Saccaro CasaS #2

Page 1

Revista Saccaro - Ano 1 - #2 - fevereiro de 2014

O Mangue

Fauna e flora Sustentabilidade Cultura Gastronomia Paisagem

Viagem

Txai Resort, uma imersão na linda natureza baiana

Especial

Coleção Mangue


CATÁLOGO SACCARO

MESA MANGUE

Design Roque Frizzo


Em 70 lojas no mundo | saccaro.com.br


A revista Saccaro CasaS é uma publicação da Saccaro, com circulação restrita e dirigida. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte. Criação e execução Contexto Marketing Editorial Ltda. Rua Cel. Bordini, 487 / 4º andar Porto Alegre/RS – Brasil – CEP 90440-000 Fones: (51) 3395.2515 (51) 3395.2404 Projeto Editorial, Edição e Redação Milene Leal milene@contextomkt.com.br Atendimento Izabella Boaz izabella@contextomkt.com.br Redação Vera Moreira, Cris Berger, Milene Leal Projeto Gráfico e Direção de Arte Claudio Franco Fotografia Cris Berger, Guilherme Jordani e arquivo Saccaro Revisão Flávio Dotti Cesa Tiragem 15 mil exemplares Impressão Gráfica Primil

Coordenação Geral - Marketing Saccaro Saccaro - SM Gestão e Negócios Ltda. Av. Rio Branco, 1.428 B - Ana Rech Caxias do Sul - RS - Brasil - (54) 4009-3600 marketing@saccaro.com.br saccaro.com.br



A maior feira para o maior mercado:

a nova classe média brasileira.

VISITE:

REALIZAÇÃO:

www.movelsul.com.br

PATROCÍNIO:

24 A 28

MARÇO | 2014 DAS 12H ÀS 20H

PARQUE DE EVENTOS DE BENTO GONÇALVES RS | BRASIL


MANGUE, a vida que pulsa

Prepare-se para uma imersão em um dos mais fascinantes ecossistemas já criados pela natureza, o mangue. O encontro da água doce dos rios com a salinidade das águas do mar provoca o surgimento de áreas alagadas em que a vida pulsa. O mangue tem flora e fauna riquíssimas. As raízes aéreas, que são a marca registrada desse bioma, abrigam inúmeras espécies de animais e garantem um espetáculo visual de rara beleza. Nesta segunda edição da revista Saccaro CasaS fomos conhecer a fundo o mangue, saber como funciona esse ecossistema, quem são seus habitantes e como o ser humano interage com a natureza nessas áreas alagadas do litoral brasileiro. A riqueza do mangue é tão grande que já estendeu sua influência para diferentes segmentos da sociedade, como a cultura (vide o movimento musical Mangue Beat), a gastronomia e a ecologia (o bioma tem sofrido com a intervenção equivocada do homem e corre sérios riscos de destruição). Com o trabalho de Roque Frizzo para a Saccaro, agora o mangue influencia também outra importante área de conhecimento humano: o design. Este habitat natural foi a inspiração de Frizzo para a criação da coleção Mangue, que reproduz em uma mesa a trama intrincada das raízes e as pegadas dos caranguejos sobre o lodo. Nas páginas a seguir, você vai se surpreender com a beleza, a diversidade e a efervescência do mangue. Boa leitura, boa viagem!

Os editores


10

82

O mangue: berçário da vida, esse ecossistema é um ícone do litoral brasileiro e pede preservação

Projetos: áreas de lazer e convivência em moradias de diferentes regiões do país

Coleção Mangue: a vida que pulsa entre as raízes e a areia inspirou o designer. Roque Frizzo na criação da mesa Mangue

CasaS • 8

62


32 Txai, uma perfeita combinação: exuberância da natureza e excelência em serviços

46 Gastronomia: caranguejos, ostras, lagostins... as iguarias do mangue em receitas assinadas por dois renomados chefs

Design 52 • 60 • 80 CasaS • 9


Capa

CasaS • 10


“Do barro vieste, ao barro retornarás.” Talvez seja uma dimensão bíblica do mistério da vida que nos aflore do inconsciente ao pensarmos no mangue, nos causando tamanho fascínio e espanto. Não há quem não se impressione com esse ecossistema onde águas doces de rios se encontram com águas do mar. Áreas alagadas se formam com um acúmulo de partículas orgânicas em fundo lodoso e aglomeração vegetal exótica. Ali está um berçário da vida para diversas espécies de animais, e a raça humana chafurda neste barro desde tempos remotos à cata de alimento. O mangue é de uma beleza grandiosa e desconcertante, algo de imagem tão primitiva que, não fossem os tristes abusos do homem moderno, nos remeteria direto à criação, às raízes ancestrais, quando deuses e povos trocavam impressões.

Berçário da vida

CasaS • 11


Capa

CasaS • 12


Margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, em qualquer lugar onde houver esse encontro de águas está garantido o espetáculo das raízes com seus desenhos instigantes. E calcula-se que ele possa se alongar até cerca de 20 km distante do mar, se espraiando nos baixios dos estuários dos rios até onde chegue o fluxo das marés. Do mangue vermelho (Rhizophora mangle) saem raízes de várias alturas do caule, que se ramificam no solo para melhor sustentação. Do mangue seriba (Avicennia schaueriana) — outra árvore predominante, junto com o mangue branco (Laguncularia racemosa) – as ramificações verticais das raízes, chamadas de pneumatóforos, recolhem oxigênio do ar.

Agarrados a estes troncos lisos e escuros, moluscos como ostras e mariscos estão submersos na maré alta. Várias espécies de caranguejos, também residentes fixos do bioma, cavam esconderijos profundos no solo lamacento. Há ainda mais espécies marinhas, assim como terrestres e de água doce, que ali passam apenas uma fase da vida, em especial para se reproduzirem. São várias qualidades de peixes, aves (notadamente o pernalta, conhecido por “socó” – no linguajar indígena, uma corruptela de “ço-có”, que se traduz por “ave que se ampara em um pé só” –, mais gaivotas, garças, urubus, flamingos, gaviões, etc.), jacarés e mamíferos.

CasaS • 13


Capa

CasaS • 14


É uma complexa e exuberante cadeia de flora e fauna que serve, além de berçário para os animais, também para amortecer o impacto das marés e para conter os sedimentos trazidos pelos rios, evitando o assoreamento das praias.

Mapeamento realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2009, mostra uma abrangência de cerca de 1 milhão e 225 mil hectares para os manguezais brasileiros em quase todo o nosso litoral. Desde o Oiapoque, no Amapá, até a cidade de Laguna, em Santa Catarina. Mas ele não é exclusivamente brasileiro, e sim comum às zonas litorâneas dos países tropicais e subtropicais. O livro Fitogeografia do Brasil, de A. J. de Sampaio, informa que o mangue vive desde o México, nas costas atlântica e pacífica, até a África e também nas ilhas oceânicas. As maiores extensões de manguezais da costa brasileira ocorrem entre a desembocadura do Rio Oiapoque, no extremo Norte, e o Golfão Maranhense, formando uma barreira entre o mar, os campos alagados e a terra firme.

Pesquisadores apontam que extensas áreas de mangue no Brasil e no mundo foram degradadas pela construção de portos, estradas costeiras, indústrias e até loteamentos, o que, além de alterar suas características peculiares e naturais, trouxe a nefasta poluição. Mas enquanto habitarmos este pálido ponto azul solto no cosmo, que batizamos de Terra, o mangue há de sobreviver na pujança de sua própria característica, estimulando defesas necessárias e apaixonadas, como instituições pela preservação e manifestações culturais que exaltam a sua riqueza.

Do sudeste maranhense até o Espírito Santo, os mangues são reduzidos e estão associados a lagunas, baías e estuários. O Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananeia e Paranaguá, situado entre São Paulo e Paraná, representa uma das reservas de mangues mais importantes do país. Na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, esse ecossistema apresenta grande extensão novamente, mas sofre. CasaS • 15


Capa

CasaS • 16


da humanidade Somos um país de grandes responsabilidades. Abrigamos recursos naturais únicos no planeta, o que nos torna guardiões de um tesouro imensurável, hoje e para o futuro. Floresta Amazônica, Pantanal Mato-Grossense, Mata Atlântica e uma das maiores áreas de manguezais do mundo. É uma diversidade que nos coloca em posição de honra no cenário mundial da preservação ambiental. O Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananeia e Paranaguá, por exemplo, é reconhecido como um dos ecossistemas costeiros mais produtivos do planeta por cientistas, ecologistas e organizações internacionais. Em 1999, foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade. São 1,7 milhão de hectares de mangue dentro do Vale do Ribeira, que somados aos seus outros ecossistemas – 2,1 milhões de hectares de florestas (a mais importante reserva de Mata Atlântica do país e do mundo), 150 mil hectares de restingas e 200 km de costa recortada por praias, estuários e ilhas – mereceram o título da Unesco. É imperativa a nossa responsabilidade.

CasaS • 17


Capa

Os manguezais, em toda a sua extensão, já ganharam proteção por lei. Só o fato de integrarem zonas costeiras justificaria a legislação federal. Mas conta a indiscutível relevância biológica e também sua importância social. Como berçário dos recursos pesqueiros, sustentam direta ou indiretamente populações inteiras. Na Constituição da maioria dos estados marítimos brasileiros, o mangue é considerado área de preservação permanente. E, mesmo assim, continua sofrendo com a ocupação desordenada ao longo da costa brasileira e suas terríveis consequências.

CasaS • 18

A captura dos animais no mangue igualmente ganhou proteção legal, com período de defeso para que se preserve a reprodução das espécies. Mas mais uma vez o papel, que aceita tudo, não é digno da ordem. Yara Schaeffer-Novelli, livre-docente em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo, especialista em manguezais, impactos ambientais e ecologia de ecossistemas costeiros, possui diversos estudos publicados e é bastante realista na questão da proteção legal do meio ambiente: “As leis ambientais brasileiras são das mais avançadas, mas falta efetiva aplicação e fiscalização”. Yara critica os impactos sobre os recursos naturais na costa brasileira, que não raro se valem da conivência dos órgãos fiscalizadores, “numa afronta aos princípios de manutenção da vida e desrespeito às nossas leis e à ética”.


Na Bahia, o Mangue Seco, imortalizado pelo escritor Jorge Amado no seu romance “Tieta do Agreste” e famoso mundialmente pela beleza de suas dunas, coqueiros e manguezal, é um exemplo. José Queiroz, conhecedor da região e especializado em Turismo Receptivo, em artigo publicado no jornal Tribuna da Bahia diz que “o Mangue Seco foi abandonado pelos poderes públicos – nem há estrada de acesso! – e foi agredido de diferentes maneiras, por falta de normas de ocupação e visitação, e vigilância, mas nada que um bom mutirão não resolva. Uma força-tarefa das instituições das três esferas de governo, da iniciativa privada e da imprensa, respeitando as necessidades da população dos povoados da região, que dependem do lugar para fixar-se e não migrar para os grandes centros. Não é preciso destruir para ganhar dinheiro, Praia do Forte é um bom exemplo, e a pesca e o turismo são suas principais vocações. As instâncias do turismo regional precisam olhar para Mangue Seco!”.

Muitos pescadores também infringem a lei – ou simplesmente a desconhecem – e, diariamente, continuam se enlameando na cata de milhares de caranguejos e outras espécies do mangue. É a sua única forma de sobrevivência, vender caranguejos nas estradas – ou para receptadores inescrupulosos – a fim de sustentar as famílias. É uma equação cruel, que contrapõe a riqueza do nosso patrimônio ambiental com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) em diversos estados onde viceja o mangue. A população local do Vale do Ribeira, por exemplo, não possui alternativas econômicas adequadas ao desenvolvimento sustentável da região. No Pará, um dos maiores manguezais do país, onde a água fresca do Rio Amazonas se mistura com a água salgada do Oceano Atlântico, os pescadores dependem da captura de caranguejos para a subsistência. É uma vida dura a dessas comunidades, vida de pobreza, com dificuldades de todos os tipos, inclusive as da própria natureza. Tanto os pescadores e apanhadores de caranguejos como os cavadores de ostras e mariscos, além de moradores das proximidades do mangue, enfrentam ataques de um mosquito vulgarmente conhecido pelo nome de “maruim”, “meru-i”, no linguajar indígena, que significa mosquito de marca miúda. Quando não há vento e nas marés vivas – fases de Lua Cheia e Lua Nova, em que a influência do sol reforça a da lua CasaS • 19


Capa

– os minúsculos “maruins” deixam o mangue em grandes enxames, à noite, e é necessário acender fogueiras diante das casas para conter sua fúria com a fumaça. Mas nem tudo é desalento e não faltam homens de boa vontade na luta pela preservação do mangue e por melhores condições de vida às comunidades tradicionais de seu entorno. Paulinho Martins, chef do Txai Resort, vizinho de um manguezal em Itacaré, na Bahia, é grande entusiasta e defensor do bioma, e só compra caranguejos e outros animais da colônia de pesca Z-18 de Itacaré. Martins enfatiza que catadores e pescadores deveriam contar com um seguro-desemprego do governo, a exemplo de outras categorias, a fim de terem uma pequena garantia de subsistência nos períodos do defeso, quando é proibido pescar ou colher frutos do mar. É proposta que já foi apresentada e vetada e agora se encontra novamente em tramitação na Câmara dos Deputados, conforme informa a assessoria de imprensa do MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura). Ela estende aos catadores de caranguejos, siris e mariscos que vivem dessa atividade o direito a seguro-desemprego de um salário mínimo por mês, que deve ser concedido durante o defeso. E também em períodos em que a coleta ficar prejudicada pela contaminação ambiental, proliferação de organismos nocivos ou por chuvas. CasaS • 20

De São Paulo vem um exemplo animador que o jornalista Xavier Bartaburu documentou em uma série exclusiva para o site da National Geographic Brasil: em 1993, pesquisadores da Fundação Florestal, do Instituto de Pesca e do Nupaub/USP (Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras) ajudaram o Mandira a se organizar. Comunidade quilombola pioneira no comércio e no cultivo da ostra-do-mangue no Brasil, formou-se em resposta a uma progressiva perda de território, primeiro para um parque de proteção das cavernas do Alto Ribeira, depois para um empresário paulista, que comprou 85% das terras quilombolas. Até então, o pessoal do Mandira vivia da extração de palmito e de caixeta, madeira usada no fabrico de lápis. Sem terra nem floresta, mas com mangue de sobra, os moradores desse bairro na porção continental de Cananeia, no litoral sul de São Paulo, encontraram nos moluscos sua nova fonte de renda. Outros na região seguiram o exemplo, e em pouco tempo centenas de caiçaras se espalharam pelos manguezais, armados de foice e com lodo nas canelas, catando as ostras que cresciam agarradas às raízes. Era tudo predatório e, na época, o trabalho resumia-se à coleta, à retirada da concha e à venda aos atravessadores, que, como de costume, pagavam o menor preço possível aos produtores. Ostras de qualquer tamanho iam direto para o cesto e nem o pico de reprodução se respeitava. Só não acabou porque a comunidade teve ajuda para se organizar. Foram construídos viveiros de engorda, para garantir o estoque e permitir que


o molusco continuasse se reproduzindo. Ao mesmo tempo, os mandiranos começaram a vender a ostra com a concha, e não “desmariscada”, como dizem. Isso aumentava as chances de competir com a ostra asiática, cultivada em grandes fazendas marinhas no litoral catarinense. Uma década depois, criaram a Cooperostra (Cooperativa dos Produtores de Ostra de Cananeia) e, com ajuda do Ministério do Meio Ambiente, compraram um veículo para distribuir a produção na capital paulista e no litoral. Desde então, os quilombolas passaram a ter ostras o ano todo, vendidas por eles

É por finais felizes como este a torcida do cidadão brasileiro consciente de seu patrimônio, que é também de toda a humanidade.

