fraterno “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em qualquer época da humanidade” Allan Kardec
7 anos Divulgando a Doutrina Espírita
Jornal Bimestral | Edição 40 | Ano VII | Março/Abril de 2010
o movimento espírita e suas dependências “A indefinição de horizontes, a incerteza sobre as conseqüências de atitudes destrutivas e os descaminhos dos que preferiram criar atalhos diante de situações estabelecidas são aspectos que colocam a Humanidade, à deriva, em oceano revolto”. A sua natureza dita o padrão do seu comportamento, tal como o sapo e o escorpião.
citando fábulas de Esopo
Também nesta edição Editorial Da mediunidade à literatura............ 2 e 3 moral Cristã A administração...............................................3 O espírito na escola Renascer e ressurgir na escola........ 4 e 5 cultura espírita A perda de uma chancela.................... 6, 7 crônica O quanto de Boris existe em nós?........8 doutrina Mediunidade fácil e difícil...............................9 o sexo dos espíritos A atividade física, os trabalhos físicos.........9 momento fraterno Saudades................................................. 10 e 11 psicografia A semelhança das justificativas...........11 Artigo A mentirosa liberdade...................................12
Humberto de Campos
(O texto Cultura Espírita, é uma mensagem recebida em reunião pública, no dia 6 de Dezembro de 2009, no Celest - Centro Espírita Luz na Estrada – Castanheiras - Sabará – MG)
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| editorial |
Da mediunidade à literatura “Indiscutivelmente, sabemos que os gostos são muitos diversificados, mas quando falamos de qualidade referimo-nos a ascendência cultural”
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esta edição, exortamos os encargos da humanidade que, vez por outra ressurgem na psicofonia de entidades mais críticas ou na psicografia de algumas opiniões mais intensas, num reclame aos desacatos do amor universal. Assim, faz-se referência ao Espiritismo e às Federativas, aos congressos, às instituições, às casas, aos médiuns escritores, oradores como baluartes do Movimento, porém, a maior expressão de popularidade do Espiritismo em nosso meio tem sido a literatura. Aqui não estamos, porém, para degradar o Movimento Espírita e nem às demais dependências que dele provêm. Não obstante, observam-se indicações a livros indiferentes e frustrantes, com julgamentos errôneos e causadores de ilusões espirituais. Livros elaborados a partir do abusivo conceito de infidelidade e ditos espíritas, sem respaldo doutrinário, evidenciando os modernos “vendilhões do templo” que, não são mais aqueles mascates que agiotavam nas sinagogas, nos templos e nas igrejas, são agora os lobos manipuladores dos impositivos débeis aos frágeis conceitos da humanidade. Da ausência de conhecimento à falta de aptidão literária; se quisermos um mundo melhor, de igualdade e direitos, ao menos quando houver pessoas melhores, capacitadas e
instruídas da moral que vem de dentro e não daquela que sai da boca pelas hipocrisias, então, cresçamos de boas inspirações para desenvolver uma cultura sustentável e mais rica pela ordem divina. É nisto que se fez luz a literatura de qualidade, quando igualmente somos advertidos à mercê do mundo. Sobre esse caráter mediúnico e literário, destacamos na “Cultura Espírita” o fato da postura de muitos terem o vício da soberba e da ambição, onde contrariamente a virtude e tudo que dela procede, dependem a natureza, a afetuosidade, a simpatia e o entendimento de cada individuo no lidar com sua própria originalidade. Os intuitos divinos são frutos do desenvolvimento na criatura e seguem conforme a estatura moral dos milênios que dela procedam. Conquanto, não basta viver nos horizontes de exterioridades, é preciso refrear excessos e seguir o vértice espiritual dos bons ensinamentos. Assim como a Ciência não pode se desenvolver aleatória, sem respeito e desprovida do freio moral ou providencial, o Espiritismo conceituado por Allan Kardec, no seu aspecto científico e filosófico, de bom senso, critério e razão, não pode ser dispensado à ótica fortuita e vulgar dos causadores de sensacionalismo. Resta esclarecer que, desde o pós Kardec nos primeiros volumes do nascedouro Codificado, influíram métodos aos estudos sistematizados e acresceram conflitos que se perduram na mística espiritualista. Muitas
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foram desinteligências que expressaram inconsistência à primazia dos Espíritos Codificadores; divorciados destes, uns seguiram uma coisa e outros seguiram a confusa e mais distante realidade. Por conseguinte, sobremaneira, aqui no Brasil, dirigentes primatas e editores ancestrais, imbuídos nas próprias razões, campearam acréscimos e manipularam seus sistemas doutrinários em detrimento da Fé ao Evangelho Redivivo. Da mediunidade à literatura, grande parte dos livros espíritas está mais para o mercantilismo e menos para a postura de linha, de profundidade e teor como verdadeiro sinônimo de boa leitura. Mas não, deixaram as sombras dos “Best-sellers” que têm causado a competitividade de escritores individualistas, da classe sensacionalista que abandonou a mútua experiência doutrinária.
Basta citar o fenômeno das “Crianças Índigo”, lançada na mídia corporativista sem maiores aproveitamentos de estudos espíritas. Aliás, falando em editoras que não se correlacionam pela mensagem espírita-cristã, seria injusto deixar de ressaltar aquelas que estão comprometidas com a verdade e a luz doutrinária, pois são como oásis culturais num deserto de informações, quão pequena ainda seja a débil consciência dos imaturos. O vasto palco dessa literatura tornou prodigiosa a habilidade do escritor, por contar coisas ditadas de fulano “Espírito” e psicografado por sicrano “Médium”. Sejam por conseqüências relacionadas ao cotidiano, dívidas de sangue, tragédias amorosas, trapaças financeiras, inimizades ou quaisquer tipos de acontecimentos, onde geralmente são temas que tratam de um carma pretérito em resgate presente
FRATERNO, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede no “Centro Espírita Seara de Jesus”, Rua Allan Kardec, 173, Vila Nova Osasco, Cep 06070-240, Osasco, SP. searadejesus@yahoo.com.br; Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049; Coordenação/Direção/Redação: Eduardo Mendes; Revisores: Luciana Cristillo e Jussara Ferreira da Silva. Diagramação: Jovenal Alves Pereira; Captação: Manoel Rodilha; Impressão: Gráfica Yara; Tiragem: 10.000 exemplares; Distribuição: Osasco e Grande São Paulo; e-mail: jornalfraterno@gmail.com; Telefone: (011) 3447 - 2006
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e decorrências futuras. Assim, se criam narrativas por demais verborrágicas que pintam páginas e mais páginas aos pensamentos que pouco acrescentam além do trivial, para aquele que exerce a leitura com um pouco mais de profundidade e reflexão. Indiscutivelmente, sabemos que os gostos são muito diversificados, mas quando falamos de qualidade referimo-nos a ascendência cultural, daquilo que exerce verdadeiramente bom caratismo e decência. É nisso que embasamos esse tom mais acerbo à chamada literatura que popularizou o espiritismo e ao mesmo tempo, excluiu as erudições em demanda dos mais vendidos, bem como a falta de opções nos programas de TV. Ora, os mais vendidos nem sempre são sinônimos de qualidade e sabemos que audiência não significa boa cultura. Assim sendo, a “literatura” espírita está fartamente disponível no mercado e que a mediunidade que a produz deve (ou deveria) ser fonte de luz, informação e consolo a todo aquele que busca um livro espírita como, por muitas vezes, seu último recurso. Logo, discutir literatura é questionar sua interatividade no Movimento Espírita. E, para encerrar, recomenda a sabedoria divinamente cristã: “Daí de graça o que recebes de graça”. Esse é o ponto que tentamos reproduzir e o que apontamos na qualidade daquilo que se doa e não o ato de doar, se alguém tem algo de bom por escrever, que procure fazer o melhor, senão, continuaremos condicionados a idéias e mentes que se afeiçoam a cultos e vícios de toda espécie. Enquanto se detém no mal, é neste paraíso de manipulações que, como indivíduo comum e gregário ao pensamento ordinário, permaneceremos duvidosos, instruir-nos-emos de vulgaridades e de paixões efêmeras. Boa leitura, o editor.
