Concurso Letra e Forma

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I CONCURSO LETRA E FORMA 2015


DIREÇÃO Irmã Mercedes Scortegagna SUPERVISÃO Ir. Ailda Klüppel COORDENAÇÃO – 9º ANOS – ENSINO FUNDAMENTAL II Flávia Fernandes Ir. Rosana Bertachi COORDENAÇÃO – 1º E 2º ANOS – ENSINO MÉDIO Keyla Anjos EDUCADORES DOS 9º EFII, 1º E 2º EM Alexandre Bianchi Álvaro Wellington Ana Cristina Garone Ana Cristina Gonçalves Ângelo Vieira Carlos Grave Cláudio Griffo Cristiane Barreto Djalma Bernardo Eliane Sabatine Elizandra Silveira Fabio Luciano Fátima Ribeiro Fernando Alves Giselle Tomazella Bueno Helena Rogeski

Idalina Lourenço Iracema Pompílio Juliam Oliveira Juvenal Cordeiro Filho Luana Biondo Marcelo Augusto dos Santos Marcelo Simões Maria Auxiliadora Santos Maria Cristina Alves Maria Eugênia Garcia (Marô) Mário Gonçalves Natália Tassoni Priscila Ortiz Ricardo Pires Roseclair Monteiro Stela Maris Danna

COMISSÃO ORGANIZADORA DO CONCURSO “LETRA E FORMA” Juvenal Cordeiro Filho Keyla Anjos Flavia Fernandes Ir. Rosana Bertachi Stela Maris Danna COMISSÃO JULGADORA DOS TEXTOS E DESENHOS Juvenal Cordeiro Filho Carlos Grave Maria Eugênia Garcia (Marô) Eliane Sabatine Stela Maris Danna Giselle Tomazella Bueno ELABORAÇÃO E DESIGN DO E-BOOK Carla Tricerri Estela Tiemi


CONCURSO LETRA E FORMA 2015

APRESENTAÇÃO

Neste primeiro volume do livro “Letra e Forma - 2015”, reunimos os textos e desenhos produzidos por educandos do 9º ano do Ensino Fundamental II e dos 1º e 2º anos do Ensino Médio, que foram premiados pelo talento que demonstraram no concurso de mesmo nome, realizado no primeiro semestre deste ano. O tema das produções foi “Valores de uma vida” e alinha-se à comemoração dos 200 anos de Fundação das Irmãs Passionistas, que vêm se dedicando a educar jovens segundo valores como a bondade, a firmeza, a perseverança e a justiça. Cada série ficou responsável por discutir alguns “valores”, que são indicados nas próximas páginas. A riqueza dos textos e desenhos que foram submetidos ao concurso dificultou e, muito, a seleção das produções premiadas. Além do talento artístico verificado, confirmamos que nossos educandos podem fazer a diferença diante de um mundo, infelizmente, caracterizado pela inversão de valores. Você, caro leitor, poderá constatar o que estamos dizendo ao ler este livro! Enfim, queremos parabenizar não somente os vencedores, mas todos os educandos envolvidos no concurso pelo engajamento que revelaram. A comunidade educativa do Colégio Passionista São Paulo da Cruz tem muito orgulho de seus educandos e confia-lhes a construção de um mundo em que #UM PARA O OUTRO seja o lema de todos.

Comissões organizadora e julgadora do concurso “Letra e Forma”

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AOS NOSSOS EDUCANDOS

Nascer, crescer, fazer amizades, viajar, estudar, trabalhar, realizar sonhos... Para que viemos ao mundo se não para sermos felizes? E como sê-lo sem nos comunicar? Ler, escrever, desenhar são essenciais para que, diante da realidade em que vivemos, possamos pensar, ter consciência crítica, lutar pelos nossos ideais e transformar aquilo com o qual não concordamos. A compreensão e a expressão de texto- seja ele oral, textual, pictórico - são os meios mais poderosos que temos para ressignificar o mundo, o nosso mundo. Sim, fazemos parte dele e, portanto, é de nossa responsabilidade cuidá-lo. Não sejamos um número ou apenas uma peça em mãos alheias... Ao contrário, atuemos como PROTAGONISTAS! Fica aqui o nosso convite: assim como vivenciamos no Colégio, continuem transmitindo os verdadeiros “valores de uma vida”. A magia das artes, que penetra em nossas mentes e corações, pode ser uma grande aliada para todos nós nesta difícil missão!

