RELATÓRIO PARCELA 3 PROJECTO DE UMA PARCELA DA CIDADE DE MAPUTO - UM CASO NA POLANA CANIÇO RELATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO
UEM FACULDADE DE ARQUITECTURA Laboratório IX • V Ano • I Semestre
GRUPO 3
Docente: Vitor Tomás
Discentes: Hárisse Jany, Nilton Nhar, Rose Mary Dias, Fernando Lívio, Agostinho Fulane, Bacar Momad, Hatibu Jumaa, Maximilian Kakuru, Araújo Lopes, Jaime Tivane
Março de 2018
INDEX _Objectivos do relatório _Metodologia _Localização Geográfica
02
_Ocupação física do solo _Caracterização paisagística _Qualidade do espaço urbano e _Equipamento Público e Social
03
_Viaturas privadas _Tipologias construtivas
_Levantamento (4 habitações)
_Infraestruturas _Rede viária e transportes públicos _Notas Conclusivas
05
2
04
_Formas de organização do espaço privado
Page
01
_Introdução
RELATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO – PARCELA 3
INTRODUÇÃO PROJECTO DE UMA PARCELA DA CIDADE DE MAPUTO: UM CASO NA POLANA CANIÇO
A cidade de Maputo está em constante crescimento imobiliário, um factor que demanda espaço. Com este crescimento
nota-se
que
a
periferia
vai
sendo
transformada e urbanizada. É necessário que esta transformação seja pensada e organizada de modo a acomodar os interesses dos citadinos bem como das entidades que gerem este processo. Nesta perspectiva, no âmbito da cadeira de Laboratório Integrado, nos foi atribuído o exercício de desenho urbano em uma parcela do bairro da Polana Caniço A. Este relatório de caracterização da área de trabalho 3 é uma síntese de todos os elementos relevantes para o desenvolvimento da fase seguinte do trabalho. O documento apresenta as principais características do sector 3 da área de intervenção para melhor compreensão
3 Page
GRUPO 3
e conhecimento do local.
OBJECTIVOS DO RELATÓRIO Geral Pretende-se com este trabalho caracterizar a área de intervenção de modo a garantir uma intervenção adequada às condições sociais, economicas e ambientais desta zona bem como da sua população. Específicos A caracterização será feita atravéz da análise de vários aspectos, desde as tipologias habitacionais, ambiente urbano, sistema de saneamento, recolha de lixo, agregado familiar e vários outros aspectos que consideramos relevantes ao estudar o local.
METODOLOGIA DE REALIZAÇÃO
Este documento foi realizado com base na visita e levantamento no local de estudo onde um pequeno inquérito de 20 perguntas foi apresentado a população. O levantamento foi realizado em três (3) dias através de visitas casa-a-casa de modo a perceber junto aos moradores a organização do espaço bem como as suas condições de vida. As análises realizadas foram também auxilidas por fotografias do local e contacto directo com o terreno, onde depois organizou-se e
Page
4
compilou-se toda a informação recolhida neste documento.
Moçambique
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA A área de intervenção encontra-se situada na periferia da Cidade de Maputo, concretamente no Bairro da Polana Caniço “A” junto a Av. Vladimir Lenine. A parcela 3 - local
Maputo: Polana
do levantamento e análise - faz parte do lote em estudo,
Caniço A
Page
5
localizando-se mesmo ao meio do terreno.
Secção
Page
6
02
Habitações com barraca (58 de 192) Habitações sem barraca
OCUPAÇÃO FÍSICA
(134 de 192) Escala 1:5000
DO SOLO Na parcela 3 o solo é predominantemente habitacional, isto é, é ocupado na sua maioria por habitações unifamiliares e multifamiliares. As habitações unifamiliares são as mais predominantes, seguindo-se das multifamiliares que variam entre 2-7 famílias no mesmo lote. Isto deve-se ao facto de muitas famílias estarem a arrendar as casas. Algumas destas residências chegam a ter barracas/bancas de pequeno comércio, mas quase sempre acopladas as casas, assim como quartos ou
Page
renda. Não existe nenhuma outra função no local que não seja habitacional.
7
dependências separadas da casa principal, onde são usados como fonte de
3,9 18 219 1052 hectares
quarteirões
habitações
habitantes
Habitantes/hectar
Page
8
269,7
CARACTERIZAÇÃO
Escala 1:5000
PAISAGÍSTICA O local apresenta uma variedade de espécies arbóreas localizadas na sua maioria dentro dos lotes, o que torna esta vegetação privada. Todos os moradores que possuem quintal amplo dentro dos seus terrenos possuem uma ou duas espécies arbóreas ou rastejantes, tanto para fornecer-lhes a sombra como para dar frutos e até mesmo servir como elemento de vedação (ou privacidade), delimitando os seus terrenos dos vizinhos.
Estas foram as espécies vegetais mais comuns encontradas na parcela, sendo todas estas localizadas nos quintais dos moradores. Além das espécies frutíferas, é utilizada muito a espinhosa como vedação dos
Page
fazerem um muro.
