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TERESA TEIXEIRA
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TERESA TEIXEIRA Nasceu em Matosinhos, a 20 de Julho de 1984. Desde muito cedo que resolveu que queria seguir pelo mundo das histórias e em 2002 ingressou no curso de Comunicação Social no Instituto Politécnico de Coimbra. Começou a percorrer caminho ainda durante o curso, na Rádio Universidade de Coimbra e passou por alguns projetos regionais e nacionais. Neste momento trabalha como freelancer e está a concluir o Mestrado em Comunicação Multimédia da Universidade de Aveiro. X
Mark Boyle Um homem singular
Mark Boyle não tem dinheiro. Nenhum. Nem quer ter. Há cerca de dois anos mudou-se para uma quinta nos arredores de Bristol e abdicou completamente de tudo o que o ligava à sua antiga vida. Tudo porque queria ser a mudança que deseja ver nos outros.
Declarar que vivemos tempos conturbados pode parecer uma afirmação demasiado opinativa, sobretudo se é jornalista. Mas numa altura em que somos bombardeados com notícias de instabilidade e “crise” se tornou um dos termos mais utilizados do nosso léxico, esta afirmação torna-se apenas um lugar-comum com que qualquer pessoa concordaria. Quais quer que sejam as suas opiniões sobre esta famosa crise e as suas causas, a verdade é que muitos de nós têm vindo a perguntar-se sobre o rumo que tomamos e se é nestes alicerces que queremos continuar a estabelecer a nossa ordem social. Mark Boyle sentiu essa
mesma inquietação em 2002, ano em que concluiu o curso de Economia. Há dois anos essa inquietação atingiu um pico máximo e Mark deixou tudo para trás e mudou-se para uma quinta a 30 quilómetros de Bristol, onde vive agora rodeado de natureza e sem um tostão.
Gandhi como inspiração Mark Boyle refere que a sua vida teria seguido um curso perfeitamente regular não fosse ter visto um vídeo sobre a vida de Mahatma Gandhi. Formado em Economia, Boyle indica, numa das suas inúmeras entrevistas, que nunca ouviu o termo ecologia ao longo
da sua formação e que muito provavelmente também teria seguido o ramo empresarial mais tradicional se não tivesse tido contacto com a vida do activista indiano. A história do famoso líder espiritual inspirou este irlandês a procurar agir para mudar algo no mundo. “ O único problema é que eu não sabia o que queria mudar”, refere Mark Boyle. Resolveu então trabalhar para empresas eticamente elegíveis e que lidavam com a produção de comida orgânica. Mesmo assim, esta solução continuou sem preencher totalmente o britânico, que indica ter percebido então que estávamos a tentar resolver os problemas do Mundo sem
resolver a sua causa, olhando apenas para os seus sintomas. E para Mark Boyle a causa de muitos dos problemas globais reside no sistema capitalista e no consumismo. Por isso mesmo, resolveu provar que era possível passar um ano sem dinheiro. Deixou o emprego e mudouse para a sua caravana que estacionou dentro de uma quinta de produção orgânica nos arredores de Bristol. Foi acusado de ser extremista e muitos foram os que apostaram que não conseguir aguentar este modo de vida durante muito tempo. Isto aconteceu em Novembro de 2008. Mark ultrapassou o desafio e mantém até hoje o mesmo estilo de vida que, como o
próprio afirma no seu blog (http://www.justfortheloveofir.org), “se tornou rapidamente um hábito” e a única forma como se sente feliz. “O plano inicial era viver assim por um ano, mas já se passaram mais de dois e sinceramente não percebo porque devo mudar quando nunca fui mais feliz e saudável. Para quê voltar para um estilo de vida onde sempre me senti infeliz?”, referiu em declarações à RTP.
Como viver sem dinheiro A pergunta que impera, quando pensamos no estilo de vida de Boyle, é perceber como po-
demos viver totalmente sem dinheiro, quando há muitas necessidades básicas que dependem do vil metal. Como se alimenta, veste e lava este britânico sem qualquer rendimento? É numa crónica semanal no jornal inglês “The Guardian” que Mark conta como o faz e dá dicas para quem queira alterar o seu estilo de vida. Este ex-economista toma banho num chuveiro improvisado que é aquecido a luz solar e para lavar os dentes utiliza uma pasta de dentes à base de sementes de funcho e cartilagem de peixe. A sua caravana foi recuperada de um ferro velho e o seu fogão só trabalha a lenha. A
comida que consome é plantada por ele mesmo na quinta ou é recolhida junto dos desperdícios de restaurantes e supermercados na área. O seu telemóvel e computador são carregados através da energia solar. Não tem casa de banho e não compra papel higiénico: para essas necessidades específicas reutiliza o jornal. A roupa que tem é paga com alimentos ou reutilizada a partir do que encontra no lixo. Mark paga a conexão à Internet com trabalho na quinta e usa a bicicleta como único meio de transporte. Uma vida sem luxos que o próprio admite ser solitária algumas vezes, mas que criou raízes profundas junto dos muitos seguidores que
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já granjeou pelo globo.
