetura, (Barcelona 2009), P.65

capítulo

Este programa académico (ver imagem 10) proporciona ao aluno uma formação completa em todas as áreas, com especial enfoque na construção e no sistema estrutural, assim como na sustentabilidade dos edifícios. Na elaboração dos enunciados e exercícios académicos existe uma preocupação em responder a problemas específicos da sociedade. É ainda de salientar que, em certas disciplinas, estes projetos têm como ponto de partida a possibilidade de virem a ser concretizados no último semestre da Licenciatura (8ºsemestre) e na tese de projecto final de mestrado. Existe ainda uma oferta de Workshops Internacionais e Nacionais e Semanas Informativas como é o caso do Corma (dedicado a obras de madeira) e da semana I+C (Innovación +Construcción)

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ARQUITECTURA PROGRAMA DE ASIGNATURA ARQUITECTURA PROGRAMA DE ASIGNATURA avanzada I AE407-Construcción

AE407-Construcción Diseño constructivo en madera

avanzada I

Diseño constructivo en madera Sistemas Constructivos y Meteriales AREA Luis Goldsack Jarpa – Hernán Elgueta PROFESOR Sistemas Constructivos y Meteriales AREA PROFESOR AYUDANTE

Strange Luis Goldsack Hernán Elgueta Victor Alegría; Jarpa Felipe– Lopez Strange Victor Alegría; Felipe Lopez

AYUDANTE MONITOR(ES) REQUISITOS MONITOR(ES) AO-305 REQUISITOS

2/2012 2/2012

CARACTER ELECTIVO REGIMEN CARACTER ELECTIVO SEMESTRAL REGIMEN SEMESTRAL HORAS D.D. HORAS CREDITOS D.D. NIVEL REF CREDITOS NIVEL REF

AO-305

4,5 /sem

4,5 7,5 /sem 4° SEMESTRE 7,5 4° SEMESTRE

JUSTIFICACION Esta% asignatura% contribuye% al% desarrollo% del% Perfil% Profesional% del% Arquitecto% en% el% ámbito% del% JUSTIFICACION

diagnóstico,%la%planificación,%el%diseño%y%%la%materialización%del%edificio%considerando%la%madera% Esta% asignatura% contribuye% al% desarrollo% del% Perfil% Profesional% del% Arquitecto% en% el% ámbito% del% como%material%fundamental.%Su%justificación%radica%en%la%condición%de%Chile%como%país%forestal%y% diagnóstico,%la%planificación,%el%diseño%y%%la%materialización%del%edificio%considerando%la%madera% su% proyecto% para% lograr% posicionarse% como% país% maderero% en% un% contexto% de% desarrollo% como%material%fundamental.%Su%justificación%radica%en%la%condición%de%Chile%como%país%forestal%y% sustentable.% su% proyecto% para% lograr% posicionarse% como% país% maderero% en% un% contexto% de% desarrollo% sustentable.%

REQUISITOS Construcción I, AO-305 REQUISITOS

Construcción I, AO-305

RESULTADOS DE APRENDIZAJE EN TERMINOS DE COMPETENCIAS GENERICAS Y ESPECIFICAS RESULTADOS DE APRENDIZAJE EN TERMINOS DE COMPETENCIAS Al finalizar esta asignatura, cada alumno será competente en: GENERICAS Ysolución ESPECIFICAS Conceptualizar constructiva propuesta Al finalizar esta laasignatura, cada alumnocomo será una competente en:fundada en las características del o los materiales utilizados; la mano de obra incorporada y los principios y procedimientos técnicos Conceptualizar la solución constructiva como una propuesta fundada en las características del o involucrados. los materiales utilizados; la mano de obra incorporada y los principios y procedimientos técnicos Evaluar y seleccionar dentro de las propuestas tecnologícas aquella mas pertinente de manera involucrados. crítica, incorporando progresiva y recursivamente todos los factores desde lo perceptual a lo Evaluar concreto.y seleccionar dentro de las propuestas tecnologícas aquella mas pertinente de manera crítica, incorporando progresiva y recursivamente todos los factores desde lo perceptual a lo Diseñar concreto.una propuesta tecnológica en madera a partir de las variables espaciales y técnicas implicadas, fundamentando su propuesta en los requerimientos definidos.

Diseñar una propuesta tecnológica en madera a partir de las variables espaciales y técnicas fundamentando su propuesta en los requerimientos definidos.

Seimplicadas, utilizarán básicamente las siguientes estrategias:

ESTRATEGIAS DE ENSEÑANZA-APRENDIZAJE ESTRATEGIAS DE ENSEÑANZA-APRENDIZAJE (METODOLOGÍA) Se utilizarán básicamente las siguientes estrategias: ESTRATEGIAS DE ENSEÑANZA-APRENDIZAJE (METODOLOGÍA) Clases expositivas acompañadas de apuntes y material didáctico CONTENIDOS Trabajo de investigación en a obras en madera Se utilizarán básicamente lasrelación siguientes estrategias: Clases expositivas acompañadas de apuntes ysignificativas material didáctico (METODOLOGÍA) UNIDAD 1:ainvestigación INTRODUCCIÓN Entrevista Arquitecto autor de obraaaobras investigar CONTENIDOS Trabajo de en relación significativas en madera Importancia del uso de autor la madera material deaConstrucción en Chile Investigación sobre tecnología industria asociada la didáctico obra Clases expositivas acompañadas decomo apuntes y material Entrevista a Arquitecto dee obra a investigar UNIDAD 1: investigación INTRODUCCIÓN Antecedentes Históricos del usoe de laa madera en la aConstrucción Visitas a de terreno Trabajo en relación obras significativas en madera Investigación sobre tecnología industria asociada la obra Importancia del uso de la madera como material de Construcción en Chile Situación Actual Desarrollo proyecto de diseño constructivo en madera Entrevista adeArquitecto autor de obra a investigar Visitas a terreno Antecedentes sobre Históricos del usoe de la madera en la aConstrucción Proyecciones Investigación tecnología industria asociada la obra Desarrollo de proyecto de diseño constructivo en madera Situación Actual Visitas a terreno Proyecciones Desarrollo de proyecto de diseño constructivo en madera

SISTEMA DE EVALUACION SISTEMA DE EVALUACION Prueba de diseño SISTEMA DE EVALUACION Trabajode dediseño investigación de una obra Prueba

Proyectode deinvestigación diseño constructivo Trabajo de una Prueba diseño Informesdeyde ensayo Proyecto diseño constructivo Trabajo de investigación de una Informes y ensayo Proyecto de diseño constructivo Informes y ensayo

en madera obra en madera obra en madera

30% 30% 30% 30% 10% 30% 30% 10% 30% 10%

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Manual: La construcción de viviendas en madera, Corporación Chilana Ingeniería y construcción en madera, Industria ARAUCO S.A. de la madera.

Bibliografía a utilizar: libros, revistas, normas, etc.

Manual: Ingeniería y construcción en madera, Industria ARAUCO S.A. Mantenimiento de la madera en establecimientos educacionales, UNESCO. Manual: La construcción de viviendas en madera, Corporación Chilana de la madera.

Manual: Mantenimiento la madera en establecimientos educacionales, UNESCO. Conexiones parademadera laminada, Empresas GULAM. Manual: Ingeniería y construcción en madera, Industria ARAUCO S.A. Manual: Conexiones para laminada, Empresas GULAM.de la madera.

Interactivo: Empresas del madera Centro de transferencia tecnológica Manual: Mantenimiento de la madera en establecimientos educacionales, UNESCO. Interactivo: Empresas del Centro transferencia tecnológica de la madera.

Obras destacadas en de madera.

Manual: Conexiones para madera laminada, Empresas GULAM. Interactivo: Obras destacadas en madera.

Fichas PDF de productos ARAUCO. Interactivo: Empresas del Centro de transferencia tecnológica de la madera.

Fichas PDF de productos ARAUCO. Seminarios Investigación en madera desarrollados en la Facultad de Arquitectura y Urbanismo Interactivo: Obras destacadas en madera. de la Universidad de Chile. en madera desarrollados en la Facultad de Arquitectura y Urbanismo Seminarios de Investigación Fichas PDF de productos ARAUCO. de la Universidad Chile. de Edificación, Euclides Guzmán Álvarez. Índice Técnico de de Materiales Seminarios de Investigación en madera desarrollados en la Facultad de Arquitectura y Urbanismo Índice Técnico deinteriores Materialesendemadera, Edificación, Euclides Guzmán Álvarez.Scheel; profesor guía: Luis Revestimientos Claudio Garrido, Christian de la Universidad de Chile.

Goldsack Jarpa. interiores en madera, Claudio Garrido, Christian Scheel; profesor guía: Luis Revestimientos Índice Técnico de Materiales de Edificación, Euclides Guzmán Álvarez.

Goldsack El detalle Jarpa. en la arquitectura contemporánea en madera, Virginia Mcleod.

Revestimientos interiores en madera, Claudio Garrido, Christian Scheel; profesor guía: Luis El detalle en la arquitectura contemporánea en madera, Virginia Mcleod.

Casas de madera, Ruth Slavid.

Goldsack Jarpa.

Casas madera, Ruth Slavid.

Diseñode simplificado de estructuras de madera, Harry Parker, James Ambrose; [colaborador en la El detalle en la arquitectura contemporánea en madera, Virginia Mcleod. traducción Raúl Arrioja Diseño simplificado de Juárez]. estructuras de madera, Harry Parker, James Ambrose; [colaborador en la Casas de madera, Ruth Slavid. traducción Arrioja Juárez].

Apuntes deRaúl Construcción, [compilado por] Luis Goldsack.

Diseño simplificado de estructuras de madera, Harry Parker, James Ambrose; [colaborador en la Apuntes de Construcción, [compilado por] LuisAlexander Goldsack.Fritz Durán; Corporación Chilena de la La construcción de viviendas en madera, traducción Raúl Arrioja Juárez].

Madera.

La construcción de viviendas en madera, Alexander Fritz Durán; Corporación Chilena de la Apuntes de Construcción, [compilado por] Luis Goldsack.

Madera.

Puentes de madera, Kurt Schwaner, Alejandra Bancalari Cornejo, Francisco Arriagada Martitegui La construcción de viviendas en madera, Alexander Fritz Durán; Corporación Chilena de la ...[et.al.]

Puentes de madera, Kurt Schwaner, Alejandra Bancalari Cornejo, Francisco Arriagada Martitegui Madera. ...[et.al.]

Protección por diseño en puentes de madera, Alejandra Bancalari Cornejo.

Puentes de madera, Kurt Schwaner, Alejandra Bancalari Cornejo, Francisco Arriagada Martitegui Protección por diseño en puentes de madera, Alejandra Bancalari Cornejo.

Bambu : buena alternativa a la madera, Uma Swamy. ...[et.al.]

Bambu : buena a la madera, Uma Naomi Swamy.Stungo; traducción Margarita Kichner.

Arquitectura en alternativa madera : nuevas tendencias, Protección por diseño en puentes de madera, Alejandra Bancalari Cornejo.

Arquitectura en madera : nuevas tendencias, Naomi Stungo; traducción Margarita Kichner.

Bambu : buena alternativa a la madera, Uma Swamy.

Arquitectura en madera : nuevas tendencias, Naomi Stungo; traducción Margarita Kichner.

11.ficha da disciplina

uma história simples

DOCUMENTACION DOCUMENTACION Bibliografía a utilizar: libros, revistas, normas, etc.

Bibliografía a utilizar: libros, revistas, normas, etc. Corporación Chilana de la madera.

Manual: La construcción de viviendas en madera, DOCUMENTACION

|| Construcción avanzada I A disciplina de Construcción avanzada I (AE407- diseño constructivo en madera), de caráter semestral, procede à disciplina Construcción I lecionada no segundo ano da licenciatura.

Em Construcción avanzada I aborda-se, de uma forma introdutória, as diferentes técnicas e materiais de construção. Esta disciplina está inserida num plano de estudos de quarenta e uma horas semanais e dispõe de quatro horas e meia teórico-práticas. A docência da disciplina é da responsabilidade de Luis Jarpa Goldsack, arquiteto e diretor da Licenciatura de Arquitetura, com o apoio de dois monitores, antigos alunos, Felipe López eVictorAlegria (estudantes de mestrado).

No ensino chileno, é prática corrente dispor de monitores que se afiguram determinantes na organização e no apoio didático das disciplinas.

|| Objetivo Esta disciplina visa o desenvolvimento do perfil profissional do aluno no âmbito do diagnóstico, do desenho e da materialização do edifício considerando a madeira como material principal.Na conclusão do semestre, pretende-se que cada aluno detenha a capacidade de conceber uma solução construtiva para uma proposta fundada nas características do material a partir das variáveis espaciais e técnicas ensinadas na disciplina.

O programa[10] estrutura-se em duas partes: uma teórica e outra teórico-prática.

Iniciando-se pela teoria, a matéria distribui-se por sete unidades com o objetivo de criar uma base de ferramentas que auxiliará a execução dos trabalhos práticos. A componente teórica é concluída a meio do semestre, com uma prova individual de desenho manual[11], avaliandose assim a capacidade de interpretação e síntese do aluno. A segunda parte do semestre tem um caráter prático, incitando à experimentação, repartido por dois trabalhos[12]. O primeiro, de investigação[13] em grupo, inicia-se paralelamente às aulas teóricas com o intuito de estudar e analisar uma obra chilena, desde o seu processo construtivo até à compreensão das exigências e especificações técnicas.

10 ver a “ficha da disciplina” em anexo digital e imagem 11 11 A prova equivale a 30% de nota final. Neste exercício é solicitado ao aluno que desenhe uma casa em madeira a partir de fotografias alçados e plantas arquitectónicas. A resposta pretendida passa pelo desenho de planta de fundações, a planta dos pisos(dos entramados horizontais e verticais- explicados adiante) e da cobertura e o corte estrutural da fachada. É possível, no entanto, recorrer ainda ao uso de perspecitvas e axonometrias para substituir algum elemento ou exemplificar algum detalhe 12 Ambos equivalentes a 30% de nota final 13 Ver material do docente “clase_1_presentacion_curso 2.ppt” em anexo digital 14 A organização do trabalho a que se apela mostra ser bastante completo e eficiente na forma como explora a obra focando pontos que normalmente não são referenciados daí a pertinência da apresentação da pauta no anexo digital

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Metodologicamente, a primeira etapa centra-se na visita à obra, investigação e revisão da bibliografia existente. Na segunda, estuda-se o autor, o processo construtivo juntamente com a indústria associada, com a possibilidade de contacto direto com profissionais. E a terceira etapa dedica-se à elaboração de material gráfico que apresente e sintetize o projecto desde a sua localização até à representação dos processos construtivos em 3D. A exposição final organizase segundo uma pauta referencial dos temas explorados nas aulas teórico-práticas, ordenada numa apresentação de diapositivos à turma.[14].

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uma história simples

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exemplos chilenos de arquitectura de madeira, mostrados nas aulas introdutórias ao programa 12- 1.casa del cerro c/planta -arq.ignacio correa • 2. casa en el árbol enraizada c/corte • 3. casa la invernada c/planta-arq.felipe montégu • 4. casa D e planta- arq.panorama+w mr • 5. escuela de pudeto c/esquiço- arq.jorge lobos y asociados • 6. casa gueto c/corte- arq.felipe lagos • 7.quincho gorro capucha c/alçados- arq.grupo talca •8. refúgio de guías en melimoyu c/corte- arq.armando montero y diego a+labbé • 9.casa guayacán c/corte- arq.matias ruiz malbrán •10.cabañas morerava c/axnometria- aata arquitectos

O trabalho final, com a duração de um mês e meio, trata-se de um somatório da aprendizagem, da criatividade e do discurso crítico do aluno. Individualmente, exige-se a cada aluno o desenvolvimento de um projeto em madeira empregando os sistemas e as soluções construtivas lecionadas; partindo de um tema e de um conjunto de premissas. O desafio proposto incita à exploração do conhecimento adquirido no semestre para a escolha da obra referente e da localização. A orientação contínua do docente auxilia o rumo do projeto, finalizado por uma síntese de quatro cartazes de formato A2. A exposição individual ao público dos trabalhos e das opções projetuais abordadas simboliza o término do semestre letivo.

|| Pedagogia de ensino Muito para além da metodologia e do programa da disciplina que, por si só, têm um interesse intrínseco, o professor tem um poder decisivo na cativação do interesse do aluno. Luis Goldsack Jarpa leciona o curso com um princípio que se traduz nas palavras de Zumthor quando este afirma que:“ A arquitetura é desafiada a formar um todo de inumeráveis peças singulares que se diferenciam em forma e função, no material e no tamanho. (...) Para cada lugar do objecto, os pormenores devem refletir a ideia base do esboço: homogeneidade ou separação, tensão ou leveza, fricção, solidez, fragilidade (...) Os pormenores, quando são bem resolvidos, não são decoração.

Não desviam a atenção, não entretêm, mas sim levam-nos à compreensão do todo de cuja natureza fazem essencialmente parte. (...) Talvez só agora o nosso olhar se prenda num pormenor e permaneça espantado (...). Emoções surgem. Algo nos toca. “Não há material mais puro que a madeira que nos faça ver isto.” [15] E a curiosa questão linguística no espanhol da “(...) proximidade entre as palavras madeira, mãe e matéria: madeira, madre, matéria (...)”, autentica o sentimento e o entusiasmo do docente imposto à disciplina.

A capacidade técnica de desenho potencia-se como ferramenta pedagógica de ensino e, como se de um fio condutor se tratasse, o traço do professor acompanha o raciocínio em detalhes construtivos enquanto este explica a matéria. Este método desafia o aluno a ter uma aprendizagem dos sistemas construtivos, gerando a capacidade de dissecar um pormenor construtivo devido à insistência na sua repetição nos mais variados contextos em que emerge.

Entusiasta da sua arte, o professor tenta ensinar os estudantes com todas as ferramentas de que dispõe, sendo quase impossível não se sentir comprometido com a disciplina.

|| Programa teórico

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ZUMTHOR, Peter (2006); “ Pensar a Arquitetura”, tradução de Astrid Grabow, Editorial Gustavo Gili, SI, segunda edição ampliada (Barcelona 2009), P.56 Ver “ficha da disciplina” em anexo digital e imagem 11

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O programa teórico é constituído por sete unidades, conforme exposto na ficha da disciplina [16], que procuram refletir o processo construtivo próprio do material, estabelecendose como ponto de partida a natureza da madeira, a sua evolução, o seu significado na história da

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13.apontamentos das aulas de construção na fau.uchile

uma histĂłria simples

arquitetura e, finalmente, a sua aplicação nos contextos atuais. O encadeamento das unidades é acompanhado graficamente por apresentações de diapositivos e por apontamentos didáticos disponibilizados no início do ano letivo pelo docente, juntamente com os mencionados esquissos e uma visita de estudo ao acampamento mineiro de Sewell.[17] A unidade 1 é dotada de um cariz introdutório. Por sua vez, na unidade 2, percorre-se as diferentes épocas da história chilena, começando pelo período pré hispânico, da conquista e da independência até à contemporaneidade apresentada nas quatro vertentes: regionalista, técnica, historicista e internacional.

“A história da arquitetura contemporânea é inevitavelmente múltipla e variada; uma história das estruturas que independentes da arquitetura constituem o ambiente humano; uma história das tentativas de controlar e dirigir essas estruturas; (...) uma história de novas linguagens que tendo perdido toda a esperança de alcançarem a palavra absolutas definitiva, se esforçam em delimitar o âmbito específico da sua contribuição.”[18]

A unidade 3[19] foca-se essencialmente na origem e nas propriedades da madeira como material orgânico biodegradável, decompondo-o até à sua interpretação microscópica[20] e macroscópica[21] para a compreensão e entendimento da sua classificação. Analisa-se, ainda, segundo o sistema POFA (Potencialidades, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) - mais conhecido no termo inglês SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, and Threats) - as características da madeira. [22] De forma sintética, a unidade 4[23] aborda as diferentes tipologias estruturais e construtivas da madeira. Na abordagem dos sistemas, privilegiam-se as estruturas leves de vãos menores denominadas por entramados[24], que utilizam as paredes compostas por pilares, montantes, tabiquerias, diagonais e soleiras, como os elementos básicos e estruturais da edificação.O sistema de entramados é apresentado e subdivido em tipologias consoante o método de transmissão de cargas para o solo, consequentemente: no sistema americano, sistema baloon frame, e o sistema plataforma ou o de coluna e viga[25]. Há ainda o sistema macizo (log house) em que as paredes são

Obra considerada património mundial TAFURI, Manfredo, DALCO, Francesco- L’architettura contemporânea, 1976 in FRAMPTON, Kenneth – “Introdução ao estudo da cultura tectónica” 1998. P.19 19 Ver material do docente “Modulo_1-2012.ppt” em anexo digital 20 O que estuda a composição da madeira em células, compondo-a em fibras, vasos, rádios medulares e tejidos de almacenamiento. “La matéria estructural o tejido leñoso de la madera está compuesto por células huecas de largos variados cementadoes entre sí y distribuídos vertical y horizontalmente en el tronco. La mayor parte de las células de la madera son fibras largas y estrechas y huecas ordenadas con su eje longitudinal paralelo al eje del tronco constituyendo un atado de haces tubulares lo que condiciona el comportamento anisotrópico de higroscópico de la madera” extraído do diapositivo Modulo_1-2012.ppt” em anexo digital 21 O que estuda a estrutura do tronco dividindo em medula, durâmen, albura, cambium, floema, corteza e rádios lenhosos, que é sensível e identificável ao olho humano, extraído do diapositivo Modulo_1-2012.ppt” em anexo digital 22 Assim, destaca-se, enquanto potencialidade, as propriedades e características do material natural como um material tecnológico, um recurso abundante e renovável explicado por o Chile ser um país madeireiro e grande exportador mundial.

A oportunidade é vista na valorização que hoje se faz à condição de “tecnologia sustentável” e material natural renovável.

Como fraqueza é assinalada a deterioração e a manutenção ainda aliada ao baixo desenvolvimento da indústria florestal.

Terminando, as ameaças justificam-se pelo surgimento dos materiais alternativos sintéticos e prefabricados como os polímeros e o alumínio.

23 Ver material do docente “Modulo_2-2012.ppt” em anexo digital 24 A tradução de entramado seria “estrutura” ou armação de madeiras, que, no entender da palavra, se trata de uma tradução muito redutora, passando desta forma de agora em diante a utilizar a palavra em espanhol.

25 CORMA (Corporacion Chilena de la Madera) , “Manual La construcción de viviendas en madera”, Capítulo II,[consult.9dez2014] disponível em http://www.cttmadera.cl/wp-content/uploads/2007/03/unidad_6-sist_estruc.pdf

HANONO, Miguel- Construcción en madera(2004) p.40

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14.exemplos das aulas de construção, preparação para o exame da matéria teórica.

uma história simples

compostas por troncos empilhados e o elemento central é maciço caracterizando-se por ter três dimensões iguais; e o sistema de estruturas laminadas cujo elemento central é a lâmina. [26] Das leves noções construtivas que foram abordadas nas aulas e, tendo em conta as considerações apreendidas, parte-se para a pormenorização das tipologias de pequenas edificações na unidade 5[27]. Estruturando o processo de montagem, subdividem-se os elementos segundo a sua função na cadeia estrutural começando pelas fundações, seguindo para o entramado horizontal[28], o entramado vertical[29], terminando no entramado de techo. Ao longo deste processo, explicam-se os sistemas de encaixe e uniões impostos pelo entrelaçamento dos elementos. O desenho arquitetónico construtivo é sensível ao entendimento das implicações e do protagonismo dos encaixes da madeira, já que estes formam a espacialidade arquitetónica e a resolução dos encontros dos mesmos poderá ser utilizada com um selo estrutural. Na amostra das componentes previne-se para o dimensionamento e o encadeamento das peças na construção, tendo presente no desenho a ponte da escala global para o detalhe. As variações mais discutidas são a viga sobre o pilar, viga contra o pilar, pilar e viga, o duplo pilar, dupla viga e os painéis contraplacados e pré fabricados[30]. E, estabelecendo a ponte com a seguinte, esta unidade termina com a discussão de uma visão futurista da construção em madeira.

“O modo pelo qual antecipamos o futuro define que o passado tem para nós, tal como a forma pela qual os nossos antepassados projetaram o futuro determina o âmbito das nossas possibilidades.

Assim, (…) pressupõe que entendemos a história não somente porque a fazemos, mas também porque ela nos fez; pertencemo-lhe no sentido que herdamos a sua experiência, projectamos num futuro com base na situação que o passado nos criou, e agimos à luz da nossa compreensão deste passado, quer tal entendimento seja explícito ou não.”[31]

Em modo conclusivo da matéria, nas unidades 6 e 7[32] aborda-se obras contemporâneas chilenas, possibilitadas pelo avanço tecnológico da indústria. Procedendo-se à descrição detalhada dos diversos projetos, apresentam-se “novos materiais e técnicas” desde os préfabricados, a madeira maciça, os contraplacados até às grandes e complexas estruturas conseguidas pela madeira lamelada.

Dando aso à criatividade do arquiteto encerra-se assim o programa teórico.

26 As terminologias dos sistemas estão descritas e baseadas no Arquitecto Miguel Hanono, autor de “Construcción en Madera, Classificación de los sistemas estructurales, p.38; Livro da bibliografia da disciplina 27 Ver material do docente “Modulo_3-2012.ppt”, “Modulo_4-2012.ppt”, “Modulo_5-2012.ppt” em anexo digital 28 Termo espanhol para identificar a estrutura principal e secundária horizontal de um piso, que representa a estrutura da planta.

29 Termo espanhol para estrutura principal e secundária vertical, que representa a estrutura dos alçados e cortes.

30 Termologia aplicada pelo docente e validada em Construccion en Madera por HANONO, Miguel.

31 Frampton 49, o conceito de “fusão de horizontes” proposta Hans Georg Gadamer. “ Gadamer: Hermeneutics, Tradition and Reason, p.69 32 Ver material do docente “Modulo_6-2012.ppt” e “Modulo_7-2012.ppt “,“Modulo_8-2012.ppt “ “Modulo_9-2012.ppt “ ver em anexo digital

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“ Não pedimos para ser seres eternos. Pedimos apenas que as coisas não percam o seu significado” por Antoine de Saint Exupery.

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16.casa do arquitecto Smiljan Radic em Chiloé

uma história simples

15.logo do projecto ‘uma história simples’, processo de desenho

|| Exercício Final: Proyecto de diseño O exercício académico final da disciplina proporciona ao aluno um confronto com a realidade, dando-lhe liberdade para elaborar uma proposta utilizando como material dominante a madeira com especial enfoque nos temas da sustentabilidade e da ecologia. Este exercício visa a aplicação das técnicas e soluções lecionadas e a escolha de uma problemática social que fundamente a proposta.

|| Casos de estudo da disciplina Como exemplo, o docente apresentou quatro obras que transparecem os objetivos solicitados e atuam como fonte de inspiração. Cada uma das obras apresenta como base uma simples estrutura de madeira, de planta livre, e um enquadramento na história e paisagem local.

A origem dos projetos apresenta diversos motivos mas todos partilham o mesmo fim: a ligação à natureza. A subsequente citação de Kenneth Frampton da “Introdução ao Estudo da Cultura e Tectónica” poderia traçar uma sinopse da essência do que se fala nas obras abaixo e do que é requerido no exercício: “Em última análise tudo se resolve, quer na forma como algo é realizado, como na própria manifestação da sua forma. Não se trata de negar a criatividade espacial, mas intensificar o seu carácter na realização precisa. Assim, o presenciar de uma obra é inseparável da forma da sua implantação no terreno e o ascender da sua estrutura através da combinação de apoio, vão, alheta, e junta, no ritmo do seu revestimento e da modelação da sua fenestração. Situada no ponto de contacto entre a cultura e natureza, construir tem tanto de telúrico como de forma construída.

Próximo da agricultura, o seu papel é modificar a superfície da terra de modo a cuidá-la, ou como no conceito de heiddeggeriano de gelassenheit, deixá-la ser. Daí a noção de “construir o sítio”, para utilizar a memorável frase de Mario Botta, ser de maior importância que a criação de objetos autónomos, e nesse sentido construir tem tanto de topos como de técnica. (...) luz, água, vento e o desgaste do clima são os agentes pela qual é consumada. Porque a sua continuidade transcende a mortalidade, construir fornece a base da vida e cultura. (...)” Luis Barragán diz “toda a arquitetura que não exprime serenidade falha a sua missão espiritual (...) a missão da nossa época é combinar a vitalidade e a calma”[33].

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Frampton, Kenneth - Introdução ao estudo da cultura tectónica. 1ª ed . Lisboa : A.A.P., 1998. (Cadernos de Arquitectura).

Smiljan Radic, é um arquitecto internacionalmente reconhecido, formado em 1989 pela Universidade Católica do Chile, vindo a estabelecer a sua oficina em 1995. A maioria dos projectos aborda uma escala pequena como a habitação e instalações.

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A casa do Arquiteto Smiljan Radic [34] (imagem 16)para duas pessoas em Chiloé, no Chile, foi concebida como um refúgio à vida urbana no meio da floresta. O conceito seria que, ao longo dos anos, a casa se fosse transformando numa vitrina de lembranças fruto de recordações e vivências. Trata-se de um edifício de dois pisos, com planta retangular que se ordena consoante a disposição das casas de banho e as escadas de acesso, sem divisões. A fachada acompanha a simplicidade do interior e é constituída por uma grelha de madeira que deixa transparecer o

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19.Freya’s and Robin Kielder dos Studio Weave

uma história simples

18.torre de Rintala Egertsson Architects

17.casa Kike do arquitecto Gianni Bosford

interior da casa para o exterior. O paralelepípedo paira a 40cm do solo, composto por uma estrutura artesanal de madeira que se organiza segundo uma rede modular de 56cm por 28cm.

A casa Kike do Arquiteto Gianni Bostford[35] (imagem 17) na Costa Rica, trata-se de um pequeno estúdio para um escritor, composto apenas por uma biblioteca, uma secretária e um piano de cauda. A estratégia era criar um espaço de composição e leitura que absorvesse a essência da natureza. De planta retangular sem divisões, as vigas da cobertura de 10m permitem um interior livre sem pilares e sustentam um telhado inclinado que se abre em direção ao mar, criando uma tensão interior e orientando o espaço. As diagonais verticais servem a função de estantes habitando as paredes. O recurso ao revestimento em chapa de aço ondulado advém da sua condição económica e da sua utilização local; por outro lado, a fachada principal consiste num envidraçado composto por grelhas e dispõe da particularidade de controlar o movimento do ar ventilando a casa. Desta forma, a junção das técnicas indígenas no uso da madeira, bem como a tecnologia e o design do arquiteto, deram origem a uma construção paralelepipédica elevada sobre palafitas de 1,20 m altura, de estrutura simples.

A Torre de Rintala Eggertsson Architects[36] (imagem18) na Noruega,consiste num miradouro executado num programa de desenvolvimento na zona que partiu de um workshop com a escola Politécnica de Milão sob o tema do mito de uma serpente do Lago de Seljord.

Introduzida num projeto que interliga pontos panorâmicos à volta do lago para facilitar o acesso local e de visitantes, a torre oferece uma perceção mais ampla da paisagem do conhecido e do desconhecido. Com uma forma esguia de planta quadrada de 4 metros, tem como único elemento interior a escada envolvida pelo perímetro que sobe até uma altura aproximada de 15m, intercalada por varandas com enfiamentos visuais na paisagem. O revestimento da estrutura simples de entramados é composto por um pano vertical de estacas de madeira alinhadas, homogenizando a fachada como se de uma “pele” se tratasse.

Freya’s and Robin Kielder[37] Art and Architecture(imagem 19) na Inglaterra de Studio Weave: são dois projetos que surgem inspirados numa história sobre a paisagem inventada pelos arquitetos. Partindo de uma planta retangular de proporções pequenas e a mesma forma “enraizada de casa”, ambos se distinguem pela sua linguagem formal. A Freya’s cabin é feita a partir de 150 placas cortadas que formam uma treliça de madeira que relembra uma folhagem de uma árvore de um conto de fadas, enquanto a Robin’s Cabin é revestida a telhas de madeira.

Sustentada por estacas de aço, a Freya’s Cabin reflete-se sobre o panorama do lago imenso esperando por Robin.

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Gianni Botsford architects, um atelier em Londres, fundado pelo Gianni Bostford, um italiano formado em Design de Interiores pela Kingston University em 1984, tendo iniciado a empresa em 1996. O trabalho retrata uma arquitectura sustentável, sensível as tradições locais, tendo como material principal de construção a madeira.

Rintala Eggertsson Architects. Surge em 2007, com o arquitecto Sami Rintala, finlandês, aquando este se junta com o arquitecto islandês Dagur Eggerstsson. Sami Rintala previamente deteve um escritório com Marco Casagrande com quem foi distinguido internacionalmente em 1999, com o prémio ‘Land(e)scape. Trata-se de uma das principais oficinas da Escandinávia de cariz humanitário Desenvolvem trabalhos de todo o tipo desde de a habitação a instalações que percorrem o mundo, promovendo ainda projectos universitários.

Studio Weave, trata-se de uma oficina londrina fundada em 2006 por Je Ahn, Maria Smith. Detém um historial de projectos em prol da comunidade, atribuindo uma perspectiva aberta e alegre.

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As obras de exemplo traçam um ponto de partida para o início do exercício, que poderia

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20.processo de desenho

uma histĂłria simples

processar-se de diversas formas mas como Campo Baeza afirma: “para un arquitecto, la Memória es completamente imprescindible. Es como el arca del tesoro de onde sacar continuamente material para ser utilizado de manera adequada. Para destilar de ahí mejores essenciais.” [38]

|| Estrutura do Exercício Assim, o projeto reparte-se em duas etapas distintas. A escolha de uma localização e de uma referência de apoio marca o início, sendo que o desafio encontra-se em saber investigar e compor uma ideia projectual para antever o sistema construtivo a adotar e a referência mais apropriada. Isto é imperativo no exercício no sentido de ordenar o processo criativo e construtivo de forma a evitar possíveis divergências em relação ao propósito final. A exploração do lugar dáse através de um programa proposto como solução para uma problemática social identificada no início.

