Revista #estilo veg

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#estilo veg www. estiloveg.com.br

Esse

sim

Profissão VegTuber

Chuva de veneno

Youtubers e receitas vegetarianas P. 25

Os prejuízos dos agrotóxicos para a nossa saúde P. 29

# 01

Os an i crueld mais e nos s a P. 17 de seletiv a a

Saúde em dobro Conheça os atletas vegetarianos P. 35

junho 2016



CASTELO DE CARTAS 17

Reflexões sobre o fato de comermos animais, por Pedro Siqueira

ATIVISMO EM FOCO 24

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Fique informado sobre o que está rolando no universo veg

ENTREVISTA Ana Ceregatti, nutricionista especializada em alimentação vegetariana, por Jhonatas Simião

RECEITA Panqueca de legumes

12 MUITO PRAZER, PANCs!

Ingredientes que praticamente ninguém conhece, por Stephanie Haidar

16 PRODUTOS VEGS

Indicações de produtos vegetarianos e onde encontrá-los

PROFISSÃO: VEGTUBER 25

Youtubers vegetarianos que fazem sucesso na rede, por Jhonatas Simião

CHUVA DE VENENO 29

O perigo dos agrotóxicos, por Larissa Cascaldi

MITOS E VERDADES 33 SAÚDE EM DOBRO 35

Atletas vegetarianos desconstroem necessidade da carne, por Samuel Garbuio

VALE A PENA LER 39

COLABORADORES #ESTILOVEG 01 cyntia andretta,

orientadora da revista

pedro siqueira,

jhonatas simião,

repórter e diagramador

samuel garbuio,

larissa cascaldi, mark cascaldi,

repórter

fotógrafo

repórter e diagramador repórter

stephanie haidar,

repórter

wilson wenceslau,

ilustrador


Carta ao leitor Estamos em clima de comemoração, e queremos convidar você leitor a vibrar com a gente, pois acaba de nascer um projeto, apresentamos ao público a Revista #Estilo veg, que dedica 32 páginas de sua primeira edição especialmente a você que tenha interesse em conhecer melhor o universo do vegetarianismo, que esteja pensando em introduzir em sua rotina hábitos alimentares e comportamentais que vão ao encontro do estilo de vida vegetariano, que está em processo de transição ou que já seja vegetariano. Qualquer que seja sua condição atual, aqui você é bem-vindo! A nossa missão e desafio editorial é informar você a respeito de assuntos que dialogam com o universo do vegetarianismo, contribuindo com a divulgação do conhecimento e com uma visão ampla, otimista e crítica em relação a temas como alimentação vegetariana, meio ambiente, economia sustentável, direito dos animais, ativismo animal e ambiental, cuidados que a dieta vegetariana exige, produtos ecológicos, a pratica de esportes sendo vegetariano e como consumir com consciência e ter hábitos de vida mais saudáveis. Nesta primeira edição preparamos cinco reportagens que vão tratar de assuntos como meio ambiente, atletas vegetarianos e seus desafios, vlogs vegs que estão em alta com seus canais no youtube sobre alimentação vegetariana, como gastar pouco sendo vegetariano, além de uma matéria de capa assinada pelo repórter Pedro Siqueira, que durante um mês adotou em sua rotina a dieta vegetariana, e que agora conta tudo sobre essa experiência. Além disso, na #Estilo veg você encontrará seções fixas para tratar de temas como ativismo, destaques na web, produtos ecológicos, dicas de livro e filme relacionados, onde comer, mitos e verdades, além de deliciosas receitas dignas de ensaio fotográfico e entrevistas verdes. De forma clara e acessível ao nosso leitor, a #Estilo veg mostrará que é possível viver em um mundo mais justo com os animais, se alimentando de maneira saudável e consciente, e quem sabe assim possamos influenciar e transformar os melhores momentos da vida, quando compartilhamos alegrias, sabores e as delicias do saber. Boa leitura.

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“O problema em ser vegetariano é o preconceito”, diz especialista por jhonatas simião

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specialista em alimentação vegetariana e vegana (sem ovos e laticínios), a nutricionista Ana Ceregatti, que atende milhares de pacientes em seus dois consultórios, um em Campinas (SP) e outro na capital paulista, esclarece mitos sobre a falta de carne no organismo e os benefícios deste tipo de alimentação que cresce cada vez mais no Brasil. Formada em nutrição pelo Centro Universitário São Camilo, em São Paulo (SP), com especializações na USP (Universidade de São Paulo e ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) ela é referência no assunto.

foto: divulgação

Quais os benefícios e malefícios de ser vegetariano? “O único problema que o vegetariano é o preconceito e desconhecimento da sociedade sobre o assunto. Nenhuma publicação científica mostra contraindicação a este tipo de alimentação, pelo contrário, são vários os

Ana Ceregatti é nutricionista especializada em alimentação vegetariana e vegana

benefícios, como a redução de até 35% nas chances de colesterol no vegetariano estrito – não utiliza nenhum derivado animal na sua alimentação –, 30% menos risco de infarto,

88% menor risco de ter câncer do intestino grosso e 54% de próstata para os homens, menor incidência de diabetes e maior consciência alimentar, de um modo geral”.

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Essas pessoas precisam de acompanhamento médico? “Eles não precisam, necessariamente, de acompanhamento médico. O vegetariano tem que ter a mesma preocupação com a saúde do que qualquer outra pessoa deveria ter. Vegetarianos e veganos não são doentes”.

Por que os pacientes vão até seu consultório? “Os pacientes chegam até mim porque tem dúvidas, querem saber se a dieta está equilibrada e, normalmente, porque estão sendo pressionados por familiares e amigos dizendo que eles vão ficar doentes. No entanto, o número de vegetarianos só tem crescido nos últimos anos”.

vegetais], mas a redução desse componente no organismo está muito mais ligada muito mais ao metabolismo de cada pessoa do que pela ingestão. Cerca de 40% dos não vegetarianos no Brasil têm carência de vitamina B12”. Crianças podem ser vegetarianas? “As crianças devem receber exclusivamente leite materno até os seis meses. A partir daí, a introdução da alimentação complementar pode ser feita sem o uso de proteínas animais. Para garantir o crescimento adequado, a dieta deve

conter alimentos de todos os grupos, ser variada e em quantidade adequada à idade”.

Vegetarianos não podem fazer esportes de alto rendimento? “A história do esporte está repleta de atletas campeões vegetarianos, inclusive fisiculturistas. Dependendo da intensidade do esporte, o nutricionista indicará a melhor dieta, com cereais integrais, leguminosas, verduras, legumes, sementes e oleaginosas. O consumo deve ser equilibrado e é importante o acompanhamento profissional”.

