Jornal Fraterno 35

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“Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em qualquer época da humanidade” Allan Kardec

FRATERNO

6 ANOS Divulgando a Doutrina Espírita

Jornal Bimestral | Edição 35 | Ano VII | Maio/Junho de 2009

OS ENIGMAS DO EDIFÍCIO JOELMA Entre as crenças e a realidade dessa tragédia que comoveu a cidade, 13 corpos desconhecidos deram origem ao mistério das “Treze Almas” Páginas 6, 7 e 8

Também nesta edição EDITORIAL A primitiva necessidade humana das crenças.....................................2 MORAL CRISTÃ A Caridade ..........................................................3 UM MÉDICO NO ALÉM Breve análise sobre o livro “Nosso Lar”............................................4 BIOGRAFIA Jerônimo Mendonça ....................................5 DOUTRINA Quem são os espíritas? ...............................9 ARTIGO Visão espírita sobre a Páscoa ................10 EXEMPLO DE VIDA O silêncio dos inocentes .........................11 MENSAGEM DO SEARA Homenagem às mulheres .....................12

“As pessoas ‘boas’ merecem nosso Amor, as pessoas ‘ruins’ precisam dele” Madre Tereza de Calcutá

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| editorial |

A primitiva necessidade humana das crenças “A crença improfícua impede o Homem de enxergar a realidade, qual véu de ilusão a nos manter na ignorância”.

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esta primeira edição do ano VII de nossas publicações, permita-nos, caros leitores, o vislumbre de um pequeno agradecimento aos benfeitores espirituais pela etapa que encerramos e por esta nova fase na qual está adentrando nosso Fraterno. É com profundo respeito que, nestes completos seis anos de existência, louvamos, primeiramente, ao “Divino Mestre”, pelo Instituto Incansável da “Semeadura” de conhecimento e divulgação da Verdade, na qual se justifica como “O Consolador Prometido”. Urge, disseminarmos, à maneira deste bimestral, os grãos de Sua verdade como sementeira divina à regeneração da humanidade, na bendita “seara” de Seu Evangelho. Assim sendo, nossos dignos e

sinceros agradecimentos aos idealizadores espirituais, os quais colaboram desde o princípio com este jornal e àqueles outros ainda encarnados, que passam fazendo o melhor de si na elaboração desta caridade com ética e desprendimento. O “SEARA DE JESUS” é o nosso Centro, regido pelo móvel da fraternidade, por seus servidores encarnados e seus mentores desencarnados, todos dedicados amigos e cooperadores, aqueles que tanto nos têm emprestado paciência e tolerância aos nossos argumentos. Agradecimentos aos iniciantes da última hora e aos veteranos das horas de sempre, bem como a diretoria executiva e seus associados, entre os idôneos colaboradores e patrocinadores que tanto nos auxiliam a cada tiragem dessas edições. Estejam certos, irmãos amigos, que cada um de vós receberá seu quinhão pelas amostras de boa vontade, donde Jesus promoverá paz em seus corações... O nosso muito obrigado! Nesta edição, falamos sobre as crenças, que é tema do mito das “13 almas do Joelma” e, assim, louvemos os sofrimentos, bem como rogamos as luzes esclarecedoras na forma de benesses divinas para aqueles irmãos

É da natureza humana desde os princípio apegar-se a eventos exteriores

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em espírito. E agora, pelo estudo metódico da amada Doutrina envidaremos salientar e compreender a destinação de nossas almas aos planos “extrafísicos” de nossas conseqüências morais. E como é da natureza humana apegar-se a eventos exteriores, perguntaríamos: por que precisamos tanto do místico para dar prosseguimento à nossa jornada espiritual? Quando haveremos de andar pelas luzes e não pela escuridão? Quando deixaremos de cultivar simbolismos externos, nos voltando para as verdades simples e profundas da natureza da alma? Por que não robustecemos nossa fé na verdade consoladora do amor, pela simplicidade das Leis da Vida, no Bem aos semelhantes, tendo a religião como verdadeira harmonizadora de sentimentos, consoante ao favorecimento da união por através da coerência e do entendimento? Estas são perguntas que sugerem avanço às nossas consciências, em sabermos qual o objetivo e a praticidade de vivermos neste mundo entre tantas crenças que encabeçam a natureza das “facilidades inconsoláveis” desse contraste humano. É por isso que, ao falarmos em crenças, estamos lidando num terreno subjetivo, emocional, atávico, onde as necessidades e desejos profundamente arraigados em nosso psiquismo nos conduzirão pelos mundos afora, quais autômatos a despeito dos planejamentos e ideais religiosos para o futuro. Manter a ilusão nas crenças e nos favores fáceis, em uma alucinação de viver sem o árduo trabalho interno, sob quais nos compete investir, buscando facilidades prodigiosas pelos arranjos provisórios da ritualidade materialista, é o que requer as falácias milagreiras daqueles que excluem o esforço da consciência íntima. Ao longo do tempo, diversos objetos, pessoas e criações mentais receberam a projeção de nossas necessidades e desejos, desde o

bezerro de ouro condenado por Moisés até os santos recém reconhecidos pelos poderes temporais dominantes. Porém são verdadeiramente os ensinamentos de Cristo por sua fonte cristalina de sabedoria que disponibilizam, a quem quer que seja e que se dê ao trabalho de re-orientar suas atitudes à verdade pela decodificação dessas crenças, de falsos profetas, em contornos esclarecedores da conduta e sensatez proclamada pela doutrina dos espíritos, sob os quais avançaremos nessa marcha de grandioso progresso íntimo. Prender-se às paixões ilusórias é condenar essas almas ao suplício da eternidade no vivenciar o dramático momento do desencarne pela insistência que nossa crença plasma a tortura daqueles espíritos, nos últimos instantes do drama no elevador. E assim retardaremos ainda mais o reconhecimento de seus cursos regeneradores às necessidades mais progressivas. Essa nossa insistência nas ilusões de milagres, ainda são jeitinhos isolados pelos quais nos opomos à verdadeira atitude cristã que nos pede caridade. Deixemos que os mortos enterrem seus mortos, dizia o Mestre, bem como devemos fazê-lo ao próprio Cristo, avançando por seus ensinamentos e deixando os ritos da sua paixão. Não fosse por Sua elevação moral, quantos sofrimentos Lhe causaríamos todas as “semanas santas”, pela tortura de Suas lembranças na Cruz... Sejamos cada qual em nossa vida, confiando que do Alto nos vêem tudo aquilo que necessitamos em nossa caminhada terrestre e que as demais coisas nos serão acrescentadas. Nem sempre o que desejamos para nós é o mais justo e adequado, no entanto, queiramos ou não, os espíritos nos ensinam que é por esta ordem que seguiremos para os estágios mais produtivos de nossa natureza espiritual. Boa leitura, o Editor.