A segunda etapa - de desenvolvimento- é constituída por sessões de exposição e crítica à turma, tal como a orientação individual do docente. O trabalho termina com uma apresentação final em que se resume o projeto a 5 paíneis A2 de temáticas pré-definidas (abaixo referidas) que o esclarecem e o expõem. Esta divisão do trabalho recupera a organização já ensaiada no exercício de grupo.

A organização efetua-se sinteticamente respeitando os seguintes princípios/critérios: - O primeiro paínel é um somatório da fase inicial do projeto, ou seja, uma apresentação das motivações e fundamentos da proposta com um entendimento do lugar, do programa e das opções do projeto a desenvolver.

- O segundo paínel demonstra/exemplifica uma decomposição do projeto nas suas partes e os respetivos passos construtivos, recorrendo a imagens de um modelo 3D o que possibilita a compreensão desde o esqueleto até à pele do edifício.

- O terceiro, a de arquitetura, mostra as relações espaciais do projeto, o sistema funcional com as plantas e os cortes essenciais do projeto.

- O quarto, a de estruturas, resume as plantas estruturais do projeto, juntamente com o corte construtivo: discutem-se as opções materiais e estruturais do projeto.

- E, para encerrar, no último paínel, reproduz-se o projeto através de imagens concetuais que demonstram a essência e a espacialidade pretendidas, assim como a sua inserção no lugar.

38 BAEZA, Alberto Campo-Mnemosine Versus Mimesis in Revista Trama número 1 P.10

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Esta sistematização permite não só uma visão global e estruturada de todos os trabalhos como ainda a integração destes na exposição anual dos trabalhos académicos do curso, comunicando de forma operativa os objectivos da disciplina.

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21.estrada para Santa Catarina, São Tomé e Príncipe, visita em 2001

uma história simples

||| Proposta: Génese de uma história simples Perante o desafio, recorreu-se à memória, desde sempre responsável pela evolução dos espaços que se criam ou que se habitam. As memórias que se guardam associam-se a pequenas histórias ou narrativas que traduzem as peças mais importantes de uma experiência contínua do dia-a-dia ou de uma viagem. Habitar é a necessidade mais remota da história da Humanidade; desde sempre existimos para habitar, para nos identificarmos com um lugar, ainda que por pouco tempo. Habitar significa ter noção do que nos rodeia, e construir está diretamente ligado a este ato e a esta necessidade. A arquitetura depende, por isso, da necessidade de habitar, albergar, proteger e dar identidade a lugares que, pelas suas funções base, sustentam a sociedade. À luz deste fio condutor, estabeleceu-se então o tema deste projeto: evocando memórias de uma viagem a São Tomé e Príncipe, uma ilha do Atlântico, onde a necessidade de um abrigo num clima tropical criou um refúgio sustentado no recurso natural mais barato da ilha - a madeira.

“A ninguém é indiferente a passagem por esta terra, sentimos também o espectro da desilusão, o sentimento de um trabalho infecundo sempre justificado com a célebre expressão popular “leve-leve”, que significa que o trabalho é para se ir fazendo, sem hora, sem prazo. Porém a esperança não morre.”[39]

É impossível esquecer este lugar que se situa do lado sudoeste da ilha, a comunidade das Neves, onde o povo ‘habita’ na berma da rua costeira (imagem 21) que divide a floresta do mar e vive essencialmente de uma atividade de subsistência – a agricultura ou a pesca. As habitações de dimensões reduzidas, compostas apenas por uma divisão de cerca de 6m2 que se elevam por estacas criando a separação física do lugar dos animais, traduziam-se nas únicas posses deste povo para além das vestes e das pequenas embarcações de sobrevivência. O desajuste à condição humana levou a que se tomasse como desafio criar um espaço que se refletisse no lugar, optimizando e dignificando a vida dos utentes, através dos conhecimentos adquiridos, sem se desconectar da vida quotidiana e da natureza decorrente. Uma casa que, segundo Louis Kahn, deveria corresponder às três necessidades essenciais: oferecer abrigo, “a casa”; dar resposta a um problema concreto - “o que é preciso para criar um abrigo?”; e, por fim, “interpretar o lugar”.

Partindo-se disto, procurou-se responder projetualmente com uma solução arquitectónica que, à semelhança da cultura deste lugar, se deve apresentar como o mais objectiva e funcional possível

39 ANDRADE, Rodrigo Rebelo de - As roças de São Tomé e Príncipe : o passado e o futuro de uma arquitetura de poder. Porto : Faup, 2008. P.92 40 [consult.20jan2014] disponível em http://www.tyinarchitects.com 41 GANDHI, Rajiv

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As referências foram diversas. Porém, as mais marcantes consistem nas obras desenvolvidas por um grupo de cinco arquitetos noruegueses conhecidos por Tyin Tegnestue[40]. “Building villages means building a nation”[41] poderia ser o mote deste grupo devido ao seu extenso

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Urinals in different heights

Shower

Traditional toilets with low maintenance gravel floors

Washbasins

Western toilet

Washing machine

Bamboo facade

TYIN tegnestue , Safe Haven Bathhouse

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22.Soe Ker Tie Houses dos Tyin Tegnestue 23.Safe Haven Bathouse dos Tyin Tegnestue

uma hist贸ria simples

drawing plan scale 1:100 paper A5

portefólio de trabalhos de cariz humanitário sem fins lucrativos, em que aplica soluções para um desafio real e de uma arquitetura onde tudo tem que servir a sua função, uma arquitetura que responde às necessidades. Os projetos tentam envolver a população tanto no desenho como na construção dos seus edifícios, explorando ainda as matérias-primas da zona para uma redução de custos e incentivo à economia local. Em lugar de destaque, situam-se as obras desenvolvidas em seis meses, na comunidade Ban Tha SongYang na Tailândia. Estas obras partiram de um workshop com quinze estudantes da faculdade NTNU da Noruega e o arquiteto Sami Rintala[42] e tiveram por base um projeto humanitário para a construção de uma casa de banho - Safe Haven Bathouse -, uma vez que o saneamento da zona era precário; e ainda de uma biblioteca - Safe Haven Library (imagem 23) - para uma comunidade de órfãos. O envolvimento com as crianças levou a que se englobasse no projeto vinte e quatro habitações na tentativa de oferecer um espaço privado para cada órfão, contribuindo-se assim para a dignificação das suas condições de vida.

“Small, sheltered spaces are easier to “make your own” and large spaces are good for meeting and social life (...) We imagined that the children would enjoy and benefit from a range of diferente spaces (...)The irregularly arranged buildings create outdoor áreas where you can play and relax. Interior spaces are open for games or impromptu lessons”.

As obras deste atelier são de estrutura simples, essencialmente em madeira, de construção fácil e com um revestimento em entrelaçado de bambu - uma técnica local que favorece a ventilação devido ao clima quente e húmido -, havendo ainda recolha da água das chuvas para consequente filtragem. O especial enfoque na arquitetura sustentável e a integração da tradição assentou na possibilidade de estas obras poderem vir a inspirar futuras construções, integrandose assim na cultura e história do povo tal como refletem os seus princípios que se poderiam traduzir pela seguinte frase de Ismael Serageldin: “Change must be addressed and assimilated in such a way that the citizens of each city will be able to craft their own future. This does not mean that architects have no role (...)They must both work to ensure that the poor become the artisans of their own destinies”[43]

42 Arquitecto integrante do escritório Rintala Eggertsson 43 YUNUS, Muhammad- The architecture of empowerment: people, shelter and livable cities ed. by Ismail Seragerldin. 1ª ed.

London: Academic, 1997. P.24

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O pretexto dos projetos e a sua concretização assemelham-se ao exercício; a Safe Haven Bathhouse, a Safe Haven Library e a Soe Ker Tie Houses (que significa “casas borboleta” devido à sua forma-imagem 22) moldam-se e servem, cada uma delas, a rotina do pequeno povo, facilitando e aliviando as atividades do quotidiano, o que acaba por promover a dignidade merecida.

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24.processo de desenho projectual

uma hist贸ria simples

Existe um interesse na relação do homem com a natureza e o edifício não deve constituir uma barreira mas sim um incentivo para o diálogo direto entre ambos, privilegiando a vista sobre o mar sem obstáculos. A aspiração eterna destes homens é estar presente na natureza.

O homem marca, por si mesmo, um território, constrói uma cobertura sobre a cabeça e situa-se na natureza selvagem.

Neste sentido, também o povo santomense foi-se assim estabelecendo no seu território, procurando relacionar-se constantemente com os deuses em que acredita. O objetivo do projeto seria a criação de um modelo de casa sustentável e ecológica que respondesse às demandas deste povo sem se descontextualizar das casas tradicionais.

O exercício resultou num conjunto de quatro casas auto sustentáveis com um módulo de serviços sanitários que pairam na berma do arvoredo, num terreno de pequenas dimensões delimitado pela natureza,fazendo de fronteira entre três ecossistemas – o mar, o rio e a floresta tropical. O módulo constrói-se a si mesmo, desdobrando-se nas pequenas funções da família como se de uma só peça se tratasse, oferecendo espaço para se apropriarem e o adaptarem às suas necessidades. Cada módulo é elevado por estacas de madeira, ajustando-se ao terreno, ficando assim protegido contra as inundações e dando abrigo aos animais domésticos. A cobertura exprime-se como a verdadeira protagonista do projeto: protege o edifício do sol e da chuva criando um coberto/pátio na zona posterior, capturando desta forma a brisa fresca vinda do mar. A delimitação do espaço exterior introduz-se por um canal de recolha das águas pluviais que percorre o pequeno conjunto unindo-o, conduzindo a água para o módulo de serviços que contém uma central de tratamento de águas rudimentar, onde esta é acumulada em três cisternas e submetida a processos de filtragem. A fachada encontra-se adaptada ao clima húmido, visto que o revestimento com canas de bambu entrelaçado favorece a ventilação. A transparência desta solução construtiva permite igualmente dar continuidade à relação entre o interior e o exterior.”

capítulo

O módulo reparte-se em dois espaços, cada um com a sua identidade, luz e sensações próprias: o exterior coberto, onde se localiza a cozinha de apoio tal como um espaço de convívio, e o interior com dois pisos - o superior categorizado quase como um sótão, tido como o espaço mais privado de descanso, e o inferior como uma sala de estar. A criação de uma unidade sanitária repartida era de extrema importância devido à rede de saneamento inexistente. Deste modo, optou-se por uma solução ecológica de sanitários de compostagem onde a água utilizada seria a pluvial recolhida, aproveitando-se ainda para fazer a reciclagem de lixos orgânicos.

47

Todos os materiais foram pensados com o objetivo de poderem ser reciclados ou reaproveitados de outras estruturas, tentando manipular a natureza ao mínimo. A estrutura tem a particularidade de ter o pilar duplo, ou seja, a viga encontra-se entalada entre dois pilares estreitos, o que simplifica o entramado vertical. Sendo uma variação do sistema baloon frame, que foi inventado nos Estados Unidos e que remete para pilares adelgaçados e com a altura do edificado, as vigas apoiam-se nos pilares na lateral com uma transmissão de cargas excêntrica.

Isto é algo que implica um maior número de pilares com um espaçamento modular menor, com o aparafusamento entre si. Este método é vantajoso pela sua facilidade e rapidez de construção, não requerendo mão-de-obra especializada, nem ferramentas elaboradas, sendo ainda um sistema leve. Os vãos, portas e janelas correspondem necessariamente a múltiplos do módulo fundamental e as diagonais horizontais ajudam a estabilizar a estrutura contra as ações do vento. A cobertura tem uma estrutura independente em zinco, material bastante acessível e utilizado na construção corrente, mas que tem a desvantagem do ruído que, com a chuva, se torna ensurdecedor. Tendo em conta este último aspeto, optou-se por duplicar a estrutura do telhado e colocar uma camada de bambu para a filtragem da chuva.

O projeto final propõe uma casa, “La casa tiene que gustar a todos. A diferencia de la obra de arte, que no tiene que gustar de nadie. La obra de arte es asunto privado del artista. La casa no lo es. La obra de arte se introduce en el mundo sin que exista necessidade para ello. La casa cumple una necessidade.

La obra de arte no debe rendir cuentas a nadie. La casa a cualquiera. La obra de arte debe arrancar las personas de su comodidade. La casa tiene que servir a la comodidade. La obra de arte es revolucionaria, la casa es conservadora. La obra de arte enseña nuevos caminos a la humanidade y piensa en el futuro.

La casa piense en el presente. La persona ama todo lo que sirve su comodidade. Odia todo lo quiera arrancarle de su posición acostumbrada y assegurada y de abrume. Y por ello ama la casa y odiala arte.

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patio ‘semi privado’

patio ‘semi privado’

entrada

cozinha exterior

espaço de estar

acesso ao 1ºpiso

quarto

recolha de água

25.corte explicativo do funcionamento do projecto

uma história simples

cobertura ‘dupla’

Loos, Adolph: “Architektur, 1910” in CUECO, Jorge Torres, “Casa por casa-reflexiones sobre el habitar” Jorge Torres Cueco (Valencia:2009), p.5

capítulo

26.1ºpaínel, apresentação das motivações e fundamentos da proposta com um entendimento do lugar, do programa e das opções do projeto a desenvolver.

49

50

27.2º paínel . demonstra/exemplifica uma decomposição do projeto nas suas partes e os respetivos passos construtivos, recorrendo a imagens de um modelo 3d, o que possibilita a compreensão desde o esqueleto à pele do edifício.

uma história simples

51

capítulo

28.3ºpaínel, da arquitetura, mostra as relações espaciais do projeto, o sistema funcional com as plantas e os cortes essenciais do projeto.

52

29.4ºpaínel de estruturas, resume as plantas estruturais do projeto, juntamente com o corte construtivo: discutem-se as opções materiais e estruturais do projeto.

uma história simples

capítulo

30.5º paínel, a última folha, reproduz-se o projeto através de imagens concetuais que demonstram a essência e a espacialidade pretendidas, assim como a sua inserção no lugar

53

CapĂ­tulo II

Capítulo II

capítulo

II

1. a relação entre a arquitectura e o ambiente

sustentabilidade vernáculo regionalismo crítico bioclimático

2. arquitectura tropical

condição humanitária, de emergência, pós traumática e temporária

casos de estudo escola modular m3 • m3h1 architecture mao tao clinic • a.gor.a architects moving school • building trust no border school • joão guimarães e miguel magalhães labu tale sik • projecto académico de austrália cassia coop training center • tyin tegnestue casa de artesanato e museu arquitecto • josé castro caldas vila barulho d’água • arquitectos vidal e sant’anna lesedi nhanhle training créche • projecto académico holanda bach

| A Relação Entre a Arquitetura e o Ambiente “Infinite growth on a finite planet is an impossibility”[44] “If we suspect a problem we should talk it up, not take it down”[45] “The edge of chaos is where life has enough stability to sustain itself and enough creativity to deserve the name of life”[46]

Os limites do meio ambiente e a forma como se desafiam apresentam-se, hoje em dia, mais evidentes do que nunca, juntamente com a questão da extinção das fontes de energia e de outros recursos naturais. Isto leva, consequentemente, a uma maior consciencialização por parte das pessoas para a urgente necessidade de uma forma de vida sustentável. A ‘sustentabilidade’ permanece ainda um conceito relativamente vago, ao qual é conferido um sentido de urgência semelhante àqueles que impulsionaram muitos dos grandes movimentos da arquitetura moderna que questionaram a cidade. Implícita ao caráter de urgência, está uma referência retórica a um medo coletivo: o medo da revolução (Le Corbusier), o medo da tabula rasa cultural (Jane Jacobs, Team X) ou o novo medo: o de um colapso ecológico.

Falar sobre sustentabilidade implica falar sobre o futuro. O futuro aparece como uma matriz de dados, estatísticas e metas, que têm como objetivo antecipar as possíveis formas de abordar uma catástrofe. Trata-se assim de um futuro não planeado, mas sim administrado. O discurso sobre sustentabilidade pauta-se por um dever de apelo humanitário inevitável que consiste, de forma simples, na necessidade de considerar as consequências futuras nas ações presentes, pois poderão conduzir ao fim da flora e da fauna do planeta.

Existem várias perspetivas sobre a sustentabilidade e cada uma com a sua própria pertinência. A arquitetura representa uma pequena fração na problemática social da sustentabilidade mas, mesmo assim, pode contribuir para a instrução da população no que respeita a práticas mais adequadas, ilustrando e cultivando um arquitetura voltada para o ambiente. Isto, porque a arquitetura tem um papel fundamental na sociedade: como diria Susannah Hagan em Taking Shape, “Architecture is a product and a producer of culture, and is in a position to persuade”.[47] Apesar de tudo, a arquitetura trata-se de um produto da natureza e a

coexistência entre ambos é fundamental: “Dwelling, is not just living a dwelling, it is inhabiting a particular piece of nature in a particularly sympathetic way, it is the ability to dwell to react co-operatively to given circumstances, which creates the dwelling, so that ‘the dwelling’ is a very particular kind of building, and carries and obvious environmental point”[48].

44 SCHUMACHER citado por HALLIDAY, Sandy -Sustainable Construction. Butterworth-Heinemann, 2ºed. 2008.P22 45 BORDASS, Billy citado por HALLIDAY, Sandy -Sustainable Construction. Butterworth-Heinemann, 2ºed. 2008.P22 46 WALDROP, citado por HAGAN, Susannah - Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001.P.40 47 HAGAN, Susannah - Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001(xIII Introduction) 48 HEIDEGGER, citado por HAGAN, Susannah - Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001. P.168

capítulo

Neste sentido, a arquitetura contemporânea deveria ser um reflexo do nosso contexto, um contexto em que as condicionantes e as necessidades do homem se moldam de modo a atingir um determinado ideal. Debater a relação entre a arquitectura e o ambiente trata-se de uma tarefa complicada, que envolve termos como a sustentabilidade, bioclimático, regionalismo

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sociedade

economia

cultura

ambiente

economia sociedade cultura ambiente

perspectivas ambientais

geradores auto-sustentáveis

economia sociedade

ambiente

sociedade

economia

cultura

ambiente

cultura

relações de apoio

perspectivas do sector privado

design

sociedade

ambiente

construção

obsolência

economia ocupação ambiente construído sustentável

uma história simples

perspectiva sustentável

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diferentes perspectivas de sustentabilidade numa sociedade

“The built environment is the outcome of equal consideration of all four issues” Avi Friedman.

ciclo de vida

princípios de um sistema sustentável

01.esquemas de sustentabilidade adaptados de Avi Friedman

cultura

crítico e a pedra basilar destes, o vernáculo. Um projeto verdadeiramente ‘ecológico’ deveria, necessariamente, emergir dos vários sistemas da natureza que o pré-configuram, tornandose numa arquitectura que coexiste no ambiente respeitando o seu funcionamento. Uma arquitectura que ´não se vê, mas se sente’, e que desde sempre existiu tornando o edifício um elemento dialogante entre o exterior e o interior, interligado ao seu contexto físico e cultural.

O homem desde de sempre vive na natureza, e criou os meios necessários para a adaptar; entender esta relação trata-se de um passo para um futuro do sustentável.

| Sustentabilidade O tema ‘sustentabilidade´ entrou em voga no âmbito da arquitetura atual, e, embora seja dotado de grande ambiguidade, é fundamental na sua interpretaçao ter em consideração a noção de contexto. Desta forma, o tema ‘arquitetura sustentável’ torna-se igualmente vago e bastante complexo, abrangendo uma tríade de aspectos socioeconómicos e ambientais, mas podendo, no entanto, ser descrita como um estado emergente de arquitetura que subscreve uma cooperação entre o construído e o natural [49].

No sentido de perceber os conceitos da arquitetura sustentável e da arquitetura tropical,[50] considera-se a introdução e a contextualização da história no cenário internacional das preocupações ambientais.

Considera-se, frequentemente, que o movimento ambiental moderno foi iniciado nos Estados Unidos em 1962 com o Silent Spring de Rachel Carson, uma publicação que provocou uma mudança de paradigmas quanto ao impacto ambiental do uso do pesticida[51]. Sete anos mais tarde, Ian McHarg, um emigrante escocês, publicou,Design with Nature em 1969, uma tese ecológica que expandia a disciplina do paisagismo, da arquitetura e do planeamento.

Considerado um dos fundadores do desenvolvimento sustentável, McHarg, argumentou que o desenvolvimento humano deveria ser projetado de modo a ter-se em ponderação a natureza e os seus processos naturais.[52] Nesta década, contradizendo o pensamento modernista da ideia de espaço em detrimento do lugar[53], inicia-se a chamada green architecture[54] onde a circunstânia do lugar – assim como o consumo de energia – se torna uma questão primordial para a metodologia, execução e produto final do projeto. Porém, as raízes mais profundas da green architecture surgem mais tardiamente no livro de John farmer, Green Shift(1996), que traçou o desenvolvimento da Green Sensibility na arquitetura dos edifícios populares.

49 HAGAN, Susannah - Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001( (xi) Introduction 50 A Arquitectura Tropical será abordada á frente no capítulo 51 HAGAN, Susannah - Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001( (xii) Introduction 52 HAGAN, Susannah- Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001( (xii) Introduction 53 GREGOTTI, Vittorio - discurso na New York Architectural League in FRAMPTON, Kenneth–“Introdução ao estudo da cultura tectónica” 1998. P.28 54 Small is Beautifull de Schumacher (1973) surge como mais um marco na análise das causas dos problemas ambientais e no desenvolvimento de princípios ‘green’ partindo do princípio que as atenções estavam direcionadas para as consequências tanto de uma crise energética de dimensões mundiais como para o impacto ambiental gerado pelo consumo da energia de origem fóssil, somados ás conjeturas e alertas a respeito do crescimento da população mundial e o inevitável crescimento das cidades e das suas demandas por todos os tipos de recursos.

capítulo

As preocupações e questões da sustentabilidade ambiental emergem no final da

59

aesthetic formalist ornamental organic

social geographic dispersion

constraints style: intended use site

evolution historical typological

method material tool process scale

owner designer builder

designer social environmental builder climate user context

uma história simples

owner

60

culture colective spatial image religion/morality work and leisure status

02.matriz vernácula de Victor Papanek “Papanek’s view of vernacular architecture is that it is based on a knowledge of traditional practice, reveals craftsmanship, uses local materials, is ecologically apt, and relates well to local climate, ecology, site and surroundings.” citado de ABBOTT, Derek- The Green Imperative

década de 80 e início de 90 na agenda da arquitetura internacional, que se vê marcada por acidentes industriais que realçaram a magnitude dos processos humanos e dos seus consequentes impactos ambientais. [55] “Phenomenology in the sense of environmental awareness (...) is a rediscovery of the world as totality of interacting, concrete qualities (...) when this is accomplished we may say that we ‘dwell’, in the true sense of the word, and become ready to save the earth” (NorbergSchulz, 1988:16)[56] O termo sustentabilidade assume-se então, enquanto parte integrante de uma perspetiva ambientalista crítica dos modelos de crescimento económico. E, em 1987, as Nações Unidas estabelecem a Comissão Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento (WCED), que se tornou conhecida pelo Brundtland Report[57] onde se introduz o conceito ‘sustentabilidade’ no discurso ambiental, transformando o discurso arquitetónico e reforçando a Green Architecture.

O conceito de Desenvolvimento Sustentável define-se então como:“o desenvolvimento que dê respostas às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras darem resposta às delas”,[58] possibilitando que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico e de realização humana, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. [59] Na história da Green Architecture seguiu-se a formulação da Agenda 21, em 1992 na ‘Conferência das Nações Unidas Sobre o Ambiente e o Desenvolvimento’ no Rio de Janeiro.[60] A Agenda 21 consiste num plano normativo para o desenvolvimento sustentável, que contém instruções específicas de construção da arquitetura sustentável entre as quais é possível destacar o uso de tecnologia e materiais locais; tecnologias construtivas de trabalho intensivo; design energeticamente eficiente; reciclagem de materiais, prevenção de resíduos, desenvolvimento de conhecimento sobre o impacto ambiental dos edifícios e a ajuda na autoconstrução de casas para os desfavorecidos.

| Vernáculo O conceito da arquitetura sustentável surge, de certa forma, enquanto resultado de uma adaptação da arquitetura vernacular às tecnologias modernas. A arquitectura vernacular sugere tirar partido da natureza para aprender e ser mais criativo, integrar princípios de uma arquitetura bioclimática, utilizar os recursos disponíveis na Natureza para minimizar os impactos do ambiente.

Desastres industriais tais como explosão de gás Bhopal (1984), desastre nuclear de Chernobyl 1986 e derramagem de óleo em 1989 de Exxon Valdez.

56 Citado por HAGAN, Susannah - Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001. P.103 57 BRUNDTLAND, Gro Harlem- Our common future: The World Commission on Environment and Development. Oxford: Oxford University, 1987.

58 PINHEIRO, Manuel Duarte- Ambiente e construção sustentável. Lisboa:Instituto do ambiente, 2006. P.28 59 “A Comissão Mundial não acredita (...) na realidade, da capacidade da terra suportar a vida – seja um destino que não pode evitar-se. (...) Se cuidarmos da natureza, a natureza cuidará de nós. (...) (S)e queremos salvar parte do sistema temos de salvar o próprio sistema. Isto é uma essência daquilo que chamamos desenvolvimento sustentável. Há muitas dimensões para a sustentabilidade. Primeiro, requer a eliminação da pobreza e privação. Segundo requer a conservação e o aumento dos recursos base já que eles podem assegurar que a eliminação da probreza será permanente. Terceiro, requer um alargamento do conceito de desenvolvimento social e cultural. Quarto, e mais importante, requer a unificação da economia e da ecologia na tomada de decisões a todos os níveis. “ (Brundtland 1987) citado e traduzido por PINHEIRO, Manuel Duarte- Ambiente e construção sustentável. Lisboa:Instituto do ambiente, 2006. P.85 60 PINHEIRO, Manuel Duarte- Ambiente e construção sustentável, 2006. P.29 e BAWEJA, Vandana- A pre-history of Green Architecture: Otto Koeninsgberger and Tropical Architecture, 2008. P24

capítulo

55

61

A arquitetura vernácula tem persistido nas declarações de arquitetos, na medida em que vários deles admitem ter-se inspirado na tradição vernácula nas suas obras. Form follows fuction, uma forma intuitiva de uma cultura constituída pelas condicionantes e necesidades impostas pela natureza, produzidas pelo homem sem a intervenção do arquiteto[61] intitulada também de arquitetura sem arquitetos.[62] “Architecture of the ordinary builder, the person with neither pretension nor claims to genius, who had nevertheless availed himself of patterns and principles which to please his clients”[63].

“Vernáculo”, do latim ‘vernaculus’ ou ‘indígena’, permite a existência de edificios que espelham o nativo, as leis naturais.; retrata uma arquitetura ‘imutável’ e ‘eternamente válida’[64] pois surge como fruto do bom senso humano, servindo o seu propósito na perfeição, resolvendo os problemas de integração entre a geografia e o clima do local. “It embraces what is known and what is inherited about the dwelling, building, or settlement. It includes the collective wisdom and experience of a society and the norms that have become accepted by the group as being appropriated to its built environment”[65]. Neste sentido, a arquitetura vernacular trata-se de uma das manifestações mais reais da interação entre o homem e o meio ambiente resultante da relação entre os fatores ecológicos, económicos, materiais, políticos e sociais[66]. Como disse Adolf Loos ao contactar com obras vernáculas nos Alpes, “These do not seem manmade but more like product of god’s workshop”[67]. Estas estruturas tendem a ser facilmente apreendidas e compreendidas, feitas predominantemente com materiais locais e apropriadas ecologicamente, isto é, adaptam-se bem ao clima, à flora e à fauna e aos modos de vida locais.

A atenção recaiu sobre esta arquitetura nómada aquando da exposição no Museu de Arte Moderna em Nova Iorque, em 1964 entitulada de Architecture without architects. Este nome foi atribuído por Bernard Rudolsky, que tinha como objetivo quebrar os conceitos estreitos da arte e construir inspirando-se no mundo da arquitetura ‘sem pedigree’[68] do qual se conhecia tão pouco.

Perante esta nova matriz arquitetónica, existem duas atitudes: “os que buscam um antiindustrial, pró-artesanal revivalismo vernacular, e esses que a vêem com uma fonte de princípios valiosos e tentam e testam técnicas de desenho passivo ambiental (...) O segundo grupo que procura no tradicionalismo vernacular um modelo para a prática da arquitetura está interessado numa lição central para ser aprendida através do seu exemplo: a ideia de viver dentro dos limites

uma história simples

61

62

Baseado em Roderick Lawrence, copilado por Lindsay Asquith e Marcel Vellinga - Twenty First Century, Theory, Education and Practice.2005. P10 62 Definição introduzida por Bernard Rudofsky e publicada em 1964 no seu livro com o mesmo título 63 SCRUTON, Roger- The Classical Vernacular in HAGAN, Susannah–“Taking Shape:new contract between architecture and nature”, 2001. P.124 64 “Vernacular building, then in the words of Bernard Rudolfsky, ‘architecture without architects’ (...) immutable, indeed, unimprovable (buildings)” citado de Rudofsky, Bernard- Architecture without architects: a short introduction to non-pedigreed architecture.

1995. Préfácio 65 OLIVER in BRONNER, Simon- Building Tradition: Control and authority in vernacular architecture, in “Theory, education and practice”. P25 66 Baseado em LAWRENCE, Roderick- Learning from vernacular: Basic Principles for sustaining human habits in “Theory, education and practice, 2005 p10 e 11 67 Citado por Oliver, Paul -Dwellings: the vernacular house world wide. 2003. P.9 68 MILHEIRO, Ana Vaz - Cinco Áfricas : cinco escolas : five schools. São Paulo, 2009

dos recursos.”[69] “But do nomads have architecture it’s hard to say. Architecture is defined as a built place that communicates status, defends againsts danger, a product of sedentary humankind.

How can we define “the … of nomads”? (...) It seems to me that recognising that we are part of nature is part of making architecture: shelter, places for rituals, for socialisation, for “holiness”. Making architecture (which leads to something being architecture) is the clearest, purest, ancestral concept of place. Once we became sedentary, buildings mark a detachment, something diferente from us: an entity that needs to be managed with increasing awareness, from which we need to defend ourselves, that we have to exorcise(...)”.[70]

| Regionalismo Crítico O Regionalismo Crítico nasce como uma teoria de oposição à homogeneidade e universalização arquitetónica promovida pelo modernismo, defendendo que a ideia moderna ignorou a especificadade física, social e cultural de cada região, excluindo a variação de paisagens, topografias, climas e biodiversidade do vocabulário arquitetónico. Foca-se então na relação do edifício com o seu meio envolvente sem implicar os aspetos históricos, supondo que estes estarão inevitavelmente interligados numa relação dialética. Este conceito contribui para estabelecer uma noção de lugar, algo que pode vir a ser crucial na definição da estrutura social e estabilidade económica dos países em desenvolvimento. Mario Botta utiliza a expressão building the site, referindo-se não só ao edifício no local mas sim como o edificio reconstrói e responde desde de uma perspetiva histórica, vernacular e geológica. Desta forma, o lugar encontra a sua expressão e forma sem cair em sentimentalismos.[71] Frampton baseia-se no ensaio do filósofo Paul Ricouer “Universal Civilization and National Cultures”, de 1961, para construir a sua crítica relativamente à universalização humana imposta em todo o mundo com o surgimento de uma única civilização que irá erradicar as culturas tradicionais locais, que são as definidoras do lugar. Para Ricouer e Frampton, a arquitetura deve, no sentido de preservar o valor social, conservar – em cada construção – as marcas do passado, mas também cumprir com as exigências do futuro. Assim, poder-se-ia afimar que, pela forma tectónica, a adaptabilidade local, a relevância social e o vocabulário arquitetónico, um edifício pode reinterpretar as velhas tradições num ambiente moderno.