| eventos |
A administração
TARDE DE AUTÓGRAFOS A Livraria Espírita Mensageiros de Luz, realizará Tarde de Autógrafos com o médium Roberto de Carvalho, no lançamento do romance mediúnico “O Pequeno Médium”, do espírito Basílio. Este livro está no Clube do Livro Espírita Mensageiros de Luz por apenas R$ 18,00. Dia 13 de março, sábado, das 14h às 18h
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isse Zacarias, que era o administrador do templo: “Que dizeis da administração?” Jesus respondeu: “Nisto consiste a verdadeira administração: buscai o Reino dos Céus e sua justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas. Vós sois os administradores das coisas de meu Pai. Que os talentos sejam multiplicados em vossa administração. Não há administração sem reservas e não poderá haver reservas sem altruísmo (amor ao próximo), porque a base do altruísmo é a economia. Seja generosa vossa doação. Sede canais da riqueza do Pai. Nada retenhais. Sede justos em vosso salário e não haverá pressões daqueles que imploram suas partes. Alguns administradores pensam mais no lucro que em si mesmos; contudo, haverá lucro maior que sua paz? De que vale o homem ganhar o mundo inteiro se ele vier a perder sua alma? De que vale reter quando isto vos custa a vossa paz? Então dizeis: “retenho para cuidar de minha família”. Estai certo que administrai mal a vossa família. Em verdade vos digo: não faltarão riquezas para o bom administrador, e compradores para o bom vendedor, porque ao mau até o que não lhe foi dado ser-lhe-á tirado, e ao bom, multiplicar-se-á o que já possui. Se administrais mal vossas riquezas, como haveríeis de administrar vosso pensamentos? Como multiplicareis o óbolo (contribuição) da felicidade, se não administrais vossas bênçãos? Sede pródigos assim como o Pai é pródigo em sua criação. Em tudo há fartura, riqueza, harmonia. Como administrar seus bens senão com discernimento e bom senso? Dizei aos administradores de Jerusalém que eles não são donos de coisa alguma. Tudo que lhe foi dado
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poderá lhes ser tirado sem suas permissões; basta que o dono legítimo assim o deseje. E a vós digo em verdade: daí ao mundo o que é do mundo e ao Pai o que a ele pertence. Imitai as flores em vossa administração. As flores passam, mas na terra seus frutos ficam alimentando os homens. Que a vossa administração gere frutos que satisfaçam a necessidade do espírito. Administrai vossos dias com zelo como se cada um deles fosse o último, mas também como se fosse o primeiro, para que haja perfeição e alegria. E cada dia buscai a vossa perfeição e sereis perfeitos como assim o é, o administrador da vida”... “Um dia em Jerusalém” Emídio Silva Falcão Brasileiro – Médium
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FEIRA DO LIVRO ESPÍRITA CONCHAS - SP O Centro Espírita Mensagem de Esperança, promoverá Feira do Livro Espírita em Conchas/SP, visando divulgar a Doutrina Espírita em Conchas e Região. Aguardamos a presença dos espíritas e simpatizantes da Doutrina Espírita de Conchas e Região. Dia 3 de abril, sábado, das 8h30 às 18h; dia 4 de abril, domingo, das 9h às 13h, no Calçadão Jose Neder, Centro de Conchas. Obras Básicas da Doutrina Espírita, romances, estudos, científicos, auto ajuda, infantis, etc PALESTRA O palestrante e divulgador da Doutrina Espírita José Carlos Beraldo, efetuará palestra no dia 3 de abril, sábado, no Centro Espírita Mensagem de Esperança, as 20h. Tema - A Prece. Apoio - Livraria Espírita Mensageiros de Luz - r. José Cianciarulo, 89 - Centro - Osasco - SP - tel. 11 3682 6767
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Março/Abril 2010 | Edição 39 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |
| o espírito na escola (5) |
Renascer e ressurgir na escola Nunca é demais lembrar que Espíritos em estágio mental primitivo, ficam pouco tempo no mundo etéreo e praticamente reencarnam sem guardar lembranças das experiências na erraticidade
F
alando um p ouco mais sobre cinema, quem assistiu a segunda versão de “Além da Eternidade” (Always) lembra muito bem do casal de bombeirosaviadores apaixonados, interpretados por Richard Dreyfuss e Holly Hunter. Ele parte para o Além durante uma ação perigosíssima, lutando para apagar um incêndio numa floresta; e ela permanece na Terra, atordoada com a passagem trágica do seu amado. Após o acidente ele vai cortar os cabelos numa graciosa ilha mental, em meio à fumaça e aos escombros da floresta queimada. Quem corta seus cabelos é um Espírito feminino, sua mentora espiritual, que lhe acolhe e também prepara-o para enfrentar naquele mundo novo algo pior do que morrer num acidente aéreo: cair em si e encarar a verdade das coisas. Ele se libertou do corpo físico, mas não conseguir se desvencilhar do compromisso sentimental gerado na mente e no coração da meiga e romântica namorada. Ela pensa nele o tempo todo; e ele não consegue deixar de pensar nela. Ele têm uma pendência consciencial, por não ter cumprido corretamente sua missão e deixou um grave compromisso sentimental. Volta ao cenário do
trabalho terrestre para resolver essa pendência, mas a tarefa vai se tornando cada vez mais difícil porque fica indeciso se quer prosseguir no Além mais longe ou se fica Além mais perto. A namorada não dá sinais de progresso, pensa em desistir da vida e passa namorar um novo aviador inexperiente. O nosso aviador-bombeiro agora tem duas missões: liberar sentimentalmente a ex-namorada e treinar o novo aviador, para que o mesmo não cometa os mesmos erros que ele cometeu. Filme lindo, com trilha sonora belíssima. Mas, e se o mocinho e a mocinha fossem professores? Como seria o roteiro do filme? Será que os educadores também fracassam em suas missões e, quando desencarnados, acabam voltando para suas escolas para resolver pendências? Claro que sim! Educadores, apesar de serem admiradores e divulgadores da perfeição e da verdade, ainda são imperfeitos e cometem toda sorte de erros e equívocos no exercício técnico e moral da sua profissão. Quase sempre reencontram no cenário da escola os antigos desafetos e vítimas das suas mazelas do passado, o que agrava ainda mais o risco das recaídas. Isso significa que os Espíritos que atuam nas escolas também são exeducadores, cada qual trabalhando nas suas funções, capacidades e necessidades de reajuste das falhas cometidas. Mais ainda: muitos deles, dependendo da gravidade do erro, logo após o desencarne, voltam às escolas onde falharam com a tarefa de estagiar, observando “in loco” as situações onde falharam, auxiliando companheiros encarnados que estão correndo o mesmo risco. Depois desse estágio buscam a reencarnação para passar pelas provas de fogo da vida carnal, sem lembranças conscientes, sem poder prever com precisão o momento em que estarão sendo testados. Portanto, os Espíritos que atuam nas escolas, mesmo os mais