9
terrenos para os moradores que não possuem grandes condições para
Papaeira | Carica Papaya
Limoeiro | Citrus Limon
Page
10
Acácia | Acácia Farnesiana
Relva | Poaceae
Videira | Vitis Vinífera
Espinhosa | Buxus Sempervirens
QUALIDADE DO ESPAÇO URBANO Apesar do bairro Polana Caniço A localizar-se nos arredores da cidade, nota-se uma melhoria de condições em relação a bairros mais abastados da cidade de Maputo. Apesar desta melhoria de condições, alguns factores ainda deixam muito a desejar no que concerne a qualidade do espaço urbano. A parcela em questão, por exemplo, é uma delas. A parcela número 3 não apresenta nenhum equipamento público e social, apesar de ser uma área predominantemente habitacional e apresentar um número considerável de crianças. Estas muitas vezes tem de se refugiar nas poucas vias que não são de todo estreitas para conviverem ou praticarem algum desporto, correndo o risco de serem atropeladas pelas viaturas que conseguem a muito custo passar por estas mesmas
Page
11
vias.
Após a visita ao local verificou-se que
Por serem estreitas e muitas vezes por
todas as vias existentes dentro da parcela
culpa da população que sempre rouba
são extremamente estreitas e não
espaço das vias com suas construções, é
pavimentadas (de terra batida), e que
difícil que estas mesmas sejam arborizadas
apesar disso os veículos circulam com
ou que possuam iluminação pública. E
grande dificuldade. Outras são tão
como verificado no local, nenhuma das
estreitas que não deixam nem passar
vias é arborizada, sendo a arborização um
duas pessoas ao mesmo tempo. Portanto,
previlégio privado de cada morador e não
a
extremamente
um previlégio comum. Algumas árvores
condicionada no local, principalmente
por serem frondosas conseguem ainda
nas épocas chuvosas quando se formam
prover um pouco da sua sombra às vias.
mobilidade
é
enormes poças de água que mais parecem piscinas do que propriamente vias. Não existe drenagem de águas pluviais e as mesmas encontram-se estagnadas no
Page
12
local, causando buracos nas vias.
Secção
Page
13
03
VIATURAS PRIVADAS & TIPOLOGIAS CONSTRUTIVAS
52 Carros
Com base no levantamento, verificou-se que nos 18 quarteirões existentes na parcela 3, existem apenas 52 carros, e apenas 37 famílias possuem viaturas, fazendo assim uma média de 1 carro para 2 pessoas. Estas viaturas
141 Habitações unifamiliares de 192
nem sempre são guardadas numa garagem privada e por vezes
os
moradores
recorrem
a
parques
de
estacionamento longe das suas residências.
As tipologias construtivas variam entre habitações
51 Habitações multifamiliares de 192
unifamiliares e multifamiliares, com maior percentagem nas unifamiliares. As situações mais comuns verificadas nas parcelas são de muitas pessoas da mesma família a viverem numa única casa. Assim como casos de inquilinos
58 Casas com barracas (de 192)
Page
encontrado em todas habitações multifamiliares.
14
a viverem com os donos das casas no mesmo lote, caso
Escala Page 1:3000
15
Mapa dos tipos de Habitação
Habitações Unifamiliares
Habitações Multifamiliares
T1
28 T7
T2
2
55 192 Casas levantadas de 219 (87,6%)
T5
T3
74
6 T4
Page
16
27
Page
17
Escala 1:3000
Mapa das Tipologias ResidĂŞnciais
As habitações são na sua maioria construídas com materiais precários, estando algumas em condições deploráveis apesar de viverem muitas pessoas num pequeno espaço. Contribui muito para a não melhoria desta situação a situação financeira da população, pois muitas pessoas que vivem na parcela não têm uma fonte de renda fixa, e muitas vezes numa residência onde vivem 7 pessoas apenas uma trabalha. O que tem também grande impacto no tipo de construções e como estas são realizadas e organizadas no lote, pois a solução mais adoptada é a de arrendar quartos a terceiros para que estas famílias possam se sustentar. A outra solução da população foi de criar pequenas barracas ou bancas para a comercialização de produtos
fora de casa ou ligadas as mesmas.
Page
negócio muito comum entre as pessoas, com as barracas
18
alimentícios ou de primeira necessidade. Este é um
Secção
Page
19
04
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO PRIVADO 68,75 % Das residências têm a cozinha fora de casa (132 habitações de 192)
31,25 % Das residências têm a cozinha dentro de casa (60 habitações de 192)
20,9 %
Analisando o espaço privado na parcela 3, verificou-se que este é basicamente organizado de 3 formas: a primeira é a construção no fundo do lote que deixa grande espaço de quintal para futuras construções e realização de actividades
Das residências têm a WC dentro de casa (40 habitações de 192)
domésticas como cozinhar, lavar roupa etc. A segunda é a construção da casa principal rodeada de anexos e da casa de banho, e a terceira é a construção de vários quartos separados para que possam ser arrendados.