“Critical regionalismo had to be understood as a marginal practice, one which, while it is a critic of modernisation, nonetheless still refuses to abandon the emancipatory and progressive aspects of the modern architectural legacy(...) opposed to the sentimental simulation of local vernacular. Critical Regionalism will, on occasion, insert reintrepreted vernacular elements as disjuntive episodes within

69 HAGAN, Susannah - Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001.P.103-104 70 PETTENA, Gianni - L’Architecttura Ideale, opinione de Gianni Pettena, November 2010. Domus 941 71 FRAMPTON, Kenneth- Ten Points on a Architecture of Regionalism: Provisional Polemic, Chapter 7 “Critical Regionalism”, in“Architectural Regionalism: Collected Writings on Place, Identity, Modernity, and Tradition” 2007. P.376 72 FRAMPTON, Kenneth in HAGAN, Susannah–“Taking Shape:new contract between architecture and nature”, 2001. P.142 73 RALPH in HAGAN, Susannah–“Taking Shape:new contract between architecture and nature”, 2001.P.141

capítulo

the whole”[72] “People are their place and a place is its people, and however readily these may be separated in conceptual terms, in experience they are not easily differentiated”[73]

63

biologia

uma história simples

climatologia

64

arquitectura

tecnologia

03.ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO BIOCLIMÁTICO DE VICTOR OLGYAY

Deste modo, constata-se então a existência de uma arquitetura que dá especial enfoque à ‘circunstância’ enquanto resultado de uma combinação entre natural e humano, que respeita as especificidades de cada lugar e onde “projectar, planear, desenhar, não deverão traduzir-se para o arquitecto na criação de formas vazias de sentido, impostas por capricho da moda ou por capricho de qualquer outra natureza. As formas que ele criará deverão resultar, antes, de um equilíbrio sábio entre a sua visão pessoal e a circunstância que o envolve e para tanto deverá ele conhecêla tão intensamente que conhecer e ser se confundem. E da circunstância deverá ele contrariar os aspectos negativos e valorizar os aspectos positivos (…)” [74]. A multiplicidade formal inerente a uma circunstância remete-nos para a conclusão de que a variação do lugar de uma intervenção modifica a forma de atuar; pois “variam a luz, as formas naturais dos terrenos e a sua constituição, variam os climas, variam os conceitos de vida física e espiritual, variam as técnicas, variam os usos e os costumes (...) varia, numa palavra, a circunstância de cada um desses mundos diferentes de formas que o homem criou” [75] “Critical regionalism would instead embrace the topography as a manisfestation of the regions geologic and agricultural history. This then would be transferred into the form of the building placed here, into the terracing contours of the land.“

| Bioclimática[76] “(...) à luz da globalização, é cada vez mais necessário para o património autêntico construído existente ser um significativo contributo para a identidade local, ajudando a definir o carácter único do local apoiando a população local, a alcançar benefícios sociais tal como uma memória de um lugar. A diversidade e rica complexidade do património Tangível e Intangível é uma inspiração constante que merece ser mais bem conservado e protegido. (...) Nas discussões actuais sobre sustentabilidade e mudanças climáticas, podemos observar uma reapreciação e avaliação do património construído em harmonia com suas condições de clima e localização geográfica ”[77]

74 Távora, Fernando- Da organização do espaço .1996.P. 74 75 Távora, Fernando- Da organização do espaço .1996.P.23 76 Termo oficializado por Victor Olgyay, professor da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Princeton. A investigação até aos anos setenta resultou num livro “Arquitetura e Clima” que ajudou a formar a maioria dos arquitectos bioclimáticos. O seu primeiro artigo foi lançado em 1951 “Temperate House” seguido de outros trabalhos sobre “Bioclimatic Approach to Architecture” e “Solar control and orientation to meet bioclimatic requirements” (1954). O termo Desenho Bioclimático foi proposto em 1963 tratando de enfatizar os vínculos e as multiplas relaçãos entre a vida e o clima em relação ao desenho, expondo ainda as bases em como o desenho arquitectónico deveria desenvolver-se respondendo aos requerimentos climatérios específicos Mais adiante surgiram outras definições também usualmente relacionadas com a Arquitetura Bioclimática, tais como o desenho ambiental, eco-desenho, desenho natural e bio desenho.

77 LEHMANN, Steffen- What is Green Urbanism? Holistic Principles to Transform Cities for Sustainability.chapter 14 in “Climate Change - Research and Technology for Adaptation and Mitigation”,Australia, 2011 P.260 [consult. 5março2014] disponível em http://www.intechopen.com/books/climate-change-research-and-technology-for-adaptation-and-mitigation/what-isgreen-urbanism-holistic-principles-to-transform-cities-for-sustainability 78 DUARTE, Rui Miguel Antunes – Arquitetura com vida: por uma arquitetura mais bioclimática.Porto:Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2006. Dissertação de Mestrado. P.63 79 Termologia portuguesa

capítulo

A Arquitetura Bioclimática apresenta-se como uma arquitetura que “não se vê, sentese”. Por isso à primeira vista, é provável que não se consiga distinguir um edifício bioclimático de qualquer outro”. [78] Surge como ‘aprendiz’ e a partir de uma reinterpretação da vernácula, sendo esta última uma fonte de ensinamentos, uma espécie de pedra basilar para a designada arquitetura sustentável. No contexto atual, este tipo de arquitetura é, frequentemente, apontado como uma ‘arquitetura popular evoluída’[79]; a edificação, tanto na sua vertente popular como bioclimática, atende à forma como funciona o elemento de captação, acumulação e distribuição

65

da energia necessário à existência vivencial dos seus habitantes. “Environmental design should work with climate rather then against it, using available air and/or earth and/or water to cool, and solar radiation and recover heat to warm”[80] A palavra bioclimática resulta da junção de dois termos: bio, que remete para o respeito pelo meio ambiente e para a vida das pessoas que o habitam; e climática, cujo significado reside na adaptação às condições ambientais de cada lugar respeitando e usufruindo dos seus recursos naturais. O conceito da arquitetura bioclimática assenta num compromisso cujas bases são: um programa de arquitetura, um local, uma cultura, os materiais locais, a paisagem, uma noção de bem-estar e de abrigo.

Esta abordagem defende o retorno aos elementos primários da arquitetura, em que o desenho do autor define a relação entre o edifício e a envolvente ambiental, social e cultural utilizando o contexto como ferramenta de projecto, em que existe uma abordagem tridimensional da Arquitetura, ou seja, pensa-se para a singularidade daquela situação e o que se encontra contextualmente relacionado com a envolvente física da Natureza. A compreensão da relação direta entre os elementos físicos de um lugar, como a latitude e longitude, a topografia, a geomorfologia, a vegetação, o sol e a sua radiação, as massas de água e a circulação de ar, leva a uma ambição de desenhar arquitetura com sentido de lugar. O uso do desenho passivo, como um elemento ativo de projeto, torna-se um imperativo projetual, pois a Arquitetura Bioclimática baseia-se na ideia de que a arquitetura ambiental deve ser pensada como Arquitetura em termos de composição e significado, ao mesmo tempo que se aborda o tema da sustentabilidade.

Ao pensar num edifício intrinsecamente ligado ao contexto físico, não podemos naturalmente esquecer a particularidade cultural e as memórias que lhe são implícitas. Não nos podemos abstrair da alma e linguagem própria, ou seja, do conceito de Arquitetura como subsistência vivencial e cultural do lugar, e que cada edifício “ não pode deixar de ser uma resposta, mais afirmativa ou contida, mais simpática ou contida, ao contexto onde se implanta.”[81] “El procedimiento para construir una casa climatéricamente balanceada se divide en 4 pasos, de los cuales el último es la expresíon arquitectónica. La expresión debe estar precedida por el estudio de las variables climáticas biológicas y tecnológicas” (OLGYAY 1963) [82]

uma história simples

“As casas de hoje terão de nascer de nós, isto é, terão de representar as nossas necessidades, resultar das nossas necessidades, resultar das nossas condições e de toda a série de circunstâncias dentro das quais vivemos, no espaço e no tempo.”[83] Hoje em dia, uma arquitetura de baixo impacto ambiental não pressupõe um estilo ou um movimento arquitetónico, mas sim uma prática e um modo de viver que reflete uma síntese entre o projeto, o ambiente e a tecnologia, dentro de um determinado contexto ambiental, cultural e socioeconómico. Esta abordagem tenta antever de

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80 HAGAN, Susannah- Taking Shape: a new contract between architecture and nature. 2001.P. 31 81 OLGYAY, Victor – Arquitetura y Clima : Manual de Diseño Bioclimático para Arquitectos y Urbanistas, 1962.Prefácio VIII 82 FREIXANET, Victor Fuentes- Metodologia de diseño, capítulo II in Arquitectura Bioclimática,2002. P.09 [consult.25fev2014] disponível em http://www.scribd.com/doc/102028439/Arquitectura-Bioclimatica-Victor-Armando-Fuentes-Freixanet 83 Távora, Fernando - O problema da casa portuguesa. 1947. P.11

forma compreensível uma visão de médio e longo prazo do ciclo dos materiais e da construção, sendo que tanto o idealismo como o pragmatismo se tratam de fatores fundamentais, como destaca o economista Paul Ekins no artigo The Green Apocalypse de 1997, em Architecture of Ecology.

Dentro de uma visão mais global, esta arquitetura pode ser encontrada tanto na arquitetura vernacular - das mais variadas culturas - como em exemplos do modernismo ou mesmo nas construções mais recentes, rotuladas como high-tech ou eco-tech. Independentemente da vertente tecnológica, as soluções do projeto deverão transcender o simples conforto ambiental e energético. As premissas da arquitetura extraem-se da leitura da circunstância na qual o projeto se insere e do problema ou do programa que se coloca para a proposição do projeto. Esta teoria ajusta-se aos antigos princípios vitruvianos - o sistema firmitas, venustas, utilitas (solidez, beleza e utilidade) -, na medida em que se considera um projeto bioclimático, bem como as soluções que respondem a outros aspetos da energia, água, saneamento e entre outras. [84] “There is an important distiction to be made between low energy and ecological design. In countries where energy is less of an issue than rainforest protection or water conservation, the concept of sustainability provides a framework for integrated decision-making (…) The new ‘sustainability order’ is not universal but, like classicism, is modified by regional circumstances.”[85] Em síntese poder-se-á aplicar ao projeto em questão os principais pontos a ter em atenção na prática de uma arquitectura que se relaciona o ambiente: - A localização; - O zoneamento, prevendo a melhor implantação consoante o terreno; - Conjugação e entendimento do clima; - Projectação para um ganho solar passivo; - Consideração da direção do vento; - Preservação da fauna e da flora; - Preservação da topografia e a drenagem natural do terreno; - Apoio e suporte das comunidades locais, respondendo a exigências e necessidades reais; - Uso de recursos locais, fomentando a economia, com atenção a desperdícios desnecessários; - Projectação não só para o presente mas também para a vida do edificio, prevendo o envelhecimento coerente e a sua manutenção progressiva; - Promoção de um ambiente saudável tanto para ocupantes como para os construtores, evitando a exposição a materiais nocivos e poluentes.

84 GUEDES, Manuel Correia- Arquitetura Sustentável em Angola, Manual de Boas práticas. 2011 85 EDWARDS, Brian- Sustainability: the Search for an Earthly Paradise, in Architectural Design, Green Architecture 86 ECONEF é uma organização não governamental localizada em Juankali, no norte da Tanzânia, com o objectivo de melhorar o standard de vida das crianças órfãs da área. O ideal da associação seria reduzir a dependência dos orfanatos de doações privadas, criando edifícios auto sustentáveis e de manutenção gratuita a longo prazo. Baseado no www.econef.org

capítulo

Um bom exemplo de uma arquitetura sustentável e bioclimática, fundamentada em princípios vernáculos num clima tropical, é a Boabad House (imagem 04)- o primeiro centro para crianças construído pela ECONEF[86], dos Asante Architecture & Design, na base da montanha de Kilimanjaro, na Tanzânia, em 2013. Esta equipa – formada por Frida Oster, Caroline Wikstrom

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fachada oeste tanque de água

quarto

tanque de água

quarto

cozinha tanque de água

sistema de tratamento da água da chuva

patio coberto entrada

planta

uma história simples

fachada este

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ventilação natural

sistema de recolha das águas da chuva 04.casa Baobad dos Asante Architecture and Design.

Esquemas do funcionamento sustentável do edificado.

Exemplicação da recolha de água, ventilação e tratamento da água

wc

árvore ebondeiro/boabad sistema de recolha de água

e Pivil Vanamo – é originária da Suécia e integra os Arquitetos Sem Fronteiras da Suécia, que defendem o papel da arquitetura e do design na construção de um ambiente saudável. [87] A Boabad é uma árvore africana, conhecida como a árvore da vida, que chega a alcançar alturas até trinta metros e cujo tronco pode ir de sete a onze metros de diâmetro, onde consegue armazenar 120 000 litros de água. O conceito do projeto faz uma analogia à árvore, na integração da recolha da água no desenho arquitetural. O objetivo da Boabad House seria o de desenvolver uma tipologia sustentável que se adequasse ao clima, à cultura e à economia local, introduzindo técnicas de baixo custo tal como o tratamento da água, painéis solares para o aquecimento da água e sanitas ecológicas de compostagem. Para além disso, existia ainda a vontade de divulgar os conhecimentos dos métodos construtivos sustentáveis e desenvolver um edifício de fácil reprodução para o futuro. Isto, integrando técnicas locais, aumentando assim o respeito por parte da população e idealizando o futuro pelo registo e documentação dos processos de construção em manuais. A filosofia imposta pelos arquitetos assemelha-se, em muito, ao que o teórico Paul Oliver defende em Raising the Roof, “A town is made of buildings, but a community is made of people; a house is a structure but a home is much more. The distinctions are not trivial, nor are they sentimental or romantic: they are fundamental to the understanding of the difference between the provision of shelter which serves to protect and the creation of domestic environments that express the deep structures of society.”[88]; no sentido em que o projeto proposto não assenta só na própria casa, mas também nas relações das pessoas órfãs e na sua possível posteridade.

87 Página oficial dos Asante Architecture & Design, [consult2março2014] disponível em http://asante.se/?p=30 88 OLIVER in DAVIS, Ian- Sheltering from extreme hazards in “Twenty.First Century: Theory, education and practice”, 2005.P.145 89 Viollet-Le-Duc in HAGAN, Susannah- “Taking Shape: a new contract between architecture and nature” 2001.P.106

capítulo

Os dois pontos fulcrais deste projeto residem no circuito da água e na cobertura. A simples necessidade da recolha da água desenhou o espaço. As cisternas na posição central da planta dividem o espaço entre as funções coletivas e privadas, criando uma circulação central e passagens arejadas necessárias neste clima. A cobertura elevada da estrutura figura na fachada com imponência, inclinando-se para o centro para conduzir a água das chuvas, realçando a zona de conexão da casa e abrindo-se para o exterior, acolhendo a paisagem e a brisa para a ventilação. “In architecture there are two necessary ways of being true. It must be true according to the programme and true to the methods of construction. To be according to the program is to fulfill, exactly and simply, the conditions imposed by need; to be true according to the methods of construction is to employ the materials according to their qualities and properties (…)“ [89] Este projeto mantém-se fiel a esta afirmação: a procura pela resolução dos desafios propostos pela circunstância levou a que a solução desenhasse o projeto e criasse uma base auto-sustentável.

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05.alpendre da roça de São João dos Angolares, de São Tomé e Principe. exemplo de país de clima Tropical. visita em 2001

uma história simples

|| Arquitetura Tropical “Life in the tropics is under permanent dominion of sensuality. This is evoked by the presence of an exuberant vegetation, under a sky inhabited by capricious clouds; by the hammock with its soft swaying; by the importance of the shade that gathers; by the breeze that refreshes and evaporates the sweat of the skin; by the rain, the bracing sun and the multiple mirages. The noises at night come from vigorous nature: the sound of the buds when they blossom, the rustle of animals free unleashed, the dense, powerful perfume of humidity wafting in the air. The air is laden with moisture that is imbued with the polychrome of sunlight from dawn to dusk, a rainbow being its greatest expression. Everything travels with the air, the smell of moisture, the heat and its solidity that impinges on people as they walk and that we feel as a cloud that enfolds us in lethargy. Air in the tropics is never neutral or indifferent. It is an actor that communicates and arouses sensations and conspires to create this particular atmosphere.

Let the air pass and the messages of nature will permeate, as is understood by the builder who allows the breeze to pass through his house. (…)

The amount of rain, the abundant sunlight, the dancing light, the seductive air, the exuberant vegetation, the torrid temperature and humidity determine and conditioned life in the tropics, as mush as anthropological factors, cultural heritages, religious beliefs and historical determinants. (…)

The tropics are a festival of senses, a carnival of feelings (…) The architecture which begins by defying tropical nature ends by defering to it”[90]

“To live in the Tropical world is to respond to climate.(...) the building itself must, through its very form, create the “controls” the user needs.”[91] “Form Follows Climate” como afirmou Charles Correa sintetiza o princípio da arquitetura tropical. Trata-se de uma arquitetura que pratica de forma natural e inata os conceitos da arquitetura sustentável e bioclimática, tratando-se de uma união de técnicas e conhecimentos vernaculares que foram sendo transmitidos de geração em geração. As técnicas e os materiais existentes na natureza local e a construção sem recurso a técnicas especializadas deram origem a uma arquitetura que se adaptava aos parâmetros de sustentabilidade, diferenciando uma região da outra pelas expressões e linguagens culturais específicas, e tendo ainda em consideração o clima.

90 STAGNO, Bruno, Tropical Architecture, Latitude and Thought (2001). P.78 91 CORREA, Charles M. “Forms Follows Climate”, Architectural Record, July 1980. P.89 92 baseado em Koch-Nielsen, H.- Stay Cool:A design guide for the built environment in hot climates.2002.P.45 93 Debate-se sobre qual a melhor classificação climática a fazer-se nestas regiões, priorizando a temperatura e humidade ou outros factores como a vegetação e a altitude.

capítulo

Tal como o nome sugere, este tipo de arquitetura remete para a arquitetura desenvolvida na região denominada de trópicos que se localiza em torno do equador entre a latitude 23° e -23° e apresenta um clima tropical húmido[92]. Segundo Ayoade em “Introdução à climatologia dos trópicos”, este carateriza-se pela ausência da estação fria e por uma amplitude térmica diária consideravelmente baixa, sendo que as temperaturas médias rondam os 18°C, com máxima de 30°C. As estações do ano definem-se fundamentalmente com base no nível de precipitação e da humidade relativa do ar, a humidade 60% e 100%; e a precipitação média anual pode chegar a exceder os 1000 mm[93]. Em “Arquitetura bioclimática de espaço público” Busto Romero aponta três tipos de clima para as regiões tropicais em função da construção encontrada na região tropical: quente e seco, quente e húmido, e tropical de altitude (na tabela-imagem 10- a autora

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06.Mapa dos climas de Kopen -Geiger 07.Mapa dos climas de Frey and Drew(1964) 08.caminho para a praia da Pedra Furada, São Tomé.visita à ilha.

uma história simples

Mapa Mundo com a divisão do clima tropical segundo a classificação de climas de Kopen-Geiger(mapa em cima), que se trata de uma classificação mais sintetizada em comparação com a de Fry and Drew (mapa à direita com os diferentes tipos de climas tropicais). Na classificação de Fry e Drew (1964) identificam-se as seguintes áreas continentais onde a amplitude media diária ultrapassa a amplitude anual. São principalmente encontradas nas seguintes regiões: o continente da Africa, com excepção dos bordes setentrionais e meridionais; Asia de monções, que cobre o Sul e o Sudoeste asiático e o Norte de Austrália; a parte central e setentrional da América do Sul; as florestas tropicais do Caribe, America Central a Amazonia, Africa Equatorial. Indonésia, Malásia, Sul da India entre outros.

localização de São Tomé e Príncipe

climas tropicais segundo a classificação de Kopen-Geiger Clima tropical c/estação seca Clima tropical c/monsões Clima equatorial

faz a distinção entre os climas.) O clima tem uma influência direta sobre a forma de conceção do edifício e da malha urbana em que se insere. Numa abordagem sustentável, também os recursos naturais existentes, assim como a durabilidade dos materiais de construção, são condicionados pelo clima e pelo contexto geográfico em que se insere a construção.

Esta região, constituída por países colonizados pela Europa e América do Norte foi, outrora, povoada por povos ancestrais responsáveis pela ciência nativa e vernacular. Muitos arquitetos atribuíram importância a estes conhecimentos, transportando-os para a sua prática arquitetónica. Le Corbusier, entre outros arquitetos[94], inspirou-se nesta arquitectura, acreditando que esta representava a perfeita harmonia entre as necessidades humanas e o meio ambiente.

A expressão “Tropical Architecture”, muito controversa[95], surge particularmente associada a Maxwell Fry e Jane Drew, devido à difusão internacional do livro Tropical Architecture in Humid Zones (1956) seguido por Tropical Architecture in Dry and Humid Zones (1964). Estas obras eram baseadas em projetos que surgiram nas colónias Africanas que, ao criar novas formas, desafiavam os paradigmas Europeus. O lançamento destes dois livros tinha como objetivo dar a conhecer e preencher a falta de conhecimento sobre a arquitetura tropical. “Architecture in the Tropics is a collaboration with nature to establish a new order in which human beings may live in harmony with their surroundings”.

09.Factores que influenciam o conforto humano no interior de um edifício: humidade temperatura, radiação e movimento do ar. “It is the aim of good design to reflect away, baffle, intercept or absorb the extremes of heat and light so as to produce a liveable interior” .

Esquema e citação de FRY, Maxwell, DREW, Jane - Architecture and Environment. p.43

94 Minette da Silva em Sri Lanka, Tay Kheng Soon e William Lim em Singapura, Mick Pearce no Zimbabwe, Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer e Affonso Reidy e Burle Marx no Brasil, Oluwole Olumuniya na Nigéria, Ricardo Porro em Cuba, Richard Neutra em Porto Rico, Paul Rudolph na Florida, Renzo Piano na Nova Caledónia e Lewis Mumford em Honolulu entre outros.

Tzonis,Alexander e Lefaivre,Liane e Stagno, Bruno- “Tropical Architecture: Critical Regionalism in the Age of Globalization“.

(2001) .P16 95 Muitos defendem que esta nomenclatura não deveria ser aplicada, visto que identifica algo regional categórico e não algo teoricamente definido, podendo também ser denominada de Arquitetura Vernacular Tropical ou Regionalismo Tropical.

96 A definição de conforto térmico trata-se de algo complexo, pois integra factores pessoais, subjetivos com factores físicos, logo a sensação de conforto é varíavel. Segundo a Ashrae (uma organização não governamental de engenheiros, American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers), o conforto térmico é o estado da alma que reflecte a satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa. Se o balanço de todas as trocas de calor a que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele e o suor estiverem dentro de certos limites, poder-se-á dizer que o homem sente conforto térmico As variáveis ambientais que influenciam o conforto térmico são a temperatura do ar, humidade relativa e a velocidade do ar. Por exemplo, aumento de humidade relativa pode diminuir ou inibir a perda de calor por transpiração; nesse caso o vento pode facilitar a relatividade ou humidade do ar em torno da pele 97 PEREIRA, Milroy in HAGAN, Susannah- “Taking Shape: a new contract between architecture and nature” 2001

capítulo

Segundo os arquitetos, existiam três pontos essenciais que caracterizavam o desenho arquitetónico nesta latitude, convertendo-o em algo singular e particular: primeiro, o enfoque nas pessoas e as suas necessidades; segundo, o clima e as suas condicionantes; e, por último, os materiais e as tradições construtivas locais. Por outro lado, esta arquitetura decorreu de um desafio de controlo climático, algo que impunha mais do que apenas os ângulos solares e persianas, dando atenção a todos os pormenores, desde os cortes às plantas e à forma do edifício. O controlo da luminosidade, o movimento do ar e a proteção tentam entrar em equilíbrio estabelecendo um micro clima para o conforto térmico[96] dos seus utilizadores. “The building should not always be designed to be looked at. I could also be considered as structure to look from”.

[97] Oportunamente poder-se-á então afirmar que o conhecimento sobre os trópicos acaba então por reverter o conceito de casa, integrando-o na natureza como se de uma extensão do ser humano se tratasse. “La arquitetura, como el hablar, comienza siendo el simple satisfacción de una necesidad y termina en manisfestación de la inventiva capacidad creadora del hombre”, afirmação

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Entre os trópicos de Cancer (23º 27’ N) e de Capricórnio (23º 27’ S).

Entre os trópicos de Cancer (23º 27’ N) e de Capricórnio (23º 27’ S).

Predominantemente entre 400 e 1200 metros de altitude, e entre 14º e 16º de latidute sul

estações

Duas estações: verão e inverno, com pequenas variações de temperatura entre elas.

Duas estações: uma seca e outra de chuva

Duas estações: Quentehúmida durante o verão e seca no inverno.

temperatura

Pequena amplitude térmicas. Temperatura elevada durante o dia e um pouco mais amena a noite.

Grandes amplitudes térmicas diárias. Muito quente durante o dia e mais baixa durante a noite. Algumas regiões podem ter invernos com temperaturas negativas.

Elevada durante o dia e baixa durante a noite. Forte perda por radiação nocturna na estação seca.

Radiação difusa:intensa.

Radiação directa: evitada pela concentração do vapor de água das nuvens

Radiação difusa:pouca, devido a baixa humidade. Radiação directa:intensa.

Radiação difusa:intensa no verão e menor no inverno. Radiação directa: acentuada no verão.

Fraco, de direcção dominante sudeste

Massa de ar quente, carregada de partículas de pó em suspensão durante a estação seca.

Mais constante de sudeste e leste no inverno seco e de noroeste no verão chuvoso.

Elevada

Baixa

Baixa (aproximadamente 70%)

Período das chuvas é indefinido, mas as maiores precipitações ocorrem no verão

Pouca precipitação.

Mesmo no período chuvoso não alcançam os valores de humidade do clima tropical húmido

vento

humidade do ar uma história simples

De Altitude

localização

radiação

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Quente-Seco

precipitação

Pouco intensa no inverno e mais intensa no verão

10.Tabela adaptada de Bustos Romero em Princípios bioclimáticos para o desenho urbano

Quente-Húmido

do filósofo don Francisco Alvarez sobre a obra de Bruno Stagno, apoiante da arquitetura tropical que afirma que o ser humano é o único Ser sem habitat. Portanto, uma vez que não se adapta ao meio ambiente, trabalha-o, muda-o, acomoda-0 a si até o converter na sua morada. É nesta dialética entre lugar e homem que surge o papel da arquitetura enquanto meio de adaptação às antigas e modernas rotinas.[98] Não existem razões para a recusa da aplicação aos edifícios dos conhecimentos vernáculos e a sua caracterização , alcançados pela experiência e que resultam em em soluções ideais para o clima. Isto deveria ser conciliado com as conclusões da investigação da arquitetura, no sentido de se estabelecer padrões para um projeto bioclimático e sustentável, instruindo a longo prazo. Importa, no entanto, ressaltar que as habitações nos dias de hoje dispõem de funções e requisitos muito distintos das construções vernaculares tropicais. Para além da temperatura e da humidade, considera-se a quantidade de luz, hábitos de ocupação, as influências regionais e as tradições. A generalidade das construções vernaculares tropicais eram utilizadas apenas como um abrigo em condições adversas e, principalmente, durante a noite, sendo a maioria das atividades executadas no seu exterior. Assim sendo, não havia tanta necessidade de possuírem boa iluminação. No entanto, a adaptação climática das construções apresenta condições de conforto por vezes superiores às construídas actualmente. Propõe-se portanto uma síntese dos ‘costumes’ vernaculares e as novas adaptações das construções contemporâneas, delineando uma base de alguns factores determinantes na construção num clima tropical húmido[99].

Perante este tipo de arquitetura, observa-se um padrão de cinco fatores cruciais para o desenho arquitetónico: a localização, a implantação consoante a orientação do sol e do vento, a forma e o espaço com especial relevância para o telhado, os vãos e a varanda, a ventilação e a materialidade formal.

“I think a lot of learning comes through storytelling, because this is the way the connections are made between past, presente and future. Otherwise they become isolated islands or fragments.“[100] “This can be and had to be done by not copying the old design but drawing lessons recognising the values and reinterpreting them in the presente context”[101]

98 adaptado de CUADRA, Xavier Zavala, Introdução a Arquitetura y sicretismo ambiental” in Tzonis,Alexander e Lefaivre,Liane e Stagno, Bruno- “Tropical Architecture: Critical Regionalism in the Age of Globalization“. (2001) 99 A escolha de só se falar do clima tropical húmido justifica-se devido à relevância deste para o projecto em curso. Logo, foi feita uma seleção prévia da informação excluindo o clima tropical seco também predominante na região dos trópicos.

100 Studio Mumbai, Ways of doing and making , El Croquis 157, 2011.P.5 101 Bajracharya B. - Vernacular Architecture in Queensland, Australia: Current Planning Issues and Oportunities’, (2003) Queensland University of Technology [consult. 10março2014] disponível em http://eprints.qut.edu.au/4364/1/4364_1.pdf

capítulo

A localização, pelos fatores que lhe são intrínsecos, sempre foi um elemento fundamental. Entre eles destacam-se o zoneamento, a cultura, a tradição, os costumes construtivos locais, o ambiente e a envolvente natural. Tradicionalmente, os povos identificaram zonas de densa vegetação como ideais para o assentamento devido ao micro clima gerado pelas árvores, que lhes conferiram espaços sobranceiros, ficando assim protegidos da chuva e do sol e com uma boa ventilação. Tal como o arquiteto malasiano Jimmy Lim afirma “The Climatic phenomena of heavy rain strong sun and gentle trade winds should all be fully catered for in the design of such buildings”(…) The provision of wide overhaging roofs, shady trees surroundings and

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Orientação ideal em relação ao sol Orientação ideal em relação aos ventos Solução de compromisso 11. desenho representativo da solução de compromisso defenidida por vieira da costa.

uma história simples

r t fo bes

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sun and d win

12.Carta de orientação dos ventos; Resultados de um estudo levado a cabo para Chandigarh, India, relacionados com os ventos prevalecentes no microclima e as condicionantes solares mais favoráveis. “In order to specifically evaluate the effects of wind on human comfort, both the annual and monthly variations of wind prevalance, its velocity, and its temperature must be analysed by direction. One has to study the effects of prevailing winds both on the outside and the inside of dwelling. In order to achieve a comfort balance, air movement have to be evaluated as both ‘positive’ and ‘negative’. (...) After finding the best orientations for sun and wind separately, it is easy to find the right orientation for both sun and wind combined as shown in the wind chart.” citado de KURREJA, C.P. Tropical Architecture, New Delhi, India. Tata McGrawit-Hill, 1987.p5,6

open, cross ventilated communal areas are therefore desirable features to attain.”[102] Por sua vez, a implantação deveria resultar da análise da orientação do sol, do vento e da topografia para um melhor aproveitamento da ventilação natural e determinação da exposição solar. “Orientation in architecture maybe partially defined as the science of combining the demands made by the sun , wind and the view, the last two having a subsidiar importance in areas with a hot climate. “[103] (ver imagem 12) O sol deverá ser tido em conta desde a etapa inicial do projeto para facilitar a planificação de aberturas de tamanho apropriado para o sombreamento interior.

A orientação mais indicada determina-se então tomando em consideração o ângulo solar ao longo do dia e em diferentes estações do ano, juntamente com os ventos mais frequentes[104].

Isto significa que o edifício deve ser posicionado de modo a ficar resguardado do calor com uma orientação favorável, para o aproveitamento dos ventos cruzados, como se pode verificar em São Tomé e Príncipe e na Micronésia, onde as casas se encontram dispostas em frente ao mar, beneficiando da brisa marítima e do sombreamento das árvores da orla florestal.

14.Renovação do ar de impurezas mantendo as condições sanitárias.

Esquema de FRY, Maxwell, DREW, Jane.

A forma e a configuração dos espaços da casa, por norma, são determinados no sentido de otimizar, ao máximo, o conforto térmico dos utilizadores. Normalmente as casas tropicais têm três tipos de espaço: o interior, o exterior e uma combinação do interior-exterior, que consiste numa varanda ou loggia[105]. “The spirit of tropical houses is to merge the dwelling with its surroundings by creating ambiguous and intermediary spaces”[106] Por norma, as plantas apresentam uma forma alongada e um mínimo de divisórias interiores, elevando-se do chão por palafitas, permitindo uma fácil ventilação e reduzindo o atrito do ar (ver imagem 18), tanto debaixo da casa como no interior. Inicialmente, o espaçamento entre o soalho e o solo destinava-se a precaver inundações e a entrada de insetos, mas revelou-se também importante para a ventilação, pois tirava partido do vento e o sombreamento que o solo sofria, arrefecendo a terra e o ar que, por consequência, arrefecia o soalho. Nas casas da Índia Ocidental, Pacífico e na África Tropical este exemplo verifica-se quando Elmar Ditmann confirma em Simple Forms of Building in The Third World “ Nowhere are simple forms of buildings more importante than in cities of the third world, where the majority of the earth’s rapidly increasing populations lives. (...)

Under humid conditions (humidity >75%; temperatures 27-30ºC with weak wind) the ideal form of construction of narrow alongated structures extending in an east-west direction, with wide spaces between the buildings and with broad cantilevered roofs to provide protection against rain. The old colonial estates with their bungalow housing and open planning provided a good model inspired on those buildings. “[107]

A ventilação de um edifício serve habitualmente duas funções básicas: a da saúde e a do bem-estar. Para manter as condições sanitárias necessita-se de uma ventilação permanente, uma vez que, no caso do ar interno não circular, a humidade aumenta fruto da transpiração e da respiração dos ocupantes, causando condições opressivas e desagradáveis. Em climas quentes,

102 EDWARDS, Brian - Sustaining Interactions between the Natural and Built environment in Singapure in Architectural Design, Green Architecture.

103 KURREJA, CP. Tropical Architecture, New Delhi, India. Tata McGrawit-Hill, 1987. P.5 104 Ou seja, com auxílio de uma carta bioclimática anual.

105 Termo italiano do renascimento que determina uma galeria exterior normalmente conformada por arcadas.

106 EDWARDS, Brian- Sustaining Interactions between the Natural and Built environment in Singapure in Architectural Design, Green Architecture 107 DITMANN, Elmar- Simple Forms of Building in the Third World. 28.02.2001 in DETAIL 3/2001. Simple Forms of Building ·

capítulo

13.exemplo de habitação vernacular característico do clima tropical baseado em esquema de heindrich e daniels, (2007)

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janelas baixas: sentese na pele o fresco da brisa

vento a entrar pela varanda

´caramanchão’ afastado da parede

o calor entra pelo telhado

o calor sai pelo quarto e pelo telhado pelo stack effect e a ventilação cruzada

ventilação de cima para baixo: pouco eficaz

mais perto do tecto: mais quente

a circulação cruzada é mais eficiente com aberturas na parte baixa das portas

árvores baixas: a brisa sobe e não entra

árvores altas: a brisa desce e refresca

uma história simples

Projecto adequado, o ar quente deve sair pelas aberturas do tecto da habitação.

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15.Esquemas de KOENIGSBERGER

de baixo para cima: refresca muito bem

Projecto inadequado, o ar quente não encontra uma abertura e é acumulado no tecto da habitação

16.Esquema da ventilação do s espaço s em corte consoante a localização da abertura. citado e adaptado de Van Lengen, Johan

janelas altas:retiram o ar quente junto ao tecto

17.Influencia da configuração e posicionamento das persianas no comportamento do ar dentro de um compartimento, em corte e em planta de Victor Olgyay.

