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Índios
Índios
Quanto ao homem que estava verde (O Homem [que era] Verde), O Homem Branco o fez pular a boa etapa, O forçou a saltar do verdecer ao apodrecer Sem maturar
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Por isso o homem índio se mata
Hoje ele sabe -Tupã não existe, e daí? Seu passo Está em escombros Selva, coração, selva-coração Em escombros
Ah Mão Suprema O poupasse dessa queda
Muitos indígenas que não sabem de Cristo Só sabem as mazelas e lepras do homem branco Que usa GPS e depende da Gillette – e os índios se suicidam –Pois Tupã inexiste e o branco é força maior E violentamente voraz
Muitos indígenas que precisam de Cristo Duma migalha sequer O branco ceifa barrancos, com ouro diamante Manganês pulsando nas pupilas
Cegas
Desbasta & mói Árvores centenárias, dum quase milênio O índio observa da reserva Invadida Grita paralisado pelo não saber O que fazer Aonde ir
– e se suicida –Todos os dias A morte lhe acena, cena maldita Ah se alguém lhe contar Sobre o Senhor da Vida Ah se ele souber Da Porta Não haverá Nero madeireiro garimpeiro Grileiro funaieiro que o demova Expulse desfaça desbaste humilhe – não arregará –Se o mau branco lhe quiser apontar Um dos var(i)ados malditos caminhos tortos Dos brancos, Ele aporá a tal o Caminho do Céu, ensinado Pelo homem de Nazaré Aporá Na cara pálida morta do branco “e o que fazer, aonde ir, se só Ele tem as Palavras de Vida Eterna?”* E essa palavra bordoará Qual tacape de sílex No peito do apóstata-berloque-de-Baal-e-do-capital, E o homem branco arrogante amargará, “Quem é este pagão & selvagem
Que se propõe a verdecer meu coração necrosado?”
E o índio ainda poderá lhe dizer Que qualquer que dEle ouve Não importa a que tempo Tem num repente A revolucionária opção De suicidar com o leprosário Que se traz no coração
*João 6.68