Freeconomy: uma nova comunidade Para além de ter mudado todo o seu estilo de vida, Mark Boyle procurou também dar projecção à sua cruzada contra o consumismo. Por isso mesmo criou a comunidade online Freeconomy, que potencia e divulga a troca livre de produtos e serviços entre as pessoas. Este espaço faz com que os utilizadores falam uso das suas capacidades e as troquem por outros bens e serviços que necessitem. Podem-se trocar alfaces por cortes de
cabelo, uma reparação por uma explicação e assim por diante. A base da troca faz-se na solidariedade e na despensa do dinheiro como forma de gratificação. Para além da comunidade, o ex-economista lançou em Junho de 2010 o livro “The Moneyless Man: A Year of Freeconomic Living” (O homem sem dinheiro - um ano de economia livre) que relata em primeira mão como foi a experiência de trocar a confortável vida em Baltimore, com uma casa grande e um carro moderno, por uma vida simples e sem luxos. Para Mark Boyle, que se considera como um homeopata social por trabalhar a raiz dos problemas, a troca valeu a pena por aquilo que
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aprendeu e que resume em duas orações: a maior pobreza no mundo Ocidental é a de espírito e a amizade é a única grande segurança.
Presença marcante no TED’x Porto Mark Boyle foi uma das presenças mais aguardadas e controversas da edição portuense do TED’x. Boyle foi integrado no painel Mar e aproveitou os seus 15 minutos para explicar um pouco da sua vida e das suas motivações. No seu blog, o irlandês referiu que a sua resposta normal a um convite para fazer uma “viagem de 5000 quilómetros para outro país para
dar uma conferência de 15 minutos seria um delicado não”. Mas devido a ser um evento TED, Boyle não pode dizer que não. “Eu sou fã dos TED há imenso tempo, não só porque acho os vídeos dos seus intervenientes muito inspiradores, mas também pela filosofia que está presente em tudo o que fazem”. Devido às restrições a que se impõe, o britânico foi mesmo um dos convidados mais difíceis de trazer para o evento, já que não usa selos para enviar a resposta por correio e nem poderia vir de avião. Boyle usou os seus 15 minutos para descrever o seu estilo de vida e explicou em traços gerais como sobrevive sem dinheiro. Na hora
de explicar a sua opção, Mark apelou à mudança nas pessoas. “Cada um de vocês, seja qual for a vossa crença, mesmo que seja completamente diferente da minha, vá e seja a mudança que quer ver no mundo. Não façam nenhuma diferença entre a vossa cabeça, o vosso coração e as vossas mãos. A altura pede que os soldados da paz sejam tão corajosos e destemidos como os soldados da guerra. É uma altura de acção, não de palavras. Por favor, sejam soldados da paz, sejam corajosos e destemidos e transformem os vossos pensamentos em acções ”. A sua intervenção foi ovacionada de pé. X
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Midas A necessidade de ajudar os amigos “A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser julgados pela forma como os seus animais são tratados” Mahatma Gandhi
Para o líder indiano o conceito era simples. Não se escolhe ajudar animais em vez de pessoas. Escolhe-se ajudar. Escolhe-se acreditar que todos aqueles que vivem neste mundo têm sentimentos. Neste espírito, fomos conhecer a Midas, uma associação de apoio aos animais em luta pela permanência.