CasaS • 21


Cultura

Caranguejos com cérebro O mangue, além de berçário da vida, é também fonte de inspiração cultural. Na literatura e na música, temos obras de impacto: Jorge Amado e Chico Science, duas mentes brilhantes que imortalizaram o mangue. Os dois já se foram, mas as suas manifestações continuam gerando filhotes, como tudo o que é revolucionário.

CasaS • 22


Jorge Amado, o escritor que deu corpo e voz ao povo brasileiro, ou mais. Como destacou outro grande escritor, Mia Couto: “Deve ser dito (como uma confissão à margem) que Jorge Amado fez pela projeção da nação brasileira mais do que todas as instituições governamentais juntas”. Em Angola, o poeta Mario António e o cantor Ruy Mingas compuseram uma canção que dizia: Quando li Jubiabá/me acreditei Antônio Balduino./Meu Primo, que nunca o leu/ ficou Zeca Camarão. E era esse o sentimento: Antônio Balduino já morava em Maputo e em Luanda antes de viver como personagem literário. O mesmo sucedia com Vadinho, com Guma, com Pedro Bala, com Tieta, com Dona Flor e Gabriela e com tantos outros fantásticos personagens. “Jorge não escrevia livros, ele escrevia um país. E não era apenas um autor que nos chegava. Era um Brasil todo inteiro que regressava à África. Havia pois uma outra nação que era longínqua mas não nos era exterior. E nós precisávamos desse Brasil como quem carece de um sonho que nunca antes soubéramos ter. (...) Descobríamos essa nação num momento histórico em que nos faltava ser nação. O Brasil – tão cheio de África, tão cheio da nossa língua e da nossa religiosidade – nos entregava essa margem que nos faltava para sermos rio.”

CasaS • 23


Cultura

No Mangue Seco, Jorge Amado encontrou a inspiração para Tieta do Agreste, revelando toda a potência dramática do lugar, num enredo de costumes e denúncia social. Foi nessa região que o escritor nasceu e se refugiou por um período da ditadura do presidente Getúlio Vargas. O romance, adaptado para a televisão e o cinema – inclusive, na novela, as gravações foram feitas numa casa da família –, revela também a exuberância dessa ponta de península no extremo norte da costa da Bahia. São quilômetros e quilômetros de dunas, onde Tieta se inicia na vida sexual, pontuadas por palmeiras e outras plantas tropicais de vários matizes. Do outro lado está Estância, em Sergipe, berço dos avós, pais e tios de Jorge Amado, cidade também presente em Tieta do Agreste e Tereza Batista.

Uma das tramas centrais de Tieta é a agressão ao meio ambiente, que Jorge Amado criou mostrando as distorções da nossa política. Um dos personagens – Ascânio Trindade, o secretário que manda e desmanda na Prefeitura – facilita a entrada de um empreendimento poderoso, ignorando o fato de ser uma indústria altamente CasaS • 24

poluidora. Mas corre a informação de que no mundo todo só existem seis fábricas de dióxido de titânio e a população se divide, questionando se titânio mata caranguejo. “Dizem que mata até cágado, que é bicho teimoso demais para morrer.” E Tieta toma a frente para expulsar a equipe de técnicos, brandindo o cajado do pai: “Fora com os envenenadores”. Hoje o Mangue Seco é uma APA (Área de Proteção Ambiental) e há trilhas que podem ser feitas a pé, em quadriciclos ou nos bugues de areia. Também há passeios de barco para conhecer o manguezal, com um espetáculo ímpar de milhões de caranguejos na maré baixa.


CasaS • 25


Cultura

Chico Science, criador do Movimento Manguebeat, liderou um grupo de jovens em sintonia com a efervescência do fim da ditadura militar e em contato com influências musicais alheias aos parâmetros das multinacionais da indústria fonográfica. Rodrigo Gameiro e Cristina Carvalho escreveram um documento, “O Movimento Manguebeat na mudança da realidade sociopolítica de Pernambuco”, que mostra como esse grupo, inconformado com a injusta realidade social e urbana de Recife, produziu o manifesto que decretava: “livrar-se dos grilhões do tradicionalismo abandonando a energia negativa do melaço de cana e energizando o ambiente fértil da lama”. O músico Fred Zero Quatro, que trabalhava com vídeos ecológicos, deu o tom do movimento com uma metáfora do ecossistema mangue: chave na biodiversidade global. Assim, o Manguebeat precisava formar uma cena musical tão rica e diversificada como os manguezais. O símbolo do movimento, uma antena parabólica fincada na lama, se desenha. Sendo diversidade a principal bandeira do mangue, a muvuca na música contaminou outras formas de expressão culturais, como o cinema, a moda e as artes plásticas.

CasaS • 26

Só podia ter sido o mangue mesmo a inspiração e o batismo de um movimento cultural tão importante em Pernambuco, afinal Recife foi erguida sobre manguezais, onde se concentram favelas e sua população pobre, ainda formada na maioria por descendentes de negros africanos e de indígenas. O Manguebeat surgiu como um ritmo que mistura maracatu, hip-hop, funk rock, rock e música eletrônica e tinha no fazer coletivo o seu significado. As bandas que praticavam os ritmos alternativos, marginalizadas pelos meios de comunicação de massa e os poderes públicos, formaram um circuito underground criativo até na


divulgação. Panfletos, fanzines e redes de contatos em uma época pré-redes sociais conseguiram espalhar a movimentação, mostrando a necessidade e o potencial de se democratizarem políticas públicas culturais. O primeiro festival aconteceu em 1993, com 57 bandas praticamente desconhecidas tocando furiosamente num espaço improvisado. Não demorou muito para o movimento começar a ganhar os meios de comunicação de massa, pois cresciam e apareciam cada vez mais e melhores festivais no centro urbano de Recife e também nas periferias. E, então, as rádios do Estado colocaram no ar o som da diversidade.

Quando Chico Science morreu, em 1997, a repercussão na mídia nacional e internacional simplesmente o alçou a artista mito do Brasil. Fred Zero Quatro, autor do Manifesto Caranguejos com Cérebro (no ano passado completou 20 anos), afirmou na época que uma consciência das mudanças na cena cultural da cidade já se consolidara e que mesmo sem Chico o movimento não morreria. Estava coberto de razão, pois até hoje as principais bandas do movimento continuam aí e lançaram recentemente, em coletivo, é claro, um disco tributo, dividido em duas partes: Mundo Livre S.A. vs Nação Zumbi. Fred Zero Quatro, que também é líder da Mundo Livre S.A., declarou à imprensa especializada: “Não tenho mais aquela energia para acompanhar tudo, tem muita coisa acontecendo”, festejando os sucessores do manguebeat, como Eddie, de quem se declara fã, e os mais recentes ainda, Catarina Dee Jach, Orquestra Contemporânea de Olinda e Academia da Berlinda. Caranguejos com cérebro também se reproduzem no mangue

CasaS • 27


Gastronomia

CasaS • 28


O mata e come foi o mais surpreendente dos atos revolucionários do plano alimentar. A sentença é de Luis da Camara Cascudo no livro História da Alimentação no Brasil, um verdadeiro tratado sobre a comida nos mais diversos aspectos. O autor refletia sobre a visão do apóstolo Pedro, quando este, com fome, vislumbrou o céu aberto a expor o famoso ”lençol zoológico” com todos os animais, mundificados pelo Senhor, que podiam alimentar o homem. A voz de Deus lhe disse: ”Levanta-te, Pedro; mata e come”. Terminavam ali as limitações alimentícias do Levítico, o livro

Auguste de Saint-Hilaire

de caráter legislativo do Antigo Testamento, que estabelecia o ritual dos sacrifícios, as normas que diferenciam o puro do impuro, a lei da santidade e o calendário litúrgico entre outras normas e legislações que regulariam a religião.

Cascudo comentava que esse ditame foi tão atrevido e perturbador que ainda – na soleira da década de 70, quando seu livro foi lançado – não se tornara universal: “As restrições alimentares continuam, não somente determinadas pela higiene nutricionista, mas ainda como preceito religioso ou consuetudinarismo”. CasaS • 29


Gastronomia

Os povos foram criando seus hábitos alimentares moldados em crenças e costumes, mas também por imposição do habitat e suas oportunidades, ou a falta dessas. Aqui no Brasil, o botânico Auguste de Saint-Hilaire observou a ictiofagia dos habitantes insulares e da costa marítima. “Não precisavam sequer pescar, recolhiam mariscos nos mangues e pedras, raramente provando toicinho e carne de vaca”, descreveu. Este viajante europeu, que fez dos mais minuciosos e brilhantes registros de nossos costumes e paisagens, mostrava como em Santa Catarina, por exemplo, predominava o consumo de peixe e frutos do mar, ao contrário do regime alimentar no Rio Grande do Sul, com seu gado abundante. Mas mesmo as comunidades litorâneas praticam o mata e come bíblico, pois depois de “colher” mariscos e caranguejos, eles precisam ser mortos. “Existem duas formas para se matar o caranguejo: enfiando uma faca na abertura da sua casca, à altura da cabeça, ou colocando-o vivo numa panela de água fervente. É difícil saber qual a menos violenta”, explica o chef Paulinho Martins, do Txai Resort, em Ilhéus, na Bahia. Já a higiene nutricionista a que se referia Cascudo é outro aspecto importante, especialmente no que diz respeito aos animais originários do mangue hoje em dia. Com a poluição crescente nos manguezais, está cada vez mais restrito o uso desses animais na dieta.

CHEF PAULINHO MARTINS TXAI RESORT

LAGOSTA AO MOLHO DE MOQUEQUINHA COM ARROZ DE TAIOBA (Para 4 pessoas) INGREDIENTES PARA A LAGOSTA: 4 caudas de lagosta 1 limão 2 colheres (sopa) de manteiga 1 cebola PARA O MOLHO: 1 tomate picado 1 cebola picada 1 pimenta-de-cheiro picada 500 ml de leite de coco 40 ml de azeite de dendê 1 limão 1 colher (sopa) de salsinha picada 1 colher (sopa) de cebolinha picada ½ colher (sopa) de coentro picado PARA O ARROZ DE TAIOBA: 2 xícaras de arroz branco cozido 1 maço de taioba * 1 colher (sopa) de cebola picada ½ colher (sopa) de alho picado 2 colheres (sopa) de óleo de milho MODO DE PREPARO DA LAGOSTA: Tempere a lagosta com sal, pimenta-do-reino e limão. Aqueça a manteiga, abaixe o fogo e cozinhe a lagosta lentamente. Reserve. DO MOLHO DE MOQUEQUINHA: Em uma panela refogue a cebola por alguns minutos. Acrescente o tomate, a pimenta-de-cheiro e o leite de coco. Corrija o sal e a pimenta. Por fim, coloque o dendê e as ervas. Finalize com gotas de limão. DO ARROZ: Em uma panela refogue a taioba, cortada em pedaços grosseiros, na cebola e no alho. Junte o arroz delicadamente. MONTAGEM: Rabisque o prato com o molho de moqueca e sirva a lagosta ao lado do arroz. *A taioba é um vegetal de folhas verde-escuras comestíveis. São muito saborosas quando refogadas. Seus rizomas também são comestíveis e, depois de cozidos e amassados, servem até para receitas doces.

CasaS • 30


CasaS • 31


Gastronomia

CasaS • 32


CHEF PAULINHO MARTINS TXAI RESORT

TORRE DE ABACATE, TOMATE E SIRI COM COULIS DE PIMENTÕES (Para 4 pessoas) INGREDIENTES: 200 g de carne de siri catado 200 g de tomates 1 abacate 1 pimentão vermelho 1 pimentão amarelo 1 cebola 200 ml de azeite MODO DE PREPARO: PARA OS COULIS: Descasque os pimentões. Em panelas separadas coloque os pimentões, meia cebola e 50 ml de azeite. Deixe cozinhar em fogo baixo por 30 minutos. Bata em liquidificador até ficar bem fino. Coe e reserve. PARA A TORRE: Tire a pele e a semente do tomate. Corte em pequenos cubos, acrescente o azeite e ajuste sal e pimenta-doreino. Corte o abacate em cubos, acrescente o azeite e ajuste sal e pimenta-do-reino. Tempere o siri com azeite, sal e pimenta-do-reino.

