Medicina nossa de cada dia Para mostrar que não é só de drama romântico que se faz um seriado de televisão, marcamos uma consulta com o elenco da nova série médica brasileira Unidade Básica durante as gravações e trazemos o diagnóstico: prepare-se para se envolver com dramas que não se limitam a casos misteriosos por Sarah Mund
Unidade Básica
A PARTIR DO DIA 11, DOMINGOS, 22H, UNIVERSAL, 130 E 630 (HD)
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De jaleco – Os atores Ana Petta, Caco Ciocler e Bianca Muller na pele de seus personagens, Dra. Laura, Dr. Paulo e a estagiária Samara. Juntos, eles terão que lidar com situações diferentes daquelas vividas em dramas como Grey’s Anatomy ou House
S FÃS DE SÉRIES MÉDICAS ACOSTUMADOS À ROTINA QUASE alucinante dos protagonistas estão prestes a se deparar com um novo estilo. Diferentemente de House (2004-2012), Plantão Médico (1994-2009) ou Grey’s Anatomy (2005-), a produção nacional Unidade Básica retrata uma rotina médica muito mais próxima da realidade brasileira. Até porque a saúde pública vai muito além do que acontece nos corredores de um hospital – sua essência pode ser vista nos postos em que a população é atendida.
De tão realista que era o set de gravações da série, ocorreu um desencontro entre a repórter e a pessoa que iria acompanhá-la, uma vez que o local não se parecia em nada com um estúdio de gravações e sim, bem, com uma unidade básica de saúde em um bairro periférico de São Paulo. “Tivemos que cobrir um pouco a fachada porque os moradores começaram a vir perguntar quando seria aberta a unidade para consultas”, revelou a assessora de imprensa do canal Universal já dentro do local depois de desfeita a confusão. A ideia de mostrar para o público que não conhece o trabalho das unidades básicas surgiu da Dra. Helena Petta, que 3 2 + M on e t + S E T E M B R O
além de atuar como consultora da produção é irmã de uma das protagonistas. “A inspiração aconteceu em função de as séries médicas em geral não retratarem esse universo. Partiu dessa vontade de contar como é o serviço de saúde de atenção primária no universo brasileiro, com os problemas e desvantagens de nosso país, mas também com qualidade e envolvimento dos profissionais. É algo diferente das séries consagradas, mas acho que o público que já é fã vai gostar. Aqui dificuldade não é encontrar um diagnóstico raro, mas as questões pessoais do paciente”, explicou a médica. Sua irmã, a atriz Ana Petta, vive a Dra. Laura, uma médica que vê no
trabalho com o Sistema Único de Saúde apenas uma etapa para uma carreira bem-sucedida na medicina. Essa visão é o exato oposto do outro personagem principal, o Dr. Paulo, vivido por Caco Ciocler, que dedicou os últimos 15 anos de sua vida ao trabalho com a população carente. “A Laura chega com todo um conhecimento acadêmico e de procedimentos que a leva a procurar a doença. Aí ela percebe que o conhecimento dela não é suficiente para essa realidade, que não consegue dar conta do que é preciso fazer. O Paulo tem um jeito de trabalhar diferente do metódico dela que o ajuda a achar soluções. Ela vai se transformando pela influência
A Laura chega com um conhecimento acadêmico que a leva a procurar a doença. Aí ela percebe que isso não é suficiente para essa realidade, que ela não consegue dar conta do que é preciso fazer – Ana Petta
OS DOUTORES DA TELEVISÃO
FOTOS: THINKSTOCK E DIVULGAÇÃO
O
dele e termina a temporada de uma forma diferente”, adiantou Ana Petta. “Os dois protagonistas têm visões de medicina diferentes e a série usa justamente essa discordância para discutir a existência e a importância da unidade básica. A gente podia fazer uma série médica nos padrões a que estamos acostumados, com corre-corre, casos difíceis, emergências, que é o que todas as outras atrações fazem. Mas estamos falando de uma questão importante, pertinente e atual da realidade brasileira”, apontou Caco Ciocler. Entre os assuntos que têm dominado o debate sobre saúde pública nos últimos dois anos está a importação pelo governo de médicos para atuar em localidades desassistidas, causando reações adversas da classe e dividindo a população contra e a favor da medida. Outra ação adotada foi a mudança nas diretrizes para cursos de medicina, que agora incluem estágio obrigatório na rede pública. É justamente dessa questão que surge boa parte do drama da série, especialmente com a personagem de Bianca Muller, um reflexo do perfil de muitos estudantes de medicina. “A Samara é uma menina que tem boas condições financeiras, está no último ano e fazendo estágio na unidade básica. Não gosta desse estágio, só faz por que é obrigada. Quer
fazer pediatria e acha que isso não tem nada a ver com a carreira que ela quer seguir. Então, já começa tudo errado e vai piorando por que essa é uma realidade muito distante da dela, é preconceituosa, não maldosa, mas sem noção mesmo, não sabe lidar com as pessoas. Se ela aprendesse a se relacionar melhor, poderia se tornar uma excelente médica”, descreveu a atriz. Além da perspectiva de ingressar em uma carreira com salários acima da média da população brasileira, o fascínio pelas atrações televisivas do gênero acabam atraindo muitos jovens para a área. “O irônico é que o House nem gosta de ver os pacientes, ele gosta da doença. O conceito da medicina de família que está sendo discutido no Brasil é o oposto disso, é a medicina preventiva, justamente para desafogar os prontos-socorros. Eu adoro House, existe esse fascínio pelas coisas que a gente não conhece, o apelo pela investigação. Nosso desafio é justamente conseguir interessar o público com a medicina preventiva, que teoricamente não tem esses elementos de urgência, mistério e suspense. Então, dramaturgicamente, é mais desafiador o que estamos fazendo”, apontou Caco Ciocler sobre a premissa dos oito episódios de Unidade Básica. Ou seja, além de entreter, a série pretende injetar realismo.
Confira outras séries médicas que mostram a rotina dos corredores de um hospital
Chicago Med
Grey’s Anatomy
Code Black
The Knick
The Night Shift
A série acompanha os médicos e enfermeiros do departamento de emergência do Gaffney Chicago Medical Center. Estreou em 2015 e é a terceira da franquia que conta com Chicago Fire e Chicago P. D.
Criada por Shonda Rhimes, traz os dramas pessoais e profissionais da médica Meredith Grey e dos outros profissionais do Grey Sloan Memorial Hospital. Está em sua 12a temporada e continua como uma das queridinhas dos fãs.
Trabalhar na cidade dos astros e estrelas não é fácil. É o que nos mostra essa série estrelada por Benjamin Hollingsworth, Theo Breaux e Harry Ford, que acompanham a rotina insana da equipe médica de um hospital em Los Angeles com poucos funcionários e muitos problemas.
O ator Clive Owen vive há duas temporadas o excêntrico Dr. John W. Thackery do Hospital Knickerbocker em Nova York no início do século 20. De dia ele é um respeitado doutor, firme com a sua equipe, mas à noite é também um viciado em drogas que o deixam fora de si.
Os plantonistas do San Antonio Medical Center chegaram à terceira temporada. Protagonizada por Eoin Macken e Jill Flint, traz cirurgiões que enfrentam tantos problemas românticos quanto de ordem médica.
QUARTAS, 23H, UNIVERSAL, 130 E 630 (HD)
SEGUNDA A SEXTA, 17H, SONY, 133 E 633 (HD)
A PARTIR DO DIA 24, SÁBADOS, 23H15, A&E, 138 E 638 (HD)
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