A Jangada: Edição Especial dos 70 Anos

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Dezembro de 2011

Os 70 anos de hist贸ria do Clube dos Jangadeiros Revista Jangada 70 anos.indd 1

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EDITORIAL

A Jangada A Revista A Jangada é uma publicação do Clube dos Jangadeiros, de Porto Alegre, com circulação dirigida aos seus sócios, clubes náuticos, entidades esportivas e imprensa.

DIRETORIA DO CLUBE DOS JANGADEIROS – 2010/2012 Renê dos Santos Garrafielo Comodoro Luiz Francisco Gerbase Vice-Comodoro Administrativo Francisco de Paula B. de Freitas Vice-Comodoro Esportivo Jorge Decken Debiagi Vice-Comodoro de Obras e Patrimônio Cristiano Roberto Tatsch Vice-Comodoro de Desenvolvimento e Marketing André Jobim de Azevedo Diretor Jurídico Luiz Fernando Schramm Pereira Diretor da Escola de Vela Mario Roberto Dubeux Diretor Técnico de Vela Olímpica Renato da Costa Brito Diretor de Vela de Monotipos Atila Pellin de Lima Diretor de Vela Infanto Juvenil Pedro Luiz Gomes Boletto Diretor de Cruzeiro CONSELHO DELIBERATIVO Manuel A Ruttkay Pereira Presidente Pedro Cesar de Oliveira Fº Vice-Presidente Paulo Tupinambá Secretário CONSELHO FISCAL Tuffy Calil Jose Michael Weinschenck Gilberto de Carvalho Paulo Tupinamba B. Fernandes Paulo Boaventura Arruda César Augusto Rostirolla Membros Suplentes Paulo Tupinambá Gilberto de Carvalho Mario Fernandes Teixeira

Revista A Jangada

De sonho à realidade em 70 anos O dia 7 de dezembro de 1941 marcou o início da vida do Clube dos Jangadeiros. A forma empreendedora e idealista do nosso patrono, Leopoldo Geyer, sempre saudado e lembrado como um homem além de seu tempo, que transformou um sonho em realidade. Durante a cerimônia de inauguração, o Sr. Hugo Berta, um dos sócios fundadores, proferiu as seguintes palavras: “...É o Clube dos Jangadeiros que surge, para projetar-se, desde já vitorioso, em nosso mundo desportivo e social...”, e hoje, tenho a certeza de que a concretização destas palavras é orgulho para todos associados. A Ilha do Clube dos Jangadeiros parece mágica, tamanha beleza. A construção foi novamente um sonho transformado em realidade. Construída com espírito de otimismo e entusiasmo, a dedicação e a doação dos associados foram fundamentais para a sua realização. Muitas vezes questionados e até desacreditados por alguns, temos muito a agradecer aos pioneiros que aqui chegaram e, com energia e paixão pelo esporte à vela, venceram em terra para conquistar vitórias e títulos na água. Construindo um

Produção e Edição Comercialização: Alexandre Dallapicola Tel.: 3233.7334 – alx@dft.com.br Jornalista Responsável: Guto Moisés – Fenaj 6543/RS Assistente de Redação: Ivan Netto Colaboração de Pesquisa: Aimée Virgínia Bento Soares Cláudio Alberto Franke Aydos Fotos: Arquivo Jangadeiros, Ivan Netto e Guto Moisés Projeto Gráfico e Diagramação: Imagine Design Revisão: Luciane Tavares Tiragem: 2.500 exemplares Distribuição Dirigida

clube para todos e seguindo o modelo de gestão dos fundadores é manter o rumo da vitória. A Jangada, nessa edição especial, celebra nossa história ao longo destes 70 anos. Viva o Clube dos Jangadeiros! Parabéns a todos. Renê Garrafielo Comodoro

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INFORME JANGADEIROS

Edmundo Soares, o Comodoro de quatro décadas

O Departamento Feminino de Vela

Por quatro décadas, entre 1956 e 1990, o jornalista Edmundo Fróes Soares foi Comodoro em oito oportunidades e como vice-comodoro esportivo em outras seis gestões. Diretor de Redação da Folha da Tarde, Edmundo foi um “Jangadeiro” de corpo e alma e sua paixão pelo clube se transmitia pelo incentivo, apoio e, principalmente, pelo empenho em realizar eventos marcantes no cenário esportivo.

Os Tenistas do Jangadeiros Os tenistas da Equipe dos Filhotes fizeram história nos anos 50. Além de velejadores competiam no tênis para exercitar técnicas de concentração, agilidade e velocidade, necessários nas competições de vela. Na foto de 1952 estão, da esquerda para direita, sentados: Gilberto Fonseca Kurt Egon Keller, Edmundo Fróes Soares, Walter Steiner e Roque Schneider. Em pé: Rogério Christo, Delfino Soares, Horst Siegmann, João Soares e Arno Keller.

A presença das velejadoras no clube já era destacada na década de 50, inclusive existia o Departamento Feminino de Vela que cuidava da participação da flotilha nas competições, como os II Jogos Abertos Femininos, em 1956, com vitória do Clube dos Jangadeiros, através do barco Rajada, da equipe formada por Lucy Aydos, Leda Sohni e Helga Landgraf. O barco escola das moças era o Rebojo, que segundo o regimento interno “só poderá navegar as vistas do clube, ou seja, na enseada, formada pela ponta do Cachimbo e ponta do Dionísio (Vila Assunção), tendo como limite o canalete, logo após o baixio”.

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O idealismo de Leopoldo Geyer O Clube dos Jangadeiros foi fundado em 7 de dezembro de 1941, por iniciativa do empresário e desportista Leopoldo Geyer, igualmente fundador dos clubes Veleiros do Sul e Iate Clube Guaíba, da Capital gaúcha.