“A ostra do mangue é o caso mais preocupante, pois, como toda ostra, é uma iguaria muito apreciada in natura, apenas temperada com limão. A ostra é como uma esponjinha, absorve tudo do seu habitat, e se o manguezal não for limpo ela estará contaminada. Por isso, é muito arriscado consumir a ostra do mangue crua, pois nos representa efetivo risco de intoxicação”, pondera o chef Eudes Assis, do restaurante Vinea Alphaville, em São Paulo. Mas ele comenta que as receitas de fogão não oferecem ameaça, afinal o fogo mata tudo: “Nenhum micro-organismo consegue sobreviver a altas temperaturas, assim, é mais seguro apreciar pratos cozidos com essa ostra genuinamente nossa”. A ostra do mangue tem aparência muito semelhante à da sua prima asiática, mas é maior, mais carnuda, com textura mais cremosa e sabor mais adocicado. A ostra do Pacífico foi introduzida no Brasil com grande sucesso, adaptou-se bem nos cativeiros de cultivo na nossa costa e é largamente difundida na gastronomia nacional. “Atualmente tenho trabalhado com as ostras asiáticas quando quero oferecer cruas, pois conheço a procedência, tenho garantia de que são limpas. Em Santa Catarina, as fazendas de ostras têm produção em grande escala e são confiáveis. Aqui no Sudeste temos uma produção pequena de criadouros em Ubatuba, Parati e Angra, que abastecem fundamentalmente restaurantes. Mas gosto da ostra do mangue, é uma beleza, um produto fantástico de se trabalhar”, comenta Eudes.

MONTAGEM: Com auxílio de um aro de inox disponha o abacate, depois o tomate e, por fim, o siri. Coloque as gotas de coulis em volta da torre.

CasaS • 33


Gastronomia

A ostra do mangue foi um ingrediente quase exclusivo da dieta de milhares de pescadores por décadas, mas desde os anos 70 passou a figurar também na alta gastronomia nacional, resultando em receitas criativas e marcantes de forno e fogo. Mesmo na comunidade quilombola do Mandira, grande produtora em Cananeia (SP), a ostra do mangue é sempre consumida cozida, das mais diversas formas, refogada, como a mistura do arroz, ou farofa de ostra, torta de ostra, ostra gratinada com queijo e ostra assada. Com o caranguejo, outro animal do mangue reinante na gastronomia, o problema da contaminação é bem mais contornável, até porque as receitas são predominantemente cozidas. Mas ainda mais, é possível desintoxicá-los, como faz o chef Paulinho Martins. Ele mantém um enorme tanque no seu resort, onde coloca os caranguejos capturados no mangue e os trata com semente de dendê, limão e pão por 15 dias. “Conseguimos limpar o bicho, a sua carne fica bem branquinha e muito mais saborosa”, revela. Não é de admirar a questão do sabor, afinal essa dieta detox funciona também como uma espécie de tempero prévio. O chef ainda compra o caranguejo já cevado de um grupo de catadores de Itacaré. “Eles matam os bichos e tiram toda a carne, a tratam e a vendem bem limpa”, conta. Na Bahia, o manguezal é um patrimônio muito valorizado pela população, que percebe seu apelo econômico e cultural, impulsionando o turismo e a gastronomia.

CHEF EUDES ASSIS RESTAURANTE VINEA ALPHAVILLE

OSTRAS MARINADAS EM FRUTAS CÍTRICAS COM PALMITO PUPUNHA, PÉROLAS DE SAGU E SALADA DE MINIBROTOS (Para 8 pessoas) INGREDIENTES: 8 unidades de ostras do mangue 30 ml de suco de limão 30 ml de suco de mexerica 30 ml de suco de lima da pérsia 50 ml de azeite de oliva extravirgem 1/2 cebola roxa cortada em julienne 1 colher (sopa) de cebolinha picada 1 colher (sopa) de salsinha picada sal e pimenta-do-reino a gosto Alguns pedaços das frutas cítricas em cubinhos Minibrotos variados MODO DE FAZER: Coloque as ostras no forno preaquecido e deixe na alta temperatura até suas conchas se abrirem. Retire a carne das conchas e deixe-as marinando com todos os ingredientes por duas horas na geladeira. Adicione à marinada alguns pedaços das mesmas frutas cítricas. Reserve as cascas das ostras. O PUPUNHA: 200 g de palmito pupunha in natura cortado em fatias. Para as pérolas de sagu Ingredientes: 100 g de sagu 500 ml de água 50 ml de suco das frutas cítricas 10 ml de mel sal MODO DE FAZER: Cozinhe o sagu em água fervente até que fique transparente, retire do fogo, coe e dê um choque térmico para interromper o cozimento e esfriá-lo. Misture o suco das frutas cítricas e o mel. Reserve. MONTAGEM: Coloque num prato as cascas das ostras e sobre elas a marinada de ostras. Ao lado arrume as fatias de pupunha e, sobre elas, a saladinha de minibrotos.

CasaS • 34


CasaS • 35


Gastronomia

CasaS • 36


CHEF EUDES ASSIS RESTAURANTE VINEA ALPHAVILLE

OSTRA EM CROSTA DE CASTANHADO-PARÁ COM CREME DE TAIOBA (Para 8 pessoas) INGREDIENTES: 8 unidades de ostras do mangue 40 g de cebola picada 2 colheres (sopa) de manteiga 50 ml de cachaça 100 g de castanhas-do-pará picadas grosseiramente e torradas 1 colher (sopa) de salsinha picada Sal e pimenta-do-reino a gosto MODO DE FAZER: Abra as ostras, retire a carne e tempere com sal e pimenta-do-reino. Reserve as cascas. Em uma frigideira antiaderente, grelhe os dois lados das ostras na manteiga. Adicione a cebola e flambe-as com a cachaça. Empane na castanha e finalize com a salsinha. Reserve. Para o creme de taioba* Ingredientes: 200 ml de creme de leite fresco 50 ml de vinho branco seco 2 colheres (sopa) de cebola picada 2 colheres (sopa) de manteiga 100 g de taioba cortada à julienne Sal e pimenta-do-reino branca a gosto

“De cooperativas de catadores a grandes empresários, há muitos de nós lutando pela preservação do mangue. E denunciamos mesmo quando descobrimos crimes ambientais, o que infelizmente é uma realidade”, afirma Paulinho, que se orgulha da vizinhança do seu resort com os rios Tijuípe e Tijuipinho, abrigos de mangues saudáveis. Lá ele encontra vários tipos de caranguejos, como o aratu e o guaiamun, mais siri, camarões rosa e branco e mariscos como o chumbinho e a lambreta, entre outras potenciais delícias para a panela. A culinária do mangue pode ser apreciada ao longo de toda a sua extensão, em inúmeros bares e pequenos restaurantes de pé na areia ou de acesso apenas com barco. Em geral são lugares bastante simples, mas com cenários deslumbrantes, onde as próprias famílias preparam pratos artesanais com essas espécies e ainda peixes. O robalo é o mais comum, sendo quatro espécies costeiras típicas de manguezais, podendo ser capturadas até vários quilômetros acima da foz dos rios, principalmente na época de desova. O robalo-flecha ou robalão é o maior da turma, podendo medir até 1,2 m de comprimento e pesar 25 kg, se movimenta ao fundo das águas calmas, barrentas e sombreadas. É um peixe digno do mata e come, pois exige uma luta bravia para a sua captura.

MODO DE FAZER: Doure levemente a cebola na manteiga. Acrescente o creme de leite e o vinho branco e deixe ferver até evaporar todo o álcool. Adicione a taioba, o sal e a pimenta-do-reino a gosto e refogue tudo por mais um minuto. MONTAGEM: Coloque as cascas das ostras em um prato e derrame nelas o creme de taioba. Por cima disponha as ostras empanadas com as castanhas-do-pará. *A taioba é um vegetal de folhas verde-escuras comestíveis. São muito saborosas quando refogadas. Seus rizomas também são comestíveis e, depois de cozidos e amassados, servem até para receitas doces.

CasaS • 37


Design

Do exuberante encontro entre a areia e o mar nasceu a inspiração para a coleção Caravelas. As cadeiras têm estrutura em aço escovado e trançado em fibra sintética na cor bronze escuro, compondo um visual leve e arrojado. Design Studio Saccaro.

CasaS • 38


Lapa, bairro carioca que é um reduto de história e cultura. Foi ali que o Studio Saccaro buscou inspiração para compor a coleção de mesas e cadeiras Lapa. Um convite ao compartilhar e à alegria.

As linhas com apelo orgânico e a mistura de matérias-primas conferem versatilidade às peças da coleção Lapa, ideais para uso indoor e outdoor.

CasaS •39


Viagem

Natureza preservada

CasaS • 40


O sol amanhece cedo na Bahia. Às cinco da manhã, ele desponta no horizonte, lindo e resplandecente. Ilumina a fileira de coqueiros da bela praia de Itacarezinho, na Costa do Cacau. A sensação é de uma profunda paz e tranquilidade. A brisa marinha sopra constante e dribla o calor presente o ano inteiro. Em um mesmo dia, chove e faz sol. A lua nasce no mar. E você logo entende: quem comanda o grande espetáculo é a natureza.

CasaS • 10


Viagem

Com mais de uma década de existência, o Txai oferece um “cardápio” de confortos e atividades que só deixa melhor o que já é bom e bonito por natureza: o litoral da Bahia. Hoje, além da hospedagem, tem terrenos e casas para vender.

natureza

Ele está na categoria “resort de luxo”. Entrega exclusividade e, para isso, aposta em serviço. Tem um staff de 150 pessoas. A proposta “luxo” vem junto da palavrinha “rusticidade”. Espere encontrar um lugar lindo, bem-decorado e repleto de mimos e confortos, mas que passa longe do concreto, de construções monstruosas e demasiadamente ostensivas. Imagine 92 hectares de uma terra que foi uma fazenda de cacau e coco e transformou-se em um paraíso do turismo que pretende ser preservado.

Nos primeiros anos, foi projetada a ala sul. Hoje, ele também tem a ala norte, usada nos meses de alta temporada, quando a ocupação é completa, ou por ocasião das festas de casamento. As noivas são “loucas” pelo clima paradisíaco deste hotel à beira-mar. No complexo, há duas piscinas incríveis, um spa maravilhoso e o charmoso casarão vermelho, com as confortáveis salas de estar, jogos e de televisão. As refeições se alternam nos três restaurantes, um deles na beira da praia.

CasaS • 42


CasaS • 43


Viagem

CasaS • 44


Txai Quem gosta de vista para o mar deve reservar os bangalôs de número 1, 2, 3 ou 4. Eles ficam em cima do morro, têm bem mais privacidade e irresistíveis deques com sofazinhos. Sem falar na escandalosa vista para a praia. Para acessá-los, há os carrinhos de golfe ou uma “senhora” escadaria. Ideal para casais em lua de mel. Já quem prefere estar perto da piscina e do mar não terá problemas em encantar-se com os bangalôs a poucos passos da praia. Esses, perfeitos para famílias. A piscina da ala sul é tão sedutora quanto a da ala norte, porém ela tem mais espreguiçadeiras, guarda-sóis e o serviço de bar, de onde saem petiscos e drinks a qualquer hora. Toalhinhas e travesseiros fazem parte dos agrados que a equipe do Txai monta todos os dias assim que o sol raia. O casarão vermelho com grandes janelas, arquitetura colonial, que lembra o estilo de fazendas, é um espaço convidativo, repleto de lindos objetos de decoração. Nele está o bar, com uma generosa seleção de cachaças, vinhos e destilados. Se atirar em um dos sofás ou sentar na varanda, que dá para o espelho d’água, é um belo programa para os momentos em que se desejam sombra e água fresca, além de dar um tempinho do sol!

CasaS • 45


Viagem

Na frente dele está o restaurante onde é servido o café da manhã em estilo buffet, com doces típicos da região. São pães, queijos, frutas, cereais, bolos, sucos, queijo coalho feito na chapa do fogão a lenha e um menu de ovos e tapioca. Uma delícia! De março a novembro, os jantares acontecem ali. Na alta temporada, no restaurante da ala norte. O lugar dos almoços é no jardim, no meio dos coqueiros, ao lado da piscina e com o pé na areia. A integração com a natureza é um dos pontos altos do hotel. Há verde por todas as partes.

Conecte-se O spa Shamash está com tudo! Localizado no ponto mais alto do resort, tem uma vista cenográfica da costa repleta de coqueiros. Há salas com tatames, camas especiais de massagem e velas. Uma delas possui uma grande janela de vidro, de onde o mar hipnotiza e nos mantém em estado de transe. Programe-se para chegar uma hora antes do seu tratamento. Aproveite a piscina aquecida com borda infinita e vista para o horizonte. Mergulhe, relaxe, olhe em volta, feche os olhos e deixe-se levar pelo canto dos pássaros, dê outro mergulho e siga assim por um bom tempo. Depois, que tal uma sauninha? Bem, ela não é uma sauna qualquer, pois a janela toma conta de toda a parede e lá de cima o que se vê é o mar. O oceano a perder de vista. Uma beleza! Desfrute e entregue-se, sem reservas, para cada minutinho da sua massagem, e na volta, antes de ir para o seu bangalô, fique nas espreguiçadeiras, arrisque mais um cochilo, tome um refresco e mergulhe fundo nesse estado de relaxamento em que fatalmente você vai estar. Deixe os problemas e barulhos da cidade grande bem longe e conecte-se com este lugar incrível.

CasaS • 46


CasaS • 47


Viagem

CasaS • 48


Paulinho Martins Todas as quartas-feiras, o chef Paulinho Martins olha a lista de hóspedes do hotel e vai de mesa em mesa falar com eles. Explica que no cardápio haverá os pratos fixos e mais três entradas e pratos principais diferentes a cada dia. Fora o especial da noite. E salienta: pode preparar qualquer prato que o hóspede desejar. Esse atendimento personalizado faz parte da filosofia do Txai. No caso do chef, é uma das maiores qualidades dele. Paulinho é de uma simpatia gostosa de ver. Paulista de Santos, vive na Bahia há dez anos, até um filho baiano já tem! Esteve no Txai por uma temporada, saiu, passou pela cozinha do Amado, em Salvador, prestou consultoria para 25 hotéis (entre eles a Pousada Maravilha em Noronha) e retornou ao Txai em uma nova fase. Sua cozinha passa longe da mesmice e valoriza a gastronomia local. Suas criações são leves e saborosas. Volta e meia, ele visita a casa de gente da roça, come e conversa com o povo e depois faz a sua releitura de clássicos da comida brasileira. Conta, com orgulho, que todas as hortaliças que usa nas saladas são orgânicas e plantadas por pequenos agricultores locais. Leva a sério a qualidade e procedência dos insumos. Os peixes são frescos, pescados no dia. Atum, robalo, abadejo, camarão, lagosta e caranguejo são as grandes atrações do cardápio.