experientes, são essencialmente comprometidos com a educação, muitos por débito, alguns por dever de consciência e poucos para realizar grandes missões. Quando alguém do nosso meio e do nosso plano evolutivo bate no peito dizendo que são pessoas “comprometidas” com a educação certamente estão reconhecendo em público que um dia cometeram falhas graves nesse setor. É fato que as escolas não estão desamparadas e sem cobertura espiritual. Muitos Espíritos desencarnados trabalham conosco e zelam por nós. Os que atrapalham o nosso trabalho
Cena do filme “Além da Eternidade”
o fazem com aberturas que nós, os encarnados, proporcionamos a eles. Sem essas oportunidades eles não ultrapassam os limites de sua atuação. Os episódios de violência ocorridos em escolas do mundo inteiro, incluindo as tragédias coletivas, são fatos ligados a processos de resgates cármicos , nos quais nem mesmo a Espiritualidade Superior poder interferir, a não ser para alertar aqueles que não deveriam ser afetados ou para amparar aqueles que foram direta ou indiretamente atingidos pelos acontecimentos. Nesse aspecto, as escolas são como todos os demais ambientes,
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sujeitos a ventos e tempestades das leis naturais do mundo físico. Estamos falando aqui de ações mais específicas dos Espíritos. Na sua ampla dimensão social não poderia faltar a contra partida espiritual, com vasta rede de projetos e realizações ligados entre si pelos processos de ajustes e reajustes reencarnatórios. Isso é muito comum em praticamente todas as atividades humanas, sobretudo as que são estratégicas e que envolvem riscos para a existência humana. Certa vez ouvimos num centro espírita de uma cidade do interior paulista o relato de um engenheiro contratado para supervisionar
João J. Sanches - ME Impressos em geral Av. Maria Campos, 388 - Centro - Osasco-SP Fone: 3681-6590 Fax.: 3681-1263
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A
uma reforma no setor industrial de um grande frigorífico, instalado às margens de um grande rio. Afastado das atividades espirituais mediúnicas, ele veio ao centro em busca de socorro, pois estava ainda “atordoado” com um episódio de clarividência. No momento de uma rotineira matança do gado e processamento das carnes ele observou uma cena muito curiosa, porém chocante para os leigos: da margem do rio, atraídos pelo cheiro de sangue, surgiram nos amplos salões do matadouro centenas de Espíritos em estágio mental primitivo, de baixo grau de consciência, em busca de um
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Memórias de Chico Xavier alimento fluido contido no sangue espalhado no chão, nos pedaços de carne selecionados e também nas vísceras. Segundo ele, depois de alguns minutos, essas entidades de aparência grotesca se afastaram, saciados, dando lugar para entidades de grande agilidade, que pareciam vultos de luz, cujos movimentos de manipulação indicavam um trabalho de assepsia energética sobre as carnes e os equipamentos utilizados para o corte. Esse relato, que já havia sido feito por outras pessoas, confirma a atuação dos Espíritos em diversos ambientes profissionais. Nesse caso entendemos que eles estariam dissipando a concentração de energias negativas sobre as carnes, que seriam consumidas como alimentos pela população encarnada, contaminada pela ação de vampirismo dos Espíritos inferiores e também pela reação química causada pelo medo e a dor dos animais no momento do abate. A ação dos Espíritos inferiores ali não pode ser evitada porque eles vibram numa sintonia mais grosseira, de fácil acesso em ambientes afins. Nunca é demais lembrar que Espíritos em estágio mental primitivo, pouco moralizados e ainda muito ligados aos instintos animais, ficam pouco tempo no mundo etéreo, em situação quase inconsciente e praticamente reencarnam sem guardar lembranças das experiências na erraticidade. O vampirismo de Espíritos desencarnados sobre os encarnados é comum nos excessos alimentares, no consumo de bebidas alcoólicas, no fumo, no uso de drogas alucinógenas e também nos excessos sexuais. Enfim, nos vícios humanos. Já a obsessão é um vampirismo moral, atraído e facilitado pelas nossas atitudes e sentimentos ruins de preguiça, malícia, inveja, vingança, ódio, etc. Nesses casos a assepsia só funciona quando ocorre a vigilância e a conseqüente mudança de hábitos e sentimentos.
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Esse é um tipo de educação que ainda não é possível implantar diretamente nas escolas (de forma legal, vertical ou horizontal), mas que podem ser divulgadas e legitimadas através do currículo transversal, pelos exemplos. Participamos de um projeto de preservação do patrimônio escolar, cuja tônica principal era a limpeza das salas e do pátio da escola. Manter a escola limpa, preservar o patrimônio, influenciar o bairro, a cidade e, quem sabe, o planeta. Houve apoio e também reação por parte de alunos e professores. Parecíamos rebeldes e contra as medidas, como a maioria dos alunos, mas na verdade estávamos insatisfeitos e reagindo contra as nossas próprias estratégias errôneas de ação. Estávamos mandando os alunos limpar, ensinando e comandando os detalhes, dando a impressão que eles eram faxineiros e nós os supervisores da faxina. Não estava dando certo nas salas em que estávamos atuando, pois agíamos na base do “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. A situação passou a mudar quando, ao invés de comandar, começamos a participar da ação, pegando, junto com os alunos a sujeira do chão. Antes nós falávamos: “Fulano, pegue aquele papel de bala e jogue no lixo!”. A reação era a seguinte. “Não fui eu quem jogou, portanto não vou pegar”. Depois disso passamos a dizer: “Fulano, por favor, traga para mim esse papel, para que eu jogue no lixo”, enquanto, ao mesmo tempo, catávamos no chão algum tipo de sujeira. A reação foi esta: “ Toma aí , professor”; ou então: “Deixa que eu ponho lá, professor”. Ficou bastante claro, para todos, que a qualidade das ações educativas não está no padrão funcional das mesmas, nas regras e discursos unilaterais de “falar a mesma língua”, mas na qualidade atitudinal dessas ações, na semelhança dos exemplos.
“Todos os ramos de seguro”
A
Continua na próxima edição...