FRATERNO, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede no “Centro Espírita Seara de Jesus”, Rua Allan Kardec, 173, Vila Nova Osasco, CEP 06070-240, Osasco, SP. searadejesus@yahoo. com.br; Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049; Coordenação/Direção/Redação: Eduardo Mendes; Revisores: Lúcia Sokolowski de Camargo, Luciana Cristillo e Jussara Ferreira da Silva. Diagramação: Jovenal Alves Pereira; Captação: Manoel Rodilha; Impressão: Gráfica Yara; Tiragem: 10.000 exemplares; Distribuição: Osasco e Grande São Paulo; e-mail: jornalfraterno@gmail.com; Telefone: (011) 3447 - 2006

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| moral cristã |

| eventos |

A Caridade

RODÍZIOS DE PIZZA

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ainda todos reunidos, Simão o sacerdote perguntou: “Que pensais da caridade?” Então Jesus respondeu: ”que vos tenho feito até agora? Que tendes feito escutando minha voz? Em verdade vos digo: quando a caridade bater à vossa porta, abri-a e deixai que ela habite vossa casa, porque ela vos ajudará a suportar vossos dias de inconstância, vossas lamúrias e desassossegos. E na tempestade, ela será vosso refúgio; na solidão, vossa montanha; nos conflitos, vossa afirmação; e na prisão da indiferença, também será vossa dor. Pois vos digo: quando o vosso irmão tiver fome, daí de comer; quando tiver sede, oferecei-lhe de beber; quando em sua nudez, tremer de frio, veste-o; quando estiver na prisão, visita-o; e no leito da agonia, consolai-o; porque o Pai não fez corpos diferentes para vos vangloriardes. As funções de todos os corpos não são semelhantes? No entanto, quanta mazela ocultais com vossos finos trajes!... Afirmo-vos ainda: Vossas virtudes somente serão valorizadas pelo que fizerdes em nome da caridade. Compreendei vosso irmão e sereis caridosos. Sede fiéis na amizade e sereis amigos da caridade. Aprendei o sentido da generosidade para convosco. Daí de vós mesmos, o vosso tempo e percebereis que a mendicância começa com a falta de um sorriso. Não penseis entretanto, que é apenas na doação que podereis ser caridosos. Digo-vos ainda: sabei receber as dádivas da vida e ai também sereis caridosos. Não vos esqueçais dos benefícios que o vosso inimigo um dia vos prestou; ainda que vejais interesse em seu serviço, lembrai que o vosso amor é capaz de dobrar os interesses mesquinhos de sua ambição. Em verdade vos digo: quem vive em caridade não têm inimigos, porque não o é de ninguém. Possuirá

No “Seara de Jesus” 6 DE JUNHO DE 2.009. HORÁRIO: A PARTIR 18HS:00 PREÇO: R$ 12,00 TEMOS TAMBÉM REFRIGERANTE E SOBREMESA Quem vive em caridade não têm inimigos, porque não o é de ninguém

| teatro | alguém, o que não é em si? Não vos preocupeis em ter amigos mas em serdes amigos; sede vós aquele que vai ao encontro do infortúnio; felizes os que trabalham para educar, ao invés de condenar; quantos crimes deixariam de existir, quanta fome sanada, quantas dores e enfermidades seriam evitadas, se a caridade calasse profundamente no coração dos homens?... Educai-vos e sede compreensivo com todos, nisto reside à verdadeira caridade. O maior pecado do homem é quando ele engana a si próprio. Uma árvore é plantada para dar muitos frutos, porque então vos apropriais dela, impedindo que tantos saciem a fome? Podeis fazer brotar uma flor? No entanto vendeis os seus frutos. Ficais bêbados com as uvas e comeis até doer o vosso estômago, esquecendo-vos que outros estômagos doem pela falta de alimento, que provoca vossas dores. O abuso é a causa de vossas tristezas... Ainda vos digo que: de nada valerá minhas palavras, se não ecoarem em vossa caridade, pois o que o ouvido escutar poderá o coração repelir”. Um Dia em Jerusalém, Emídio Silva Falcão Brasileiro, Edições Universo

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LAÇOS ETERNOS Peça teatral espírita, baseada no romance do espírito Lucius e psicografado pela médium Zibia Gasparetto. Dia 16 de maio, sábado, às 18 no Teatro Municipal de Osasco

OS MENSAGEIROS Peça teatral espírita, baseada no livro ‘Os Mensageiros”, do espírito André Luiz e psicografado pelo médium Chico Xavier. Dia 12 de junho, sexta feira, às 20h no Teatro Municipal de Osasco

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Memórias de Chico Xavier “Trabalhei muitos anos com os espíritos sofredores... Eles me ensinaram muito. O que sei não aprendi apenas com os nossos Benfeitores... A mediunidade também não pode ser elitista... Médium elitizado é como um anel de brilhante, que, de tão caro, não pode sair do cofre...”. “O Evangelho de Chico Xavier”, Carlos Bacelli, Editora Didier

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Maio/Junho 2009 | Edição 35 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |

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| um médico no além |

Breve análise sobre o livro “Nosso Lar” Em toda a sua obra, André Luiz mostranos, a realidade transcendental de que somos espíritos imortais envergando corpos físicos Por Dr. Luiz Paiva

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m 1943, aos 33 anos de idade, o matuto Chico Xavier, da obscura cidadezinha de Pedro Leopoldo / MG, e tido como Intermediário dos Espíritos, começa a escrever “Nosso Lar”, o primeiro de uma Série de Livros narrando as experiências post-mortem de um médico que usa o pseudônimo de André Luiz, segundo o próprio para não ferir as suscetibilidades dos familiares que deixara por aqui. Nos 16 Livros que se seguiriam, temas complexos de Anatomia, Fisiologia, Fisiopatologia e outros relativos à diversas especialidades médicas são abordados sob a Ótica do Médico Desencarnado, que não se contenta em antecipar novos avanços nas mais diversas áreas da Medicina, mas também inaugura um novo paradigma dentro das Ciências Médicas, onde a Mente, ou Psique, ou Espírito tem lugar diferenciado. O mais espantoso é que tudo que disse há mais de 60 anos, hoje se cumpre ou caminha para ser realidade. As novas descobertas na Psiconeuroimunoendocrinologia, nos conhecimentos sobre a Neuroplasticidade, nos Intrincados Mecanismos Moduladores dos Neurotransmissores, da própria Neuropsicologia e até da Psicoterapia Cognitiva não vêm confirmar a primazia desta Entidade Virtual chamada Psique ou Alma sobre as estruturas cerebrais normais?

O Dr. André Luiz, no prefácio desta sua primeira obra, “Nosso Lar”, teceu considerações sobre a sua postura de Homem do Mundo, segundo consta, Médico e Cientista de renome, mas que, como nós outros, pouco se abalava diante das grandes questões da vida e da morte. Pelas suas palavras “A Filosofia do Imediatismo, porém, absorvera-me”. “A existência terrestre que a morte transformara, não fora assinalada de lances diferentes da craveira comum”. Empedernidos materialistas ou indefinidos agnósticos, têm rejeitado tais revelações, tidas à conta de alucinações ou delírios do Médium. Ora, o simples fato deste abordar proficientemente temas médicos intrincados, inobstante a sua educação de curso primário, já é por si um fenômeno que mereceria, no mínimo, ser estudado. Se tivesse nascido na Índia, o Chico seria considerado um Mestre, e teria sido objeto de consideração e estudo por Filósofos e Cientistas do mundo inteiro. Ora, muito mais fantásticas e maravilhosas, além das provas de sobrevivência da alma, cujo estudo científico criterioso já se faz há mais de 150 anos, são as novas descobertas trazidas pela Física Quântica ou pela Astrofísica. Estas, então, beiram o delírio, e seriam anatematizadas pelos dogmas científicos dos séculos XIX e XX. Sim, permitindo-nos uma pequena digressão, vem a Física Quântica nos dizer que o que vemos e pegamos são apenas ilusões criadas pelos campos de força das micropartículas e que estas também podem se comportar como ondas; que os elétrons têm a probabilidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo e que o Modelo Planetário do Átomo já estaria superado; que o que vemos como real e material é tudo na verdade espaço vazio, e caso

o tirássemos dentre as Moléculas do Maior Edifício do Mundo, este ficaria do tamanho de um Alfinete, mas com o mesmo peso; que a matéria não passa de uma forma de organização de energia, intercambiável com esta. Conquanto às vezes desconcertante para os nossos paradigmas, a Mecânica Quântica é considerada a teoria científica mais abrangente, precisa e útil de todos os tempos. Quem ousaria, hoje, definir o que seja a Matéria? Os astrofísicos nos dizem agora que a matéria que vemos no Universo sob a forma de estrelas, galáxias, bura-