VEJA RECEITAS DO CHEF PAULINHO MARTINS NA MATÉRIA MANGUE GASTRONOMIA, NA PÁG 30. CasaS • 49


Viagem

Txai Ele é capixaba, mas conhece a região como ninguém. Todos o chamam por dois nomes: Capixaba e Homem Tartaruga. Quando esta figura ilustre e rara voltou de uma temporada em Boston, parou em São Paulo e logo notou que a cidade grande não era seu lugar. Resolveu ir para Ilhéus e se apaixonou pela Serra Grande, praia ao lado de Itacarezinho. Por conta própria, começou a percorrer as praias, marcar as desovas de tartarugas e conscientizar a população da necessidade de não jogar lixo na natureza e preservar os recursos naturais. Logo o Txai prestou atenção nele e o convidou para gerenciar a parte de sustentabilidade do hotel. De lá para cá, o projeto cresceu, virou ONG e ganhou nome importante: Instituto Companheiros do Txai. Abaixo desse guarda-chuva estão três importantes pilares: o Txaitaruga, os Companheiros do Txai e a Educação Ambiental. O Txaitaruga, filiado ao TAMAR, é cuidado pelo Capixaba e pela sua fiel escudeira, a bióloga Stella Tomás. Todos os dias, entre as cinco e as seis da manhã, eles percorrem a APA (Área de Proteção Ambiental), que abrange as praias de Itacarezinho, Batizeiro, Pompilho, Pé da Serra e Sagrí, em busca de ninhos. As tartarugas fazem a desova na praia de outubro a abril. Nascem entre janeiro e abril. Apesar de o TAMAR estar fazendo um trabalho expressivo no combate à extinção das tartarugas na costa brasileira, ainda não estão livres do extermínio. O grande problema a ser CasaS • 50


enfrentado hoje é o lixo que vem pela maré de diversas partes do mundo. Por isso, é fácil ver o Capixaba e a Stella andando pela praia com um saco de plástico na mão e catando resíduos. O trabalho com a comunidade mostra-se promissor. As crianças chamam a atenção dos pais, pois aprendem na escola que o meio ambiente precisa ser preservado. Os pescadores avisam o Txaitaruga quando encontram uma tartaruga, já sabem como livrá-las da rede e mudaram seu comportamento, antes predador. Outro braço importante é o Companheiros do Txai, onde 23 agricultores locais, que trabalham com mão de obra familiar, fornecem 100% das hortaliças usadas pelo Paulinho Martins. Alface, rúcula, coentro, salsa, cebolinha, manjericão, hortelã, alecrim, couve e ovos orgânicos são produzidos e vendidos para o hotel, que oferece a eles o benefício da venda programada. Além do Txai, também vendem na feirinha orgânica de Itacaré. Para que tal feito fosse possível, houve um trabalho de capacitação, abordando o fim do desmatamento e mostrando como plantar sem o uso de agrotóxicos. A educação ambiental representa a coleta seletiva de lixo. Eles apostam na compostagem e transformam o lixo orgânico em adubo para a jardinagem e para os agricultores. O hotel tem uma estação de tratamento de esgoto e usa a água tratada para o jardim. A ideia de evitar o desperdício é um ponto relevante e bem trabalhado com os funcionários, que são chamados de colaboradores. Todos são incentivados e educados a evitar o uso excessivo de detergentes, sabão e água.

CasaS • 51


Viagem

CasaS • 52


Quer saber o efeito de todos esses cuidados? A natureza é preservada, o Txai irá completar muitas e muitas décadas a mais de vida e você poderá conhecer esse paraíso natural com praias de areias brancas e finas, águas transparentes e quentes, coqueiros à beira-mar e entardeceres inspiradores.

CasaS • 53


Design

O sistema Libero tem um visual arrojado, alinhado com as tendências internacionais de design. E mais: a Saccaro oferece este produto em diferentes opções de materiais, acabamentos e cores, para uma total personalização.

CasaS • 54


Um sistema de mobiliário criativo, para pessoas que acreditam na capacidade de personalizar os espaços de suas vidas. Assim é o Libero, assinado pelo estúdio italiano Decoma Design.

As possibilidades são infindas: diversos tamanhos de módulos, diferentes materiais em um mesmo móvel, 10 cores de laca brilho, pintura emborrachada. Libero é a liberdade para compor.

CasaS • 55


Projetos

Natureza,

CasaS • 56


Nesta edição apresentamos 4 projetos que valorizam a convivência e os momentos de lazer. São casas e apartamentos localizados em diferentes regiões do país, mas todos concebidos para proporcionar bons momentos aos seus moradores e visitantes, ao ar livre ou nos espaços internos

CasaS • 57


Projetos

em família Ambientes amplos, claros e aconchegantes. Essa é a tônica da decoração desta cobertura duplex em João Pessoa, Paraíba. Partindo de uma base contemporânea, a arquiteta Germana Terceiro Neto Parente criou espaços confortáveis, funcionais, mas sempre elegantes, refletindo o estilo de vida dos proprietários – um casal e dois filhos em idade escolar. Amplas janelas e portas de vidro captam a luminosidade da região e permitem o contato com a bela paisagem litorânea.

Arquiteta Germana Terceiro Neto Parente

João Pessoa-PB

CasaS • 58


O branco permeou todo o projeto, mesclando-se aos tons marrons da madeira, elemento responsável pelo clima acolhedor que envolve os espaços. Na sala de estar, destaque para o sofá Nuvens e a mesa de centro

Manila. Já no estar do Spa (piso superior), o sofá, as poltronas e a mesa de centro da coleção Noronha tornam a área convidativa ao relax.

CasaS • 59


Projetos

CasaS • 60


No quarto do casal, mais conforto e aconchego. Poltronas giratórias Menorca em linho cru, com desenhos florais, acrescentam um toque de romantismo. O banco Punta Arenas, em madeira e couro, serve de apoio à cama. Nas áreas de lazer do piso superior predominam os móveis em fibras naturais e madeira. A ideia lá é relaxar, conviver e aproveitar a linda vista do mar.

CasaS • 61


Projetos

à natureza

Instalada em um condomínio na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, esta residência tem localização privilegiada, junto à natureza. Os proprietários, um casal com duas filhas jovens, adoram desfrutar da companhia de amigos e familiares nos ambientes externos, que primam pela descontração e pelo conforto. Os detalhes em tons de azul são um pedido da dona da casa, que também participou da escolha do mobiliário, atentando para duas características fundamentais: design e qualidade.

Arquiteta Andréia Tissot Valmórbida Porto Alegre-RS

CasaS • 62


A espaçosa varanda, com dois ambientes distintos, fica entre a piscina e o estar interno, oferecendo inúmeras possibilidades de uso, tanto de dia como à noite. Um dos ambientes foi montado com poltronas

Santa Bárbara. O outro tem sofás e poltronas de fibra da coleção Sogno, e mesa de centro Ayty. A atmosfera é sofisticada, mas muito confortável e convidativa. CasaS • 63


Projetos

Composto em diversos patamares, o jardim tem ampla área de sombra proporcionada por um bosque de árvores nativas. A área de lazer é totalmente integrada ao verde. Para tirar proveito dessa característica, a arquiteta Andréia Valmórbida criou agradáveis ambientes de estar ao ar livre, que se tornaram os locais preferidos da família nos finais de semana.

CasaS • 64


CasaS • 65


Projetos

CasaS • 66


Apartamento A dona deste apartamento costuma passar muito tempo fora da cidade. Viaja pelo mundo inteiro, a trabalho. Baiana, solteira, ela mora em São Paulo e queria que sua residência tivesse lembranças das viagens, referências da família, objetos de valor afetivo. Para criar o lar dessa cliente, a arquiteta Cristiane Schiavoni escolheu peças-chave, como o buffet Fifty: lembra os móveis da casa da vó, mas tem design apurado e também modernidade.

Arquiteta Cristiane Schiavoni São Paulo-SP


Projetos

CasaS • 10

CasaS • 68


A cliente queria um sofá maravilhoso para assistir a seus filmes com todo o conforto. Cristiane escolheu o sofá Cotton, que marca presença e se harmoniza aos demais elementos do décor. Na sala de jantar ela valorizou elementos naturais, já presentes nos acabamentos do ambiente: escolheu as cadeiras de fibra da coleção Soma e a mesa de madeira Savoy.

CasaS • 10

CasaS • 69


Projetos

em casa

Esta ampla casa em Anápolis, Goiânia, abriga um jovem casal e seus dois filhos, ainda pequenos. Com arquitetura contemporânea, a residência foi concebida para proporcionar conforto à família e é bastante funcional. O piso térreo é todo integrado à área de lazer, proporcionando um dia a dia de convivência e relax. Nas áreas externas o arquiteto e designer de interiores Alexandre Milhomem utilizou peças das coleções Ayty, Thai, Terraças, Asti e Duna, todas da Saccaro.

Arquiteto Alexandre Milhomem Goiânia-GO

CasaS • 70


CasaS • 71


Projetos

Na ampla varanda, Alexandre dispôs sofás e mesas laterais da coleção Duna, que conferem leveza e conforto ao ambiente. Em torno da piscina, as elegantes espreguiçadeiras Ayti são um convite ao relax e ao contato com o verde. Na decoração predomina o estilo clássico, explorando tons neutros no mobiliário e nos materiais de acabamento, com algumas pitadas de cor.

CasaS • 72


CasaS • 73


Revista Saccaro - Ano 1 - #2 - fevereiro de 2014

O Mangue

Fauna e flora Sustentabilidade Cultura Gastronomia Paisagem

Viagem

Txai Resort, uma imersão na linda natureza baiana

Especial

Coleção Mangue


O carrinho de bar da coleção Tijuca é prático de montar e de manusear. Um ótimo e versátil complemento para a área externa. Com sua estrutura e seu desenho simples, combina com diferentes estilos de mobiliário.

A coleção Tijuca festeja a união do natural com o urbano, em homenagem à Barra da Tijuca. A mistura de matérias-primas diversas – madeira sem tingimento e aço inox escovado – torna essas peças ideais para o uso outdoor. Design Studio Saccaro. CasaS • 75


Coleção Mangue

Design

CasaS • 10

A força do manguezal está exatamente em seu ponto mais exposto: as raízes que fincam na terra a história de um bioma mágico. E desta experiência que reúne estética perfeita desenhada pela natureza e interpretação artística, o arquiteto e designer Roque Frizzo criou com exclusividade para a Saccaro a mesa Mangue Negro. Uma série de 70 mesas numeradas que apresenta uma união entre o artesanal e a tecnologia.


“Minha primeira visão do manguezal, em uma viagem há dois anos, foi surpreendente. Das raízes encrustadas no barro à baixa da maré, quando a locomoção de várias espécies de peixes, moluscos e crustáceos cria um design inusitado. É impossível ficar indiferente”, afirma Roque.

LO CasaS • 10


Coleção Polo

A Mangue Negro comporta até 10 cadeiras ao longo de seus 3,2 m de comrprimento x 1,3 m de largura. Por ser composta de lâmina natural, procedente de madeiras de manejo florestal, as nuances de cada peça, bem como os veios, ganham exclusividade. Um verdadeiro deleite para os apaixonados pelo material, nas palavras do autor.

“É muito poético quando pensamos que o manguezal também é um grande berçário”, explica. E entre a “descoberta” de Frizzo e o trabalho com afinco para a criação da Mangue Negro foram-se oito meses de estudos e testes, até a idealização do primeiro protótipo. Agora, a poesia do mangue interpretada pela sensibilidade do designer chega às lojas da Saccaro.

Em uma alusão à cheia e à baixa das marés, necessárias para manter o equilíbrio deste ecossistema, o tampo exibe o design do caminhar dos caranguejos, cujas marcas deixadas no barro são reproduzidas a laser na madeira. Unidas a ele, uma a uma, em um minucioso trabalho artesanal de marcenaria, as raízes que formam a base lembram os conceitos de força, proteção e beleza vivenciados por Frizzo. CasaS • 78

Roque Frizzo, criador da mesa Mangue Negro.


mesa Mangue Negro

CasaS • 79


Design

Para um sentar espaçoso e confortável, a coleção Lonca, de Ana Revello Vazquez e Renato Solio, tem linhas acentuadamente horizontais e materiais nobres. Nas laterais, tiras de couro lonca com trançado ortogonal, feito à mão.

Exclusividade é a marca da coleção Root, assinada pelo Studio Saccaro. Nenhum item é igual a outro. Centros de mesa, bowls, bandejas e vasos refletem as transformações realizadas pela natureza na madeira.

CasaS • 80


Conforme o nome sugere, a coleção Blend é uma charmosa mistura: formas orgânicas e fluidas com ângulos austeros e retos. São mesas de jantar e de centro que valorizam sua matéria-prima, a madeira, com harmonia de linhas, texturas e cores.

CasaS • 81


Con el trabajo de Roque Frizzo para Saccaro, ahora el mangue tiene influencia también en otra importante área del conocimiento humano: el diseño. Este hábitat natural fue la inspiración de Frizzo para la creación de la colección Mangue, que reproduce en una mesa la trama intrincada de las raíces y las huellas de los cangrejos sobre el lodo. En las próximas páginas usted va a sorprenderse con la belleza, la diversidad y la efervescencia del mangue. ¡Buena lectura, buen viaje! Los editores

Índice El Mangue:

cuna de la vida, ese ecosistema es un ícono del litoral brasileño y pide preservación.

