JORNAL

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O ESTADO DE S. PAULO

QUINTA-FEIRA, 4 DE AGOSTO DE 2016

Política COLUNA DO ESTADÃO

ANDREZA MATAIS MARCELO DE MORAES COLUNADOESTADAO@ESTADAO.COM POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/

Investigadores se unem para agilizar processos

D

iante da constatação de que alguns suspeitos aparecem na Lava Jato, Acrônimo e Zelotes, as três principais operações do País, investigadores decidiram dividir tarefas para evitar a duplicidade das apurações e ganhar tempo. Quem tiver mais informações sobre um alvo receberá das outras operações todos os dados contra ele e ficará responsável por concluir os trabalhos. Com a troca do governo Dilma para Temer, alguns investigados perderam foro, outros ganharam. A sinergia vai ajudar a não atrasar as diligências.

» Avançou. A Receita Federal concluiu as investigações sobre os rendimentos de Luís Claudio Lula da Silva e sua empresa, a LFT Marketing Esportivo. O próximo passo é averiguar potenciais ilícitos tributários do filho de Lula. » Motivos. A Operação Zelotes descobriu que de 2011 a 2015, Luís Claudio movimentou cerca de R$ 14 milhões. Parte do valor foi recebida de consultoria acusada de comprar medida provisória. Ele sustenta que é verba de patrocínio de torneio de futebol americano. » Rolando Lero. Partidos que têm cobrado do ministro Geddel Vieira Lima nomeações para cargos no governo ouvem sempre o mesmo mantra: “Vamos resolver”. O jeitão despachado do ministro faz muitos saírem do seu gabinete sem nem perceber que não foram atendidos. » #Ficadica. O PSDB ameaça reagir à altura caso o relator da CPI do Carf, José Carlos Bacelar (PTN), continue acusando o partido de agir para prejudicá-la. Na última reunião, ele disse que a sigla atuou para blindar empresários investigados. O PSDB rechaçou a “provocação”. » Vupt. François Hollande vai assistir a só metade da abertura da Olimpíada.

KLEBER SALES/ESTADÃO

» Amigos. A eleição municipal em Manaus vai unir dois inimigos históricos. O senador Eduardo Braga (PMDB) vai subir no palanque do prefeito Arthur Virgílio (PSDB). O motivo é a indicação de Marcos Rotta (PMDB) como vice.

» SINAIS PARTICULARES. Eduardo Braga e Arthur Virgílio, senador e candidato à prefeitura de Manaus

» Pindaíba. A senadora Marta Suplicy pediu, em julho, reembolso de R$ 1,60 ao Senado. A nota se refere à compra de 5 canetas esferográficas azuis. » Privilégio. A AGU e a Receita Federal fazem lobby no Congresso para aprovar direito a cela “especial”, caso sejam presos em razão de ato praticado no exercício de suas funções.

» CLICK. Prefeito de Salvador e candidato à reeleição, ACM Neto (DEMBA) posta montagem e diz que só dá conta de tanto trabalho porque ‘providenciou um clone’. » Faca...O governador de SP, Geraldo Alckmin, tem recebido queixas sobre a postura do vice Márcio França (PSB) na eleição. Partidos alegam que ele tem sido exigente demais ao negociar apoios nas disputas municipais. » ...Na garganta. Para apoiar Marcelo Crivella (PRB) no Rio de Janeiro, França quer em troca aliança com o PSB no Recife. Como o PPS preferiu fechar com o PSDB em Marília (SP), e não com os socialistas, o vice ameaça não apoiar o candidato da sigla em São Bernardo do Campo. » Febre. Há uma criatura pronta para ser capturada nas proximidades do gabinete da presidência do Senado. Mas não é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). É apenas um Pokémon. Mania no mundo todo, o game de realidade virtual chegou ontem ao Brasil. » Atrasadas. Apenas 4% das empresas estão preparadas para o e-Social, segundo pesquisa realizada em São Paulo pelo Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon). As novas regras passam a valer em setembro.

Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva é condenado a 43 anos de prisão. Pág. A8

Executivo. Legenda tucana pressiona governo interino por interrupção das concessões no controle dos gastos públicos após votação final do impeachment de Dilma no Senado

PSDB estipula limite para ‘bondades’ da gestão Temer ANDRE DUSEK/ESTADÃO

Ricardo Brito Adriana Fernandes / BRASÍLIA

O PSDB pressiona o governo interino de Michel Temer para que deixe de fazer concessões no controle dos gastos públicos após a votação final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado. Representantes de todas as alas da legenda defendem reformas macroeconômicas e uma gestão mais austera das contas do governo a partir de setembro, quando Temer deverá ser efetivado na Presidência. Ontem, o senador José Aníbal (PSDB-SP), suplente do ministro das Relações Exteriores, José Serra, combinou, em conversa pela manhã com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o tom do discurso que fez horas mais tarde no Senado em defesa de um ajuste fiscal intransigente. Para Aníbal, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve ser inflexível e evitar novas “bondades” como as concedidas ao Poder Judiciário, ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público nos Estados. A insatisfação no PSDB ficou mais evidente após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter defendido a candidatura de Temer à reeleição em 2018 em entrevista ao Estado publicada no domingo. A pessoas próximas, Aécio reclamou do que considera “leniência” e “flexibilidade” do governo no ajuste das contas. Nos 83 dias de gestão interina, as bancadas do PSDB na Câmara e no Senado ficaram praticamente sozinhas na crítica à aprovação de reajustes do funcionalismo público que superam os R$ 50 bilhões de impacto até 2019 em meio à crise fiscal. “É um governo em campanha ou para passar para a história?”, questionou Aécio em conversa recente com interlocutores. O presidente nacional do PSDB deve tratar desse assunto na próxima semana com Temer. Aécio, que na segunda-feira recebeu um telefonema do presidente em exercício – no qual Temer negou a intenção de ser candidato ao Planalto em 2018 –, tem afirmado que não se preocupa se o peemedebista vai disputar a Presidência em 2018. Cobranças. Um dos vice-presi-

dentes do PSDB, o ex-governador paulista Alberto Goldman também defende uma postura mais firme da gestão Temer no controle das contas públicas. “Compreendo a cautela do presidente, mas, na minha opinião, é cautela demais. Ele está temeroso demais com a pressão das corporações”, disse Goldman,

Marcela estreia em evento oficial no Planalto l

‘Cautela demais’

“Compreendo a cautela do presidente, mas, na minha opinião, é cautela demais. Ele (Temer) está temeroso demais com a pressão das corporações” Alberto Goldman E EX-GOVERNADOR DE SÃO PAULO

Divisão. Na prática, a ala lidera-

da ala serrista do partido. Para o tucano, o próprio PSDB deve ser mais firme nas cobranças ao Palácio do Planalto. “É óbvio que precisamos de uma gestão mais austera”, disse o deputado Jutahy Junior (PSDB-BA), outro tucano serrista. “Mas não tem como ter o voluntarismo de dizer que vai fazer tudo de uma vez”, ponderou. Segundo ele, o presidente em exercício começou a restabelecer a confiança no País e, se conseguir baixar os juros com a aprovação de medidas econômicas, retomará os investimentos. Ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o deputado Miguel Haddad (PSDBSP) admitiu que há um “desconforto” no partido em relação ao governo. “Tenho compreensão de que, até o impeachment de Dilma, Temer tem dificuldades para encaminhar as reformas, mas, passado isso, o País não poderá esperar mais”, afirmou. O PSDB adotou o discurso crítico ao Palácio do Planalto após o governo, mais uma vez,

da por Aécio fala em apoio crítico ao presidente em exercício, mas há quem cogite um eventual afastamento do governo se ações concretas não forem tomadas. Líderes ligados a Alckmin e a Serra dizem não ser possível se dissociar da gestão comandada por Temer, a quem o partido apoiou para derrubar Dilma. Mas também cobram medidas efetivas. Embora de maneira discreta, Serra tem feito críticas internas à combinação de juros altos com expansão dos gastos. Dos três “presidenciáveis” tucanos, Aécio foi quem mais hesitou em aderir ao governo Temer. Atualmente, o PSDB tem, além de Serra, os ministros Bruno Araújo (Cidades), ligado a Aécio, e Alexandre de Moraes (Justiça), indicado por Alckmin. A legenda ainda tem o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Meirelles tem dito a interlocutores que as cobranças podem ajudar na aprovação das medidas no Congresso o mais rápido. “Quanto mais pessoas defenderem o ajuste, melhor.”