O que julgamos ser tudo, é apenas uma parte infima da matéria existente

cos negros etc..., e que julgávamos ser tudo, corresponde a apenas uma parte ínfima da matéria existente (0,4% de estrelas e 3,6% de gás intergaláctico), contra 23% de matéria escura e 73% de energia escura, sobre as quais nada se sabe, exceto a imensa força gravitacional que exercem, estruturando as galáxias e as afastando entre si, expandindo o Universo. Isso não corresponde a afirmações ou teorias abstrusas (confusa, difícil de compreender), mas a deduções matemáticas de fenômenos observáveis. Depois disso tudo, é moleza acreditar em Deus, na sobrevivência da

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alma à morte do corpo e no mundo espiritual. A matéria mais sutil é a mais real e vivemos num Universo de insuspeitáveis forças e energias, que escapam à extrema pobreza dos nossos sentidos e por que não, também do nosso apoucado entendimento. E ainda nos arrogamos doutos e sábios. Alguns até olham os “crédulos” com indisfarçável desprezo, tratandoos com condescendência e ironia. Faz parte da pose de douto e sábio ser incrédulo. Combina e faz charme.

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A propósito, para André Luiz o choque da passagem para outra realidade, tal como pode acontecer a qualquer momento, a qualquer um, abriu-lhe os olhos para realidades que não cogitara ou preferira ignorar. E não foi sem sofrimento que a consciência lhe cobrou uma reavaliação de valores e atitudes assumidas no Mundo: “Em momento algum o problema religioso surgiu tão profundo aos meus olhos”. Os princípios puramente filosóficos, políticos e científicos, figuravamme agora extremamente secundários para a vida humana. (...) verificava

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| biografia |

Jerônimo Mendonça que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual. “Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem”. Há que se concluir que por fé não queria exprimir a simples adesão a um segmento religioso, mas a consideração da transcendência de nossas vidas, com objetivos mais elevados que a simples luta pela sobrevivência. Nesta equação, a fé na existência de Deus e de um fio condutor em nossos destinos que nos aponta claramente para a evolução e o aperfeiçoamento constante do espírito, faz toda a diferença. Muda-se o referencial dos valores e a ordem das prioridades. Em toda a sua obra, André Luiz mostra-nos, sobretudo, a realidade transcendental de que somos espíritos imortais envergando corpos físicos, com estes interagindo, influenciandoos e por eles sendo influenciados; para que com esta consciência não passemos para o outro lado assim como ele, que desabafa: “Enfim, como flor de estufa, não suportava agora o clima das realidades eternas”. Tal como o nosso escritor, vivemos o dia-a-dia na terra, cercados de facilidades ou de dores, preocupados com o amanhã de nossas mesquinhas necessidades, mas como se fôssemos assim viver pela eternidade. A brevidade da vida não nos toca. Se nós somos apenas um subproduto da matéria que milagrosamente pensa ou se somos algo transcendente e consciente que, pelo contrário, anima a matéria, são conjecturas que não costumam tirarnos o sono. No entanto, a cada minuto, a cada dia, mais nos aproximamos do confronto com a verdade final. Francisco Candido Xavier, pelo Espírito André Luiz, médico espiritual

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Por Orson Peter Carrara

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m novembro próximo podemos recordar o extraordinário vulto de Jerônimo Mendonça, exemplo de paciência e amor ao próximo, de coragem e determinação no bem. É que exatamente em novembro de 2009 comemora-se 70 anos de seu nascimento, ocorrido no dia 1 de novembro de 1939 e 20 anos de sua desencarnação que ocorreu no dia 26 de novembro de 1989. Paralisado numa cama ortopédica por 30 anos, movendo apenas a boca e os olhos – embora também cego – tornou-se conhecido como o Gigante Deitado, face à extensão de suas obras em torno do ideal espírita e do amor ao próximo. Afinal, embora sua extrema limitação física publicou vários livros, fundou instituições e percorreu o Brasil proferindo palestras, consolando almas e fornecendo na própria condição exemplos de coragem e determinação no bem. Sua voz forte, seu ânimo inquebrantável, apesar das dores que sentia em função de problemas cardíacos e da própria paralisia total dos membros, fizeram-no conhecido, respeitado, querido e sempre requisitado para palestras e diálogos com grandes ensinamentos, incentivando obras de causas sociais e de divulgação do Espiritismo. Para qualquer pessoa que o tenha conhecido, tornou-se impossível esquecê-lo, especialmente porque a bondade de suas palavras, a confiança em Deus que transmitia, os exemplos de fé sempre foram contagiantes. Escreveu os livros: Crepúsculo de um Coração, Cadeira de Rodas, Nas pegadas de um Anjo, Escada de Luz, De mãos dadas com Jesus e Quatorze anos depois (em co-autoria). Por sua vez, Jane Martins Vilela publicou a importante obra biográfica O Gigante Deitado (ed. O Clarim)

“Todos os ramos de seguro”

Jerônimo, em novembro comemora-se 90 anos de seu nascimento

e Maria Gertrudes assinou Jerônimo Mendonça – Sua Vida e sua Obra, tendo organizado também Flores do Coração, de autoria de Jerônimo. Infelizmente, a maioria das obras desse autor encontram-se presentemente esgotadas. Recentemente, todavia, a Petit lançou o excelente Asas da Liberdade, na psicografia de Célia Xavier Camargo e assinado pelo mesmo e querido Jerônimo. Agora, no ano em que se alcança, coincidentemente, números inteiros comemorativos ao nascimento e desencarnação, conforme acima apontado, o escritor e palestrante Jamiro dos Santos Filho, de Araguari-MG, lança mais uma obra alusiva a esse expressivo vulto do movimento espírita: Chico Xavier e Jerônimo Mendonça – a Fórmula da Felicidade, pela Mythos Books. Para aquele em que a felicidade seria virar de lado (em resposta à pergunta sobre o que seria a felicidade para ele), a obra apresenta a fórmula da felicidade, revelada por Chico Xavier a Jerônimo, quando ambos

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ainda se encontravam encarnados, e que este último citou numa palestra. Agora o escritor Jamiro publica a fórmula no referido livro. O ano de 2009 sugere, pois, relembrar esse querido autor e incomparável gigante. Sua voz ainda ecoa nos ouvidos daqueles que o conheceram. Um gigante mesmo na coragem, na determinação, no exemplo, na fé, no amor ao próximo, na perseverança. Será de muita utilidade relembrar sua biografia, sua história, seus exemplos e seus livros para que o público mais jovem e mais recente no movimento espírita tenha conhecimento desse vulto extraordinário que esteve conosco e que há tão pouco tempo retornou, agora livre das amarras de um corpo em dificuldades. Muitas instituições o homenageiam com seu nome, em justa homenagem. Eis o momento de novamente divulgar e relembrar os feitos e exemplos de um homem incomparável.