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Limpar a imagem e recomeçar é mais complicado do que começar do zero. Que o diga Cristina Ferreira, da direcção da associação matosinhense Midas (Movimento Internacional em Defesa dos Animais). Actual vice-presidente da instituição, esta professora começou como voluntária há dois anos. Devido à vontade de ajudar os animais, resolveu há alguns meses assumir o desafio de fazer parte da mudança para a associação e desde Setembro que é vice-presidente da mesma. “Surgiram vários problemas na Midas, rumores de dinheiros mal geridos, sócios que se queixavam de não ter recibos dos donativos e as condições da associação que não melhoravam. Apareceu então um grupo de pessoas preocupado com os animais, com vontade de trabalhar para eles. Ao fim de algum tempo conseguiu-se realizar eleições e surgiu uma nova direcção” A Midas nasceu em 1998 e dedica-se desde o início à recolha e tratamento de animais abandonados. Há algum tempo que a instituição enfrenta problemas financeiros e logísticos que levaram à actual situação de debilidade que vive. Ao seu abrigo tem neste momento 150 animais, entre cães e gatos. “Estamos com grandes problemas financeiros. Com a última campanha feita angariamos dinheiro e ração para os próximos dois meses,
mas já temos que estar a pensar nos próximos”, refere Cristina Ferreira. Para além das despesas diárias, a Midas necessita também de melhorar as suas instalações, que necessitam de algumas alterações para se tornarem mais adequadas aos animais. “A estrutura do centro precisa de ser reforçada, há animais que conseguem furar as redes e temos poucos abrigos para protecção em tempos de chuva. Também queríamos fazer divisões internas nos canis para não haver conflito. Falamos basicamente na possibilidade de conseguir materiais de construção civil e serralharia para podermos melhorar as instalações: tijolo, cimento, vigas de ferro. Queremos melhorar condições e mantê-los saudáveis e alimentados”. O esforço para salvar a associação tem sido grande e envolve cooperações com outras instituições como a “Got Food?” e mesmo espaços culturais no Porto, como o Contagiarte, que ajudam a angariar fundos para esta causa. Esforços importantes, mas que ainda não são suficientes. Para conseguir mudar o curso dos acontecimentos, Cristina Ferreira realça que o mais importante é recordar o que está verdadeiramente em causa. “As pessoas têm que se focar nos animais e não nas pessoas. Penso que este é mesmo um problema da conjuntura social. Liga-se demais às pessoas
e aos problemazinhos e não ao que realmente importa. Queremos que os sócios olhem para o MIDAS e não vejam as pessoas, mas vejam os animais. São eles que contam. A questão financeira seria solucionada se alguns dos sócios renovassem as inscrições, seria uma ajuda imensa. Esse dinheiro daria para pagar a um funcionário para estar aqui de segunda a sábado, para a alimentação dos animais e para os cuidados veterinários urgentes”. O trabalho de uma associação como a Midas é e definição bastante duro. Duro pela dificuldade em lidar com a tristeza de um animal abandonado ou mesmo mal tratado. A manutenção dos animais e as dificuldades financeiras que encontram tornam o caminho mais difícil, mas Cristina Ferreira acredita num futuro melhor. Prova disso é o facto do número de adopções na Midas ser neste momento de 20 por mês. Um marco para quem conhece de perto a alegria de ver um animal sozinho ser adoptado. “A maioria destes animais foi abandonada adulta. Sofreram na pele o abandono e muitos sofreram mesmo maus tratos. Quem nunca sentiu o amor de um animal abandonado depois de adoptado não sabe o que é o amor verdadeiro. São os melhores amigos, indiscutivelmente”. Longe das habituais expressões de pessimis-
mo, Cristina Ferreira vê boa vontade por parte das pessoas, que são sensíveis a esta causa. Prova disso são as ajudas recebidas, como os dois veterinários que ajudam voluntariamente no tratamento dos animais. Uma ajuda preciosa, que pode vir a ser aumentada quando for desbloqueado um acordo com a Faculdade de Medicina Veterinária, em pausa devido a questões com a Câmara Municipal de Matosinhos. O importante para associações não lucrativas como a Midas é a solidariedade das pessoas. Cabem muitas definições e significados dentro da palavra voluntário. Pode-se ajudar com trabalho no terreno, fora do terreno, com apoios, donativos e apadrinhamento. Tudo possibilidades contempladas no site da associação. E qualquer tipo de ajuda é sempre um apoio. “Há muitas formas de se ser voluntário para além do trabalho no campo. Para quem não consegue lidar com essa parte há outras coisas para fazer fora do terreno. Isto não é uma obrigatoriedade, voluntário não é funcionário, vem quando quer e quando pode”.
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X Abel Salazar “O homem foi um tipo foi importante, caramba” Abel Salazar desapareceu há mais de 50 anos. Homem da ciência e das artes deixou uma obra vasta e uma vida de exemplo humanista Mas o que sobrou hoje deste homem, além de um nome para a posteridade?
Abel Salazar
não era um homem de cerimónias. Do que se conhece da sua vida, sabe-se que era amigo do porteiro da faculdade de medicina, ajudava as mulheres da sua rua a concertar panelas e falava abertamente com os seus alunos nas aulas, defendendo um ensino sem formalismos. Quando morreu, em 1946, o seu funeral, que a PIDE tentou impedir, foi composto de um cortejo enorme que se quis despedir do artista. Sinceramente desgostosos, muitos foram os que procuraram preservar a sua herança artística e científica. Mas hoje, mais de 50 decorridos sobre a sua morte, o que nos sobrou deste homem? Uma escola com o seu nome, uma casa-museu, algumas ruas baptizadas em sua honra. Para conhecer além disso, o “Matosinhos Hoje” foi percorrer alguns caminhos de Abel Salazar e procurou entrar em contacto com a obra actual deste homem. Descobrimos um pensador que está presente através da sua obra, da mostra de que o conhecimento não é estanque nem tem limites. Mas que vive através do seu exemplo de humanismo.