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Comodoros 1941/1944 - Leopoldo Geyer 1944/1946 - Leopoldo Geyer 1946 - Amadeu Lopes Maisonnave 1946/1948 - Carlos Fleck 1948 - Amadeu Lopes Maisonnave 1948/1950 - Trinvirato Luiz Carlos Heinz Hony Helmut Spieker Alfredo Steiner

Preocupado em levar o esporte da vela para a zona sul de Porto Alegre, já que, até então, a prática do iatismo limitava-se à zona norte, ao longo do cais dos Navegantes, Leopoldo Geyer lançou a ideia de um clube na baía da Tristeza e, em seguida, adquiriu uma chácara à beira do Guaíba, um local privilegiado, com um prédio de moradia em condições de ser transformado em sede social e com bela arborização. Fundado o Clube buscou, então, Leopoldo Geyer a venda de títulos patrimoniais, reunindo assim, os recursos necessários ao ressarcimento do que fora gasto na compra da chácara e os custos complementares. No ano seguinte, já o Clube, mostrando vitalidade, inaugurava um trapiche de concreto com 60 metros de comprimento, possibilitando assim, através de um guincho, que barcos de maior porte pudessem ser colocados na água. O Clube, logo após, adquiriu outra chácara contígua possibilitando a construção de duas canchas de tênis e mais pavilhões para guarda de barcos. Na década de 40, o Jangadeiros teve uma boa atividade esportiva e social, mas seu fundador sentiu que havia necessidade de injeção de sangue novo, já que a faixa etária dos sócios fundadores era relativamente elevada. Criou, então, o grupamento “Filhotes dos Jangadeiros”, em 1947, responsável por uma verdadeira revolução na vida do Clube, já que, além de fornecer o material humano para a área esportiva, transformou-se, por ter diretoria própria, em uma “fábrica” de futuros dirigentes do Clube, possibilitando que a partir da década de 50 a renovação chegasse também na diretoria e no conselho deliberativo. Na década de 50, o Jangadeiros viveu período áureo em sua área esportiva. Começou a amealhar títulos nacionais nas classes Sharpie e Snipe e iniciou trajetória internacional, o que se transformaria, posteriormente, em sua marca registrada. Esta intensa atividade deu ao Jangadeiros a autoridade para sediar, em 1959, o Campeonato Mundial de Snipes, a primeira competição deste porte realizada no Hemisfério Sul.

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O sucesso do evento, que incluiu a construção de 20 barcos novos, oferecidos aos participantes, abriu as portas para a efetivação de dezenas de grandes competições nacionais e internacionais (mais três campeonatos mundiais foram realizados posteriormente) e serviu como base para o lançamento da Ilha dos Jangadeiros e do ingresso do Clube na vela de Oceano e Cruzeiro. Construída a Ilha dos Jangadeiros, com a liderança de Geraldo Tollens Linck, passou o Clube a viver nova e promissora fase. Na ilha foram implantadas: a pioneira Escola de Vela Barra Limpa, a sede esportiva, junto às piscinas, o parque de vela de competição, a oficina de reparos e manuten-

ção, junto ao guindaste, com capacidade de 20 toneladas, os pavilhões e os pátios de lanchas, três rampas de acesso ao rio e quatro trapiches, com um total de mais de 200 embarcações de oceano e cruzeiro, além de canal dragado de acesso ao canal natural do rio.

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O Mundial de Snipe no Guaíba A competição foi um marco que contribuiu para o projeto de expansão do clube através da construção da ilha dos Jangadeiros. A importância do evento foi relevante para o apoio dos órgãos de Governo na execução das obras da Ilha ao longo de duas décadas.

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A realização do Campeonato Mundial de Snipe, em 1959, foi o principal destaque da década de 50 e representou o início de uma fase de expansão e de conquistas do clube em sua área esportiva e, ao mesmo tempo, no projeto da ampliação de seu espaço a partir da futura Ilha dos Jangadeiros, uma meta que teria início nos anos 60. Tínhamos na época uma pequena sede no continente e um trapiche de pouca capacidade, mas isso não impediu que o clube trouxesse para o Brasil o Campeonato Mundial de Snipe, sendo a primeira vez que a competição não seria realizada na Europa. A primeira providência foi pleitear a indicação do Clube dos Jangadeiros pelo Snipe Class Internatinal Racing Association/SCIRA, quando da realização do mundial daquele ano, em Portugal. Nossos velejadores, Kurt Egon Keller e Sérgio Christo, os campeões brasileiros que representariam o Brasil, foram os portadores da proposta do Clube dos Jangadeiros, apresentada em reunião realizada na Câmara de Vereadores de Cascais. Keller, 21 anos, mostrou-se um bom advogado da causa, apoiado por Luiz Brotherhood “snipista” pernambucano, que representava a Secretaria Nacional da Classe Snipe naquele certame. Depois de prolongados debates, em que os europeus alegavam dificuldades no deslocamento até o Brasil, pelo grande dispêndio de tempo e dinheiro, foi aceita a candidatura do Brasil pelo Clube dos Jangadeiros, diante da promessa de construção de uma série de barcos apresentada por Keller e reforçada por Brotherhood. De volta ao Brasil foram iniciadas as tratativas locais para a realização do Mundial, desde a contratação do Estaleiro Alberto Lineburger para construção de 20 barcos, a partir das plantas enviadas pela SCIRA com todas as recentes alterações nas tolerâncias de medidas dos cascos. Foi um período intenso para a Comissão Técnica, integrada por Gabriel Gonzalez, Kurt Keller e Helio Franzen, que estavam à frente de todos os preparativos e cuidavam de cada detalhe e, principalmente, da qualidade final dos barcos e de todo o material a ser utilizado nas regatas. As delegações começaram a chegar à capital gaúcha no início de outubro, sendo recepcionadas pelo Comodoro Edwin Ri-

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cardo Hennig e pelo Vice-Comodoro Cláudio Alberto Aydos, juntamente com a Comissão Técnica e demais integrantes da Comissão de Recepção e Hospedagem, dirigida pelo comendador Diniz Campos e por Walter Steiner (ex-Filhote). As delegações estrangeiras que participaram do Mundial de Snipe de 1959: Argentina: Fernando e Jorge Sanjurgo, Bahamas: Godfrey e David Kelly, Bermudas: Eugene Simmons e Robert Soares, Bélgica: Christian Nielsen e Victor van der Heuvel, Cuba: Gonzalo e Raul Dias, Dinamarca: Paul Elvstroem e Erik Johansen, Espanha: Duque de Arion e Luiz Triay, França: Jean Machy e Pierre Grammond, Guiana Inglesa: J. Atkinson e Ken Settefield, Estados Unidos: Richard Tillmann e Alan Levinson, Inglaterra: R. Stewart e K. Blagrove, Japão: Masayuki e Setsuo Kawada, Portugal: Helder e Rolando Soares d`Oliveira, Suécia: Bjorn e Sten Jameson e Uruguai: Victor Pena Pampim e Francisco Figueroa. A Ja JJangada ang ngad adaa • 7

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A história de uma ilha A ideia da Ilha dos Jangadeiros surgiu ainda na década de 40, quando Leopoldo Geyer previu a perspectiva da futura ilha para abrigar barcos de maior porte, sujeitos à fúria do Minuano, o forte e frio vento que varre o rio Guaíba, especialmente nos meses de inverno e início da primavera.

