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Escolas encerradas marcam greve em Lagoa
concelho a mobilizarem-se para participar na manifestação, este sábado, em Lisboa. Muitos já estiveram na capital a 14 de janeiro, bem como noutros protestos locais.
Professores insatisfeitos
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No Agrupamento do Rio Arade, a vontade será continuar, enquanto não houver nada de concreto em relação às reivindicações, avança o professor Marco Floro. “Temos consciência que muitas medidas têm impacto orçamental, mas podiam ser calendarizadas, para que se fossem realizando avanços progressivos. Neste ponto, por exemplo, o que foi apresentado em relação à carreira é zero. Quanto aos Quadros de Zona Pedagógica (QZP), o nosso receio é que estejam a ser criadas bolsas de gestão de professores”, explica. A proposta é a de alargar a mais QZP, mas poderá dar-se o caso de um docente de Lagoa com um horário educativa de todo o país, desde dezembro. Lagoa não foi exceção.
“No caso do Rio Arade, duas colegas sindicalizaram-se, na perspetiva de tornar o movimento legal, pois só podemos criar um plenário sindical, tendo delegados. Mais de uma centena de professores e funcionários têm participado. Vejo as pessoas ainda muito zangadas”, analisa Marco Floro.
No da ESPAMOL são cerca de duas centenas a participar nos plenários, segundo afirma Emília Vicente, diretora do agrupamento. Como responsável, não tem sido fácil gerir a situação. Os estabelecimentos não encerraram sempre. “Fecharam uns dias de manhã, outros estão abertos, outros estão mesmo fechados. A que esteve mais tempo encerrada foi a Jacinto Correia. Tem sido complicado, apesar de estar de acordo com as reivindicações, que também são as minhas, pois sou
Manifestações à porta dos estabelecimentos escolares, no dia 9, atividades letivas em suspenso e uma marcha pela cidade, no dia 17, para mostrar descontentamento, foram alguns dos momentos que marcaram a greve dos profissionais da educação, em Lagoa, nas últimas semanas.
Esta greve iniciou-se a 9 de dezembro, mas foi a partir de 4 de janeiro, que se tornou mais evidente, com os funcionários a juntarem-se aos professores.
Os dois Agrupamentos têm vindo a registar uma forte adesão.
Se na ESPAMOL, a EB Jacinto Correia esteve fechada vários dias, já estando a retomar a normalidade, no Rio Arade, as escolas estiveram encerradas desde a segunda semana de janeiro.
E esta greve ou outras formas de protesto podem até prolongar-se no tempo, pois a comunidade educativa não está contente com as propostas que o Ministério da Educação colocou em cima da mesa durante as negociações com os sindicatos, na semana passada.
Em causa está a melhoria das condições de trabalho de professores, assistentes técnicos e assistentes operacionais, com medidas concretas, calendarizadas e con- cretizáveis. Carreira, avaliação, formação, contratação de mais assistentes, redução de número de alunos por turma, são apenas algumas das reivindicações destes profissionais.
São vários os sindicatos que se uniram nestes protestos, que tem levado para as ruas de vários pontos do país profissionais da educação, mas dois assumem maior protagonismo. É o caso da Fenprof e do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), que prometem continuar, pois a negociação não responde às principais questões.
Ao que o Lagoa Informa apurou já há vários docentes do incompleto, havendo necessidade na sua disciplina em Monchique, tenha de completar o horário nesse concelho.
“Dentro dos agrupamentos isto já acontece. Agora entre concelhos é algo nunca visto. E abrange distâncias consideráveis. É algo que não sabemos bem como será. Olhando para os meus colegas, vejo estas questões de uma forma muito complexa, porque a classe está muito envelhecida. Pedir espírito de sacrifício a pessoas com 60 anos ou perto disso, não é muito sensato”, afirma.
Movimento espontâneo Por diversas questões associadas às condições existentes nas escolas, houve um movimento espontâneo que uniu a comunidade professora. Não deixei, porém, de ter as minhas responsabilidades e de assumir o meu trabalho de igual forma, porque temos crianças a cargo”, afirma, sublinhando que há que respeitar “a liberdade e o direito” destes profissionais. Manter os pais informados e controlar o dia a dia tem sido, por isso, uma constante.
“O que tem sido diferente é que temos tido os pais connosco nesta greve. A verdade é que existe uma desvalorização, de há vários anos, e chegámos ao limite”, refere enquanto professora. O governo não conseguirá resolver tudo ao mesmo tempo, mas não está a negociar as questões de fundo.
“É uma mão cheia de nada. Numa primeira leitura até parece alguma coisa, mas se desmontarmos vê-se que não. Há sempre um ‘se’, um ‘não é para agora’. ‘É uma coisa que há de ser, se for’”, explica.
Estas inconsistências têm levado a que muitos professores que nunca entravam em greve, estejam mesmo momento a aderir. “Agora são os professores e funcionários na rua, mas um dia destes, se isto não mudar, serão os pais, porque não haverá docentes”, afirma.
Tudo indica que até 2030 cerca de 40 por cento dos professores se reformem e “são zero a entrar nas faculdades”, diz. Em contrabalanço, há profissionais a entrar nas escolas para lecionar sem a necessária formação pedagógica. “Um destes dias, os pais estarão à porta a dizer que isto é uma vergonha. Não têm noção do que é ensinar. Tive 15 rescisões este ano, de pessoas que vieram dar aulas porque têm formação na área, mas não a nível de ensino. Fugiram a ‘sete pés’ literalmente, pois não tinham conhecimento da burocracia que esta profissão envolve”, confidencia.
Avaliações não são colocadas em causa
No agrupamento ESPAMOL, que adotou há alguns anos letivos o calendário semestral, a próxima semana será de avaliações. “Temos muitos momentos de avaliação desde setembro, por isso, haverá avaliações na mesma”, garante.
Assistentes técnicos Edna Fernandes é psicóloga no Agrupamento Rio Arade e junta-se a este protesto, explicando ao Lagoa Informa o seu caso pessoal.
“Sou a única contratada no Agrupamento Rio Arade através de um plano criado devido à questão da covid-19 e das aprendizagens. O Plano 2021-2023 agregou uma série de técnicos e de outro tipo de recursos. Tenho renovações automáticas neste período e já vou no meu terceiro contrato anual. A questão é que, chegando ao final de agosto, acabo sempre por não saber muito bem qual é a minha situação. Estes planos são criados com esta durabilidade de três anos por questões óbvias”, explica.
Os nomes alteram-se e há novas contratações. “Nessa altura, tenho de ir a concurso de novo e posso ou não ficar. Se ficar, volto a ‘zeros’ e fico numa situação precária de novo. Nunca consigo fazer carreira, nem ter a estabilidade necessária”, alerta. Ainda assim, não é das técnicas em situação pior, pois há quem fique, mas a recibos verdes.
“Somos muito pouco falados. Os técnicos nas escolas são sempre muito poucos, muito menos