Influencia da disposição de divisórias interiores no movimento do ar.(4 imagens em cima) Linhas de fluxo do ar interior do edifício para aberturas localizadas em fachadas adjacentes

Em cima: disposição de elementos verticais adjacentes às aberturas para melhor condição de ventilação interior - solução excelente. Em baixo: disposição de elementos adjacentes ás aberturas para melhoramento das condições interiores de ventilação interior - solução menos adequada

onde a humidade se revela alta, o bem-estar não depende apenas do ar que entra mas também da velocidade a que se movimenta na pele, promovendo o arrefecimento por evaporação. Os movimentos naturais do ar por dissipação pelo efeito camara[108] facilitam a dispersão do calor; no entanto, neste clima revela-se mais útil a diferença de pressão[109] criada pelas coberturas altas. Com base na observação do estudo efetuado (ver imagem 15), pode então concluir-se que: se a saída e a entrada se localizarem em lados geometricamente opostos uma da outra, o padrão será um fluxo de corrente reto, pois as pressões externas são iguais. Com aberturas simétricas o ar entra no edifício num ângulo oblíquo de acordo com a diferença entre as forças de pressão. Uma vez no interior o ar segue tendencialmente a direção original devido à inércia, até que ultrapasse as diferenças de pressão e se desvie na direção da saída. O mesmo acontecerá se a pressão externa for interrompida por uma janela.

O espaço interior-exterior - representado por uma grande varanda que faz o filtro entre o privado e o público - constitui uma zona de menor incidência direta da luz solar[110] que acaba por minimizar a propagação do calor, permitindo uma entrada de luz refletida e difusa. A melhor ventilação encontra-se intrínseca à varanda, que atua como filtro acústico dos espaços, contribuindo em alguns casos para promover a integração social entre vizinhos. Nem todas as varandas oferecem os benefícios suprarreferidos, devido às suas dimensões e materiais construtivos. Porém, trata-se de um elemento tradicional das construções nos trópicos, introduzido pela colonização dos europeus, nomeadamente em São Tomé e Princípe. Portanto, a introdução de varandas nos novos projetos poderá ser um contributo para a preservação da cultura local, estando também associado à sustentabilidade cultural.

108 Conhecido pelo termo inglês “stack effect” que consiste em tirar partido da diferença de temperatura existente entre o interior e o exterior do edifício devido aos pesos díspares dos materiais que os envolvem, fazendo com que o ar quente suba.

A diferença de temperatura é tanto maior quanto maior for a diferença de alturas entre a entrada e a saída ar (tecto) tal como o seu tamanho. O stack effect tem uma contribuição decisiva nos desertos, ou seja em áreas com descidas de temperaturas repentinas. Nos climas quentes e húmidos, as casas devem geralmente estar abertas para a brisa:quando esta existe, o efeito é anulado, voltando apenas a ter significado quando a acção do vento decresce no fim da tarde ou quando a temperatura baixa. Baseado em KURREJA, C.P. – Principios de Arquitetura Doméstica en el Tropico. Instituto de Arquitetura Tropical, 2011. [consult.15março2014] disponível em http:www.arquiteturatropical.org/EDITORIAL/documents/PRINCIPIOS%20 ARQUIT%DOMESTICA%20TROPICAL.pdf 109 A diferença de pressão produz correntes de ar. Quando a pressão do ar sobe, desloca-se para áreas adjacentes de pressão mais baixas. Uma área de pressão baixa pode ser utilizada para criar movimentação do ar rapidamente num edifício. Importa ressalvar que qualquer tipo de mudança de direcção do fluxo de ar do vento ou de corrente de ar utiliza energia, por isso desacelera. Portanto a eficácia da ventilação depende da manutenção da velocidade do ar. Baseado em KURREJA, C.P. – Principios de Arquitetura Doméstica en el Tropico. Instituto de Arquitetura Tropical, 2011. [consult. 15março2014] disponível em http:www.arquiteturatropical.org/EDITORIAL/documents/PRINCIPIOS%20ARQUIT%DOMESTICA%20TROPICAL.pdf 110 Os ganhos solares externos são provenientes de incidência de radiação solar sobre as superfícies opacas externas e transferidos para o interior por condução, enquanto os ganhos solares internos são aqueles provocados pela radiaçãoo solar que atravessa os vãos envidraçados. A diferença de temperatura entre o ar interior mais fresco e o ar exterior mais quente provoca ganhos por condução entre superfícies com diferentes temperaturas e ganhos por ventilação devido à infiltração de ar quente para o interior da habitação. As pessoas, os equipamentos e a iluminação artificial são responsáveis pelos ganhos internos.

capítulo

No ocidente encontra-se o exemplo das casas de Malay (imagem 18) onde o simples prolongamento do beiral e a abertura de vãos laterais, foram cruciais por possibilitarem a abertura de janelas de forma a ventilar o edifício nas épocas das chuvas torrenciais. Nestas casas as aberturas eram diversas e geralmente altas pensadas para refrescar ao nível do corpo e para tirar partido da uma ventilação cruzada.

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Attap roofing of low thermal capacity gives good insulation against heat

Ventilated roof space helps to cool the house

Ventilation through roof joint

Open interior spaces with minimal partitions allow good ventilation in the house

Lightweight construction using low termal capacity materials keeps house cool

Uso de palmeiras não só para providenciar sombra permitindo ainda a passagem do vento no nível da casa.

Stilted house catches winds of higher velocity

A forma alongada da casa Malay permite a passagem do ar e uma boa ventilação cruzada. As divisórias interiores são reduzidas não afectando o movimento do ar.

uma história simples

Brisa matinal, meio da manhã e meio da tarde.

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A velocidade do vento aumenta com a altitude.

As casas tradicionais de Malay encontram-se sob palafitas captando assim o vento. Algo especialmente vital em áreas onde a vegetação é mais baixa.

Sem brisa - “stack effect”

A altura do corpo trata-se da área mais vital para uma ventilação ‘confortável’. A casa Malay detém esta característica devido aos vãos da altura do corpo inteiro.

Brisa marítima- ventilação nocturna

18.Esquema de ventilação de uma casa vernacular Malay . “(...) the near perfect house form which is appropriate to local climate “ Yuan L. J. .

19.Casa Vernacular Malay 20.Esquemas do funcionamento climático da Casa Malay.

Fully openable windows allow ventilation at body level

21.Casa Marika baseada no estilo de casas vernaculares(x).

22.Esquema da ventilação passiva da casa Marika do arquitecto Glenn Murcutt. “Wide eaves shelter the house from the sun. Pivoting tubes along the roof expel hot air and vertical fins direct cooling breezes into the linving spaces. Because the structure rests on stilts, air circulates underneath and helps cool the floor. Elevating the house also helps keep the living space safe from tidal surges.”

Large roof eaves for effective sunshading

Nos trópicos, o espaço traça-se colocando a tónica na sombra[111] que ‘ilumina’ a vida e une as vivências[112] como Bruno Stagno as nomeia, pois a intensidade e o excesso de calor associados à luz tornam-na desconfortável. Nestas regiões a proteção da luz requer-se, sendo que Bruno Stagno afirma, numa opinião um tanto controversa[113], que a luz discute-se como invadindo um espaço enclausurado pelo edifício e a sombra como que o define.

Considerando que a precipitação, de forma global, representa uma das maiores condicionantes do clima, a cobertura adquire, por consequência, grande enfoque. A cobertura pode apoiar-se nas paredes de suporte ou pode flutuar sobre estas, dinamizando o espaço interno e, ao mesmo tempo, atribuindo um caráter ao edifício. Dollfus em 1954[114] estuda e analisa as diferentes regiões climáticas através das coberturas tradicionais locais e, correlacionado-as, verifica que: as coberturas altas e inclinadas são comuns em climas húmidos, frios ou temperados, enquanto as coberturas planas predominam nas zonas quentes e secas.

Certas zonas chegam a dar mais importância à proteção da cobertura do que às próprias paredes que, por vezes, são inexistentes, como ocorre nas florestas equatoriais, savanas Africanas e nas casas em Samoa no Pacífico (que inicialmente não detinham paredes permitindo que a brisa flutuasse livremente).

A intensa precipitação é reflectida na forma da cobertura, sendo esta de elevada inclinação para facilitar o escoamento das águas das chuvas; pelo contrário, as regiões secas tendem a ter coberturas mais planas de forma a diminuir a área de construção exposta a radiação solar. O facto de certos povos terem optado por uma cobertura circular nos edifícios pode estar relacionada com uma adaptação climatérica das tribos para evitar ganhos solares, uma vez que formas retangulares, segundo certas orientações solares, podem gerar mais ganhos indesejáveis em climas tropicais.[115]

111 Tema baseado em, STAGNO BRUNO, in Tzonis,Alexander e Lefaivre,Liane e Stagno, Bruno- “Tropical Architecture: Critical Regionalism in the Age of Globalization“. (2001).P178 112 As vivências para Bruno Stagno nos trópicos são aquelas que surgem da relação criada entre o homem e a envolvente.

Baseado em STAGNO, Bruno, Tropical Architecture , Experience of Tropical Living in Tzonis,Alexander e Lefaivre,Liane e Stagno, Bruno- “Tropical Architecture: Critical Regionalism in the Age of Globalization“. (2001).P178 113 Na história da arquitetura existiram muitos projectos onde o uso da luz no espaço era uma das preocupações essenciais dos arquitectos Onde a luz a penetrar espaços vazios se transformava na chave para esculpir as áreas escuras através de raios, frestas e aberturas, tratando quase a luz como uma material. A situação dos trópicos não reverte esta necessidade, apenas coloca em evidência a necessidade maior da sombra ao contrário dos países nórdicos, em que a preocupação fundamental é a luz.

114 OLIVER, Paul- Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World: Cultures and Habitat- VolI. Cambridge, 1997 115 ZHAI, Z,PREVITALI, J.M– Ancient Vernacular Architecture: Characteristics Categorization and Energy Perfomance Evaluation.

Energy and Buildings, Volume 42, nº3, Elsevier, 2010. P357.

116 Em inglês “thatch” trata-se de um tipo de caule encontrado nas plantas graníveras como a cana do açúcar, capim e o bambu.

capítulo

A cobertura da casa era tradicionalmente construída em colmo[116], telhado de sapé, palha e palmeiras (em locais da sua abundância). A técnica, sinteticamente, consistia em deixar os caules secarem ao sol depois de colhidos por um curto espaço de tempo; posteriormente, eram ligados entre si e dispostos em camadas; daqui obtinha-se ainda a palha. A durabilidade das coberturas de colmo estendia-se entre os 3 e os 7 anos, podendo alcançar os 30 anos se fosse de boa qualidade. Esta técnica caiu em desuso, sendo substituída por materiais modernos como as telhas cerâmicas, zinco ou o ferro galvanizado, cuja maior utilização se deve a uma instalação simples, económica e com maior durabilidade; porém, ao contrário dos materiais tradicionais que eram bons isolantes, estes aquecem durante o dia. Atualmente têm sido feitas experiências

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Thatch : Colmo / Palha e Folhagem de Palmeiras

uma história simples

23.Tipos de Materiais de utilizados nas coberturas em percentagem por zonas climáticas

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24.uso misto de chapa metálica na cobertura (solução que combina técnicas vernaculares com a nova tecnologia)

24.cobertura de folhas de palmeira /

24.cobertura de colmo

para conjugar os materiais tradicionais com os contemporâneos, como, por exemplo, associar o colmo e as palmeiras às chapas metálicas. A conjugação destes materiais permitiu que se aumentasse a durabilidade e se tornasse a cobertura totalmente estanque às águas da chuva, permitindo desta forma diminuir a altura da inclinação (tendo em conta que a inclinação tem que ser adequada ao escoamento das águas).

“Indiginous materials should be developed to supplement and stimulate the indigenous building industry”[117] As construções vernaculares empregavam materiais[118] existentes no lugar, respeitando o meio ambiente e utilizando apenas o necessário para satisfazer as suas necessidades. Em relação aos materiais, as escolhas de cada região recaíam sobre a disponibilidade da matéria-prima, os costumes e o nível de conhecimento técnico que permitiria a utilização na construção. Neste clima, as construções de baixa inércia são as mais favoráveis, predominando a construção em madeira, o bambu e as palmeiras. Tal como se referiu, os materiais da construção deveriam contribuir para um aumento da eficiência energética do edifício e, simultaneamente, diminuir a pressão ambiental, contribuindo para um melhor conforto dos seus ocupantes. O ciclo de vida dos materiais também se deve considerar tendo em conta as vantagens e desvantagens existentes ao longo de toda a vida útil, desde a produção, a manutenção à possível reciclagem ou reutilização.

117 YUAN, L.J.- The Traditional Malay House in “PartII : Indigenouse and Tradicional Knowledge and Practices”, Edited by Martin Khor and Lim Li Lin, 2001 [consult. 5março2014] disponível em http://tcdc2.undp.org/gssdacademy/sie/docs/vol4/malay_ house.pdf 118 Segundo Thormack (2006), uma escolha adequada dos materiais de construção pode significar uma redução em 17% de energia gasta na construção de um edifício - retirado de THOMARK, C – Effect of Material Choice on the Total Energy Need An Recycling Potencial of a Building. Volume 41, 2006. P.1022-1023 Já segundo Gonzalez & Navarro (2006) é possível reduzir quase a 30% as emissões de Co2, evitando a emissão de 38 toneladas de CO2 - informação retirada de GONZALEZ, M NAVARRO, J- Assessment of the Decrease of C02, Emissions in the Construction Field through the Selection of Materials. Building and Environment, Volume 41, 2006, P.905 119 Podendo crescer entre aproximadamente a latitude de 46°N e 47°S desde o nível de água do mar ate os 400 m de altura. Tolera temperaturas entre as 8,8°C e 36°C, e precipitações extremas entre os 100mm a 700 mm por ano. A grande concentração de bambu ocorre em clima tropical nas latitudes equatoriais. O As suas principais características são a baixa elasticididade e baixa aderência ao betão. Retirado de CLARK, Lynn – Bamboo diversity. Iowa State University, 2005 .[consult. 19março2014] disponível em http://www.eeob.iastate.edu/research/bamboo/maps.html e UGARTE, J- Bamboo the Vegetal Miracle. Costa Rica, Instituto de Arquitectura Tropical, 2011. [consult. 19março2014] disponível em http://www.arquiteturatropical.org/ EDITORIAL/documents/BAMBOO.pdf; diâmetros e comprimentos e um variado teor de humidade. É um material renovável com grande disponibilidade e crescimento rápido; a menos que seja bem escolhido e devidamente tratado e protegido da humidade e de insectos, o bambu tem baixa durabilidade.

120 Studio Mumbai- Ways of doing and making , El Croquis , 2011, pag 31

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O Bambu[119] trata-se de um recurso natural de crescimento rápido, de grande disponibilidade e de baixo custo económico, sendo ainda renovável. Normalmente utiliza-se para estruturas de casas e revestimentos, requerendo, porém, uma mão-de-obra artesanal devido às suas uniões específicas. A desvantagem deste material detém-se no tipo de corte específico que exige, devendo ser utilizado na sua forma natural, ao contrário da madeira. Ou seja, a impossibilidade de padronizar este material faz com que não se possa optar por sistemas de fixação em série, o que poderia reduzir o custo e o tempo da mão-de-obra. Este material muito particular detém bastantes segredos que os povos ao longo dos tempos foram desvendando. Bijoy Jain - arquiteto dos Studio Mumbai - relata no seu primeiro encontro com artesãos locais ” Bamboo must be cut when there is no moon - why? Because on those nights there no insects and the bamboo will last twenty years”[120].

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26.exemplos de construções em Bambu

uma história simples

25.praia Jale, São Tomé e Principe

As Palmeiras[121] são naturais de zonas quentes e húmidas e têm formas e densidades diversas, sendo normalmente aproveitadas para fornecer alimentos e materiais para a produção de tapetes, barcos e casas. Os troncos das palmeiras utilizam-se para a construção da estrutura básica da casa ou das vigas para o teto. Os ramos utilizam-se para painéis não estruturais, muros e cortinas.

“Today, great architecture is also designed by intinct and in unison with nature. The high technology and complicated materialism is just an enormous mantle, which clothes the idea.

Underneath, the instinctive solution is still there “ Le Corbusier (cited in Newel Lewis J. (1983)

Estratégias bioclimáticas mais eficientes no Clima Tropical Húmido (em modo conclusão): - ventilação cruzada, aberturas de evacuação de ar na cobertura, sombreamento, cobertura inclinada, revestimento de cores claras e sobrelevação da construção

121 Para construir com este material, primeiro há que preparar um marco de madeira de postes verticais e vigas, painéis pré unidos e amarrados para formar a parede. Por ser um alimento para térmitas, os muros de madeira com palmeiras devem ser trocados a cada 4 ou 5 anos. Ou então faz-se um protector anti-térmitas , ou levanta-se a construção do solo, e a média dos edificado ou da estrutura poderá ser aumentada para 15 anos. Baseado em KURREJA, CP. Tropical Architecture, New Delhi, India. Tata McGrawit-Hill, 1987. P.7 122 Um tipo de construção originário das ilhas das ilhas Fiji. “ A typical mbure is built on a platform of large boulders and earth known as yavus which is raised a foot or two (less than a metre) above the ground. Wall posts are made from hardwood round timber and the roof has a timber frame lashed together by sennit, and covered by a thatch made from pandanus or other palm leaves stitched together and laid in 6 ft (1.8m) sections overlapping one other. The thickness of the walls varies according to climate. In dry areas rows of reeds are lashed together and form a screen which allows ventilation. In wet areas this screen is lined with thatch on the outside.” De Tradicional Architecture of the Pacific baseado em D. Stanley, South Pacific Handbook, Moon Publications, Chico, California, 1985. [consult.1abril2014] disponível em http://espace.library.uq.edu.au/ eserv/UQ:13635/bs_tradarchpac.pdf

capítulo

27.O conceito da parede Mbure adaptada numa forma contemporanea por Glenn Murcutt na Marika House. Garantindo uma ventilação eficiente da casa.

Todos estes materiais proporcionam um bom isolamento dos ganhos solares devido à baixa capacidade térmica dos materiais. No caso do Mbure[122], um tipo de construção vernáculo do Pacífico, as paredes eram feitas num entrelaçado de canas que formavam um tecido, que podia ser enrolado criando privacidade ou então podia servir para bloquear a ventilação quando assim fosse necessário. Na maioria dos casos, os materiais e as formas foram sofrendo alterações, adaptando-se ao longo dos anos e integrando influências externas (migrações e invasões). Em algum dos casos, as paredes de madeira foram substituídas por betão e cimento; porém, isto não representa necessariamente uma evolução em relação à madeira. Le Roux refere que isto são apenas glorificações do oeste e que, num clima tropical, trata-se de algo inadequado, uma vez que a resistência térmica da madeira é dez vezes maior que o cimento, embora o conforto térmico não seja o único fator prático a considerar. A recente prioridade que o betão lhe viu atribuída foca-se na durabilidade em detrimento de qualidades térmicas dos materiais. Se o conceito da parede de Mbure fosse aplicado, mas com a utilização de tecnologias para aumentar a durabilidade e talvez o controlo sobre a ventilação melhorando as questões de segurança, seria um ótimo exemplo do vernáculo aplicado ao presente, visto já ter boas qualidades de ventilação, privacidade e sombreamento. De certa forma, a conjugação de ambos - do vernáculo e do presente - poderia otimizar a eficiência dos materiais. repensando a aplicação dos que eram utilizados no passado.

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|| Condição Humanitária, de Emergência, Pós traumática e Temporária Associada à Arquitetura Tropical encontra-se muitas vezes a Arquitetura Humanitária de organizações não-governamentais (ONG’s) também designado por Arquitetura de Emergência, interligando-se ambas ao nível de conhecimentos e ensinamentos. A região dos trópicos comporta umas das zonas menos desenvolvidas e com menos recursos financeiros do planeta e é ainda uma zona com grande propensão para catástrofes naturais devido ao clima e à localização das placas continentais. Neste sentido, fenómenos como monções ou furacões são frequentes, assim como secas ou cheias decorrentes de um clima severo.

A Arquitetura Humanitária surge como um apoio a estes povos mais frágeis, projetando um futuro com base nas ferramentas locais e melhorando o presente. O modo como o apoio surge trata-se de algo delicado e crucial, que suscita opiniões controversas, existindo uma necessidade de adaptação inerente ao local, ao clima e o recohecimento da própria cultura tal como acontece na arquitetura tropical. Tratase assim de uma troca de conhecimentos mais do que uma resolução concreta dos problemas e de um modo de encaminhar para um futuro melhor, contrariando a “típica obra de caridade”. “The poor are to improve their own well being, generating their own improvements rather then receiving charity...”[123] A Arquitetura Humanitária, na opinião do autor Ismail Seralgeldin, deveria tratar-se de uma Arquitetura de ”Capacitação”, em inglês Architecture of Empowerment, ou seja devia ter como aspiração contruibuir para um ambiente construído que responda às necessidades dos mais pobres respeitando a sua humanidade e encarregando-as do seu próprio destino. Esta mudança deveria ser direcionada e assimilada de forma a que cada cidadão tivesse a capacidade de construir e comandar o seu próprio futuro, o que não invalida, de forma alguma, o papel do arquiteto, apenas define que a prioridade deste deve ser capacitar o cidadão com as ferramentas e os ensinamentos necessários .[124] Tendo em conta que as soluções se encontram no próprio local, na própria cidade “The innate genious of the local people must be harnessed and then potencial unleash to bring about lasting profound and sustainable solutions to the problems of cities in developing world(...) The only way to develop a city to a human scale is to have participation of the people”[125]. “The development of programes cannot be forced. They cannot be imposed from outside, no matter how noble the motivations.

Development is like a tree, it can be nurtured in its growth only by feeding its roots, not by pulling its branches. It is therefore importante to support programes that encourages private iniciative, the empowerment of the weak and the marginalised, and the promotion of a vibrant civil society, all of which are key ingredientes in promoting sustainable development”[126].

uma história simples

A Arquitetura Humanitária ou de Emergência atua então no contexto de situações de “emergência”[127] sustendando-se nos ensinamentos da arquitetura tropical de apoioàs populações. A ação dos arquitetos em cenários pós-catastróficos divide-se muitas vezes em duas ações: a primeira consiste na ajuda imediata e a segunda na promoção de um alojamento

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123 124 125 126 127

SERAGELDIN, Ismael, em ”The architecture of empowerment” , 1997. P.28 SERAGELDIN, Ismael, em “The architecture of empowerment”, 1997. p.24 SERAGELDIN, Ismael, em “The architecture of empowerment“, 1997. p.26 SERAGELDIN, Ismael, em “The architecture of empowerment”,1997. p.28 Situações de emergência geradas pelo grande impacto social, económico, e catástrofes causadas por fenómenos naturais imprevisíveis ou por conflitos políticos.

definitivo. A Arquitetura de Emergência[128], por norma, aborda um alojamento de trasição mais imediato, num panorama efémere. Tal como o sentido da palavra “emergência” indica, começa-sepor algo que “emerge” e que depois requer uma re(ação) imediata e urgente. “(A) finalidade do refúgio de emergência...é prestar protecção a uma família vulnerável. Pode tomar a forma de um produto, ou pode ser um processo. Pode começar por uma lâmina de ferro ondulada, que eventualmente pode converter-se na cobertura de uma casa.” [129] Os arquitetos têm vindo a definir a Arquitetura de Emergência, como uma solução operativa, que encontra nas estruturas desmontáveis e portáteis uma lógica de intervenção, que visa o apoio às populações desalojadas.

A Architecture for Humanity[130] afirma-se como uma das organizações sem fins lucrativos que promove este tipo de soluções arquitetónicas de resposta rápida, nomeadamente através da organização de concursos internacionais de arquitetura num contexto de emergência. A otimização da resposta a enquadramentos catastróficos apresenta-se assim como a finalidade das investigações nesta área que têm de considerar o trabalho em conjunto com as populações em questão, em vez de se limitarem a projetar para elas; consideram os materiais, as técnicas autótones e outros recursos disponíveis no próprio local, para além da forma e dimensão da estrutura em si e a participação e aceitação desta nova forma que se oferece, por parte da pessoa que a vai utilizar. As Nações Unidas utilizam frequentemente a palavra ‘abrigo’ para descrever este tipo de ‘construção’, pois abrange com mais facilidade os diversos tipos de ações que podem ser implementados após uma emergência, desde o realojamento disperso em casa de familiares, realojamento concentrado em infraestruturas públicas, como ginásios e escolas até à montagem de tendas ou construção de diversos tipos de abrigos em campos espontâneos ou planeados. Estas respostas imediatas, apesar de geralmente não serem consideradas arquitetura, são campo de ação para o arquiteto.

Por norma, a ação deste tipo de associações visa encontrar soluções de longo prazo em que a premissa se foca muitas vezes na reciclagem, tirando aproveito dos recursos renováveis e naturais mostrando consideração e exemplo para as pessoas.

128 A Arquitetura de Emergência designação que resulta de uma tradução directa do Emergency Architecture de Ian Davis, caracteriza-se, de uma forma genérica pela efemeridade das construções, rapidez de montagem e possibilidade de desmontagem, baixa tecnologia, funcionamento em áreas mínimas, garantindo apenas as condições elementares de habitabilidad 129 IAN, Davis- Arquitetura de Emergência, 1980 130 [consult.24março2014] disponível em http://architectureforhumanity.org 131 Pagina official do arquitecto Shigeru Ban, Disaster Relief Programs, [consult.24março2014] disponível em http://www. shigerubanarchitects.com/works.html#disaster-relief-projects; McQuid, Matilda. Shigeru Ban. 2003 132 Denominação aplicada pelo Shigeru Ban sobre o seu trabalho na Arquitetura de Emergencia.

133 The Satya Interview with Shigeru Ban, A House of Paper A House of Paper, Abril de 2005. [consult.25março2014] disponível em http://www.satyamag.com/apr05/ban.html

capítulo

O arquiteto japonês Shigeru Ban[131] distingui-se, internacionalmente, neste contexto (Disaster Relief Projects)[132] pelo desenvolvimento de abrigos temporários de materiais reciclados e renováveis, sendo que sua abordagem à arquitetura tem um simples objetivo: criar estruturas que desafiam o conceito moderno de materialidade. Em 1994[133], quando a guerra civil eclodiu em Ruanda provocando mais de dois milhões de deslocados, o arquiteto, sob a insuficiência e ineficácia das soluções em curso, contacta o governo sugerindo uma estrutura de uso de tubos de cartão para os abrigos temporárias. Isto, na altura permitiu solucionar variados problemas, desde

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29. Paper log House de Shigeru Ban

uma hist贸ria simples

28. Esquema de Fernando Bedoya, Arquitectura de Emerg锚ncia

a questão de redução do impacto ambiental da desflorestação decorrida de implementações de soluçãos antigas, até à diminuição dos custos gerais, pela economia do próprio material e pela redução de custos de transporte, pois tratava-se de um material produzido localmente. O projeto teve um grande impacto levando a que Shigeru Ban fosse contratado pela ONU como consultor para desenvolver um grupo de soluções que se apoiassem em materiais diversos como o bambu, plástico e cartão que posteriormente seriam testados em termos de durabilidade, resistência a ataques de térmitas e custos, culminando numa aplicação prática.

No ano seguinte, aquando da catástrofe na cidade de Kobe[134] no Japão, causada pelo sismo de magnitude 6,9 na escala de Ritcher, deixando mais de trezentos mil pessoas desalojadas, Ban apresenta novamente uma solução de materiais pré-fabricados e de fácil montagem no local.

Servindo-se de caixas de cerveja Kirin como fundação com estacas de madeira de compensação, tubos de papelão como estrutura e um telhado de duas águas coberto por um material de tenda, foi criado um kit que se montava em seis horas no local. Este era ainda adaptado ao clima e proporcionava conforto aos seus habitantes. Ban afirma que “Refugee shelter has to be beautiful.

Psychologically, refugees are damaged. They have to stay in nice places.” “Even in disaster areas, I want to create beautiful buildings. This is what means to build a monument for common people.

And this is what I would like to continue doing as an architect.” As casas de Kobe são hoje um importante exemplo de uma arquitetura nómada que teve um sucesso tão grande que fez com que abrigos semelhantes fossem construídos em Ruanda, na Turquia, na Índia e na costa recentemente destruída do Sudoeste da Àsia.

As obras tornaram-se uma referência nesta área e o arquiteto ainda mantém um atelier de investigação que procura soluções inovadoras, económicas, com o mínimo de recursos e um máximo de benefícios até os dias de hoje. Ban refere que “mais importante do que responder a um pedido genérico pode ser perceber, por uma análise própria da situação, o que faz falta, ou onde a atuação do arquitecto pode efectivamente fazer a diferença. Pois o trabalho poderá então depois ser desenvolvido à distância, com o apoio das pessoas no terreno, e ao longo de um tempo mais longo, dependendo do tipo de catástrofe, ação a desenvolver, e das organizações envolvidas”. [135] Por norma, em cenários pós-catástrofe há uma resposta oficial, dos governos, das autoridades civis, das Nações Unidas e, paralelamente, existem ações desenvolvidas por ONG’s e por grupos de cidadãos, assentando fundamentalmente, estes últimos, em trabalho voluntário.

134 Paper Log Kobe, Japão, 1995, [consult.25março2014] disponível em; Paper Log Shigeru Ban http://myweb.wit.edu/ kiml1/590fall05/web-content/chris.pdf, Shigeru Ban Paper Log House [consult.25março2014] disponível em http://www. designboom.com/history/ban_paper.html; revista Arquitetura Iberica, Pasajes Construccion nº26, Estudio de Papel, Shigeru Ban, P.17 135 VALE, Clara Pimenta em PROCIV numero 60, “Arquitetura em cenários pós catastróficos”. Março 2013. P05 consultado a 25 de Março de 2014 em http://www.prociv.pt/newsletter/PROCIV_web%2060.pdf

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Quando se analisa a atuação das Associações de Arquitetos de apoio voluntário, com ou sem estatuto de ONG, a maior parte das intervenções não se processa em cenários póscatástrofe mas no apoio às populações em situação de precariedade, em projetos de dimensão social, que podem ter ou não uma componente construtiva e territorial. A título de exemplo, no portfólio da Architecture Sans Frontières International (agrega atualmente 25 congéneres

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uma história simples

de todo o mundo) dos 70 projetos incluídos, apenas 2 correspondem efetivamente a projetos de intervenção em situação pós-catástrofe; intervenções pós-Tsunami (Jaff-na, Sri-Lanka), correspondendo a infraestruturas de apoio a cuidados de saúde, elaborados pelos ASF-Portugal, sob solicitação dos Médicos do Mundo Portugal. [136]

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136 VALE, Clara Pimenta em PROCIV numero 60, “Arquitetura em cenários pós catastróficos”. Março 2013. P06 [consult.25março2014] disponível em http://www.prociv.pt/newsletter/PROCIV_web%2060.pd

|| casos de estudo Sob o tema da dissertação levou-se em consideração e exemplo obras desenvolvidas no âmbito da temática humanitária de emergência no clima tropical húmido, baseando os seus projetos nos ensinamentos da Arquitetura Vernacular Tropical juntamente com as novas descobertas contemporâneas da Arquitetura. A partir de um vasto universo de escolhas, restringiu-se o estudo a oito obras atuais, em que as opções projetuais resultaram do clima mostrando abordagens distintas mas igualmente válidas O escritório M3H1 Arquitectura desenvolve uma proposta de escola modular[137] e flexível para as zonas rurais da Colômbia; A.GOR.A Architects projectam um conjunto de dormitórios temporários e uma clínica de primeiros socorros em Mae Tao na Tailândia para os refugiados do conflito da fronteira entre este país e a Birmânia e, decorrente deste, também existe o projeto Moving School, promovido pela organização Building Trust do Reino Unido como concurso onde se avalia duas propostas: a existente e a No Border School de dois arquitetos portugueses - João Guimarães e Miguel Magalhães; Labu Tale Haus Sik na Papua Nova Guiné, um centro de saúde construído sob um projeto académico da Austrália; Tyin Tegnestue estudados no primeiro capitulo com o projecto Cassia Coop Training Center uma fábrica de produção de canela na Indonésia; a Casa de Artesanato e Museu José Garrido concretizado pelo Arquiteto José Castro Caldas na Amazónia e os arquitetos Vidal e Sant’Anna que construíram a aldeia barulho d’agua no Rio de Janeiro; o infantário Lesedi Nhanhle Training Créche na Àfrica do Sul que, apesar de se encontrar fora da região tropical, está exposto a um clima similar devido à altitude em que se insere.

137 Franco, José Tomás. “Escuela M3: una propuesta modular fléxible y sustentable para las zonas rurales de Colombia” 30 Oct 2013. Plataforma Arquitectura. [consult 20março2014] disponível em. <http://www.plataformaarquitectura.cl/?p=305346> 138 DITMANN, Elmar. Simple Forms of Building in the Third World. 28.02.2001. Article from DETAIL 3/2001. Simple Forms of Building ·

capítulo

Um traço comum a todas as obras reside na forma como a temática da cobertura é abordada dando dinâmica e carácter, incrementando um espaço intermédio que se revela por norma um dos espaços fundamentais. Em comum, encontra-se as prioridades numa construção económica, de baixo consumo energético, ecológica, sustentável, de fácil construção, de baixos recursos e funcional. Elmar Dittman explica em Simple Forms of Building in the Third World a importância do papel de um arquiteto agente que traduz as ideias e as necessidades de uma população em projetos construídos; sendo isto algo que se verifica nos projetos em estudo.