Com carinho, Educadores do Colégio Passionista São Paulo da Cruz

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9ยบ Ano

Esperanรงa


Amizade Amizade

Bondade


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1ยบ LUGAR Giovanna Fortuna 9ยบ Ano B

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1º LUGAR VALORES DE UMA VIDA Já faz quase uma semana e ainda não consegui achar a resposta para a pergunta tão simples que me foi passada na aula de Filosofia. É uma resposta que tenho conhecimento, mas não consigo expressar em palavras. Parece exagero, mas já passei noites em claro à procura de resposta. Quando penso que minha inspiração chegou, rabisco ideias na folha de caderno. No final, leio e me sinto insatisfeita novamente. Amasso minha folha e a jogo fora; no entanto, a pergunta persiste: “Quem sou eu?” Para começar, sou um ser vivo. Por mais que pareça ironia, foi por onde consegui começar. Um ser humano, filho de Deus, composto de valores. Era nisso a que eu queria chegar. O que procurei por tanto tempo, o que me explica por essência, o que sou de verdade: uma pessoa crescida e criada à base de valores. Os valores que agrego carrego há muito tempo. Os primeiros que aprendi a ter me foram ensinados já pelos meus pais, quando eu era criança. Eles me ensinaram a amar incondicionalmente. Amar sem cobrar nada. Lembro-me das minhas primeiras amizades, feitas na escolinha, no primeiro dia de aula. Nenhuma amizade que fiz depois foi como aquelas. Quando somos crianças, fazemos amizades mais fácil e verdadeiramente, porque não nos preocupamos com aparência, classe social ou etnia. Se um coleguinha fosse legal comigo, já éramos amigos. Quanto mais eu cresci, mais me isolei, e menos amigos eu tive. Muitos colegas, mas não muitos amigos. Fiquei mais exigente. Vi amigos meus se excluírem, até o momento em que me exclui também.

Vejo que as pessoas são frias, não sabem ver além das aparências e por isso há guerra. Com o tempo, aprendi isso, e hoje os excluídos são meus amigos, logo não sou mais sozinha também. Essa pergunta me fez pensar também sobre outras coisas. Descobri que sou uma eterna insatisfeita, mas também descobri que poderia usar isso ao meu favor. Afinal, se sou insatisfeita, sou também não-conformada. Não me conformo com a realidade atual: tanto avanço na ciência e astronomia e não conseguimos que toda população faça três refeições ao dia. O mundo está nas mãos dos jovens e eu sou um deles. Quero revolucionar, achar a cura das doenças, acabar com a fome. Parece impossível, mas tenho certeza de que se todos trabalharmos juntos, poderemos mudar essa realidade. Finalmente, percebi que ao terminar o texto, posso responder a minha pergunta mais complicada. “Sou uma jovem entre tantos outros, construída de valores, com o sonho de mudar o mundo.”

Letícia Gines 9º Ano C

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2ยบ LUGAR Gabrielle da Silva 9ยบ Ano A

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2º LUGAR UMA VIDA SEM VALOR Vi-o lá no canto, como se não fosse nada, como se não tivesse valor. Vi naquele rosto um tom de bondade subordinado à tristeza que lá era presente. Resolvi ajudá-lo, queria que fosse parte da minha realidade, que fosse meu amigo. Levei-o até um local adequado e ele foi ajudado. Fomos para o meu apartamento. Ele já era outra coisa, no seu rosto agora eu podia ver a bondade subordinada pela felicidade. Ele era a melhor coisa da minha vida, saíamos para todos os lugares juntos, ele era tudo pra mim, tudo pra alguém que não tinha ninguém. Era minha amizade, meu único melhor amigo. Nove meses depois de ele entrar na minha vida, percebi que ele já não estava muito bem, estava desanimado e seu rosto parecia com o da primeira vez. Resolvi, então, que era hora de levá-lo ao médico, pois sua mudança foi muito repentina. Após uma bateria de exames, ele foi diagnosticado. Seu corpo estava invadido por um mal muito grande, era a leucemia.