“Relativamente à chamada “esmola”, não vejo na migalha de recursos um gesto tedioso de quem usufrui mesa farta e sim um elo de simpatia e de amor entre as criaturas que se propõe encontrar um processo de ligação espiritual entre si, preparando-se para mais alta fraternidade. Sem qualquer idéia de esnobar este ou aquele lance autobiográfico, peço permissão para dizer que, quando fiquei órfão de mãe, aos cinco janeiros de idade, a distância de meu pai enquanto permaneceu viúvo, aprendi agradecer às pessoas de coração generoso que me davam um pão ou um prato de comida, no transcurso do dia, porque quantos me prestaram esse benefício se fizeram para mim benfeitores que me livraram da tentação do furto e, assim como me sentia feliz em receber essas dádivas para minha própria sobrevivência, creio que as pessoas que me amparavam também se sentiam satisfeitas com a minha alegria”. “Reconheço que virá um tempo em que a assistência social velará por todos nós, mas até que isso aconteça,
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em plano maior (e admito que semelhante realização deverá vir para nós e por nós, sem conflitos sangrentos), até que isso aconteça, repitamos, aprovaríamos alguém que vê seus irmãos em penúria, sem se mover, de algum modo, para auxiliá-los, pelo menos, em pequenina parcela de apoio? Será justo que eu deixe o meu vizinho desfalecendo em necessidade, sem dividir com ele os centavos que posso administrar, a pretexto de guardar o tempo em que me seria permitido administrar aquilo que não me pertence, esquecendo-me do que posso e devo repartir agora a parcela de recursos que a Divina Providência emprestou para meu usufruto”?
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| cultura espírita |
A perda de uma chancela A mediunidade educada é seguramente o melhor caminho para a conscientização da realidade do espírito eterno, imortal Humberto de Campos (Espírito)
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erturbadoras questões afligem a milhões nesse instante, acerca do futuro. A indefinição de horizontes, a incerteza sobre as conseqüências de atitudes destrutivas e os descaminhos dos que preferiram criar atalhos diante de situações estabelecidas são aspectos que colocam a Humanidade tal uma casca de noz, à deriva, em oceano revolto. Perigos rondam de todos os lados, com as ameaças acontecendo, repetitivas, partindo ou de nações em conflito, ou de desequilíbrios gerados pelo arrasador “modus vivendi” do homem sobre o planeta, na agressão descontrolada ao ambiente inteiro. Aproveitam-se, - porque há oportunidade - os espertos, os dominadores, os fanatizantes para colocar todo um arsenal a serviço do pavor, do medo, do pânico. Há também (e crescem em quantidade e presença), aqueles que, irresponsavelmente, negam de forma peremptória todos os perigos e riscos iminentes, reais, possíveis, prementes. São os falsos pilares da segurança. As grossas e podres vigas de sustentação. Crêem estes últimos que Deus intercederá, caso preciso seja, a fim de salvar o planeta de uma derrocada, do cataclismo apocalíptico. Ambos os pólos estão cobertos de enganos, de erros, de perigosos e comprometedores equívocos. Conduzem os ingênuos e
pacatos ao desespero ou à invigilância. Óbvio, responderão a seu tempo também por isso. É a lei. Nesses seis bilhões de anos de existência, desde quando desgarrada de seu núcleo original, e começou a se compactar, passando de mera amálgama ígnea para bloco mineral, resfriando-se, solidificando-se, nunca o planeta Terra esteve tão ameaçado quanto agora. O risco de uma hecatombe global, capaz de eliminar toda a vida material deste nosso pequeno grão de areia cósmica, - abrigo eficiente para trilhões de seres de todas as espécies em sua marcha evolutiva - é muito grande, exige reflexão, por ser fator resultante, mero efeito de origens assaz conhecidas. E é nesse ponto que se torna necessária uma atitude realista, sincera, inteligente e acima de tudo, protetora para com todos os seres que aqui habitam. Sobretudo com os classificados de raça humana, na matéria (ainda) os mais evoluídos, a fim de que, em ato eficaz, possam se preparar para transformações, de situação ou de planos. A estruturação precisa envolver, de modo claro, ostensivo, incisivo, contundente mesmo, a eternidade do espírito, a conscientização do prosseguimento da jornada, inclusive em outros sistemas, em outros ambientes, até mesmo na carne. Nosso amado planeta é uma estação de passagem, não o pouso final, sabemos. Por sua natureza essencialmente racional, de origem divina, a Doutrina Espírita poderia contribuir muito para essa missão de esclarecimento, de educação tanatológica, transformadora. Poderia, porque não tem se prestado a isso, o que é lamentável, visto que, apesar de esforços ingentes e gigantescos de luminares e espíritos de grande bagagem de evolução e sabedoria, os desvios na aplicação da codificação extraordinária encetada sob a coordenação do professor lionês, para quadros de deplorável
Sua segurança começa aqui!!!
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estagnação, retrocesso, na repetição de surrados erros, cometidos pelas corporações religiosas desde deploráveis eras. Podemos, na mesma linha, infelizmente repisando o atoleiro, verificar que, acerta aquele que afirma que, se Jesus reencarnasse, seria de novo glorificado no Gólgota, com os dedinhos da omissão levantados a favor dos novos Barrabás, com os mesmos Pilatos de mãos limpas e consciências pesadas, sob os olhares cumpliciados da turba para as benesses temporais. E dentre estes, (é lamentável!), estariam alinhados muitos dos qualificados próceres espiritistas, principalmente do Brasil, com certeza a grande base dessa religião, ciência e filosofia, sendo os dois últimos quase relegados ao ostracismo. A postura de grande parte dos que se posicionam como dirigentes espíritas tem desviado a Doutrina Reveladora e Libertadora para os intramuros das organizações ascéticas, excludentes e elitistas, já o disseram muitos, o que reiteramos. A instituição de uma messiânica “pureza doutrinária”, grassando de modo avassalador sob a coordenação de revoltada falange vaticanal, distanciou a grande massa, a gente do povo, impedindo o aprendizado e vivência dos preceitos explicados à Luz da Razão, do cristianismo original. Impuseram grades e algemas, freios e barreiras; criaram dogmas disfarçados em regras de organização, a fazer inveja a qualquer mosteiro medieval. Troca-se a prática e o exemplo da fraternidade pura pela habilidade em se vender livros, mensagens, congressos, em “know how” apropriado aos fariseus de antanho. As reuniões passaram a ser de secundária importância, pachorrentas, bajuladoras, com exposição empetecada de temas que fogem do cerne, do foco, do centro da orientação. Os desencarnados não podem falar, não