Comissão aprova aumento para ministros do Supremo Julia Lindner / BRASÍLIA

IGOR GADELHA E FÁBIO FABRINI

PRONTO, FALEI! Luiz Inácio Lula da Silva Ex-presidente, em visita a assentamento rural na Bahia

“Por que eu, um aposentado, não estou sossegado em casa com meus oito netos? É que, se for necessário, eu volto. E se eu voltar é para ganhar a eleição.”

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem o aumento do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal de R$ 33.763 para R$ 39.293,32, o que representa um ganho mensal de R$ 5.530, a partir de janeiro de 2017. O projeto de lei ainda precisa passar pela Comissão de Assuntos Econômicos antes de seguir para o plenário. A aprovação foi simbólica e causou con-

ceder no projeto da renegociação dos débitos com Estados e municípios e da aprovação em comissão do Senado da proposta que reajusta os subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal, com efeito cascata nos governos regionais (mais informações nesta página).

para apresentar oficiais generais recém-promovidos. Ao fim da cerimônia, diante da demanda da imprensa, ela acenou para jornalistas, a pedido de Temer.

TUCANOS E GOVERNO l Adesão

VICE-PRESIDENTE DO PSDB

COM LUÍSA MARTINS E MARIANA DIEGAS. COLABORARAM

Marcela Temer, mulher do presidente em exercício Michel Temer, participa de sua primeira agenda oficial ao lado do marido, no Palácio do Planalto. A solenidade foi

trovérsia entre tucanos da base aliada do presidente em exercício Michel Temer, que criticaram a condução da votação. Líder do governo, Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse que o projeto seria uma “bomba”, mas depois voltou atrás. Inicialmente, o senador disse que votaria contra o texto, pois não faria sentido aprovar o projeto da renegociação da dívida dos Estados “para salvá-los” e, em seguida, aprovar uma “bomba no Orçamento”. “Não vou fazer isso

com o meu Estado.” Mas, minutos depois, disse que iria conversar com o governador Geraldo Alckmin para definir posição. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-RJ) classificou a aprovação como uma “manobra”, mas desconversou ao ser questionado sobre quem seria o responsável por ela. Ferraço apresentou um voto em separado contra o projeto, mas acabou não sendo ouvido durante a sessão. O parlamentar disse que estava na comissão do impeachment durante a votação e não conseguiu chegar a tempo. No momento da votação, apenas quatro senadores estavam no plenário. Ferraço afirmou que a rápida apreciação da matéria “foi des-

Com o afastamento de Dilma, tucanos hesitaram em aderir ao governo Temer e colocaram condicionantes, como a aprovação da reforma da Previdência. O PSDB foi agraciado com três ministérios na gestão interina. l Reajustes

Os tucanos ficaram isolados nas críticas aos reajustes ao funcionalismo público. Temer alegou que as propostas eram fruto de acordos da gestão Dilma e que havia previsão orçamentária. l Dívida dos Estados

Sob críticas dos tucanos, o governo cedeu, mais uma vez, no projeto da renegociação da dívida da União com Estados e municípios. l 2018

Após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defender a candidatura de Temer à reeleição em 2018, o presidente em exercício montou uma operação para negar essa intenção ao presidente do PSDB, Aécio Neves.

necessária” e que ficou “muito feio” para o colegiado. “Votar um projeto como esse em um momento como este é um desprezo absurdo, é uma coisa inacreditável. Foi profundamente constrangedor.” O tucano disse que vai apresentar seu voto novamente na CAE e que o ajuste será fortemente combatido pelo PSDB. Há cerca de duas semanas, o presidente em exercício Michel Temer sancionou projeto de lei que prevê reajustes aos servidores do Judiciário. Despesas de Poderes crescem acima dos gastos sociais

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