turas, obras de cobre martelado, edições dos seus tratados sobre ciência e filosofia reunidas para a posterioridade. As fotos de Abel mostram um homem de sorriso fácil e cigarro ao canto da boca, com um ar afável e um certo brilho de curiosidade. Luísa Santos, directora da casa museu, é um dos três funcionários que se propõe a manter viva a figura de Abel Salazar. Um esforço que passa sobretudo pela aposta na parceria com as escolas. “A Casa fica um bocadinho fora das rotas e está mal servida de transportes, pelo que temos que fazer muito trabalho com as escolas para trazer aqui gente. Temos feito muitas parcerias e ligações a outras instituições, como ao Instituto de Biomédicas Abel Salazar. Os alunos das biomédicas fazem aqui agora a sua praxe, o que é interessante. As biomédicas também fazem uma semana cultural todos os anos tendo como figura base o Abel Salazar.
Casa Museu – um mundo de intimidade A casa de Abel Salazar parece a típica casa da costa, com grandes vidraças, portadas em madeiras e um jardim amplo. Lar para este homem, que certamente na altura gostava de habitar num sítio recolhido do buliço da cidade, guarda a maior colecção de obras do autor. São dezenas de pequenos desenhos, caricaturas, pin-
Depois colaboramos em colóquios e exposições com a Universidade do Porto e estamos mais em rede com os museus universitários, são novos caminhos de divulgação. Mas a nossa maior aposta é comas escolas, porque acabam por ser a maior ligação à comunidade”.
Através do conhecimento dado aos alunos, procura-se fomentar o interesse numa figura que se interessou por sua vez por quase tudo o que a rodeava. “Acho que ainda há imenso interesse em torno da figura de Abel Salazar.
hou fama internacional, é um marco. Mas, se para além disso, se é um escritor e um artista plástico de reconhecido talento, então é simplesmente único. “Acho que hoje se admira outra vez homens como ele, do século IXX e da primeira metade do século XX. Um homem que abrangia muitos campos do saber, enquanto hoje se entra cada vez mais na parte das especialidades e deixou-se essa cultura mais vasta. Torna-se a olhar para esta cultura como uma cultura ideal”.
Escola Abel Salazar: ganha vida o artista Para além do trabalho de parcerias, aparecem sempre instituições ou editores em fazerem trabalhos sobre o Abel Salazar. É uma prova de que o Abel Salazar continua vivo e presente, senão não chegava a essas áreas”, refere a responsável. Por isso mesmo, a casa museu aposta em revelar não só a obra, mas a vida do artista. Porque conhecer a casa de Abel Salazar é o primeiro passo para se ter um vislumbre das suas muitas facetas. “Não há visitas à casa sem serem guiadas. Não tem sentido conhecer esta casa sem contar a história do personagem que a habita. Há sempre aquela pequena história que motiva as pessoas a conhecer o homem”. Quando questionada sobre o que mais fascina na história de Abel Salazar, Luísa Santos não tem dúvida: um espírito multifacetado que já não acontece frequentemente nos dias de hoje. Ser um cientista bem sucedido, que tirou 20 na sua tese de licenciatura e que gan-
É aqui neste espaço, entre os gritos dos alunos no intervalo, a pressa de professores e funcionários, toques de campainha e confusão constante, que decorre um dos projectos mais interessantes sobre a vida de Abel Salazar. Um grupo de alunos da disciplina de teatro, liderados pela professora Celda Soares, envolveram-se num plano que visa reabilitar o espaço escolar e a memória do patrono da instituição. Bruno, Daniela, David, Fabiana e Chquinho são alunos do Secundário que aproveitaram as férias de Verão para dar nova vida à escola. “Era ano de posse do novo director, estávamos muito emprenhados em marcar a diferença com novos projectos e foime lançada a proposta de mudar a sala de estudo. Eu comecei a olhar para estas paredes, que eram cinzentas e horríveis, e comecei a imaginar cores e coisas. E depois achei, em conversa com os miúdos, urgente revelar a obra do Abel Salazar”. E porquê a escolha de
