Voz da vizinhanca #05

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VOZ DA VIZINHANÇA facebook.com/VizinhancaNaCalcada

Ano II - Número 05 - Maio / Junho 2017

Amar é... Cuidar

Compreender

Relacionar-se

Respeitar

Compartilh

ar


Depois de uma maré de muitas notícias ruins, começam a surgir resultados positivos da união de vários órgãos e comunidade com o objetivo de trazer mais segurança a Porto Alegre. Moradores da região que engloba a Cidade Baixa, Centro Histórico, parte de Farroupilha, Menino Deus e Azenha notam diferença. Resultado de ações que envolvem a Brigada Militar, Guarda Municipal, Exército, Smic, EPTC, moradores e empresários.

Com a utilização do sistema de câmeras interligado e acessado por secretarias municipais e órgãos de segurança do Estado e federal, o Parque da Redenção volta a ser frequentado por moradores que não usufruíam mais do espaço. A tecnologia compartilhada trouxe mais poder de ação às equipes policiais no combate aos crimes que aconteciam no parque. Hoje, é possível acompanhar quem assalta no entorno e adentra o espaço para se esconder. E mais prisões têm

A gente faz:

Muitos problemas pareciam insolúveis na nossa região. Mas, depois de inúmeras reuniões, quase desistência de buscar soluções, muito trabalho, moradores e empresários de bairros como Cidade Baixa, Centro Histórico, parte de Farroupilha, Menino Deus e Azenha começam a colher bons frutos do que plantaram ao longo de vários meses. Veja o que está sendo realizado em parceria com órgãos públicos:

se efetuado, trazendo segurança aos cidadãos. A Smic também tem realizado atividades noturnas na Cidade Baixa para coibir o comércio ilegal, ambulantes e verificar alvarás. Estabelecimentos foram interditados pelo órgão de fiscalização municipal a fim de fazer valer o direito ao sossego de vizinhos de estabelecimentos que desrespeitam a lei. Alguns reabriram após adequação. Outros, mantêm-se fechados. Aos poucos, depois de mui-

to trabalho conjunto, vemos que nossa luta não tem sido em vão. Após inúmeras reuniões de empresários e moradores, dezenas de protocolos e boletins de ocorrências, audiências em órgãos públicos, a ordem começa a ser restabelecida na nossa região. Por isso, a edição do Voz da Vizinhança de Dia das Mães e dos Namorados vem mais leve, trazendo à pauta o sentimento de que todos nós necessitamos: o amor. Boa leitura! Carla Santos

Edição de fotografia: João Mattos (51) 99137-1744 Comercial: Bruna Pereira (51) 99144-7212 Projeto Gráfico e Editoração Alex Santos (51) 99941-1122 Gráfica: Multi Criatividade em Impressão Grupo Sinos Publicação: Grupo Vizinhança na Calçada Tiragem: 10 mil exemplares

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Centro de Convivência para Idosos

Fone: 9696-4080 / 3012-6200

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Edição e jornalista responsável: Carla Santos - (51) 98442-7727 Reg. Prof.: 8292/96

Reunião entre vizinhos definiu que seriam feitos protocolos junto ao 190 e 156 solicitando averiguação de estabelecimentos que colocavam música sem alvará para tal e vendiam produtos diversos dos permitidos, além de não terem isolamento acústico, o que impedia o descanso de moradores. Em abril, foi desencadeada nova Operação Sossego, que recolheu produtos de vendedores ambulantes e interditou cinco estabelecimentos na Cidade Baixa, com autuação de dez e 14 apreensões.

Projeto-piloto na Redenção Marcando o aniversário de Porto Alegre, foi lançado o programa de Segurança Integrada, onde órgãos municipais, estaduais e federais compartilham informações e tecnologia para coibir o crime. Com o novo sistema, possibilitado pela parceria entre Prefeitura de Porto Alegre, Brigada Militar, Polícia Civil, Exército, Guarda Municipal, Empresa Pública de Transporte e Circulação, 26 câmeras de segurança captam imagens do parque, 24 horas por dia, e as transFórum de Segurança mitem por fibra óptica ao Centro Integrado de ComanNo primeiro encontro do ano do Fórum Municido da Cidade (Ceic). O Parque da Redenção, escolhido pal de Segurança, o secretário da pasta na capital, para ser o piloto, está com maior efetivo atuando e Tenente Coronel Kleber Senisse, garantiu que vai ocorreram, no seu interior, prisões de delinquentes e trabalhar arduamente para que Porto Alegre volte a ser até de procurados. Houve o abraço ao Monumento ao uma cidade segura. Ressaltou a importância do fórum, Expedicionário para oficializar o início do projeto. mas deixou claro que é preciso partir para a prática e não apenas fazer reuniões. Citou como exemplo o grupo de trabalho de Segurança Integrada, que reúne diversos órgãos públicos, estaduais, municipais e Exército, além de cidadãos como representantes dos Escoteiros, da Ufrgs e do grupo Vizinhança na Calçada. Os trabalhos acontecem com dois focos: na prevenção – atuação com estudantes para inibir a entrada no mundo do crime; na repressão – na prisão de criminosos.