Obras de contenção do aterro

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Mas até o início dos anos 60 a Ilha dos Jangadeiros era apenas uma ideia, até que Geraldo Tollens Linck, comodoro na época, começou a trabalhar forte pelo projeto. Neste momento, dois importantes personagens tornam possível o sonho do patrono Leopoldo Geyer na construção da Ilha dos Jangadeiros. Braço direito de Geraldo Link, Luiz O. Chagas (o Chaguinha), hoje com 92 anos, esteve à frente do projeto a partir de sua experiência como desenhista e profundo conhecedor de barcos. Por outra parte, o engenheiro Arcy Cattani da Rosa (ex-diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas) assumiu, de forma colaborativa, o comando das obras, desde o prolongamento do trapiche em mais 60 metros, até a conclusão do aterro que deu origem à Ilha. Foram quase três décadas de muito empenho e de campanhas solidárias que uniram inúmeros sócios em busca de um objetivo comum: tornar realidade o que é hoje o maior patrimônio social, de lazer e do esporte de vela do clube. Nesta primeira etapa, que se iniciou em 1962, a Comissão para Construção da Ilha dos Jangadeiros era formada por Edwin Hennig, Edgar Siegmann, Cláudio Aydos, Edmundo Soares, Kurt Keller, Rodolfo Ahrons e pelo Comodoro Geraldo Tollens Linck. O apoio dos órgãos públicos foi essencial para a construção da Ilha, desde o licenciamento junto à Marinha e do Departamento de Portos, Rios e Canais (DEPREC) e do Departamento Nacional de Portos Via Navegáveis (DNPVN). Além disso, o clube contou com apoio do Governador Ildo Meneghetti, que esteve presente nas obras quando a draga Trajano Ribeiro, do DEPREC, iniciava suas atividades no dia 27 de dezembro de 1966. Dois anos antes, em 1964, o projeto da Ilha e Ancoradouro, foi aprovado pela Prefeitura de Porto Alegre, mesmo ano que o Governador do Estado assegurava o uso da área subfluvial abrangida pelo projeto. A construção da Ilha e do ancoradouro se faziam necessários, em função do reduzido espaço no Continente, para abrigar os barcos de competição e garantir segurança aos veleiros em função dos ventos do Minuano. Depois do Mundial

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de Snipe, em 1959, o clube já não tinha como guardar tantos barcos: eram 42 snipes e pinguins, além de um Finn olímpico. Na época foi necessário construir um pavilhão de madeira, no espaço de uma cancha de tênis, para atender o crescimento do esporte de vela. A partir de uma quermesse, denominada A Festa da Vela, foi possível obter receita para a construção do novo local que recebeu o nome de Pavilhão Edgar Sigmann. Enquanto a Ilha era um projeto em andamento, os sócios curtiam a beira do Rio Guaíba com suas crianças se banhando em dias de sol e calor; os pais velejando e uma piscina ainda era um sonho distante.

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Enfim, a Ilha dos Jangadeiros Já no final de 1967 a Iha dos Jangadeiros ganhava seu primeiro contorno e naquele momento a diversão ficava por conta de jogos de futebol em um campo improvisado de areia. As famílias aproveitavam o local para o banho de sol.

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Comodoros 1970/1971 - José Carlos Bohrer 1971/1973 - Frederico Linck Neto 1973/1977 - Edgar Willy Siegmann 1977/1978 - Edmundo Fróes Soares 1978/1979 - Edmundo Fróes Soares 1979/1980 - Edmundo Fróes Soares

No começo, alguns quiosques de Santa Fé garantiam a proteção do sol para as famílias que lá desfrutavam do novo ambiente ainda em fase de construção. O trabalho de dragagem, aterro e dos molhes de contenção foi evoluindo dentro das condições e possibilidades, uma vez que as dragas pertenciam ao Estado e, muitas vezes, estavam em operação de obras públicas. E problemas não faltaram ao longo desta jornada, desde a mudança do mestre da draga, várias quebras de mangotes, e até a falta de combustível. Se nas obras realizadas na água havia complicações, em terra não era diferente, com problemas para contenção do aterro nos limites de interesse do projeto. Foram necessárias máquinas rodoviárias e escavadeiras hidráulicas para a construção de diques provisórios no decorrer da dragagem para evitar que o aterro voltasse para dentro do ancoradouro. Mesmo assim, a segunda etapa do aterro foi concluída em 1972, abrindo espaço para a construção da Escola de Vela Barra Limpo, inaugurada em 13 de dezembro de 1975. Em 1977 estava concluído o atual projeto, com os espaços para o ancoradouro à direita protegidos do vento sul a partir da formação da Ilha dos Jangadeiros. Com a nova área conquistada, a falta de espaço deixou de ser um problema para o clube. Foi quando o Comodoro Geraldo Linck veio com a seguinte pergunta: o que vamos fazer na ilha? E a resposta não demorou: Chaguinha apresentou o desenho do Plano Piloto da Ilha e o antigo sonho do patrono Leolpodo Geyer se tornava uma realidade. Nas palavras de Geraldo Linck, no livro Clube dos Jangadeiros - Uma História de 50 anos: “acredito hoje mais do que antes que o associado não tem ideia da grandiosidade da obra que está usufruindo”. Ao encerrar o capítulo Uma Ilha no Rio, Linck destacou a participação do engenheiro Cláudio Aydos, Edmundo Soares, Kurt Keller, Edgar Sigmann e Luiz Chagas (Chaguinha) como os alicerces desta que foi a construção de uma ilha em pleno Rio Guaíba. Além destas lideranças é bem

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verdade que inúmeras pessoas, associados ou não, tiveram participação direta neste grandioso projeto, que somou cerca de 20 anos entre o desejo de fazer e sua efetiva conclusão. Embora não exista uma data oficial de sua inauguração, dois momentos se destacam com o final de suas obras: o primeiro foi a abertura da Escola de Vela, que levou o apelido do velejador e campeão brasileiro da classe Pinguim, Walter Hunshe - o Barra Limpa. Ele faleceu em um acidente de trânsito e seus pais fizeram a doação do projeto e execução das obras da escola em homenagem à sua memória e pela dedicação que tinha pelo esporte. O segundo momento histórico, que se tornou o marco de sua inauguração foi em 1981, quando já havia maior infraestrutura física e paisagística, além do asfalto em suas vias de acesso para o tráfego de veículos.

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Esporte e juventude movimentam à Ilha Os anos 80 ficaram marcados pela grande quantidade de eventos realizados na Ilha dos Jangadeiros. Campeonatos de vela, eventos esportivos e muitas festas. A juventude agitou a vida social do clube, participando das regatas e comemorações.