Do ponto de vista nutricional, é possível substituir a carne na dieta? “Sim, os nutrientes presentes na carne são encontrados em vários alimentos de origem vegetal. Mas é o grupo das leguminosas [feijões, lentilhas, ervilha, grão-de-bico, fava, soja e derivado] que vai fornecer os nutrientes principais, como proteínas, ferro e zinco”.

Quais deficiências nutricionais os vegetarianos costumar apresentar? “A carência do ferro aparece bastante em mulheres vegetarianas, mas isso por conta da menstruação. Ela também está presente nas que comem carne. São raros os homens que apresentam baixa quantidade de ferro. Também há pacientes com carência de vitamina B12 [não presente em

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Nutrientes presentes na cane são encontrados em vários alimentos de origem vegetal, principalmente leguminosas


foto: larissa cascaldi

Panquecas à mesa! Quem disse que veg não come panqueca? Aprenda a fazer essa incrível receita de panqueca de legumes com molho de tomate, que além de deliciosa é super nutritiva! Até aquele amigo carnívoro vai enlouquecer!

foto: larissa cascaldi

foto: larissa cascaldi

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foto: larissa cascaldi

base base vegana

1 xícara de leite 1 xícara de farinha 2 ovos 2 colheres (sopa) de aveia 2 colher (sopa) de chia Sal a gosto Óleo vegetal

1/2 xícara de aveia 1 e 1/2 xícara de água 1 xícara de farinha 1 colher (sopa) de vinagre branco Sal a gosto Óleo vegetal

foto: mark cascaldi

base ovolacta

mãos na massa! 1. Coloque no liquidificador os ingredientes líquidos (leite e ovos) e depois os ingredientes sólidos (aveia, farinha e sal). 2. Bata tudo até ficar consistente. Acrescente a chia e misture com a colher.

foto: larissa cascaldi

3. Se você for fazer a massa vegana, prepare da mesma maneira. 4. Unte uma frigideira com óleo e deixe esquentar. 5. Com uma concha, despeje a massa na frigideira espalhando-a com movimento circulares. Espere dourar e vire. 6. Retire a panqueca e deixe esfriar.

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recheio ingredientes 1/2 cebola roxa 1/2 pimentão amarelo 1/2 tomate 1 abobrinha (com casca) 1/2 berinjela (com casca) 1 cenoura grande 2 punhados de couve Cogumelos a gosto Sal a gosto

mãos na massa!

1. Corte em cubos a cebola roxa, o pimentão, o tomate, a abobrinha, a berinjela e a cenoura. Pique os cogumelos.

2. Em uma panela, coloque óleo e deixe esquentar. Acrescente a cebola e frite. Em seguida, acrescente a couve e os legumes. 3. Coloque sal, frite tudo e coloque um pouco de água para refogar.

foto: mark cascaldi

4. Tampe a panela e deixe cozinhar até os legumes amolecerem.

molho ingredientes 1/2 pacote de molho de tomate 1/4 de cebola picada 1/2 tomate picado 1/2 xícara de água Sal e temperos a gosto (usamos manjericão e pimenta calabresa)

mãos na massa! 1. Frite as cebolas e acrescente o molho de tomate.

2.Em seguida, coloque a água, o tomate e os temperos. 3. Misture tudo e deixe curtir o molho.

4. Jogue por cima da panqueca e sirva-se.

A receita rende: 12 panquecas .

5. Depois de pronto, monte as panquecas.

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foto: larissa cascaldi

de olho nos ingredientes

ABOBRINHA Rica em fibras, ajuda a controlar o colesterol e a glicose

AVEIA Extremamente proteica, a aveia ainda ajuda na digestão, no intestino e no controle do açúcar no organismo

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CENOURA Rica em vitamina A, que é ótima para a visão!


TOMATE Rico em potássio e antioxidantes

PIMENTÃO AMARELO Rico em vitamina C

CHIA Fonte natural de ácidos graxos ômega-3, fibras e proteínas, além de conter todos os aminoácidos essenciais

COUVE Rico em vitamina C, K, B-1 ômega-3, ferro e magnésio

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foto: divulgação

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Muito prazer,

PANCs! por stephanie haidar

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de espécies são esquecidas e, por não serem mais cultivadas, entram em extinção. Nutricionistas indicam dietas ricas em fibras, vitaminas, e que contenham menos aditivos. Mas o que muita gente não sabe, é que há diversas plantas que cumprem tais indicações e que poderiam fazer parte de nossas refeições, se não fossem ignoradas. As PANCs - Plantas Alimentícias Não Convencionais, são aquelas que a população não reconhece suas funções como alimento. São consideradas pela maioria como matos ou ervas daninhas, por crescerem espontaneamente em beiras de estrada, campos e quintais. Algumas plantas comuns, no entanto, também são consi-

deradas PANCs, como a bananeira, já que restringimos o consumo à fruta, descartando outras partes comestíveis, como frutos verdes. Segundo a nutricionista Miriam Abdel Latif, ao consumir espécies convencionais, ingerimos sempre os mesmos nutrientes e vitaminas. “As PANCs ajudam a quebrar a “mesmisse” do que levamos para a cozinha. É importante variar o consumo de frutas e verduras, mas muitas vezes nos acomodamos e acabamos por consumir uma parcela pequena das espécies disponíveis”. Para ela, um dos motivos para ignorarmos as variedades disponíveis para consumo é o medo de comprar uma fruta ou verdura e não saber prepará-las. •

foto: divulgação

om o passar das décadas, o crescimento do agronegócio, a destruição de biomas, e os processos sucessivos de seleção artificial, o número de plantas utilizadas na alimentação humana sofreu drástica redução. A consequência disso? Perda de diversidade no prato, redução de fontes naturais de nutrientes e necessidade de reposição através de fontes artificias. Resultado: o Brasil é um país rico em ingredientes, mas a maioria das pessoas acaba se alimentando sempre das mesmas coisas. Desse modo, a demanda restringe-se a dezenas de itens, plantados gradualmente em maior quantidade visando atender a demanda, ao mesmo tempo em que milhares

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1. Araçá-do-campo: da família da goiaba, a fruta possui alto teor de vitaminas A, B, C, antioxidantes, carboidratos e proteínas.

2. Beldroega: popularmente conhecida como onze-horas. Pode ser consumida em saladas, sopas, molhos e também é útil para engrossar caldos. É rica em vitamina C, ômega 3 e proteínas. 3. Bertalha: a trepadeira de folhas tenras, também conhecida como espinafre indiano. As folhas podem ser refogadas em sopas, suflês e bolinhos.

4. Capuchinha: conhecida por Flor de Chadas, come-se flores e folhas que possuem grande quantidade de vitamina C. O sabor é picante, parecido com o agrião.