Abel Salazar? A pergunta impõe-se enquanto passeamos pelo bloco C, todo ele pintado com motivos dos trabalhos do artista. A obra culmina num enorme mural no átrio que reproduz as carvoeiras, mulheres do povo como muitas que Abel pintou. “É preciso ligar os alunos à escola, criar uma conexão emocional. E a identidade da escola, não tendo obrigatoriamente que ser construída a partir do patrono, neste caso faz sentido. O homem foi um tipo foi importante, caramba. E nós somos pessoas que trabalhamos diariamente com cultura, é nossa obrigação divulgar e conhecer”. Juntos, alunos e professora visitaram a casa museu e fotografaram obras que depois queriam reproduzir. Mais uma vez, o ideal de Abel: a arte disponível para todos. As mulheres do artista, que os alunos reproduziram em trabalho de Educação Visual, foram só o primeiro passo. “Reproduzimos na parede da sala de estudo a carta encriptada que está na casa museu. E depois começamos a ver outras obras deste desenhador compulsivo e seleccionamos alguns para pintar nas paredes. Pintamos depois as cadeiras e nas costas vamos agora reproduzir alguns pormenores daquela carta. E queremos por duas cadeiras no tecto com caricaturas de Abel, uma em frente da outra, em diálogo. Nasceu um projecto maior, que é divulgação da obra em vários sítios da escola e que culmina no final do ano com um espectáculo andante chamado “Tributo a Abel Salazar” que vai ocorrer nos patamares da escola”. Os alunos tornaram-se conhecidos de Abel com este projecto. “Já tínhamos ouvido falar, mas
confundíamos sempre com o ditador. Quando começamos a fazer estes trabalhos em Visual e Português é que começamos a conhecer”, conta Fabiana. O projecto interligou várias disciplinas e apelou à criatividade dos alunos. O fascínio pela figura refere-se numa frase simples: “Ele sabia de tudo”. Cientista, médico, investigador, artista, escritor, homem. Abel Salazar foi todas estas coisas. A sua memória cultiva-se através da vontade dos que ainda trabalham com e para ele. E se é uma empreitada difícil, como o são todas as que estão ligadas à cultura, o entusiasmo dos alunos mostra que o seu exemplo tem demasiada importância para ser ignorado. “Era um humanista. E essa faceta de humanista na sua obra é urgente nos dias de hoje, nas políticas e nas crises que passamos. Ele dava-se com as pessoas mais humildes do povo e com grandes cientistas e pensadores. Abel Salazar não tinha sentido de distância com os outros, era um homem de fácil acesso que nas suas obras isola características humanas muito interessantes. E que no final foi vítima de um regime que o isolou. Não é nada forçado convocá-lo à escola, é mesmo natural.”, remata Celda Soares. X
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Jornaleiro digital precisa-se: ainda é possível vender informação na web? Com o nascimento da internet e a sua rápida inclusão no nosso dia a dia, foi sendo estabelecida a ideia deste meio enquanto mass media do futuro. Contudo, ao mesmo tempo surgiu um dilema quase tão antigo como a própria rede: como tornar rentáveis os conteúdos e criar modelos de negócios viáveis para as publicações online? A chave para este mistério tem sido procurada fundamentalmente em duas soluções : a aposta em
conteúdos pagos e o incremento na publicidade – nenhum dos quais com resultados taxativos até à data. A gíria popular diz-nos que o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. Aplicado à problemática da criação de modelos de negócio rentáveis na internet, será caso para dizer que o que nasceu grátis tarde ou nunca conseguirá ser pago?
Do entusiasmo inicial à recessão Foi na década de 90 que Portugal viu nascer os primeiros meios de comunicação online sediados no país. Em 1995 o Jornal de Notícias cria a sua página na rede e torna-se o primeiro meio a dar o mergulho digital. Esta opção foi seguida no mesmo ano pelos diários Público e pelo DN. Em 1997 o Expresso torna-se o primeiro semanário com uma versão digital e este é a ano que vê nascer o primeiro meio de comunicação unicamente digital, o Setúbal na Rede. O advento da internet em Portugal começou cheio de promessas, com muitos profissionais do meio a acreditarem neste novo Eldorado digital e a fazer grandes apostas e investimentos em redações online e sistemas de backoffice preparados para dar suporte à plataforma digital. Contudo, e devido a novidade que o meio online representava no setor, os sites eram na sua generalidade cópias fieis dos conteúdos publicados pelos canais tradicionais, sem nenhum fator verdadeiramente diferenciador que apoiasse esta
crença num boom estrondoso da web. Em 2001 os efeitos da recessão económica fizeram-se sentir com especial incidência na área da comunicação social e os resultados foram sentidos de forma direta nos meios inicialmente disponibilizados para o online: o Expresso, a SIC Online e o Diário Digital dispensaram grande parte dos jornalistas da parte digital (em alguns casos as demissões chegaram mesmo aos 50%) e a aposta na evolução dos media estagnou. No espaço de menos de cinco anos o mercado passou do entusiasmo à estagnação e o período de reflexão começara – se a web era a terra das oportunidades, de que forma poderiam estas quimeras digitais tornarem-se economicamente viáveis?