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Foi um período também de conquistas inéditas e títulos nas mais variadas classes, do Pinguim ao Optimist, passando pelo 470 e o Hobie Cat. Entre os tantos eventos marcantes, impossível não destacar as Festas Jovens, que reuniam milhares de pessoas na Ilha. Além da diversão, estes eventos geravam uma boa renda para o clube investir na vela e nas obras de patrimônio. Mas também existiam os acontecimentos menores, como a Festa Tropical, realizada em 1985, e as festas juninas, sempre um momento de alegria para a criançada. Na parte esportiva, os associados aproveitaram um período rico em competições de todos os tipos. Enquanto a gurizada divertia-se com campeonatos como o Bicicross e as regatas da vela, os adultos disputavam competições de tênis, de natação e até de bocha. O Clube ainda realizou um Sul-Americano de 470 e um Brasileiro de Optimist. E o mais legal é que estes eventos davam vida à Ilha dos Jangadeiros, que registrava sempre casa cheia aos finais de semana. Mas é impossível falar dos anos 80 sem citar as inúmeras conquistas dos nossos velejadores. Além da participação de Marco Aurélio Paradeda e Peter Nehm nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, o Clube dos Jangadeiros obteve títulos inéditos e firmou-se como protagonista em classes como a 470 e a Hobie Cat. Nesta, o grande nome foi Nelson Picollo, vencedor dos Campeonatos Brasileiros de 81, 82 e 86 (Hobie Cat 14) e 86, 87, 88 e 89 (Super Cat 17). Outra conquista que entrou para a história do clube foi a medalha de ouro da classe 470 conquistada por José Luiz Ribeiro, o Vergonha, e Paulo Roberto Ribeiro, nos Jogos Pan-Americanos de Caracas, em 1983. O feito da dupla foi tão marcante, que, no retorno ao clube, os velejadores tiveram uma recepção de heróis, com direito a autógrafos e tudo mais. Na classe Pinguim, o nome da década foi de Luiz Fernando Bloss. Ele conquistou o mundo por duas vezes, enchendo de orgulho a Família Jangadeiros. Primeiro ao lado de Alexandre Hartmann, em 1982, no Mundial Junior, e depois, em 1985, tendo como proeiro Claudio Oliveira.

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Já no Snipe, uma das classes mais valorizada pelos nossos velejadores, a época era de vacas magras. A exceção foi a dupla Hilton Piccolo e Ralf Hennig que venceu o Sul-Americano, em 1987. Por outro lado, o 470 viveu anos de ouro. Foram três títulos sul-americanos, nove brasileiros e uma participação olímpica. Entre os tantos nomes que se destacaram na classe estão: Marco Aurélio Paradeda, Peter Nehm, Vitor Hugo Schneider, Cícero Hartmann, José Luiz Ribeiro, Paulo Roberto Ribeiro, Alexandre Schneider, George Nehm, Guilherme Correa dos Santos, Jorge Aydos e Luiz Fernando Bloss. E para finalizar a década, a gurizada da Flotilha da Jangada trouxe para o Clube dos Jangadeiros um título, até então, inédito: o Brasileiro de Optimist. O autor da façanha foi ninguém menos que Alexandre Paradeda, o Xandi, em 1987. Naquele momento, surgia para o Brasil um velejador que nos anos seguintes revelar-se-ia um dos nomes mais talentosos da vela nacional. E o talento para o esporte parece mesmo estar na genética dos Paradeda, pois em 1988 quem venceu o Brasileiro de Optimist foi Ricardo, irmão de Xandi.

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Cláudio Aydos, o Vice Ele se consagrou no clube por assumir a Vice-Comodoria em várias gestões, com a especial atenção para à área esportiva. Casado há 60 anos com Lucy, participaram ativamente da evolução histórica durante as últimas sete décadas. Por Guto Moisés

O dramaturgo e poeta alemão Bertold Brecht, escreveu certa vez a seguinte mensagem: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”. E imprescindível sempre foi a presença de Cláudio Alberto Franke Aydos, o Vice-comodoro de todos os tempos e momentos vividos nestes 70 anos do Clube dos Jangadeiros. Sua ligação ao clube se dá aos treze anos e a partir do dia da fundação do clube, levado pelas mãos do seu pai, Alberto Dubois Aydos (presidente do Conselho Deliberativo). “A festa de fundação do Clube dos Jangadeiros aos olhos de um garoto

de 13 anos foi um deslumbramento. Eu nunca tinha visto tanta gente reunida, nem tanta alegria numa reunião. Lembro-me como se fosse ontem do doutor Nilo Ruschel junto àquela porta lateral da Sede do Continente e, transformando a escadaria como um palanque, fazer a leitura do discurso inaugural. Foram marcantes suas palavras, em particular quando disse: “É grato aos seus fundadores notar este animador espírito de entusiasmo com o que foi acolhida a iniciativa de doar mais um centro de desporto a vela à nossa cidade. Talvez nenhuma outra entidade, até hoje, tenha sido cercada, no seu nascedouro, de tanto otimismo e de tanta unanimidade” recorda Aydos um trecho da fala de Ruschel na ocasião do ato de fundação,

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Casal Aydos no batizado do barco

Leopoldo Geyer

em 7 de dezembro de 1941. Otimismo este que já estava no sangue do ainda menino velejador, batizado nas águas do Guaíba em seu primeiro Biguá, um barquinho de apenas três metros. E onze anos mais tarde, em 1952, 24 anos, assumia sua primeira Vice-Comodoria ao lado de Walter Günttler, Comodoro daquela gestão. E não parou mais de participar e de se envolver com todas as atividades do clube, em especial, pelo Departamento de Vela. Hoje, aos 83 anos, Cláudio Aydos é a memória viva do clube, conhecedor das lutas e dedicação das Comodorias ao longo destas sete décadas. E como ele mesmo diz: “cultivar a história e a tradição é sempre muito importante porque se os pessimistas dizem que quem esquece o passado está condenado a revivê-lo, mas como otimista que sou, prefiro dizer que quem não esquece o passado tem história para contar”. E são muitas as histórias e estórias neste universo de vela e de navegação que o Comandante do Minuano e o sempre Vice-Comodoro Cláudio Aydos não deixa no esquecimento aquele menino de calças curtas que hoje é vivido pelo seu neto, o Silvaninha (Lucas) na classe Optmist, a quarta geração da família Aydos. Se sua vida é a própria história do clube, é bem verdade que nesta travessia uma pessoa muito especial esteve sempre ao seu lado: a esposa Lucy Aydos, que conheceu quando fazia parte do Departamento Feminino de Vela e competia como timoneira no barco Rajada. São 60 anos de convivência e três filhos: Luiz Alberto (Xumbico), Carlos Alberto (Cabeco) e Jorge Alberto (o Silvana) e três netos: Luiza, Maria Eugênia e Lucas, o herdeiro do avô Cláudio que mantém o barco na água e o espírito da família pela prática do esporte de vela.

