Jornal Fraterno 41

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fraterno “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em qualquer época da humanidade” Allan Kardec

7 anos Divulgando a Doutrina Espírita

Jornal Bimestral | Edição 41 | Ano VII | Maio/Junho de 2010

Crime e castigo

no conceito de criminologia espírita “O conceito de crime não é só representado pelo óbvio do “roubar”, “traficar” ou “matar” e sabemos quantos criminosos escapam das malhas do código penal. Crime ou delito é qualquer falta, qualquer causa que traga um efeito de dano material ou moral para si ou para outrem”. Também nesta edição Editorial A antropologia criminal...................... 2 e 3 moral Cristã A ciência................................................................4 O espírito na escola Renascer e ressurgir na escola....10 e 11 cultura espírita Crime e Castigo..................................6, 7 e 8 Mensagem Psicofonia de Chico Xavier.............................9 o sexo dos espíritos A atividade esportiva................................................9 momento fraterno Mês das mães.......................................................4 doutrina A nova literatura mediûnica.......................12

“O mundo é um lugar perigoso para se viver, não exatamente por causa das pessoas que são más, mas por causa das pessoas que não fazem nada quanto a isso” Albert Einsten

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| editorial |

A antropologia criminal A Antropologia Criminal trata-se de termo científico e filosófico que trouxe uma ampla complexidade sobre os estudos e teorias criminais de antanho

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esta edição, prestamos título a Cultura Espírita de “Crime e Castigo ou Delito e Pena segundo o Espiritismo”, tema que comporta farto material que desdobramos em dois capítulos, por permear trilha as delinqüências humanas e sua correlação como resultante ao progresso dos espíritos. Agora, filosoficamente falando, em todas as partes do mundo, com raras exceções, a conquista de objetivos sempre esbarrou nas vantagens de uns sobre outros e, a partir disso, desde que o mundo é mundo existem diversas modalidades e complexidades criminais. O homem em sua individualidade é a causa de si mesmo para efeito de desenvolvimento, mais das vezes resultante e conseqüência das incúrias, ganâncias, excessos, desejos e caprichos. A violência não ocorre por acaso, ela é fruto da vontade de alguém e também é reflexo de todo contexto social. Por mais isoladas entre si que tenham vivido as diferentes sociedades humanas, sempre souberam, salvo raríssi-

mas exceções, que além de suas fronteiras haviam “outros homens”: homens que viviam de forma diversa, cuja pele era talvez de outra cor, que não adoravam os mesmos deuses, que pensavam de outra maneira. A curiosidade de conhecer esses homens e povos “diferentes” motivou o nascimento da antrop olo gia, que atualmente não estuda apenas “os outros”, mas todos os seres humanos. A criminologia é a ciência que estuda os fenômenos e as causas da criminalidade, a personalidade do criminoso, sua conduta delituosa e o modo de ressocializálo. Diferentemente do direito penal, a criminologia volta-se não para o enquadramento do crime, mas para sua explicação. O direito penal contemporâneo e a criminologia mantêm estreitas relações, observando-se a influência cada vez maior desta, na medida em que as legislações penais aprofundam seu interesse pelo infrator. Aos inominados ardis da delinqüência, desde sempre, como já o dissemos, houve inquietações de justiça aos ditames da coletividade. De fato, o modelo proposto pelos juristas que se aliaram ao movimento positivista respondia às necessidades da burguesia

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no final do século XIX. Esta havia se apoiado inicialmente em um Direito Penal Liberal que lhe havia permitido neutralizar a nobreza, limitando, através de um órgão legítimo, seu poder arbitrário. Assim sucedeu que, a burguesia se sentia ameaçada, não mais pela nobreza e seu poder arbitrário, senão pelas “classes perigosas”, ou seja, pelas classes menos favorecidas que levavam dentro de si o germe da degeneração e o crime. Partindo dessa premissa, as idéias penais e criminológicas dos positivistas coincidem com esta preocupação central das novas classes privilegiadas e lhes proporcionaram um instrumento prático e teórico para afugentar o perigo que para a estabilidade social

representavam os despojados. Fato que determinou de forma significativa uma nova orientação nos estudos criminológicos. O ponto de partida da teoria provinha de pesquisas craniométricas de criminosos, abrangendo fatores anatômicos, fisiológicos e mentais. A base da teoria, primeiramente foi o atavismo: o retrocesso atávico ao homem primitivo. Depois, a parada do desenvolvimento psíquico: comportamento do delinqüente semelhante ao da criança. Por fim, a agressividade explosiva do epiléptico. O que não fosse demonstrável materialmente, por via de experimentação reprodutível, não podia ser científico. O positivismo está estreitamente ligado à busca metódica

FRATERNO, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede no “Centro Espírita Seara de Jesus”, Rua Allan Kardec, 173, Vila Nova Osasco, Cep 06070-240, Osasco, SP. searadejesus@yahoo.com.br; Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049; Coordenação/Direção/Redação: Eduardo Mendes; Revisores: Luciana Cristillo e Jussara Ferreira da Silva. Diagramação: Jovenal Alves Pereira; Captação: Manoel Rodilha; Impressão: Gráfica Yara; Tiragem: 10.000 exemplares; Distribuição: Osasco e Grande São Paulo; e-mail: jornalfraterno@gmail.com; Telefone: (011) 3447 - 2006