Atualidade – um terreno em transição O período que vivem atualmente os meios de comunicação online éde difícil definição. É inegável a importância que assume a web enquanto mass media. Os
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profissionais da classe há muito que perceberam esta importância, como nos revelam os resultados publicados em 2005 por João Canavilhas num artigo dedicado ao 4º SOPCOM, Retratos dos jornalistas online em Portugal. “A esmagadora maioria dos jornalistas que trabalha na área do online (90,7%) considera que a web é um novo meio de comunicação social. Quando questionados se o jornalismo online será apenas uma moda, os números são ainda mais expressivos, com 98,1% a discordarem”. Apesar disto, a maioria das plataformas continua a reproduzir digitalmente os conteúdos das versões impressas e aqueles integralmente digitais funcionam numa ótica de agência noticiosa – sem cuidado ou profundidade nas peças. Quase a totalidade opta por disponibilizar os mesmos de forma gratuita – Visão, Expresso, TVI, Jornal de Notícias, Diário Digital são apenas alguns exemplos desta opção maioritária. A aposta económica destes meios faz-se sobretudo pela publicidade, que o utilizador comum da rede sabe que acontece de forma cada vez mais agressiva – por exemplo, qualquer conteúdo de vídeo não é apresentado antes dos obrigatórios 16 segundos de publicidade introduzidos pelo You Tube. Uma das raras exceções a esta regra é o portal do jornal Público, que desde 2005 aposta nos conteúdos pagos como forma de negócio online. Responsáveis do jornal em declarações feitas à data justificaram a mesma com a necessidade de colmatar os custos. “Para além do aumento de custos decorrente da necessidade de mais recursos humanos e técnicos, a versão online levou ao desaparecimento das assinaturas oriundas do estrangeiro, pelo que a situação se tornou ainda mais difícil para o setor online. Por isso, a empresa optou por um modelo de negócio assente no pagamento do acesso à informação”. No final de 2013 a publicação definiu um novo modelo para pagamento dos conteúdos. Num artigo intitulado Os jornais querem voltar a vender notícias a publicação anuncia o sistema adotado: 20 conteúdos disponíveis de forma gratuita por mês, após o que o jornal convida o leitor a realizar uma assinatura digital. Publicidade vs Pagamento – dilema com fim à vista? Apostar na publicidade em detrimento dos conteúdos pagos é, conforme referido anteriormente, a regra geral nos sites de conteúdos noticiosos. A premissa base por detrás desta aposta é a intenção de atrair leitores e assim conseguir o maior número de audiência nos sites, que consequentemente chamem a atenção dos anunciantes e das grandes marcas. A aposta na oferta de conteúdos é natural quando pensamos no nascimento da web – o paralelismo a realizar é similar á colonização do Novo Mundo, feita de forma livre e selvagem, sem regras e sem fundamentos de regulação que orientem o seu funcionamento. A maioria dos conteúdos foram criados de forma gratuita, o que pré-formatou o utilizador da internet. Não estamos predispostos a pagar pela utilização de serviços web – existe quase sempre uma alternativa tão boa (ou quase) para a opção paga que nos propõem. E a crescente inundação de anúncios e bugs publicitários é um mal menor que com alguma paciência e a ajuda de programas vamos contrariando com relativo sucesso. João Canavilhas resume esta teoria no estudo que já mencionamos anteriormente: “A experiência de outros setores económicos indica que é difícil convencer os consumidores a pagarem um bem ou serviço, quando ele foi fornecido gratuitamente durante um longo
período”. São raras as exceções a esta realidade – sendo os serviços da loja virtual do iTunes da Apple uma exceção à regra. O que nos leva à inevitável pergunta – como conseguiu a empresa fundada por Steve Jobs implantar uma cultura de pagamento pelos seus serviços e pelos conteúdos que oferecem quando tantos outros sites, serviços e portais o tentaram sem sucesso? A resposta começa na afirmação de Borja Echevarría, diretor-adjunto do El País, que em declarações ao jornal Público resumiu numa frase a resposta à tão procurada resposta - “A solução deve encontrar-se dentro de cada meio, de acordo com o mercado, com a personalidade do meio, com aquilo que quer ser o título”.