“As architects, we learn to focus on our basic role: acting as communicators of information, as agents who translate ideas and intentions into built form. Here, we cannot rely on the knowledge others have of our discipline. We have to revise the way we apply our knowledge to context of the project. We can however, rely on the enthusiasm of those who work on the building, on their sense of ownership of the work, and on the support of the community. In this respect, architecture can improve the lives of people in a very basic way; simple building can show the scope of architecture to create a sense of place in the landscape.The buildings are of no great intrinsic value; they are simply designed to meet the uses we require of them.”[138]

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casos de estudo

|| Quadro de sĂ­ntese dos casos de estudo

92

materiais\ pormenores \ vĂŁos

uma histĂłria simples

forma

cobertura

corte

planta

30.Escola Modular

31.Temporary Dormitories

32.Moving School

33.No Border School

35.Cassia coop training center

36.casa artesanato e museu

37.Vila Barulho d’água

38.Lesedi Nhanle training créche

capítulo

34.Labu Tale Sik

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Escola modular M3 dos M3H1 Arquitectura[139] “Una propuesta modular flexible y sustentable para las zonas rurales de Colombia”. O projeto surge em resposta às necessidades da Fundación Escuela Nueva de las zonas rurales de Colombia adaptado a partir de um concurso lançado - Prémio Corona Pró-Habitat 2013: Escuela rurales de Colombia.

Apresenta-se como sendo um projeto mutável, adaptável e flexível a condições climatéricas diversas e à topografia local, consoante ligeiras alterações; tendo sido ponderado para precaver os desastres naturais comuns nas zonas rurais. Descreve-se como um kit fácil de montagem, que se compõe por um módulo base de planta quadrangular (interior) de 2,5 m que poderá gerar um módulo gémeo de 5m, fácil de transportar, montar e alterar. O desenho do módulo baseia-se no sistema construtivo tradicional da Colômbia constituído por encaixes simples. Construído em bambu devido à versatilidade, o baixo custo e a grande abundância do material nesta zona. A pequena elevação do solo permite ainda a ventilação, que também é reforçada pela distribuição das aberturas no módulo, o telhado de duas águas em bambu estende-se formando uma varanda protegida do sol.

A versatilidade - desde da implantação até à variação da estrutura do bambu e da cobertura - faz com que o edificado possa formar linhas estruturais capazes de cobrir uma extensão de 10 metros longitudinalmente e 5 metros de largura, com um número reduzido de apoios. Isto, permite ainda que este módulo escolar albergue centros comunitários.

Mae Tao Clinic e Temporary Dormitories dos A.GOR.A Architects Localiza-se em Mae Sot na Tailândia, projetado pelos arquitetos Albert Company Olmo, Jan Glasmeier and Line Ramstad que formam o atelier A.GOR.A desde de 2012. Devido ao fluxo diário de pessoas que ocorre devido ao conflito entre a Tailândia e a Birmânia, conhecido como o Thai-Burma Border Conflit, projetou-se um conjunto de dormitórios temporários e uma clínica de primeiros socorros que é constituída por edifícios com uma capacidade para 25 crianças sendo que o conjunto total alberga 500 crianças. O centro, para além de cumprir a função de alojamento, também auxilia na consciencialização para o desmatamento e promoção de práticas de construções locais e sustentáveis. “We believe that architects should see themselves as universal advisors facilitating a dialogue with people they are building for”.

Erguendo-se facilmente em quatro semanas por três carpinteiros, constrói-se a partir de madeiras maioritariamente recicladas ou facilmente disponíveis, permitindo assim uma fácil manutenção e recuperação por parte dos utilizadores. A estrutura das paredes, pisos e telhado é composta por bambu e palha sazonal, promovendo um processo de montagem e desmontagem simples, e uma recolocação acessível em caso de nova localização. A escolha dos materiais recai sobre o facto de a população ter conhecimento sobre o modo de trabalhá-los , como acontece com a

uma história simples

aplicação do adobe[140] na clínica de Mae Tae pois a comunidade produz os seus próprios tijolos. “We

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139 [consult. 25março2014] disponível em http://www.plataformaarquitectura.cl/2013/10/30/escuela-m3-una-propuestamodular-flexible-y-sustentable-para-las-zonas-rurales-de-colombia/ 140 O adobe trata-se de uma material bastante vantajoso devido ás suas capacidades térmicas de armazenamento de temperaturas durante o dia. Quando o dia se encontra quente no exterior no interior a temperatura das salas é relaticamente baixa e vice-versa durante a noite. Ademais que o adobe fácil de moldar e adaptável a qualquer lugar crianco sempre uma superfície muito táctil. [consult. 25março2014] disponível em http://installationmag.com/a-gor-a-architects-universaladvisor/

try to help the local economy by investing more money in labor rather then materials but always trying to mantain the final budget.” O interior, de 72m2, garante um espaço aberto e arejado semiprivado e um espaço de armazenamento para cada aluno. Uma das particularidades do edifício reside na cobertura que é formada por folhas e palha secas seguras por uma rede entramada de madeira.

O edifício organiza-se a partir de um corredor central, espacialmente condicionado pela forma da cobertura de duas águas e fortemente caracterizado pelo bambu entrelaçado que o constitui.

Moving School[141], promovido pela organização Building Trust do Reino Unido e a No Border School[142] de dois arquitetos portugueses - João Guimarães e Miguel Magalhães Trata-se de um projeto de uma escola desenhada para os refugiados e emigrantes entre a Fronteira da Tailândia e Birmânia, tal como o dois projetos anteriores. Os abrigos são baseados num sistema modular que permite que sejam construídos de forma a corresponder às condições do local.

A sustentabilidade do projeto advém desde os materiais de construção: o bambu para o revestimento e constituição das paredes internas, estrutura em aço (permitindo um desperdício quase nulo) e as fundações foram elaboradas a partir de pneus reciclados preenchidos por cascalho, o que permite a recolocação da escola. As componentes têm um tamanho uniforme constituído divisões modulares e retangulares. O edifício eleva-se do chão, permitindo o arejamento e precavendo-se de possíveis inundações, detendo ainda um telhado partido em duas águas desencontrado criando uma janela no teto que otimiza o efeito da ventilação passiva e a entrada da luz natural.

Labu Tale Haus Sik [143] Um centro de saúde na Papua Nova Guiné, construído como um projeto académico da Austrália.

O projeto parte de um ajuste de um master plan novo de uma aldeia no interior de Papua Nova Guiné que, devido à subida do nível do mar e às inundações frequentes, necessitou de uma intervenção.

O projeto é constituído por um posto de socorro, uma sala de formação da comunidade, casas de banho com um poço de ventilação e recolha. O processo de aprendizagem, tanto para os vinte e sete estudantes envolvidos como para a comunidade em questão revelou-se bastante produtivo.

O edificio, orienta-se de forma a evitar o sol diretamente durante a parte quente do dia.

As formas da estreita construção dispõem-se de forma a permitir que a brisa entre diretamente através das janelas; os grandes beirais e as varandas permitem um afastamento das paredes que se encontram protegidas do sol e da chuva; o telhado sobressai com janelas no topo o que permite que o ar quente possa ser dissipado e servir de iluminação para o interior do posto de socorros. Em relação aos espaços, os quartos podem ser organizados de variadas formas, dependendo das necessidades

141 [consult. 25março2014] disponível em http://www.buildingtrustinternational.org/project200.html 142 [consult. 25março2014] disponível em http://openarchitecturenetwork.org/projects/no_border_school 143 [consult. 25março2014] disponível em http://www.worldarchitecture.org/world-students/phhv/labu-tale-haus-sik-studentdesign-page.html

capítulo

das comunidades. Por exemplo, a sala de tratamento pode acomodar mais camas caso haja essa

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necessidade. Os materiais são maioritariamente provenientes do local tal como o sago[144] que se utiliza nas ligações e varandas, sendo que os quatro únicos materiais externos são os considerados estritamente necessários: a chapa metálica para o telhado; um tecido resistente à tração UV o que reduz drasticamente o ruído externo da chuva e o sobreaquecimento do sol e a recolha das águas; um painel solar para a eletricidade; e os estribos de betão para prevenção contra as térmitas. Existe uma esforço em conciliar os materiais modernos, os ocidentais e os tradicionais de forma a realçar a tradição local.

Cassia Coop Training Center de Tyin Tegnestue[145] Uma fábrica de produção de canela na Indonésia, localizada em Sungai Penuh, Kerinchi, Sumatra. A ideia abstrata do projeto recai sobre um conceito muito explorado na construção: a madeira numa base pesada de tijolo ou cimento onde a estrutura do telhado flutua transmitindo a sensação de se encontrar suspenso dentro de uma floresta de canela. A ideia surge pela condição sísmica da região e a separação dos elementos diminui os efeitos deste, constituindo um claustro quadrado à volta de um pátio formado por árvores de canela (duriam trees). O grande desafio deste projeto reside em ventilar uma superfície de telhado não inferior a 60 metros, tirando então partido do conhecimento adquirido de projetos anteriores onde a massa térmica foi determinante e se obteve uma redução dos ganhos solares devido aos beirais exagerados. A estrutura é sustentada por uma massa de pilares em forma deY aparafusados a uma base de betão que suportam o telhado. Por baixo deste, desconectado, dispõem-se cinco edifícios de tijolo, entre eles um pequeno laboratório, sala de aula, escritórios e uma cozinha. Constituído apenas por dois materiais artesanalmente fabricados: o tijolo e o tronco[146] de árvore da canela.

uma história simples

Casa de Artesanato e Museu José Garrido do Arquitecto José Castro Calda, [147] Ao abrigo do programa IPPAmazonia-Raízes da Floresta com uma parceria entre a ONG CISV e a FAS(Fundação Amazonas Sustentáveis), para uma comunidade de Tumbira na reserva do Rio Negro, no seio da Amazónia, o arquiteto José Castro Caldas elaborou um projeto para aumentar o rendimento da comunidade a partir do conhecimento dos homens locais na área da carpintaria e as técnicas tradicionais indígenas de tapeçaria, considerando isto como constituintes da construção.

Tal como este afirma a única maneira de desenvolver uma cidade para uma escala humana é ter a participação das pessoas. “O conhecimento inato de uma população local deverá ser explorado e aproveitado para o desencadeamento de soluções duradouras, profundas e sustentáveis para os problemas das cidades em países em desenvolvimento.” O projeto organiza-se consoante dois volumes ligados por um corredor central, para onde as a coberturas de uma água se inclinam. A ventilação do edifício é garantida pelas inúmeras aberturas que o arquitecto desenhou, para além do afastamento do solo. A cobertura constituída por folhas de palmeira uma técnica local revela-se muito eficiente no clima em questão.

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144 145 146 147

Parede elaborada por bambu entrelaçado que permite que as paredes possam respirar, técnica construtiva tradicional [consult. 25março2014] disponível em http://www.tyintegnestue.no/sumatra/ O tronco trata-se de um subproduto da produção de canela e tem um prestígio baixo entre os habitantes locais. [consult. 25março2014] disponível em http://josecastrocaldas.wix.com/arqo#!amazonia---arts-and-crafts-house/cae2

Aldeia Barulho d’Agua dos arquitectos vidal e Sant’Anna[148] A Aldeia Barulho d’Água localiza-se na Aldeia Batista Alves no Rio de Janeiro projetado pelos arquitetos Vidal Sant’Anna, tratando-se de uma habitação unifamiliar com 150m2 construída em 2004 ao longo de 12 meses. Os arquitetos tiveram a oportunidade de projetar um refúgio florestal, num exercício de interação entre a selva tropical brasileira e o respeito pela natureza. Após um cuidadoso estudo do impacto ambiental de modo a não alterar o meio ambiente com a presença do homem, a casa foi erguida por uma estrutura de madeira elevada, coberta na parte superior com telhas de barro e isolada acústica e termicamente do exterior através de grandes janelas e placas OSB (Oriented Stand Board). O desnível do terreno foi superado através da utilização de módulos independentes que se ajustam de forma harmoniosa com o módulo principal.

O conjunto de 150m2 compõe-se por diversos módulos erguidos entre as árvores e consiste num completo exercício sensorial que evoca as tradicionais cabanas brasileiras, já que o desenho remete para os mesmo princípios estéticos. O recurso a materiais leves, a eficácia do consumo energético e a correta orientação do complexo estabelecem uma equilibrada relação com todos os elementos do lugar, ao mesmo tempo que se consegue uma atmosfera interior acolhedora.

Desta forma, este projeto apresenta-se como uma solução sensível à interacção do homem num delicado recanto presidido pela natureza. E tal como assegura a arquiteta Ana Vidal em relação à inspiração encontrada para o projeto “consideramos aspectos marcantes das construções tradicionais da arquitectura vernácula do Brasil, como por exemplo as condições de construções em determinada localização. As dificuldades de acessibilidade ao lugar influenciaram os custos do projecto e a rapidez da sua execução.”[149]

Infantário Lesedi Nhanhle Training Créche na Àfrica do Sul,[150] Situado num planalto a 1800 metros de altura perto de Haenerstsburgo na provincia de Limpopo, no norte de Àfrica de Sul onde o clima, devido à altitude, se torna húmido contrariando o clima típico da zona.

O projeto parte de um exercício académico da Faculdade de Arquitectura de Salzburgo, Baugestaltung Holz (BGH) FH Salzburg com a duração de um ano. O objetivo do corpo docente era que os alunos obtivessem uma experiência de conceção e construção de madeira compreendendo desta forma todos os aspetos do processo de planeamento de um método de construção cada vez mais complexo. O projeto desafiava a capacidade de cada aluno entender os procedimentos necessários desde de uma ideia original até aos desenhos à escala do detalhe 1:1, acompanhado naturalmente por contribuições teóricas necessárias para o ordenamento e composição projeto. Tal como a professora arquiteta Marlene Wagner afirma“The project need to challenge the ability of every

148 SOLER, Anna Vicens e BAHAMON, Alejandro. Cabana: da Arquitectura Vernácula à Contemporânea. Argumentum, Setembro 2008. Lisboa p.74 149 SOLER, Anna Vicens e BAHAMON, Alejandro. Cabana: da Arquitectura Vernácula à Contemporânea. Argumentum, Setembro 2008. Lisboa p.81 150 [consult. 25março2014] disponível em Lesedi Nhanhle Training Créche na Àfrica do Sul

capítulo

student to learn how a building is developed from the original brief, the first idea through

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all planning stages down to 1:1 detail drawing (...) only then using exactly these plans and transform theory into reality makes the difference.”

O conceito do edifício está assente numa base com um remate superior esvoaçante, ou seja uma cobertura auto-suportante com um edifício que deambula livremente embaixo, claramente separado da estrutura. O conceito da estrutura baseia-se numa coluna de construção inovadora em forma de T para responder à qualidade de madeira e à esbelteza do edifício. O programa do infantário, é composto por, uma cozinha, sanitários, alojamento para um professor e duas salas, que se dispõe frente a frente (pré escolar-creche) intermediados por um pátio protegido para as crianças.

Nas coberturas foi aplicado o plexiglas deixando a luz iluminar generosamente os espaços abertos.

A unidade sanitária encontra-se no exterior nas traseiras do edifício, servindo também como uma barreira de proteção contra os ventos; com uma estrutura em madeira e a cobertura de zinco e

uma história simples

plexiglass ondulado e translúcido acima das passagens.

98

||BACH À medida que avançamos no estudo, é inevitável o cruzamento de informações no processo de investigação e de temáticas projetuais que se apoiam e se afirmam idênticas às exploradas mas que se aplicam num contexto distinto. A procura por soluções sustentáveis, ecológicas e renováveis que conformizam e adaptam uma construção a um clima consiste na necessidade global falada aquando do início do capítulo. No continente australiano, mais exatamente na Nova Zelândia, este tema entrou bastante em voga começando a haver uma terminologia e tipologia próprias para um tipo de residências que respeitavam estes princípios.

O Bach, termo de origem neozelandesa que deriva da palavra bachelor (algo concebido para o solteiro)[151], designa hoje em dia uma pequena habitação informal e rústica, que se encontra em lugares remotos associada aos tempos livres (praia, campo), onde modéstia e simplicidade imperam tal como afirmam os sul-africanos Herbst Architects.[152] O Bach trata-se por norma, de um resultado de gerações, construído inicalmente pelos seus próprios habitantes ou modificada por estes, a partir de todo o tipo de excedentes de construções ou obras antigas, que pudessem ser transportados por um custo baixo para zonas longínquias. Edifícios análogos a este encontram-se por todo o mundo como o weekender australiano ou o shed e hut. No entanto, o Bach detém uma importância na definição da identidade da arquitetura neozelandesa. Paul Walker, historiador, refere no artigo “The Bach” que “There is a special ethos of making do in the Bach, of ingenious and economical planning of ad hoc inventiveness in redeploying the detritus of consumerism (...) baches are also considered by New Zealanders to embody principles of egalitarianism: having shed the inhibitions, formalities, and status distinction of every day life”[153] “You still see some of these original baches, steadfastly refusing to fall down, in New Zealand beach towns. Made of corrugated iron, fibrolite and used timber, they’re often paited crazy colours.”

Segundo Peter Wood[154], arquiteto neozelandez, o primeiro boom na construção do Bach ocorreu em 1920 um momento de crescente afluência para a Nova Zelândia e entrada dos carros para o mercado, o que possibilitava o deslocamento para zonas relativamente afastadas e rurais não sujeitas a um controlo de planeamento. A bonança da construção do Bach coincide com o fim duas guerras mundiais e com o regresso dos combatentes que, após um longo período de ausência, encontravam dificuldades de adaptação psicológica à vida normal e procuravam desta forma um asilo nestas habitações, que detinha uma similaritude com a provisória condição doméstica a que se tinham deparado nas trincheiras e tendas da guerra.

151 O historiador Paul Thompson considera que a etimologia da palavra bach origina de “bachelor”, que representa “The unmarried man who lived by himself in simple sorroundings was said to be baching or keeping a bachelor’s hall. Men who were without the assumedly civilizing influence of a wife, were taken to be undomesticated and lacking in the necessary housekeeping and culinary skills required to live in a proper manner, so to ´to bach` or baching referes to a basic level of living (…) Thus the bach seems to refer to a condition of living that is remarkable for its rejection of traditional home values (…).

Citado por WOOD, Peter- Fabrications, The Bach: The Cultural History Tipology, Vol.11 nº1, 2000. P.44 152 HANSEN, Jeremy- Dwell, “Bach to Basic”, Março de 2009, artigo sobre os Herbst Architects. [consult.29março2014] disponível em http://www.dwell.com/green/article/bach-basics 153 WALKER, Paul- The Bach in UME Magazine 13, 2001, P.45 154 WOOD, Peter- Fabrications, The Bach:The Cultural History Tipology, Vol.11 nº1. 2000. P.44

capítulo

Através de uma série de pequenas habitações de madeira, os arquitetos Lance e Nicola

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100

40.Island Bach dos Herbst Architects

uma hist贸ria simples

39. Gogo House dos Herbst Architects

Herbst,[155] distinguiram-se pelo sua abordagem e influência das obras da cultura do Bach. Após uma longa viagem pela Nova Zelândia, decidiram emigrar em 1998 para um local pelo qual se apaixonaram, a ilha de Great Barrier.[156] Uma localidade isolada a nordeste do centro urbano de Auckland, sem eletricidade, água e rede de saneamento desafiando qualquer projeto a ir de encontro às necessidades básicas do abrigo.

155 Casal originário da África do Sul, licenciado na University of Cape town, onde foram expostos a uma geração de arquitetos do modernismo tardio baseado num ensino ao estilo da escola de Bauhaus onde a arquitetura e o desenho urbano interligavam.

STEVENS, Andrea. Habitus 09, Close up, Art of Context. Outubro de 2010, P.86 [consult.29março2014] disponível em http:// herbstarchitects.co.nz/wp-content/uploads/2010/09/Habitus-oct-2010-article.pdf 156 Como Lance afirma, “(We) were enchanted not only by Great Barrier Island’s isolation and spectacular white-sand beaches, but by what Lance describes as “little timber shacks we had never experienced before, tiny buildings with 20 years’ accretion of stuff.”

Citado por HANSEN, Jeremy. Dwell, “Bach to Basic”, Março de 2009, artigo sobre os Herbst Architects. [consult.30março2014] disponível em http://www.dwell.com/green/article/bach-basics 157 Lance Herbst citado por MEIRING, Jackie. Home and Entertainment, Bach Breack, Dexembro 2002, P.70 [consult.30março2014] disponível em http://herbstarchitects.co.nz/wp-content/uploads/2010/09/Herbst-Bach-HOMEENTERTAINING-Dec2002.pdf 158 Como afirma Nicola Herbst “Nothing is formal at Barrier... baches typically develop as an accretion of small elements over the years, and this is how we approach their design.” Citado por STEVENS, Andrea. Habitus 09, Close up, Art of Context. Outubro de 2010, P86 [consult.30março2014] disponível em http://herbstarchitects.co.nz/wp-content/uploads/2010/09/Habitus-oct2010-article.pdf 159 MEIRING, Jackie- Home and Entertainment, Bach Breack, Dezembro 2002, P.76 [consult.30março2014] disponível em http:// herbstarchitects.co.nz/wp-content/uploads/2010/09/Herbst-Bach-HOMEENTERTAINING-Dec2002.pdf 160 Lance Herbst afirma “It takes a mind-set shift for people who come from the city” “you need to be cognizant that everytime you turn something on, the power has to come from somewhere.” Citado por HANSEN, Jeremy. Dwell, “Bach to Basic”, Março de 2009, artigo sobre os Herbst Architects. [consult.30março2014] disponível em http://www.dwell.com/green/article/bachbasics 161 Arquitecto neozelandez reconhecido por uma prática direcionada para o bach e o hut e responsável pela luta pela introdução deste como uma identidade arquitectónica do país por mais de cinquenta anos. Dedicado á actividades ligadas á natureza como a pesca e a casca, Simmons estabeleceu um certo interesse no tipo de habitação informal conhecida por Bach, tendo desenvolvimento um grande número dos mesmo. SIMMONS, Linda. Man Alone to Larrikin: The Work of Neil Simmons 1958-84, THESIS:M.Arch 2011. P.54 [consult.30março2014] disponível em http://www. lyndasimmonsarchitect.co.nz/pdf/2.Man_Alone.pdf 162 MAGILL, Jesma. Simplicity Rules, Our Homes Today, 11 de Novembro de 2003

capítulo

Os Herbst encontraram um encanto no local, decidindo construir uma casa que, devido às condicionantes, tinha o requesito de ser totalmente auto-sustentável. Com a essência inerente ao Bach, mas numa versão moderna, os arquitetos desenvolveram o projeto realçando a tranquilidade e as vantagens do clima subtropical. “A humble bach on Great Barrier Island embraces a simplicity that acknowlegdes mother nature as the undisputed heroine of design”.[157] Herbst Bach nasce assim em 2001, uma estrutura simples, erguida e submetida a diversos acréscimos[158] devido aos escassos recursos financeiros, processo que se verificou vantajoso pois permitiu o reconhecimento do território e o aperfeiçoamento do projeto, Lance declara “It’s all about being awared of your enviroment” [159]A clara dominância sobre o espaço exterior define a casa, sendo o centro das actividades o grande terraço coberto compatibilizado com a realidade rural e distanciado das práticas da vida urbana.[160] Neil Simmons[161] refere a propósito da construção do Bach, “In my mind, I return to this simple concept every time I design. All you need for a house is a spreading roof like an umbrella, over the box or boxes, with indoor-outdoor living and verandahs.”[162] Um projeto que revela um elevado um grau de racionalismo e funcionalidade, onde a madeira e o aço desenham os espaços com leveza e elegância, através da filtragem de luz, constraste de texturas e os conhecimentos clássicos da arquitetura. O edifício interceta o sol e protege-se do vento devido à orientação, criando espaços protegidos para maximizar o número de meses em que as pessoas possam viver ao livre. Despojada de vícios citadinos, o controlo dos recursos naturais da casa é feito pelo telhado de ferro, com o funcionamento de um sistema de recolha da água da chuva e tanques de abastecimento e filtragem da mesma. No interior, as necessidades energéticas foram reduzidas ao mínimo e projetadas por um engenheiro com o fornecimento de energia por painéis solares, e a iluminição, vai de encontra com as técnicas do

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102

43.Compson Bach dos Herbst Architects

uma hist贸ria simples

42.Kaipara Pavillion Architects

dos Herbst

41.Aotea Bach dos Herbst Architects

campismo, com o auxílio a velas realçando.

A determinação no desenho de decomposição em partes essenciais da construção tal como a determinação em corresponder às necessidades básicas do ser humano, permitiram que os arquitetos pudessem reinventar o conceito vernacular do Bach. Definindo uma função para cada elemento, com a razão e a funcionalidade do seu lado, levou a que um simples assentamento informal, se convertesse num exemplo de uma arquitetura sustentável, ecológica de baixo custo constituíndo uma tendência contemporânea. Após a Herbst Bach seguiram-se muitas obras havendo uma progressão natural nas construções podendo-se distinguir a: Island Bach (2002), Aotea Bach (2005), Compson Bach (2008), Kaipara Pavillion (2009), Wetland Folly (2011) e Timms Bach (2011). O detalhe e a descomplicação inerentes à obra distingue-os no panorama mundial; no entanto, outros escritórios também se mostraram bastante influentes, tal como os arquitetos Casey Brown, Crosson Clarke and Carnachan Architects.

A escolha na seleção do Bach recai sobre o facto de se apresentar num perfeito equilíbrio com a natureza denotando sensibilidade e respeito pela envolvente e, consequentemente, com o mundo sustentável, tornando-se num exemplo de habitação e construção ideal e alcançável.

A arquiteto finlandes Juhani Pallasmaa, refere numa conferência que ”Today...I cannot imagine any other desirable view of the future than an ecologically adapted form of life where architecture returns to early Functionalist ideals derived from biology. Architecture will again take root in its cultural and regional soil. This architecture could be called Ecological Functionalism...this view implies a paradoxal task for architecture. It must become more primitive and more refined at the same time: more primitive in terms of meeting the most fundamental human needs with an economy of expression and mediating man’s relation to the world...and more sophisticated in the sence of adapting to cyclic systems of nature in terms of both matter and energy. Ecological architecture also implies a view of building more as a process than a product. And it suggests awareness in terms of recycling and responsability exceeding the scope of life.[163]” Esta proclamação poderia sumariar a prática de Glenn Murcutt tal como Françoise Frammont refere em “Glenn Murcutt work and project” mas, mais do que isso, sintetiza o ideal de um edífico para o planeta nos dias de hoje.

capítulo

No continente australiano, distinguem-se muitos arquitetos pela abordagem sustentável e bioclimática que se impõe aos seus projetos, o que, de certa forma, se deve à cultura vernacular construtiva da madeira trazida pelos colonos ingleses com influências europeias juntamente com os escassos recursos que a população apresentava. Entre estes, encontram-se grandes nomes internacionais como o Glenn Murcutt (referido anteriormente) e a Andressen O’Gorma.

163 FROMONT, Françoise. Glenn Murcutt:Works and Projects. Thames and Hudson 1995 Londres. P48

103

Capítulo III

Capítulo III

III 1. enquadramento condição santomense encomenda 2. implementação de um conceito objectivos programáticos área de intervenção 3. concretização de uma capítulo

história simples

processo de desenho i•redesenho ii•volumetria iii•materialidade iv•humanização v•síntese

| Enquadramento

164 O Golfo da Guiné trata-se de uma grande reentrância na costa ocidental de África, portanto parte do Oceano Atlântico. Os países que partilham a costa do Golfo da Guiné (de noroeste para sudeste) são: Costa do Marfim, gana, Togo, Benim, Nigéria, Camarões, Guiné Equatorial e Gabão (parte norte). Neste golfo, encontram-se ainda várias ilhas: Bioko e Annobón, que fazem parte da Guiné Equatorial, e as ilhas de São Tomé e Príncipe. No Golfo da Guiné cruzam-se a Linha do Equador (0º de latitude) e o meridiano de Greenwich (0º de longitude) 165 Texto de 1990 por SOUSA TAVARES, Miguel- Sul, 2004. P111 e 114.

capítulo

01. Roça Ribeirão Peixe, São Tomé e Principe

Ao largo da costa africana, no Golfo da Guiné[164], perdido no tempo e no oceano Atlântico, encontra-se o arquipélago de São Tomé e do Príncipe (STP), tal como Miguel Sousa Tavares o descreve no seu livro ‘Sul’ onde relata viagens: “não é bem um País, é um projeto dos Deuses atraiçoado pelos homens. Da escravatura colonial à independência, que já leva vinte anos de ilusão, repete-se o contraste entre a natureza exuberante e os homens que a arruínam. Como se as ilhas fossem demasiado perfeitas para a condição humana (...) Mas a verdade é que, não obstante a miséria que nos ofende e a porcaria que, por vezes, nos repele; não obstante a burocracia que a tudo preside, com particular assanhamento e ineficácia; não obstante as inevitáveis demonstrações de prepotência policial, que caracterizam todos os países do Terceiro Mundo, há nestas paragens tropicais um chamamento e uma força que despertam em nós exactamente oposto da tristeza – uma alegria de crianças deslumbradas, como se só aqui pudéssemos reencontrar qualquer coisa perdida no fundo da nossa memória e das nossas raízes”[165].

107

Príncipe

São Tomé

02.localização do arquipelágo de São Tomé e Principe no Golfo da Guiné

pico de s.tomé santa catarina (extremo mais a sul: fim da estrada a sudoeste da ilha)

32km

roça de micondó

46 k m

roça são João de angolares

porto alegre (extremo mais a sul da ilha) linha do equador uma história simples

ilhéu das rolas

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03. vista do mar, praia Santana. visita à ilha 04. vista para o Pico de São Tomé - Pico Cão Grande. visita à ilha 05.Mapa da ilha de SãoTomé, com a divisão em Propriedades, distribuição das roças na época colonial. Marcação do relevo e pontos importantes.

Capital :São Tomé

Atravessadas pela linha do equador, as ilhas permaneceram desabitadas e selvagens até 1470, altura em que os navegadores portugueses João Santarém e Pedro Escobar as descobriram[166]. Após um desapontamento inicial com as difíceis condições de habitabilidade, a colonização quinhentista processou-se a bom ritmo, tornando as ilhas parte do império colonial português durante cinco séculos até à independência[167], que ocorreu a 12 de Julho de 1975[168].

A história e a memória são a herança mais profunda desta sociedade com a qual convivem diariamente, como se de uma realidade se tratasse. Um país parado há quase quarenta anos, em que o abandono e a desilusão são sentimentos reais de um povo que vive ‘preso’ nas ilhas do equador.

|Condição são tomense As duas ilhas representam o segundo estado mais pequeno do continente africano [169].

São Tomé, cuja capital tem o mesmo nome, é a maior e a principal ilha, contando com uma população de 180 mil habitantes (2012[170]) numa área de 859 km2[171]. Príncipe é uma ilha de dimensões menores, com uma área de 142 km2 localizada a 82 milhas (140 km) a norte, sendo Santo António a sua capital com uma população estimada 7,5 mil habitantes (2012). O arquipélago compõe-se ainda por uma série de ilhéus em que se destacam, entre outros, o Ilhéu de Santana, o Ilhéu Catarino, o Ilhéu Quixibá, o Ilhéu Sete Pedras, o Ilhéu Jalé e o Ilhéu dos Côcos, para além dos bem conhecidos Ilhéu das Cabras e o turístico Ilhéu das Rolas. Porém, a maioria deles encontra-se desabitado devido ao seu terreno irregular.

166 A descoberta do arquipélago coincidiu com a procura do caminho marítimo para a Índia que a Coroa Portuguesa se preocupou em transformar rapidamente numa zona de escala dos navios que desciam para a passagem do cabo de Boa Esperança (descoberto em 1487) 167 Ainda assim, apesar de já não ser dependente de Portugal, São Tomé e Príncipe continua a ter fortes ligações lusas, sendo a principal delas a língua (95 % do povo são-tomense fala português sendo que a segunda língua é o crioulo). É ainda um dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

168 Quando chegou a independência, em 1975, milhares de portugueses que aí residiam deixaram o país levando consigo a maior parte dos recursos humanos santomenses com qualificações. São Tomé e Príncipe contava então com algumas escolas primárias, apenas uma escola secundária em todo o país e nenhuma universidade ou instituto técnico. Os santomenses que formaram o primeiro governo descobriram que tinham apenas quatro médicos, meia dúzia de professores e nenhum recurso ou equipamento para assegurar a única fonte de rendimento do país: as exportações de cacau. O quadro jurídico necessário a uma economia moderna era praticamente inexistente e o que havia, encontrava-se seriamente ultrapassado.

169 As Seychelles detêm o título de mais pequenas ilhas do continente Africano.

170 Dados do Instituto Nacional Estatística, recenseamento de 2012, [consult.6abril2014] disponível em http://www.telanon.info/ sociedade/2012/06/29/10732/sao-tome-e-Príncipe-tem-187-356-habitantes/ 171 Com um comprimento médio de 47 km de comprimento e uma largura de 27 km com uma forma aproximada de um losango.

172 Uma cadeia de pequenas ilhas vulcânicas que se inicia nos Camarões estendendo-se num alinhamento com mais de 2000 km para sudoeste. Dada a orientação do alinhamento vulcânico, as ilhas vão-se afastando progressivamente da costa Africana a partir da mais setentrional: contabilizam-se apenas 20 milhas (37km) de mar até á primeira ilha, Fernando Pó (atual Bioko da Guiné Equatorial), seguindo-se, a 160 milhas (296km), a ilha de Príncipe, a 180 milhas (330km) a ilha de São Tomé e por fim, a mais afastada Ano Bom(atual Annobón da Guiné Equatorial), a pouco mais de 200 milhas (370km).

173 O território montanhoso mais acidentado, culmina com uma aguda escarpa que começa na cratera do extinto vulcão a 1480m (Lagoa Amélia) até ao Pico de S.Tomé (2024m) de muito difícil acesso, que cai bruscamente para o mar no quadrante oeste, contrapondo com um terreno que desliza suavemente na restante costa.