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Os mundiais da classe Snipe e 470 Nesta década o Clube dos Jangadeiros organizou dois campeonatos mundiais (Snipe e 470), um sul-americano (Snipe) e dois brasileiros (Snipe e Optimist) e criou o Troféu Cayru (em 1991) e a Copa Cidade de Porto Alegre (em 1996).

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Comodoros 1990/1992 - Marco Aurélio Paradeda 1992/1994 - Pedro Antonio Pereira Pesce 1994/1996 - Paulo Renato Möller Paradeda 1996/1998 - Paulo Renato Möller Paradeda 1998/2000 - Paulo Renato Möller Paradeda

Esta década foi marcada pela realização de 2 campeonatos mundiais sediados pelo clube. Centenas de velejadores do mundo todo atracaram na Ilha dos Jangadeiros e deslumbraram-se com o ambiente paradisíaco que encontraram. Primeiro em 1993, no Mundial de Snipe, e três anos mais tarde, no da classe 470. Curiosamente, foi exatamente nestas duas classes que o clube obteve os resultados mais expressivos nos anos 90. Uma nova safra de velejadores saía do forno e começava a dominar o cenário nacional. Logo em 1991, George Nehm, o Dodão, e Henrique Bergallo venceram o Campeonato Brasileiro de Snipe, quebrando um jejum de 14 anos do clube, em competições nacionais da classe, e com um gostinho especial por ter sido disputado no Jangadeiros. A dupla ainda venceria no mesmo ano o Sul-Americano da classe. Também em 1991, Thomas Burger e Laerte Sobolewski de Jesus conquistaram o Mundial de Pinguim. Mas as vitórias estavam só iniciando. Um novo velejador começava a despontar, tanto no Snipe quanto no 470, e prometia dar muito o que falar nos próximos anos. Depois de ingressar no mundo da vela através da Escola de Vela Barra Limpa, Alexandre Paradeda havia conquistado o Brasileiro de Optimist, em 1987. Quatro anos mais tarde, começou a empilhar títulos de Snipe, vencendo cinco brasileiros, dois sul-americanos e conquistando a medalha de Prata nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, Canadá. Aliado a isso, o talentoso velejador ainda levantou três sul-americanos e quatro brasileiros da classe 470. Era simplesmente um fenômeno. Sempre, claro, competindo ao lado de grandes proeiros. Durante este espaço de 10 anos foram diversos parceiros em suas conquistas. Velejadores de grande habilidade, como: Caio Vergo, Flávio Só Fernandes (Fafi), Bernando Arndt (Baby) e André Fonseca (Bochecha), com quem Xandi disputaria os Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000. Por falar em Olimpíadas, foi também nos anos 90 que uma jovem velejadora começou a chamar a atenção nas águas do Guaíba. Cria da Escola de Vela Barra Limpa, Fernan-

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da Oliveira mostrava grande desenvoltura e já dava os primeiros passos rumo à carreira olímpica. O que realmente se concretizou no ano de 2000, quando Fernanda disputou os Jogos Olímpicos de Sidney ao lado de Maria Krahe, a Dijá, outra talentosa velejadora do Clube dos Jangadeiros, medalha de bronze na classe Laser, nos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata, Argentina, em 1995. E, se os grandes eventos e inúmeras conquistas foram a marca destes anos é impossível não falar do Campeonato Brasileiro de Optimist de 1996, de Frederico Plass Rizzo e do multicampeão Nelson Piccolo. Enquanto o experiente velejador continuava empilhando títulos (Piccolo venceu os brasileiros da classe Super Cat 17 em 91, 92 e 95), o jovem Fred era o grande destaque da Flotilha da Jangada. Ele já havia sido campeão brasileiro de Optimist em 1994, mas a consagração veio de vez aqui, no Clube dos Jangadeiros, em 1996. Como se não bastasse sediar a competição, o Jangadeiros ainda ficou com o primeiro lugar (Fred) e com o vice (com Roberto Paradeda). Ou seja, a festa foi toda nossa!

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Uma medalha olímpica e o Mundial de Snipe A atual década ganhou destaque através de Fernanda Oliveira, com a medalha de bronze nos jogos olímpicos de Pequim em 2008. E de Alexandre e Eduardo Paradeda, com a conquista do título Mundial de Snipe, no Uruguai.

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Comodoros 2000/2002 - Michael Weinschenck 2002/2004 - Waldemar Bier 2004/2006 - Cristiano Roberto Tatsch 2006/2008 - César Augusto Rostirolla 2008/2010 - César Augusto Rostirolla 2011/2012 - Renê Garrafielo

Foi neste período que o Jangadeiros chegou a uma de suas mais importantes conquistas, a medalha olímpica. E, em um clube onde os homens são maioria entre os velejadores, quem alcançou o tão sonhado feito foi uma mulher, a talentosa Fernanda Oliveira. Competindo ao lado de Isabel Swan, Fernanda fez bonito nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, terminando a competição com a medalha de bronze. O retorno da atleta a Porto Alegre teve direito a caminhão dos Bombeiros e carreata pela cidade, para comemorar a primeira medalha olímpica conquistada por uma brasileira em Olimpíadas. Quem também continuava colecionando vitórias era Alexandre Paradeda. Em 2001, ao lado do primo Eduardo, Xandi obteve uma de suas mais importantes conquistas, o título do Mundial de Snipe, realizado no Uruguai. A dupla ainda seria campeã do Hemisfério Ocidental, em 2004, em competição disputada em Cabo Frio. Em 2002 e 2009, Paradeda conquistou os campeonatos sul-americanos da classe, primeiro ao lado de Flávio Só Fernandes e depois com Gabriel Kieling. E teve ainda a tão desejada medalha pan-americana, conquistada em 2007, no Rio de Janeiro. E o melhor de tudo: de ouro. O versátil velejador, entretanto, seguia com a carreira na classe 470. Agora, em parceria com Bernardo Arndt, o Baby, Xandi marcou presença nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Lá, ele teve a companhia de outras duas duplas do Clube dos Jangadeiros: André “Bochecha” Fonseca e Rodrigo “Leiteiro” Duarte e Fernanda Oliveira e Adriana Kostiw. Bochecha agora corria em uma jovem e promissora classe, a 49er, que ele logo passou a dominar em águas brasileiras e sul-americanas. Em 11 anos, o catarinense, radicado em Porto Alegre, venceu simplesmente as 11 edições do Campeonato Brasileiro da classe, cinco do sul-americano e ainda participou de duas regatas Volta ao Mundo, terminando em terceiro e sétimo lugares, e mais uma Olimpíada, em Pequim, na qual terminou na sétima colocação. Em meio a tantos títulos que surgiu uma geração de talentosos velejadores. Dois deles, em especial, chamavam a