podem escrever, a não ser para os luxuosos congressos internacionais, para onde são convocados e anunciados antecipadamente, como “astros” de shows programados! E que falem bem, que aplaudam e baloicem os sinos e badalos a seus contratantes... senão .... Isso acontece de ponta a ponta, sob a orientação eclesiástica dos donos do loteamento espírita. Criou-se um “mundo interno” no meio destes quartéis generais, com a discriminação, e exclusão de tudo o que estiver contra, na abolição sumária de toda e qualquer controvérsia, sobretudo no que tange aos vultosos e “necessários” lucros absurdos, auferidos nas publicações e nos shows congressuais, onde Zaqueu supera Jesus. Mediunidade ali, só com médiuns “prêt-à-porter”, que recebem mensagens de lindos rótulos, Chico, Emmanuel, Bezerra, e tantos outros, mas... de conteúdo plástico, artificial, insosso, inócuo, que faria colorir obsessores mais desavisados. Ladainhosas e cantilenistas, travestidas de cristãs e doutrinárias, se prestando àquele dourar de pílulas frenético, histérico, histriônico. E tome plágios e repetições, cópias mal feitas, principalmente das recebidas pelo luminoso mineiro Xavier. A mediunidade educada é seguramente o melhor caminho para a conscientização da realidade do espírito eterno, imortal. É o meio mais eficaz de se combater a descrença, os dogmas, de se revelar a riqueza e a importância dos valores perenes, da riqueza da alma. Mas, hoje no centro purista, sob a coordenação de concílios e papados de moldes conhecidos, ela é condenada, abolida, vigiada, massacrada, de preferência excluída. Cultuam a vestimenta de carne e ab-rogam a essência eterna, o espírito. E dali foge a massa de necessitados, por não encontrar abrigo, apoio, compreensão, orientação. O
GERIATRIA
DR. DIONISIO ALVAREZ MATEOS FILHO
TITULO DE ESPECIALISTA PELA ESCOLA DE MEDICINA DE SÃO PAULO - UNIFESP AV. DIONISIA ALVES BARRETO, 678 CEP: 06086-045 BELA VISTA - OSASCO - FONE:3681-9093/3654-3326
| FRATERNO | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 40 | Março/Abril 2010
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médium não enquadrado na cartilha dos livreiros, que se contenha, que se segure, porque terá todos os seus passos medidos e vigiados, e atrás de si os novos inquisidores, a espelhar com requinte, aberrações torquemadianas. Ao lado, como guardiãs dessa turba, presunçosas gralhas arreganham verborréias falsas e caluniosas, dando azo a seus intoxicados destilados mentais. Assim, e por isso, o espiritismo perde sua característica inovadora, revelacionista e se aninha aos adeptos do mercado sistêmico, lucrativo e controlado, com o abandono das prerrogativas de intercâmbio entre os ambientes espírito-carnais, eliminando a fraternidade ampla, contagiante, agregadora. Assiste-se então o desconsolo, e cada vez mais se nota a excludência, e, por conseguinte, o esvaziamento das casas de fachada kardecianas. Esperava-se muito mais que uma mera fatia do bolo. Desejava-se que fosse o fermento a levedar toda a massa, a rechear com ensinamentos vigorosos, substanciais, a estruturar com solidez conceitos e verdades até então desconhecidos ou não enten-
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didos pela Humanidade. Esperavase melhor comportamento numa Doutrina que tem as respostas, que devassou os antes imperscrutáveis segredos e dogmas da existência. Mas as ancestrais vaidade, ambição e prepotência verificadas nas direções dos “novos salvos” estão entulhando o novo Código Divino na vala comum das grandes decepções humanas, confinando-o a um papel de mais uma religiãozinha, uma seita como preferem muitos, mais um clube de especiais, escolhidos e ungidos. Igrejeiro, como já existem aos milhares. Necessária é a lembrança de que mediunidade não é faculdade restrita, sendo inerente à própria situação da vida, onde ela existir, e sabemos, liga-se, de modo original ao próprio instinto, que em essência é a manifestação da centelha de Deus, em todas as formas do existir, conhecidas ou não. Destarte, não se constitui em propriedade ou atributo exclusivo de quaisquer credos ou segmentos, por mais rudes ou aprimorados que possam ser. A monocelular ameba traz em si os elementos para se comunicar com os de sua espécie, constante em seu espiral genético,
e assim se permite atrair e reproduzir-se com sua biocultura, estando ou não em vida ativa, material, ligada por uma energia especial (animus), apenas para situar um exemplo que se repete entre todas as estirpes e dimensões. Desta maneira, os espíritos se comunicam, estando encarnados, ou não, em prisão de corpos ou volatilizados, independente de terem ou não as suas convicções religiosas ou místicas. Em todas as partes do mundo temos os exemplos desde milhares de anos. Daí, o espírito para se comunicar, para mandar seus recados não precisa ser espírita. Deveria sê-lo, pois o que o é tem a consciência mais aberta a todos os questionamentos e, repetimos, tem as chaves e respostas. Mas, não o sendo também lhe é permitida a comunicação, que sempre aconteceu e continuará acontecendo, independente dos ameaçadores “fiscais de deus”. Em todos os cantos, emissários descorporificados também estão alertando, advertindo, orientando, e de certa forma, preparando aos que lhes derem ouvidos, para as grandes e graves transformações que, de modo inevitável estão para acontecer com a relação à vida material neste plano chamado Terra, neste curto espaço que não supera uma década. Esclarecer sobre a eternidade do espírito, sobre a manutenção da jornada, da necessidade em acumular os valores da virtude, enriquecendose com os tesouros do Céu é função e obrigação inalienáveis dos que esse trajeto conhecem, consoante aos que se albergam sob o translúcido pálio
do Consolador. Expungir a ignorância, levando o alimento da sabedoria e a substância da Verdade, assinalando as palavras com o vivenciar é a melhor maneira de mostrar-se a importância daquilo que nos foi, privilegiada, mas não exclusivamente, revelado. Transformar a Casa doutrinária em nobre feudo separado da realidade de todos, criando distinções e exalçando as posições de diferentes e pseudo-superioridades é fruto de perversa prepotência. Bater no peito “sou espírita”, para agredir aos que ainda não descortinaram os horizontes que a Doutrina do Paráclito clareou, não é fraterno, não é correto. É desinente de atraso. Empolados em seus bergantins enfunados nas velas da jactância, alimentados no combustível das esmolas, do dinheiro que deveria ser destinado à caridade, embriagam-se no mercado aviltante das coisas sagradas (a mediunidade em Jesus o é!), se posicionando em realeza, do alto de ridícula mesquinhez, com o borbulhar gosmento de artificial postura rotulada de espírito-cristã. Repetem aos milhões as magníficas mensagens de Chico Xavier. Pouquíssimo se copia, no entanto, de seu santificante exemplo de vida. Despejam-se sobre mim, agora, agudas e penosas saraivadas de uma realidade pessimista, pois no Brasil, estamos perdendo a chance de direcionar pela clarividência e fraternidade, os destinos de todos os seres. Forçando a sensibilidade para tentar, como prometido, escrever com proveito, assalta-me, porém, a indesejável, mas concreta realidade do vaticínio do cronista em espírito, que parafraseando meu antigo ufanismo e esperança, alardeou irreverente: Bramiu, carroção imundo, de párias e “evangélicos”. (Mensagem recebida em reunião pública, no dia 6 de Dezembro de 2009, no Celest- Centro Espírita Luz na Estrada – Castanheiras - Sabará – MG)
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T E L - 3692-5284 / 3655-2475 Março/Abril 2010 | Edição 39 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |
| crônica |
O quanto de Boris existe em nós? Melhor que apenas discutir o que fez o Casoy é também questionarmos até que ponto reconhecemos o valor de todo e qualquer trabalho honesto
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William Douglas