Das residências têm a WC fora de casa (152 habitações de 192)
convencional,
continuam a preferir construir as casas de banho fora de casa – tanto para as necessidades como para o banho.
20
saneamento
Page
79,1 %
Embora algumas famílias utilizem o
Page
21
LEVANTAMENTO R e s i d ê n c i a_0 1
Escala 1:100
Page
22
LEVANTAMENTO R e s i d ê n c i a_0 2
Escala 1:100
Page
23
LEVANTAMENTO R e s i d ê n c i a_0 3
Escala 1:100
LEVANTAMENTO R e s i d ê n c i a_0 4
Page
24
Escala 1:100
Secção
Page
25
05
INFRAESTRUTURAS Abastecimento de água A parcela 3 é abrangida pela FIPAG, porém o abastecimento de água é feito com restrições que
duram
por
períodos
de
tempo
indeterminados. O fornecimento de água acontece durante as primeiras horas do dia – entre as 3h - 9h - e segundo os moradores do bairro a FIPAG nem todos os dias fornece água, a população que não dispõe de reservatórios
de
água
refugia-se
com
recipientes de até 20 litros. Algumas casas não dispõem da rede de abastecimento
de
água
por
questões
financeiras, recorrido aos vizinhos para ‘cartar’ a água.
Saneamento O saneamento de águas negras é feito maioritariamente com recurso ao sistema ”convencional”, isto é, pia e fossa séptica, mas tambpem usam a latrina. Alguns moradores
queixam-se
de
casos
de
localização das fossas dos vizinhos por encontrarem-se junto as suas vedações, deixando-os
desconfortáveis
algumas
encontram
em
que
condições
26
se
visto
moradores.
Page
precárias, colocando em risco a saúde dos
Electricidade A energia é fornecida pela Eletricidade de Moçambique (EDM), através de postes ao longo das vias com uma distância que variam de 50 a 60 metros. Segundo os moradores, estes não tem tido grandes problemas no fornecimento de energia. Redes de Telecomunicações Ao longo da via Carlos Lobo nota-se a existência de cabos de telecomunicações ao longo dos postes, que por sua vez alimentam os quarteirões. Recolha de lixo A recolha do lixo é realizada junto as casas para a sua posterior deposição no contentor de lixo. Este é levado a lixeira por uma empresa contratada pelo Conselho Municipal que passa com carinho de mão (Tchova) duas vezes por semana - 3ªs e 6ªs Feiras.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA (FIPAG/Torneira 3h-9h)
44,7% (86 casas de 192) SANEAMENTO WC convencional (pia)
46,8% (90 casas de 192)
Latrina
53,1% (102 casas de 192)
Fossa
75% (144 casas de 192)
LIXO (Txova/ 3ª e 6ª Feira)
100% (192 casas de 192)
ENERGIA
(27 casas de 192)
100% (192 casas de 192)
Page
14%
27
RESERVATÓRIO DE ÁGUA
REDE VIÁRIA E TRANSPORTES PÚBLICOS Percorre-se 230 m em
9 min
P1
Para chegar a paragem 1 Percorre-se 310 m em
15 min
P2
Para chegar a paragem 2
Imagens da Paragem 1
Os transportes públicos vulgo ‘chapa’, circulam
apenas as vias 1, 2, 5, 8, 9 e 10 possibilitando
pela Av. Vladmir Lenine, onde localizam-se duas
a passagem de carros dentro da parcela, o
paragens ao longo do nosso lote, mas estes não
que dificulta também o acesso por parte das
chegam a entrar no terreno, o que faz com que
viaturas de salvação pública – bombeiros ou
as pessoas tenham que percorrer uma distância
ambulâncias. O acesso as restantes casas é
considerável até a paragem. Apenas os carros
feito a pé pelos moradores.
escolares é que entram ocasionalmente pela
Via 13
Via 6
Rua José Carlos Licuo para deixarem os estudantes que vivem nos arredores.
Page
A mobilidade interna é condicionada, com
28
Imagens da Paragem 2
29
Page
Escala 1:3000
Mapa da Rede Viรกria
SECÇÃO DAS VIAS
AV. VLADIMIR LENINE
Page
30
V1 – RUA JOSÉ CARLOS LICUO
V8
V3
V6
NOTAS
CONCLUSIVAS Antes de se fazer uma intervenção em qualquer lugar é necessário que se conheça a fundo o espaço que se pretende intervir.
Existe, da parte do arquitecto planeador, esta necessidade de se estudar o local a intervir, caracterizá-lo e saber o que lá existe e quais são as condições de vida da população que lá mora, de modo a propor uma intervenção que se enquadre no modo de vida das pessoas e equilibre os intereses públicos e privados.
Nesta perspectiva, o relatório é elaborado com o propósito de apresentar de forma breve e clara as condições do território em
Page
31
estudo.