174 Plurisilva trata-se da designação da floresta tropical que se caracteriza pela alta pluviosidade (2000 a 5000 milímetros por ano) e temperatura média elevada. As florestas tropicais estão localizadas próximas do Equador, estendendo-se pela América do Sul, África e Ásia. Caracteriza-se por ser um ecossistema dotado de extrema riqueza, devido à variedade de espécies ali existentes e, de grande interesse, uma vez quedevido à sua biodiversidade, é uma fonte de inúmeros recursos.

capítulo

O arquipélago situa-se numa corrente de vulcões extintos chamada linha vulcânica dos Camarões[172], sendo que ambas as ilhas têm um território bastante acidentado. A ilha de Príncipe compreende uma superfície árida de maciços montanhosos, chegando alguns a atingir os 2000 m de altura, o que leva a que seja menos povoada que a ilha de São Tomé, onde o território mais alto se localiza maioritariamente no sul.[173] Nestes picos e montanhas, a floresta equatorial húmida[174] primitiva, ainda preservada, encontra-se confinada pela sua inacessibilidade, fazendo parte do parque nacional Obo. Ambas as ilhas, comparando com o seu aspeto primitivo inicial,

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10.casa típica de São Tomé

uma história simples

08. roça abandonada , São Tomé 09. nativo a entrar na floresta do Obó

06. vista da Roça de São João, visita à ilha 07.praia das sete ondas

foram descaracterizadas ao longo do tempo devido à ação do homem com a introdução, por exemplo, de vegetação trazida pelos colonos[175]. São Tomé é um dos países africanos mais férteis e autossuficientes em que, como descreve Miguel Sousa Tavares, ”a generosidade da natureza trata-se quase de uma provocação para a tradicional preguiça dos santomenses”.[176] A história deste povoamento[177] foi sempre de uma história de mestiçagem. Mestiçagem óbvia entre raças, mas também mestiçagem entre plantações, estilos arquitetónicos, culturas de diferentes partes do globo, desde a europeia à africana ou sul-africana, uma história densa de contornos universais. A população resulta da miscigenação entre portugueses e nativos oriundos da costa do Golfo da Guiné, Angola, Cabo Verde e Moçambique, descendentes na maioria de escravos.

175 TENREIRO,F- A ilha de São Tomé. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar (1961).P15.

176 “As ilhas são o paraíso de caçadores e pescadores (...) Quanto ao solo, basta plantar que tudo cresce: ananases, papais, mamões, mangas ou matabala (...) A fertilidade da terra, atravessada por dezenas de rios e ribeiros e permanentemente regada pelas chuvas, é tamanha que, num só dia, registou-se um crescimento de 12 centímetros de uma planta! Não admira assim que S.Tomé e Príncipe tenha sido poupado ao flagelo da fome, que devasta outras regiões inteiras de África. Só pode vir, daí, aliás, dessa generosidade da natureza que é quase uma provocação, a tradicional preguiça dos são-tomenses avessos ao trabalho e ao engenho Conforme me explica o Sr. Augusto, há cinquenta anos cozinheiro afamado da roça Ribeira Peixe, no sul da ilha, e que hoje me mostra desolado as prateleiras vazias de uma despensa que outrora ”tinha tudo” (…) ‘os meus patrícios não gostam de trabalhar, se os portugueses não tivessem trazido para cá os cabo-verdianos e os angolanos, nunca teria havido cacau nem café nas ilhas!’(…) Aliás basta ver a elegância dos são-tomenses que caminham ao longo das ruas para confirmar que fome nunca houve nas ilhas (…)” SOUSA TAVARES, Miguel- Sul, 2004. P115.

177 Pode-se resumir a forma do povoamento de São Tomé e Príncipe, sucintamente estabelecendo o paralelo com outras ilhas no Atlântico também colónias portuguesas, baseado em Andrade, Rodrigo Rebelo de - As roças de São Tomé e Príncipe : o passado e o futuro de uma arquitetura de poder. 2008 Dissertação de Mestrado 178 Antigas empresas agrícolas de alta produção que, em meados do século XIX e início do séc. XX, colocaram STP no mapa como principal exportador de cacau a nível mundial.

179 Que trabalhavam sob condições não muito melhores do que as dos escravos.

capítulo

O início do desenvolvimento económico das ilhas deu-se com a indústria do açúcar que as tornou o maior exportador de açúcar a nível mundial. A indústria operava sob um sistema de plantações, com as chamadas roças[178] chefiadas por portugueses, que funcionaram inicialmente com trabalho escravo e, desde os finais do século XIX, com mão-de-obra livre.[179] No século XIX, o açúcar foi substituído pelo cacau e pelo café chegando a ser conhecida pela ilha do “chocolate”. O cacau e o café mantiveram-se até aos dias de hoje como a principal cultura e responde pela quase totalidade das reduzidas exportações de São Tomé e Príncipe. As roças de cacau e café traçam o cariz arquitetónico colonial e são a história do país, a identidade do povo que está a desaparecer a uma grande velocidade e não resistirá à indiferença característica da nação. Tal como Paul Ricouer descreve em History and Thruth o problema de São Tomé e Príncipe e da maior parte das nações colonizadas, trata-se de encontrar a sua identidade após a independência, que muita das vezes nunca foi construída ou se associa ao passado de forma negativa.“Thus we come to the crucial problem confronting nations just rising from undervelopment.

In order to get on to the road towards modernization, is it necessary to jettison the old cultural past which has been the raison d’être of a nation?... Whence the paradox: on the one hand, it had to root itself in the soil of its past, forge a National spirit, and unfurl this spiritual and cultural revindication before the colonialist’s personality. But in order to take part in a modern civilization, it is necessary at the same time to take part in scientific, technical, and political rationality, something which very often requires the pure and simple abandom of a whole cultural past. It is a fact: every culture cannot sustain and absorb the shock of modern civilization. There is the paradox: how to become modern and to return to sources; how to revive an old, dormant civilization an take part in universal

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12.Casal João Carlos Silva e Dr.Isaura Carvalho na Roça São João dos Angolares. vista da Roça. visita à ilha

uma história simples

11.roça de São João dos Angolares. visita à ilha

civilization.”[180] As ilhas compreendem uma espécie de dois em um geográfico que desperta ainda mais curiosidade em quem ali chega. Trata-se dessa curiosidade que, em grande parte, São Tomé e Príncipe sobrevive, pois todo o desenvolvimento da região está assente, essencialmente, no turismo. Relativamente à agricultura e à pesca, estas são atividades de subsistência, motivo pelo qual se pode considerar que estamos perante um povo recolector. A recente descoberta de jazidas de petróleo não alterou esta tendência. Trata-se de um país pobre[181] devido a uma estrutura económica deficitária e pela reduzida dimensão do seu mercado interno, custos acrescidos da insularidade, o estado de degradação de muitas das infraestruturas produtivas e incapacidade de diversificar a economia para reduzir a dependência de exportação agrícola e piscatória, o que tem contribuído para a persistência de um elevado grau de pobreza no país, que atualmente se estima afetar cerca de dois terços da população.[182] “São Tomé e Príncipe é um país de contraste” “onde o deslumbre e a decadência se tocam, a abundância e a pobreza convivem, o pacifismo das gentes é oásis e o desencanto transborda o perímetro das ilhas. Uma terra à espera, onde nada chega, de onde nada parte.” “Um povo pacífico onde a guerra não entrou, mas muito nervoso no seio familiar’”[183].

As roças de São Tomé são o espelho deste mesmo contraste. Ocas por dentro, desmantelados por anos de desamparo e saque, os edifícios das roças conservam ainda uma altivez que faz recuar na história. As velhas roças (chegaram a ser 800)[184] são marcas de um passado colonial, já morto, mas ainda muito presente. O mato reconquistou o território perdido, como uma espécie de peste que se intrometeu entre os muros, esventrou os edifícios, destelhou as casas e vestiu as paredes. Uma devastação que não precisou de guerras, bastando apenas o esquecimento e o abandono.

| Encomenda

180 FRAMPTON, Kenneth- “Ten Points on a Architecture of Regionalism:Provisional Polemic”, Chapter 7 “Critical Regionalism”, in “Architectural Regionalism: Collected Writings on Place, Identity, Modernity, and Tradition”. 2007. P.374 181 Com um Produto Interno Bruto per capita de cerca de 400 dólares. [consult.6abril2014] disponível em http://www.vcc. columbia.edu/pubs/documents/SaoTome-sept11portu.pdf 182 O baixo nível de produção interna tem conduzido a constante dependência de importação de bens incluindo bens alimentares; e da ajuda financeira externa, que atualmente ainda suporta cerca de 20% do orçamento do estado santomense. [consult.6abril2014] disponível em http://www.earth.columbia.edu; Data Worldbank [consult.6abril2014] disponível em http://data.worldbank.org/country/são-tome-and-Príncipe#cp_fin 183 Padre.Domingos 2008 184 [consult.6abril2014] disponível em www.sãotomepatrimonio.blogspot.com 185 Casal bastante influente na ilha que luta pela promoção da mesma através de iniciativas culturais, educacionais. Também responsáveis por uma galeria de Arte na capital Teia D’Arte e envolvidos na organização das Bienais culturais de São Tomé e Príncipe.

186 Transmitida na RTP ÁFRICA entre 2005 e 2008.

capítulo

O casal João Carlos Silva e Dr. Isaura Carvalho,[185] dono da roça de São João de Angolares, é um dos exemplos mais bem conhecidos de esperança e que nunca desistiu, lutando sempre por dias melhores. Esta roça compreende um dos projetos de recuperação e restauro do património melhor sucedidos da ilha de São Tomé. O escultor e cozinheiro protagonista da Série na ‘Roça com os Tachos’[186] e a professora investigadora do colégio Luso Francês reinventaram o conceito da roça ‘colonial’ já há muito esquecido entre as pessoas projectando uma ‘roça cultural’, que reconcilia a agricultura, o turismo rural, recuperação do património e a educação, tal como

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14. roça de São João dos Angolares

uma história simples

13. praia de Santana

chamam “o projeto de vida e projeto integrado de desenvolvimento”. O desenvolvimento do projeto tal como estes relatam, não se tratou de algo fácil, devido à afluência baixa dos turistas e ao facto de o projeto de recuperação do antigo hospital, agora centro de arte e artesanato, levou quase dez anos a concluir. João e Isaura são conhecidos por se envolverem na luta pelo desenvolvimento e pela promoção da cultura através de novos programas e projectos: “para nos ajudar a sair deste estado de decepção coletiva, porque não há povo que avance se não tiver orgulho de ser o que é. As pessoas deixam de acreditar nos dirigentes e em si próprias (...) Mais de trinta e oito anos depois da independência, é triste, mas temos de admitir que vivemos pior. Quando acaba esta (in)dependência, que nos transformou em pedintes de quase tudo?”[187] e “o Estado ao longo destes anos não tem sido propriamente um bom exemplo de concretização de projetos, especialmente com os projetos comunitários.”[188]

187 Isaura de Carvalho e João Carlos Silva.

188 Declaração da Isaura Carvalho, numa entrevista ao Téla Nón, sobre associação Roçamundo que apoia comunidades carenciadas em tudo. “O Estado não tem sido um bom exemplo”19 de Novembro de 2009. [consult.7abril2014] disponível em

http://www.telanon.info/cultura/2009/11/19/2186/“o-estado-nao-tem-sido-um-bom-exemplo”/ 189 Mote do Global Sustainable Tourism Council, um organismo internacional que pretende promover o conhecimento e a compreensão de práticas de turismo sustentáveis, promovendo a adoção dos princípios universais de turismo sustentável e a procura por viagens sustentáveis.

190 Carvalho, 2006.

191 A vulnerabilidade de STP às alterações climáticas advém do facto de grande parte das suas importantes unidades produtivas se encontrarem situadas na zona costeira.

192 A implementação de uma hotelaria mais ecológia tem-se demonstrado difícil, no entanto surgem alguns casos em que isto se aplica, como acontece no sul da Ilha de São Tomé, em Porto Alegre, onde se utiliza energia eólica nas suas instalações e no ilhéu das rolas.

193 A sustentabilidade, segundo a conferência das Alterações Climáticas, segue uma trilogia: economia, ambiental e social.

Para o efeito, é necessária uma mudança de mentalidade em termos de construção civil das infraestruturas correntes de STP. Deve pensar-se numa arquitetura que consuma menos quantidade possível de energia elétrica, sobretudo quando esta é produzida a partir de combustíveis fósseis pois tratam-se de grandes fontes de emissão de dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelo efeito de estufa e, consequentemente, pelas mudanças climáticas. Além do mais, devem ser utilizados sistemas de reaproveitamento de águas de forma a minimizar o seu consumo. Baseado em recomendações feitas na conferência por VERA CRUZ, José António. Atas do Seminário Internacional Realizado no Palácio dos Congressos em São Tomé e Príncipe: Alterações climáticas e seus efeitos sobre o turismo de São Tomé e Príncipe, Agosto de 2012.P.135 [consult.8abril2014] disponível em http://issuu.com/brigidarochabrito/docs/climatechantestp2012

capítulo

“Promoting the widespread adoption of global sustainable tourism standards to ensure the tourism industry continues to drive conservation and poverty alleviation.”[189] São João de Angolares trata-se da prova existente da possibilidade viva de poder fazer avançar o país e as mentalidades. Participando da opinião do empresário João Gomes, “é principalmente através do turismo que é possível criar condições para o desenvolvimento rápido do país. Não um turismo de oásis de riqueza no meio de um deserto de pobreza”[190] , mas algo mais sustentado. São Tomé tem pequenas praias, o céu é mais nublado do que azul, chove com frequência e há malária e surtos de cólera. A riqueza do país está no interior, no ‘charme’ colonial das roças, na tradição do cacau, na arquitectura, na ecologia, na gastronomia, num turismo alternativo, eco-cultural de pequenas unidades hoteleiras. Algo que também foi relatado no Seminário Internacional, realizado no Palácio dos Congressos em STP, sobre o tópico das ‘Alterações climáticas e seus efeitos sobre o turismo de STP tendo em conta as características de STP (pequenez e ecossistemas frágeis)[191], concluiu que o desenvolvimento turístico do território deveria ser sustentável e ecológico[192].

Esta vertente, tal como referido anteriormente, encontra-se intrinsecamente relacionada com a preservação da natureza. O esforço do Governo e das Conferências Internacionais recaiu sobre estas preocupações do futuro, lançando as recomendações para novas edificações : “Ter em conta a planificação da atividade turística com a proteção da natureza, em particular das espécies endémicas; o estado deve estimular a adoção de arquitectura inteligente na edificação, correspondendo aos princípios da sustentabilidade.”[193]

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16. caminho para a praia de Micondó. visita à ilha

uma história simples

15. povoamento tradicional precário

||Implementar um Conceito O projeto de desenvolvimento das roças e do turismo de João e Isaura recai exatamente sobre este conceito o turismo rural ecológico e sustentável na tentativa de promover a educação das povoações locais e o desenvolvimento da qualidade e dos modos de vida das mesmas. Neste contexto oportuno surgiu o interesse, através do contacto com o casal, de apoiar o projeto académico produzido no Chile devido aos fundamentos e utilidades nele expressos (Fevereiro de 2013). No entanto, foi proposta uma alteração ao programa inicial para a adaptação de um assentamento eco-turístico que João e Isaura tinham inicialmente planeado para o recente e novo projeto de reconversão e reconstrução da Roça de Micondó[194].

Assim, partiu-se para a criação de um protótipo com os seguintes objetivos: i)desenvolver um conceito similar ao que atualmente é seguido na Roça de São João, atraindo turistas para uma aventura ecológica rural, que teria a particularidade de poder oferecer um alojamento isolado em contacto com a natureza e a floresta exuberante; ii) contribuir para um futuro desenvolvimento local, envolvendo a população na construção e na avaliação dos resultados.

Procedeu-se então à elaboração de um protótipo ecológico, low cost e sustentável que a posteriori, dependendo da recetividade do local, pudesse ser aplicado num modelo e referência de casa para os locais visto que estes vivem em habitações bastante pobres, sem condições de salubridade adequadas tal como descreve o arquiteto Pedro Reis na entrevista sobre a escola em Santa Catarina em São Tomé no projeto 5 Áfricas 5 Escolas, “vivem em aglomerados que são formados por construções precárias - a maioria em madeira sobre palafitas que constituem as habitações dos pescadores e famílias”. Este modelo teria que fazer jus às tradições e costumes do povo, adaptando as técnicas construtivas e materiais locais para uma melhor integração e aceitação das povoações e também dos turistas.

Os nativos, apesar dos poucos meios que detêm, não se equiparam a outras nações de da África pois a ilha providencia-lhes o necessário para a sobrevivência, podendo estes viver apenas como povos recoletores não dependentes das tecnologias da sociedade. No meio da floresta, afastados da vida urbana onde apenas uma estrada de algumas horas os liga à capital, vivem de modo naïf e primário do mesmo modo que os seus antepassados viveram e sem necessidades aparentes de mudanças com uma tolerância bastante baixa às inovações. Neste sentido, impor um projeto requer adequação de compasso. Estes povos são descendentes de escravos fugidos para o Sul, ao abrigo da floresta para se juntarem ao grupo dos apelidados angolares[195],

194 Micondó trata-se de uma palavra de origem santomense, que designa embondeiro ou baobá, uma árvore africana que chega a alcançar alturas de 5 a 25 m chegando ter um tronco de 7m de diâmetro. Destaca-se pela capacidade de armazenamento de água dentro do tronco que pode chegar a 120 000l.

195 “Embora não seja um dado histórico livre de polémicas, é aceite, por grande parte dos autores, que algumas décadas após a chegada à ilha de Álvaro de Caminha e os seus colonos, um navio que transportava escravos de Angola para o Brasil naufragou e de todos os que estariam a bordo do navio, grande parte dos escravos ter-se-á salvo e abrigado nas florestas virgens no sul da ilha. Este grupo – apelidado de angolares devido à sua hipotética origem angolana – foi crescendo, protegido pela floresta que os colonos tinham a maior das dificuldades em penetrar, e foi crescendo também o ódio dos seus membros aos colonos brancos, que simbolizavam o fim da sua liberdade e o afastamento da sua terra. Estas condicionantes, tanto sociais como geográficas, levaram a uma sucessão crescente de assaltos e incêndios a engenhos de cana de açúcar, e mais tarde ate à cidade (1585) por parte dos angolares, investidas estas que tinham sempre como final o regresso à sua floresta- que os protegia da sujeição às leis dos brancos, e por isso de serem responsabilizados pelos seus actos.(...) Só em finais do séc XVII, com intervenção enérgica do governador Pereira Berredo, os angolares foram definitivamente combatidos e vencidos, tendo muitos sido mortos ou escravizados mas muito também pacificados e tornados membros de uma nova comunidade que despontava no sul da ilha, no local onde os seus primeiros antepassados tinham chegado para se abrigar.” Andrade, Rodrigo Rebelo de - As roças de São Tomé e Príncipe : o passado e o futuro de uma arquitectura de poder. 2008. P11-1

capítulo

vivendo uma vida independente dos ‘brancos’ praticamente inalterada nos últimos 30 anos da

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20. praia de Micondó

uma história simples

17. roça de Micondó 18. postais antigos de São Tomé que retratam a Roça de Micondó 19. vista para a praia de Micondó

independência, salvo os esforços das associações não-governamentais para a implementação de melhores hábitos e condições. Trata-se de um povo com a suas próprias vontades, vícios e necessidades no entanto, com um carinho enorme para com quem os auxilia e ajuda[196]. “Don’t give people a readymade ‘house’ they won’t take care of it. Give them materials and knowledge how to build, they will build with responsibility and pride, and use their learnt skills to build again when needed” refere o arquiteto do Ghano, Diebédo Francis Kéré[197] tal como Hassan Fathy[198] também defende, nunca foi tão apropriado como neste caso, não se tratando naturalmente de uma autoconstrução. Desta forma, as lições de integração da cultura tropical, do local e da tradição, abordadas anteriormente tornam-se uma prioridade essencial para incorporar o vernáculo deste povo transformando a construção em algo contemporâneo. Tendo em atenção o que o filósofo Pierre Nakoulina defende “Each society seeks to fulfil its own objectives and we can only measure the degree of satisfaction obtained in relation to those objectives. Finally, they had obscured the fact that each society lives in its own universe and that each universe imposes a particular logic on the cultural expression of its members and a particular objective to their action”[199]

|| Objetivos programáticos O programa proposto pela investigadora Isaura Carvalho para o turismo rural e ecológico não contaminante detinha as seguintes exigências: - 1 Conjunto de 3 habitáculos independentes; - a integração das instalações sanitárias nas casas oferecendo um conforto e privacidade para os utilizadores equipada de sanita, duche e lavatório; - o planeamento de uma cozinha natural e comunitária juntamente com um espaço abrigado para o convívio, dando continuidade à tradição culinária notória da Roça de São João de Angolares pelo cozinheiro João Carlos. Isto seria englobado num projeto posterior, retirando desta forma a necessidade do habitáculo integrar uma cozinha, necessitando assim apenas de um local de preparações mais imediatas.

- Flexibilidade no interior para a adaptação dos turistas - Água para consumo próprio potável - Local exterior protegido para o convívio

196 Segundo Ceita, antropóloga santomense, “este grupo preservou a sua língua (...) e outras particularidades como a sua habitação sobre estacas e as suas aldeias compactas”. CEITA, Maria Nazaré- Ensaio para uma Reconstrução HistóricoAntropológica dos Angolares de S. Tomé, Trabalho final do curso de pós-graduação em Desenvolvimento Social e Económico em África, (1991) Lisboa, CEA/ISCTE. Macedo, luso santomense de ascendência angolar, afirma que: “apesar dos problemas das origens angolares, do que não resta dúvida é que os angolares se apresentam hoje c/características próprias reforçadas por uma longa prática endogenia, o que traduz numa homogeineidade (rácica), os angolares são definidos como analfabetos, pescadores, primitivos (...) MACEDO, Fernando de- O Povo Angolar de S. Tomé e Príncipe, (1996) , S. Tomé, 3a edição.

197 Distinguido pelo prémio Aga Khan pela sua arquitetura sustentável em 2004.

198 “Si al campesino s ele construye su casa como una especie de caridad, no adquirirá a habilidad ni la experiencia que logra si la construye él mismo. Cuando empiecen a deteriorar-se las construcciones, los aldeanos no podrán repararlas. Es como sí una persona que quiere un jardín fuera a un invernadero y pidiera que una docena de expertos se lo hicieran de la noche a la mañana. Se vería muy hermoso durante una semana talvez. Pero no tendría la capacidad de cuidar la y pronto estaría convertida en maleza” FATHY, Hassan.

199 NAKOULINA, Gomdaogo Pierre, ‘Faut-il encore souhaiter le développement?’.” Prince Claus Fund Journal, Burkina Faso, Março 1997 P.21

capítulo

Para responder ao novo programa foi necessário alterar a proposta inicialmente apresentada no capítulo I para a adaptação às imposições e rever os princípios do desenho inicial. Tal tarefa implica um estudo e análise das condicionantes locais, culturais, climáticas e um aprimoramento do projeto teórico para um prático introduzindo os conhecimentos adquiridos

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praia de micondó

praia angra toldo

ponta andré

praia angobó

ponta dos morcegos

120 ilhéu catarino

ponta simão fidi

21. ESCALA 1:25000 • mapa de S. Tomé, Lisboa, Imp. no Instituto Geográfico e Cadastral, 1958, pa . Quadrante sudeste da ilha 22. imagem de fundo, praia de Micondó

uma história simples

praia da açoreana colónia

em todo o processo para um traçado final mais completo e legítimo da realidade.

|| área de intervenção A Roça de Micondó uma antiga roça de cacau de estilo colonial que encontra-se no interior da baía de Micondó a uma distância de 200 metros da praia. Esta roça localiza-se no quadrante sudeste da ilha de São Tomé, bastante isolada da Capital (nordeste). Localizada no sopé do Monte Micondó, é rodeada de floresta e possui uma só via de acesso à roça que consiste na única estrada sinuosa e esburacada[200] que circunda a ilha alternando entre o litoral e a floresta tropical intercalada por rios e cascatas perdendo-se de vez enquanto nos caminhos que levam às antigas roças ou às praias que não se avistam na estrada, ligando a capital São Tomé até cidade de Porto Alegre no Sul Na fronteira do distrito de Cantagalo (capital Santana), entre a Praia da Colónia Açoreana (Norte) e a praia de Angra Toldo (Sul), encontra-se a baíade Micondó dividida pelo pequeno riacho de Miconão. Limitada a oeste pelo Monte Micondó (355m) e pela floresta densa e a este mar Atlantico.

O clima tropical húmido advém da sua localização geográfica no vale depressionário do equador de convergência intertropical (ZCIT)[201] na confluência da corrente quente do golfo.

Ou seja, define-se pela existência de duas estações, a quente e húmida e a gravana[202] detendo temperaturas médias anuais que variam entre os 21ºC e 31ºC. A zona sul onde se insere o projeto é ainda caracterizada por uma maior concentração de precipitação[203]. Apesar das estações ao longo do ano, a temperatura varia consoante a altitude e a pluviosidade, originando uma multiplicidade notória de microclimas, sendo ainda característica uma humidade relativa quase sempre superior a 75%.

O local de inserção do projeto sucederá na Praia de Micondó (ver imagem 21) que tem uma vasta extensão e apenas duas simples estruturas de apoio à roça e aos visitantes. O local é delimitado pelo pelo mar e pelo palmar de coqueiros[204] que encerra a praia.

200 “Não vale a pena ter ilusões: quem não for amante do todo-o-terreno, deve-se abster. (...) Os buracos e os saltos são tantos que, por incrível que pareça, produz-se no próprio condutor um efeito semelhante ao da tôle nodule, no deserto; um torpor e uma sonolência, alimentados pelos embalos do caminho, que só um mergulho numa praia deserta encontrada à beria da Estrada ou numa cascata perdida no interior da selva conseguem afastar” citado de SOUSA TAVARES, Miguel- Sul, 2004. P.120 201 A zona de Convergência Intertropical (ZCIT) trata-se da área que circunda a Terra, próxima do equador, onde os ventos originários dos hemisférios norte e sul se encontram.

202 A estação seca ou gravana compreende o período de Junho a Setembro e com uma temperatura média de 23ºC e a estação quente e húmida corresponde ao período de chuvas que se estende pela maior parte dos restantes meses com uma temperaturas média de 26ºC. A estação húmida interrompe-se parcialmente nos meses de Dezembro e Janeiro, para uma estação intermediária denominada de gravanito, período em que apesar da persistência de temperaturas elevadas do ar e do oceano se dá a queda de precipitação.

203 Devendo-se ao facto da predominância dos ventos Sul (SSO durante o verão boreal e SSE durante o inverno boreal). O encontro entre as massas de ar húmido e o relevo acentuado do Sul das ilhas origina a precipitação que pode atingir valores de 7.000 mm/ano em determinadas zonas de montanhosas na ilha. Baseado na ‘Primeira Comunicação Nacional sobre Mudanças Climáticas’ citado por VERA CRUZ, José António. Atas do Seminário Internacional Realizado no Palácio dos Congressos em São Tomé e Príncipe: Alterações climáticas e seus efeitos sobre o turismo de São Tomé e Príncipe, Agosto de 2012 p.130; Governo de São Tomé e Príncipe 2012 citado por CARNEIRO, Gonçalo e CARVALHO, Jorge. Atas do Seminário Internacional Realizado no Palácio dos Congressos em São Tomé e Príncipe: Alterações climáticas e as suas repercussões sócio-ambientais.

Agosto de 2012 p.101 [consult.6abril2014] disponível em http://issuu.com/brigidarochabrito/docs/climatechantestp2012 204 Mapa de SILVA, Hélder Lains-Vegetação de São Tomé, Junta de exportação do café, Julho de 1957

capítulo

As referências arquitetónicas no local são escassas sendo que os dois exemplos mais importantes são a casa principal da Roça colonial de Micondó e a povoações vernaculares típicas dos angolares.

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24.vista apartir do local de implantação quadrante sul 23.vista apartir do local de implantação quadrante norte

uma história simples

alpendre

núcleo

posicionamento do conjunto

nto ve

E SS

te ran du

o

rão ve

estrada principal de S.Tomé ilhéu catarino

escarpa rochosa com grande inclinação

praia de micondó, praia de areia branca. Local ideal de implantação, tanto pelo relevo, solo e ‘a solução de compromisso’ (sol e vento)

O SS nto ve

roça de micondó a 200 metros da praia. ligação através de uma estrada secundária. implantada a 100 metros acima do nível do mar

te ran du o ern nv oi

100

capítulo

19

9

1 42

25. ESCALA 1:10 000. planta do local de implantação. Praia de Micondó, apartir de conjugação de mapas e google maps.

vegetação densa, floresta tropical

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27. casas vernáculas de São Tomé. Vista aérea do povoamento das neves.

uma história simples

A roça de Micondó obedece a uma tipologia tipicamente colonial de estilo bastante evidente, sendo composta pela casa colonial, a sanzala[205] e o terreiro. A casa principal detém uma planta retangular, com dois pisos, varanda a toda a volta alpendrada, através da qual se faz o acesso aos diferentes compartimentos; no entanto, a cozinha e casas-de-banho encontramse fora desta estrutura. A cobertura, de águas bastante inclinadas, é de chapa industrial, rematada com ornamentos de madeira na sacada. As varandas alpendradas, cobertas pelo prolongamento das coberturas, sobre pilares finos de madeira são profundas e permitem um maior ensombramento. As guardas, de madeira cruzada, constituem a imagem de marca da arquitetura colonial presente em todas as construções.

As casas típicas dos angolares, já mencionadas anteriormente, têm características muito precárias. No entanto, identificou-se três aspetos muito importantes que revelam o funcionamento cultural da população: i) o espaço exterior, que se utiliza como um um espaço de convivialidade devido a um elevado índice de entre-ajuda, próprio das tradições familiares e sociais africanas, como Pedro Reis descreve na análise da povoação de Santa Catarina;[206] ii) o espaço interior-exterior coberto, adaptado das varandas alpendradas coloniais para a proximidade com a restante população e a natureza ao abrigo da chuva; iii) e, por último, a elevação da estrutura do solo para evitar o apodrecimento da madeira, entrada de animais rastejantes e cheias devido aos níveis de pluviosidade.

O lugar efetivo do projeto será definido in loco devido à natureza do local e às especificidades do projeto, não querendo dissipar a essência fundamental, tal como O’Doherty defende embora num contexto associado a espaços de galerias também se adapta a esta situação ”o espaço é construído pelo sujeito no momento da sua experiência perspectivada ‘in loco’ que toma o espectador por aquele que sente e que vive o todo”[207] Visão que poderia ainda ser completado com a opinião de Norberg-Schulz citada por Edwin Nishimoto sobre o lugar que especifica que:

205 “As sanzalas eram as casas dos trabalhadores contratados e dispunham-se em foram de pequeno bairro em filas paralelas fazendo lembrar as vilas operárias portuguesas. A sanzala era composta por um edifício com um conjunto de oito casas pequenas de aproximadamente 14m2 cada. A cobertura de duas águas, as quais se prolongam criando um pequeno alpendre, sendo este despromovido de qualquer tipo de adorno ou decoração. Cada casa tem uma porta ou uma janela, excepto as de topo, onde podem existir duas janelas. A divisão entre as casas é feita com paredes que não vão até ao tecto, o que permite a circulação de ar e dava uma maior higiene aos espaços, sacrificando, contudo a privacidade dos trabalhadores.” Descrição global das sanzalas em São Tomé, adaptado ao caso da roça de Micondó, que apresenta características semelhantes mas onde a documentação se torna mais escassa. Citado a partir de ANDRADE, Rodrigo Rebelo de - As roças de São Tomé e Príncipe : o passado e o futuro de uma arquitectura de poder. 2008. P22 206 MILHEIRO, Ana Vaz- Cinco Áfricas: cinco escolas : five schools. São Paulo : Fundação Bienal, 2009.

207 O D ́ OHERTY, Bria - O Cubo branco, notas sobre o espaço da galeria. São Paulo: Martins Fontes, 2002. P.4

capítulo

“El espacio existencia no es un término lógico matemático sino que comprehende las relaciones básicas entre hombres y su entorno; y aclara que ello implica que los espacios donde la vida ocurre son lugares, en el verdadero sentido de la palabra. Agrega que un lugar es un espacio que tiene un carácter preciso ‘o sea’ queremos decir una totalidad hecha de cosas concretas teniendo substáncia material, forma (figura) textura y color. Juntas estas cosas determinan un ‘carácter ambiental’ que es la esencia del lugar (…) por lo tanto el lugar es un fenómeno ‘total’, cualitativo, el que no puede ser reducido a cualquiera de sus propiedades tales como las relaciones espaciales, sin perder

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29. crian莽as na praia de Santana

uma hist贸ria simples

28. praia de Micond贸

su naturaleza concreta”.[208] O ideal do projeto seria a preservação da envolvente circundante subjugando-se à grandiosidade desta, o que, pela falta de um levantamento rigoroso do local, levou a que se optasse por este método[209], sendo que se definirá guias para a implantação do projeto.

208 NISHIMOTO, Edwin Haramoto-Enfoque atual en la enseñanza de Arquitectura en Chile, Revista INVI, vol.16, núm.44, Universidad de Chile, Chile. Novembro 2002. P.104 209 Da averiguação do local de implantação no próprio local.

capítulo

31.Baia de Ana Chaves

Experiencing a place involves memory and gives buildings one of their most powerful characteristics: the potential to evoke experience through metaphor.

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| Concretização de uma História Simples

I.FASE REDESENHO

II.FASE VOLUMETRIA

III.FASE MATERIALIDADE

IV.FASE HUMANIZAÇÃO

V.FASE SÍNTESE

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34.Island Bach, Gogo dos Herbst Arcchitects e Palmira House do Studio Mumbai

uma história simples

33.Chen House do Marco Casagrande

32.Hut to Hut dos Rintala Eggerston, vista para a casa de banho. volume à parte.

|||1º • Redesenho A primeira fase de adaptação da proposta académica debruçou-se sobre redefinição da volumetria exterior e na solução construtiva, integração da casa de banho no edifício e no desenho do acesso ao piso superior.

Por uma questão prática de construção e separação programática optou-se por introduzir um volume secundário para a casa de banho, atribuindo uma maior autonomia a este módulo, ou seja, a possibilidade da sua não integração no conjunto sem afetar o volume principal.