Eu não conseguia esconder a minha tristeza, estava muito abalado. O médico disse que ele teria no máximo três meses de vida. Foram os meses que mais aproveitamos. Seu corpo já estava quase morto nos últimos meses, mas eu não perdia a esperança. Ele tinha valor imenso em minha vida. Eu me culpava todos os dias por não ter dado mais atenção a ele. Estava piorando a cada dia. Começou a vomitar sangue: eu sabia que tinha que levá-lo ao médico novamente. Ele ficou internado por sete dias até que a notícia veio por telefone. Ele estava morto. Percebi que o valor que ele tinha era muito grande, pois agora eu não era nada. Ele fora a melhor coisa que a natureza já criou: ele era meu amigo de quatro patas.

Victor Toledo 9º Ano C

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3ยบ LUGAR Nicolas Rissati Silva 9ยบ Ano B

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3º LUGAR O QUE SERIA DE MIM? A esperança teria sido a única coisa que me restara naquele mísero momento? Só posso dizer que a tinha, pois sem ela não estaria onde estou hoje. É engraçado olhar para trás e ver aqueles momentos e pensamentos que hoje eu sei que não deveriam ter existido. Desde pequeno fui pobre, morava em uma casinha no sítio de uma mulher chamada Eloísa. Nós éramos os caseiros. Sempre observava Elô e sua família, todos reunidos em volta da piscina, rindo e conversando, sempre queria estar lá. Um dia, porém, ouvi a conversa de Júlio, marido de Elô, com um amigo da família: - Nossa, Júlio, que sítio bonito, grande! - Pois é. - Mas como comprou; seu salário está tão bom assim? - Na verdade este sítio foi um presente. Não conte para ninguém, nem mesmo para Elô, mas consegui fazer uma transferência secreta e como agradecimento a empresa me deu este sítio. - Mas você continua com as transferências? - Você acha que eu consigo viver como? O salário normal é muito baixo pra mim. A partir daquele dia, eles começaram a morar de verdade no sítio, e eu via Júlio chegando e indo para o trabalho. Ele sempre conversava comigo. Contava-me sobre o trabalho e sobre como era bom ser rico. Eu ficava deslumbrado com tudo aquilo. Ele se tornou meu exemplo, eu queria ser igual a ele. Quando fiz dezoito anos, fui para a cidade e comecei a trabalhar em uma empresa. Eu era muito eficiente e não demorou muito para me promoverem a diretor financeiro. Neste dia, fui a uma festa e conheci minha esposa, Lilian. Eu a amava demais, ela era tudo para mim, porém meu trabalho era minha prioridade. Além disso, eu não queria a diretoria, mas sim a presidência. Então me lembrei de Júlio e resolvi segui-lo mais uma vez. Conversei com o dono da empresa e ele aprovou. Mal sabia, mas a partir daquele dia tudo iria mudar. Fazia uma transferência por mês, estava ganhando