Personalização, dinamização e interatividade Não podemos afiançar se serão os conteúdos pagos ou a publicidade a solução para o futuro económico do jornalismo. Não existe uma fórmula mágica que prometa salvar os meios online e a verdade é que certamente só com o evoluir dos mercados surgirão respostas definitivas às questões colocadas. Mas a verdade estará, na minha opinião, próxima da chave que tornou viável a venda de conteúdos na Apple – a noção de que o produto é tão importante que vale o dinheiro pago. Cada um dos utilizadores dos produtos da marca norte-americana acredita que a qualidade e a promessa que a marca cumpre valem o valor pago pelos mesmos e que seria impossível encontrar algum produto equiparado mais barato ou gratuito. Este conceito aplica-se em todo o sentido aos conteúdos online: páginas digitais com melhores conteúdos, melhor usabilidade e performance atraem mais público (parte do qual disposto a pagar o valor solicitado pelos conteúdos) e consequentemente mais anunciantes. No estudo “A Internet e a Imprensa”, realizado em 2003 pelo OBERCOM, é referido que apesar da dificuldade em convencer o público a pagar conteúdos, existem formas de aumentar essa possibilidade pelo incremento da atualização e fiabilidade da informação, personalização de conteúdos e interatividade com o jornalista. Outro estudo de 2013, do mesmo organismo, intitulado Modelos de negócio em tempos de tensão digital: perspetivas de renovação no caso da Imprensa, complementa esta ideia e acrescenta novas sugestões de melhoramento dos conteúdos web: “Um novo modelo de negócio mais coerente terá de ter em consideração não só as múltiplas plataformas de distribuição, como também um consumidor com preferências mais diferenciadas (i.e. perfis individualizados) muitas vezes afetadas por tendências de “viralidade” (i.e. dinâmicas comunitárias). Um modo de encontrar novas soluções pode passar por combinar inovações tecnológicas (novos dispositivos de leitura e software de produção e consumo de informação) com inovações “organizacionais” e “comerciais”, ampliando o mix de variáveis estratégicas que define o modelo de negócio”. Conceitos que referem que a definição do modelo de negócio de sucesso do online passa não só pela decisão de aposta na publicidade ou nos conteúdos pagos, mas sim na redefinição de como concebemos e pensamos a comunicação digital. A ideia do online como mera ex-
tensão dos meios de comunicação tradicionais continua a vigorar, apesar dos avanços registados nos últimos anos. A verdade é que já se verifica nos sites maior aposta na convergência de suportes, no hipertexto, no design e na atualização de conteúdos. Mas ainda não criamos nada original para o online que não exista nos conteúdos impressos, televisionados ou radiofónicos. E se o conteúdo é o mesmo e a minha decisão é pagar por ele, então certamente que o irei fazer através do suporte a que me habituei. Esta falta de “originalidade” temática e a alienação do perfil do utilizador acabam por dificultar a vida de quem quer vender conteúdos na web e dos próprios publicitários (os mesmos que poderiam beneficiar também com esta personalização e interatividade). Numa visita recente a Portugal, Amy O’Leary, editora online da New York Times, falou em entrevista à Notícias Magazine e resumiu esta ideia “Uma das coisas mais bonitas da internet é que se eu puser um artigo online, as pessoas podem escrever-me de volta um comentário, ofender-me, desafiar-me. E quando temos uma conversa séria com as pessoas, elas sentem-se ligadas a nós. É uma boa oportunidade de nos ligarmos aos nossos leitores e descobrir em que histórias estão interessados. (…) É básico, mas às vezes ainda tratamos o jornalismo como o fazíamos há 100 anos atrás. Temos que atualizar as coisas para competir”. X
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X Feira de Antiguidades e Velharias de Matosinhos Feira dos Golfinhos Jardim Basílio Teles Frente à Câmara Municipal Ao quarto domingo de cada mês Das 8h00 ás 18h00
É já um evento tradicional de Matosinhos, a que novos e velhos aderem de forma igualmente entusiasmada. A Feira dos Golfinhos, que acontece ao quarto domingo de cada mês é uma referência entre os acontecimentos do género. Com lugar marcado sempre na mesma altura, os diversos stands oferecem de tudo aos visitantes, desde antiguidades e velharias aos mais variados objectos de colecção. Quase tudo se pode encontrar na Feira: antigos objectos de prata, colares e camafeus antigos, carrinhos de brinquedo, botões, rádios dos anos anos 50, vinis, livros para todos os gostos, antigos volumes de banda desenhada, cassetes e até roupa em segunda mão. Coleccionadores, curiosos, clientes habituais. Muitos são aqueles que marcam presença com assiduidade no parque para ver e comprar ocasionalmente um outro objecto. O “Matosinhos Hoje” aproveitou o passado Domingo, que foi de sol, para passear na Feira dos Golfinhos e conversar com alguns dos seus comerciantes habituais. As vendas começam cedo, às 8h30 já os comerciantes têm as bancas montadas. O dia promete ser de sol e aos poucos o parque enche-se de visitantes. No início da tarde o movimento atinge o seu apogeu e torna-se fácil perceber a longevidade da Feira dos Golfinhos. Arnaldo Freitas há dezoito anos que monta religiosamente a sua banca de livros no parque Basílio Teles. Cedo começou nesta actividade, que agora é mais um