pós ouvir lixeiros desejarem “feliz 2010”, Boris Casoy disse “... que m..., dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras... (risos)... dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho.” O episódio chocou. As reações que está sofrendo são exageradas? Ou ele as merece? Os lixeiros desejaram a todos (inclusive a ele, portanto) “paz, saúde, dinheiro, trabalho” e o que se seguiu foi, usando sua terminologia, “uma vergonha”. O pedido de desculpas, protocolar, não teve eficácia, talvez até o contrário. A oposição entre a imagem do apresentador e o comentário em off, revelador de uma visão elitista e preconceituosa, frustrou a idéia de respeito a todos e ao telespectador (imaginem o filho de um gari ouvindo isso). A rudeza dos comentários não se resolve por ter sido um acidente e não é fácil pedir desculpas pelo que se é ou pensa. Contudo, até que ponto a diferença entre nós e o Boris reside apenas no azar que ele deu pelo vazamento? O quanto de Boris existe em cada brasileiro? Quando alguém se refere ao ponto “mais baixo na escala do trabalho” pode estar se referindo ao conteúdo moral ou social da atividade (como, por exemplo, criticar o tráfico ou a agiotagem), pelos riscos ou pela remuneração reduzida. A atividade
de lixeiro não é nociva à sociedade. Nocivo seria, para a saúde e meio ambiente, que eles não atuassem. Como o risco não é tão grande, por eliminação, resta a remuneração. E aí reside um preconceito que resiste: julgar a dignidade das pessoas, ou das profissões, de acordo com sua remuneração. Há que se reconhecer que nem sempre existe equilíbrio entre a importância social de uma função e os ganhos que esta proporciona. E não se pode confundir o desejo de melhorar de vida ou ganhar mais, e a admiração por quem logra isto, com uma postura de menoscabo com as funções menos rentáveis. Todo trabalho é digno. O que existe em cada ofício são pessoas que agem bem e outras não. Existem
melhor ou pior levando em consideração o quanto a pessoa ganha, ou como se veste, ou onde mora, é preciso reconhecer que em você há, escondido, um pouco desse lado sombrio que o Boris revelou ter. Talvez o lado positivo desse episódio seja a reflexão sobre até que ponto ele não revela nossos preconceitos em off. Camila Pitanga, que faz o papel de uma faxineira na novela global, afirmou que anda pelo estúdio sem ser cumprimentada quando está com os trajes da personagem. Feliz
servidores públicos, CEO’s, lixeiros, jornalistas e juízes dignos e indignos, o que se define pela forma como exercem sua atividade. Mais que isso, Jesus dizia que “a vida do homem não consiste na abundância dos bens que possui”. Se você, leitor, julga alguém
pelo papel ser convincente, não deixou de anotar como é estranho ficar “invisível”. Esse fenômeno já foi objeto de estudo por um professor da USP que, vestido de faxineiro, ficou “invisível” na universidade, por anos. Em suma, quem deixa de ver o faxineiro, não
deixa de ter seu lado Boris. Não que o Boris seja de todo mal, ele não é. Ninguém é. Somos todos humanos, com nossos lados luminosos e sombrios. Boris também errou ao analisar a função de lixeiro. Os “’garis” são figuras simpáticas à população, vivem de bom humor e, ao lado dos carteiros, têm índices de aprovação e confiança que fazem corar os Poderes, a igreja e a imprensa. Infelizmente, estas instituições não são eficientes para limpar seus respectivos “lixos” como os garis o são com o lixo que lhes cabe. Por fim, não esquecer que – com seu jeito e ginga – um gari ilustra o vídeo institucional da bem sucedida campanha “Rio 2016”. No Rio os concursos para gari são concorridíssimos. Certa vez, fui a uma festa na casa de um Procurador do Ministério Público do Trabalho (negro e onde grande número de convidados eram afro descendentes). Fui com meus dois filhos e a babá do mais novo. Ela, negra, não está acostumada a ir a festas com tantas pessoas da sua cor. Em restaurantes e colégios caros, só para dar dois exemplos, é raro encontrar pessoas negras. Depois da festa, perguntei à babá o que ela achou e sua resposta foi: “Achei muito diferente, Dr. William. As pessoas olhavam para mim!”. De fato, quem reparar vai ver quantos ignoram os trabalhadores mais humildes, quando não chegam a destratá-los. Naquele ambiente raro, a jovem experimentou a “não invisibilidade”. E você, leitor? Cumprimenta seu lixeiro? O garçom? A babá da vizinha? O porteiro? Você os vê? Aquele áudio procura você. Se você se julga, ou julga os outros, por quanto ganham, por qual carro têm, ou se não têm um, então o episódio pode revelar esse lado do Boris em seu cotidiano. Melhor que apenas discutir o que fez o Casoy é também questionarmos até que ponto reconhecemos o valor de todo e qualquer trabalho honesto. “
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| doutrina |
| o sexo dos espíritos (4) |
Mediunidade fácil e difícil Fácil é ser simplesmente médium, portador de faculdades mediúnicas inquestionáveis; difícil é ser médium com Jesus... Trecho do Livro “No mundo da mediunidade” Pelo espírito Odilon Fernandes.
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ácil, por vezes, manifestarmos de quando em quando o nosso amor ao Senhor; difícil é o testemunho cotidiano: a perseverança diária no ideal que abraçamos, face aos problemas que nos fustigam sem tréguas... Fácil é ser médium por um mês ou por um ano, optando por deixar ou persistir na mediunidade a hora em que se quer; difícil é ser médium a vida inteira, na saúde e na doença, na renúncia e na abastança, no entusiasmo e no desalento, na mocidade e na velhice. Fácil é ser médium com o apoio e a compreensão dos familiares e amigos; difícil é ser médium com o escárnio e a indiferença dos que amamos... Fácil rotular-se médium e desfrutar das regalias de semelhante condição entre os homens de vida mística; difícil é ser médium disciplinado na casa espírita, participando, semana após semana, de seus estudos e reuniões sistemáticas de intercâmbio com o mundo espiritual... Fácil é ser médium da palavra; difícil é ser médium da exemplificação... Fácil é ser médium no grupo de companheiros afinizados; difícil é ser médium dentro de casa, harmonizando as vibrações desencontradas... Fácil é ser médium na publici-
dade e ser apontado com um dos expoentes da doutrina; difícil é ser médium no anonimato, sem ouvir uma frase de estímulo de quem quer que seja... Fácil é ser médium contando com a posição declarada dos seus adversários; difícil é ser médium no clima dos conflitos íntimos que não se exteriorizam... Fácil é ser simplesmente médium, portador de faculdades mediúnicas inquestionáveis; difícil é ser médium com Jesus... Não esqueçamos de que, no instante do Tabor, quando no sublime fenômeno da transfiguração. Pedro, Tiago e João, ladeavam o Senhor. Todavia, no momento da cruz, Ele estava sozinho. Para todo seguidor do evangelho bem intencionado, chega a hora do testemunho – e existe grande diferença entre o testemunho a que somos convocados na companhia de outros e aquele a que somos exortados de maneira solitária. Periodicamente, dentro das lutas menores de cada dia, o médium será chamado a testemunhos de maiores proporções e, quase sempre, estes testemunhos lhe serão oportunizados pelos próprios irmãos de ideal. É que todo medianeiro, na profilaxia contra o personalismo, necessita de ver reduzido a pó o seu orgulho e a sua vaidade. Se ele não experimentar revezes periódicos, esgotarse-lhe-á, por assim dizer, a fonte de toda inspiração. Os caminhos de luz da espiritualidade são caminhos margeados por muitas sombras... O Senhor não escalou o monte símbolo da redenção humana sem expor-se aos apupos da multidão que, desapiedada, assistia ao seu martírio, olvidando que individualmente, todos os homens seriam chamados a acompanhá-lo.