Tapa Revista Saccaro CasaS Año 1 #2 – Fevereiro de 2014

El Mangue Fauna y flora Sustentabilidad Cultura Gastronomía Paisaje

Viaje

Txai Resort, una inmersión en la linda naturaleza bahiana

Especial

Colección Mangue:

la vida que pulsa entre las raíces y la arena inspiró al diseñador Roque Frizzo en la creación de la mesa Mangue.

Proyectos:

áreas de ocio y convivencia en viviendas de diferentes regiones de Brasil.

Txai:

una perfecta combinación: exuberancia de la naturaleza y excelencia en servicios.

Gastronomía:

cangrejos, ostras, langostinos… Las iguarias del mangue en recetas firmadas por dos renombrados chefs.

Colección Mangue

Nota del Editor

CasaS • 82

Aguas dulces y saladas se unen para un espectáculo con el diseño de las raíces. Márgenes de bahías, ensenadas, barras, desembocaduras de ríos, en cualquier lugar donde se dé este encuentro de aguas está garantizado el espectáculo de las raíces con sus diseños que instigan. Se calcula que él pueda estirarse hasta cerca de 20 kilómetros distante del mar, explayándose en los bajos de los estuarios de los ríos hasta donde llegue el flujo de las mareas. Del mangue rojo (Rhizophora mangle) salen raíces de varias alturas del tallo, que se ramifican en el suelo para una mejor sustentación. Del mangue seriba (Avicennia schaueriana) –otro árbol predominante, junto con el mangue blanco (Laguncularia racemosa)las ramificaciones verticales de las raíces, llamadas neumatóforos, recogen oxígeno del aire. Agarrados a estos troncos lisos y oscuros, moluscos como ostras y mariscos están sumergidos en la marea alta. Varias especies de cangrejos, también residentes fijos del bioma, cavan escondites profundos en el suelo lodoso. Existe, además, más especies marinas, así como terrestres y de agua dulce, que allí pasan apenas una fase de la vida, en especial para reproducirse. Son varias calidades de peces, aves (notoriamente el pernalta, conocido como “socó” –en el lenguaje indígena una corruptela del “ço-co”, que se traduce como “ave que se ampara en una pata sola”-, más gaviotas, garzas, cuervos, flamencos, gavilanes, etc.), jacarés y mamíferos. Es una compleja y exuberante cadena de flora y fauna que sirve, además de como cuna para los animales, también para amortiguar el impacto de las mareas y para contener los sedimentos traídos por los ríos, evitando la colmatación de las playas.

Mangue, la vida que pulsa Prepárese para una inmersión en uno de los más fascinantes ecosistemas ya creados por la naturaleza: el mangue. El encuentro del agua dulce de los ríos con la salinidad de las aguas del mar provoca el surgimiento de áreas inundadas en que la vida pulsa. El mangue tiene flora y fauna riquísimas. Las raíces aéreas, que son la marca registrada de ese bioma, abrigan innumerables especies de animales y garantizan un espectáculo visual de rara belleza. En esta segunda edición de la revista Saccaro CasaS fuimos a conocer a fondo el mangue, saber cómo funciona ese ecosistema, quiénes son sus habitantes y cómo el ser humano interactúa con la naturaleza en esas áreas inundadas del litoral de Brasil. La riqueza del mangue es tan grande que ya extendió su influencia a diferentes segmentos de la sociedad, como la cultura (vea el movimiento musical Mangue Beat), la gastronomía y la ecología (el bioma sufrió con la intervención equivocada del hombre y corre serios riesgos de destrucción).

alimentos. El mangue es de una belleza grandiosa y desconcertante, algo de imagen tan primitiva que, si no fuesen los tristes abusos del hombre moderno, nos remitiría directamente a la creación, a las raíces ancestrales, cuando dioses y pueblos intercambiaban impresiones.

Paginas 10 - 29

La cuna de la vida “Del barro viniste, al barro volverás”. Tal vez sea una dimensión bíblica del misterio de la vida que nos aflore del inconsciente al pensar en el mangue, causándonos tamaña fascinación y espanto. No hay quien no se impresione con ese ecosistema donde las aguas dulces de los ríos se encuentran con las aguas del mar. Áreas inundadas se forman con una acumulación de partículas orgánicas en el fondo lodoso y la aglomeración vegetal exótica. Allí está una cuna de la vida para diferentes especies de animales, y la raza humana se mueve en ese barro desde tiempos remotos buscando

Un mapeo realizado por el Ministerio del medio ambiente, en 2009, muestra un alcance de cerca de 1.225.000 (un millón doscientas veinticinco mil) hectáreas para los mangues brasileños en casi todo el litoral del país. Desde el Oiapoque, en el estado de Amapá, hasta la ciudad de Laguna, en Santa Catarina. Pero él no es exclusivamente brasileño, sino que es común en todas las zonas litorales de los países tropicales y subtropicales. El libro “Fitogeografía de Brasil”, de A.J. de Sampaio, informa que el mangue vive desde México, en las costas del Atlántico y del Pacífico, hasta África y también en las islas oceánicas. Las mayores extensiones de mangues de la costa brasileña ocurren entre la desembocadura del río Oiapoque, en el extremo norte, y el Golfo Marañense, formando una barrera entre el mar, los campos inundados y la tierra firme.


Del sudeste del estado de Marañón hasta Espíritu Santo, los mangues son reducidos y están asociados a lagunas, bahías y estuarios. El Complejo Estuario– Lagunar de Iguapé – Cananeia y Paranaguá, situado entre San Pablo y Paraná, representa una de las reservas de mangues más importantes del país. En la bahía de Guanabara, en Río de Janeiro, ese ecosistema presenta una gran extensión nuevamente, pero sufre.

El mangue sobrevive en la pujanza de su compleja cadena de flora y fauna exuberantes Investigadores apuntan que extensas áreas de mangue en Brasil y en el mundo fueron degradadas por la construcción de puertos, carreteras costeras, industrias y hasta por la construcción de lotes, lo que, además de alterar sus características peculiares y naturales, trajo la nefasta contaminación. Pero mientras habitemos este pálido punto azul suelto en el cosmos, que bautizamos Tierra, el mangue sobrevivirá en la pujanza de su propia característica, estimulando defensas necesarias y apasionadas, como instituciones por la preservación y manifestaciones culturales que exaltan su riqueza.

Patrimonio de la humanidad Somos un país de grandes responsabilidades. Abrigamos recursos naturales únicos en el planeta, lo que nos transforma en guardias de un tesoro inmensurable, hoy y para el futuro. La floresta amazónica, el pantanal de Mato Grosso, la mata atlántica y una de las mayores áreas de mangues del mundo. Es una diversidad que nos coloca en una posición de honra en el escenario mundial de la preservación ambiental. El Complejo Estuario– Lagunar de Iguapé – Cananeia y Paranaguá, por ejemplo, es reconocido como uno de los ecosistemas costeros más productivos del planeta tanto por científicos, como por ecologistas y organizaciones internacionales. En 1999 fue declarado Patrimonio Natural de la Humanidad. Son 1,7 millón de hectáreas de mangue dentro del Valle do Ribeira, que sumado a sus otros ecosistemas -2,1 millones de hectáreas de florestas (la reserva más importante de Mata Atlántica del país y del mundo), 150 mil hectáreas de restinga y 200 kilómetros de costa recortada por playas, estuarios e islas- mereció el título de la Unesco. Es imperativa nuestra responsabilidad.

Las leyes ambientales necesitan ser aplicadas para la preservación de los mangues. Los mangues, en toda su extensión, ya ganaron protección por ley. Solo el hecho que integran zonas costeras justificaría la legislación federal. Pero cuenta la indiscutible relevancia biológica y también su importancia social. Como cuna de los recursos pesqueros, sustenta directa o indirectamente poblaciones enteras. En la Constitución de la mayoría de los Estados marítimos brasileños, el

mangue es considerado un área de preservación permanente. Y, de todas maneras, continúa sufriendo con la ocupación desordenada a lo largo de la costa brasileña y sus terribles consecuencias. La captura de los animales en el mangue, de igual modo, ganó protección legal, con un período de defensa para que se preserve la reproducción de las especies. Pero una vez más el papel, que acepta todo, no es digno de la orden. Yara Schaeffer-Novelli, libre docente en Oceanografía biológica por la Universidad de San Pablo, especialista en mangues, impactos ambientales y ecología de ecosistemas costeros, posee diversos estudios publicados y es bastante realista en relación con la protección legal del medio ambiente. “Las leyes ambientales brasileñas son de las más avanzadas, pero falta la efectiva aplicación y fiscalización”. Yara critica los impactos sobre los recursos naturales en la costa brasileña, que no raramente se valen de la convivencia de los órganos fiscalizadores, “en una afronta a los principios de mantenimiento de la vida y falta de respeto a nuestras leyes y a la ética”. En el estado de Bahía, el Mangue Seco, inmortalizado por el escritor Jorge Amado en su novela “Tieta del Agreste” y famoso mundialmente por la belleza de sus dunas, coqueros y mangue, es un ejemplo. José Queiroz, conocedor de la región y especializado en turismo receptivo, en un artículo publicado en el diario Tribuna de Bahía, dice que “el Mangue seco fue abandonado por los poderes públicos -¡ni hay una ruta de acceso!”- y fue agredido de diferentes maneras, por falta de normas para la ocupación y la visitación, por falta de vigilancia, pero nada que un trabajo en conjunto bien realizado no solucione. Una tarea organizada en la que participen las instituciones de las tres esferas del gobierno, de la iniciativa privada y de la prensa, respetando las necesidades de la población de las poblaciones de la región, que dependen del lugar para asentarse y no migrar para los grandes centros. No es necesario destruir para ganar dinero, Praia do Forte [la playa del Fuerte] es un buen ejemplo, y la pesca y el turismo son sus principales vocaciones. ¡Las instancias del turismo regional necesitan mirar al Mangue seco!” Muchos pescadores también infringen la ley –o simplemente la desconocen- y, diariamente, continúan embarrándose en la búsqueda de millares de cangrejos y otras especies del mangue. Es su única forma de sobrevivencia, vender cangrejos en las carreteras –o para receptores inescrupulosos- a fin de sustentar a sus familias. Es una ecuación cruel, que contrapone la riqueza de nuestro patrimonio ambiental con los bajos Índices de Desarrollo Humano (IDH) en diversos estados donde brota el mangue. La población local del Valle do Ribeira, por ejemplo, no tiene alternativas económicas adecuadas para el desarrollo sustentable de la región. En el estado de Pará, uno de los mayores mangues del país, donde el agua fresca del río Amazonas se mezcla con el agua salada del Océano

Atlántico, los pescadores dependen de la captura de cangrejos para su subsistencia. Es una vida dura la de esas comunidades, vida de pobreza, con dificultades de todos los tipos, incluso las de la propia naturaleza. Tanto los pescadores y los cazadores de cangrejos como quienes buscan ostras y mariscos, además de moradores de las proximidades del mangue, enfrentan ataques de un mosquito vulgarmente conocido por el nombre de “maruim”, “meru-i”, en el lenguaje indígena, que significa “mosquito de marca pequeña”. Cuando no hay viento y las mareas vivas –las fases de la luna Llena y de la luna Nueva, en las que la influencia del sol refuerza a la de la Luna- los minúsculos mosquitos dejan el mangue en grandes enjambres, a la noche es necesario encender fogatas frente a las casas para contener la furia de estos animales con el humo. Pero ni todo es desaliento y no faltan hombres de buena voluntad en la lucha por la preservación del mangue y por mejores condiciones de vida para las comunidades tradicionales de su entorno. Paulinho Martins, chef del Txai Resort, vecino de un mangue en Itacaré, en el estado de Bahía, es un gran entusiasta y defensor del bioma, y solamente compra cangrejos y otros animales de la colonia de pesca Z-18 de Itacaré. Martins enfatiza que cazadores y pescadores deberían contar con un seguro desempleo por parte del Gobierno, siguiendo el ejemplo de otras categorías, a fin de tener una pequeña garantía de subsistencia en los periodos de defensa, cuando es prohibido pescar o recoger frutos del mar. Es una propuesta que ya fue presentada y vetada y ahora se encuentra –nuevamente- en trámite en la Cámara de los diputados, de acuerdo con lo que informa la asesoría de prensa del MPA (Ministerio de Pesca). Ella extiende a los cazadores de cangrejos, y mariscos que viven de esa actividad el derecho al seguro por desempleo de un salario mínimo por mes, que debe ser concedido durante la defensa. Y también en periodos en los que la recolección quede perjudicada por la contaminación ambiental, la proliferación de organismos nocivos o por las lluvias. De San Pablo viene un ejemplo animador que el periodista Xavier Bartaburu documentó en una serie exclusiva para la página de la Internet de la National Geographic Brasil: en 1993, investigadores de la Fundación Forestal, del Instituto de pesca y del Napaub / USP (Núcleo de apoyo a la investigación sobre poblaciones humanas y áreas húmedas brasileñas) ayudaron a Mandira a organizarse. Comunidad rural [con origen esclavo] pionera en el comercio y en el cultivo de ostras del mangue en Brasil, se formó como respuesta a una progresiva pérdida de territorio, primero por un parque de protección de las cavernas del Alto Ribeira, después perdió más territorio porque un empresario de San Pablo compró un 85% de las tierras que le pertenecían a los descendientes de los antiguos esclavos que se liberaron. Hasta entonces, el personal del Mandira vivía de la extracción del palmito y de la caixeta, árbol que produce la madera usada en la CasaS • 83


fabricación de lápices. Sin tierra ni floresta, pero con mangue de sobra, los moradores de ese barrio en la porción continental de Cananea, en el litoral sur de San Pablo, encontraron en los moluscos su nueva fuente de renta. Otros en la región siguieron el ejemplo, y en poco tiempo centenas de caiçaras se desparramaron por los mangues, armados con una hoz y con barro hasta las rodillas, buscando ostras que crecían agarradas a las raíces. Era todo predatorio y, en la época, el trabajo se resumía a la recolección, a la retirada de la concha y a la venta a los intermediarios, que, como de costumbre, pagaban el menor precio posible a los productores. Ostras de cualquier tamaño iban directamente al cesto y ni el momento de reproducción se respetaba. Solamente no acabó porque la comunidad tuvo ayuda para organizarse. Fueron construidos viveros de engorde, para garantizar el almacenamiento y permitir que el molusco continúe reproduciéndose. Al mismo tiempo, los habitantes de la población comenzaron a vender la ostra con la concha, y no “desmariscada”, como ellos dicen. Eso aumentaba las chances de competir con la ostra asiática, cultivada en grandes haciendas marinas en el litoral de Santa Catarina. Una década después crearon la Cooperostra (Cooperativa de los productores de ostra de Cananeia) y, con la ayuda del Ministerio del Medio Ambiente, compraron un vehículo para distribuir la producción en la capital paulista y en el litoral. Desde entonces, los habitantes del quilombo pasaron a tener ostras todo el año, vendidas por ellos mismos en el mercado, libres de intermediarios. Es por finales felices como estas que el ciudadano brasileño consciente sigue “hinchando” por su patrimonio, que es también de toda la humanidad.

