SURVEY NUM MINUTO Lição 3
Survey num num minuto
A utilização de surveys em trabalhos investigativos é recorrente, pelo que é imprescindível ter um conhecimento adequado da sua selecção, concepção e implementação. A pensar em todos aqueles que nos próximos tempos ficarão isolados, quais eremitas numa gruta de livros e papéis, resolvemos apresentar uma série de tutoriais com explicações básicas em relação a este procedimento.
Lição 3 – A entrevista A entrevista é um método de recolha de dados que se tem vindo a generalizar nos últimos tempos, sobretudo com a acção dos meios de comunicação social. Ainda que o termo sirva múltiplos fins, nomeadamente investigativo, empresarial ou comunicativo, existem diferenças intrínsecas a cada um destes tipos.
Fig. 1 – Definitivamente não conseguia o emprego!! Segundo Ketele (1993), a entrevista com fins científicos envolve uma pessoa que busca mais conhecimentos sobre os actos, os projectos, as ideias de outrem para publicar ou difundir o seu conteúdo, ou simplesmente para servir de objecto de análise. Já a entrevista jornalística reduz-se a um relato sobre a vida, a obra e as opiniões de dado indivíduo com o objectivo de publicar.
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Fig. 2 – Nunca um entrevistador esteve tão adequado para o entrevistado. As entrevistas devem seguir um planeamento que inclui diferentes fases, encaradas numa perspectiva cumulativa. Para que o sucesso de uma entrevista seja garantido é importante que nenhuma fase seja descurada. O próximo esquema, adaptado de Mason (DATA), pretende ilustrar o plano de acção a considerar:
FASE 1
FASE 2
FASE 3
Definir o tema;
Definir objectivos;
Identificar os tópicos a
Identificar a questão de
Identificar as questões de
abordar e as questões a
investigação central.
investigação.
colocar
Formar o entrevistador,
FASE 4
FASE 5
FASE 6
Seleccionar a amostra
Construir o guião da entrevista
caso este não seja o próprio investigador
FASE 7 Pré-teste
FASE 8 Realizar a entrevista
Fig. 3 – Esquema ilustrativo das fases da entrevista
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As entrevistas podem ser classificadas de acordo com a sua estrutura, bem como em relação ao meio usado. Vejamos, de seguida, as diferentes tipologias.
1.
Estrutura
A estrutura das entrevistas está relacionada com a concepção e organização das questões, bem como com a linguagem adoptada e o estilo de condução tomado pelo entrevistador. Nesse sentido, podem ser… •
Não estruturadas – o grande objectivo destas entrevistas é conhecer as perspectivas do entrevistado sobre dado tópico.
CARACTERÍSTICAS: » tema escolhido pelo investigador/entrevistador; » espontaneidade na colocação de questões; » entrevistador apela e encoraja a participação.
•
Semi-estruturadas – existe uma preocupação na recolha de dados, pelo que a entrevista terá uma estruturada algo organizada para que se possa proceder à aplicação da mesma com diferentes participantes.
CARACTERÍSTICAS: » flexibilidade na organização e colocação de questões; » multiplicidade de respondentes para posterior comparação de dados; » adaptabilidade ao entrevistado.
•
Estruturadas – devido ao seu carácter demasiado rígido, visto que não permite variações às questões de modo a corresponder à fluidez do discurso é pouco utilizada em estudos científicos e qualitativos. CARACTERÍSTICAS: » rigidez na formulação e estrutura das questões; » uniformização da informação recolhida; » definição prévia das categorias a analisar.
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2.
Meio •
Presenciais – Quando o entrevistador faz as perguntas frente-a-frente com o entrevistado. As entrevistas pessoais podem ser realizadas em casa, nos centros comerciais, na rua e no cinema, por exemplo.
Fig. 4 – Entrevistas nas quais não podes fugir às questões mesmo que sejam ridículas
•
Telefónicas – Quando o investigador entra em contacto directo com o entrevistado podendo colocar questões de acordo com o curso da conversa.
Fig. 5 – Pessoa chata que telefona insistentemente para nossa casa a colocar uma série de questões! Eu costumo estar de férias!
•
Directas por computador – Quando os entrevistados inserem as suas próprias respostas directamente num computador. Este tipo de entrevistas pode ser realizado em locais públicos, feiras e escritórios, por exemplo.
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Como as entrevistas se assemelham a uma conversa entre dois indivíduos sobre determinado tema, não se devem esquecer alguns pormenores inerentes à socialização. Isto é, em qualquer entrevista é fundamental que o investigador/entrevistador tenha em consideração alguns factores capazes de influenciar o rumo da conversa, a saber: situação, características intrínsecas do entrevistado, características físicas do entrevistado, processo comunicativo (postura, linguagem, gestos), mensagem (Ghiglione & Matalon, 1995).
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