5. Cará-do-ar: produz tubérculos aéreos de cores branca, creme, roxa ou amarela. Rico em proteínas, carboidratos e potássio, serve como alimento básico na Nigéria.

6. Caruru: erva de terrenos abandonados, rica em sais minerais. As folhas e os talos, após cozidos e escorridos, são utilizados em refogados, molhos, tortas, pastéis e panquecas. As sementes são usadas para fazer pães, e podem também ser ingeridas torradas.

Listamos, portanto, alguns exemplos de PANCs, e como cada uma pode ser empregada na gastronomia de quem quer variar os nutrientes 7. Chuchu-de-vento: também conhecido como maxixe peruano. Seus frutos são consumidos em saladas, quando novos, ou refogados e recheados, quando adultos. 8. Feijão-grandu: leguminosa de sabor potente, altamente resistente a climas secos e solos pobres. Rica em proteínas e carboidratos.

9. Maria-gorda: também conhecida por língua de vaca. Rústica, tolerante a seca, rica em nutrientes, possui 500% mais ferro que o espinafre. 10. Ora-pro-nóbis: as folhas possuem cerca de 25% de proteínas, das quais 85% acham-se numa forma digestível. Também contém vitaminas A, B e, principalmente, C, além de cálcio, fósforo e ferro. Pode ser usada em saladas, refogados, sopas, omeletes, torta ou para temperar o feijão. 11. Peixinho: as folhas ficam deliciosas quando empanadas e fritas, e remetem ao sabor do peixe lambari. 12. Vinagreira: conhecida como hibisco. São consumidas as folhas e capuchos em saladas – cruas ou refogadas – e compotas e geleias.

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crĂŠdito: stephanie haidar

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Produtos Vegs As almôndegas da Soja Mania são uma boa pedida pra quem deseja complementar a macarronada ou ter uma opção rápida de alimento proteico! A embalagem contém 12 unidades de almôndegas vegs generosas, que ficam ainda melhores se preparadas com molho de tomate.

Onde encontrar: supermercados das redes Carrefour, Extra e Pão de Açúcar As salsichas de soja da Goshen são ideais pra quem quer fazer um hot dog veg de qualidade. Você não pode deixar de experimentar! Onde encontrar: Como? Vegan shop, supermercado Covabra, supermercado Dalben, Enxuto supermercado, Lotus produtos naturais, Ala Verde, Raízes Zen.

Dá para ser vegetariano e não deixar a feijoada de lado! A feijoada vegana da Goshen é composta por feijão preto, linguiça vegana da marca, proteínia de soja, tempeiro banana e salsicha vegetal. Tudo isso em uma porção de 450g!

Onde encontrar: Como? Vegan shop, supermercado Covabra, supermercado Dalben, Enxuto supermercado, Lotus produtos naturais, Ala Verde, Raízes Zen.

O queijo vegano da Super Bom é feito com amido de batata, óleo vegetal de palma e concentrado de cenoura com abóbora e é uma excelente opção para quem quer experimentar queijos que não produzidos pela indústria de laticínios. Diferentemente de similares, o queijo vegetal da super bom derrete como queijo normal e ajuda a compor diferentes pratos! Onde encontrar: Covabra supermercado, Supermercado Dalbem, Naturama, frutaria Rio das pedras.

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Castelos de cartas Agora, pelo menos, posso olhar em paz para vocês, eu não os como mais Franz Kafka

reportagem pedro siqueira ilustrações wilson wenceslau estiloveg 17


I Uma amiga dos meus pais morou sua vida inteira em um sítio no interior de São Paulo. Visitávamos ela com frequência, pelo menos uma vez ao mês. Eram dois, três dias que minha mãe e ela passavam quase que o tempo todo dentro da cozinha, fervendo leite e açúcar até o ponto de virar doce-de-leite, enquanto meu pai ia para o curral e voltava de noite com aquele cheiro acre, mistura de suor e odores de outros animais. A mim, como filho homem mais velho, foi permitido assistir ao abatimento de um porco. Os porcos, ali, não tinham um nome como os cachorros e os gatos da casa, eles traziam um número na pele, escrito com alguma caneta especial e vermelha. Quatro homens trouxeram

o porco do chiqueiro, cada um segurando uma pata. Ele guinchava, eles riam. Colocaram-no no chão e amarraram suas patas com cordas. Eu me sentia constrangido de olhá-lo diretamente nos olhos, com medo de que me olhasse de volta. Joguei a cabeça de lado quando enfiaram uma faca na axila direita do porco, mas ouvi seus gritos e o sangue gorgolejando para fora dele. Tive de me afastar um pouco para dar espaço ao sangue. O porco foi servido no almoço, quase que inteiro. Só as patas que não. Mais tarde, muitos anos depois, não poderia mais deixar de associar esse momento aos versos de Ana Martins Marques, do poema “Cozinha”: “rituais sangrentos de morte carne sangue e fogo”.

II Nossas decisões sobre a comida complicam-se com o fato de que não comemos sozinhos. Comida, família e memória estão ligadas de modo primordial. Não somos meramente animais que comem, somos animais comedores. Uma das minhas mais caras memórias é de quando minha avó vinha nos visitar, trazendo junto uma panela

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de pressão cheia de charutos (arroz e carne moída envoltos numa folha de repolho). Eu já logo colocava pratos sobre a mesa e sentávamos todos para comer e conversar, amava ouvir minha avó falar com seu sotaque. Era minha comida favorita, feita pela minha pessoa favorita. Essa ocasião simplesmente não seria a mesma sem comida - e isso importa.


III Do dia 31 de março ao dia 31 de abril, fiquei voluntariamente sem comer carne. No começo eu pensava que seria apenas uma mudança de dieta. Mais tarde, percebi que este poderia ser um momento propício para pensar algumas questões que eu evitava basicamente minha vida inteira, questões que eu não queria responder; e se as respondesse, eu correria o perigo de estar diante de falhas de caráter e encaixes imperfeitos. Não responder essas questões é, em si, uma resposta - somos igualmente responsáveis pelo que não fazemos.

IV Primeiro: não comemos “carne”, comemos animais. É preciso identificar até mesmo o que há por trás desses mecanismos linguísticos. Dizer que estamos comendo “carne” é uma forma eufemística de dizer que, na verdade, estamos comendo animais - e junto vêm todos os desdobramentos morais e éticos que a admissão desse fato gera. Dizer que comemos “carne” é uma forma de nos livrar da culpa.

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V “Mas, filho - é instinto do homem comer carne.” Nesse momento, repeti na íntegra o que o professor Heron Gordilho, o primeiro pesquisador brasileiro a escrever uma tese de doutoramento em Direito Animal, disse-me quando lhe perguntei se realmente comer carne é um instinto humano.

“É muito incoerente esse argumento. O homem define-se como homem justamente quando se proclama como o único animal capaz de agir pela razão - e que por isso é superior aos outros animais. Ou o homem tem capacidade de realmente controlar seus instintos ou então ele não é homem.”

VI E tem meu gato Frederico, adormecido ao meu lado enquanto digito essas palavras, seu corpo fechado num círculo quase perfeito para preservar o calor. Às vezes, ele mexe as patinhas em um gesto involuntário e solta um pequeno grunhido - sei que está sonhando. Outras vezes, sobe na mesa e me olha gratuitamente durante um longo tempo, com seus olhos bem fixos nos meus, e então se cansa e vai embora.

VII Compartilhe uma receita de carne de porco. Veja como as pessoas não ligam. Agora, tente compartilhar uma receita de carne de gato ou de cachorro.

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Entre nós há… o quê? Ele tem alguns aspectos singulares, algumas preferências. É o único gato de casa que não come a ração que já está na sua bacia. É preciso devolvê-la ao saco de ração e depois despejá-la novamente na bacia, na frente dele. Só então ele come. O que faz com que pensemos que os animais são destituídos de alma e espírito? O que em nós mesmos é expressão da nossa alma e do nosso espírito?


VIII Existe crueldade no ato de matar um animal. Mas somente “alguns” animais. Decerto, a imagem de uma ninhada de filhotes de gato sendo mortos a pauladas é mais terrível do que a imagem do porco no começo do texto - porque supomos que isso deve acontecer. É preciso que o porco morra para que nos sirva de alimento. Retiro do contexto original uma frase de “Revolução dos bichos”, um dos livros mais famosos de George Orwell, para ressignificá-la totalmente neste contexto: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”. Por que sentimos piedade por animais domésticos mas por animais usados na nossa alimentação, não? A filósofa Elaine Scarry, no seu livro “On beauty and being just” (sem edição no Brasil) observou que “a beleza sempre ocorre no particular”. A crueldade, por outro

lado, prefere a abstração. Quantas vezes olhamos um porco ou uma vaca de frente, do mesmo modo que olhamos nossos cachorros e gatos? Há uma cultura de desumanização dos animais que são usados no consumo humano. Uma cultura que desumaniza não somente eles, mas nós também. Afinal, comer carne é consentir a violência que eles sofrem, inadvertidamente ou não. Não fazer política é um jeito de fazer política. Ter pouca exposição aos animais usados para o consumo humano torna muito mais fácil deixar de lado questões sobre como nossas ações poderiam influenciar seu tratamento. O problema colocado pela carne tornou-se demasiado abstrato: não há um animal individual, não há uma expressão singular de alegria ou sofrimento, uma cauda sendo abanada, o cheiro da proximidade, não há um grito.

“Podemos reconhecer partes de nós nas vacas, nos porcos, nos peixes, mas então negamos que essas similaridades tenham importância e, em decorrência, negamos igualmente partes relevantes

de nossa humanidade. Aquilo que esquecemos sobre os animais começamos a esquecer sobre nós mesmos.”

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Jonathan Safran Foer em “Comer animais”.

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Ficar um mês sem comer carne, numa família que consome carne quase que diariamente, foi um exercício de autocontrole e otimismo. Nos primeiros dias foi incontrolável o impulso de comer queijo e batata o tempo todo. Porque o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi: “vou passar fome”. Depois, aos poucos, descobre-se que é planamente possível um strogonoff de palmito e abobrinha e nuggets de cenoura - descobre-se, sobretudo, que a carne acaba mesmo não fazendo muita falta. Que é só uma coisa que fazemos porque acreditamos que as coisas são assim ou porque alternativas exigem sempre numerosos sacrifícios, em alguma medida. Esses hábitos que sustentamos a vida inteira a qualquer preço, supostamente inexoráveis, que depois de uma decisão tomada com convicção revelam-se castelos de cartas: difíceis de erguer, difíceis de manter, mas fáceis de derrubar.

Sobre o problema da exploração de animais que está no seio do consumo de carne, Heron Gordilho explica: “ A tendência é que daqui 20 anos, 15% da população seja vegetariana ou vegana. E como todo processo social, vai começar a crescer exponencialmente até o sistema falir por ele próprio. E é preciso sair na frente denunciando, apresentando alternativas, apresentando propostas. O Brasil é o maior exportador e consumidor de carne do mundo. Certamente essa revolução não vai começar aqui. Mas o Brasil pode dar sua contribuição. Mesmo porque a tendência é de que surjam nesses lugares de maior exploração os principais movimentos em defesa dos animais. A maior contribuição é a contribuição científica, mas ela sozinha não vai resolver. É necessária a política, o direito, os movimentos sociais, a mídia e uma série de outros elementos que vão contribuir para que haja essa mudança de mentalidade.”

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XII “Primeiro foi preciso civilizar o homem em sua relação com o próprio homem. Agora é preciso civilizar o homem em sua relação com a natureza e com os animais.”

XIII Naquele mesmo sítio da amiga dos meus pais, de vez em quando os cachorros matavam alguma galinha que estivesse dispersa e muito distraída, para lutar contra suas magrezas. Eu sempre sentia muita dó delas. Naquele momento, esses cachorros me pareciam criaturas muito grotescas. No entanto, quando as galinhas eram servidas cozidas ou assadas na mesa, eu não me furtava de comê-las. Gostava especialmente das coxas.


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foto: divulgação

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Ativismo em foco

SOS Elephants

Parem com o festival de Yulin

A SOS Elephants é uma organização não governamental dedicada a preservar elefantes e os respectivos habitats naturais, a partir de pesquisas, conscientização de comunidades e conservação dos habitats naturais. Para ajudar a organização você pode fazer uma doação em dinheiro, através de cartão de crédito ou acessar a Wish list descrita no site. Atualmente, a organização está construindo um novo local para a SOS Elephants e precisa arrecadar 30 mil dólares – o equivalente a 102 mil reais. Acesse: soselephants.org/donate

O abaixo assinado da Avazz é direcionado ao presidente chinês, Xi Jinping, ao governador da província de Guangxi, Sr. Chen Wu, e aos membros do Governo Central Chinês, com o objetivo de pressiona-los para que o festival de Yulin seja interrompido. Nele, diversos cães são mortos e até roubados de seus donos – para abastecer o festival de carne canina. Durante o evento, os animais são espancados até a morte. Acesse: secure.avaaz.org/po/stop_the_puppy_slaughter_loc

SOS Mata Atlântica

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A SOS Mata Atlântica é uma fundação criada na década de 1980 com o objetivo de defender o que sobrou da Mata Atlântica no Brasil. Você pode ajudar através de doações mensais, doação única ou ainda se voluntariando para ajudar na educação ambiental, mobilização e incentivo à cidadania de diversas comunidades. Acesse: sosma.org.br/apoie


foto: divulgação

Paula Lumi, do Presunto Vegetariano, é apaixonada por animais

Profissão: VegTuber por jhonatas simião

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uando a internet chegou ao Brasil, em meados dos anos de 1990, Flávio Giusti, 39 anos, e Paula Lumi, 27, ainda eram crianças e não imaginavam que anos mais tarde a rede mundial de computadores se tornaria uma excelente oportunidade de trabalho e, os internautas, seus clientes. Além disso, eles teriam a chance de trabalhar em casa, fazer o que gostam e compartilhar seus conteúdos e conhecimentos para milhões de pessoas através de seus vídeos. Os canais direcionados à alimentação ve-

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Receita de coxinha de jaca é o vídeo mais acessado do canal VegeriRANGO

getariana e vegana no YouTube cresceram tão rápido, em qualidade e quantidade, quanto a internet alçou voo no Brasil. Dados do Ibope Media, de 2013, apontam que já somos 105 milhões de internautas, sendo o 5º país mais conectado do mundo. 38% das pessoas no Brasil acessam a web diariamente; 10% de quatro a seis vezes por semana; 21% de duas a três vezes por semana; 18% uma vez por semana. Assim, 87% dos internautas brasileiros entram na internet pelo menos uma vez na semana.

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opções bacanas na alimentação vegetariana. Também foi um ativismo, de certa forma. Acho que mostrar um prato bonito é muito melhor do que um prato com bicho morto", afirma Giusti. Antes da Paula iniciar as atividades do seu canal, o Presunto Vegetariano, em 2011, uma das respostas mais ouvidas ao questionar se um alimento tinha carne ou não era: "Tem este de presunto e queijo". Daí veio a ideia do canal. "Nosso objetivo é mostrar quão prática e versátil pode foto: divulgação

Segundo a pesquisa mais recente publicada pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), em 2012, 15,2 milhões de brasileiros se declaram vegetarianos. Isso corresponde a 8% de toda a população do país. Levando em consideração todos esses dados, Paula Lumi, do canal do YouTube Presunto Vegetariano, e Flávio Giusti, do VegetariRANGO, resolveram tornar público seus conhecimentos em alimentação vegetariana e vegana e, em pouco tempo, fizeram seus canais no site de vídeos se tornarem um grande negócio. Giusti trabalhava como projetista e músico, quando em meados de 2012 começou a fazer vídeos de receitas vegetarianas e postar no YouTube a pedido de um casal de amigos. "Gravava com equipamentos emprestados e era tudo bem simples, mesmo assim as pessoas gostaram muito e me pediram para fazer mais. Foi quando percebi que isso poderia ser uma importante oportunidade de negócio", diz o agora empresário que é vegano há cinco anos e foi vegetariano por 25 anos. Meses depois da primeira experiência com vídeos, em setembro de 2012, ele iniciava o VegetariRANGO. Atualmente, o canal tem mais de 65 mil inscritos e dois milhões de visualizações em mais de 150 vídeos que são postados duas vezes na semana. São mais de 400 mil pessoas impactadas pelos conteúdos do canal. "Além de pensar que o VegetariRANGO poderia ser um ótimo negócio, queria mostrar para as pessoas que há muitas

ser a culinária vegetariana para quem gosta ou não de carne, sem apologias e pregações; fazendo da carne de soja, legumes, frutas, cogumelos e grãos substitutos tão saborosos quanto à própria carne", afirma Paula que é designer de produtos, formada pela UNESP (Universidade Estadual Paulista) e fotógrafa. "Nosso foco nunca foi fazer apologia, acredito que quem quer se tornar vegetariano pode ir atrás dos sites que tem informações mais precisas. Não gosto de compartilhar

Paula Lumi e seu marido, Marco Alvares, comandam o Presunto Vegetariano desde 2011


Flávio Giusti,do VegetariRANGO, é vegano há cinco anos e foi vegetariano por 25 anos

foto: divulgação

fotos de animais mortos. Tornei-me vegetariana por conta do amor aos animais mesmo. Desde pequena sempre fui muito ligada aos bichos e um dia, ainda na adolescência, parei e refleti: Por que eu amo uns e como outros? Daí resolvi cortar a carne definitivamente do meu cardápio", ressalta a VegTuber que é vegetariana há 15 anos. O Presunto Vegetariano é atualmente o maior canal de receitas vegetarianas e veganas do YouTube. São mais de

140 mil inscritos apenas no site de vídeos e quase sete milhões de visualizações em mais de 202 vídeos, que são publicados semanalmente. Levando em conta todas as redes sociais que o canal está presente, além do YouTube, mais de meio milhão de pessoas são impactadas por receitas que vão desde uma simples sopa de shiitake e alho-poró até doce de leite vegano. Os dois VegTubers nunca tiveram experiências com o audiovisual antes do canal. No

entanto, a mudança do escritório para a frente das câmeras e holofotes de luz foi mais simples para Flávio Giusti. "Sempre fui muito extrovertido e fazia atividades como palhaço, então foi fácil ficar em frente das câmeras. Acredito que as pessoas têm gostado do canal muito por conta do humor que uso para falar de todos os assuntos", explica Giusti que, inclusive, participou da primeira temporada do MasterChef Brasil, na TV Bandeirantes. Já para Paula Lumi, o contato com as câmeras foi bem complicado. "Adoro cozinhar, principalmente para os outros, testar ingredientes e receitas. Mas nunca fui boa em me expressar. No início, era muito difícil a minha interação com a câmera, tínhamos que gravar umas 20 vezes a mesma coisa para ficar legal. Ainda hoje é um pouco complicado, mas a edição salva bastante", diz a VegTuber que conta com a ajuda do marido, Marco Alvares, na condução do canal. Apesar de parecer simples, a produção de um vídeo para o YouTube exige planejamento. "Primeiro faço pesquisas atrás de receitas, inclusive com nossos internautas, daí testo, faço um roteiro e só depois vamos para a produção, que costuma ser complicada porque sujamos muita coisa", explica Giusti. Depois os vídeos vão para a pós-produção e precisam de mais oito a 14 horas para serem finalizados. No total, leva quase uma semana para fazer um vídeo. Segundo Giusti, o YouTube ajuda muito na divulgação de conteúdos na internet. No entanto, no ramo gastronômico,

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crédito: jhonatas simião

sempre é preciso encontrar outras formas de ganhar dinheiro. "Hoje em dia vivo apenas da receita do canal, do programa de TV [o primeiro destino à veganos no Brasil], dos cursos e palestras e patrocinadores. O YouTube, em si, não paga muito. São cerca de R$ 300 por mês, mas ele contribui bastante para nossa visibilidade", explica. Giusti não fala em valores concretos, mas diz que atualmente vive apenas com a receita do canal e outras atividades relacionadas, e revela ainda que já consegue realizar sonhos que antes de entrar no ramo nem imaginava. Tanto o VegetariRANGO quanto o Presunto Vegetariano possuem lojas virtuais, com diversos produtos vegetarianos e veganos, site e perfis em redes sociais como o Facebook, Instagram e Twitter. Além Giusti, o VegetariRANGO conta com mais uma pessoa para cuidar das redes sociais, especificamente. "É fundamental para um canal no YouTube atender ao público e saber o que estão pedindo e como estão reagindo aos conteúdos", afirma Flávio Giusti. Para a nutricionista, Ana Ceregatti, especialista em alimentação vegetariana e vegana, os canais no YouTube direcionados à esses tipos de dieta são importantes, pois ajudam a diversificarem a alimentação. "Acredito que a pessoa não precisa de formação em nutrição para dar dicas sobre culinária vegetariana, mas sim bom senso. Muita gente bem intencionada escreve abobrinha e uma vez na internet dificilmente esse conteúdo será apagado", diz. •

Se você ficou entusiasmado com essa nova possibilidade de dar uma guinada na sua carreira e além de tudo ganhar dinheiro e ficar famoso, mas não sabe por onde começar? O próprio YouTube pode lhe ajudar. O site lançou recentemente um guia que pode ser acessado no link: youtube.com/creators e que ensina como os produtores de conteúdo podem tirar vantagens da plataforma. Apesar de a cartilha de 70 páginas ser bem útil e conter dicas valiosas, o site ressalta que a fama não é garantida. Não basta seguir os passos se o conteúdo do vídeo não for bom.


foto: divulgação

Chuva de veneno por larissa cascaldi

I

magine tomar 5 litros de veneno por ano. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, o INCA, essa é a quantidade de agrotóxicos que o brasileiro ingere anualmente. Os dados são alarmantes tanto para a saúde, quanto para o meio ambiente. Isso, porque além dos 5 litros anuais, desde 2008 o Brasil é líder no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Em es-

cala global, o mercado de agrotóxico cresceu 93%, sendo que, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), somente no ano de 2010 o crescimento na compra de agrotóxicos no país aumentou em 190%. A especialista em toxicologia pela Unicamp, Elisabeth Regina de Melo Cabral, explica os motivos desses números no Brasil. “Tem

a questão do tamanho do território, do PIB, da economia agrária brasileira e do agronegócio, que acaba influenciando negativamente para que se usem os agrotóxicos e a população os consuma”, afirma. Além disso, o cenário ainda se complica, porque o mercado dos agrotóxicos é dominado por grandes empresas multinacionais instaladas no país, que juntas formam um estiloveg 29


risco do agrotóxico dor de cabeça

dermatite

tontura

náusea

cólica abdominal

insuficiência respiratória

crédito: larissa cascaldi

oligopólio que movimenta mais dinheiro que o PIB de vários países no mundo. Se ingerir produto já é nocivo para a população em geral, os públicos vegetarianos e vegano devem ficar ainda mais atentos, uma vez que, na maioria dos casos, o consumo de produtos vegetais – in natura ou cerais – aumenta. Elisabeth ainda explica que existem duas formas de exposição ao agrotóxico: uma é a intoxicação crônica – mais comum em agricultores - e a outra é a aguda. “A intoxicação aguda geralmente acontece após a

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exposição a um produto, que em menos de 24h manifesta sintomas.”, afirma, como por exemplo, dores de cabeça, irritações na pele, náuseas e até tonturas.

Alternativas A Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) lançou em 2010 um dossiê com mais de 600 páginas a respeito do risco do agrotóxico para a saúde e o meio ambiente. Segundo o documento, as prin-

cipais consequências para o meio ambiente estão a contaminação dos lençóis freáticos, dos rios e também dos solos – tornando-os inférteis. Além disso, se destacam o descarte inapropriado de embalagens de agrotóxicos, muito comum na região nordeste do país, bem como a contaminação da chuva como um fator essencial para disseminar água impró-


benefício dos orgânicos mais nutrientes

evita erosão

ajuda pequenos agricultores

tem certificação

protege da contaminação química

ajuda a economizar água

crédito: larissa cascaldi

pria para consumo humano. A especialista em toxicologia, Elisabeth, aponta que não existem segredos para eliminar os agrotóxicos da alimentação. A enfermeira explica que a melhor alternativa para fugir dos venenos é consumir os produtos orgânicos. Entretanto, quando se fala em orgânicos a maior parte das pessoas tenta fugir desses produtos. Vanes-

sa Fagundes, coordenadora da Rede de Agroecologia da Unicamp (RAU), explica que os circuitos de comercialização são os principais fatores que influenciam no encarecimento dos orgânicos. Os alimentos que possuem agrotóxicos em sua composição, são provenientes de circuitos longos, em que existem diversos atravessadores que encarecem o produto. Isso, porque o alimento precisa ser transportado do campo para

a cidade, depois deve chegar ao Ceasa (Central de abastecimento de alimentos) e, posteriormente, até uma feira ou ao mercado. “Isso pode acontecer com alguns orgânicos que entram no mercado convencional. Então eles também terão esses atravessadores que é o que encarece orgânico, já que coloca esse produto em grandes circuitos de comercialização, como o supermercado. Quem ganha em cima do preço do orgânico e o torna inacessível à população em geral é o supermercado, não o consumidor”, completa, Giovana.

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Mas se as redes de comercialização encarecem os produtos, elas também podem ajudar a barateá-los. É que justamente quando existem menos atravessadores no processo, que os orgânicos ficam baratos e se tornam uma opção interessante – não só economicamente – para os consumidores. “Na perspectiva da agroecologia, a gente trabalha com a questão do comércio local, isto é, de fomentar a produção local, porque aí existem circuitos curtos de comercialização, onde no máximo existe uma pessoa no meio dessa cadeia”, explica. Desse modo, quando o consumidor vai a uma feira de orgânicos, o preço é mais barato, porque o alimento vai diretamente do campo para a mão do comprador. A bióloga Vanessa Ueno, que realizou um estudo sobre o custo do

orgânico em Campinas, dá a dica para quem quer incluir a alimentação orgânica na rotina. “Aqui em Campinas nós temos 4 feiras e tem também grupos de consumo consciente: grupo de pessoas que possuem essa consciência e se juntam para comprar diretamente do produtor”. Ela explica que a vantagem é mútua, já que o consumidor conhece o produtor do alimento que vai consumir e o produtor não terá perdas, porque

entrega para o grupo exatamente o número de produtos que foi pedido. “Então, se o grupo pede 30 pés de alface, o agricultor entrega 30 pés de alface”, completa. Quanto ao consumo dos orgânicos, de modo geral, Vanessa se mantém positiva. “Vale muito a pena, porque é um produto que você sabe a origem, sabe quem produziu como foi produzido, sem o uso de agrotóxico, tudo isso por um preço muito mais justo”, finaliza. •

crédito: larissa cascaldi

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Mito Vegetarianos não obtêm proteína o bastante? Mito. Os vegetarianos obtêm sim bastante proteína. O que os vegetarianos não obtêm a menos que se entupam de queijo e ovos - é a proteína em excesso, já tradicional na dieta comum, um excesso que leva à sobrecarga nos rins e doenças decorrentes de deficiência mineral, como a osteoporose. Vegetarianos (especialmente os veganos) não obtêm cálcio o suficiente?