Paginas 10 - 29

Cangrejos con cerebro El mangue, además de ser la cuna de la vida, es también fuente de inspiración cultural. En la literatura y en la música, tenemos obras de impacto: Jorge Amado y Chico Science, dos mentes brillantes que inmortalizaron el mangue. Los dos ya se fueron, pero sus manifestaciones continúan generando hijos, como todo lo que es revolucionario. Jorge Amado, el escritor que le dio cuerpo y voz al pueblo brasileño, o más. Como destacó otra gran escritora: Mia Couto, “Debe ser dicho (como CasaS • 84

una confesión al margen) que Jorge Amado realizó por la proyección de la nación brasileña más que todas las instituciones gubernamentales juntas”. En Angola, el poeta Mario Antonio y el cantor Ruy Mingas compusieron una canción que decía: “Cuando leí Jubiabá / me creí Antonio Balduino. / Mi primo, que nunca leyó / quedó Zeca Camarón”. Y era ese el sentimiento: Antonio Balduino ya moraba en Maputo y en Luanda antes de vivir como personaje literario. Lo mismo sucedía con Vadinho, con Guma, con Pedro Bala, con Tieta, con Doña Flor, con Gabriela y con tantos otros personajes. “Jorge no escribía libros, él escribía un país. Y no era apenas un autor que nos llegaba. Era un Brasil todo entero que regresaba a África. Había pues otra nación que era lejana pero no nos era exterior. Y nosotros necesitábamos de ese Brasil como quien carece de un sueño que nunca antes habíamos sabido tener. (…) Descubríamos esa nación en un momento histórico en que nos faltaba ser nación. El Brasil –tan lleno de África, tan lleno de nuestra lengua y de nuestra religiosidad- nos entregaba ese margen que nos faltaba para que seamos río”.

El mangue fue inmortalizado en la literatura por Jorge Amada y en la música por Chico Science. Las manifestaciones continúan generando hijos, como todo lo que es revolucionario. En el Mangue Seco, Jorge Amado encontró la inspiración para “Tieta del agreste”, revelando toda la potencia dramática del lugar, en un enredo de costumbres y denuncia social. Fue en esa región que el escritor nació y se refugió por un periodo de la dictadura del presidente Getulio Vargas. La novela, adaptado para la televisión y el cine –incluso, en la novela para la televisión, las grabaciones fueron realizadas en una casa de la familia-, revela también la exuberancia de esa punta de península en el extremo norte de la costa del estado de Bahía. Son kilómetros y kilómetros de dunas, donde Tieta se inicia en la vida sexual, puntuados por palmeras y otras plantas tropicales de varios matices. Del otro lado está Estancia, en el estado de Sergipe, cuna de los abuelos, los padres y los tío de Jorge Amado, ciudad que también está presente en “Tieta del Agreste” y Tereza Batista. Una de las tramas centrales de “Tieta” es la agresión al medio ambiente, que Jorge Amado creó mostrando las distorsiones de nuestra política. Uno de los personajes –Ascanio Trinidad, el secretario que manda y desmanda en la Intendencia- facilita la entrada de un emprendimiento poderoso, ignorando el hecho que es una industria altamente contaminante. Pero corre la información que en todo el mundo solamente existen seis (06) fábricas de dióxido de titanio y la población se divide, cuestionando si el titanio mata a los cangrejos. “Dicen que mata hasta quélidos [una familia de tortugas], que es un bicho muy complicado para morir”. Y Tieta toma el frente para expulsar al equipo de técnicos, moviendo el cayado de su padre:

“¡Que se vayan los envenenadores!” Hoy, el Mangue Seco es un APA (Área de protección ambiental) y hay senderos que pueden ser realizados a pie, en cuadriciclos o en vehículos areneros. También hay paseos en barco para conocer el mangue, con un espectáculo impar de millones de cangrejos en la marea baja.

¿El titanio mata al cangrejo? “Dicen que mata hasta los quélidos, que es un bicho muy complicado para morir”. Y Tieta moviendo el cayado de su padre: “¡Que se vayan los envenenadores!” Chico Science, creador del Movimiento Manguebeat, lideró un grupo de jóvenes en sintonía con la efervescencia del fin de la dictadura militar y en contacto con influencias musicales ajenas a los parámetros de las multinacionales de la industria fonográfica. Rodrigo Gameiro y Cristina Carvalho escribieron un documento: El Movimiento Manguebeat en el cambio de la realidad sociopolítica de Pernambuco, que muestra cómo este grupo, inconforme con la injusticia realidad social y urbana de Recife, produjo el manifiesto que decretaba: “librarse de las cadenas del tradicionalismo abandonando la energía negativa del melado de la caña y energizando el ambiente fértil de la lama”. El músico Fred Zero Quatro [Fred Cero Cuatro], que trabajaba con videos ecológicos, dio el tono del movimiento con una metáfora del ecosistema mangue: llave en la biodiversidad global. Así, el Manguebeat necesitaba formar una escena musical tan rica y diversificada como los mangues. El símbolo del movimiento, una antena parabólica hincada en la lama, se diseña. Siendo diversidad la principal bandera del mangue, la muvuca [una aglomeración desordenada de gentes y artes] en la música contaminó otras formas de expresiones culturales, como el cine, la moda y las artes plásticas.

Recife fue levantada sobre mangues, donde se concentra la población pobre. Solamente podría ser el mangue la inspiración para un movimiento tan importante como el Manguebeat. Solamente podría haber sido el mangue la inspiración y el bautismo de un movimiento cultural tan importante en Pernambuco; al final, Recife fue erguida sobre mangues, donde se concentran villas y su población pobre, aunque formada en la mayoría por descendientes de negros africanos y de indígenas. El Manguebeat surgió como un ritmo que mezclaba maracatú, hip-hop, funk rock, rock y música electrónica y tenía, en el quehacer colectivo, su significado. Las bandas que practicaban los ritmos alternativos, marginalizados por los medios de comunicación de masa y los poderes públicos,


formaron un circuito underground creativo hasta en la divulgación. Folletos, revistas y redes de contactos en una época pre-redes sociales consiguieron distribuir el movimiento, mostrando la necesidad y el potencial de democratizar políticas públicas culturales. El primer festival aconteció en 1993, con 57 bandas prácticamente desconocidas tocando furiosamente en un espacio improvisado. No demoró mucho para que el movimiento comenzara a ganar los medios de comunicación de masa, pues crecían y aparecían cada vez más y mejores festivales en el centro urbano de Recife y también en las periferias. Y, entonces, las radios del Estado colocaron en el aire el sonido de la diversidad. Cuando Chico Science murió, en 1997, la repercusión en los medios de comunicación, nacionales e internacionales, simplemente lo elevó al nivel de artista mito de Brasil. Fred Zero Quatro, autor del Manifiesto Cangrejos con cerebro (el año pasado completó 20 años), afirmó en la época que una conciencia de los cambios en la escena cultural de la ciudad ya se había consolidado y que, incluso sin Chico, el movimiento no moriría. Estaba lleno de razón, pues hasta hoy las principales bandas del movimiento continúan allí y lanzaron, recientemente, en colectivo, es obvio, un disco tributo, dividido en dos partes: Mundo Libre SA vs. Nación Zumbi. Fred Zero Quatro, que también es líder de la banda Mundo Libre SA, declaró a la prensa especializada: “No tengo más aquella energía para acompañar todo, hay muchas cosas aconteciendo”, festejando los sucesores del Manguebeat, como Eddie, de quien se declara fanático, y los más recientes aun: Catarina Dee Jach, Orquesta contemporánea de Olinda y Academia de la Berlinda. Cangrejos con cerebro también se reproducen en el mangue.

Paginas 10 - 29

MANGUE “No necesitaban ni siquiera pescar, recogían mariscos en los mangues y piedras, raramente probaron tocino y carne de vaca” (Auguste de Saint-Hilaire) El “mata y come” fue el más sorprendente de los actos revolucionarios del plan alimentario. La sentencia es de Luis da Cámara Cascudo en el libro “Historia de la Alimentación en Brasil”, un verdadero tratado sobre la comida en los más diversos aspectos. El autor reflexionaba sobre la visión del

apóstol Pedro, cuando este, con hambre, vislumbró el cielo abierto que le exponía la famosa “sábana zoológica” con todos los animales, mundificados por el Señor, que podrían alimentar al hombre. La voz de Dios le dijo: “Levántate, Pedro: mata y come”. Terminaban allí las limitaciones alimenticias del libro de Levítico, el libro de carácter legislativo del Antiguo Testamento, que establecía el ritual de los sacrificios, las normas que diferencian lo puro de lo impuro, la ley de la santidad y el calendario litúrgico entre otras normas y legislaciones que regularían la religión. Cascudo comentaba que ese dictamen fue tan atrevido y perturbador que todavía –en los finales de la década de los años 70, cuando su libro fue lanzado- no se había transformado en universal. “Las restricciones alimenticias continúan, no solamente determinadas por la higiene nutricional, sino también como precepto religioso o conceptual”. Los pueblos fueron creando sus hábitos alimenticios moldados en creencias y costumbres, pero también por imposición del hábitat y sus oportunidades, o por la falta de estas. En Brasil, el botánico Auguste de Saint-Hilaire observó la cultura ictiófaga de los habitantes insulares y de la costa marítima. “No necesitaban ni siquiera pescar, recogían mariscos en los mangues y piedras, raramente probaron tocino y carne de vaca” describió. Este viajante europeo, que hizo uno de los más minuciosos y brillantes registros de nuestras costumbres y paisajes, mostraba cómo en el estado de Santa Catarina, por ejemplo, predominaba el consumo de peces y frutos del mar, al contrario que el régimen alimenticio de Río Grande do Sul, con su ganado abundante. Pero incluso las comunidades del litoral practican el “mata y come” bíblico, pues después de “recoger” mariscos y cangrejos, ellos precisan ser muertos. “Existen dos formas para matar al cangrejo: clavando un cuchillo en la abertura de su cáscara, a la altura de la cabeza o colocándolo vivo en una olla con agua hirviendo. Es difícil saber cuál es la menos violenta”, explica el chef Paulinho Martins, del Txai Resort, en Ilhéus, en el estado de Bahía. Ya la higiene nutricional a la que se refería Cascudo es otro aspecto importante, especialmente en lo que se refiere a los animales originales del mangue hoy en día. Con la contaminación creciente en los mangues, es cada vez más restrictivo el uso de esos animales en la dieta. “La ostra del mangue es el caso que más preocupa, pues, como toda ostra, es una iguaria muy apreciada in natura, apenas condimentada con limón. La ostra es como una esponja, absorbe todo de su hábitat, y si el mangue no es limpio, ella estará contaminada. Por eso, es muy arriesgado consumir la ostra del mangue cruda, pues representa un efectivo riesgo de intoxicación”, pondera el chef Eudes Assis, del restaurante Vinea Alphaville, en San Pablo. Pero él comenta que las recetas de cocina no ofrecen ningún riesgo, pues –al final- el fuego mata todo. “Ningún microorganismo consigue sobrevivir a altas temperaturas; así, es más seguro apreciar platos cocidos con esa ostra genuinamente nuestra”. La ostra del mangue tiene una apariencia muy

semejante con la de su prima asiática, pero es mayor, más carnuda, con textura más cremosa y sabor más dulce. La ostra del Pacífico fue introducida en Brasil con gran éxito, se adaptó bien en los cautiverios de cultivo en nuestra costa y es grandemente difundida en la gastronomía nacional. “Actualmente trabajo con las otras asiáticas cuando quiero ofrecerlas crudas, pues conozco su procedencia, tengo garantías que son limpias. En Santa Catarina, las haciendas de ostras tienen producción en gran escala y son confiables. Aquí, en el Sudeste, tenemos una producción pequeña de criaderos en Ubatuba, Paratí y Angra, que abastecen, fundamentalmente, restaurantes. Pero me gusta la ostra del mangue, es una belleza, un producto fantástico para trabajar”, comenta Eudes. La ostra del mangue fue un ingrediente casi exclusivo de la dieta de millares de pescadores durante décadas, pero desde los año 70 pasó a figurar también en la alta gastronomía nacional, resultando en recetas creativas y especiales, tanto de horno como de fuego. Incluso en la comunidad rural, descendientes de los antiguos esclavos que se liberaron, del Mandira, gran productora en Cananeia (San Pablo), la ostra del mangue es siempre consumida cocida, de las más diversas maneras: rehogada, como la mezcla del arroz o la farofa [harina tostada] de ostra, torta de ostra, ostra gratinada con queso y ostra asada. Con el cangrejo, otro animal del mangue reinante en la gastronomía, el problema de la contaminación es mucho más fácil de contornar, hasta porque las recetas son –predominantemente- cocidas. Pero además, es posible desintoxicarlos, como hace el chef Paulinho Martins. Él mantiene un enorme tanque en su resort, donde coloca los cangrejos capturados en el mangue y los trata con semillas de dendé, limón y pan por quince (15) días. “Conseguimos limpiar el bicho, su carne queda bien blanca y mucho más sabrosa”, revela. No es de admirar la cuestión del sabor, al final de cuentas esa dieta detox funciona también como una especie de condimento previo. El chef, además, compra el cangrejo ya cebado, de un grupo de cazadores de Itacaré. “Ellos matan los bichos y le sacan toda la carne, la tratan y la venden bien limpia”, cuenta. En Bahía, el mangue es un patrimonio muy valorado por la población, que percibe su apelo económico y cultural, impulsando el turismo y la gastronomía. “De cooperativas de cazadores a grandes empresarios, hay muchos de nosotros que luchamos por la preservación del mangue. Y denunciamos cuando descubrimos crímenes ambientales, lo que infelizmente es una realidad”, afirma Paulinho, que se enorgullece de los vecinos de su resort con los ríos Tijuípe e Tijuipinho, abrigos de mangues saludables. Allá, él encuentra varios tipos de cangrejos, como el aratu y el guaiamun, camarones rosados y blancos y mariscos como el chumbito y el lambreta, entre otras potenciales delicias para la olla.