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Expediente

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Divulgação/Smic

Uma luz no fim do túnel

Editorial

Planejamento contra o crime Empresários da Cidade Baixa reuniram-se para dar as boas-vindas e ouvir os planos de Segurança do novo comandante do 9º BPM, que atende à região. O encontro aconteceu na sede da Associação dos Comerciantes da Cidade Baixa. O Tenente Coronel Eduardo Amorim falou das ações já realizadas desde a sua chegada e afirmou que trabalhará com planejamento estratégico para coibir a criminalidade na área. “Todos os recursos disponíveis serão usados contra o crime, desde rondas a pé, em viaturas, moto, a cavalo e helicóptero”, afirmou.

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Segredos de amores duradouros mento e ela, um filho. “Tinha de ter a aceitação deles para dar certo.” E teve. Os três se relacionam como irmãos, com parcerias e brigas. Para Sandra, as experiências anteriores fortaleceram a relação atual. “Ninguém erra sozinho. Então, gosto de pensar no que deu errado, no que deu certo.” Jorge reforça que todas as pessoas têm suas deficiências e é preciso saber conviver e aceitar as dificuldades dos outros. “Duas pessoas nunca são iguais, mas podem se completar.” Quando enfrentam alguma discórdia, ele relata que cada um tem seu modo de agir. “A Sandra é explosiva. Eu já espero a poeira baixar. A nossa diferença dá o equilíbrio para o relacionamento.” Além disso, Sandra vê como ingredientes necessários

amar a pessoa além do sexo, ter respeito e confiança. “São alicerces para uma relação duradoura.” Fora isso, conta que

todos têm um bom convívio com as pessoas de relacionamentos anteriores. “Comemoramos datas especiais juntos e

formamos uma grande família.” Assim, os filhos não ficam divididos. Isso dá segurança e traz felicidade a todos. João Mattos

Em tempos de volatilidade, pressa, relacionamentos cada vez mais descartáveis, há, sim, espaço para cultivar o amor, desenvolver relações baseadas em respeito, perseverança, camaradagem, investimento um no outro e empatia. É o que acontece com alguns casais de vizinhos que estão enamorados há mais de uma década e contam o segredo de como fazer um relacionamento ser duradouro. Jorge Alberto Cunha e Sandra Barcellos estão completando 19 anos juntos. Perceberam que tinham algo em comum em uma festa de ex-colegas de trabalho. Combinaram de tomar um chimarrão e, segundo ela, a coisa foi fluindo. Quando começaram a morar juntos, tiveram uma boa adaptação, apesar das dificuldades. Ele tem dois filhos de outro casa-

Jorge e Sandra estão juntos há 19 anos, e o primeiro encontro a dois foi para tomar um chimarrão

João Mattos

Cumplicidade é ingrediente-chave para eles

Gládis apostou que ficaria com Everton e, 29 anos depois, continuam juntos

Já Gládis Klein de Souza e Everton Paranhos de Souza completam 29 anos de união. Segundo ela, os segredos para o amor durar são autenticidade, alegria, tranquilidade, não centrar a vida na do outro. “Amor, parceria, casamento são para complementar e não para resolver.” Eles se conheceram no Clube Social Menino Deus, onde Everton colocava som com alguns amigos. Foi a irmã da Gládis quem os apresentou, e as duas acabaram fazendo uma aposta de que o casal ficaria junto na festa. Gládis levou ainda um mês para

ganhar a aposta. “A gente foi se conhecendo e não sei dizer o momento exato em que me apaixonei, mas, em seis meses, já estávamos pensando em casar. Não nos largávamos.” Everton conta que se descobriu apaixonado no primeiro olhar que trocou com ela. “Aos poucos, notei que éramos que nem “feijão com arroz”, tínhamos os mesmos gostos, pensamentos similares.” Ele pergunta: “Sabe quando se conhece uma pessoa e se tem a sensação que aqueles dias pareciam anos de cumplicidade? Foi assim.” Para ele, a cumpli-