hobbie. “Aqui tenho cerca de quatro mil livros. Faço comércio de livros a tempo parcial, tenho todos os Domingos ocupados. Isto é mais um entretimento”. Sobre o negócio, a opinião do comerciante é comum à dos seus colegas: já tiveram melhores dias. Mas o movimento na feira de Matosinhos é sempre bom. “Está ao nível das melhores feiras que faço. Depois do interregno de um ano conseguimos trazer a feira ao nível de antigamente. De três ou quatro expositores, agora o parque é pequeno para tantos, está superlotado”. Para muitos dos vendedores presentes na ocasião, a feira é também uma desculpa para conviverem. Muitos já se conhecem mesmo de outras feiras na zona Norte, às quais comparecem todas os domingos. João Regalado é matosinhense e um grande coleccionador de moedas. Em seu poder tem mais de 20 mil exemplares de vários pontos de Mundo. “Isto para mim é mais um hobbie. Comecei a coleccionar desde menino. Só há quatro anos é que comecei a vender, a fazer trocas e a andar em feiras. Tenho notas, moedas, postais, selos e tenho alguns livros. Tento combinar os diferentes itens para aumentar as vendas. Há cerca de dois anos que participo na feira do Golfinho, é uma feira agradável”. Embora o número de visitantes seja considerável, João Regalado assume que as vendas estão “baixinhas”, o que para si já é um hábito. “Eu comecei com isto em tempos de crise e sempre estiveram baixas. É
normal, todos têm problemas”, resume. Muitos dos comerciantes presentes são eles também coleccionadores, que a dado momento resolveram partilhar esse prazer com outras pessoas. Jorge é dono de uma das bancas mais concorridas do certame. Tem antiguidades, como caixas, espelhos e rádios, e objectos para coleccionar, como brinquedos e isqueiros. “É um hobbie que tenho, sou um coleccionador e um dia achei que devia também vender. Mas quando gosto muito de alguma coisa, não deixo de tirar uma foto para me recordar”. Já Dinora Costa começou a vender quando viu que já tinha amealhado coisas a mais para a sua casa nova. “Eu juntei muita coisa ao longo da vida e comecei a achar que devia vender. Vendo loiças, antiguidades e artesanato, tenho rendas, lenços, cobertas. Há 10 anos que vendo na feira. Venho a todas as edições”. E mesmo com a crise a enfraquecer o negócio e o Inverno a torná-lo mais parado, esta comerciante aprecia sempre o tempo que ali passa. “Gosto muito de estar na feira, conversa com os amigos e com os clientes, o ambiente é bom. Mesmo que não se venda, é um dia excelente”. Para António Soberano, reformado, vender na Feira dos Golfinhos é um passatempo e uma forma de ter um rendimento extra. “Estou há muitos anos na feira, já há seis ou sete. Vendo porcelanas, livros sobre o concelho e postais. Comecei a vir porque já estava noutras feiras e porque achei que
devia participar neste”. Este comerciante refere que aquilo que lhe parece ter mais saída na feira são “os vinis, os linhos e os postais sobre Matosinhos”. Mas apesar dos anos de experiência, refere que continua a ter surpresas. “Há peças que penso mesmo que não vou vender e são as primeiras a ir. Há outras que estão aqui meses e, um dia, de repente, às oito da manha são as primeiras a vender”. Se muitos complementam a sua actividade com a venda nas feiras, Domingos Costa fez da actividade uma alternativa quando perdeu o emprego. “Comecei com este negócio quando fiquei sem trabalho, é a minha profissão mesmo. Todos os sábados e domingos levanto-me de madrugada para ir vender”. Especializado em música, expõe para os curiosos uma grande variedade de vinis e os CD. Mas apesar da curiosidade naturalmente despertada pelos seus produtos, Domingos Costa também classifica o negócio como fraco. “Há mais procura, mas as pessoas não têm dinheiro. Tenho discos a partir de 0.50 euros, mas mesmo assim esta complicado. O negócio tem decrescido, há muito movimento mas são só mirones”. Apesar os efeitos generalizados da crise e das dificuldades em manter as vendas, nota-se o entusiasmo entre vendedores e clientes por poderem apreciar objectos de outros tempos. Numa época em que a maioria de nós se rende ao revivalismo na música, na moda e na cultura, estes espaços parecem fazer ainda mais sentido. X
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Sabemos que estamos cá para cá estar. E que não haverá segunda oportunidade. O luxo é saber que podemos enganar-nos. É saber que podemos perder tempo. O tempo é o luxo que a nossa vida não só desrespeita como desmerece.
Miguel Esteves Cardoso
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Teresa Teixeira teresarrteixeira@hotmail.com 937640835