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| cultura espírita |

As treze almas do Joelma – ficção de crenças Por Eduardo Mendes O PASSADO DE CHAMAS elembrando o pretérito de tragédia nacional, o edifício “Andraus”, localizado na esquina da Avenida São João com a Rua Pedro Américo, centro de São Paulo, foi palco, em 24 de fevereiro de 1972, de uma das maiores tragédias com incêndio, resultando em 16 mortos e 330 feridos. Logo após, dois anos mais tarde, outra coincidente tragédia, e no mesmo mês, em 1º de fevereiro de 1974, os 25 andares do edifício “Joelma” tornaram-se miniaturas de um inferno, tal como visto às altas labaredas

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tentavam refugiar-se no telhado do prédio, onde a temperatura chegou a 100 graus rapidamente. Disse o administrador sobrevivente, Mauro Cordeiro:“ A sola do meu sapato derretia. Quando levantava a cabeça via horrores. Vi uma menina de 15 anos que, ao pular, usava um guardachuva como pára-quedas”. No fim do dia, 18 pessoas haviam se atirado do prédio. O Edifício Joelma, não tinha escadas de emergência e, sem lugar para fugir, só havia duas opções, ou a escada “Magirus” do corpo de Bombeiros ou o dificultoso resgate pelo helicóptero. A tragédia suscitou o debate sobre a segurança dos edifícios que

um telefonema e foi para o local. O trânsito estava caótico, chegando lá, se prontificou a ajudar. Vendo que as mangueiras dos caminhões de bombeiros estavam com defeito, ajudou os manobristas com a retirada dos veículos e consertou as mangueiras do prédio, que estavam na garagem. Após este incêndio o prédio ficou interditado por quatro anos para as devidas obras e, quando terminou, o prédio foi rebatizado como Edifício “Praça da Bandeira”, porém, carregado de mistérios e com a fama de mal-assombrado.

BIOGRAFIA DO LOCAL No passado, até o ano de 1850, o local do Edifício Joelma era um pelourinho. Funcionava ali perto o mercado de escravos, mas os desobedientes eram levados ali para o castigo. Já no começo do século XX, construiu-se ali um palacete que, no ano de 1948, virou um casarão. Porém, havia um professor de química orgânica, chamado Paulo Camargo, 26 anos, que morou naquele local com a mãe, Dona Benedita, e as irmãs, Cordélia e Maria Antonieta. Ele A tragédia suscitou o debate sobre a segurança dos edifícios que veio à tona com o Andraus acabou por assassinar a tiros a mãe e as duas irmãs e enterem chamas. A causa veio de uma veio à tona, dois anos antes, com o rou seus corpos no quintal, no fundo sobrecarga elétrica, que gerou um incêndio do “Andraus”, onde muito se de um poço. O sumiço misterioso das três curto-circuito no sistema de ar-con- falava numa provável “ponte” de um dicionado, dando início ao fogo. O prédio ao outro, para meio de fuga, mulheres e uma série de coincipânico tomou conta dos funcionários além de maior vazão sobre as escadas dências e contradições levou Paulo a ser o principal suspeito dos desado Banco “Crefisul” que, até então, de emergência externas. O drama poderia ter sido maior se parecimentos. Houve um vizinho desesperados, ocupavam a maior parte dos andares daquele prédio. O não fosse a atuação de José Roberto bisbilhoteiro que do alto de uma resultado da tragédia foi assombroso: Viestel, um colaborador que estava árvore viu tudo e contou para os 188 mortos e 345 feridos. Pessoas em sua residência quando recebeu policiais. No momento em que a polí-

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cia começou a escavar, Paulo pediu para ir ao banheiro, onde se trancou e suicidou-se com um tiro no coração. Na época, surgiram duas versões para o crime. A primeira era de que a família do professor se opunha ao relacionamento dele com a namorada. A outra é que ele assassinou a mãe e as irmãs porque elas estavam gravemente doentes e ele não tinha como cuidar delas. Um dos bombeiros que participou do resgate dos corpos, morreu de infecção cadavérica e o crime abalou a população de São Paulo, ficando conhecido como “O Crime do Poço”. O lugar ganhou fama e vinte seis anos mais tarde, deu lugar à construção do conhecido Edifício “Joelma”. DO DRAMA À FAMA O Edifício localizado na esquina da rua Sto. Antonio com Av. Nove de Julho, centro da Capital Paulista, em 1979, tornou-se roteiro do filme: “JOELMA 23º ANDAR”, baseado no livro “SOMOS SEIS”, na psicografia do médium Chico Xavier, pelo qual se conta a história de uma garota que previu o incêndio. O papel da protagonista foi interpretado pela atriz Beth Goulart e o filme teve uma boa divulgação para o Espiritismo em todo o país, bem como tiveram os dois “Pinga-Fogos”, apresentados pela extinta TV TUPI em 1971. A película narra a história de uma jovem chamada Volquimar, que vivenciou o drama como uma das vítimas e, momentos após seu desencarne, apareceu ao lado da mãe que estava desesperada por notícias. Então, explica para mãe que não estava mais entre nós, os encarnados, que estava bem e pedia para mãe acatar os desígnios da Providência Divina sobre sua morte. No filme usaram trechos reais sobre as vítimas que pulavam das janelas como bonecos a cair e outras que se abrigavam no último andar, na expectativa de serem resgatadas pelo helicóptero. A cena da morte dos persona-