Apostou-se então num volume retangular de um piso com o mesmo comprimento da casa, retendo certos traços do desenho inicial. No interior considerou-se a sua compartimentação de acordo com as características técnicas da construção induzidos pelo clima tropical e respectivas condições de saneamento e salubridade. O volume da casa de banho nasce com a determinação de criar um espaço em contacto com a natureza com um carácter mais permeável, no entanto privado.

Estas premissas remetem para duas referências bastante diretas: Hut to Hut dos Rintala Eggerston e a Chen House de Marco Casagrande[210], em termos da divisão programática da casa. Embora apresentem uma escala distinta, conservam uma clara separação programática em volumes de dimensões e proporções distintos, acompanhados por uma ligação ao ar livre que contempla a envolvente.

A Hut to Hut (Karnataka na India, 2012), (imagem 32) um protótipo de turismo sustentável e ecológico, apresenta uma distinção entre as áreas molhadas e secas, ou seja, a cozinha e casa de banho encontram-se num volume separado da sala e dos quartos, intercalados por um pátio exterior de convívio e ligados por um passadiço de madeira descoberto.

A Chen House (Sanjhih em Taiwan,2008) (imagem 33) concentra no exterior e tal como no caso anterior, a cozinha e o quarto de banho num volume paralelepipédico, mas distinto, dispondo-se ao longo da casa associado ao alpendre, que a atravessa de um lado ao outro. Deste modo, com o telhado, proporciona-se a existência de uma grande área coberta integrando o módulo de forma mais direta na construção principal.

capítulo

No desenho da casa de banho surgem como exemplo a Island Bach e a Gogo House dos Herbst Architect e da Palmira House (2007) do Studio Mumbai pela característica da atmosfera descontraída e aberta à paisagem, afastando-se de um contexto europeu e envolvendo-se no clima tropical e nas suas vantagens. O essencial encontra-se presente, sem perder o conforto exigido.

210 Associado aos Tyin Tegnestue, arquitectos abordados no capítulo anterior.

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35.processo de trabalho - esquissos, plantas e 3ds. 1潞fase

uma hist贸ria simples

A ligação física entre os dois volumes apresentou desenvolvimentos e contornos diversos ao longo do processo de desenho, sendo que inicialmente se optou pela continuação do alpendre exterior, surgindo como um remate do mesmo, criando uma pequena ponte para o volume paralelepipédico das casas de banho. Esta ideia mantém-se até ao final, embora com alterações em termos formais da linguagem arquitetónica.

Nesta fase, destaca-se ainda a importância da definição da forma, que se encontra associada à questão do posicionamento e estrutura da escada de acesso ao 1º piso.

Como se verificou nas características das casas do clima tropical, a forma advém da cobertura que define o cariz do projeto. A problemática, neste caso, foca-se no balanceamento da inclinação da cobertura com o resto do projeto e a tentativa de um equilíbrio tanto em termos estruturais como da própria forma. Para além da questão funcional da cobertura, destacamse os temas geométricos dos ângulos de inclinação, em paralelo com a altura mínima para a seu uso habitacional. A intenção inicial seria a de manter uma estrutura que se interligasse com a natureza e se aproximasse das casas existentes, mantendo a harmonia entre os elementos constituintes como se de um só elemento se tratasse, desde o remate com o solo até às ligações da cobertura.

capítulo

A problemática da escada surge então neste ponto devido à posição que esta poderá ocupar e o modo como influenciará a altura e a inclinação da cobertura, que se compõe por dois planos que se interceptam no ponto mais elevado da casa. Por um lado, se a escada se encontrar embebida no interior não interfere com o desenho formal do volume exterior e cria um pequeno pátio interior. No entanto, retira bastante espaço nos dois pisos, algo que se considera crucial no desenho de um espaço reduzido. Por outro lado, se a escada se colocar no exterior poderá resolver a ligação entre os dois volumes, libertando espaço interior mas toma protagonismo na fachada e implica o aumento da cobertura ou o constrangimento de, num clima de bastante chuvas, haver uma passagem pelo exterior, o que também envolve a privacidade dos utentes.

As duas opções mostram-se válidas; no entanto, a escada adquire na segunda opção bastante protagonismo, num projeto que deveria ser essencialmente sobre o espaço havendo ainda o factor “altura”, que sugere que a junção dos dois pisos tenha um mínimo de 5,80m para permitir a utilização adequada do piso superior, o que invalida a possibilidade de manter as proporções desejadas.

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37.Casa Té a un àgua, de Cazú Zégers

uma história simples

36.perspectiva do e esquiço do módulo

Ainda nesta fase, estuda-se a hipótese de desmantelar o segundo piso abrindo a possibilidade de simplificar a composição da cobertura para uma só água, transformando o espaço superior num beliche ou alcova, o que permitiria uma altura mais baixa nesse espaço, estabelecendo uma relação directa com o espaço principal/sala. Estes dois fatores revelamse importantes na medida em que o espaço interior se torna único e simplifica o conceito do projeto. Esta opção surge inspirada na Casa Té a un água (de Pucón, Chile de 2003[211]) (imagem 37) da arquiteta Cazú Zégers na qual se verifica a cobertura assimétrica a soltar-se da base regular retangular. A arquiteta optou por unificar os requisitos básicos do programa por baixo de um mesmo tecto que se desprende e flutua sobre as paredes da casa, considerando ainda as variáveis climáticas do Chile.

Avaliando as opções em questão, conclui-se que a solução de condensar o volume em apenas um piso se revela mais vantajosa e coerente com o seu uso, realçando a relação que o volume terá com o exterior onde previsivelmente se passará maior parte do tempo. Isto dá um importante destaque ao rés-do-chão e simplifica a composição inicial. Apesar de formalmente se distanciar do exercício académico, as intenções e princípios da cobertura para que esta fosse uma estrutura independente, mantêm-se. Neste encadeamento, estuda-se também a elevação que o edifício detém em relação ao solo. O projeto inicial tinha uma altura considerável, possibilitando a passagem de animais por baixo da casa mas condicionando o edifício a um determinado número de degraus. Com o novo conceito de ecoturismo, poder-se-á equacionar esta proporção de modo a facilitar a ligação entre o exterior e interior, tornando-o mais natural e suave. Determinando que a altura ideal seria a altura máxima de uma pessoa ‘sentada’, para permitir que o alpendre servisse também de banco.

211 “Su nombre disse de las casa de té japonesas, que son simples pero assimétricas, el que viene a tomar té completa el espacio. “ ZÉGERS, Cazú- Protótipos en el território, Série Monografias de Arquitectura Chilena Contemporánea, volumen 20. Ediciones Arq/Escuela de Arquitectura, Santiago, noviembre de 2008. P.77

capítulo

Neste sentido, a estrutura do edifício é simplificada e hierarquizada devido ao novo desenho proposto, passando parte dos pilares duplos para pilar simples resultado da redução de carga e esforços decorrentes da alteração da altura do volume.

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44. Marika Alderton House de Glenn Murcutt

uma história simples

42. imagem 3d do interior da proposta 43.New Summershouse Ulmayers Sylvester

41.Casa Buchuporeo, de Álvaro Ramírez e Clarisa Elton

39.Venezuelan eco cabanas 40.Horai Onsen Bath House

38.Villa Laangbo, de Olavi Koponen

||| 2º• Volumetria A continuidade volumétrica entre os dois edifícios e a sua respectiva ligação têm uma especial atenção nesta fase da proposta. Procura-se uma linguagem coerente e contemporânea que permita um remate harmonioso entre a cobertura e o edificado horizontal. A dialética entre o interior e o exterior assume uma especial importância no desenho das fachadas e a exploração da materialidade das paredes na composição e divisão programática interna, realçando a relação do homem com a natureza.

Uma das preocupações constantes na definição volumétrica foi o ajuste das proporções entre os cheios e vazios. Na perspetiva de consolidar uma forma estuda-se a separação da cobertura com os seus respectivos temas de desenho remetendo para as seguintes referências: Villa Laangbo (em Kénio, Finlandia de 1999) (imagem 38) do arquiteto Olavi Koponen e a Casa de Buchuporeo (Chile) (imagem 41) dos arquitetos Alvaro Ramírez y Clarisa Elton. Ambos os exemplos se distinguem pelo enfâse dado à autónoma da cobertura. No primeiro caso, a cobertura independente do edifício unifica o projeto salvaguardando o espaço interior e exterior coberto. A simplicidade, fator inerente ao desenho, relembra a Horai Onsen Bath House do Kengo Kuma (imagem 40), em que a cobertura também paira no ar. No segundo, a estrutura destaca-se do edifício, permitindo a introdução de aberturas superiores para a iluminação. A fragmentação do edifício em duas partes distintas apresentou-se como uma opção complexa, implicando o aprofundamento de diversos estudos/hipóteses de trabalho até ao final do projeto.

Nestas hipóteses de trabalho avalia-se a opção de introduzir um corredor para a casa banho, passando a tratar estes dois volumes como que inseridos numa plataforma coberta, o que permitiria uma travessia da casa pelo exterior com a ligação dos dois alpendres tal como acontecia na Chen House (imagem 33). A casa de banho, como uma peça dividida nas suas funções, é rematada pela entrada no alpendre dianteiro. Surge então a ideia de tornar este corredor mais dinâmico e habitável e parte integrante das funcionalidades programáticas, um “walking-bathroom” onde as paredes ganham vida e transparência para o interior.

capítulo

Explora-se a possibilidade das paredes reinterpretar a sua condição estrutural e simples elemento de encerramento, incorporando elementos de mobiliário como estante, mesa, cama permitindo um desenho integrado e humanizado, remetendo para a solução que Glenn Murcutt utiliza na casa Marika Alderton (imagem 44) e o Ulmayers Sylvester na New Summerhouse (imagem 43). Glenn Murcutt agendra a partir das necessidade de arejamento imposto pelo clima, uma estrutura de parede que tanto serve para janelas de ventilação como de móveis de arrumação. Com uma solução um tanto complexa, de painéis que se abrem e fecham, modifica o desenho da fachada e a dinâmica da casa.

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alçado lateral

alçado sudoeste

planta do ‘soalho’ (entramado de piso)

alçado da frente

uma história simples

planta de vigas

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1 planta de fundações

planta de “piso”

escala

2

No caso de Ulmayers Sylvestre que tira proveito da estrutura à vista para a criação de arrumações permitindo que isto defina o espaço interior. Opta-se por utilizar uma combinação entre os dois exemplos aproveitando o desenho existente das paredes, prevendo arrumações integradas tal como uma mesa de apoio interior.

capítulo

45.vista do exterior

A lógica de acesso e a distribuição interna da casa levam a que se explore novas opções, passando por várias fases de desenvolvimento assentes em princípios de intervenção divergentes. A primeira passa por se soltar do retângulo formal do corpo principal introduzindo um nicho retangular na entrada, na tentativa de criar momentos de espacialidades distintas no habitáculo, preservando um núcleo mais privado afastado das zonas mais movimentadas. A localização da cama no lado do pé direito mais alto permite a introdução de uma segunda cama opcional - beliche - admitindo uma maior flexibilidade dos usuários. Associado ao pátio traseiro gera-se um espaço social partindo de uma mesa que surge do desenho da janela, rematada pelos dois bancos incorporados na estrutura da parede. O desenho dos vãos exteriores reflete um jogo entre a horizontal e a vertical que advém da distribuição programática, uma janela horizontal associada à cama e um a vertical que remata o canto do edifício no enquadramento da mesa, sendo que as restantes fachadas contêm uma linguagem mais clara de cheio e vazio, compostos de planos complexos de entrelaçado de bambu e portas encerradas por molduras de madeira preenchidas com rede de mosquitos.

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50.vista exterior do alçado frontal 51.vista de sudoeste entrada para o wc

uma história simples

48.vista exterior do alçado de sudoeste 49.vista ‘aérea’ exterior de sudoeste

46.vista exterior do alçado lateral 47.vista interior da área da entrada

corte pela zona de entrada

capítulo

54.vista interior da área da mesa 55.vista do ‘interior’ do ‘walking bathroom’

52.vista interior da área da cama 53.axnometria perperspectivada área do interior do módulo

corte pela zona das camas

corte transversal

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56.maquete de estudo

uma hist贸ria simples

al莽ado principal

módulo duplo com a união pelo quarto de banho

7.5 x 7.5 cm 5 x 10 cm piso 2.5 x 10 cm x vigas 7,5 x 10 cm x

5 x 10 cm piso 2.5 x 10 cm x vigas 7,5 x 10 cm x

1 planta da segunda ‘fase’ do módulo em que o nicho avança para o tardoz

escala

capítulo

7.5 x 7.5 cm

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57.vista interior de sudoeste 58.vista do interior da entrada

uma hist贸ria simples

corte longitudinal

corte longitudinal da entrada

Esta opção apresenta consequências em termos da organização: a localização da cama e do nicho condiciona o aproveitamento do espaço disponível, transformando-o apenas numa zona de passagem que se sobrepõe ao corredor, ao “walking bath room” retirando a sua relevância, para além de desproporcionar a forma original, tornando-se além do mais, demasiado evidente na fachada principal. A solução espacial que se seguiu, passou pela inversão do nicho para o pátio interior, possibilitando uma zona social mais retraída associada ao pátio de convívio coberto de rematando o alpendre, sendo que o espaço de utilização mais social se encontra associado ao meio do núcleo e as zonas privadas nos extremos. Neste sentido, o nicho introduzido encontrase mais resguardado: quer pela sua localização, quer pela sua presença na fachada. Esta condição implica um repensar do desenho do remate exterior atento à condicionante geométrica da métrica imposta inicialmente no projeto.

capítulo

59.maquete de estudo

alçado lateral

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64. Palmira House do Studio Mumbai

uma hist贸ria simples

63. BB Home dos HP Architects

62. Gogo House e Wetland Folly dos Herbst Architects

61. Low Cost House dos Vong Trong Nhia Architects

60. Hut to Hut dos Rintala Eggerstsson

||| 3º •Materialidade Testam-se várias opções para a casa de banho, mantendo sempre como princípio a ocupação do menor espaço possível e exigível neste clima. Desde o princípio da fase de reestruturação que o projeto tem sido pensado como um módulo composto por duas habitações, unidas pelo núcleo das casas de banho. Logo, o exercício focou-se na melhor forma de conjugar estes dois módulos para a rentabilização do espaço. O encaixe das casas de banho tinha a condicionante de lançar a entrada para as duas casas formando um pequeno pátio de separação. Esta vontade de unir os dois módulos vem do projeto académico na tentativa de criar um espaço de convívio próximo e familiar. A restrição espacial provocada pela manutenção destes elementos interligados levou a que se ponderasse a sua pertinência desta solução. No local amplo em que o projeto se insere, não existe uma necessidade de constringir a privacidade de cada módulo pela proximidade entre estes, e o incómodo da união das casas de banho em todos os aspetos deixa de justificar esta limitação imposta, pois implicaria sempre a construção de dois módulos ao mesmo tempo. Por isso assume-se o enfoque numa casa, permitindo uma maior flexibilidade tanto na implantação, como em termos de custos e privacidade.

A procura de uma linguagem formal coerente para o projeto foi conduzida por um processo contínuo de desenho constituído por diversos estudos parcelares. Neste sentido, verifica-se constantemente uma dialética entre o interior e o exterior. A ambiência traçada pela luz revelase fundamental para a definição do espaço e, neste sentido, recorreu-se a cinco referências distintas que trabalham a materialidade dos espaços; a Hut to Hut dos Rintala Eggerstsson ) imagem 60) ; Low cost house dos Vong Trong Nhia Architects (imagem 61) ; Wetland Folly e a Gogo House dos Herbst Architects (imagem 62) ; a BB Home dos HP Architects (imagem 63) terminando com a Palmyra House (imagem 64) (de Maharashtra, India de 2007) dos Studio Mumbai.

capítulo

A primeira referência apresenta um jogo de superfícies transparentes e opacas, protagonizado por um bambu entrelaçado e uma rede de mosquito enquadrada por uma moldura de madeira reinterpretando o papel do vidro mas permitindo a circulação do ar no interior e a protecção contra insetos e outros seres não desejados. A Vong Trong House, uma casa sustentável tem uma combinação de bambu com poliestireno, que proporciona um espaço luminoso, tal como ocorre no exemplo dos Herbst Architects, sendo que no segundo se substitui o bambu por ramos de árvore para obtenção de uma fachada opaca que contrasta com as restantes, no pavilhão de festas informais. Algo que é também recriado, embora noutra ambiência e com tábuas de madeira, na Gogo House, deixando o espaço ser invadido por raios de luz. O penúltimo exemplo demonstra a versatilidade do bambu em termos de textura, padrão e modo de uso - algo já visto na obra dos Tyin Tegnestue, uma das primeiras referências do projeto.

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68.Timms Bach dos Herbst Architects

uma hist贸ria simples

67.Chen House do Marco Casagrande e Island Bach

66.Chen House do Marco Casagrande

65. Palmira House do Studio Mumbai

A combinação dos materiais acima apresentados revela-se bastante apropriada para o projeto em causa. Devido às condicionantes do clima e aos insetos existentes, pondera-se o uso de rede de mosquitos para o isolamento total da casa, sem pôr em causa a luminosidade interior e a ventilação. O uso de bambu revela-se uma questão pertinente, visto que as casas locais utilizam, por norma, tábuas de madeira para o seu revestimento; logo, seria a introdução de um novo material de construção que revela características bastante sustentáveis.[212] A importância do local e a forma como este comunica e penetra o edifício apresentase como umas das maiores preocupações. A paisagem exuberante do local absorve tendencialmente o edifício devido à sua imponência, sendo que a busca pelo equilíbrio entre a forma e a natureza sem que estes se anulem desafia a construção desde o princípio. A Palmyra House dos Studio Mumbai revela-se uma referência em que a construção se impõe à plantação de coqueiros coexistindo e transmitindo a essência do local numa forma simples, geométrica, crua e rude que se abre para o exterior esporadicamente mas retendo o essencial. Dois volumes paralelepipédicos, encerrados num jogo de painéis entramados de madeira, que ora se abrem, ora se encerram, deixando apenas a luz penetrar pelas frechas, rematando o topo com um conjunto de portadas de madeira e vidro que emolduram a paisagem.

O desenho da fachada do projeto, vai desde o inicio ao encontro do que a Palmyra House (imagem 65) representa, tentando reproduzir a luminosidade presente na Chen House (imagem 67) onde o tema dos vãos surge através de vãos longos e partidos em portadas - ora altas ora baixas - consoante a luminosidade requerida; e evidenciando a abertura para a natureza tal como a Island Batch (imagem 67) e a Timms Batch (imagem 68) dos Herbst Architects. Neste sentido, decidiu-se caracterizar todas as fachadas segundo a sua funcionalidade e o nível de abertura, tendo sempre em consideração a orientação solar a que estavam dispostos e a condicionante da estrutura. A fachada da entrada mantém um carácter mais encerrado protegido pela pala, para manter a privacidade interior e a fachada lateral desenha um vão horizontal basculante integrado no revestimento do volume sendo rematada por um vão vertical que enquadra a luz no pequeno espaço de leitura. O pátio entra no edifício pelas portadas abertas que se viram para este, sendo este alçado o mais aberto, e a quarta fachada permanece como um jogo de prateleiras entre a estrutura para o corredor.

capítulo

O estudo da materialidade, da forma e o teste em maqueta revelam que a solução formal do projeto se apresenta mais bruta do que o pretendido e as dimensões desproporcionadas.

Conclui-se então que a introdução dos nichos dificulta o aproveitamento do espaço disponível para a casa, afastando-se de um traçado simples. O nicho introduz um certo ruído à leitura formal do projeto, sendo que, apesar das possibilidades de organização diversas que oferece também acarretam demasiadas implicações da composição da casa, deixando de fazer sentido e tornando-se um elemento desnecessário para o cumprimento das funcionalidades inicialmente impostas, havendo portanto uma necessidade de revisão do projecto para a simplificação dos princípios propostos.

212 [consult.20abril2014] disponível em http://www.eslarp.uiuc.edu/Research/Student/STPATSFinal%20Report.pdf

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69.processo de trabalho - esquissos, 3潞fase

uma hist贸ria simples

piso 2.5 x 10 cm x vigas 7,5 x 10 cm x

alçado frontal

1 planta

escala

capĂ­tulo

piso 2.5 x 10 cm x vigas 7,5 x 10 cm x

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71.Mudgee Tower dos Casey Brown Architecture

uma hist贸ria simples

70.processo de trabalho - esquissos, e maquetes . 4潞fase

||| 4º • Humanização Esta fase do processo trata-se essencialmente de um ajuste de proporções na planta do piso habitacional. Através de maquetas e desenhos, estuda-se a possibilidade de reduzir o volume na sua largura total, para que se ajuste dentro das proporções originais, descomplicando a disposição interior e procurando uma aproximação à simplicidade da Mudgee Tower (imagem 71) dos Casey Brown Architecture, onde o interior se reduz ao essencial. Atendendo à reduzida área disponível, estuda-se uma composição axial cuja métrica permita um melhor aproveitamento do espaço disponível permitindo flexibilidade na organização. Chega-se então a um quadrado de 3,60m com uma modulação de 80cm que advém da estrutura inicialmente definida, agregando a este de ambos os lados, meio módulo (40cm) suspenso dando espaço para uma zona mais estável de arrumação, o que permite manter uma área regular quadrada mais flexível, tornando o edifício mais esbelto.

Com o desimpedimento do nicho, a fachada do pátio abre-se totalmente. O sentido de abertura das portadas reforça a continuidade do espaço interior prolongando-o para o exterior.

Os vãos das restantes fachadas ajustam-se, passando estas a ser rematadas nas pontas por vãos verticais de meio módulo nas pontas, diagonalmente opostos, para favorecer a ventilação interior.

O módulo casa de banho assume-se como um volume independente afastado da casa meio módulo, permitindo o arejamento e ventilação entre as mesmas interligados pelo prolongamento do terraço exterior e surgindo como um remate. Aberto para a casa permitindo a chuva desenhe a barreira formal, o volume encerra-se quase na sua totalidade das outras frentes, proporcionando aberturas nos vãos pivotantes integradas das fachadas. O tema dos alinhamentos e a métrica mantêm-se presentes, sendo este o resultado de dois módulos (cada 1,60m ) subdivido em 3 espaços: um corredor de acesso rematado pelo lavatório que distribui para a cabine da sanita e do duche “natural”.

capítulo

O tema do aproveitamento das águas pluviais presente desde o projeto académico absorveu algum tempo nesta fase, levando a que um conjunto de aspetos fosse repensado. A cobertura do módulo habitacional projetou-se com o intuito de recolher a água para posteriormente se poder tratar e utilizar no funcionamento da casa. Para este efeito introduziram-se duas caleiras, uma que remata o telhado servindo apenas para desviar a água e a outra que surge na interseção da cobertura com os pilares no alpendre com o objetivo de recolher a água para uma cisterna ou um tanque de limpeza situado junto ao volume da casa de banho. O posicionamento do tanque foi inicialmente implantado no exterior da casa, com uma volumetria que evidenciava a sua função, junto ao edifício das casas de banho. Algo que, após alguma ponderação em relação à consistência do volume e à linguagem formal desenvolvida ao longo de todo o processo, se mostrou como um ponto de desequilíbrio na proposta, prejudicando

153

154

planta

escala

uma hist贸ria simples

1

capítulo

72.vista exterior do alçado de frente

GSEducationalVersion

73.vista exterior de sudoeste

Perspectivas do projecto GSEducationalVersion

155

156

78.vista exterior do alรงado lateral e do pรกtio 79.vista do alรงado lateral e a entrada para o alpendre

uma histรณria simples

76.vista exterior para o alpendre e cozinha 77.vista exterior do alรงado de frente

74.vista do interior 75.vista do interior

Imagem da maqueta

3d

capítulo

alçado de frente, apartir do modelo

Alçado de sudoeste, apartir do modelo 3d

GSEducationalVersion

157

80.desenhos de processo

uma hist贸ria simples

GSEducationalVersion

158

GSEducationalVersion

a vista dos utilizadores. Neste sentido, optou-se por criar um tanque enterrado que, segundo Janette Worm autora do livro Rainwater harvesting for domestic use, trata-se de uma proposta bastante viável e mais económica:[213] aproveitando a volumetria da casa banho, define-se uma base sólida em baixo da plataforma do alpendre com uma altura aparente de 60 cm, discretamente englobada com uma profundidade de 1,50m que serve também como fundação desse conjunto. Desta forma, evita-se uma volumetria excessiva, deixando o acesso ao tanque por um “alçapão no soalho”, para além de também facilitar o sistema da distribuição da água no módulo.

Como o local da implantação não detém qualquer tipo de saneamento, decidiu-se pelo recurso a uma latrina[214]. As latrinas e sanitas ecológicas nunca foram tarefa fácil principalmente em climas tropicas; no entanto, recorreu-se ao Guia do Arquiteto Descalço e ao Guia para Planejamento de Projetos de Saneamento Sustentáveis e Seleção de Tecnologias. Inspirado no desenho dos Rintala Eggerstson[215] desenhou-se um cubículo elevado numa plataforma sólida de muros de barro (material utilizado também localmente). Esta plataforma dividese, interiormente, em duas câmaras com recipientes transportáveis, para que enquanto uma câmara esteja em compostagem a outra possa ser enchida.[216] Exteriormente, a base encontrase na ‘plataforma fundacional’ do volume da casa de banho sendo portanto comedida na sua forma; por outro lado, a pequena ‘chaminé’ de arejamento da latrina situa-se no remate do edifício enclausurada entre os dois pilares duplos que seguram a cobertura.

O lavatório, que remata o corredor da casa de banho, é formado por uma pequena banca, que pretende apenas contemplar uma bacia em barro esculpida pelo próprio João Carlos Silva, não tendo no entanto o abastecimento de água direta, algo que se optou por fazer pela forma tradicional da pia. Em frente à banca, a parede divide-se num cheio e num vazio, onde se vê o espelho e se contempla a paisagem enquadrada pela abertura para a entrada.

O volume da casa de banho, adquire uma linguagem idêntica ao módulo da casa, tendo no entanto o seu alçado lateral, que remata o edificado, uma expressão diferente introduzida pela inversão do revestimento em elementos verticais e mais comprimidos. A cobertura deste inclina-se suavemente para o exterior do volume, utilizando desta forma a caleira de recolha de águas para o encerramento da cobertura, lançando um limite, e unindo-se à caleira da cobertura principal.

213 WORM, J., VAN HATTUM, T.- Rainwater Harvesting for domestic use, Agrodocs, 2006. Agromisa CTA. [consult. 20maio2014] disponível em http://publications.cta.int/en/publications/publication/1342/natural-resources-environment/ 214 Guia para Planejamento de Projetos de Saneamento Sustentáveis e Seleção de Tecnologias Apropriadas, 2012; [consult.12 dabril2014] disponível em http://media.greennexxus.com/Wasrag/Articles_of_Interest/Sanitation/General/Guideline_ Sustainable_Sanitaiton_PT.pdf 215 Abordada na P.130/131 216 Guia para Planejamento de Projetos de Saneamento Sustentáveis e Seleção de Tecnologias Apropriadas, 2012;P.15 [consult.12 dabril2014] disponível em http://media.greennexxus.com/Wasrag/Articles_of_Interest/Sanitation/General/Guideline_ Sustainable_Sanitaiton_PT.pdf

capítulo

O desenho do espaço exterior sofreu alterações com o intuito de o converter numa ambiência mais privada e exclusiva, o que levou a que se alterasse significativamente o desenho da cobertura do projeto. Embora este possa perder a elegância adquirida ao longo do processo, opta-se por privilegiar o conforto do utente, para além de introduzir mais rigidez à estrutura e de

159

16

22

22

10

3

11

5

20

18

17

19

26

GSEducationalVersion

81.vista exterior do alçado lateral da casa de banho

corte aa’ (planta p.166) • escala 1:50 , 5º fase

legenda 1.entrada 2 . armário “guarda roupa” 3.banco longitudinal ou cama suplente

4.mesa 5.cama 6. alpendre de sudoeste 7.mesa exterior de refeições

8.banco exterior 9.corredor da casa de banho

10.lavatório/pia /peça escultórica com água

11.latrina ‘tipo

160

82.vista semi exterior a partir do corredor da casa de banho

uma história simples

hut to hut’

12 . duche 13. alçapão de acesso ao reservatório de água

14.chaminé do tanque da latrina

15.tubo de queda água 16.caleira da recolha de água

17.seixos ou gravilha 18.capa impermeável 19. drenagem 20.fundação 21.mosquiteiro 22.prateleira de arrumação

23. mesa de cabeceira 24.tubo de queda água do chuveiro

25.tanque de água 26.latrina

avançar com os pilares em direção ao módulo, deixando desta forma a cobertura fluir como um elemento mais independente, como que se estivesse suspensa a pairar na linha do horizonte.

Tudo isto harmoniza o espaço exterior, tal como a zona de refeições exteriores que é composta por um banco inserido na linha das escadas que vem na continuidade das vigas do módulo e uma mesa suspensa entre os pilares da cobertura. O desenho das escadas é refeito para que a passagem entre o alpendre e o solo se faça de forma mais gradual e equilibrada. A cobertura do volume da casa banho avança sobre o alpendre, ligando o volume e assegurando desta forma uma zona coberta para uma eventual banca de cozinha caso necessário, apesar do módulo ter sido projetado com a ideia de que haveria uma cozinha e uma sala de refeições de apoio, coordenada pelos proprietários João Carlos e Isaura Carvalho.

capítulo

A lógica funcional interna da casa leva a que se pondere a opção de se ter um beliche superior, porém visto que a sua utilização poderá ser escassa e implicaria e elevação da cobertura introduzindo a problemática do tratamento do remate superior do edifício (já que compreenderia uma altura significativa apenas protegida por rede de mosquito, e sujeita a fortes correntes de ar), opta-se por renunciar esta ideia do beliche e diminuir a inclinação da cobertura, obtendo-se um desenho mais equilibrado da abertura superior para a ventilação da casa.

161

162

83.vista do al莽ado principal do m贸dulo com vista para a praia de Micond贸

uma hist贸ria simples

5º fase • sintese “El gesto es una figura que porta un vacío de dimensión habitable. Esta dimensión ofrece al habitar la medida de lo domestico. Esta medida de lo domestico pose ela cualidad de establecer vínculos o conexiones con una escala de relaciones territoriales, ala vez de ofrecer un âmbito, para el despliegue de la vida. Este despliegue que se da en virtud del paisaje, se conforma por médio de pieles con mayor o menor permeabilidad, las que como una extensión del próprio cuerpo permiten tener una experencia con el território desde la intimidad y abrigo de lo domestico.”[217]

A solução final detém uma identidade distinta relativamente ao projeto académico que o lançou, havendo no entanto bastantes semelhanças no que concerne à sua natureza formal e aos princípios sustentáveis inicialmente delineados. Ao longo de todo o processo procurou-se manter uma continuidade no traçado e um balanceamento entre o fim e o início. Projetar num contexto em que a natureza é tão grandiosa intimida qualquer proposta ou projetista. Contudo, não obstante esta condicionante natural, houve um cuidado em absorver a envolvente, deixando a vista da praia de Micondó invadir o alpendre que se envolve do arvoredo da floresta. É de referir sobre este conjunto ecológico desenvolvido para quem procura uma experiência fora da rotina diária, e tal como Miguel Sousa Tavares refere em ‘Sul’ sobre a viagem de carro pelas estradas de São Tomé “Não vale a pena ter ilusões: quem não for amante de todo-o terreno, devese abster (...) Os buracos e os saltos são tantos que por incrível que pareça, produz-se no próprio condutor um efeito semelhante ao da tôle nodule, no deserto (...) que só um mergulho numa praia deserta (...) conseguem afastar .” [218] A localização no interior da baía de Micondó a nor-noroeste advém da exposição solar do local e a direção dos ventos predominantes, permitindo assim que, também do alpendre, se desfrute de uma vista panorâmica sobre a praia. A implantação do edifício numa zona repleta de palmeiras tem um grande impacto na proteção solar e na ventilação sendo, no entanto, aconselhável uma arborização alta junto ao edifício de modo a que a radiação seja por ela interceptada antes de o atingir, pois a vegetação baixa poderá desviar a direção do vento.

A forma do edifício advém de um processo conturbado, sendo que esta se aproxima de um volume retangular encerrado por uma cobertura inclinada de uma água que caracteriza o desenho da proposta e proporciona um espaço exterior extenso resguardado pelo sol. A interseção entre os dois elementos nunca é consumada deixando uma abertura entre estes, o que permite uma ventilação interior eficiente.

217 ZEGERS, Cazu- Carpinterias, Série Monografias de Arquitectura Chilena Contemporánea, volumen 20. Ediciones Arq/Escuela de Arquitectura, Santiago, noviembre de 2008. P.15 218 citado P.121 nota de rodapé 200.

capítulo

Todo o edificado é sobrelevado em palafitas, evitando que este entre em contacto com o solo e precavendo o apodrecimento da estrutura, algo que ocorre nestes climas, para além de

163

c’

1,20

3,10

b

0,40

0,10

7

8

0,10

15 13

1,20

12

a’

3,20

0,40

0,40

0,40

0,40

1,20

6

0,80

a

4

legenda 1.entrada 2 . armário “guarda roupa” 3.banco longitudinal

5

0,40

3

9

0,40

ou cama suplente

2

10

11 14

4.mesa 5.cama 6. alpendre de sudoeste 7.mesa exterior de refeições

8.banco exterior 9.corredor da

1,15

1

casa de banho

164

GSEducationalVersion

0,10

uma história simples

10.lavatório/pia /peça escultórica com água

11.latrina ‘tipo hut to hut’ 0,05 0,08 0,05

1,43

0,18

1,43

1,60

c

n

planta

• escala 1:50

1,60

b’

0,18

0,35

0,40

0,80

1,60

1,60

0,10

12 . duche 13. alçapão de acesso ao reservatório de água

14.chaminé do tanque da latrina

15.tubo de queda água

1,06 2,33 1,06 2,33

0,40

0,17

16

0,40

0,17

1

alçado da frente / noroeste

• escala 1:50

16

0,20

15

2,69

10

0,15 0,17

0,17

capítulo

0,17

0,20

6 8

0,20

7

• escala 1:50 2,69

165

,15

alçado de sudoeste / sudoeste

0,41

2,33

0,17

1,06

1

1,20

esquemas do funcionamento bioclimático da casa

85.alçado esquemático com a representação do sombreamento do módulo

166

86.alçado e corte transversal esquemáticos da representação do sistema de recolha de águas da chuva GSEducationalVersion

uma história simples

alçado lateral / nascente

• escala 1:50

7

8

0,10

1,20

6

3,20

84.alçado e corte transversal esquemáticos com a representação da ventilação natural do módulo.