CasaS • 85


La culinaria del mangue puede ser apreciada a lo largo de toda su extensión, en innumerables bares y pequeños restaurantes de “pie en la arena” o de acceso –apenas- con barco. En general, son lugares bastante simples, pero con escenarios deslumbrantes, donde las propias familias preparan platos artesanales con esas especies y, además, con peces. El robalo es el más común, siendo cuatro (04) especies costeras típicas de mangues, pudiendo ser capturadas hasta varios kilómetros arriba de la desembocadura de los ríos, principalmente en la época de desova. El robalo flecha o robalón es el mayor del grupo, pudiendo medir hasta 1,2 metros de largo y pesar hasta 25 kilos, se mueve en el fondo de las aguas calmas, barrosas y sombreadas. Es un pez digno del “mata y come”, pues exige una lucha brava para su captura.

Modo de preparación de la langosta Condimente la langosta con sal, pimienta del reino y limón. Caliente la manteca, baje el fuego y cocine la langosta lentamente. Resérvela. Modo de preparación de la salsa de moquequinha En una olla, rehogue la cebolla por algunos minutos. Agregue el tomate, la pimienta y la leche de coco. Corrija la sal y la pimienta. Finalmente, coloque el dendé y las hiervas. Finalice con gotas de limón.

Montaje Con auxilio de un aro de acero inoxidable, disponga la palta, después el tomate y, finalmente, el cangrejo. Coloque las gotas de coulis entorno a la torre.

Modo de preparación del arroz En una olla, rehogue la taioba, cortada en pedazos groseros, en la cebolla y en el ajo. Junte al arroz delicadamente. Montaje Haga unas líneas en el plato con la salsa de moqueca y sirva la langosta al lado del arroz.

Recetas

(*) La taioba es un vegetal de hojas verdes oscuras comestibles. Son muy sabrosas cuando son rehogadas. Sus rizomas también son comestibles y, después de cocinados y amasados, sirven hasta para recetas dulces.

Paginas 32 - 45

Langosta en la salsa de moquequinha con arroz de taioba Chef Paulinho Martins – Txai Resort (Cuatro personas) Ingredientes para la langosta 4 colas de langosta 1 limón 2 cucharas (sopa) de manteca 1 cebolla Ingredientes para la salsa 1 tomate picado 1 cebolla picada 1 pimienta picada 500ml de leche de coco 40ml de aceite de dendé 1 limón 1 cuchara (sopa) de perejil picado 1 cuchara (sopa) de cebollita de verdeo picada ½ cuchara (sopa) de culantro picado Ingredientes para el arroz de taioba 2 tazas de arroz blanco cocido 1 mazo de taioba (*) 1 cuchara (sopa) de cebolla picada ½ cuchara (sopa) de ajo picado 2 cucharas (sopa) de aceite de maíz CasaS • 86

Pele la piel y saque las semillas del tomate. Corte en pequeños cubos, agregue el aceite y corrija la sal y la pimienta del reino. Corte la palta en cubos, agregue aceite y corrija la sal y la pimienta del reino. Condimente el cangrejo con aceite, sal y pimienta del reino.

Paginas 32 - 45

Torre de palta, tomate y cangrejo con coulis de pimentones Chef Paulinho Martins – Txai Resort (Cuatro personas) Ingredientes 200 gramos de carne de cangrejo 200 gramos de tomate 1 palta 1 morrón rojo 1 morrón amarillo 1 cebolla 200ml. de aceite Modo de preparación para los coulis Pele los morrones. En ollas separadas coloque los morrones, media cebolla y los 50ml de aceite. Deje cocinar en fuego bajo por 30 minutos. Bata en una licuadora hasta que quede bien fino. Pase por el colador y reserve. Modo de preparación para la torre

Paginas 32 - 45

Ostras marinadas en frutas cítricas con palmito popunha, perlas de sagú y ensalada de mini brotes Chef Eudes Assis – Restaurante Vinea Alphaville (Ocho personas) Ingredientes 8 unidades de ostras del mangue 30ml de jugo de limón 30ml de jugo de mandarina 30ml de jugo de lima de Persia 50ml de aceite de oliva extra virgen ½ cebolla roja cortada a la juliana 1 cuchara (sopa) de cebollita de verdeo picada 1 cuchara (sopa) de perejil picado Sal y pimienta del reino, a gusto Algunos pedazos de las frutas cítricas en cubitos Mini brotes variados Modo de preparar Coloque las ostras en el horno previamente calentado y déjelo en alta temperatura, hasta que las conchas se abran. Retire la carne de las conchas y déjelas marinando con todos los ingredientes por dos (02) horas en la heladera. Agregue a la marinada algunos pedazos de las mismas frutas cítricas. Reserve las cáscaras de las ostras. Modo de preparar el palmito 200 gramos de palmito papunha in natura, cortado en rodajas Para las perlas de sagú Ingredientes 100 gramos de sagú 500ml de agua


50ml de jugo de frutas cítricas 10ml de miel Sal Modo de preparación Cocine el sagú en agua hirviendo hasta que quede transparente, retire del fuego, páselo por el colador y dele un choque térmico, para romper la cocción y enfriarlo. Mezcle el jugo de las frutas cítricas y la miel. Reserve. Montaje Coloque en un plato las cáscaras de las ostras y sobre ellas la marinada de ostras. Al lado, arregle algunas rodajas del palmito y, sobre ellas, la ensalada de mini brotes.

Dore levemente la cebolla en la manteca. Agregue la crema de leche y el vino blanco y deje hervir hasta que se evapore todo el alcohol. Agregue la taioba, la sal y la pimienta del reino a gusto y rehogue todo por un minuto más. Montaje Coloque las cáscaras de las ostras en un plato y derrame en ellas crema de taioba. Por arriba, disponga las ostras empanadas con las castañas de Pará. (*) La taioba es un vegetal de hojas verdes oscuras comestibles. Son muy sabrosas cuando son rehogadas. Sus rizomas también son comestibles y, después de cocidos y amasados, sirven hasta para recetas dulces.

Una p

Paginas 32 - 45 Paginas 32 - 45

Ostra en costra de castañas de Pará con crema de taioba Chef Eudes Assis – Restaurante Vinea Alphaville (Ocho personas) Ingredientes 8 unidades de ostras del mangue 40 gramos de cebolla picada 2 cucharas (sopa) de manteca 50ml de caña 100 gramos de castaña de Pará, picadas groseramente y tostadas 1 cuchara (sopa) de perejil picado Sal y pimienta del reino, a gusto Modo de preparación Abra las ostras, retire la carne y condimente con sal y pimienta del reino. Reserve las cáscaras. En una sartén antiadherente, cocine los dos lados de las ostras en la manteca. Agregue la cebolla y después, flamee con la caña. Empane en la castaña y finalice con el perejil. Reserve. Para la crema de taioba (*) Ingredientes 200ml de crema de leche fresca 50ml de vino blanco seco 2 cucharas (sopa) de cebolla picada 2 cucharas (sopa) de manteca 100 gramos de taioba cortada a la juliana Sal y pimienta del reino blanca, a gusto Modo de preparación

Design 01 Del exuberante encuentro entre la arena y el mar nació la inspiración para la colección Carabelas. Las sillas tienen estructura de acero escobado y trenzado en fibra sintética de color bronce oscuro, componiendo un visual leve e innovador. Diseño Studio Saccaro

la mañana, él aparece en el horizonte, lindo y resplandeciente. Ilumina la hilera de coqueros de la bella playa de Itacarezinho, en la Costa del Cacao. La sensación es de una profunda paz y tranquilidad. La brisa marina sopla constante y dribla el calor presente el año entero. En un mismo día llueve y sale el sol. La luna nace en el mar. Y usted entiende enseguida: quien comenda el gran espectáculo es la naturaleza.

Lujo y naturaleza Con más de una década de existencia, el Txai ofrece un “menú” de confort y actividades que solamente deja mejor lo que ya es bueno y bonito por naturaleza: el litoral del estado de Bahía. Hoy, además del hospedaje, hay terrenos y casas para vender. Él está en la categoría “resort de lujo”. Entrega exclusividad y, para eso, apuesta en el servicio. Tiene un staff de 150 personas. La propuesta “lujo” viene junto con la palabrita “rusticidad”. Espere encontrar un lugar lindo, bien decorado y repleto de detalles y confort, pero que pasa lejos del concreto, de las construcciones monstruosas y demasiado ostentosas. Imagine 92 hectáreas de una tierra que fue una hacienda de cacao y coco y se transformó en un paraíso del turismo que pretende ser preservado. En los primeros años fue proyectada el ala sur. Hoy, él tiene también el ala norte, usada en los meses de la alta temporada, cuando la ocupación es completa o en ocasión de las fiestas de casamiento. Las novias son “locas” por el clima paradisíaco de este hotel a la orilla del mar. En el complejo hay dos (02) piscinas increíbles, un SPA maravilloso y un elegante caserón rojo, con las confortables salas de estar, de juegos y de televisión. Las comidas se alternan en los tres (03) restaurantes, uno de ellos en la orilla de la playa.

Descubra el Txai

Naturaleza preservada – Txai

A quien le gusta la vista al mar debe reservar las cabañas número 1, 2, 3 o 4. Ellas quedan arriba del cerro, tienen mucha más privacidad y unos irresistibles deks con sofás. Sin hablar de la escandalosa vista para la playa. Para acceder a ellos están los carritos de golf o una “señora” escalinata. Ideal para parejas en luna de miel. Ya quien prefiere estar cerca de la piscina y del mar, no tendrá problemas en encantarse con las cabañas a pocos pasos de la playa. Esas son perfectas para familias. La piscina del ala sur es tan seductora como la del ala norte, pero ella tiene más reposeras, sombrillas y el servicio de bar, de donde salen aperitivos y drinks a cualquier hora. Toallas y almohadas forman parte de los agrados que el equipo del Txai monta todos los días así que el sol aparece. El caserón rojo con grandes ventanas, arquitectura colonial, que recuerda el estilo de haciendas, es un espacio que invita al huésped, repleto de lindos objetos de decoración. En él está el bar, con una generosa selección de cañas, vinos y destilados. Recostarse en uno de los sofás o sentarse en la baranda, que da a un espejo de agua, es un bello programa para los momentos en los que se desean sombra y agua fresca, ¡además de darle un tiempito al sol!

El sol nace temprano en Bahía. A las cinco de

Al frente del caserón está el restaurante donde es

Lapa, barrio carioca que es un reducto de historia y cultura. Fue allí que el Studio Saccaro buscó inspiración para componer la colección de mesas y sillas Lapa. Una invitación a compartir y a la alegría. Las líneas con apelo orgánico y la mezcla de materias primas le confieren versatilidad a las piezas de la colección Lapa, ideales para uso indoor y outdoor.

Paginas 32 - 45

CasaS • 87


servido el desayuno en estilo buffet, con dulces típicos de la región. Son panes, quesos, frutas, cereales, tortas, jugos, queso fresco cocinado en la chapa del horno a leña y un menú de huevos y tapioca. ¡Una delicia! De marzo a noviembre, las cenas acontecen allí. En la alta temporada, en el restaurante del ala norte. El lugar de los almuerzos es en el jardín, en el medio de los cocoteros, al lado de la piscina y con los pies en la arena. La integración con la naturaleza es uno de los puntos altos del hotel. Hay verde por todas partes.

Conéctese ¡El SPA Shamash está perfecto! Localizado en el punto más alto del resort, tiene una vista cinematográfica de la costa repleta de cocoteros. Hay salas con tatamis, camas especiales para masajes y velas. Una de las salas tiene una gran ventana de vidrio, de donde el mar hipnotiza y nos mantiene en estado de trance. Prográmese para llegar una hora antes de su tratamiento. Aproveche la piscina templada con su borde infinito y vista al horizonte. Zambúllese, relájese, mire alrededor, cierre los ojos y déjese llevar por el canto de los pájaros, dé otra zambullida y siga así por un buen tiempo. Después, ¿qué tal una sauna? Bueno, ella no es una sauna cualquiera, pues la ventana toma cuenta de toda la pared y allá arriba lo que se ve es el mar. ¡Una belleza! Disfrute y entréguese, sin reservas, para cada minuto de su masaje y, al regreso, antes de ir a su cabaña, quédese en las reposeras, arriesgue dormir una siesta, tome un refresco y zambúllase a fondo en ese estado de relax en que fatalmente usted va a estar. Deje los problemas y los ruidos de la gran ciudad bien lejos y conéctese con ese lugar increíble.

Él, Paulinho Martins Todos los miércoles, el chef Paulinho Martins mira la lista de los huéspedes del hotel y va de mesa en mesa para hablar con ellos. Les explica que en el menú habrá platos fijos y tres (03) entradas más y, además, platos principales diferentes cada día. Fuera del especial de la noche. Y subraya: puede preparar cualquier plato que el huésped quiera. Esa atención personalizada forma parte de la filosofía del Txai. En el caso del chef, es una de sus mayores cualidades. Paulinho es de una simpatía impar. Paulista de la ciudad de Santos, vive en Bahía hace diez años, ¡hasta un hijo bahiano tiene! Estuvo en el Txai por una temporada, salió, pasó por la cocina del Amado, en la ciudad de Salvador, prestó consultoría para 25 hoteles (entre ellos, la posada Maravilla, en Fernando de Noronha) y retornó al Txai en una nueva fase. Su cocina pasa lejos de la rutina y valoriza la gastronomía local. Sus creaciones son leves y sabrosas. Muy comúnmente, él visita las casas de las personas que viven en los campos cercanos, come y conversa con el pueblo y después realiza su relectura de los clásicos de la comida brasileña. Cuenta, con orgullo, que todas las hortalizas que usa en las ensaladas son orgánicas y plantadas por pequeños agricultores

locales. Lleva muy en serio la calidad y la procedencia de los insumos. Los peces son frescos, pescados en el mismo día. Atún, robalo, abadejo, camarón, langosta y cangrejo son las grandes atracciones del menú.