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é real. Mas o que seria exatamente real na forma mais expressa a todos estes enigmas? O assombro dos escravos, do professor, da mãe e das irmãs enterradas no poço, das 188 vítimas carbonizadas ou os milagres e as crendices atribuídas às 13 almas mortas no elevador? Muitas vezes se busca comO MISTÉRIO DAS TREZE ALMAS preender os mistérios por várias Este foi o maior desastre paulistano nuançias, atribuindo-se às crendices da segunda metade do século paso que não se compreende sado, matando 188 pessoas, a por certos enigmas espirimaioria carbonizada e deixou tuais. De outras vezes, faz-se mais de 300 feridos, sobrando um caminho mais tortuoso, apenas 13 vítimas sem idencriando-se sustentação aos tificação, as quais morreram costumes e aos ditos particupresas num dos elevadores lares, sobre os acréscimos de e foram chamadas de “Às 13 certas questões no sentido almas do Joelma”. religioso. É certo, porém, que Entre as crenças impronão se pode ignorar que boa fícuas e a realidade, essa parte das antigas religiões, tragédia comoveu a cidade mistificaram, amaldiçoaram, e os legistas tiveram muita excomungaram e mitificadificuldade para identificar os ram em torno das lendas, 13 desconhecidos. Segundo criando os mitos com o informações do serviço funeprático objetivo de dominar rário, estes foram enterrados pelo medo, promovendo as como indigentes, todos adulmuitas formas cabalísticas tos, cinco deu-se a saber que e ritualísticas de seus cultos eram mulheres, dois homens incultos. Foram em torno e não foi possível determinar o sexo dos seis restantes, Foto “misteriosa” tirada durante as filmagens de “Joelma 23º Andar”, onde aparecem vultos dessas lendas que as crenças improfícuas se formaram e em razão do estado que se delas surgiram às religiões do encontravam seus corpos. Em seguida, foram sepultadas se materializou oração “Às 13 Almas”. um enigma à parte nos elevadores, louvor ao sagrado, o maravilhoso, o entre 6 de fevereiro e 1º de março do Dentro da capela do Cemitério São local onde morreram aquelas treze divino, o místico e ao “espírito santo” ano da tragédia.Seus corpos nunca Pedro encontra-se milhares de san- pessoas: “Às vezes pára no andar na forma de uma pomba pelo mito foram reclamados pelos familiares. tinhos informando como conseguir sem ninguém chamar e outras, cristão. Assim nos adverte a Doutrina Nos anos seguintes, às vezes, apare- uma graça. Há também, ao redor dos fica parando em andares ímpares”. ciam alguns prováveis parentes. Mas jazigos, dezenas de pedras com dize- Em apenas dois pisos abaixo, diz a dos Espíritos que têm seu conceito não houve exumação. Os desconhe- res de agradecimentos junto às tigelas secretária Léa Asakawa, de 39 anos, filosófico-religioso legado pela moral cidos foram sepultados no Cemitério e copos que contém água e leite para admitindo ter medo: “Procuro não evangélica, a qual nos diz que religião São Pedro, na Vila Alpina, Zona Leste acalmarem os espíritos. Diz o coveiro pensar nisso. Da janela, vejo a Cate- não é algo que devemos assimilar ou da Capital. Enterrados lado a lado, os Ronilton dos Santos, com um galho de dral da Sé e me sinto protegida”. Nas adorar cegamente, assim como fazem corpos deram origem ao mistério das arruda na orelha: “O povo diz isso, mas dezenas de salas vazias a tentativa o domínio dos cultos ao fanatismo, das “Treze Almas” e a elas foram atribuí- nunca ouvi nada!”. de libertar o local dos espíritos que orações insanas, quais se diversificam nos altares das vaidades humanas ou dos milagres. Não é difícil encontrar quem seja vagueiam por ali é grande. entre aqueles que se elevam acima testemunha da proteção dessas 13 O SURGIMENTO Almas. PRELÚDIO PARA O ESPIRITISMO do discernimento do Cristo. Foi assim DE UMA CRENÇA A devoção é tamanha que, para As histórias em torno deste que criaram às intervenções milenares Após essa tragédia, histórias e mis- organizar as visitas aos jazigos, o Cemi- assunto geraram um grande misté- das quimeras apostólicas, dogmátitérios fazem parte do antigo “Joelma”. tério teve que colocar uma placa de rio. Uns acreditam, outros duvidam cas, sentenciando a ignorância pelo Reza a lenda que, à noite, as treze orientação, proibindo copos de leite e alguns têm certeza de que tudo domínio da aversão em repúdio da

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gens foi registrada por um fotógrafo. Quando reveladas, estranhamente mostravam rostos de pessoas que não estavam nas filmagens. Segundo testemunhas, os espíritos dos mortos vagueiam ainda hoje nas dependências do edifício.

almas dos que morreram carbonizados, gritam de agonia e só se acalmam com “água” para matar a sede e “leite” para desintoxicar-se. Com o tempo, formou-se uma reunião de devotos, os quais ganharam um terreno definitivo, doado pela prefeitura, nos anos 80, com capela própria para venerarem as vítimas como “santas”. Para os fiéis, a crença surgiu em torno dos “13 desconhecidos” donde

e pedindo que os usuários só coloquem água sobre as campas e com muita moderação. Neste local, há um monitoramento constante para evitar focos do mosquito da dengue. Hoje, o remodelado Edifício das Bandeiras está funcional e das 30 salas comerciais, só 11 estão ocupadas. Há anos no prédio no 21º andar, diz Eduardo Strabelli, de 49 anos, da Fundação Mário Covas, que existe

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igualdade, castrando-se a liberdade da alma as sujeições dos anátemas. Sabemos que os fenômenos mais insólitos não pertencem à classe das coisas “inexplicáveis”, por sentença da maldição ou dos milagres divinos, mas, sobretudo, à razão específica de ser e acontecer, conforme a quântica vontade de Deus, expressa nas Leis da Natureza. Portanto, os denominados “espíritos”, não pertencem exclusivamente à classe da organização elaborada por Allan Kardec, o Espiritismo, exis-

da própria alma, pelo imperativo da arsenais dos mitos e dos místicos, das que restou da velha Roma dos Césamediunidade corregedora. Inclua-se manias contraproducentes as quais res, pela formação de Constantino ao aí as formas aparentes daquilo que estão em desacordo com a caridade “cristianismo burguês” que ele mesmo captamos (pelo chamado sexto sem fronteiras, despertando adian- declarou por sua particularidade e sentido) do que vemos e ouvimos tamento para unificação pelo amor, resistência à reencarnação, dentre sob nossas intuições, favoráveis ou por razões que são cabedal para outros artigos que sobreveio aos não à qualificação fluídica que dê aqueles que vibram, ignorantes, como Concílios, da primazia dos “credos” abrigo aos espíritos manifestantes, as mortos do lado de lá e para os inábeis apostólicos: pela criação do medo quais são necessárias ao aprendizado materialistas que urgem, sentenciosos, e a calcificação da ignorância, nos fanatismos corporativistas os quais regenerador, por ambos os lados chorosos e aflitos, do lado de cá. são chamadas de obscuridades que da vida e da morte. É assim que são se contrapõem a física de Deus. atribuídos esses desfavorecimentos FINAL Chico Xavier, no momento do É possível ainda nutrir um sentià mediunidade inconsciente, pelos quais se dão independentemente da mento de confiança em relação a um incêndio, participava de uma reunião nossa consciência e que provocam grupo de pessoas, como a um objeto num centro espírita em Uberaba, MG. acentuado medo à sensibilidade inanimado, uma ideologia, um pensa- E assim que ouviu a notícia do incêndio desses manifestos em ocorrências mento filosófico, um sistema qualquer pelo rádio, ele e seu grupo fizeram uma fantasmagóricas, nos lugares chama- ou até mesmo um conjunto de regras prece a todas às vítimas. Chico recebeu dos “mal-assombrados”. É isso que se e ditos populares, que estejam eivados uma mensagem de seu mentor espiridá o desconhecimento desta mediu- de crenças pelo velho sobejo milenar. tual, Emmanuel, na qual dissera que o incêndio era conseqüência de nidade, pavor e medo. uma desencarnação coletiva Portanto, não existem violenta, por força das provas trevas onde há luz, não existe redentoras. ignorância onde há conhePortanto, saibamos que, cimento, não existe mentira independentemente de onde há verdade, não exiscrenças ou religião que por tem conflitos onde há paz. hora professamos, caberá Contudo, existe temor onde sempre aos benfeitores do há mistérios por desconhePlano Maior, bem como aos cimento. É o que acontece Livro: Repositório de Sabedoria esclarecidos do plano físico, àquele lugarejo do Joelma, Volume 2 – Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de remanejar nossas idéias à arena dos tormentos escraÂngelis, compilado por Antônio César Perry de Carvalho vagistas, das mortes pelo LEAL - Livraria Espírita Alvorada Editora divina luz da eternidade pelo absolutismo do que somos professor Paulo Camargo, sendo por último o palco das chamas, Mas aqui nos referimos ao mistério como consciências universais, “almas finalizado pelos 13 desconhecidos e que ronda a maldição que criaram em santas”, autoras das próprias conseqüsantificados por seus corpos carbo- torno daquelas pobres almas, sobre ências pelas leis benfeitoras da Terra nizados. Compreendamos, portanto a forma da oração que as prende – amostras redentoras no palco da que, sobretudo, entre os sofrimentos continuamente ao rito dos últimos vida. E, antes que ocorra aquilo que e beatificação das almas, existe a moral instantes, sofridos naquele elevador. nos leve à desencarnação, seja por evangélica que é dignamente repre- Contudo, quem poderia categorizá- doenças, acidentes ou até mesmo sentada pelo Espírito “O Consolador las como santas, se sabemos que a morte natural, saibamos que o da Verdade” – que esclarece as Leis os “santos” são ordenados pela voz particularismo dentre as devoções de Ação e Reação pelos ensinamentos da Igreja? Coisa que, até então, não é o mal que ainda segue os trâmites do Espiritismo. Assim sendo, não há sabemos se ela mesma, a Igreja, reco- das necessidades improfícuas, bem mistérios e nem rituais que resistam nhece. Portanto, independentemente como os dogmas. Contudo, serea uma análise profunda e séria, dada deste poder, quem teria dado a Igreja mos assim, assistentes portadores pelo crivo da lógica e da razão, por tal poder de canonizar pessoas como e co-autores diretos das moléstias mais que se considere indecifrável. santas, senão, a sua própria interpre- alheias, responsáveis tanto pelo mal E a esse paradoxo acrescentamos a tação particular, pelas tendências que criamos no esboço das ilusões, fórmula sem rituais: “Não basta crer, é dogmáticas de seus mandatários? quanto ao corporativismo dos quais preciso compreender”! O Espiritismo Velhas heranças de um passado de participamos, retardando o progresso é a luz que chegou para derrocar os trevas e de vergonhas humanas é o da humanidade.