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A atividade física, os trabalhos físicos Por Luiz Guilherme Marques
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não ser que estejamos em repouso físico, nas demais situações desenvolvemos alguma atividade física. Muitas opções existem como formas de exercitar o corpo através do trabalho físico. Há pessoas que exercitam o corpo no trabalho braçal, excelente fonte de saúde e de equilíbrio psicológico. Grandes intelectuais não dispensam o trabalho físico por reconhecer seus benefícios. JUANA INÉS DE LA CRUZ tinha suas melhores inspirações para escrever enquanto cozinhava no convento onde habitava, no México. LEV TOLSTOI trabalhava nos serviços braçais em sua propriedade rural como um autêntico mujique (trabalhador russo da zona rural). PAULO DE TARSO sustentava a si próprio com a confecção de tendas. O trabalho braçal, além do prazer que o acompanha, tem a grande vantagem da utilidade, o que geral-
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mente não acontece com a prática esportiva. DIVALDO PEREIRA FRANCO, ao invés de exercitar o corpo na prática de esportes, mantém o vigor físico subindo morros para visitar pessoas doentes e necessitadas nas favelas. Jesus exemplificou o trabalho físico exercendo a profissão de carpinteiro. A aversão ao trabalho físico é mau sinal, que traz como conseqüências, no mínimo, a fraqueza e as doenças degenerativas. No mar de conforto que a sociedade atual criou, temos de lutar contra a preguiça e procurarmos exercer atividades físicas para não chegarmos aos 40 anos de idade com a fraqueza das pessoas de 80. O consumo de energia em trabalhos físicos retempera a mente, dá saúde ao corpo e diminui a libido. Conta-se que EMMANUEL aconselhava seu então jovem pupilo FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER a desempenhar atividades físicas constantes para melhor controlar a libido. Continua na próxima edição...
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Março/Abril 2010 | Edição 39 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |
| momento fraterno |
Saudades Da vizinhança uma certa família nos foi especial, pois com ela compartilhamos alegrias, dificuldades, brincadeiras, uvas e aquelas brigas que nós, crianças, provocávamos ao cismar uns com os outros Por Jussara Ferreira da Silva.
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migos leitores, Recentemente fui obrigada a fazer uma viagem no tempo, motivada por uma imagem interessante, sob o ponto de vista das mudanças que a vida nos traz. Do lado da sede do Seara de Jesus existia uma casa, digo existia porque foi demolida, e que um dia foi palco da minha infância, como alguns amigos leitores já devem saber. Pois bem, quando vi os restos daquela moradia colocados no chão, preparados para retomarem um lugar no terreno e dar início à outra casa naquele mesmo endereço, senti um vazio e até uma certa tristeza! Com todo o respeito e sem querer causar lembranças ao antigo morador, nosso irmão, um dia esta casa foi o meu lar e, por esta razão, me vi voltando no tempo. Permitam-me, então, relatar algumas passagens da minha vida enquanto vivi naquele espaço maravilhoso, a fim de deixar registradas aqui, de maneira saudável e divertida, as minhas aventuras, traquinagens, alegrias e, também, as minhas responsabilidades... Éramos em cinco irmãos, meu pai
e minha mãe. Dada à proximidade com o Seara de Jesus, nele freqüentávamos as aulas dominicais de orientação evangélica o que me possibilitou conhecer o espiritismo e os trabalhadores da casa na época. Desde aulas de pintura em tecido, corte e costura, bazares beneficentes e as aulas aos domingos, fui conhecendo a rotina e os cuidados que todos, inclusive meu pai e minha mãe, desprendiam pelo Seara de Jesus. Perdoem-me por não citar os nomes destes queridos trabalhadores e irmãos dedicados, pois não quero cometer nenhuma injustiça caso eu me esqueça de mencionar algum amigo(a). Sempre acompanhando minha mãe, não só nos trabalhos dedicados ao Seara, como também naqueles dedicados ao Lar Jesus entre as Crianças, assim passei minha infância o que me possibilitou conhecer o espiritismo e dele participar com a minha convicção. Porém, voltando aos limites da minha residência, foi ali o meu aprendizado nos pequenos cuidados diários com a casa e com os animais que criávamos, no convívio com os meus irmãos, no respeito aos meus pais e, logicamente, nas brincadeiras de criança depois de realizadas todas as tarefas. Lembro-me de um cachorrinho que eu e meu irmão ganhamos o qual “batizamos” de Pingo. Pingo era levado, uma verdadeira criança que se juntava às nossas brincadeiras, delas participando de igual para igual. Corríamos em volta da casa com um pedaço de papel amassado entre as mãos, a fim de provocar o nosso amiguinho para tirá-lo da gente. Ele ficava com a lingüinha de fora de tanto correr, e nós também! Em outros momentos, pegávamos as tampas de algumas panelas da minha mãe e com elas fazíamos o nosso volante, e pelo quintal, dirigíamos o nosso veículo cujo motor eram as nossas perninhas. Nos dias de chuva e frio, estendíamos os
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cobertores nas camas, de preferência os listrados, para fazer deles a nossa cidade e, das listras, as ruas onde os pequenos carrinhos fariam o seu percurso, numa rotina que a nossa imaginação lhes traçava. Nos dias ensolarados, entre algumas árvores do quintal, montávamos pequenas casas com caixas de sapato e bonequinhos feitos com palitos de fósforo e ali treinávamos o convívio familiar que a nossa simplicidade nos permitia. Dentre as árvores ali plantadas lembro-me de duas videiras cuidadosamente cultivadas pelos meus pais e que, no final do ano, nos devolvia o carinho com muitos cachos de uvas que dividíamos com os vizinhos. Neste quintal e em diferentes tempos da nossa infância, criamos também galos, galinhas, preás, gatos e um outro amiguinho canino chamado Kid cujo companheirismo deixou saudades, tanto quanto o Pingo. Era um animal com uma certa idade quando o ganhamos, mas de uma inteligência impressionante o que o fazia se sentir segurança da casa e de todos nós. Bom...ele implicava com algumas pessoas sim! Da vizinhança uma certa família nos foi especial, pois com ela com-
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MALU - LEMBRANÇAS E DECORAÇÕES
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partilhamos alegrias, dificuldades, brincadeiras, uvas e aquelas brigas que nós, crianças, provocávamos ao cismar uns com os outros e, assim, ficávamos “de mal”, temporariamente falando é claro. Era a casa do lado direito da nossa e que ainda hoje abriga esta família maravilhosa que me traz saudades. Como toda criança, era nesta casa que nos socorríamos quando precisávamos e a figura de uma amiga querida, numa comparação a que chamamos de segunda mãe, nos amparava naqueles momentos. Foi a nossa segunda mãe que nos ajudou quando presenciamos, entre lágrimas, o sofrimento de um pintinho que se enroscou nos pequenos pés das roseiras cultivadas no quintal. Com todo cuidado ela livrou aquele pequeno ser de um sofrimento que poderia ter causado a sua morte e aliviou nossos corações perturbados ao dizer “está tudo bem agora”. Nas tardes de verão, já um pouco mais crescidos, íamos para a rua com os vizinhos para brincar de “queimada”, “pique-latinha”, “mãe-de-rua”, dentre tantas outras brincadeiras que duravam horas e nos rendiam alguns arranhões. Com o sinal do meu pai nos víamos obrigados a voltar para
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| psicografia |
A semelhança de justificativas casa, pois no dia seguinte tínhamos aula e, assim, a noite se encerrava na rua e todos iam dormir. Quando tinha 12 anos de idade os meus pais, aproveitando uma oportunidade, adquiriram uma outra casa, pois era fato que a nossa residência precisaria de grandes reformas para continuar a nos guardar. Mas a reforma teria um custo para a toda família e meu pai, nesta época, já tinha experimentado as dores de um coração que começava a dar sinais de possíveis falhas. E foi nesta data que nos mudamos e como eu já estava na préadolescência, me vi com muitas responsabilidades para com a minha família, inclusive com o meu pai e a alimentação necessária ao seu completo restabelecimento. E assim, ano após ano, a infância foi me deixando, o estudo passou a dividir o meu tempo com as tarefas domésticas e o momento de procurar um emprego chegou rapidamente, obrigando-me a participar de outras atividades. Mas são tantas as lembranças que certamente não caberiam neste relato, teria que ser algo como um “sarau” realizado especialmente para recordarmos a nossa infância e as nossas aventuras. Pois é amigos, a vida passa e com ela algumas pessoas também se vão. Muitos dos quais eu me recordei neste breve relato não estão fisicamente presentes na minha vida hoje e, por essa razão, insisto na importância da qualidade dos relacionamentos para que, ao se tornarem “passado”, sejam lembrados com o mesmo carinho de tínhamos quando faziam parte do nosso “presente”. E para o nosso futuro, aquele que em breve se tornará o nosso presente e que na mesma rapidez se tornará o nosso passado, nos cabe atenção e cuidados especiais para que a nossa mensagem seja cuidadosamente lapidada no coração de todos os que nos são queridos hoje! Um abraço a todos!