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| eventos |

sustentada no experimental, rechaçando noções religiosas, morais, apriorísticas ou conceitos abstratos, universais ou absolutos. Ao abstrato individualismo da Escola Clássica, a Escola Positiva opôs a necessidade de defender mais enfaticamente o corpo social contra a ação do delinqüente, priorizando os interesses sociais em relação aos indivíduos. Os positivistas rechaçaram totalmente a noção clássica de um homem racional capaz de exercer seu livre arbítrio, sustentavam que o delinqüente se revelava automaticamente em suas ações e que estava impulsionado por forças que ele mesmo não tinha consciência. Finalizando essa primeira parte também de nosso editorial, diremos que essa corrente de pensamento generalizou-se, em um primeiro momento, industrialista e, logo a seguir, capitalista, do progresso linear do saber humano, capazes de explicar, prever e manipular todos os fenômenos da vida. Assim sendo, Antropologia Criminal trata-se de termo científico e filosófico que trouxe uma ampla complexidade sobre os estudos e teorias criminais de antanho, destacando-se o criminologista: Cesare Lombroso, médico estudioso e de largo conhecimento; ocupou um papel central na criminologia. Nesta publicação, veremos que suas idéias sustentaram um momento de rompimento de paradigmas no Direito Penal e o surgimento da fase científica da Criminologia, bem como o entrelaçamento dos conceitos espíritas sobre delito e pena. Boa leitura, o Editor

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“Seus discípulo interrogaram-no dizendo: - Queres que jejuemos? Como devemos orar? Devemos dar esmolas? E que normas observamos ao comer? JESUS disse: - Não mintam e não façam aquilo que é odioso, tudo será desvelado perante o Céu. Nada há, com efeito, oculto que não venha a tornar-se manifesto e nada encoberto que permaneça sem ser descoberto”.

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Maio/Junho | Edição 41 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |


| momento fraterno | Amigos leitores,

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ntigamente, quando se falava no mês de maio logo se pensava no mês das noivas! Hoje, maio é o mês das mães. É isso mesmo, não é um dia, agora é MÊS DAS MÃES! É merecida esta homenagem! Eu mesma, ao iniciar esta mensagem, pensei: não dá pra não falar das mães! Foi quando o meu pensamento começou a voltar no tempo e surpreendi-me quando a imagem dela tomou conta de todas as minhas recordações. Havia muita ligação entre eu e minha mãe. Alguns diziam que eu era a caçulinha da mamãe. Quando o assunto era o pai, mudava a expressão: era a caçulinha do papai. Mas isso não importa. O que realmente tem valor é a lembrança dos momentos que passei com ela. E estes eram completos. Assim como qualquer relação entre mãe e filho (a) deve ser. Mas havia uma diferença no convívio com a minha mãe. Ela era uma mulher muito ocupada e muitas vezes essa condição fazia com que eu me sentisse só. Mesmo acompanhados por alguma empregada ou pelos irmãos mais velhos, eu sentia a falta dela e ela sempre estava ocupada. As suas ocupações variavam muito. Da máquina de tricô na sala, na qual ela tecia as mais diversas peças para venda, até o amparo às meninas do Lar Jesus entre as Crianças, onde ela exerceu as atividades de tesoureira. E eu a acompanhava. Na máquina de tricô, ela me ensinou a tecer meias com os restos de lã. Eram movimentos contínuos com os meus braços e como a peça era pequena, esta atividade eu conseguia desempenhar bem. Ensaiei algumas peças maiores, mas acabávamos rindo juntas, porque eu não tinha força. Em outros momentos variávamos as atividades artesanais, com a confecção de en feites de roupas para as festas juninas, bordados, costuras, pintura em tecidos, dentre outras. De tudo eu aprendi um pouco com a melhor professora que a vida poderia

me dar: a minha MÃE! Em raros momentos de descanso, naqueles dias de chuva ou frio, eu e meu irmãos ficávamos, um de cada lado, deitados e encostados nela, a busca de palavras escondidas naquelas revistas de cruzadas. Nesta simples atividade matinal muito aprendíamos, pois para todas as palavras encontradas, ela nos ensinava o significado e dava alguns exemplos do seu uso. Sempre alegre e comunicativa, conhecia toda a vizinhança realizando, inclusive, as atividades de anfitriã para aqueles que, com a mudança, chegavam ao bairro. E eu, sempre envergonhada e tímida,

silencioso, inseguro, de repente se vê num descompasso tão forte que é quase impossível controlar. Este passou a bater por ela e por muitos mais. Solidão nunca mais, silêncio é uma palavra que este órgão vital deixou de lado e insegurança também. Enquanto bate, o coração de mãe movimenta tudo a sua volta sendo quase impossível detê-lo. A insegurança passa a ser uma palavra desconhecida que, substituída, devolve a sua energia num colo tão aconchegante que faria o mais frio dos mortais encontrar a tão almejada paz. Solidão, silêncio e insegurança, assim como o passado, são sen-