“Com Jesus, o Libertador, deixa à margem do caminho crendices, superstições, ilusões, e cresce para o serviço da tua e da redenção de todos”.

As chamas tomaram conta do prédio

tem desde sempre e são inteligências independentemente da nomenclatura que queiram lhes atribuir, antes ou depois da Codificação. É a isso que o Espiritismo decodifica como séries demoníacas das idéias místicas, sobre as crendices que, independentemente de seu fanatismo, se afiguram pelas necessidades em trâmite do conhecimento e desenvolvimento

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| doutrina |

Quem são os espíritas Tudo o que contraria a lógica e o bom senso não é espiritismo e locais que cobram consultas, fazem rituais e acendem velas, não é espiritismo

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ue é o espiritismo, quem são os espíritas, o que fazem e com que finalidade? É curioso observar, numa época onde a informação entra em nossa casa através da Internet, já não se justifica tanto desconhecimento assim. Mas, também temos de avaliar que afinal nem todas as pessoas se sentem seduzidas por esta matéria a ponto de buscarem a vastíssima informação que existe. Daí a pergunta: Mas, afinal, quem são os espíritas? A Doutrina Espírita é o pensamento debruçado em si mesmo a fim de ajustar-se a realidade. O espiritismo está ligado à cultura, ao desenvolvimento de pensamento dialético, e nada tem a ver com charlatanice, superstição, crendices, bruxarias, magias. Dialética é a Arte de raciocinar; lógica; arte de argumentar ou discutir; modo de filosofar que busca a verdade por meio de oposição e reconciliação de contradições (lógicas ou históricas). Os espíritas são pessoas perfeitamente normais, com os seus empregos, famílias, e que, nas suas horas livres, se dedicam, GRATUITAMENTE, ao estudo, prática e divulgação do espiritismo. Nesse contexto, não são espíritas aqueles que lucram, exploram ou

enganam em nome do Espiritismo, os que se ocupam de cartomancia, sortilégios ou adivinhações, para iludir os seus semelhantes, os que mistificam ou se atribuem falsas faculdades em cujo fundo está o absurdo, fanatismo ou interesse, os que recebem, direta ou indiretamente qualquer remuneração pela assistência que prestam ao seu semelhante, os que colocam anúncios em jornais divulgando os seus dotes e prometendo curas e resolução de problemas. No Livro dos Médiuns, Kardec assevera que a mediunidade séria não pode ser e não será nunca uma profissão. O espiritismo surgiu em meados do século XIX, através da pesquisa, da experiência, da observação, compa- Essa filosofia vem dizer-nos que a reencarnação é uma realidade ração e repetição dos fatos, utilizando o método experimental e método Essa filosofia vem dizer-nos que a melhorar o mundo, tornando-o indutivo. Dessa componente científica, a reencarnação é uma realidade, que mais fraterno, mais pacífico, mais aparece toda uma filosofia nova, já vivemos antes desta existência tolerante, explicando às pessoas revolucionária, que veio abalar o terrestre e que cá voltaremos mais do porquê da vida, de onde vêm e mundo mergulhado no preconceito vezes dentro das nossas necessidades para onde vão, das causas dos seus evolutivas, vem dizer-nos que de um sofrimentos e alegrias, mostrando o e no fanatismo religioso. Essa filosofia vem dizer-nos, muito modo geral todos os planetas são sentido que a vida tem dentro destes sucintamente, que existe um Criador habitados pelos Espíritos, com corpos conceitos que estão bem expostos do universo, a quem chamamos Deus, diferentes, de acordo com a organiza- em cinco livros, que são obrigatórios ção física de para quem quiser conhecer o espivem dizer-nos cada planeta. ritismo: «O Livro dos Espíritos», «O que ninguém Os espíritas são pessoas Dessa filoso- Evangelho segundo o Espiritismo», morre, que perfeitamente normais, com fia que emana «O Livro dos Médiuns», «A Gênese» somos Espída experiên- e «O Céu e o Inferno», todos eles de ritos imortais os seus empregos, famílias, cia, da ciência, Allan Kardec. temp or ar ia e que, nas suas horas livres, De tal modo os seus conceitos advém um mente num componente são universais que qualquer pessoa, corpo de se dedicam, gratuitamente, m o r a l, qu e seja católica, budista ou ateu, em carne e que ao estudo, prática e nos deixa os qualquer parte do mundo, pode a vida desdodivulgação do espiritismo ensinamen- estudar espiritismo e pode chegar bra-se em dois tos de Jesus às mesmas conclusões se puser em planos, ora no mundo terreno ora no mundo espi- de Nazaré como um trajeto garantido prática os ensinamentos práticos conritual; vem provar-nos a imortalidade a seguir, explicando os Espíritos que tidos em «O Livro dos Médiuns». Portanto tudo o que contraria a da alma, através da mediunidade, Jesus foi o ser mais perfeito que já lógica e o bom senso não é espirionde através dos médiuns, aqueles esteve à face da Terra. O espiritismo, não é mais uma tismo e locais que cobram consultas, que nos precederam na grande viagem vêm dizer que estão tão religião, não é mais uma seita, mas fazem rituais e acendem velas, não vivos como nós, vêm contar as suas sim uma doutrina universalista que é espiritismo. A Doutrina Espírita é alegrias ou tristezas, vêm dar provas procura através da prática dos ensi- a libertação de toda a superstição, irrefutáveis da imortalidade da alma. namentos morais de Jesus, auxiliar crendice e sobrenatural.