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Ai de vocês, mestres da lei, fariseus, hipócritas, que fecham o Reino dos céus aos homens! Humberto de Campos - Espírito
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o cumprimento de sua costumeira obrigação, o agente policial inquire o traficante de drogas, acerca dos motivos que o levam a agir daquela forma, destruindo jovens, viciando glebas, desmoronando a sociedade. -Doutor, compreenda- (explicava ele, com ar implorante, em emocionada interpretação, deixando grossas e sentidas lágrimas escorrerem sobre as macilentas faces): -- Sou um pobre coitado doente. Em minha casa duas meninas e mais a mãe, minha esposa, esperam ansiosas pelo pão que lhes levo todas as noites - e chora. Uma turma de zombeteiros e orgulhosos se põe à frente do moderno centro de convenções, para ouvir o famoso palestrante espírita, médium de renome, a principal atração do Congresso, que iria ali
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acontecer. O preço do ingresso, alto e inacessível à média da população, trazia em si a defesa convencional: “parte da arrecadação irá para o lar dos desabrigados atendidos pela instituição...”. Em meio ao luxo e aos brilhos de letreiros chamativos, destaca-se o que mostra o tema do Congresso: A caridade! Em uma esquina, a mulher ainda jovem, em trajes pequenos, como a propagandear seus atrativos sensuais, explica aos patrulheiros que a abordam: - Minha mãe está velha, senhores. Tenho um filho pequeno que depende de mim. Preciso ficar nessa lida, pois, do jeito que a coisa anda, esta é a maneira que tenho para que eles não passem fome – completa, lastimando. Num canto de rua, espíritos de cor escura, entremeando gargalhadas guturais, esperam que se inicie a sessão de bingo na Fraternidade Espírita, regada a bebidas e outras “delícias”, cujo propósito era o de arrecadar fundos para atender aos necessitados da redondeza, apesar da viciosa prática. Curiosos viram quando o dirigente da Casa estacionou seu brilhante carro novo, e assumiu, com cara de choro, a expressão emocionada de autêntico mendigo.
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Pego em flagrante delito, um infeliz meliante arrogava seus direitos: A sociedade nunca me deu oportunidade, sempre tentei ser honesto, mas só recebi recusa e desdém. Não me sobra alternativa senão a de roubar. Roubar para comer. O ocupante do cargo político, assustado, ajeitando suas vestes íntimas a fim de esconder os maços da corrupção, ponderava cioso e convicto: - Todos sabem que parte deste dinheiro é entregue às entidades beneficentes! - com semblante de cândida inocência, assustado diante dos flashes. A música alegre saudava o natal próximo, enquanto nas bancas repletas, livros multicoloridos, de preços elevados, concitavam o serviço da solidariedade, do amor, do Evangelho do Mestre. Nos balanços de anotações os altos lucros registram o progresso da livreira. Mas, com certeza o percentual estava ali, reservado às cestas de atendimento fraterno, em nome da caridade, da benemerência, de Jesus, do Amor, de Chico Xavier, da virtude... E daí por diante. “Ai de vocês, mestres da lei, fariseus, hipócritas, que fecham o Reino dos céus aos homens! Vocês mesmos nem entram, nem deixam entrar aqueles que o querem”. Mt 23.13”
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| artigo |
A mentirosa liberdade Em fileira ao longo das paredes temos de parecer todos iguais nessa dança de enganos; sobretudo, sempre jovens
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Por Lya Luft - Escritora iberdade não vem de correr atrás de ‘deveres’ impostos de fora, mas de construir a nossa exis-
tência” Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma – como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, do clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres. Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), cedo
recorremos a expedientes, porque nossa libido, quimicamente cerceada, falha, e a alegria, de tanta tensão, nos escapa. Preenchem-se fendas e falhas, manchas se removem, suspendemse prazeres como sendo risco e extravagância, e nos ligamos no espelho: alguém por aí é mais eficiente, moderno, valorizado e belo que eu? Alguém mora num condomínio melhor que o meu? Em fileira ao longo das paredes temos de parecer todos iguais nessa dança de enganos. Sobretudo, sempre jovens. Nunca se pôde viver tanto tempo
bonitos, quem sabe mais cheios de planos e possibilidades, mas sabemos discernir as coisas que divisamos, podemos optar com a mínima segurança, conseguimos olhar, analisar e curtir – ou nos falta o que vem depois: maturidade? Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? Já transou? Nunca transou? Treze anos e ainda não ficou? E ainda não bebeu? Nem experimentou uma maconhazinha sequer? E um Viagra para melhorar ainda mais? Ainda aguenta os chatos dos
niões próprias, amadurecer, ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um bom aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em crise.
e com tão boa qualidade, mas no atual endeusamento da juventude, como se só jovens merecessem amor, vitórias e sucesso, carregamos mais um ônus pesadíssimo e cruel: temos de enganar o tempo, temos de aparentar 15 anos se temos 30, 40 anos se temos 60, e 50 se temos 80 anos de idade. A deusa juventude traz vantagens, mas eu não a quereria para sempre: talvez nela sejamos mais
pais? Saiba que eles o controlam sob o pretexto de que o amam. Sai dessa! Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort? Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa louca correnteza. Ter opi-
Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito.
TEREZA NESTOR DOS SANTOS Advogada Trabalhista
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| FRATERNO | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 40 | Março/Abril 2010
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