São Mamede ser o padreiro desta igreja,
A igreja de São
uma vez que este tem a função de
Mamede de Vila
protetor do gado. Embora construída numa época em
Verde
que
a
arquitetura
gótica
era
predominante em Portugal, são utlizados neste edifício plantas, alçados e métodos Implantada no lugar da Serrinha, em Vila Verde, esta igreja ergue-se em homenagem a São Mamede, o seu padroeiro, numa encosta onde o verde é predominante.
construtivos
tipicamente
românicos.
Podemos considerar esta igreja como sendo de um românico tardio, porque os cachorros são retangulares, uma solução muito adotada num românico que se
A primeira referência documental a
prolongou
pelo
tempo.
esta igreja aparece no século XIII, com as Inquirições de 1220 e dá-nos a informação de que esta igreja já pertencia ao padroado do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, que se situa perto deste local e “foi durante o século XV e durante a primeira metade do século XVI, a mais rica instituição monástica do norte de Portugal”. 1 É muito importante termos em conta que
na
Idade
acompanhavam
Média, a
as
igrejas
implantação
das
populações, o que nos auxilia na compreensão da implantação da igreja neste local, uma vez que a população de Vila Verde sempre viveu e, continua a viver, de atividades muito ligadas à pastorícia
e
à
agricultura.
Assim,
podemos também perceber o porquê de
Depois de 40 anos ao abandono, a Direção
Regional
de
Edifícios
e
Monumentos do Norte encomendou, no ano de 2003, um projeto de conservação e salvaguarda deste edifício de pequenas dimensões. Esta intervenção justificavase não só pelo valor patrimonial e histórico que este edifício ostenta em si como pelo culto ao padroeiro que ainda se continuava a praticar. Da igreja constituída apenas por nave única e
cabeceira retangulares, restavam apenas
Segundo Paula Bessa, “vários indícios
no exterior os antigos muros da nave e da
apontam para o facto de a ordem
capela-mor,
beneditina
enquanto
no
interior,
ter
desenvolvido
ação
restavam apenas a parede do arco triunfal
relevante no campo da encomenda da
e os muros da sacristia, adossada à
pintura
cabeceira, tendo desaparecido todo o
mosteiros de S. Bento terão sido
sistema de coberturas.
responsáveis por encomendas deste tipo
Depois
de
um
restauro
muito
discutível, a igreja transformou-se num
mural.
De
facto,
vários
de pintura para as suas casas e para igrejas do seu padroado.”2
edifício completo e com uma aspeto
Os programas de pintura mural desta
muito “limpo” o que provoca várias
igreja são de difícil interpretação.
reações menos positivas. A envolvente
Devido à perda de reboco e cor, não é
do edifício foi também requalificada
possível
com a construção de percursos e um
absoluta mas, muito provavelmente está
espelho
representado ao centro o orago S.
de
água.
fazer
uma
identificação
Mamede, ladeado por S. Bento e S. Bernardo
e
estas
figurações
são
separadas por barras de enquadramento de
Na sequencia destas reabilitações, foram
também
descobertos
e/ou
valorizados um grande número de vestígios ou conjuntos de pintura mural.
enrolamento.
No topo da parede e sobre estes santos está um brasão de armas enquadrado por uma vasta composição de grotescos, que é um dos melhores conservados dos que se conhecem e chegaram até nós nas igrejas do padroado. Para além desta campanha de pintura mural, temos ainda outra na capela-mor, também ela datada do século XVI, que se sobrepõe à anteriormente referida. Os vestígios existentes são muito ténues e segundo Luís Urbano Afonso permitem identificar o patrono, São Mamede. Podemos assim notar que, apesar de esta igreja
apresentar
uma
solução
arquitetónica tardia de repetição de formas românicas ainda durante o século XIV, constitui também e como contraste um exemplar de modernidade no que respeita à pintura mural.
PARA SABER MAIS DEVE LER A TESE DA INVESTIGADORA PAULA BESSA SOBRE PINTURA MURAL, AS MONOGRAFIAS DA ROTA DO ROMÂNICO E A MONOGRAFIA DESTA IGREJA.