vários presentes, porém eu viajava vinte e oito dias por mês e foi quando descobri que minha esposa estava grávida de Guilherme. Então fiz uma escolha e acabei escolhendo errado: continuar viajando. Eu perdi todos os ultrassons, exames e alegrias de minha mulher. Nem no nascimento eu estava. Então veio minha maior alegria: eu assumi a presidência. Porém, quando voltei para casa, para comemorar com Lilian, ela não estava mais, nem Guilherme. Entrei em desespero, e logo após em depressão. Comecei a beber e acabei sendo demitido. As transferências foram descobertas e eu fui preso. Passei dois anos dentro de uma cela, com frio, fome e sede. Foi horrível. Quando saí da prisão, voltei para a casa de meus pais. Passava dias inteiros pensando em Lilian e Guilherme, quando enfim decidi ir atrás deles. Encontrei-os em uma cidade vizinha, onde eles também estavam à minha procura. Finalmente, depois de anos, consegui dar um sorriso. Abracei-os forte, enchi-os de beijos e fiz as pazes com Lilian. A partir daquele dia, percebi os verdadeiros valores de uma vida: esperança (foi o que me segurou neste mundo, sem ela provavelmente nem estaria aqui) e amizade (eu e minha esposa nunca a perdemos, o que seria de mim sem ela?) O que teríamos feito sem a esperança, todos nós, você e eu? Talvez não estivéssemos onde estamos, talvez não estivéssemos mais aqui. A esperança é o que nos move. O que eu faço hoje? Eu dou palestras, incentivo as pessoas a seguirem em frente e crerem que tudo vai melhorar, pois pode ter certeza, se você tiver esperança, vai enfrentar todos os seus problemas, irá sair de todas as situações ruins, não importando o tamanho destas.

Bianca M. Vidal 9º Ano B

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1ยบ EM

Firmeza


Solidariedade Solidariedade

Amor


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1º LUGAR Juan Takara

1º Ensino Médio B

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1º LUGAR A ROSA DA VIDA Câncer. É incrível como as pessoas só aprendem a viver quando percebem que a vida é algo finito. A única coisa de que tenho certeza é a morte, e isso é suficiente para fazer com que o senso comum se apague de meu modo de viver. Quando fui diagnosticada com câncer, o hospital me deu uma rosa vermelha. De acordo com os médicos, aquela rosa simbolizava a vida: embora cheia de espinhos, ainda era bela. Adotei a rosa e a metáfora como um lembrete para me manter firme, pois minha vida – ou o que restava dela – ainda era bela. A partir da frase, montei minha nova maneira de fazer meus dias valerem a pena. Em um gesto de solidariedade para com as pessoas que passavam por dificuldades em suas vidas, quando a doença não me impedia, eu saía durante à tarde com um grande buquê de rosas vermelhas e as distribuía com um cartão com a mensagem; com o lema, o lema de

minha vida. Não o fazia como um gesto vazio, eu estava distribuindo confiança, firmeza... amor. O mesmo amor e solidariedade que recebi de meus familiares e amigos quando descobri a doença, pois foram esses sentimentos que mantiveram minha cabeça erguida. Às vezes, mergulhada nessa lembrança perco a percepção de que minha vida, na verdade, acabou. Muitos pensam “pobre garota, se foi tão jovem”, mas isso para mim nada significa, pois me fui após espalhar o bem; a morte pouco importa, afinal, ela era minha única certeza. Sim, “era”. Agora sei que a vida tem outra certeza: todos nós podemos ajudar aos próximos e fazê-los perceber a rosa que é a vida.

Sofia de Souza

1º Ensino Médio A

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2º LUGAR Brandon de Souza 1º Ensino Médio B

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2º LUGAR PEQUENOS DETALHES A parte do nosso cérebro que armazena a experiência sendo vivida não é a mesma que faz funcionar a memória. Portanto, para que a lembrança de algo passado faça sentido para nós, o cérebro busca a experiência viva, a original. Esse negócio de memória, eu não tinha. Na verdade, eu era um robô. Eu era concentrado demais naquilo que eu fazia de terno e gravata. Numa certa tarde, um amigo meu me convidou para assistir à palestra de um homem, Ele não me disse seu nome, sua profissão e nem mesmo sobre o que seria a palestra. No começo, eu recusei a proposta. O que era lógico para mim. Porém, a insistência de César, meu amigo, me convenceu. Chegando ao local, nós entramos em uma sala com paredes brancas, sem nenhum móvel ou qualquer outra coisa que não fosse o nada. Poucos minutos depois, um homem de cabelos grisalhos entrou na sala, já lotada, e se apresentou como Antônio, o palestrante. Dele eu nunca vou me esquecer.