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| artigo |

Visão espírita sobre a Páscoa Por Marcelo Henrique Pereira

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osso pensamento e nossa emoção, ambos cristãos, manifestam nossa sensibilidade psíquica. Deixando de lado o apelo comercial da data, e o caráter de festividade familiar, a exemplo do Natal, nossa atenção e consciência espíritas requerem uma explicação plausível do significado da data e de sua representação perante o contexto filosófico-científico-moral da Doutrina Espírita. Deve-se comemorar a Páscoa? Que tipo de celebração, evento ou homenagem é permitido nas instituições espíritas? Como o Espiritismo visualiza o acontecimento da paixão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus? Em linhas gerais, as instituições espíritas não celebram a Páscoa, nem programam situações específicas para “marcar” a data, como fazem as demais religiões ou filosofias “cristãs”. Todavia, o sentimento de religiosidade que é particular de cada ser-Espírito, é, pela Doutrina Espírita, respeitado, de modo que qualquer manifestação pessoal ou, mesmo, coletiva, acerca da Páscoa não é proibida, nem desaconselhada. O certo é que a figura de Jesus assume posição privilegiada no contexto espírita, dizendo-se, inclusive, que a moral de Jesus serve de base para a moral do Espiritismo. Assim, como as pessoas, via de regra, são lembradas, em nossa cultura, pelo que fizeram e reverenciadas nas datas principais de sua existência corpórea (nascimento e morte), é absolutamente comum e verdadeiro lembrarmo-nos das pessoas que nos são caras ou importantes nestas datas. Não há, francamente, nenhum mal nisso. Mas, como o Espiritismo não tem dogmas, sacramentos, rituais ou liturgias, a forma de encarar a Páscoa (ou a Natividade) de Jesus, assume uma conotação bastante peculiar. Antes de mencionarmos a

significação espírita da Páscoa, faz-se necessário buscar, no tempo, na História da Humanidade, as referências ao acontecimento. A Páscoa, primeiramente, não é, de maneira inicial, relacionada ao martírio e sacrifício de Jesus. Veja-se, por exemplo, no Evangelho de Lucas (cap. 22, versículos 15 e 16), a menção, do próprio Cristo, ao evento: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão. Porque vos declaro que não tornarei a comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus.” Evidente, aí, a referência de que a Páscoa já era uma “comemoração”, na época de Jesus, uma festa cultural e, portanto, o que fez a Igreja foi “aproveitar-se” do sentido da festa, para adaptá-la, dando-lhe um novo significado, associando-o à “imolação” de Jesus, no pós-julgamento, na execução da sentença de Pilatos. Historicamente, a Páscoa é a junção de duas festividades muito antigas, comuns entre os povos primitivos, e alimentados pelos judeus, à época de Jesus. Fala-se do “pesah”, uma dança cultural, representando a vida dos povos nômades, numa fase em que a vinculação a terra (com a noção de propriedade) ainda não era flagrante. Também estava associada à “festa dos ázimos”, uma homenagem que os agricultores sedentários faziam às divindades, em razão do início da época da colheita do trigo, agradecendo aos Céus, pela fartura da produção agrícola, da qual saciavam a fome de suas famílias, e propiciavam as trocas nos mercados da época. Ambas eram comemoradas no mês de abril (nisan) e, a partir do evento bíblico denominado “êxodo” (fuga do povo hebreu do Egito), em torno de 1441 a.C., passaram a ser reverenciadas juntas. É esta a Páscoa que o Cristo desejou comemorar junto dos seus mais caros, por ocasião da última ceia. Logo após a celebração, foram todos para o Getsêmani, onde os discípulos invigilantes adormeceram,

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A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa

tendo sido o palco do beijo da traição e da prisão do Nazareno. Mas há outros elementos “evangélicos” que marcam a Páscoa. Isto porque as vinculações religiosas apontam para a quinta e a sextafeira santa, o sábado de aleluia e o domingo de páscoa. Os primeiros relacionam-se ao “martírio”, ao sofrimento de Jesus – tão bem retratado na película hollyodiana “A Paixão de Cristo” (de Mel Gibson) –, e os últimos, à ressurreição e a ascensão de Jesus. No que concerne à ressurreição, podemos dizer que a interpretação tradicional aponta para a possibilidade da mantença da estrutura corporal do Cristo, no post-mortem, situação totalmente rechaçada pela ciência, em virtude do apodreci-

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mento e deterioração do envoltório físico. As Igrejas cristãs insistem na hipótese do Cristo ter “subido aos Céus” em corpo e alma, e fará o mesmo em relação a todos os “eleitos”, o chamado “juízo final”. Isto é, pessoas que morreram, pelos séculos afora, cujos corpos já foram decompostos e reaproveitados pela terra, ressurgirão, perfeitos, reconstituindo as estruturas orgânicas, do dia do julgamento, onde o Cristo, separará justos e ímpios. A lógica e o bom-senso espíritas abominam tal teoria, pela impossibilidade física e pela injustiça moral. Afinal, com a lei dos renascimentos, estabelece-se um critério mais justo para aferir a “competência” ou a “qualificação” de todos os Espíritos. Com

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| exemplo de vida |

O silêncio dos inocentes “tantas oportunidades quanto sejam necessárias”, no “nascer de novo”, é possível a todos progredirem. Mas, como explicar, então as “aparições” de Jesus, nos quarenta dias póstumos, mencionadas pelos religiosos na alusão à Páscoa? A fenomenologia espírita (mediúnica) aponta para as manifestações psíquicas descritas como mediunidades. Em algumas ocasiões, como a conversa com Maria de Magdala, que havia ido até o sepulcro para depositar algumas flores e orar, perguntando a Jesus – como se fosse o jardineiro – após ver a lápide removida, “para onde levaram o corpo do Raboni”, podemos estar diante da “materialização”, isto é, a utilização de fluido ectoplásmico – de seres encarnados – para possibilitar que o Espírito seja visto (por todos). Igual circunstância se dá, também, no colóquio de Tomé com os demais discípulos, que já haviam “visto” Jesus, de que ele só acreditaria, se “colocasse as mãos nas chagas do Cristo”. E isto, em verdade, pelos relatos bíblicos, acontece. Noutras situações, estamos diante de outra manifestação psíquica conhecida, a mediunidade de vidência, quando, pelo uso de faculdades mediúnicas, alguém pode ver os Espíritos. A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa. Afinal, acredita-se que Jesus teria padecido em razão dos “nossos” pecados, numa alusão descabida de que todo o sofrimento de Jesus teria sido realizado para “nos salvar”, dos nossos próprios erros, ou dos erros cometidos por nossos ancestrais, em especial, os “bíblicos” Adão e Eva, no Paraíso. A presença do “cordeiro imolado”, que cumpre as profecias do Antigo Testamento, quanto à perseguição e violência contra o “filho de Deus”, está flagrantemente aposta em

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todas as igrejas, nos crucifixos e nos quadros que relatam – em cores vivas – as fases da via sacra. Esta tradição judaico-cristã da “culpa” é a grande diferença entre a Páscoa tradicional e a Páscoa espírita, se é que esta última existe. Em verdade, nós espíritas devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande – e última lição – de Jesus, que vence as iniqüidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que “permaneceria eternamente conosco”, na direção bussolar de nossos passos, doravante. Nestes dias de festas materiais e/ou lembranças dos sofrimentos do Rabi, possamos nós encarar a Páscoa como o momento de transformação, a vera evocação de liberdade, pois, uma vez despojado do envoltório corporal, pôde Jesus retornar ao Plano Espiritual para, de lá, continuar “coordenando” o processo depurativo de nosso orbe. Longe da remissão da celebração de uma festa pastoral ou agrícola, ou da libertação de um povo oprimido, ou da ressurreição de Jesus, possa ela ser encarada por nós, espíritas, como a vitória real da vida sobre a morte, pela certeza da imortalidade e da reencarnação, porque a vida, em essência, só pode ser conceituada como o amor, calcado nos grandes exemplos da própria existência de Jesus, de amor ao próximo e de valorização da própria vida. Nesta Páscoa, assim, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam para, um dia, também estarmos na condição experimentada por ele, qual seja a de “sermos deuses”, “fazendo brilhar a nossa luz”. Comemore, então, meu amigo, uma “outra” Páscoa. A sua Páscoa, a da sua transformação, rumo a uma vida plena.