Txai, también venden en la feria orgánica de Itacaré. Para que tal situación sea posible, hubo un trabajo de capacitación, abordando el fin de la deforestación y mostrando cómo plantar sin usar agro-tóxicos.

Vea recetas del chef Paulinho Martins en la materia Mangue gastronomía, en la página XX

La educación ambiental representa la recolección selectiva de la basura. Ellos apuestan en el compostaje y transforman la basura orgánica en adobo para los jardines y para los agricultores. El hotel tiene una estación de tratamiento de desagüe y usa el agua tratada para el riego de los jardines. La idea de evitar el desperdicio es un punto relevante y bien trabajado con los funcionarios, que son llamados colaboradores. Todos son incentivados y educados a evitar el uso excesivo de detergentes, jabón y agua.

Instituto Compañeros del Txai Él es capixaba (natural del estado de Espíritu Santo), pero conoce la región como nadie. Todos lo llaman por dos nombres: Capixaba o Hombre-tortuga. Cuando esta figura ilustre y rara volvió de una temporada en Boston, paró en San Pablo y enseguida se dio cuenta que la ciudad grande no era su lugar. Resolvió ir para Ilhéus y se apasionó por la Sierra Grande, playa que está al lado de Itacarezinho. Por cuenta propia comenzó a recorrer las playas, marcar los puntos en los que las tortugas desovan y a concienciar a la población sobre la necesidad de no arrojar basura en la naturaleza y preservar los recursos naturales. Rápidamente, el Txai le prestó atención y lo invitó para que sea el gerente de la parte de sustentabilidad del hotel. De allá para acá, el proyecto creció, se transformó en una ONG y ganó un nombre importante: Instituto Compañeros del Txai. Debajo de ese paraguas se encuentran tres (03) importantes pilares: el Txaitaruga (combinación de Txai y tartaruga [tortuga en portugués]), los Compañeros del Txai y la Educación ambiental. El primer proyecto, asociado al TAMAR, es cuidado por Capixaba y por su fiel escudera, la bióloga Stella Tomás. Todos los días, entre las cinco y las seis de la mañana, ellos recorren el APA (Área de protección ambiental), que abarca las playas de Itacarezinho, Batizeiro, Pompilho, Pie de la Sierra y Sagrí, en busca de nidos. Las tortugas hacen el desove en la playa de octubre a abril. Las pequeñas tortugas nacen entre enero y abril. A pesar del trabajo expresivo que el TAMAR realiza en el combate a la extinción de las tortugas en la costa brasileña, todavía no están libres del exterminio. El gran problema que es enfrentado hoy es la basura que viene por las marea de diversas partes del mundo. Por eso, es fácil ver a Capixaba y a Stella andando por la playa con una bolsa de plástico en la mano y recogiendo residuos. El trabajo con la comunidad se muestra promisorio. Los niños llaman la atención de los padres, pues aprenden en la escuela que el medio ambiente necesita ser preservado. Los pescadores le avisan al Txaitaruga cuando encuentran una tortuga, ya saben cómo librarlas de la red y cambiaron su comportamiento, antes predador. Otro brazo importante es el Compañeros del Txai, donde 23 agricultores locales, que trabajan con mano de obra familiar, proveen el 100% de las hortalizas usadas por Paulinho Martins. Lechuga, rúcula, culantro, perejil, cebollita de verdeo, albahaca, menta, alecrín, coliflor y huevos orgánicos son producidos y vendidos para el hotel, que les ofrece el beneficio de la venta programada. Además del

¿Quiere saber el efecto de todos estos cuidados? La naturaleza es preservada, el Txai completará muchas y muchas décadas a más de vida y usted podrá conocer ese paraíso natural con playas de arenas blancas y finas, aguas transparentes y calientes, cocoteros a la orilla del mar y atardeceres inspiradores.

Design 02

Paginas 32 - 45

El sistema Líbero tiene un visual innovador, alineado con las tendencias internacionales de design. Y más: Saccaro ofrece este producto en diferentes opciones de materiales, terminaciones y colores, para una total personalización. Un sistema de mobiliario creativo, para personas que creen en la capacidad de personalizar los espacios de sus vidas. Así es Líbero, firmado por el estudio italiano Decoma Design. Las posibilidades son infinitas: diversos tamaños de módulos, diferentes materiales en un mismo mueble, diez (10) colores de laca brillo, pintura engomada. Líbero es la libertad para componer.

Paginas 54 - 75 CasaS • 88


Naturaleza, relax y convivencia

Arquitecta Andreia Tissot Valmórbida Porto Alegre – Río Grande do Sul

Ocio en familia

La dueña de este apartamento acostumbra pasar mucho tiempo fuera de la ciudad. Viaja por todo el mundo, trabajando. Bahiana, soltera, ella vive en San Pablo y quería que su residencia tuviera recuerdos de los viajes, referencias de la familia, objetos de valor afectivo. Para crear el hogar de esa cliente, la arquitecta Cristiane Schiavoni escogió piezas clave, como el buffet Fifty: recuerda los muebles de la casa de la abuela, pero tiene un diseño cuidadoso y, también, ofrece modernidad.

Arquitecta Germana Terceiro Neto Parente Joao Pessoa – Paraíba

Elementos naturales marcan presencia: piedra, fibras, maderas, algodón.

En esta edición presentamos cuatro (04) proyectos que valorizan la convivencia y los momentos de ocio. Son casas y departamentos localizados en diferentes regiones del país, pero todos concebidos para proporcionar buenos momentos para sus moradores y visitantes, al aire libre o en los espacios internos.

Paginas 32 - 45

Ambientes amplios, claros y acogedores. Esa es la tónica de la decoración de esta cobertura dúplex en Joao Pessoa, en el estado de Paraíba. Partiendo de una base contemporánea, la arquitecta Germana Terceiro Neto Parente creó espacios confortables, funcionales, pero siempre elegantes, reflejando el estilo de vida de los propietarios –un matrimonio y dos (02) hijos en edad escolar-. Amplias ventanas y puertas de vidrio captan la luminosidad de la región y permiten el contacto con el bello paisaje del litoral. El blanco permeó todo el proyecto, mezclándose a los tonos marrones de la madera, elemento responsable por el clima acogedor que envuelve a los espacios. En la sala de estar, destaque para el sofá Nubes y para la mesa de centro Manila. Ya en la sala del SPA (en el piso superior), el sofá, los asientos y la mesa de centro de la colección Noronha, transforman el área en un espacio de relax.

En la cobertura, ambientes perfectos para la convivencia con amigos y familiares En el dormitorio del matrimonio, más confort y ambiente acogedor. Asientos giratorios Menorca en lino crudo, con diseños florales, agregan un toque de romanticismo. El banco Punta Arenas, en madera y cuero, sirve de apoyo para la cama. En las áreas de ocio, del piso superior, predominan los muebles en fibras naturales y madera. La idea en ese espacio es relajar, convivir y aprovechar la linda vista del mar.

Paginas 32 - 45

Instaladas en un condominio en la ciudad de Porto Alegre, en Río Grande do Sul, esta residencia tiene una localización privilegiada, junto a la naturaleza. Los propietarios, un matrimonio con dos hijas jóvenes, adoran disfrutar de la compañía de amigos y familiares en los ambientes externos, que priman por el relax y por el confort. Los detalles en tonos de azul son un pedido del ama de casa, que también participó de la elección del mobiliario, prestando atención para dos (02) características fundamentales: diseño y calidad.

La cliente quería un sofá maravilloso para mirar sus películas con todo el confort. Cristiane eligió el sofá Cotton, que marca presencia y se armoniza con los demás elementos de la decoración. En el comedor ella valoró elementos naturales, ya presentes en las terminaciones del ambiente: eligió las sillas de fibra de colección Soma y la mesa de madera Savoy.

La espaciosa baranda, con dos (02) ambientes distintos, queda entre la piscina y el estar interno, ofreciendo innumerables posibilidades de uso, tanto de día como de noche. Uno de los ambientes fue montado con asientos Santa Bárbara. El otro tiene sofás y asientos de fibra de la colección Sogno y mesa de centro Ayti. La atmósfera es sofisticada, pero muy confortable y acogedora.

Arquitecto Alexandre Milhomem Goiania – Goiás

Compuesto en diversos niveles, el jardín tiene una amplia área de sombra proporcionada por un bosque de árboles nativos. El área de ocio está totalmente integrada a lo verde. Para sacar provecho de esa característica, la arquitecta Andreia Valmórbida creó agradables ambientes de estar al aire libre, que se transformaron en los locales preferidos de la familia durante los finales de semana.

El área externa de ocio tiene muebles en madera y fibra, con tapizados de colores claras y detalles en azul. Para llamar “hogar” Arquitecta Cristiane Schiavoni San Pablo– San Pablo

Belleza y confort en casa

Paginas 32 - 45

Esta amplia casa en Anápolis, Goiania, abriga un joven matrimonio y sus dos hijos, todavía pequeños. Con arquitectura contemporánea, la residencia fue concebida para proporcionarle confort a la familia, y es muy funcional. La planta baja está integrada al área de ocio, proporcionando un día a día de convivencia y relax. En las áreas externas el arquitecto y diseñador de interiores Alexandre Milhomem utilizó piezas de las colecciones Ayti, Thai, Terrazas, Asti y Duna, todas de Saccaro. En la amplia baranda, Alexandre dispuso sofás y mesas laterales de la colección Duna, que le confieren levedad y confort al ambiente. En torno de la piscina, las elegantes reposeras Ayti son una invitación al relax y al contacto con el verde. En la decoración predomina el estilo clásico, explorando tonos neutros en el mobiliario y en los materiales de terminación, con algunos toques de color.

Alexandre Milhomem optó por tonos neutros en el mobiliario y en los materiales de la terminación

Junto a la naturaleza Paginas 32 - 45

CasaS • 89


raíces incrustadas en el barro en la marea baja, cuando la locomoción de varias especies de peces, moluscos y crustáceos crea un diseño inusitado. Es imposible quedar indiferente”, afirma Roque.

Design 03

La línea Mangue Negro comporta hasta diez (10) sillas a lo largo de sus 3,2 metros de largo con 1,3 de ancho. Por estar compuesta por una lámina natural, procedente de maderas de manejo forestal, los matices de cada pieza, así como las venas, ganan exclusividad. Un verdadero deleite para los apasionados por el material, en las palabras del autor.

El asiento y el sofá San Conrado tienen líneas fluidas y diseño limpio, firmado por el Studio Saccaro. Estructura en madera Teca y trenzado en fibra sintética, resistente a las intemperies. Las mesas de la colección Tijuca son perfectas para compartir momentos especiales: las tapas –en madera Teca de demolición y en madera Suar- son cargadas de personalidad e historia. Ellas componen diversos estilos de ambientes.

En una alusión a la alta y a la baja de las mareas, necesarias para mantener el equilibrio de este ecosistema, la tapa exhibe el diseño del caminar de los cangrejos, cuyas marcas dejadas en el barro son reproducidas a láser en la madera. Unidas a él, una a una, en un minucioso trabajo artesanal de carpintería, las raíces que forman la base recuerdan los conceptos de fuerza, protección y belleza vividos por Frizzo.

La colección Tijuca festeja la unión de lo natural con lo urbano, en homenaje a la Barra de Tijuca. La mezcla de materias primas diversas –madera sin teñir y acero inoxidable escobado- hace que estas piezas sean ideales para el uso outdoor. Diseño Studio Saccaro.

Con 70 piezas enumeradas, la mesa Mangue Negro es una oda al ecosistema de transición impactante, que trae la poesía en sus contrastes.

Paginas 54 - 75

El carrito de bar de la colección Tijuca es práctico para montar y para mover. Un óptimo y versátil complemento para el área externa. Con su estructura y su diseño simple, combina con diferentes estilos de mobiliario.

Es muy poético cuando pensamos que el mangue también es una gran cuna”, explica. Y entre el “descubrimiento” de Frizzo y el trabajo con afinco para la creación de la Mangue Negro transcurrieron ocho (08) meses de estudios y pruebas, hasta la idealización del primer prototipo. Ahora, la poesía del mangue interpretada por la sensibilidad del diseño llega a las tiendas de Saccaro.

Roque Frizzo, creador de la mesa Mangue Negro.

Paginas 54 - 75

Diseño de raíz La fuerza del mangue está exactamente en su punto más expuesto: las raíces que hincan en la tierra la historia de un bioma mágico. Y de esta experiencia que reúne estética perfecta diseñada por la naturaleza e interpretación artística, el arquitecto y diseñador Roque Frizzo creó con exclusividad para Saccaro la mesa Mangue Negro. Una serie de setenta (70) mesas enumeradas que presenta una unión entre lo artesanal y la tecnología.

Design 04

“Mi primera visión del mangue, en un viaje que realicé hace dos años, fue sorprendente. De las

Para un sentar espacioso y confortable, la colección Lonca, de Ana Revello Vázquez y Renato Solio, tiene

CasaS • 90

Paginas 54 - 75

líneas acentuadamente horizontales y materiales nobles. En las laterales, tiras de cuero lonca, con trazado octogonal, hecho a mano. De acuerdo con lo que el nombre sugiere, la colección Blend es una elegante mezcla: formas orgánicas y fluidas con ángulos austeros y rectos. Son mesas de comedor y de centro que valorizan su materia prima, la madera, con armonía de líneas, texturas y colores. Exclusividad es la marca de la colección Root, firmada por el Studio Saccaro. Ningún ítem es igual a otro. Centros de mesa, recipientes, bandejas y floreros reflejan las transformaciones realizadas por la naturaleza en la madera.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.