Sentamos no chão e Antônio nos fez três perguntas: lembra da pessoa sentada ao seu lado quando almoçou? Lembra da árvore em frente a esse prédio? Lembra em que fase a lua surgirá essa noite? Achei que fosse piada, porque logo após as três perguntas, ele saiu da sala. Mesmo assim, tentei responder às questões. Não sabia, eu estava apressado na hora do almoço, cheguei no prédio mexendo no celular e não olhei para o céu. Foi nesse momento que eu enxerguei a minha realidade: eu estava morto! Antônio, o homem que até hoje não sei a profissão, me devolveu o amor à vida, e graças a ele, abdiquei da vida que eu tinha e passei a apreciar os pequenos detalhes dessa corrida contra o tempo que é a vida.

Jaqueline Martins 1º Ensino Médio C

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3º LUGAR Guilherme Muneo 1º Ensino Médio A

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3º LUGAR TITÂNIO Suspirava. Não aceitava. Não podia ser verdade. “Por que eu?” era o que pensava naquela sala fria, quase vazia e branca, mas não podia fazer nada. Tinha câncer. Câncer nos ossos. Era terminal. Apesar de sua morte estar prevista para daqui a dois meses, sentia que uma parte de si já havia morrido. Rick olhou para sua esposa, Tess, desesperado com a notícia dada pelo médico. Naquele dia cinza, imóvel, ainda com roupa, dentro do chuveiro com água quente caindo sobre sua cabeça, Rick permanecia traumatizado. Tess sentou do seu lado. Na esperança de animá-lo. Mesmo com água quente caindo rente à sua cabeça, sentia sua alma gelada. Ela o olhou. Ele sabia o que queria dizer aquele olhar. Há anos, uma discórdia com seu pai os separou e nunca mais um dirigiu a palavra ao outro. Sua mãe aguardou até seus últimos dias, ver o pai e filho reconciliados, porém, nunca viu por causa da mesma doença que agora afetava o seu filho. Trevor, o pai de Rick, era o dono de uma metalúrgica, chamada Titânio, ambos possuíam ideias divergentes a respeito do destino da empresa, o que resultou na demissão de Rick e uma briga com violência que só se encerrou com a interferência da polícia. Anos depois, a metalúrgica faliu. Agora, não restava a Rick muito tempo. Seu filho em breve chegaria da escola, não poderia vê-lo naquele estado! Ele sabia o que aquele olhar de sua esposa queria dizer. No dia seguinte, se viu sendo barrado no portão do condomínio onde vivia, atualmente, seu pai. Mesmo muito insistente, o segurança

não deixou Rick entrar e ameaçou chamar a polícia. Porém, ele sentou na calçada e começou a esperar. Algumas horas depois um homem acabado, com olheiras, um hálito alcóolico e ainda a barba e cabelo despenteados. Frente a frente com seu pai, ocorreu uma mistura de sentimentos em Rick, saudade e ódio, ao mesmo tempo. Palavras não foram ditas, talvez por medo ou por falta de necessidade de se falar, simples assim. Estava subtendido que ambos queriam se reconciliar. Como quando era criança, Rick foi com seu pai a um parque, ir pescar. Sorriram, conversaram... Aos poucos, o amor paterno surgia do buraco negro de onde havia entrado, como se fosse uma estrela cadente. No fim do dia, ao pôr do sol, Trevor comprou para seu filho um sorvete como fazia em sua infância. Rick ouviu: -Meu filho... Eu te amo. Permaneceram lá até o Sol se pôr e apagar, como a vida de Trevor que nunca mais se mexeu. Tendo certeza de que seu pai havia partido, Rick o abraçou. Agora, ele entendia que na vida, todas as pessoas que vão desde nossos pais até amigos estabelecem relações, indestrutíveis, capazes de resistir a conflitos e a qualquer imprevisto e ação do destino, como o titânio. Do titânio se separaram e ao titânio retornariam.