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amilton Naki, um negro de 78 anos, morreu em maio de 2005. A notícia não apareceu nos periódicos, porém sua história é uma das mais extraordinárias do século XX. Naki era um grande cirurgião. Foi ele quem retirou do corpo da doadora o coração que foi transplantado em Louis Washkanki em 1967, na Cidade do Cabo, na primeira operação de transplante cardíaco realizada com êxito. Era um trabalho muito delicado. O coração doado teria que ser retirado e preservado com o máximo cuidado. Naki era o segundo homem mais importante na equipe que fez o primeiro transplante cardíaco da história. Porém, não podia aparecer porque era um negro no país do “APARTHEID” (regime racial entre brancos e negros). O cirurgião chefe do grupo, o branco Cristian Barnard, se transformou em uma celebridade instantânea. Porém, Hamilton Naki não podia sair nas fotografias da equipe. Quando apareceu em uma, por descuido, o Hospital informou que era um empregado do serviço de limpeza. Naki usava bata e máscara, porém jamais estudou medicina ou cirurgia. Havia abandonado a escola aos 14 anos. Era jardineiro na escola de medicina da Cidade do Cabo e começou limpando as jaulas, entretanto, era curioso e aprendia depressa. Aprendeu a técnica cirúrgica vendo médicos brancos que praticavam transplantes em cachorros e porcos. Transformou-se em um cirurgião tão excepcional que o Dr. Barnard o requisitou para sua equipe. Era um problema para as leis Sul-Africanas. Naki, negro, não podia operar pacientes ou tocar em sangue de brancos. Entretanto, o hospital o considerava tão valioso que fez uma exceção e o transformou em um cirurgião... “clandestino”. Contudo, isso não importava para Naki, seguiu estudando e dando o melhor de si que, apesar da discriminação, era o melhor. Dava aulas a

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Dr. Hamilto Naki, um exemplo de vida

estudantes brancos e ganhava salário de técnico de Laboratório, o máximo que hospital podia pagar a um negro. Morava numa barraca sem luz elétrica e nem água corrente, em um gueto da periferia, bem como correspondia a um negro naquele regime político. Hamilton Naki ensinou cirurgia durante 40 anos e se retirou do plano físico, com uma pensão de jardineiro, de 275 dólares por mês. Não levou nada com ele, a não ser a grandiosidade de seus préstimos. Quando o “Apartheid” terminou, concederamlhe uma condecoração e o título de médico “honoris causa”. Nunca reclamou das injustiças que sofreu ao longo de toda sua vida e era bem humorado, apesar da clandestinidade e da discriminação. Jamais deixou de dar o melhor de si, em sua paixão por ajudar as pessoas viverem. E nós, da equipe do Fraterno, adaptamos esse pequenino trecho para homenageá-lo. Obrigado Dr. Naki, por tudo que fizeste para humanidade em detrimento de seus próprios valores pessoais. Fica aqui uma grande reflexão: qual de nós se submeteria a tão largo exemplo? Eis o silêncio dos inocentes! Para os homens ele passou desapercebido, ignorado, mas, para Deus, ele chegou todo iluminado, cheio de possibilidades...

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Maio/Junho 2009 | Edição 35 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |

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| mensagem do seara |

Mãe querida

Amigos leitores... Mulher, capaz de dividir em partes iguais o seu amor, dedicação e cuidados a todas as vidas que lhe forem entregues... Por Jussara Ferreira da Silva

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este mês dedicado a elas, faço um convite para, juntos, adentrarmos o coração de uma MÃE... Uma mulher que carrega uma vida em seu ventre durante nove meses, que, aos poucos, toma contornos e formas delineadas, possíveis de serem vistas através de um equipamento de ultra-sonografia, sentindo o seu corpo se transformar para melhor acomodar esta vida... Uma mulher que aceita e acolhe todos os procedimentos, cirúrgicos ou não, para trazer esta vida ao mundo, provida de coragem e determinação para sentir dores, voltar para casa com esta vida nos braços e, ainda sentindo dores, acordar durante a noite quantas vezes forem necessárias para sentir o pulsar desta vida... Uma mulher que acolhe esta vida em seu peito, como reverência à força e amor do Pai Celestial, dando-lhe o alimento que aquecerá as suas necessidades enquanto a contempla com a energia necessária para o seu desenvolvimento... Uma mulher que aceita os desafios impostos por um dia repleto de trabalho, para manter esta vida suprida de suas necessidades, acolhendo-a nos braços em todos os momentos frágeis, orientando-a sobre as graças de se viver e sobre os perigos que poderá encontrar... Uma mulher que pede aos anjos do céu por proteção a esta vida entregando as suas preocupações e aflições de um novo dia que surgirá para contemplar esta vida com as experiências necessárias ao seu desenvolvimento pessoal e espiritual... Uma mulher que acolhe as deficiências desta vida, que a ampara com cuidados que o momento requer e a coloca nos seus braços para, juntas, superarem os momentos de preocupação até que estes sejam substituídos por outros de saúde e de tranqüilidade...

Uma mulher que vibra por esta vida diante de qualquer sinal de superação e a convida a rir e a chorar marcando o momento com preciosos sinais de amor e vitória, reconhecimento e agradecimento e, também, de dever cumprido... Uma mulher que é capaz de dividir com esta vida a experiência adquirida em tantos anos de observação, aprendizado, trabalho e dedicação para que ela pudesse crescer, se desenvolver e se destacar como ser humano voltado para o bem... Uma mulher que é capaz de dividir, em partes iguais, o seu amor, dedicação e cuidados a todas as vidas lhe forem entregues... Uma mulher que acolhe as decisões do Pai Maior quando uma vida lhe é retirada dos braços após tanta dedicação, reconhecendo que é chegada a hora da despedida... Uma mulher que continua a sua caminhada sentindo o coração transbordar de felicidade pela doação incondicional às vidas colocadas em seu caminho...e que agradece ao Pai Celestial, amigo desta caminhada, por ter cumprido o seu dever de MÃE junto a elas, filhos amados! É assim é o coração de uma MÃE, mas não é preciso entendê-lo...basta aconchegá-lo junto ao seu! Um abraço!

Torno a ver, nos meus dias de criança, O teu regaço, a lamparina acesa, O pequeno lençol que trago na lembrança, A oração da manhã e o pão à mesa... Varro o chão, a fitar-te as mãos escravas, Afagando o fogão, de momento a momento... A roupa e o batedouro em que cantavas Para esquecer o próprio sofrimento... Depois, era o tinir da caçarola, Aumentando a despesa no armazém... Vestias-me de renda para a escola E nunca me lembrei de ofertar-te um vintém. Cresci... A mocidade me requesta, Ante a cidade de qualquer maneira... Parti... – eu era a rosa para a festa, Ficaste... – eras a rústica roseira. De tudo vi na estrada grande e nova, As flores do prazer, o brilho, a fama, A malícia dourada e os suplícios da prova Marcando a pranto e fel os passos de quem ama... Hoje, volto a buscar-te, mãe querida, Dá-me de tua paz sem ilusão, Guarda-me em ti, amor de minha vida, Alma querida de meu coração.

TEREZA NESTOR DOS SANTOS Advogada Trabalhista

3449-2434/ 3654-2407/ 9284-4325 Rua Armando Binotti, 58 - V. Bussocaba Osasco - SP Entrada pela lateral do prédio digite ramal 30

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Chico Xavier, pelo espírito Maria Dolores

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