cidade dos dois é fundamental. Gládis ressalta que os dois são muito diferentes, mas, na maioria das vezes, são cúmplices. “Tem uma coisa muito legal: às vezes, a gente não precisa nem falar, parece que as ideias vão pela mente. A gente se lê.” Já Everton cita um ingrediente indispensável num bom casamento: “É saber que, mesmo depois de velhinhos, o convite para comer cachorro quente num cordão de calçada não vai fazer diferença alguma para rir e ter a lembrança dos bons momentos de nossas vidas!”

Relacionamento tem de dar frio na barriga. Se não dá mais, é porque terminou. Assim, Nadya Mendes descreve a emoção de amar. Ela conheceu Artur José Pinto em um ensaio de espetáculo que acabou não acontecendo. “O espetáculo não estreou, mas a gente sim”, brinca ele. “Nosso encontro aconteceu com harmonia, alegria e, quando percebemos, estávamos morando juntos.” Ele relata que o namoro dura 26 anos e que o segredo para isso é investimento, respeito, diálogo e compartilhamento. “Tudo isso com afeto e amor.” Nadya diz que o relacionamento é hoje tão bom quanto

era no início. “Diferente, mais maduro, mas muito bom!” Para ela, é importante ter sempre o olhar carinhoso. Ela ressalta que uma vida a dois não é só de flores. “É feita de abnegação, de paciência, abrir-se ao outro.” Ela diz que, das qualidades do Artur que ela mais ama são a delicadeza e o olhar carinhoso. Ela afirma ser mais rústica, dura. Quando brigam, ele dá o primeiro passo para resolverem. Já ele diz que as características dela que mais o atraem são a assertividade e objetividade. “Eu sou mais sonhador. Admiro o contato que ela tem com o mundo real. É muito bom estar com ela.”

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Respeito, diálogo e compartilhamento

Artur e Nadya reforçam a importância de se ter afeto, paciência e harmonia

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João Mattos

Gravidez acontece no coração

Andréa tinha Pedro já com 18 anos, mas a família só ficou completa depois da chegada da Helena

Mãe de verdade afaga, perdoa, dá limite, ensina, ama, acalenta, amamenta, faz feliz, gesta com o ventre ou engravida com o coração. Entretanto, quem espera um filho adotivo aguarda muito mais do que a família que recebe um bebê biológico. Nove meses é o período médio para alguém ser aprovado nas avaliações preliminares com assistentes sociais e psicólogos do sistema Judicial para se tornar apta a ser mãe adotiva. Só então entra para a fila de espera, que pode levar anos. É uma conta que não fecha. No Brasil, há mais famílias querendo um filho do que crianças à espera de um lar (veja box). Os testes se fazem necessários para pro-

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teger os menores de abusos, de devolução ou de maus tratos. Mas a morosidade do sistema prejudica quem aguarda um lar. Adoção é um ato de amor enorme por parte de quem doa. Muitas vezes, é o melhor que uma mãe pode fazer por aquele bebê. A constatação é da empresária Andréa Franco, que tinha o Pedro, já com 18 anos, e sabia que a família ainda não estava pronta. Faltava a Helena, que veio após um longo tempo. “Fiz todo o processo de adoção, passei por entrevistas com assistentes sociais e já estava na espera por um bebê. O único pedido que eu fazia era de que a criança ainda não tivesse entrado em idade escolar. ”

Soube de uma moça que engravidara e não poderia ficar com a criança. “Não dei muita atenção, até porque os caminhos normais para se trazer um filho para casa eram outros.” Um tempo depois, recebeu a informação de que a menina nascera e que a mãe biológica gostaria de conversar com ela. Andréa conta que buscava uma relação. “Eu não queria apenas um produto – o filho. Queria a troca de amor, parceria, e deixei isso bem claro. Poderia ser a dinda da bebê.” Mas a progenitora acabou registrando-a e fez um documento em cartório afirmando sua vontade de doá-la. O bebê já foi para a casa de Andréa, e, quando completou um ano, a empresária entrou com o pedido de adoção. Para ela, a mulher mais importante na vida, além da própria mãe, é a mãe biológica de Helena, que lhe deu o que de mais precioso havia. A relação foi construída ao longo dos 11 anos da Helena, que está na quinta série e descreve as peculiaridades da família. “Meu irmão é muito engraçado, de vez em quando me ataca com cóce-