2,69

0,20

esta ação favorecer também - como mencionado - a ventilação do edifício. A proporção da casa remete para uma escala humana, uma proximidade características de ‘espaços mínimos’.

Os temas de desenho associados as condições bio-climáticas, implementados na proposta final assemelham-se aos casos de estudo abordados[219] .

A configuração do espaço desde sempre esteve associada à dimensão da cobertura, sendo as várias fases de desenho marcadas pelo ajuste desta e a sua implicação no desenho do interior, sendo fundamental para o real desempenho de todos os factores que designavam o conforto térmico do utente. A planta retangular do edifício reparte-se em dois espaços distintos, dois corredores laterais que formam a ‘parede habitada’ e que traspassam o perímetro estrutural do projecto e um quadrado estável interior onde se encontra a área de passagem e de ‘vivência’ do espaço. As ‘paredes habitadas’ conformam a apropriação do módulo, sendo estas dispostas de forma a permitir a organização e arrumação do mesmo, havendo ainda um banco embutido na parede que serve também de cama suplente caso seja necessário. O espaço central é conformado pela cama dupla e uma mesa que se ordena consoante a orientação desta. A cama segue a lógica de uma estrutura de madeira e desenha-se por barrotes de madeira que se organizam num sistema cruzado apoiando o colchão, sendo protegida por uma rede de mosquitos tradicionalmente empregue.

A linguagem do edifício atenta a um sentido de união e continuidade, um ripado de canas de bambu dispostos horizontalmente perfazendo o perímetro do volume. Este material pode ser adaptado para ramos de árvores, ou o material disponível no local de obra pois não se afasta da linguagem pretendida. A sua orientação facilita o escoamento da chuva pela fachada, sendo estas rematadas inferiormente por pequenas pingadeiras para desviar o contacto desta com a estrutura. O volume que se ergue sobre pequenas palafitas, desprendendo-se do solo, deixa a sua estrutura à vista, o que leva a que seja recomendado que todos os extremos da estrutura expostas lateralmente sejam protegidas com uma pintura isolante, tal como os extremos colocados na vertical deverão ser cobertos como acontece com os pilares da cobertura. As palafitas deverão ser elaboradas numa madeira bastante resistente à humidade e não deverá ter o contacto direto com o solo, sendo apoiadas nas fundações que saem do terreno. Por baixo de toda a implantação aplica-se uma camada de seixos para evitar o crescimento de plantas aplicando também uma drenagem perimetral de modo a evitar a acumulação da água debaixo do edifício o que poderia levar a um apodrecimento da estrutura.

A cobertura, tal como explicitado anteriormente, é formada por uma chapa metálica, tratando-se de um material bastante económico e que, para evitar o ruído causado pelo impacto da chuva, é sobreposta por uma camada de folhas (ramos de palmeiras) aplicando uma solução mista[220]. Por sua vez, a ventilação do edifício é garantida e optimizada pela utilização de rede de

219 P.92 / 93 220 Abordada na P.82

capítulo

mosquitos em todo o perímetro, tal como ocorre nos vãos das portas e das janelas substituindo a função que o vidro tem em outras circunstâncias, permitindo assim a constante renovação do

167

168

87.vista do al莽adolateral do m贸dulo inserida na praia de micond贸

uma hist贸ria simples

n

GSEducationalVersion

vista das coberturas

sombra do sol nascente

ar.

A pormenorização do conjunto e consequentes desenhos de obra estarão dependentes de circunstâncias específicas da geografia do lugar, ritmos, modos de vida e costumes, ou seja, a construção decorrerá num espírito leve-leve, como se diria em santomense é para se ir fazendo sem prazo, sem tempo.

Sabendo que a proposta apresentada poderá vir a sofrer alterações na sua implementação, considera-se que estão lançados os princípios de desenho pretendidos para o adequado funcionamento do conjunto reforçando a sua relação com a natureza, remetendo para os princípios de diálogo defendidos pela arquiteta chilena Cazú Zégers:

“Nuestra profesión no es profesada desde un catálogo de soluciones constructivas, sino más bien desde la pregunta básica de interpretar el habitar hoy. De esta forma, siempre se esta abriendo camino y como las preguntas nuevas necesitan de soluciones nuevas, procuramos ser un equipo que siempre este atento al parpadeo nuestra investigación, desarrollando el hábito de ductibilidad necesaria para adaptarnos a lo que es el devenir. Enriqueciéndonos entre nosotros desde nuestro intercambio de miradas entre integrantes de distintas edades y ofícios /artistas, diseñadores, dibujantes y arquitectos) (...)

No indicamos caminos, solo hacemos lo que debemos, hacemos brotar un compromisso con el habitar en el território, esta es nuestra ética del vacío arquitectónico: “abrigamos la magnífica fragilidad del mundo”[221]

capítulo

221 ZÉGERS, Cazú- Carpinterias, Série Monografias de Arquitectura Chilena Contemporánea, volumen 20. Ediciones Arq/Escuela de Arquitectura, Santiago, noviembre de 2008. P.20

169

170

0,63

uma história simples

0,40

1,60

planta de fundações

1,60

• escala 1:50

0,40

0,60

1,60

1,25

0,62

0,40

0,80

1,60

2,00

0,80 1,60

0,80

0,40

0,12 0,16 0,12

0,80

25

26

1,60

0,63 1,25

0,40

0,62 1,25

2,26

0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40

• escala 1:50

capítulo

0,40

planta do ‘envigado’ de vigas e vigotas

171

172

90.vista do exterior

uma hist贸ria simples

89.vista do exterior para o m贸dulo da casa banho

88.vista do exterior da entrada da casa

16 15

24

13 6

25

16

legenda 1.entrada 2 . armário “guarda roupa” 3.banco longitudinal ou cama suplente

4.mesa 5.cama 6. alpendre de sudoeste 7.mesa exterior de refeições

16

8.banco exterior 9.corredor da casa de banho

10.lavatório/pia /peça escultórica com água hut to hut’

12 . duche 13. alçapão de acesso ao

1

reservatório de água

14.chaminé do tanque

GSEducationalVersion

alçado lateral /poente

• escala 1:50

da latrina

15.tubo de queda água 16.caleira da recolha de água

17.seixos ou gravilha 18.capa impermeável 19. drenagem 20.fundação 21.mosquiteiro 22.prateleira de arrumação

23. mesa de cabeceira 24.tubo de queda água do chuveiro

25.tanque de água 26.latrina

capítulo

14

26

11.latrina ‘tipo

173

174

94.vista do interior para o exterior

uma hist贸ria simples

93.vista do alpendre de sudoeste

92.vista do interior do quarto

91.pprmenor da cama de casal

0,37

2,33

0,17

1,06

ou cama suplente

4.mesa 5.cama 6. alpendre de sudoeste 7.mesa exterior de refeições

8.banco exterior 9.corredor da casa de banho

10.lavatório/pia /peça escultórica com água

11.latrina ‘tipo hut to hut’

12 . duche 13. alçapão de acesso ao reservatório de água

14.chaminé do tanque da latrina

15.tubo de queda água 16.caleira da recolha de água

arrumação

23. mesa de cabeceira

capítulo

17.seixos ou gravilha 18.capa impermeável 19. drenagem 20.fundação 21.mosquiteiro 22.prateleira de

GSEducationalVersion

corte bb’, com a pormenorização das fundações do módulo

16

17

18

20

7

8

16

1,20

• escala 1:50

6

0,10

23

3,20

21

5

22

22

6

1,13

legenda 1.entrada 2 . armário “guarda roupa” 3.banco longitudinal

175

176

97.vista do exterior para o tardoz da casa

uma hist贸ria simples

96.vista do exterior

95.vista do exterior para o tardoz da casa

1,31

6 22

3

legenda 1.entrada 2 . armário “guarda roupa” 3.banco longitudinal

de refeições

8.banco exterior 9.corredor da casa de banho

10.lavatório/pia /peça escultórica com água

11.latrina ‘tipo hut to hut’

12 . duche 13. alçapão de acesso ao reservatório de água

14.chaminé do tanque da latrina

15.tubo de queda água 16.caleira da recolha de água

arrumação

23. mesa de cabeceira

capítulo

17.seixos ou gravilha 18.capa impermeável 19. drenagem 20.fundação 21.mosquiteiro 22.prateleira de

GSEducationalVersion

corte cc’, ‘parede habitável’ com banco integrado

1

2

22

3,20

• escala 1:50

ou cama suplente

4.mesa 5.cama 6. alpendre de sudoeste 7.mesa exterior

177

0,17

2,33

178

98 .vi sta

uma histรณria simples

do pรก tio pa ra o

alรง ad od es ud oe ste 4ยบ fa se

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10. organização académica do curso fau.uchile com a localização da disciplina ‘construccíon avanzada 1 • disponível no site da fau.uchile. [consult. 6jan 2014] disponível em http://www.fau.uchile.cl/arquitectura/carrera/67822/malla-curricular 11. ficha da disciplina • cedida pelo professor Luis Goldsack 12. exemplos chilenos de arquitectura de madeira, mostrados nas aulas introdutórias ao programa • retirado do Apresentação 2 cedida pelo professor Luis Goldsack 13. apontamentos das aulas de construção na fau. uchile • arquivo pessoal 14. exemplos das aulas de construção, preparação para o exame da matéria teórica. • powerpoint do professor Luis Goldsack 15. logo do projecto ‘uma história simples’, processo de desenho• arquivo pessoal 16. casa do arquitecto Smiljan Radic em Chiloé • exemplo retirado do powerpoint da aula ; [consult. 7jan 2014] disponível em http://www.unicorn-support.info/yuji_harada/Delirio%20de%20 STGO%20%2835%29.jpg http://lisasblogg.typepad.com/.a/6a0147e01a43b2970b01675f8edbe2970b-800wi 17. casa Kike do arquitecto Gianni Bosford • exemplo retirado do powerpoint da aula 18. torre de Rintala Egertsson Architects • exemplo retirado do powerpoint da aula 19. Freya’s and Robin Kielder dos Studio Weave • [consult. 7jan 2014] disponível em http://www.unicorn-support.info/yuji_harada/Delirio%20de%20 STGO%20%2835%29.jpg http://lisasblogg.typepad.com/.a/6a0147e01a43b2970b01675f8edbe2970b-800wi 20. processo de desenho • arquivo próprio 21. estrada para Santa Catarina, São Tomé e Principe, visita em 2001 • arquivo pessoal 22. Soe Ker Tie Houses dos Tyin Tegnestue • [consult.

8jan 2014] disponível em http://www.tyinarchitects.com/works/soe-ker-tie-house/ 23. Safe Haven Bathouse dos Tyin Tegnestue • [consult. 8jan 2014] disponível em http://www.tyinarchitects.com/works/soe-ker-tie-house/ 24. processo de desenho projectual • arquivo pessoal 25. corte explicativo do funcionamento do projecto • arquivo pessoal 26. 1ºfolha, apresentação das motivações e fundamentos da proposta com um entendimento do lugar, do programa e das opções do projeto a desenvolver.• arquivo pessoal - apresentação final da disciplina 27. 2º folha . demonstra/exemplifica uma decomposição do projeto nas suas partes e os respetivos passos construtivos, recorrendo a imagens de um modelo 3d, o que possibilita a compreensão desde o esqueleto à pele do edifício.• arquivo pessoal apresentação final da disciplina 28. 3º folha • arquivo pessoal - apresentação final da disciplina 29. 4º folha • arquivo pessoal - apresentação final da disciplina 30. 5º folha • arquivo pessoal - apresentação final da disciplina

nouse and Tradicional Knowledge and Practices” P. 80.

19. Casa Vernacular Malay • [consult. 11maio 2014] disponível em http://i1.trekearth.com/photos/6956/te922a.jpg 20. Esquemas do funcionamento climático da Casa Malay. [consult. 10março 2014] disponível em http://pythonians.wordpress.com/2009/10/17/thesis-proposal-issue/ 21. Casa Marika baseada no estilo de casas vernaculares.(x)Ethiopia Studio 2.0 case study, Glenn Murcutt_Ball Eastaway House- Fall_2011. P.11 [consult. 10março 2014] disponível em http://ethiopiastudio.com/es2/wp-content/uploads/2011/09/ Yan_GlennMurcutt.pdf 22. Esquema da ventilação passiva da casa Marika do arquitecto Glenn Murcutt. “Wide eaves shelter the house from the sun. Pivoting tubes along the roof expel hot air and vertical fins direct cooling breezes into the linving spaces. Because the structure rests on stilts, air circulates underneath and helps cool the floor. Elevating the house also helps keep the living space safe from tidal surges.” Ethiopia Studio 2.0 case study, Glenn Murcutt_Ball Eastaway House- Fall_2011. P.11 [consult. 10março 2014] disponível em http://ethiopiastudio.com/es2/wpcontent/uploads/2011/09/Yan_GlennMurcutt.pdf 23. Tipos de Materiais de utilizados nas coberturas em percentagem por zonas climáticas • ZHAI, Z; PREVITALI, J.M – Ancient Vernacular Architecture: Characteristics Categorization and Energy Perfomance Evaluation. Energy and Buildings, Volume 42, nº3, Elsevier, 2010. p.357 24. 3 imagens das coberturas • GOMES, Thiago- Sustentabilidade nas Construções em Ambiente Tropical. P.34 25. Praia Jale, São Tomé e Principe • [consult. 1abril 2014] disponível em http://pocketropics.files.wordpress.com/2013/07/praia-jalc3a9.jpg?w=960 26. exemplos de construções em Bambu • [consult.

1abril 2014] disponível em http://www.arquitecturatropical.org 27. O conceito da parede Mbure adaptada numa forma contemporanea por Glenn Murcutt na Marika House. Garantindo uma ventilação eficiente da casa • Ethiopia Studio 2.0 case study, Glenn Murcutt_Ball Eastaway House- Fall_2011. P.11 [consult. 10março 2014] disponível em http://ethiopiastudio.com/es2/wp-content/uploads/2011/09/ Yan_GlennMurcutt.pdf 28. Esquema de Fernando Bedoya, Arquitectura de Emergencia• in BEDOYA, Fernando- Habitat Transitório y vivencias de emergencias, Revista Tabula Rasa, nº2. P.150 29. Paper log House de Shigeru Ban • [consult. 25março 2014] disponível em http://www.shigerubanarchitects.com/works/1995_paper-log-house -kobe/index.html e http://jesssandford.blogspot. pt/2011/08/emergency-housing-exemplars-shigeru-ban.html 30. Escola modular M3 • [consult. 25março 2014] disponível em http://img1.adsttc.com/media/ images/5271/60d9/e8e4/4ee8/e100/0770/large_ jpg/00.jpg?1383162064 31. Temporary dormitories • [consult. 25março 2014] disponível em http://openarchitecture-

lista de imagens

Capítulo II 01. esquemas de sustentabilidade de Avi Friedman • FRIEDMAN, Avi- Fundamentals of sustainable dwellings, P.5 02. matriz vernácula de Victor Papanek • PAPANEK, Victor- Arquitectura e design; ecologia e ética, P.153 03. esquema do funcionamento bioclimático• OLGYAY, Victor – Arquitectura y Clima : Manual de Diseño Bioclimático para Arquitectos y Urbanistas P. 12 04. casa Baobad dos Asante Architecture and Design. econef center for children • [consult. 10março 2014] disponível em http://econef.org/wordpress/ wp-content/uploads/2013/07/econef-childrenscenter.pdf 05. alpendre da roça de São João dos Angolares, de São Tomé e Principe. exemplo de país de clima Tropical • arquivo pessoal 06. Mapa dos climas de Kopen -Geiger • [consult.

10março 2014] disponível em http://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d1/ Koppen_World_Map_Af_Am_Aw.png/1280px -Koppen_World_Map_Af_Am_Aw.png 07. Mapa dos climas de Frey and Drew (1964) • ver(tese) FRY, Maxwell, DREW, Jane - Architecture and Environment. P.29; 08. caminho para a praia da Pedra Furada, SãoTomé e Principe.. • arquivo pessoal 09. Factores que influenciam o conforto humano • Esquema de FRY, Maxwell, DREW, Jane - Architecture and Environment. P.29; 10. Tabela adaptada de Bustos Romero em Princípios bioclimáticos para o desenho urbano • ROMERO, M.A. Bustos- Arquitectura Bioclimática do Espaço Público. Brasília, ed. Universidade de Brasília, 2007 11. desenho representativo da solução de compromisso defenidida por Vieira da Costa. COSTA, Vieira da- Breves Considerações sobre o urbanismo tropical em zonas rurais” in “Segundas Jornadas de Engenharia e Arquitectura do Ultramar: Comunicações, vol.IV”, 1969 P.316 12. Mapa de orientação dos ventos • KURREJA, C.P. Tropical Architecture, New Delhi, India. Tata McGrawit-Hill, 1987.P5,6; 13. exemplo de habitação vernacular característico do clima tropical baseado em esquema de heindrich e daniels, (2007)• arquivo pessoal 14. Renovação do ar de impurezas mantendo as condições sanitárias. • Esquema de FRY, Maxwell, DREW, Jane - Architecture and Environment. P.158 15. Esquemas de KOENIGSBERGER, O.H, in STEVES, Francisco- “Construção em Climas Tropicais: ComportamentoTérmico de Edifícios em Luanda.” P.43, 44 16. Esquema da ventilação dos espaços em corte consoante a localização da abertura. • citado e adaptado de VAN LENGEN, Johan - Manual do arquitecto descalço. p48,49 e 50 17. Influencia da configuração e posicionamento das persianas no comportamento do ar dentro de um compartimento, em corte e em planta. OLGYAY, Victor. Arquitectura Y Clima - Manual de diseño para arquitectos y urbanistas. P.109 18. Esquema de ventilação de uma casa vernacular Malay . “(...) the near perfect house form which is appropriate to local climate “ Yuan L. J. •,YUAN, L.J.-TheTraditional Malay House in “PartII : Indige-

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uma história simples

network.org/files/imagecache/oanproject_slideshow_600x450/active/30/Training-Center-Dormitories_06-web-_Franc-Pallarès-López.jpg 32. Moving School • [consult. 25março 2014] disponível em http://www.designboom.com/wp-content/ uploads/2013/10/building-trust-moving-schoolsdesignboom02.jpg 33. No Border School • [consult. 25março 2014] disponível em http://openarchitecturenetwork.org/ files/imagecache/oanproject_slideshow_600x450/ active/34/BTI6782-1.jpg 34. Labu Tale Sik• [consult. 25março 2014] disponível em http://trobecchiu.files.wordpress.com/2013/12/ photo5_interior_big.jpg?w=600&h=600&crop=1 35. Cassia Coop Training Center • [consult. 25março 2014] disponível em http://ad009cdnb.archdaily. net/wp-content/uploads/2012/09/505bd8e928ba0d271f0001ed_casia-coop-training-centre-tyintegnestue-architects_05_pasiaalto_cctc_final_lr -528x329.jpg 36. Casa artesanato e museu • http://www.coracaoluso.pt/2012/07/jose-castro-caldas-amazonia-nocoracao.html 37. Vila Barulho d’Água• [consult. 25março 2014] disponível em http://planetasustentavel.abril.com.br/ imagem/a-mata-agradece-Gal2.jpg 38. Lesedi Nhanle Training Créche• [consult. 25março 2014] disponível em http://www.educationafrica. com/documents/Lesedi_Nhahle_Dustin_08.pdf 39. Gogo House dos Herbst Architects • [consult.

30março 2014] disponível em http://herbstarchitects.co.nz/wp-content/uploads/2012/04/IMG_ 6876-630x420.jpg 40. Island Bach dos Herbst Architects• [consult.

3omarço 2014] disponível em http://www.e-architect.co.uk/images/jpgs/new_zealand/compson -bach-h140813-12.jpg 41. Aotea Bach dos Herbst Architects• [consult.

3omarço 2014] disponível em http://media-cache -ec0.pinimg.com/736x/b4/a7/11/b4a7115f49c61e93dea101b18f05e0ed.jpg 42. Kaipara Pavillion dos Herbst Architects• [consult.

3omarço 2014] disponível em http://www.archello. com/sites/default/files/imagecache/header_detail_large/DSC0120.JPG 43. Compson Bach dos Herbst Architects• [consult.

3omarço 2014] disponível em http://www.archidir. com/wp-content/uploads/2011/06/Environmentally-Friendly-House-Exterior-design-by-Herbst-Architects-in-New-Zealand.jpg

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Capítulo III 01. Roça Ribeirão Peixe, São Tomé e Principe • [consult. 1 abril 2014] disponível em http://andrewstanbridge.com/stpflash/ 02. Mapa mundo e localização do arquipelágo de São Tomé e Principe no Golfo da Guiné • arquivo pessoal 03. vista do mar, praia Santana. visita á ilha • arquivo pessoal 04. vista para o Pico de São Tomé - Pico Cão Grande.• arquivo pessoal 05. Mapa da ilha de São Tomé, com a divisão em Propriedades, distribuição das roças na época colonial. • • [consult. 1 abril 2014] disponível em http://4.bp.blogspot.com/-QlkLYB-xfgs/UK9imnaEybI/AAAAAAAA7Iw/DVHDySo2QnQ/s320/ mapbig.gif 06. vista da Roça de São João .• arquivo pessoal 07. Praia das sete ondas • arquivo pessoal 08. Roça abandonada , São Tomé • [consult. 6 abril 2014] disponível em http://imagens7.publico.pt/ imagens.aspx/812527?tp=UH&db=IMAGENS 09. Nativo a entrar na floresta do Obó • [consult. 6 abril 2014] disponível em http://andrewstanbridge.com/stpflash/ 10. casa típica de São Tomé• [consult. 7abril 2014] disponível em http://andrewstanbridge.com/stpflash/ 11. Roça de São João dos Angolares. • arquivo pessoal 12. Casal João Carlos Silva e Dr.Isaura Carvalho na Roça São João dos Angolares. Vista da Roça.• arquivo pessoal 13. Praia Santana. • arquivo pessoal 14. Roça de São João dos Angolares.• arquivo pessoal 15. povoamento tradicional precário• [consult. 7abril 2014] disponível em http://andrewstanbridge. com/stpflash/ 16. Caminho para a praia de micondó. • arquivo pessoal 17. Roça de Micondó 18. Postais antigos de São Tomé que retratam a Roça de Micondó 19. Vista para a praia de Micondó 20. Praia de Micondó 21. Carta de S.Tomé, Lisboa, Imp. no Instituto Geográfico e Cadastral, 1958, pa . Quadrante sudeste da ilha • [consult. 7abril 2014] disponível em http:// www.tvciencia.pt/imgcart/g/CDI-2104-1958.jpg 22. imagem de fundo, praia de Micondó • cedida por Dr.Isaura Carvalho 23. vista apartir do local de implantação quadrante norte • cedida por Dr.Isaura Carvalho 24. vista apartir do local de implantação quadrante sul • [consult. 7abril 2014] disponível em https://www.google.pt/maps/place/Praia+Micondó/@0.169894,6.67967,3a,75y,90t/data= !3m5!1e2!3m3!1s65973288!2e1!3e10!4m2!3m 1!1s0x10761738d421d701:0x94757ba7d623e47c!6m1!1e1 25. ESCALA 1:10 000. Planta do local de implantação.

Praia de Micondó, apartir de conjugação de mapas e google maps. • arquivo próprio 27. Casas vernáculas de São Tomé. Vista aérea do povoamento das neves.

28. praia de Micondó • cedida por Dr. Isaura Carvalho 29. crianças na praia de Santana • arquivo pessoal 31. baia de Ana Chaves, vista para o ilhéu das Cabras •

pessoal 56. maquete de estudo• arquivo pessoal 57. vista interior do tardoz • arquivo pessoal 58. vista do interior da entrada• arquivo pessoal 59. maquete de estudo• arquivo pessoal 60. Hut to Hut dos Rintala Eggerstsson• [consult.

7abril 2014] disponível em http://assets.inhabitat. com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/01/Kumta -Prototype-Rintala-Eggertsson-6.jpg 61. Low Cost House dos Vong Trong Nhia Architects • [consult. 7abril 2014] disponível em http://static. dezeen.com/uploads/2012/11/dezeen_Low-Cost-House-by-Vo-Trong-Nghia_sq.jpg 62. Gogo House e Wetland Folly dos Herbst Architects• [consult. 7abril 2014] disponível em http://herbstarchitects.co.nz/wp-content/uploads/2010/09/ 1012-HOME-Timms-Shot-14_051-630x420.jpg , http://1.bp.blogspot.com/-HlWWLQ-tFVM/T1KrpouicJI/AAAAAAAADWM/m3IhHIMwIF0/s1600/ lantern+05a.jpg 63. BB Home dos HP Architects•[consult. 7abril 2014] disponível em http://o.homedsgn.com/wp-content/uploads/2013/09/B-B-Home-02-800x533.jpg 64. Palmira House do Studio Mumbai• [consult. 7abril 2014] disponível em http://3.bp.blogspot.com/_ NXdri2A7vw8/TChUir6KiaI/AAAAAAAADHw/IDir2It-Jz8/s1600/05+IMG_3024_sm.jpg 65. Palmira House do Studio Mumbai• [consult. 7abril 2014] disponível em http://www.inhabitat.com/ wp-content/uploads/studiomumbai2.jpg 66. Chen House do Marco Casagrande• [consult.

7abril 2014] disponível em http://www.yatzer.com/ assets/Article/1755/images/Chen_House_by_Marco_Casagrande_and_Frank_Chen-C-Laboratory_ yatzer_9.jpg 67. Chen House do Marco Casagrande e Island Bach• • [consult. 7abril 2014] disponível em http://www.51arch.com/wp-content/ uploads/2011/07/16/id342_Chen_House_img_18. jpg 68. Timms Bach dos Herbst Architects• • [consult.

7abril 2014] disponível em https://lh4.googleusercontent.com/_j4cWR_LUB1I/TU_PATAPDFI/ AAAAAAAAEdQ/Ydc0XzpJ-5o/1012-HOMETimms-Shot-10_118-630x420.jpg 69. processo de trabalho - esquissos, 3ºfase• arquivo pessoal 70. processo de trabalho - esquissos,maquetes 4ºfase• arquivo pessoal 71. Mudgee Tower dos Casey Brown Architecture• [consult. 7abril 2014] disponível em http://www. arq4design.com/tododesign/wp-content/uploads/ Permanent-Camping-by-Casey-Brown-Architecture-005.jpg 72. vista exterior do alçado de frente • arquivo próprio 73. vista exterior de sudoeste • arquivo próprio 74. vista do interior • arquivo próprio 75. vista do interior• arquivo próprio 76. vista exterior para o alpendre e cozinha• arquivo próprio 77. vista exterior do alçado de frente• arquivo próprio 78. vista exterior do alçado lateral e do pátio• arquivo próprio 79. vista do alçado lateral e a entrada para o alpendre• arquivo próprio 80. Desenhos de processo• arquivo próprio

lista de imagens

https://fbcdn-sphotos-e-a.akamaihd. n e t / h p h o t o s - a k- p r n 2 / t 1 .

0-9/1507850_638599049533848_441490294_n. jpg 32. Hut to Hut dos Rintala Eggerston, vista para a casa de banho. volume á parte. • [consult. 7abril 2014] disponível em http://img4.adsttc.com/ media/images/50f4/66aa/b3fc/4b26/2a00/0013/ large_jpg/Pasi_Aalto_-_Kumta_Prototype-1281. jpg?1358194346 33. Chen House do Marco Casagrande• [consult.

7abril 2014] disponível em http://plusmood.com/ wp-content/uploads/2009/08/front-corner_Chen -House_Marco-Casagrande_Frank-Chen_photo -AaDa_plusMOOD.JPG 34. Island Bach, Gogo dos Herbst Arcchitects e Palmira House do Studio Mumbai • [consult. 7abril 2014] disponível em http://37.media.tumblr.com/ 95425cdab54389f2cafe65c0cc19acbc/tumblr_ mwysaqR6w21s6u2kjo3_500.jpg; http://tevami. com/wp-content/uploads/2011/08/palmyra10.jpg 35. processo de trabalho - esquissos, plantas e 3ds.

1ºfase • arquivo pessoal 36. perspectiva do e esquiço do módulo • arquivo pessoal 37. Casa Té a un àgua, de Cazú Zegers • [consult.

7abril 2014] disponível em http://www.chilearq. com/barqo/2011-03-15-7306HGV5412.jpg 38. Villa Laangbo, de Olavi Koponen • [consult. 7abril 2014] disponível em http://www.cgeaw.com.ar/ images/1292179788_o.jpg 39. Venezuelan eco cabanas • [consult. 7abril 2014] disponível em http://assets.dwell.com/sites/default/files/styles/large/public/2012/11/01/eco-cabana-interior.jpg?itok=ILP4Ywzs 40. Horai Onsen Bath House • [consult. 7abril 2014] disponível em http://31.media.tumblr.com/tumblr_leid79aT8k1qat99uo1_500.png 41. Casa Buchuporeo, de Álvaro Ramírez e Clarisa Elton• [consult. 7abril 2014] disponível em http:// www.cttmadera.cl/wp-content/uploads/2008/04/ buchupureo-portada.jpg 42. Imagem 3d do interior da proposta• arquivo próprio 43. New Summershouse Ulmayers Sylvester • [consult. 7abril 2014] disponível em http://www.ullmayersylvester.com/images/summerhouse_0_0. jpg 44. Marika Alderton House de Glenn Murcutt • [consult. 7abril 2014] disponível em http://3.bp.blogspot.com/-0C9_CWBBGSI/TiPHcahQC8I/ AAAAAAAAAOQ/DV5MEYBJhGw/s400/murcutt-marika-alderton-house01.jpg 45. vista do exterior , pelo alçado lateral• arquivo pessoal 46. vista exterior do alçado lateral• arquivo pessoal 47. vista interior da área da entrada• arquivo pessoal 48. vista exterior do alçado do tardoz• arquivo pessoal 49. vista ‘aérea’ exterior do tardoz• arquivo pessoal 50. vista exterior do alçado fronta•l arquivo pessoal 51. vista do tardoz entrada para o wc• arquivo pessoal 52. vista interior da área da cama• arquivo pessoal 53. axnometria perperspectivada área do interior do módulo• arquivo pessoal 54. vista interior da área da mesa• arquivo pessoal 55. vista do ‘interior’ do ‘walking bathroom’• arquivo

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uma história simples

81. vista exterior do alçado lateral da casa de banho• arquivo pessoal 82. vista semi exterior a partir do corredor da casa de banho• arquivo pessoal 83. vista do alçado principal do módulo com vista para a praia de Micondó• arquivo pessoal 84 .alçado e corte transversal esquemáticos com a representação da ventilação natural do módulo. • arquivo pessoal 85. alçado esquemático com a representação do sombreamento do módulo• arquivo pessoal 86. alçado e corte transversal esquemáticos da representação do sistema de recolha de águas da chuva • arquivo pessoal 87. vista do alçado lateral do módulo inserida na praia de Micondó• arquivo pessoal 88. vista do exterior da entrada da casa• arquivo pessoal 89. vista do exterior para o módulo da casa banho• arquivo pessoal 90. vista do exterior • arquivo pessoal 91. p0rmenor da cama de casal• arquivo pessoal 92. vista do interior do quarto• arquivo pessoal 93. vista do alpendre de sudoeste• arquivo pessoal 94. vista do interior para o exterior• arquivo pessoal 95. vista do exterior da casa• arquivo pessoal 96. vista do exterior• arquivo pessoal 97. vista do exterior• arquivo pessoal 98. vista do pátio para o alçado de sudoeste 4ºfase• arquivo pessoal

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Biblioteca • Faup • 2014

lista de imagens

rossana eckardt

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Uma casa, toda ela de madeira, no fim de um pontão, fundeada e assente, por grandes troncos de árvores, na areia do mar, seria aí que eu gostaria de fazer, minha vida quotidiana e sem pressas.

E por entre o ranger da ponte, carcomida pelos ventos e o sal marinho, no caminho de casa, o mar era por demais convidativo e a plenos pulmões corria, usando o peso de meu corpo, para de seguida mergulhar, nos azuis das águas.

Janelas sem cortinas, sempre abertas, assim a porta de minha humilde casa, por vezes pareciam chamar-me, para cuidar um pouco de sua velhice, tapando buracos, fazendo-me atentar, principalmente, no velho telhado.

Saindo do mar buscava então madeira e pronto trazia-a, para dentro de casa. Passo a passo, com toda a dedicação e grato esforço, reforçava as partes mais débeis e necessitadas, como eram os casos das telhas soltas e do próprio pontão.

Por pouco dinheiro e algum do peixe, que todos os dias pescava, junto de minha casa, consegui o que se pode chamar de um bom negócio, ao adquirir um barco a remos, da parte de um velho amigo, tendo-o atado a um dos pilares da ponte.

Desde aí que todos os entardeceres, soltando o barco, remava bem até ao meio da linha do horizonte, envolto de mil cores e suaves olores, enquanto ansioso esperava mais um pôr-do-sol, observando, ao longe, altaneira, a minha casa.

Jorge Humberto, 28 Junho 2009

fim

FAUP • 2014 Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura