Voz da vizinhança #02 web

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VOZ DA VIZINHANÇA Realização

Ano I - Número 02 - Setembro/Outubro 2016

Seu lixo tem valor Páginas 4, 5 e 6

Novo comandante assume a 2ª CIA Página 3

Moradores de rua: Precisamos pensar sobre eles Página 7


Editorial

A sensação de pertencimento está de volta A segunda edição do jornal Voz da Vizinhança traz duas matérias especiais. A primeira, sobre a riqueza encontrada no lixo nosso de cada dia, bem como a destinação correta de resíduos. A segunda aborda o número crescente de moradores de rua. Um problema que afeta a pessoa, que vive em condições subumanas; quem por ela passa, que sofre com o que vê e, muitas vezes, é agredido verbal e fisicamente; a família do indigente – que, às vezes, nem sabe onde ele

se encontra; a sociedade como um todo. Enfim, é um tema com vários nuances e precisa de solução urgente. Precisamos conversar sobre isso. Apenas cruzar os braços e assistir ao cenário triste, onde seres humanos colocam em risco a sua vida e as de outros, já não dá mais. Faz-se necessária a união de órgãos como Fasc, Prefeitura, Ministério Público, Brigada Militar, ONGs, Polícia Civil e comunidade para alcançar o bem, tanto de quem reside

na rua, quanto de moradores e comerciantes dos bairros que convivem com a situação em suas calçadas. O Voz da Vizinhança traz ainda as conquistas já alcançadas por empresários e moradores, como iluminação de ruas realizada pela prefeitura, após caminhada pela Cidade Baixa para verifificar pontos sem luz - alguns ainda em falta por problemas com a CEEE. Também aborda o sucesso do projeto Vizinhança Vigilante, que distribuiu placas e faz uso

do apito para avisar a presença de suspeitos ou situações de emergências na área. Há relatos de ataques evitados a partir do momento em que alguém com medo pediu ajuda a vizinhos, que vieram em socorro. Podemos dizer, com orgulho, que aqui, um cuida do outro, sim, e estamos retomando, aos poucos, a sensação de pertencimento ao grupo de pessoas, que zelam pelo bem comum. Juntos podemos alcançar ainda mais! Carla Santos

Expediente Reportagem: Carla Santos Ieda Risco - (51) 9968-0107 Capa e edição de fotografia: João Mattos - (51) 9137-1744 Edição e jornalista responsável: Carla Santos - (51) 8442-7727 Reg. Prof.: 8292/96 Comercial: Vera João (51) 8401-8588 Projeto Gráfico e Editoração Alex Santos (51) 9941-1122 Apoio: AACB, ACCB e Amava Gráfica: Multi Criatividade em Impressão Grupo Sinos Tiragem: 10 mil exemplares

Participação da comunidade na segurança pública como exercício da cidadania * TC Marcus Vinícius de Oliveira

A vida em sociedade pressupõe regras e meios de controle das relações entre indivíduos e destes com os grupos, a fim de preservar a ordem e garantir a incolumidade das pessoas e do patrimônio. A Constituição Federal estabelece, no capítulo da segurança pública, que esta é dever do Estado. Infere, ainda, que todos os cidadãos têm o direito à segurança estatal. Contudo, além de conceder direitos, a Constituição atribui obrigações, na medida em que confere a todos os cidadãos a responsabilidade de zelar pela segurança uns dos outros e de si mesmos. Desta forma, estende a responsabilidade do limite de proteção pessoal e patrimonial para uma participação na gestão da segurança pública. A comunidade deve participar ativamente na segurança pública, como colaboradora, na obtenção da harmonia

social. Esta participação ocorre na contribuição para o apaziguamento, na tranquilidade pública, na mediação de conflitos e, especialmente, nas relações

voltadas à segurança, as quais devem ser, em regra, construídas a partir desta aproximação e em favor da comunidade. O exemplo é o policiamen-

A vigilância do cidadão ajuda na luta contra o crime através de uma rede de proteção onde um protege o outro e todos se protegem. Comandante do 9º BPM

comunitárias e nas interlocuções com o Estado, a fim de auxiliar, fiscalizar e apoiar as políticas e ações públicas

MEDIAÇÃO DE CONFLITOS E PRÁTICAS COLABORATIVAS.

to comunitário. Recentemente, por iniciativa da comunidade, em ação conjunta com o 9º Batalhão de Polícia Militar,

foi lançado o programa Vizinhança Vigilante, lastrado nos princípios e regras do Nacional Neighborhood whatch, criado em 1972 nos Estados Unidos. A atenção da comunidade com o seu espaço de convivência potencializa os olhos e ouvidos do Estado na fiscalização e aplicação da lei. A vigilância do cidadão ajuda na luta contra o crime através de uma rede de proteção onde um protege o outro e todos se protegem. São diversas as formas de demonstrar que a comunidade local está unida aos órgãos de segurança pública, a fim de reduzir a violência e criminalidade, materializando-se através de placas informativas, dos telefones de emergência e de sinais sonoros convencionados. Desta forma, a comunidade ganha voz e força na resolução dos problemas relacionados à segurança pública. O sucesso da estratégia está na parceria

dos moradores do Bairro com o 9º BPM, que o associou às estratégias estabelecidas, rearticulando os recursos humanos e materiais, além de associar ferramentas para facilitar a comunicação do Estado com a Comunidade. Vivências desta natureza têm sido positivas em todo o País, moradores do bairro Ilha do Frade, em Vitória, ES, comemoram uma redução de 85% das ocorrências policiais no bairro, comparando os meses de janeiro de 2014 e 2015 (fonte de dados Sesp). Nós não temos dúvidas de que a união de esforços, comunidade e Brigada Militar, vão propiciar resultados significativos para a segurança e nossas ações vão ajudar na redução de situações de oportunidade para a existência do crime e da violência, potencializando a existência de guardiões em todos os cantos de nosso bairro.

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Novo comandante assume a 2ª CIA do 9º BPM e promete mudanças

Nas primeiras palavras, nota-se um sotaque diferente do gaúcho. Mas, para felicidade de quem conversa com o capitão Fagundes, logo percebe-se que adotou o Rio Grande do Sul como seu estado e carrega consigo o lema de ser forte, aguerrido e bravo. Oficial de larga experiência como militar (por mais de uma década nas Forças Armadas. Deixou a Marinha, após 11 anos, no Curso de especialização de Sargentos Aviadores), Djan Carlos de Souza Fagundes, assumiu, dia 8 de agosto, o comando da 2ª CIA do 9º Batalhão da BM, que atende à nossa região. No primeiro momento, já demonstrou interesse na comunidade por ele atendida, buscando contato com lideranças, para melhor conhecer e atender às demandas locais. Desde então, tem participado de várias ações nos bairros. Diz admirar a parceria da comunidade com a BM. “Isso permite um melhor trabalho na área da segurança.” O capitão Fagundes ressalta a importância da comunicação direta via rede WhatsApp entre os moradores, empresários e a

2ª Companhia. “Manteremos o serviço de atendimento por esta rede social. No entanto, haverá mudanças na administração dos grupos, que passará a ser realizada pela própria 2ª CIA, unificando prática já adotada e bem-sucedida em outros batalhões.” Segundo o capitão Fagundes, a comunidade não tem como avaliar cada integrante dos grupos. O que pode gerar a inclusão de informantes do crime. “Vamos solicitar documento e comprovante de residência, antes de adicionar um novo membro, para gerar ainda mais segurança a todos.” A solução atende a um antigo pedido da própria comunidade. Visto que, realmente, é impossível aos administradores avaliarem, caso a caso, quem entra nos grupos. Em relação ao Projeto Vizinhança Vigilante, que usa apitos para alertar vizinhos sobre a presença de suspeitos ou uma emergência, o novo comandante vê com bons olhos e diz que a comunidade unida e organizada dá mais trabalho ao delinquente. “Toda iniciativa em prol da segurança é bem-vinda. O meliante não gosta

de passar trabalho, portanto, vai procurar um local mais acessível à prática de delito.” Ressalta a conduta já bem reforçada entre os integrantes do projeto de que a vítima jamais deve apitar diante de um assaltante, evitando se expor a riscos. Também alerta para que terceiros informem-se do

Tenho certeza de que, junto à comunidade, realizaremos um excelente trabalho. Capitão Fagundes

local e do fato antes de passar informações à BM. O novo comandante conseguiu, junto ao Comando do 9º Batalhão, a liberação de horas extras para que os brigadianos participem da Operação

Sossego na Cidade Baixa, com maior efetivo. Além disso, conquistou apoio de integrantes do POE e da Rocam da Operação Avante, para ações na área de abrangência da companhia. Seu trabalho será pautado pelas diretrizes atuais da BM e do Comando do 9º Batalhão que são: Prevenção/Visibilidade, Pronta Resposta e Operações Policiais Qualificadas. “Em todos os casos, terão a participação da comunidade.” Na Prevenção/Visibilidade pretende trazer para a 2ª CIA o trabalho de análise criminal e mapeamento da criminalidade, já realizados pelas Seções de Inteligência e Operação do Batalhão, Pontos-Base de apoio nos locais com maior número de ocorrências, patrulhamento ordinário da Patamo e motocicletas, além do policiamento escolar e comunitário realizado pelas Bikes. Na Pronta Resposta, buscará atender de forma eficiente ao 190, além de aperfeiçoar as demandas solicitadas pelos grupos de segurança do WhatsApp. Por fim, nas Operações Policiais Qualificadas, o objetivo é realizar ações conjuntas com a Smic,

EPTC, Fasc, Guarda Municipal, Polícia Civil e Ministério Público, visando combater o tráfico de drogas, a perturbação do sossego alheio, venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes, vendedores ambulantes, além do apoio aos órgãos que fazem o acolhimento dos moradores de rua. Atualmente, na região central de Porto Alegre, o 9º BPM prioriza o combate de sete tipos criminais: Roubo a Pedestre, Roubo a Transporte Público, Furto de Veículos, Roubo de Veículos, Roubo a Estabelecimento Comercial e Bancário, Roubo a Residência e Homicídio. “Nosso desafio é incluir como prioridade, também, o combate à perturbação do sossego alheio, principalmente das 23h às 5h, na Cidade Baixa.” O capitão Fagundes afirma saber que sua passagem pela Companhia poderá ser de poucos anos. “Mas o importante é contribuirmos para uma Cidade Baixa mais tranquila e segura. O efetivo da 2ª CIA é excelente e altamente qualificado e tenho certeza de que, junto da comunidade, iremos realizar um excelente trabalho.” VOZ DA VIZINHANÇA

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Lixo é dinheiro para

condomínio da Venâncio

Manuela faz parte da equipe de obras do salão de festas do seu prédio

Garrafas pet, jornais, papelão e latinhas fazem parte da riqueza acumulada por moradores de um condomínio da avenida Venâncio Aires. Com a separação desse material, melhorias já são planejadas para o prédio de 137 apartamentos. A moradora Manuela Lampert conta que o salão de festas foi o escolhido para a repaginação. Por enquanto, detalhes

como pratos, talheres, porta papel higiênico e papel toalha foram adquiridos com a renda do lixo que é armazenado pelos moradores. “O salão poderá oferecer sabonete, coisa que antes cada morador tinha que levar de casa para a sua festa.” Potes de margarina e de chimia também são armazenados em um container, depois disso, uma empresa vem até

o prédio e recolhe o material descartado, pesa o mesmo e paga na semana seguinte. O valor arrecadado, em média R$ 36,00 por semana, vai render portas novas para os banheiros do salão de festas. O certo é que o lixo está ajudando bastante os moradores, mas ainda há necessidade de reeducação de alguns deles. A síndica deste prédio,

Marisa Krutzmann, apoia a ideia, que já esteve em prática há anos e não deu certo por falta de adesão. Ela reforça a necessidade de os condôminos se conscientizarem no momento da separação dos dejetos. “A maioria ainda não seleciona o lixo. Aqui dá certo porque os funcionários do condomínio destinam horas de trabalho para fazer a separa-

ção correta.” Sobre a adesão de vizinhos, Manuela concorda que é um processo de educação. “Estamos fazendo isso há dois meses e já tivemos retorno.” Ela lembra que ainda não realizaram uma assembleia de condôminos para apresentar os resultados positivos, mas conta que alguns já se dizem bem contentes.

Empresa busca resíduos em conjuntos residenciais e comerciais

Cesar Basso é um empresário de Porto Alegre especializado em recolher material eletrônico e dar destino para ele. A empresa Megalix é quem recolhe o material do condomínio onde mora a Manuela Lampert. São três os condomínios clientes dela. Basso afirma que trabalha mais com 4

VOZ DA VIZINHANÇA

empresas. “Nos condomínios, geralmente, não há uma separação adequada do material e recebemos muitas coisas que não temos como dar destino.” A Megalix tem uma exigência: que, no mínimo, sejam preenchidas oito bags (sacolas) fornecidas por eles para armazenagem do lixo. “O

peso total depende do material que será separado”, comenta. O ideal, segundo o empresário, é que o próprio condomínio separe o que é vidro, papel, papelão, plástico, material eletrônico, antes de incluir o lixo reciclável nas bags. Basso também conta que o material recolhido por ele

ainda viaja o mundo. “Há desmanches para os quais ainda não se tem tecnologia no Brasil”, ressalta. Assim, alguns componentes são levados a São Paulo e, de lá, embarcam em navios com destinos para países como Japão, Alemanha e Estados Unidos, que contam com sistemas apropriados.


Cada produto tem seu destino

Um computador que não tem mais conserto, você leva até um local específico? E o secador de cabelos queimado vai para o lixo? Ah, mas o resto da reforma da sua casa, com certeza, já tem destino certo. Não? Bem... Não é somente o prezado leitor que não sabe o que fazer com este tipo de resíduo. Enquanto o seco e o orgânico, separados diariamente têm até lixeira específica na cozinha, outros materiais

acabam na área de serviço, esperando uma solução. O Departamento de Limpeza Urbana de Porto Alegre (DMLU) tem uma saída. Até para aquele sofá velho que o cachorro rasgou. É o que revela o diretor do departamento Gustavo Fontana. Ele destaca que os eletrônicos são considerados especiais e recebem tratamento diferenciado. “Temos diversos pontos de coleta na cidade e o projeto de

coleta itinerante.” No site do DMLU (http://www2.portoalegre.rs.gov.br/dmlu/), é possível consultar os pontos e até mesmo conferir as datas e bairros por onde o projeto itinerante vai passar. “Cada sábado, o caminhão que recolhe este material estará em um local diferente para receber o que a comunidade separa.” Parte do resíduo eletrônico que é recolhido pelo DMLU tem destino especial. Vai para

a cooperativa Paulo Freire, a primeira no país a trabalhar com este material e promover o reaproveitamento de componentes. O restante vai para empresas conveniadas que dão o tratamento adequado. “Nada vai para o lixão”, diz o Fontana. Ele conta que muitos componentes possuem metais nobres como ouro e prata. Contudo, não é em quantidade suficiente para que valha acumular em casa e tentar fazer um pé-de-meia. Mas, e o sofá que o Totó rasgou? Se você não tem como levar até o Ecoponto, ligue para o DMLU pelo fone: (51) 3289-6999. Uma equipe calcula a quantidade de material que

é preciso retirar e agenda a coleta. Há um custo para este serviço e depende de quanto sairá de sua casa ou condomínio, mas o pagamento é bem fácil e prático, via cartão de débito ou crédito. “É como pedir uma pizza, pois levamos a maquininha do cartão até a casa do morador.” O mesmo pode acontecer com condomínios que possuem mais de 20 unidades residenciais e que separam o lixo corretamente. Para que não fique material acumulado na calçada, o DMLU cadastra o condomínio e o inclui na rota da coleta seletiva para um recolhimento mais eficiente.

Em Porto Alegre, 700 famílias vivem da reciclagem É dentro de casa que começa o destino correto do lixo na cidade. Em Porto Alegre, 700 famílias cadastradas têm a maior parte de sua renda proveniente da reciclagem. O material levado até elas poderia

ter sua quantidade triplicada caso a adesão dos moradores à coleta seletiva fosse maior na capital. O diretor do DMLU, Gustavo Fontana, faz um apelo para que as pessoas pensem em quem sobrevive do traba-

lho da separação de dejetos. Ele cita, ainda, o código de limpeza urbana da Capital e diz que quem não quer se educar acaba multado. “Não há como o porto-alegrense desconhecer a coleta seleti-

va de lixo, pois existe desde 1990. As pessoas preferem não esperar a coleta”, lamenta. Segundo ele, o DMLU busca sensibilizar com ações educativas, para que a população faça a separação do lixo

doméstico corretamente. Outro ponto importante a destacar é o cuidado com os garis. Materiais cortantes ou pontiagudos devem ser embalados, para evitar lesãos nos trabalhadores.

Bom exemplo para quem gosta de reutilizar materiais Na José do Patrocínio esquina com a Olavo Bilac, uma surpresa aguarda o transeunte. Várias carcaças de micro-ondas estão decorando a área frontal de uma oficina de reparos. São floreiras feitas com o material pela dona do Ponto dos Micro-ondas, Angélica Braun. “É uma questão de cultura”, disse ela, que não admitiu ver o material sem destino correto. Angélica tem na mãe um exemplo. Ela conta que a moradora de uma cidade no interior de SC, mesmo aos 70 anos, não para. “Ela dá cursos de reaproveitamento e reciclagem para diversas moças, jovens que aprendem a

desmanchar um blusão e fazer outro ao invés de jogar fora.” Cerca de 90 carcaças de micro-ondas já foram reaproveitadas pela empresária. “Já doei para carroceiros e, depois, vi o material jogado na Ipiranga.”. Ela diz que não se sente à vontade em saber que o descarte é inadequado. O trabalho de Angélica está gerando frutos. Além dos vizinhos, que buscam carcaças para suas casas, a escola infantil da Prefeitura, localizada em frente à loja, já solicitou um lote. “Querem criar uma horta para as crianças”, conta. Não são só carcaças que a empresária recicla. No Natal, uma árvore foi decorada com

todos os fios e cabos que ela recupera. “Não é lixo degradável, então não ponho fora. Assim como as chaleiras elétricas que também pretendo fazer floreiras”, antecipa. Ela diz ainda que não entende como as pessoas não pensam em toda a cadeia de produção de material não biodegradável na hora de trocar equipamentos. “Incentivo a consertar.” Outra opção de cuidado com a natureza foi a tentativa de recolher óleo de cozinha no bairro. E foi tentativa mesmo, pois o tonel destinado ao recolhimento do material foi furtado. Mas há vários locais próximos que recolhem o material. Na sede do Departamento de

Angélica transforma carcaças de micro-ondas em vasos de plantas

Esgotos Pluviais, na Lima e Silva, há um ponto. Outro fica na Rua da República, na capatazia do DMLU. Também é possível levar o material para o

Sesc Redenção e para o Senac da Venâncio Aires. Verifique o horário de funcionamento dos estabelecimentos antes de se deslocar até eles. VOZ DA VIZINHANÇA

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Lixo vira peças de arte Ele conta que não sabia pregar um prego. Hoje, vive do trabalho artístico criando miniaturas com material reciclado. Roberto Germano, que artisticamente é conhecido como Wilson, tem como inspiração programas de motoqueiros, heróis do cinema e até mesmo a natureza. “Adoro motos. Principalmente as choppers. E vendo

os programas na TV, comecei a criar as miniaturas”, conta ele. Cada uma tem a dimensão aproximada de uma caixa de leite. E são ricas em detalhes. “Mas eu não soldo. Aparafuso tudo”, explica Wilson. Além das motos, o artista tira das telas do cinema Homens de Ferro, Transformes entre outros. Os planos são para ampliar. “Estou pensando

em fazer o escudo do Capitão América”, revela. Da natureza, já saíram abelhas, escorpiões e outros insetos. O trabalho com material reciclado, segundo o artista, parte de uma “confusão”. Ele recebe de amigos a matéria-prima ou cata pela cidade. O que encontra vira arte, que depois é repassada para a venda por um casal de amigos. “Eu só trabalho na criação.”

Tampinhas que alimentam Ao seis anos de idade, Eneida passava os dias na companhia dos animais. Quando a população felina extrapolava, misteriosamente, os gatos sumiam. O pai os levava para o rio. E foi o que aconteceu com o Lelinho. Crédito: arquivo pessoal

A mulher Eneida cuida de 420 cães e gatos no sítio em Águas Claras. A menina Eneida, só queria ter cuidado de um: o Lelinho, que lhe foi tirado pelo pai. A triste história da menina construiu a fortaleza onde reside a protetora.

Foi aí que a menina prometeu a si mesma que cuidaria de todos os animais que pudesse. Anos depois, deparou-se com uma gata. Foi seu primeiro acolhimento. Prenha, a felina deixou para Eneida Mima, uma filhotinha que viveu até 2013. Em Gravataí, ela lutou pela revitalização do canil municipal e fez campanha para proteger cães de rua que eram mortos. Os que conseguiu salvar foram levados para o sítio que alugou e, hoje, está terminando de pagar. Sustentar um sítio com tantos bichos não é fácil. Há manutenção constante e o custo com funcionários. Eneida conta que fez muita campanha

entre amigos, pelas redes sociais, para pagar a agropecuária onde busca material. “Eu não me sentia bem em pedir dinheiro. Até que, um dia, surgiu a ideia de solicitar algo que não mexesse no bolso, o lixo reciclado.” Assim começou a campanha que mobiliza diversas pessoas em vários pontos de Porto Alegre. A ajuda ao Sítio da Eneida, consiste em recolher tudo que possa virar dinheiro. Contudo, armazenar garrafas nos apartamentos ficou inviável. Então, ela passou a pedir as tampas. Mensalmente, o sítio recebe de cinco a seis toneladas de tampinhas de refrigerante, por exemplo, que viram dinheiro. Esse dinheiro enche as barrigas dos peludos, reforma canis, compra medicamentos e muito mais. Por semana, o

valor da venda do material reciclado chega a R$ 1 mil. Helen Ribeiro é moradora da Cidade Baixa. Conheceu o trabalho da Eneida através de uma amiga. E se apaixonou. Como é síndica de um condomínio, pediu à funcionária que recolhe o lixo que separasse tampinhas. Em uma bambona de água de 5 litros, Helen reúne o material. “Dia desses, vi um senhor com uma bambona cheia de tampinhas e perguntei para onde ele estava levando. O senhor me contou que juntava para a Eneida. Fiquei tão contente”, conta Helen. Uma amiga dela, que trabalha no Brique da Redenção aos sábados, leva o material para a Eneida. Para mais informações, acesse a fanpage: facebook.com/sitiodaeneida.

Eneida (à direita) cuida de 420 cães e gatos

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Acampamentos na calçada Um dos maiores dramas de Porto Alegre está na crescente população de rua. E enquanto a frase pode parecer o popular “chover no molhado”, esta é, sim, a realidade. Quem circula pelas ruas centrais da cidade comprova o que a própria Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) estima: o número de moradores de rua da cidade é bem superior aos 1.650 cadastrados. O presidente da Fasc, Marcelo Soares, diz que o cadastro é autodeclaratório e preenchido por quem, de alguma forma, foi ou está sendo atendido pela rede da fundação. Números concretos serão ofertados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que realiza um censo quantitativo e qualitativo da população de rua da Capital. Conforme Soares, entre a população que vive nas ruas há muitos usuários de drogas, o que remete a outro problema das grandes cidades. “Mas, o que leva estes homens e mulheres a este nível de vulnerabilidade é a desagregação das famílias. Depois, claro, as

ruas apresentam as drogas e o álcool”, relata. É justamente a origem destas pessoas, famílias desestruturadas, que acaba também dificultando o retorno delas a uma realidade da qual fugiram. A experiência do presidente da Fasc revela isso. “Quem foge de uma realidade para viver em um mundo sem regras, não deseja voltar para sua origem”, afirma. Isto gera meses de abordagens e conversas até que haja um vínculo entre a pessoa que necessita de ajuda e quem a está auxiliando. O trabalho é de toda uma rede de atendimento e não apenas dos servidores da Fasc. Contudo, ele destaca que, se é preciso agir hoje, é porque o sistema falhou, de alguma forma, com aquela pessoa. “Vivemos uma situação de muita dificuldade financeira e estrutural, e não é culpa deste ou daquele governo. Mas isso leva ao enfraquecimento da rede e do crescimento da população vulnerável”, reflete. Ao contrário do que possa desejar quem passa diariamente

UFRGS realiza censo da população de rua

por verdadeiras colônias de moradores de rua - como estão hoje os arcos do Viaduto Otávio Rocha, na face da Borges de Medeiros -, a saída de um morador do seu local depende de um trabalho lento e delicado. As abordagens são frequentes e constantes. “Muitos até sentem medo, alguns não conseguem

Doações prejudicam No fortalecimento da rede de atendimento aos moradores de rua, o presidente da Fasc, Marcelo Soares, destaca a necessidade de colaboração da sociedade. A doação de um agasalho na rua, por exemplo, em vez de ajudar, prejudica a formação de vínculo entre o serviço estabelecido para o atendimento e quem precisa de tratamento e abrigo definitivo. “Seria melhor se cada doador entregasse roupas, calçados e outros donativos nos locais corretos, onde há triagem e

posterior distribuição aos que necessitam”, explica. A pergunta se doar alimento ajuda ou atrapalha o trabalho da fundação foi respondida depois de uma pausa para reflexão. “É delicado, pois um alimento que alguém esteja dando naquele momento pode ser essencial para a sobrevivência de quem vai receber”, pondera Soares. Ele destaca, contudo, que a doação direta a quem está realizando a mendicância faz com essa pessoa permaneça botecopedrini.com.br

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fora da rede de atendimento, em uma zona de conforto, visto que toma conhecimento da existência de quem estará sempre lá para dar uma ajuda. Além disso, o morador de rua, ao receber comida nas calçadas, alimenta-se no chão, sem qualquer higiene, em situação de desumanização.Por este lado, quem está doando, ajuda a manter na situação de mendicância o que recebe. O ideal é que a entrega sempre seja feita a ONGs e entidades atendem a indigentes.

visualizar a vida em outra realidade, e há os que não desejam voltar ao que tinham”, diz o presidente da Fasc. Além disso, ele destaca que é necessário criar um vínculo entre a equipe que faz o atendimento e o morador de rua, uma confiança mútua. “E, neste ponto, a rede precisa estar fortalecida para

não falhar com esta pessoa de novo”, ressalta. Soares diz ainda que não há uma “receita de bolo” que faria com que cada abordagem seguisse um rito e chegasse a um resultado. Cada realidade faz com que haja um tempo diferente, uma peculiaridade e diferentes atendimentos.

Andarilhos e residentes Pelas ruas de Porto Alegre, há dois públicos distintos que habitam calçadas e parques. Um deles fixa residência em locais públicos, e o outro é andarilho, escolhendo pontos específicos para dormir. Um exemplo de andarilhos está no quarteto que passa as noites na esquina da João Pessoa com Olavo Bilac. Trata-se de um casal, companheiros, e dois homens, que buscam estar juntos no mesmo ponto, na hora de dormir. Durante o dia, são vistos perambulando pela

região central, e no caso da mulher, por áreas conhecidas de tráfico de drogas na proximidade da Rua Santana. Um exemplo do outro tipo é um casal que chegou a ocupar a praça localizada entre as avenidas Borges de Medeiros e a Praia de Belas. Ali, homem e mulher até possuíam estrutura, uma barraca, onde dormiam e passavam o dia. Quem constatou as duas realidades foi o agente da Guarda Municipal Carlos Fogasso, que coordena a área central.

Abordagens feitas após contato da Fasc Carlos Fogasso conta que já viu de tudo pelas ruas. Flagrou gente armada, foragidos e até traficantes “disfarçados” de moradores de rua. A GM atua como apoio a equipes da Smam e do DMLU. “A primeira abordagem é feita pela equipe da Fasc, que procura criar o vínculo com o morador e encaminhá-lo a um abrigo. Quando isso não é possível, vamos recolher os entulhos

que se acumulam nas calçadas e praças.” Fogasso diz que reduziu o número de abordagem com agressão aos servidores da prefeitura, mas que já presenciou situações muito tensas. Problema houve no terreno cedido ao grupo Terreira da Tribo. Antes do cercamento, a área fora invadida na rua João Alfredo. Após diversas reclamações, a prefeitura promoveu uma ação de retirada dos entulhos.

Um dos invasores realizou denúncia junto ao MP. “Tivemos que evitar retiradas de material”, diz Fogasso, que gostaria de contar com a presença de um promotor nas ações realizadas pela prefeitura. Para denunciar situação de morador de rua com entulhos em calçadas, marquises e praças, o número é 156. “Quando mais denúncias, mais rápida a resposta”, alerta o agente. VOZ DA VIZINHANÇA

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Jornal reúne público na Praça Garibaldi

Quem nunca entrou em um prédio bem cuidado, com pintura em dia, cheiro de limpeza, com aqueles canteirinhos caprichados e pensou que delícia deve ser morar assim? Pois atrás deste cartão postal, tem um síndico atuante! Não é fácil atender a todas as demandas diárias do condominio, fazer milagre com o orçamento e ainda inspirar os condôminos para que sejam pessoas cumpridoras do regulamento interno e da convenção. Aos síndicos, nossa total admiração! Aos condôminos cumpridores de seus deveres e ainda positivamente participativos, nosso eterno respeito! Dentre tantas atribuições do

ao perceberem alguém sendo assaltado ou uma atitude suspeita, comunicam-se entre si e avisam a 2ª CIA. Foi desenvolvido um código de silvos e dois treinamentos. Seis ataques foram evitados pelo uso do apito, sem a necessidade de acionar policiais. Diante do sucesso, outros bairros como Santa Cecília e Petrópolis aderiram ao projeto. Alfredo Leonardo Penz, lá de Joinville, SC, descobriu o Vizinhança Vigilante pela fanpage do grupo Vizinhança na Calçada e também implantou na rua dele. “São 84 pessoas no nosso grupo e, aqui, demos o nome de Grupo Vizinho Amigo.” Segundo ele, já houve três apitaços. “Todos muito bem-sucedidos.”

Viva bem em condomínio cargo de síndico, estão zelar pela limpeza e manutenção da edificação. Isto compreende além da questão macro, de obras, telhados, colunas, laudos e toda sorte de máquinas, questões do dia a dia, mas que se não forem bem tratadas, resultam em um problemão: o lixo pode ser um bom exemplo. É impressionante a quantidade de lixo gerada em uma residência, orgânico e seco, que sem o tratamento e destinação adequados, acarreta uma série de transtornos e riscos, trazendo muita dor de cabeça ao síndico. Acúmulo de insetos, mau cheiro, apenas para citar alguns dos problemas

mais comuns. Ha também o lixo da mudança, aquele mar de caixas de papelão e restos de isopor que ficam morando na garagem até chegar um lembrete… Nos prédios comerciais, o lixo orgânico tende a ser menor, mas aí temos que prestar atenção no descarte dos resíduos dos consultórios médicos e dentários, por exemplo. Restos de matéria-prima, vidros, lâmpadas, pilhas, lixo eletrônico, enfim, a lista é enorme! Nossa dica: investir em educação. Pequenas cartilhas a serem distribuídas entre os condôminos, fixadas nos murais. Curtas e objetivas. Com gravuras. Simpáticas. A ideia

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O Ten. Cel. RR VIEIRA trabalhou por 30 anos na BM. Serviu em diversos Batalhões onde destacou-se como integrante do GATE e Negociador da BM. INOVAÇÃO DE AÇÕES DESENVOLVIDAS Rede de "WhatsApp" como ferramenta de segurança pública; Vizinhança Vigilante; Uso de Apitos; criação dos CCJS em bairros; reuniões comunitárias; Brigada no Parque; Regramento do Carnaval de Rua; abordagem social dos moradores de rua. OBJETIVOS NA ÁREA DA SEGURANÇA • Propor o emprego da Guarda Municipal nas praças, parques e terminais de ônibus; • Propor o emprego da Guarda Municipal como força de polícia administrativa, atuando junto às secretarias municipais. • Propor o regramento do Carnaval de Rua de Porto Alegre, utilizando a orla do Guaíba e o anfiteatro Pôr do Sol como alternativa de ocupação positiva dos espaços públicos. • Propor a integração tecnológica da BM x PC x GM.

VEREADOR TEN. CEL.

#CHEGADEINSEGURANÇA COLIGAÇÃO NÃO VAMOS DESISTIR DO BRASIL!

PARA PREFEITO Coligação ABRAÇANDO PORTO ALEGRE

PMDB PDT PSB PSD PPS PHS PEN PRB PROS PSDC PRTB PTN DEM REDE

VIEIRA

40190 VOTE

*Anne Lyse Geyer de Oliveira

e inspirar e não policiar. Dar o exemplo. Mil vezes. Conversar. Mostrar. Incluir. Em último caso, se todo o empenho não der resultado, o síndico deve cumprir seu papel, advertir e multar, conforme o regulamento interno. Outra dica importante: investir em meios. Não adianta querer e não proporcionar condições. Boas lixeiras, carros coletores funcionais, espaços destinados ao lixo seco, placas indicativas. Para os funcionários, EPIs em dia, e muito treinamento. Não custa buscar curiosidades para chamar a atenção:

você sabia que cerâmicas e papel laminado não podem ser reciclados normalmente? Que o ideal na hora de descartar vidros é separá-los por cor: marrom, verde ou transparente? Isto garante suas características e qualidades, facilitando a renovação! Há empresas especializadas em coletar óleo de cozinha. Grandes condomínios que geram uma quantidade significativa de lixo seco podem vendê-lo, gerando receita. O Secovi tem uma campanha bem bacana sobre reciclagem, com dicas ótimas, informe-se! Dá trabalho extra, mas… vale a pena!

*Diretora de Condomínios na Imobiliária Bento Azevedo de Oliveira

Bairro mais iluminado Foto: Ivo Gonçalves/PMPA

O lançamento do jornal Voz da Vizinhança aconteceu em 18 de junho, na praça Garibaldi. Moradores, frequentadores, autoridades e empresários prestigiaram a primeira edição do veículo impresso. O ônibus Brincalhão, da prefeitura, também veio com jogos, brinquedos e recreacionistas para divertir o público infantil. Na ocasião, o comandante do 9º BPM, TC Marcus Vinícius de Oliveira, oficializou a parceria entre o batalhão e a comunidade com o projeto Vizinhança Vigilante, em que policiais prestam pronto-atendimento aos que sinalizam emergência através do uso de apito. A ação consiste em montar uma rede de cuidado entre os próprios vizinhos que,

As avenidas Erico Verissimo (entre Venâncio Aires e Ipiranga) e José do Patrocínio (entre Perimetral e Venâncio Aires) receberam lâmpadas de led, o que traz mais segurança à nossa região. O projeto de iluminação baixa para as ruas Joaquim Nabuco, República, João Alfredo e Lima e Silva aguarda autorização da Secretaria da Fazenda do Município.


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