gas. Pedro adora chocolate, como eu.” Já em relação à mãe, ela diz que é diferente ser filha da Andréa. “Ela é chefe de cozinha, dona de restaurante, tem uma escola de dança. Cozinha muito bem e é muito amorosa, mesmo quando está estressada por trabalhar muito.” Ao compará-la com as mães de cole-

guinhas, afirma que a dela é a melhor. Não bate em mim e só briga comigo quando eu mereço, por exemplo, deixo de fazer os temas. Aí, fico de castigo – sem TV ou celular.” Ao ser questionada se gostaria de deixar alguma mensagem para a mãe, Helena responde bem sorridente: “Mãe que nem você não existe!”

Discrepâncias

• 5,5 mil crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera;

• Brasil tem 44 mil crianças e adolescentes em abrigos; • É falsa a crença de que o maior obstáculo às adoções no

Brasil é a questão racial. Cerca de um terço (32,36%) dos pretendentes só aceita crianças brancas, que representam exatamente três em cada dez das cadastradas;

• Incompatibilidade difícil é o fato de que apenas um em

cada quatro pretendentes (25,63%) admite adotar crianças com quatro anos ou mais, enquanto apenas 4,1% dos que estão no cadastro do CNJ à espera de uma família têm menos de 4 anos;

• Outro entrave à saída de crianças e adolescentes das

instituições de acolhimento é a baixa disposição dos pretendentes (17,51%) para adotar mais de uma criança ao mesmo tempo, ou para receber irmãos (18,98%). FONTE: Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA) – dados de 2012


Manuela e Daniel (*) contam que a habilitação para entrar na fila de adoção levou exatos nove meses. Quando chegou a aprovação, ela fez um paralelo com uma mulher que abre seu exame positivo de gravidez. Para ela, a pior parte dessa etapa foi a intensidade com que a psicóloga que os acompanhou os tratou. A profissional fez questionamentos que Manuela achou um absurdo. “Como eu estava gorda, ela perguntou se não teria de emagrecer primeiro para ter filhos. Comentou que, se eu não conseguia cuidar do meu corpo, como poderia cuidar de uma criança.” Foi um choque. Daniel já relata que, para ele, não foi tão difícil. Ele vê as questões dos entrevistadores mais como forma de proteger as crianças que lhe serão confiadas. Mas acha que exageram. “Perguntaram e quando tu quiseres ter um filho ‘de verdade’ como será? Ou quando vocês se separarem, ainda vão querer a criança?” Manuela conta que sentia seu ninho vazio, e a situação a que os pais adotivos são levados é de limite. “Quando muitos, que não têm condições, simplesmente ganham seus filhos.” Mas o processo todo teve o lado positivo de deixar para os “grávidos” a

lição de que crianças maiores vêm com históricos. “E tudo o que temos de fazer é abraçá-los e compreender a situação por que passaram.” E ela diz que é imprescindível buscar ajuda psicológica e não ter vergonha disso. Como pediam um menino com até sete anos, pardo, em seguida, receberam ligação do Judiciário de outro estado dizendo que tinham um filho para adoção. Viajaram e tentaram aproximação com João Vitor, então com 5 anos. “Éramos o terceiro casal a tentar adotá-lo.” Tinha sido vítima de maus tratos pela mãe biológica, que, ao espancá-lo, levou-o à UTI de um hospital por duas vezes, com lesões graves na cabeça. Manuela conta que o primeiro encontro não teve nada de mágico, o que a deixou frustrada. No segundo dia, o menino já interagiu e saiu com eles. Depois, foi dormir no apartamento que haviam alugado e não quis mais voltar ao abrigo. Quando estavam prestes a viajar a Porto Alegre, receberam nova ligação dizendo que o irmão de João Vitor, Gabriel (com dois anos) também estava para adoção. Ficaram mais dez dias para a adaptação com o irmão mais novo, e

A advogada especializada em Direito de Família e Sucessões, Cíntia Seben, afirma que o número de pessoas querendo adotar supera o de crianças disponíveis à adoção. No

entanto, a maioria quer bebê, do sexo feminino, saudável e branco. “As exigências acabam impedindo que essas crianças tenham um lar de fato. Ninguém sabe se o filho que vai

João Mattos

Pretendentes a pais são levados ao limite

Casal gaúcho buscou os irmãos em outro estado, há cinco anos

acabaram voltando com dois meninos para casa. “A peça que faltava para completar nossa família era o mano, com quem João Vitor era muito apegado.” No mesmo dia, começaram a chamar Manuela e Daniel de mãe e pai. A família está formada há cinco anos, mas eles têm apenas a guarda provisória dos meninos. A Defensoria Pública do estado de origem entrou com recurso para anulação da destituição da guarda da mãe biológica. O que pode levar o casal a perder os meninos que tanto ama. Manuela relata que o processo todo é muito lento o que

impede crianças de terem suas famílias e as forçam a ficar em abrigos, local inadequado. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê encontros entre pessoas habilitadas e crianças para serem adotadas. “Aqui só acontece no Rio de Janeiro. Nos EUA, há feiras para esses encontros.” Segundo ela, temos muito ainda a melhorar no sistema de adoção. Como mãe, aconselha a buscar grupos de apoio antes da adoção, dar limites aos filhos, criá-los com amor e disciplina. Por isso, o João Vitor diz que ela é uma mãe chata e legal: “Chata porque briga quando não me comporto.

Legal, pois dá beijo, abraço, brinca com a gente, joga UNO, cartas...” Já Gabriel, de 7 anos, conta que tem uma mãe muito legal. “A gente pode ir no vovô Luiz Roberto e, depois do almoço, come chocolate. E no final de semana, toma refri. E ela dá carinho.” Manuela reforça a importância de se buscar uma família, para dar amor, educar e zelar uns pelos outros. Para ela, jamais se deve adotar a criança pensando em fazer caridade.

nascer da sua barriga será saudável.” Avaliação do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) mostra que, para cada criança pronta à adoção, há seis pessoas dispostas a acolhê-las na família, mas diferença entre perfil idealizado e o mundo real é obstáculo à redução da enorme fila de espera. Quanto à burocracia do sistema ela diz ser necessária para que haja proteção ao menor, no entanto, acredita que a morosidade da Justiça possa ser melhorada visando os interesses desses menores. “Não é bom para uma criança crescer em um abrigo.” Cíntia cita como ações que poderiam agilizar os processos: o aumento do número de vagas nas Varas da Infância e Juventude; contratação de mais assistentes sociais e de peritos para acompanharem as famílias;

e diminuir o preconceito. “É um absurdo que assistentes sociais e a Lei tenham preferência de que a criança fique com familiares biológicos. A mãe não quer a criança e, avós ou tios, na maioria das vezes, não são os mais indicados para criá-la.” Outro ponto importante levantado pela advogada é que algumas famílias não veem a criança como um filho e sim como uma caridade. “Essas são as mais passíveis de se arrepender e desistir do menor.” Segundo ela, quem adota como ação de caridade não suporta determinadas frustrações e dificuldades que todo o filho traz aos pais, independentemente de serem biológicos ou adotados. Andréa Franco concorda e considera uma infelicidade que a Justiça valorize os laços consanguíneos em detrimento

de uma família que aguarda um filho para dar estrutura, construir uma relação e desenvolver amor. Ela afirma, ainda, que é preciso tratar a maternidade de uma forma mais natural, ampliando o amor, adotando filhos de qualquer idade. “Quando a pessoa tem um apego ao bebê, atrapalha, pois coloca nele muitas cargas desnecessárias. Ele não é um produto.” Segundo ela, a barriga, a inseminação, a adoção são formas diferentes de se ter filhos. “A lei tem de ser igual para todas. No entanto, não aconselha casais a seguirem o caminho que ela seguiu. “Não confiei no Sistema e preferi acreditar naquela mãe que queria o melhor para a filha. Mas tive sorte de encontrar um bom juiz, que primou pelo bem-estar da Helena.”

(*) Os nomes foram alterados porque a família tem apenas a guarda provisória das crianças.

João Mattos

Exigências impedem adoção

Cintia Ceben afirma que é preciso agilizar os processos

VOZ DA VIZINHANÇA

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A partir do grupo de Whats Voz da Vizinhança, uma turma de vizinhos deu início ao projeto Horta da Vizinhança. Em abril, reuniram-se para semear, desenvolver ideias e fazer mudas. No evento Vizinhança da Calçada, do dia 6 de maio, trocas de mudas deram continuidade à ação. O próximo passo é, enquanto cultivam hortaliças, temperos, chás e folhagens, os vizinhos buscarem um espaço para realizar o transplante definitivo de mudas. Para isso, agendaram reuniões com diversos representantes de setores

públicos. A ideia é que o grupo aumente e cada integrante fique responsável por uma atividade: plantio, transplante, adubagem, regas, acondicionamento de potes e vasos, composteira, dentre outras. Chegado o momento da colheita, todos os que trabalharem terão acesso ao fruto do que produziram. A ação trará economia a algumas famílias e, principalmente, acesso a alimentos e chás livres de agrotóxicos, que tanto mal trazem à saúde e ao meio ambiente. Para participar, entre em contato com Carla (98442-7727).

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Vizinhos dão início ao projeto da horta

Chás, temperos, hortaliças e folhagens são semeados e transplantados pelo grupo

Dilema nos condomínios: Segurança x Privacidade

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prédios: - dizem ser amigos de moradores ou vizinhos e exibem bilhetes com nomes e telefones para verificação; - entram acompanhados de morador “na carona” , a pé ou no vácuo do portão de veículos; - apresentam-se como entregadores de encomendas;

- apresentam-se como policiais ou oficiais de Justiça; -são bem vestidos, fingindo ser compradores ou corretores de imóveis; - mentem ter sido assaltados e pedem para entrar e pedir socorro. Uma portaria bem treinada, com funcionários João Mattos

Foi-se o tempo em que morar ou trabalhar em condomínio era sinônimo de ter mais segurança. Hoje, dependendo do prédio, é um foco maior de atenção por parte de ladrões e golpistas. É preciso que os moradores assimilem alguns procedimentos para diminuir o risco, agregando-os a sua rotina. Infelizmente, estas medidas causam resistência, pois implicam em uma obrigação, em complicadores de acesso e até em gravações de imagem. Como fica nossa privacidade? Não temos mais liberdade para entrar e sair do jeito que quisermos? Preciso dar minha ficha ao porteiro? Porque não posso ficar conversando com o vizinho no portão? Enquanto isso, o outro lado se aprimora! Apenas para ilustrar, seguem alguns tipos de golpe que são comuns para acessar os

seguros dos procedimentos e valorizados pelos moradores ajuda na diminuição do risco. Muitos condomínios acham o custo alto e têm optado pela portaria virtual. Neste modelo, o prédio é equipado com câmeras de monitoramento, cercas elétricas e alarmes. Só entram pessoas previamente autorizadas e o acesso é liberado pela empresa e não

mais pelo morador. Exige adaptação de todos, mas é um atrativo quando comparado aos valores de uma portaria presencial 24 horas. Seja qual for a modalidade escolhida no seu condomínio, prestigie a iniciativa da administração! O benefício é para todos. Anne Lyse Geyer de Oliveira.

Centro de Saúde Modelo passa a atender até as 22h Desde o dia 25 de abril, o Centro de Saúde Modelo de Porto Alegre funciona em horário estendido: até as 22h. O posto, localizado à rua Jerônimo de Ornelas, no bairro Santana, conta com oito médicos,

É preciso que os moradores assimilem alguns procedimentos para diminuir o risco, agregando-os a sua rotina. Diretora de Condomínios da Imobiliária Bento Azevedo

seis técnicos de enfermagem, dois dentistas e três enfermeiros no novo turno. Haverá serviços de consultas médicas e procedimentos de enfermagem, além de vacinação e coleta de exames laboratoriais.

* Agora com almoço executivo de 2a a 6a feira,das 12h às 14h. * Pratos elaborados com carinho, pela proprietária. * Ambiente sossegado e aconchegante. * Pratos à la carte. * Clientes são recebidos com um caldo de boas-vindas.


João Mattos

Capitão Ferreira assume o comando da 2ª Cia Luis Felipe Ferreira nasceu no Rio de Janeiro, mas está há 12 anos no Rio Grande do Sul. Capitão, chegou para comandar a 2ª Cia em 21 de fevereiro passado, onde garante que manterá o trabalho de atendimento de emergências à comunidade pela rede social WhatsApp. “Seguiremos atendendo pela rede social porque acreditamos que todo trabalho que dá resultado positivo deve ser continuado, mas estudo melhorias no atendimento de ocorrências e na comunicação com a comunidade.” Com passagens pelo POE, comando da companhia Rural de Uruguaiana, foi destacado do 9º BPM para assumir a 2ª Cia. A meta para o novo posto é intensificar as operações na Cidade Baixa, principalmente contra o tráfico de drogas, som alto à noite e aglomeração de pessoas nas ruas, o que prejudica o sossego alheio e é o que acarreta o maior número de reclamações na região. Além disso, abordagens policiais em parceria com a Smic, EPTC, Guarda Municipal ocorrerão cada vez mais. “Vamos somar Novo comandante, à esquerda, vai priorizar ações contra o tráfico, som alto e aglomeração de pessoas nas ruas à noite forças”, garante.

Todos os recursos contra a criminalidade. rede social. Mas ressalta que os cidadãos atendidos por esta devem comunicar o comandante da mesma, capitão Nilton Godoy, que dará destino à informação. TC Amorim pede que a comunidade valorize o brigadiano que a atende. “Toda crítica deve se encaminhada a mim. Os elogios devem ser direcionados ao capitão de cada companhia.” Ele também afirma que está contatando os

delegados da Polícia Civil que atuam na região para firmar parcerias no combate ao crime. “Vamos trocar informações para que tenhamos redução do número de delitos.” Além disso, o 9º BPM conta com apoio do 4º RPMon, do BOE, do Batalhão de Aviação. “Alguns vizinhos reclamaram do barulho do helicóptero. Vamos continuar usando de todos os recursos de que dispomos para impedir a ação de delinquentes.”

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O Tenente coronel Eduardo Amorim assumiu o comando do 9º BPM no primeiro bimestre deste ano e garante que vai usar todos os recursos disponíveis para coibir a criminalidade aqui na região. Para ele, é importante o trabalho em parceria com outros órgãos e a valorização das ideias. “Por isso, o que está funcionando nas companhias será mantido, ao invés de chegarmos interferindo no trabalho que dá certo.” Em relação ao atendimento pelo WhatsApp feito pela 2ª Cia, ele se mostra muito favorável, visto que a comunidade tanto se beneficia ao comunicar quando é vítima de algum delito, quanto ajuda, no sentido de informar atos suspeitos ou crimes aos brigadianos que atendem a sua área. “Essa parceria com a comunidade é muito importante.” Sobre a 3ª Cia, ele aponta uma peculiaridade. Enquanto a 2ª tem sede própria, a 3ª tem sua base toda na rua, por isso a dificuldade em atender por

TC Amorim diz que os elogios devem ser direcionados ao capitão de cada Cia

Moradores fazem a sua parte Com a campanha “Aqui, um vizinho cuida do outro”, moradores também estão engajados em diminuir assaltos e delitos na região. Aqui nos bairros atendidos pelo 9º BPM, deram início a uma campanha para ajudar quem chega do trabalho ou escola em dias de chuva, quando, seguidamente, tem faltado energia elétrica. Na página facebook. com/VizinhancaNaCalcada/ convidam os vizinhos a direcionarem lanternas e lâmpadas de emergência para as calçadas a fim de iluminar o caminho de quem precisa andar por ruas

tomadas pela escuridão. Segue também a campanha “Vizinhança Vigilante”, em que utilizam apitos para avisar uns aos outros de que há suspeitos na área ou que algum delito acabou de ser cometido. Basta apitar várias vezes seguidas durante aproximadamente um minuto. Outros vizinhos, ao ouvirem o silvo, apitam também e chamam a Brigada Militar pelo telefone 190 ou por um dos grupos de segurança no WhatsApp. A união de todos acaba inibindo a ação de delinquentes. Cultive, você também, esta ideia! VOZ DA VIZINHANÇA

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Atividades mantêm pacientes de reumatologia em movimento a casa, passeia, viaja, faz compras. Mas não foi sempre assim. Morava com uma sobrinha, tinha dor nas articulações e já fez cirurgia na coluna. Hoje faz pilates, aulas de dança, yoga,

alongamento e exercícios. Tudo é disponibilizado pela ONG Grupal (Grupo de Pacientes Artríticos de Porto Alegre). “Com as atividades, sinto mais energia e firmeza para caminhar e fazer minhas tarefas”. Toda essa mudança foi possível após iniciar os exercícios na ONG, que atende a pacientes a partir de 5 anos, de todo o Estado. Ali, pessoas com dificuldade de realizar ações simples encontram apoio de assistente social, fisioterapeutas, psicólogos, educadores físicos, professores de dança, yoga, pilates, assessoria jurídica, atelier de costura, além de

Rejane Souza

Therezinha Azevedo completou 86 anos, é viúva, não teve filhos, mas se diz muito bem cuidada pelos sobrinhos e afilhados, e está em completa atividade. Mora sozinha, limpa