Mito. Seus amigos não-vegetarianos estão realmente preocupados com isso, afinal de contas, seus dentes vão cair porque você não toma leite e eles não vão querer andar com um(a) banguela. Mas os vegetarianos e veganos não apenas obtêm cálcio o bastante, como também absorvem mais cálcio do que as pessoas sob dietas comuns de muita proteína. Isso acontece porque a proteína em excesso inibe a absorção de cálcio.

X Verdade Veterianos podem precisar de algum tipo de suplementação? Verdade. Existem diversas fontes de proteínas na alimentação vegetariana, como soja, feijão, ervilhas, cereais integrais e outros grãos. Mas o único nutriente que necessita ser suplementado na dieta vegetariana é a vitamina B12, mas apenas quando o indivíduo não utiliza ovos, leite e derivados. Todos os demais nutrientes, inclusive as proteínas e o ferro, são obtidos com facilidade. Todos os vegetarianos são ativistas pelos direitos dos animais?

Mito. Segundo pesquisas, a primeira motivação para as pessoas tornarem-se vegetarianas é a saúde; a segunda razão mais comum é pelos animais. Portanto, nem lutam contra o uso de peles de bichos, por exemplo, mas cada um ainda poupa muitos animais.

Fonte: Artigo da nutricionista Carol Wiley, publicado na revista Vegetarian Times

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Mito Vegetarianos seguem as dietas da moda, mantêm os laboratórios de vitamina ricos, vão a lojas de produtos naturais e só comem algas, tofu e granola?

X Verdade Vegetarianos nunca ficam doentes?

Mito. Alguns vegetarianos até tomam suplementos, mas outros nem conseguem mais se lembrar de quando foi o último suplemento que tomaram na vida. A maioria deles já comeu tofu, granola ou algas uma vez ou outra, e já visitou uma loja de produtos naturais. No entanto, também há aqueles que preferem um pacote de miojo e uma Coca-Cola. Tudo depende do indivíduo. Todo vegetariano é magro?

Mito. Como qualquer pessoa que come carne, alguns vegetarianos também ficam doentes, enquanto outros podem nunca apresentar algum problema de saúde. No entanto, em geral, os vegetarianos são muito menos sujeitos às doenças do excesso – ataques do coração, câncer, osteoporose – que atingem a civilização ocidental, porque elas, em sua maioria, são resultado de altos níveis de proteínas e gordura. Contudo, a maioria dos vegetarianos ainda pode pegar uma gripe ocasional.

Mito. Ser magro não está ligado ao consumo ou não de proteínas de origem animal. Portanto, existe sim muito vegetariano com excesso de peso. Isso acontece porque na maioria das vezes a decisão de mudar a dieta não vem acompanhada de orientação de um profissional.

Mito. Se a dieta é incluir grandes quantidades de massas, com altos índices de gordura (principalmente se a pessoa consumir derivados de leite e queijo processados) ou frituras, ela não estará livre.

Vegetarianos estão livres de problemas como colesterol alto, hipertensão e triglicérides?

Fonte: Artigo da nutricionista Carol Wiley, publicado na revista Vegetarian Times

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Saúde em dobro Alimentos de origem vegetal produzem muito mais saúde física do que alimentos de origem animal, segundo nutricionista, porém para atletas dieta exige cuidados adicionais por samuel garbuio

foto: divulgação

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o contrário do que diz o senso comum, é possível ser atleta sem consumir carnes, ricas em vitamina B12, zinco e aminoácidos essenciais. Os alimentos de origem vegetal contêm vitaminas e minerais em abundância, porém para aqueles que não consomem nenhum tipo de alimento de origem animal a recomendação é introduzir na alimentação mais aminoácidos e proteínas, sendo necessária a suplementação com a ingestão de vitaminas do complexo B (B1 a B12); levedo de cerveja, que contêm todos os aminoácidos essenciais; e após os treinos, suco de alimentos antioxidantes como laranja, limão, mamão, cenoura, beterraba e couve. Os alimentos ricos em antioxidantes contêm as vitaminas A, C ou E, que cumprem a função de combater os radicais livres, produzidos em excesso durante os exercícios físicos. Em excesso, essas moléculas podem ser tóxicas ao nosso organismo, danificando células sadias. Outro nutriente fundamental na dieta vegetariana é o ferro. Os vegetais contêm o ferro não-heme, um ferro que o nosso organismo tem maior dificuldade para absorver. Por isso é importante consumir quantidades maiores desse nutriente, presente na uva e em folhas verde-escuras. Além disso, aqueles que são vegetarianos tem maior dificuldade de absorção de B12, de acordo com a nutricionista Eliene Pires de Oliveira, “porque a B12 de origem

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vegetal está presente em poucos alimentos, como as microalgas spirulina e clorela”, explica. Em compensação, a dieta vegetariana tem uma vantagem, segundo Eliene. “Os alimentos de origem vegetal produzem muito mais saúde física do que os alimentos de origem animal. Isso porque quase todo alimento vegetariano é alcalino. E os alimentos de origem animal são acidificantes”, explica. E de acordo com a nutricionista, é necessário que o nosso organismo esteja alcalino, pois um corpo ácido está mais vulnerável para adquirir doenças. “Dessa forma, um dos benefícios de uma alimentação vegetariana é que o sangue fica muito alcalino e o organismo trabalha melhor, pois as enzimas e células assimilam melhor os alimentos de origem vegetal do que os de origem animal”, afirma Eliene. Vegetariano há 10 anos e praticante de Mountain Bike há um ano e meio, Luiz Fernando Bunhak, 39, que não consome leite e derivados, nenhum tipo de carne e raramente come ovos, recentemente passou a tomar vitaminas, pois descobriu uma deficiência de B12. “Constatei com exames que a vitamina B12 está um pouco abaixo do normal e comecei a tomar vitaminas do complexo B, diariamente”, admite. A orientação foi da nutricionista Eliene. “A B12 é muito importante para a produção de hemácias, evitando-se principalmente a anemia perniciosa, doença que pode de-