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San Chico, tripu

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2 décadas ú já completou O Troféu Cayr

Brasileira ORC

atenção de observadores mais atentos: Fábio Pillar e Gabriel Kieling, o Bolinha. Enquanto o primeiro saiu do Optimist para o Laser, o segundo apostou na classe 420. E, em 2006 ambos colheram os frutos de suas escolhas. Bolinha, então proeiro de Roberto Paradeda venceu o Campeonato Brasileiro de 420. Fábio foi ainda mais longe, e com apenas 20 anos sagrou-se campeão Mundial de Laser Radial, feito inédito entre os velejadores do Clube dos Jangadeiros. Do Laser, Fábio pulou para o 470, no qual disputou a Olimpíada de Pequim ao lado de Samuel Albrecht, e iniciou uma série de vitórias, em âmbito nacional, vencendo as edições de 2010 e 2011 do Campeonato Brasileiro. Bolinha também deixou a classe 420 e rumou para o Snipe, desta vez para competir com outro Paradeda, o multicampeão Alexandre. E a parceria deu certo, obtendo conquistas em estaduais, brasileiros e sul-americanos. Ainda nesta década o clube sediou os campeonatos brasileiros das classes Snipe, Hobie Cat e Soling e os sul-americanos de 420, de 470, de Optimist e de 49er. Em todos estes, sempre colecionando importantes resultados, como o título inédito de Soling, em 2007, com Andre Wahrlich, André Gick e Fábio Pillar. Destaque também para as regatas de Vela de Oceano, como o tradicional Troféu Cayrú e Copa Cidade de Porto Alegre. E, em âmbito nacional, as vitórias do San Chico no Campeonato Brasileiro ORC. E se na vela estes últimos anos foram recheados de vitórias, as outras áreas do Clube dos Jangadeiros não deixaram por menos. As comodorias investiram na revitalização do patrimônio, recuperando áreas do clube, como a piscina, e construindo novos espaços, como a churrasqueira coberta da Ilha. A Escola de Vela Barra Limpa ganhou novos barcos e um trator, novinho em folha, que foi adquirido para à área do porto e lanchas. Além disso, foi iniciado o Projeto de Revitalização e Atualização do Continente, que tem como objetivo dar uma nova entrada para a entrada do Clube dos Jangadeiros e criar mais espaços para os associados.

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O CLUBE DOS FILHOTES

O esporte de vela e o Clube dos Filhotes Com o objetivo de formar as primeiras flotilhas, Leopoldo Geyer criou o Clube dos Filhotes, reunindo jovens velejadores para representar o clube em competições nacionais e internacionais, sendo o início das atividades de ensino ao esporte de vela.

Depois de fundar o clube, o patrono Leopoldo Geyer queria incentivar o esporte de vela esportiva. E como a faixa etária dos sócios fundadores era mais elevada, foi criada em 19 de outubro de 1947, o Clube dos Filhotes dos Jangadeiros, um agrupamento de jovens velejadores que teria a missão de participar das competições oficiais em todos os níveis, representando as flotilhas do clube. Pela falta de espaço na sede para abrigar os barcos e demais instalações aos velejadores, o clube decidiu comprar uma área em frente ao clube onde já funcionava um estaleiro, pertencente ao carpinteiro Orlando Gomes que ali morava com a família. O Clube dos Filhotes foi o precursor da atual Escola de Vela Barra Limpa e formou as primeiras duplas de velejadores do clube, como os irmãos Arno e Kurt Keller além de Walter Steiner, Werner Spieker, João Antonio Martinez, Paulo Lehmann, Sérgio Nietscke, Manoel Sarmento Barata, Leoni Piccolo, entre outros, com idades de 11 a 16 anos. Foi uma fase importante para que o clube participasse das competições em diferentes classes, com velejadores preparados especialmente para a disputa das regatas, nas classes de monotipos, além do incetivo às competições de vela de Oceano, como as regatas da classe “Jangadeiros”, que formaram os nossos primeiros cruzeiristas.

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ESCOLA DE VELA

Walter Hunshe, o Barra Limpa Ao lado da porta principal que dá acesso à Escola de Vela está lá o painel, em escultura de cimento, com destaque ao nome Barra Limpa. O apelido do velejador Walter Hunshe e campeão brasileiro da classe Pinguim, se tornou o nome da escola desde sua fundação, há 36 anos.

A homenagem partiu de seu pai, Werner Hunshe, que fez a doação do projeto e da execução da Escola de Vela quando a Ilha dos Jangadeiros estava na fase final de construção. Seu filho, o Barra Limpa, faleceu em um acidente de trânsito na capital em 1971 e a família decidiu manter os sonhos do jovem velejador através deste gesto, através de um espaço de formação para as futuras gerações de velejadores. Em quase quatro décadas a escola de vela já formou centenas de velejadores nas mais diferentes classes de monotipos, para crianças e adultos. Também é responsável por cursos de Vela Oceânica e para habilitações em Arra Ar raais is,, Mestre Mesttre Me re e Capitação. Cap pit itaç ação aç ã . Arrais, Escola de Vela

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Pela escola já passaram centenas de campeões e velejadores que buscam aperfeiçoamento técnico em busca das habilitações exigidas pela Marinha para navegação em Oceano. Na Escola de Vela Barra Limpa o único requisito é querer aprender a velejar. Talvez por isso uma característica venha se repetindo a cada Curso de Iniciação à Vela. São pais e filhos, irmãos e irmãs, tias e sobrinhos, netos e avós, que começam a aprender juntos. “Acontece muito de o pai trazer o filho para a aula de Optimist e acabar se interessando pelo esporte”, conta Rodrigo Aquino, professor da Escola de Vela Barra Limpa, há quase quatro anos. Outro caso destacado por Aquino é o do aluno que faz o curso e, quando chega em casa e fala sobre as