Pilates alivia a dor, reforça a musculatura e traz firmeza aos movimentos

Experiências junto aos sistemas de recuperação e reeducação de apenados e dependentes químicos estarão em pauta no dia 20 de maio, às 9h. O encontro acontece no

Todos unidos pela Segurança nitoramento é realizado pela Defesa Civil, EPTC, Guarda Municipal e Carris, além de meteorologista. Outros Dulce Helfer

Desde que assumi a Secretaria Municipal de Segurança, enfrento o desafio de ajudar a comunidade a se sentir mais tranquila. Segurança não se faz só com grandes operações e efetivo na rua. O conceito que escolhemos vai além disso. Segurança deve ter o envolvimento de todos os agentes da comunidade. O grande marco desta rota que escolhemos é a integração das Forças de Segurança, que acontece no Centro Integrado de Comando da Cidade. O acompanhamento das 1.265 câmeras de videomo-

Kleber Senisse

Hoje, usamos o videomonitoramento como prevenção e não apenas como prova de delitos. Secretário Municipal de Segurança

Colégio Americano, rua Dr. Lauro Oliveira Stret, 71, bairro Rio Branco. Palestrante: Tino Moraes, coordenador da pastoral da Cidadania Metodista.

OP tem novos delegados Plenária do OP Região Centro, realizada no final do ano passado, contou com a presença de 27 pessoas do grupo Vizinhança na Calçada, o que nos deu o direito a três delegados e três suplentes para esta gestão. Em abril, foram nomeados como delegados os vizinhos: Lilian Alves Monteiro, Everton Para-

outros recursos. “Trabalhamos a pessoa como um todo”, afirma a presidente da associação Iara Cabreira Kobielski, que é paciente de artrite reumatóide e chegou ao grupo indicada pela sua médica. Ela relata que os exercícios fizeram muita diferença na sua vida. “A gente se entrega para a dor e o sofrimento. Os exercícios físicos fazem com que se retome a vida e volte a ser uma pessoa completa.” Para participar das atividades físicas, a pessoa tem de ter diagnóstico de qualquer doença reumática, liberação do médico e estar em tratamento para a dor. Alguns demoram um pouco

nhos de Souza e Sandra Barcellos. Seus suplentes são: Elenice Souza, Rodrigo Kandrik e Jorge Alberto Cunha. As datas de reuniões do OP serão divulgadas por eles e publicadas na página do Facebook do grupo Vizinhança na Calçada, para que toda a comunidade possa participar dos encontros.

órgãos como DEP, DMLU e SAMU têm acesso às imagens. E o mais importante, Polícia Civil, Brigada Militar e Exército estão integrados no trabalho. Desde maio, órgãos municipais contam com sistema de comunicação via rádio digital e contato direto com as secretarias. Há rádio no Centro Integrado de Comando e Controle, vinculado à Secretaria de Segurança do RS, pelo qual a BM é acionada em caso de flagrante. Ajudamos a PC, cedendo rádios de comunicação para

operações que garantem Segurança no transporte coletivo. Mas a notícia que mais alegra aos leitores do Voz da Vizinhança, sem dúvida, é a entrega de uma Redenção mais tranquila. As Forças de Segurança estão integradas no trabalho que envolve monitoramento, força policial e estruturamento social, através das atividades da comunidade no parque. Ao todo são 26 câmeras no local. O Comando Militar do Sul aderiu ao grupo de trabalho integrado na área. Formam o grupo a BM, PM, EPTC,

para ter retorno na qualidade de vida, mas melhoram consideravelmente. “Além da atividade, que alivia as dores, o paciente convive com seus pares e percebe que não está sozinho com este grande problema.” O Grupal, que completa 33 anos em maio, é sustentado por doações. Empresas podem aportar recursos de imposto devido através do Fundo do Idoso. Pessoas físicas também podem fazer doação de qualquer valor ou destinar parte do imposto devido. A ONG fica localizada à Rua dos Andradas, 1332, 6º andar. Atende pelo telefone: (51) 3028.5646.

PC, GM, UFRGS e associações de bairro. A cooperação se dá por meio de ações, que podem ser integradas a operações e em atividades de patrulha, em áreas próximas aos quartéis, no caso, o Colégio e a Policlínica Militar. O patrulhamento de Segurança do parque é realizado pela GM em parceria com o 9º BPM. E, claro, em todas essas ações, a comunidade é nossa parceira. Temos de tornar nossa Capital mais segura. Trabalhamos para isso. Estamos todos unidos pela Segurança!


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