Geovani Bucci

1º Ensino Médio C

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2º EM

Tolerância


Respeito Respeito

Perseveranรงa


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1º LUGAR Yasmim Bueno 2º Ensino Médio C

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1º LUGAR TOLERÂNCIA: A BASE DO SUCESSO É comum vermos as pessoas falando de tolerância e de como ela é necessária e guia o respeito, além de melhorar o mundo. Entretanto, dizer algo é totalmente diferente de agir. No caso, ser tolerante é diferente de discursar e escrever sobre tolerância. Vivemos num mundo intolerante, que não percebe que o é, ou que não admite por vergonha. Podemos ver a intolerância em pequenos atos, pequenas coisas, que se juntam e formam algo grande. A intolerância está crescendo e se proliferando cada vez mais rápido, e são vários os porquês disso que, juntos, geram problemas. O mundo, atualmente, está muito individualista e egoísta. Todos querem aquilo que é melhor para si, que trará benefícios, querem satisfazer os seus desejos. E para conseguir tais realizações, o outro não importa, e se precisar, pode-se até mesmo “passar por cima” das pessoas. Ou seja, estão seguindo o pensamento maquiavélico de que “os fins justificam os meios”. Além disso, a humanidade está cada vez mais competitiva. Um quer ter mais que o outro, a humanidade está cada vez mais competitiva. Um quer ter mais que o outro, para provar que é superior e mais feliz. Devido ao fato de que estão cegos por “poder”, não percebem que superioridade não pode ser medida, e que a felicidade é medida pelos sentimentos, por quem a pessoa é, e não pelas coisas que têm. Afinal, por que a superioridade não pode ser medida? Essa pergunta é fácil de responder: não pode ser medida, pois ninguém é superior a ninguém. A superioridade nada mais é do que uma utopia, na qual muitos acreditam, desejando ser “mais”. E é, principalmente, por

acreditar nessa utopia que a tolerância “se perde”. Muitos (pode-se dizer a maioria) acreditam que são melhores que os outros e passam a não aceitar o diferente, não querem aprender com ele. E temos vários exemplos disso na sociedade, como o regime da Apartheid, na África, que provou que está faltando tolerância no mundo. O sucesso na vida não pode ser alcançado sem a tolerância, e nem através de objetos, dinheiro. Como dizia o escritor e pensador alemão Goethe: “o sucesso reside em três coisas: decisão, justiça e tolerância.” Todos esses valores, juntos, permitem a construção de um mundo melhor. Contudo, o problema da falta de tolerância é mais complexo e profundo de se resolver do que imaginamos. Devemos, antes de tudo, aprender a aceitar nós mesmos e os outros, deixando o egoísmo, a competição de lado. Devemos dar mais importância aos valores, às pequenas coisas da vida, e menos aos objetos. Uma solução também bastante eficiente é de conversar, conhecer o outro, e aprender com ele. Ou seja, devemos agir mais e falar menos, coexistindo com o outro e criando um mundo melhor.

Giulia de S. Ciampone 2º Ensino Médio B

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2º LUGAR Victor Marques 2º Ensino Médio B