Barra Limpa

aulas, contagia os demais familiares. “Muito casais começam juntos também”, frisa. E iniciar na Vela ao lado de um familiar se tornou tão rotineiro no Clube dos Jangadeiros que até o próprio diretor da Escola de Vela Barra Limpa, Luiz Fernando Schramm, começou assim. “Um dia a minha filha me convidou para fazer o Curso de Iniciação à Vela. Vim só pra acompanhar e nunca mais sai do clube”, conta Schramm, completando em seguida: “Associeime, comprei barco, fiz outros cursos na Escola e hoje passo as minhas tardes no Jangadeiros”. O curioso neste caso é que a filha de Schramm acabou deixando o esporte de lado, enquanto o pai é um apaixonado confesso tanto pela Vela quanto pelo Clube dos Jangadeiros. Mas os casos não param por aí. Integrantes do Curso de Iniciação à Vela – Nível 2, os alunos Fernando, 19 anos e Rafael Rojas Braga, 22 anos, são irmãos e velejam juntos há vários anos. Na mesma turma está Eliana, 39 anos e Max Lima da Fonseca, 14 anos. Eliana é tia de Max. E todos têm em comum o prazer de velejar ao lado de um familiar. “A Vela hoje é uma coisa que nos une”, conta Fernando. E a situação não é diferente com Eliana e Max. “É um momento que podemos conversar com calma e curtir bastante”, diz a tia coruja. A Ja JJangada ng gad da • 21 21

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A vitória do Magia no Troféu Cayrú A falta de ventos, que prejudicou o primeiro dia das regatas, não impediram as belas disputas nas regatas do dia seguinte do 21º Troféu Cayru de Vela de Oceano. Realizada nos dias 22 e 23 de outubro, a competição contou com a participação de 35 barcos.

No final, a festa foi toda do Clube dos Jangadeiros, o organizador do campeonato, que teve vitórias de seus barcos em todas as classes. Além dos representantes do anfitrião, participaram do evento competidores do Veleiros do Sul , do Sava Clube, do Iate Clube Guaíba e do Rio Grande Yacht Club. O grande campeão da tradicional regata de oceano foi o Magia, de Rodrigo Castro, do Clube dos Jangadeiros. Além de vencer na classe RGS B, o barco ficou com o primeiro lugar geral da competição, com uma vantagem de apenas 23 segundos no tempo corrigido, em relação ao segundo colocado, o Kamikaze XI, de Hilton Piccolo. O terceiro lugar ficou com o Taz, de Airton Schneider, seguidos pelo Virtù, de Nilton Beccon, ambos do Clube dos Jangadeiros.

J-24 Mais uma vitória dos donos da casa. E que bela surpresa. Comandado pelo vice-comodoro esportivo, Francisco Freitas, o Cosa Nostra contou com a ajuda do experiente Andre Wahrlich e do jovem Luís Augusto Lagemann Mergel para alcançar a vitória na classe. O segundo lugar ficou com Tango, de Alex Luiz, seguido pelo Iucca, de Claudio Ruschel, ambos do Veleiros do Sul.

Microtoner 19 A vitória ficou com José Antônio Torelly Campello e o seu Thermopylae. O velejador do Clube dos Jangadeiros venceu com tranquilidade, chegando com uma boa vantagem sobre o segundo colocado, o 14 Bis, de Humberto Blattner, do Sava Clube. A terceira posição ficou com o Wahoo, de Ricardo Rabaldo, do Clube dos Jangadeiros. O Velejaço da Bienal do Mercosul terminou com a vitória do Friday Night, de Frederico Roth, do Veleiros do Sul, na classificação geral. Em segundo lugar, mais um representante do Clube dos Jangadeiros: o Boa Vida IV, de Marcelo Bernd, que ainda saiu vitorioso na Força Livre. Agora é só aguardar a XXIIª edição em 2012.

Magia (campeão do Troféu Cayrú)

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VELA DE OCEANO

Classificação final:

A tripulação do Magia recebe o Troféu Cayrú do Vice-Comodoro Esportivo, Xico Freitas e do Comodoro Renê Garrafielo

A tripulação do Kamikaze XI

O comandante do Friday Night, Frederico Roth, e o vice-comodoro Esportivo do Veleiros do Sul, Eduardo Ribas.

A tripulação do Boa Vida IV

A tripulação do Tango

A tripulação do Cosa Nostra

A tripulação Thermopylae

A tripulação do Taz

RGS 1º Magia – Rodrigo Castro (CDJ) 2º Kamikaze XI – Hilton Piccolo (CDJ ) 3º Taz – Airton Schneider (CDJ) 4º Virtù – Nilton Beccon (CDJ) 5º Delirium – Darci Norte Rebelo Jr. (CDJ) 6º Little Wing - Rodrigo Castro (ICG) 7º Cib’s - Rodrigo Castro (Sava) 8º Hawa – Marcelo Kern (CDJ) RGS A 1º Kamikaze XI – Hilton Piccolo (CDJ ) 2º Virtù – Nilton Beccon (CDJ) 3º Delirium – Darci Norte Rebelo Jr. (CDJ) 4º Little Wing - Rodrigo Castro (ICG) RGS B 1º Magia – Rodrigo Castro (CDJ) 2º Taz – Airton Schneider (CDJ) 3º Cib’s - Rodrigo Castro (Sava) 4º Hawa – Marcelo Kern (CDJ) RGS Esteante 1º Hawa – Marcelo Kern (CDJ) J-24 1º Cosa Nostra – Francisco Freitas (CDJ) 2º Tango – Alex Luiz (VDS) 3º Iucca – Claudio Ruschel (VDS) 4º Good News – Henrique Ilha (RGYC) 5º Sapeca – Walter Bromberg (VDS) 6º Vento Negro – Thiago Ribas (VDS) 7º Equilibrium – Roberto Paradeda (VDS) MT 19 1º Thermopylae – José Antônio Torelly Campello (CDJ) 2º 14 Bis – Humberto Blattner ( Sava ) 3º Wahoo – Ricardo Rabaldo (CDJ) 4º Catavento – Mário Lima (Sava) 5º Gazeio – Mauro Marcelo Lino (Sava) Velejaço 1º FridayNig ht – Frederico Roth (VDS) – Cruzeiro 40 2º Boa Vida IV – Marcelo Bernd (CDJ) – Força livre 3º AquarioI I – Henrique Ilha (VDS) – Cruzeiro 30 4º Alvará – Cid Paim (CDJ) – Cruzeiro 23 5º Sir Wallace – Eduardo Grafulha (ICG) – Cruzeiro 30 6º Jodan3 – João Daniel Xavier Nunes (CDJ) – Cruzeiro 30 7º Kauana2 – Paulo Angonese (CDJ) – Cruzeiro 30 8º Usa Maior III – Eduardo Dipp Barros (CDJ) – Cruzeiro 26 9º BoltI I –Gustavo Diefenthaeler (Sava) – Cruzeiro 20 10º Desafio – Reinaldo Roesch (ICG) – Cruzeiro 23 11º Pampero – Mauricio Mancini (ICG) – Cruzeiro 23 12º ZildaI II– Luiz Saldanha (CDJ) – Cruzeiro 30 13º Pazzo Per Te – Fabrício Henrique Paim (CDJ) – Cruzeiro 35 14º Longitude – Jorge Decken Debiagi (CDJ) – Força Livre 15º FiveS tars – Luis Fernando da Silveira (ICG) – Cruzeiro 30