foto: divulgação

foto: divulgação

Na alimentação de Bunhak predominam arroz integral, legumes e saladas

Ampla variedade de vegetais e tofu compõe a alimentação de Konno

senvolver apatia, cansaço extremo, memória deficiente e até mesmo levar a atrofia gástrica”, explica a nutricionista. Na alimentação de Bunhak predominam salada, arroz integral, batata doce, nozes, castanhas e fibras (aveia, granola). Porém como ele é praticante de atividade física mais rigorosa e extenuante, é preciso alguns cuidados de acordo com a nutricionista. “É necessário para ele suplementar tanto com a levedura, garantindo os aminoácidos, quanto com o complexo B, que contém outros nutrientes, já que o corpo não estoca vitaminas do complexo B e estas devem ser ingeridas diariamente”, explica Eliene. “São vários os benefícios do complexo B: ele atua na memória, no sistema nervoso central, no tratamento da pele, no sistema digestório e protege as mucosas intestinais”, afirma a nutricionista. Os desafios que Bunhak encara exigem muito preparo físico, como o Pedal dos Mestres em Roncador-PR, com distância de 146 km e 3.200 metros de altimetria. Ou um desafio pessoal, um

bate e volta sozinho de Campo Mourão, onde reside, até Maringá, em um total de 165 km. Por ser representante comercial, Bunhak conta que pedala onde dá certo. “Eu levo minha bike no carro e pedalo onde consigo. Assim, procuro programar minha rotina de treinos durante a semana, faço uma média de 40 a 60 km quase sempre à noite e aos domingos de 80 a 100 km”, explica. Ao contrário de Bunhak, o corredor Sérgio Takashi Konno, 49, vegetariano há 15 anos e praticante de corrida de rua desde os 18, não ingere nenhum tipo de suplemento. Porém, ele pertence ao grupo dos ovolactovegetarianos, de acordo com a nutricionista clínica Thaís Vilela. “A dieta do atleta inclui alimentos como ovos, leite e derivados. Trata-se, portanto, de uma alimentação não completamente restrita. Assim, o fato de ele não comer carnes não lhe acarreta deficiências nutritivas, à medida que fontes como vitamina B12, zinco e aminoácidos essenciais podem ser adquiridas por meio do consumo desses alimen

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tos”, explica. Em contrapartida, “o vegetariano vegano, que não consome nenhum alimento de origem animal, necessita de suplementação, principalmente da vitamina B12”, afirma. No currículo esportivo do cirurgião dentista e corredor Konno estão percursos de 10 km e meias maratonas como Corrida Integração, Corrida da Lua, São Silvestre e Meia Maratona de Campinas. Konno, que corre quatro vezes por semana, com duração de 60 minutos, conta que tem um

foto: samuel Garbuio

Atleta amador e vegetariano Sérgio Konno é praticante de corrida desde os 18 anos

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grupo. “Na corrida, temos um grupo chamado ‘Turma do Seo Madruga’, que se encontra às cinco horas da manhã para correr cerca de 10 km pelas ruas de Campinas”, explica. Além disso, Konno faz musculação duas vezes por semana e joga futebol semanalmente. O atleta que nunca teve falta de vitamina B12, nem qualquer problema em seus exames médicos, conta que tem acompanhamento regular. “Faço consulta com endocrinologista e cardiologista. A cada dois anos faço

endoscopia, além de exames de rotina como hemogramas, eletrocardiograma, ecocardiograma, e teste de esforço físico”, afirma. Os resultados dos exames garantem ao atleta condições perfeitas para o esporte, de acordo com a nutricionista Thaís. “No entanto, há alimentos que são indispensáveis a qualquer vegetariano, tais como grãos integrais, oleaginosas, folhas verde-escuras, frutas e leguminosas”, reforça a nutricionista. E é dessa forma que Konno complementa sua alimentação. “Como sou de descendência japonesa, gosto muito de soja, principalmente o tofu, uma espécie de queijo de soja. Então supro a falta de proteínas com grãos em geral, incluindo na alimentação bastante soja, cereais integrais, grãos e sementes; além de me alimentar dos triviais frutas, verduras, legumes, ovos e leite”, explica. •


Vale a pena ler por Larissa Cascaldi

Livro: Por que Amamos Cachorros, Comemos Porcos e Vestimos Vacas Autora: Melanie Joy Editora: Cultrix Gênero: Ciências Humanas e Sociais / Sociologia Páginas: 198 Preço médio: R$ 30

O livro “Por que Amamos Cachorros, Comemos Porcos e Vestimos Vacas”, de Melanie Joy é uma boa pedida para quem é simpatizante do vegetarianismo ou deseja fazer a transição para o mundo veg. Em pouco menos de 200 páginas a autora consegue abrir a discussão a respeito do consumo de alimentos e objetos de origem animal e questiona a cultura de valorização do cão e do gato e da aniquilação de bois e vacas. A partir da obra, você, leitor, vai conhecer como funciona todo o processo que está por trás da carne que está posta a mesa: desde a criação dos animas, ali-

mentação, abate, embalagem, transporte ao supermercado e o produto final – já pronto para ser consumido. Em uma linguagem extremamente fácil, ela explica que todos os animais, independentes de serem gatos ou cachorros, são animais sencientes, isto é, capaz de sentir emoções como afeto e dor. “Por que Amamos Cachorros, Comemos Porcos e Vestimos Vacas” é um livro que necessita de muita coragem para ser lido. Isso, porque é preciso enfrentar a própria cegueira que estabelecemos ao longo da vida em relação ao genocídio dos animais.

Vale a pena ver Sinopse oficial do fime

Cowspiracy: O Segredo da Sustentabilidade é um documentário de 2014 dirigido e produzido por Kip Andersen e Keegan Kuhn. O filme examina os impactos da pecuária e da pesca na natureza, e investiga como as organizações ambientais lidam com a questão. As organizações analisadas no documentário incluem o Greenpeace, Sierra Club, Sea Shepherd Conservation Society, Rainforest Action Network, entre outras. Para ser realizado, o filme contou com um financiamento coletivo no site especializado Indiegogo, e 1.449 contribuido-

res doaram 117 mil dólares até o final da campanha, superando em 247% o objetivo inicial de arrecadação. Graças ao investimento, o documentário foi dublado em espanhol e alemão, e legendado para outros dez idiomas, incluindo chinês e russo. Para obter os direitos de exibição do filme é necessário negociar com o distribuidor ou com o site Tugg. Uma nova versão do documentário, tendo Leonardo DiCaprio como produtor-executivo, estreou mundialmente no Netflix em 2015.

Documentário: Cowspiracy Direção: Kip Andersen e Keegan Kuhn Disponível desde 2015 no serviço de streaming Netflix

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