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2º LUGAR O CAMINHO PARA A PERSEVERANÇA O mundo mudou, os pensamentos mudaram, as pessoas também, alteraram inúmeros aspectos de suas vidas, suas consciências, seus hábitos, suas posições e seus valores, tentando se adequar aos novos padrões impostos pela sociedade. Infelizmente esta mudança de valores gerou uma sociedade doente, na qual a intolerância reina; e com ela a falta de respeito para com o outro vem à tona. São diversos os casos de intolerância, seja racial, sexual ou ideológica. Já que perdemos nosso centro, e o diálogo e a tentativa se tornaram algo quase impossível, a violência entra como uma válvula de escape e uma forma de resolver estes conflitos. O respeito pelo outro, por sua vida, seus ideais, parece ter sumido, e por consequência, acarretou a banalização geral de valores, da ética e inclusive da própria vida humana, que hoje ganhou significados extremamente superficiais, causando tristes incidentes que nos levam a pensar sobre onde iremos parar. Como respeito e tolerância são valores muito próximos, ligados entre si, há esta decadência de ambos. A sociedade, com isso, perde a noção de centralidade moral, deixando os mais ruins sentimentos aflorarem, transformando este novo mundo num lugar intolerante e desrespeitoso, que reprime, agride e submete os diferentes, implementando um verdadeiro caos ético e moral.

Essa é uma triste realidade, que quando exposta, gera nas pessoas um certo sentimento de arrependimento, de vontade de mudança, mas que infelizmente não passa de uma nova utopia, afinal essa falsa perseverança não age de forma real e ostensiva. Realmente só haverá mudança com atitudes concretas. Não devemos agir com belos discursos ou frases de impacto, que podem até serem bonitos, mas que não mobilizam o efeito necessário. Como uma vez o escritor britânico J.R.R. Tolkien disse: “onde não falta vontade haverá sempre um caminho”. Por isso temos de perseverar, nunca desistir e buscar por essa mudança pondo em nosso próprio cotidiano, conseguiremos mudar primeiramente a nós próprios e depois, quem sabe, o mundo.

Lucas J. de M. Couto

2º Ensino Médio C

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3º LUGAR Rafaela Castro

2º Ensino Médio B

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3º LUGAR PLANTANDO E COLHENDO TOLERÂNCIA Em todo o mundo enfatiza-se a importância e a necessidade dos valores em uma sociedade; valores estes que são individuais, mas que se praticados por cada indivíduo no dia-a-dia, tornam a convivência coletiva muito mais harmônica, pacífica e até mais fácil. Mas afinal, será que esses valores são realmente introduzidos no grupo social? Ou são apenas “utópicos”? O problema é que falar é sempre mais fácil do que fazer. Todos os dias nos deparamos com situações em que faltam certos valores, como por exemplo, a tolerância; aliás, tolerância é um dos primeiros princípios que devem ser inseridos em nossas vidas e, muitas vezes, a chave para muitos de nossos dilemas. Tolerância é não exatamente aceitar o diferente, mas sim conviver, e da melhor forma possível; é respeitar; acolher e muitas vezes também aprender. Infelizmente não vemos isso atualmente, e o pior é que nem paramos por um segundo, apenas, para percebermos que algo falta no planeta, algo de extrema importância. Simplesmente seguimos com nossas vidas, extremamente agitadas, sem enxergarmos detalhes que podem ser pequenos, mas que são um grande problema; e o mais irônico é que “damos um tiro no próprio pé”, pois as atitudes de cada pessoa refletem na sociedade e como esta se comporta, ou seja, se a maioria for intolerante, arrogante, a sociedade como um todo, também será. Um forte exemplo que temos recentemente é a guerra civil na Síria. Esse país é regido por uma ditadura e possui influências religiosas. Porém o que estamos vendo é apenas uma tragédia e um absurdo, em que milhões de

pessoas são mortas, apenas por defenderem uma opinião divergente da de um grupo. Toda essa situação é o cúmulo da intolerância, porém nada é feito. Será que é isso o que queremos para o nosso futuro, e inclusive o futuro de nossos filhos e netos? Se isso continuar acontecendo, a própria raça humana pode SE exterminar. Como o próprio Hobbes dizia há séculos atrás: “O homem é o lobo do homem” (e ele não estava errado). É apenas uma questão de tempo. Por isso, quanto mais cedo plantarmos a tolerância, mais cedo a colheremos.

Beatriz Otero

2º Ensino Médio B

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