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San Chico 2 é campeão Brasileiro de ORC Com uma atuação no Circuito Rio, realizado de 27 a 31 de outubro, no Rio de Janeiro, o San Chico 2, do Clube dos Jangadeiros, garantiu o título do Campeonato Brasileiro de ORC Internacional (Geral). A competição foi a última das quatro etapas disputadas ao longo deste ano.

A tripulação vitoriosa do San Chico 2

“A nossa tripulação não estava apenas querendo vencer o Brasileiro, queríamos mais. Se pudéssemos vencer o Circuito Rio, seria perfeito”, revelou o timoneiro do San Chico 2 e vice-comodoro Esportivo do Clube dos Jangadeiros, Xico Freitas. E foi exatamente isto o que aconteceu. Mas a vitoriosa jornada começou, de fato, em fevereiro, na cidade de Florianópolis, onde o San Chico 2 obteve um 3º lugar na Mitsubish Motors Sailing Week. Em abril, o destino foi Búzios, onde a equipe havia sido campeã em 2010. A turma do comandante Francisco Freitas não decepcionou, conquistando o bicampeonato da Búzios Sailing Week. A terceira etapa do Campeonato Brasileiro foi realizada em Ilhabela (SP), onde aconteceu a tradicional Rolex Ilhabela Sailing Week, na qual o San Chico 2 terminou em 4º lugar. Por fim, veio o Circuito Rio.

Em águas cariocas, a equipe gaúcha não quis saber apenas de administrar a vantagem obtida nas etapas anteriores e velejou também de olho no título da ORC 600. E não deu outra: após sete regatas, o representante do Clube dos Jangadeiros terminou a frente dos dois principais adversários, o Lucky e o Ventaneiro, conquistando o título da ORC 600 no Circuito Rio e fechando o Campeonato Brasileiro com chave-de-ouro. Fizeram parte da tripulação do San Chico 2 ao longo das quatro etapas do Campeonato Brasileiro de ORC Internacional: Francisco Freitas (Comandante), Xico Freitas (Timoneiro), Fernando Thode (Tático), Rodrigo Rosa (Escotas), Marcio Rosa (Proeiro), Damien Bercht (Adriças), Airton Schneider (Adriças), Pedro Mota (Escotas e Segundo Proeiro) e Fabrício Moro (Skipper nos translados e escotas).

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Vem aí o Campeonato Brasileiro de Optimist Com o objetivo de conquistar vagas no Sul-americano da classe, a flotilha dos Clube dos Jangadeiros participa do Brasileiro nas categorias Veteranos e Estreantes. A competição será realizada de 12 a 22 de janeiro com cerca de 200 competidores. Por Ivan Netto

A Flotilha da Jangada contará com 16 velejadores no Campeonato Brasileiro de Optimist

O Clube dos Jangadeiros vai sediar no início do próximo ano um dos maiores eventos da vela nacional. Trata-se do Campeonato Brasileiro da Classe Optimist, que será realizado de 12 a 22 de janeiro e deve reunir quase 200 velejadores. E a Flotilha da Jangada promete dar o que falar. Serão 13 veteranos (Américo da Costa, Breno Kneipp, Bruno José Ramos, Camila Rukat Maia, Giovane Pistorello, Guilherme Plentz, Isadora Pignataro, João Pedro Tastch, João Emilio Vasconcellos, Marcelo Galicchio, Pedro Zonta, Philipp Rump e Thomas Rodrigues) e três estreantes (Gabriel Kern, Ian Paim e Vitor Paim), representando o clube. “Estamos preparando a equipe durante o ano todo pensando nesta competição”, conta o treinador da Flotilha da Jangada, Átila Pellin, que ainda revela: “Temos dois ou três velejadores com boas chances”. Ele lamenta a perda de Giovanna Pignataro, Lucas Aydos, Luís Augusto Mergel e Tiago

Brito, que não poderão participar da competição por causa do limite de idade, mas afirma que mesmo assim a expectativa ainda é muito boa. “O nosso objetivo é colocar pelo menos um ou dois velejadores no próximo Sul-Americano”, pondera. E a gurizada parece mesmo estar bem animada com a proximidade do campeonato. Além da grande presença nos dias de treino, tem sido comum encontrar jovens velejadores praticando em outros dias e horários. “Estou treinando bastante porque quero melhorar a minha colocação em relação aos últimos dois brasileiros”, explica Pedro Zonta, de 13 anos, 68º colocado em 2010, em Salvador, e 29º em 2011, no Rio de Janeiro. Ele é um dos destaques da equipe, tendo conseguido importantes resultados nos últimos meses, como o vice-campeonato do Brasil Centro de Optimist, disputado em julho, em São Paulo. A nossa jovem promessa mostra uma consciência

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MONOTIPOS impressionante ao falar sobre as vantagens de conhecer a raia e as suas preferências na hora da regata. “Temos a vantagem de não precisar aprender sobre a raia, o que nos dá a chance de focar os treinamentos na parte técnica”, diz o garoto, que veleja desde os 10 anos, emendando em seguida: “Gosto de velejar com vento médio, mas estou me preparando para qualquer situação”. Se os nossos jovens velejadores estão se preparando para fazer o melhor dentro d’água, a Comodoria não deixa por menos e capricha na preparação da infraestrutura para receber os competidores. “Temos uma estrutura diferenciada em relação aos outros clubes náuticos, com dois restaurantes muito bons, duas rampas e muito espaço para as flotilhas”, destaca o vice-comodoro esportivo, Francisco Freitas. E a ideia é seguir melhorando cada vez mais o que já existe. As obras do Projeto de Revitalização e Atualização do Continente já foram iniciadas e, em breve, darão outra cara para a entrada do Clube dos Jangadeiros. “Queremos fazer um campeonato que depois o pessoal saia daqui dizendo ‘que clube bom, que clube legal’. A ideia é fazer a festa em casa”, finalizou.

João Emílio Vasconcellos

Pedro Zonta - Optimist

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