dos céus, esses pequeninos chegam à terra com uma espécie de embrulho nas suas mãozinhas. Neste embrulho está outra avalanche de sentimentos que complementam as mães, ou melhor, as avós ao se instalarem nos seus corações em doses superiores às já conhecidas, e passam a ocupá-los e sacudi-los novamente. Chega, então, o momento em que a mãe, que agora é avó, pensando que nada mais poderia oferecer, se entrega ao contato daquelas mãozinhas suaves e o brilho de uma lágrima aparece no seu rosto. Com o passar do tempo, intrusas ou não, as lágrimas sempre acompanharão

estava do seu lado admirando a sua desenvoltura e habilidade no trato com as pessoas. Essa simpatia abria-lhe as portas e ela, sem dúvida, sabia aproveitar cada oportunidade, participando de quantas atividades lhe eram oferecidas. No Seara de Jesus, na escola do bairro, no Lar Jesus entre as Crianças e naqueles lares que a acolhiam, lá estava a minha mãe, trabalhando ou ajudando alguém. Mas o tempo passou. De filha passei para MÃE. E então pude entender os sentimentos dessas mulheres e a transformação que acontece em suas vidas, que é mais ou menos assim: Um coração que batia sozinho,

timentos que ficaram para trás e deram espaço para a mais virtuosa característica da mulher: O AMOR INCONDICIONAL! E este passa a cegar-lhe a visão, tomando conta dos seus pensamentos. Durante anos a mulher experimenta essa avalanche de emoções e sensações para que os seus queridos e amados filhos tenham a mais completa felicidade enquanto estiverem sob o brilho dos seus cuidados. E, quando a mãe menos espera, quando “acha” que os seus cuidados e dedicação não são mais tão necessários, aparecem os filhos dos filhos e, numa analogia aos anjos que descem

essas mulheres. Estarão presentes para lembrá-las que as emoções de uma vida repleta de amor também doem. Em mim, as lágrimas insistiram em aparecer mesmo antes de ser avó! Foi há 20 anos atrás e repetiu-se dois anos depois. Foram marcas tão profundas que me transformaram completamente. Passei a ver a vida de uma forma mais completa e significativa, na qual todos as ações e palavras têm algo de especial. A vida é especial e os filhos são presentes de Deus! Feliz dia das mães! Um grande abraço!

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| FRATERNO | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 41 | Maio/Junho 2010

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| moral cristã |

A ciência

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ntão Davi o sacerdote, questionou: “que dizeis da Ciência?” Ele respondeu: “Muito enganado está o homem que se distancia das Ciências que meu Pai vos fez conhecer. É a Ciência que despertará os homens às coisas de meu Pai. Estudai vossas ciências e descobrireis coisas jamais sonhadas. Contudo, não vos vanglorieis com as vossas descobertas, porquanto o descobristes já existia bem antes de vós. O Pai, reconhecendo vossos esforços, vos fez ver coisas de Seu amor. Há porém, várias manifestações da Ciência. Escolhei uma delas e nunca cessará vosso deslumbramento. Não busqueis apenas a observação dos fenômenos. Procurai senti-los e percebereis o fluxo de todas as leis. Encontrei um homem de Ciência discutindo com um sacerdote. Ambos defendiam as mesmas verdades com palavras diferentes. Observai o radicalismo de um e o cepticismo do outro. Orei e pacifiquei aqueles dois sábios. Sacerdotes, crede-me, nada do que está escrito em vossos pergaminhos deixará de ser examinado pelas Ciências. Podereis, vós, crer por muito tempo naquilo que um dia a Ciência desmentiu? O coroamento do vosso ministério está na própria natureza das investigações da Ciência e da razão. Pudesse ser a ciência a pacificadora de vossa fé cega... Bem aventurados sejam todos os sacerdotes da Ciência porque deles são as felizes moradas da casa de Meu Pai!”

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Memórias de Chico Xavier “Quem combate a caridade, rotulando-a de alienante, ignora que está cooperando para que o mal amplie o seu espaço. A prática do bem aos necessitados nunca deve ser interpretada como um fator de alienação social... Este é um dos piores sofismas que tenho visto ser empregado por aqueles que se opõem ao trabalho de assistência do Espiritismo. Em defesa de seus interesses religiosos e políticos, lançam-se contra os alicerces que sustentaram o cristianismo nos primeiros tempos – o socorro incondicional aos filhos do Calvário...”.

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Maio/Junho | Edição 41 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |


| cultura espírita |

Crime e Castigo: delito e pena Não há quem não deseje, em sã consciência, uma sociedade melhor, haja vista que o índice de criminalidade é um reflexo das condições sociais Luciana Cristillo INTRODUÇÃO

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esde tempos imemoriais, o criminoso tem sido um elemento indesejado na sociedade e as tentativas para entender seu pensamento a fim de descobrir se ele é tão diferente do cidadão honesto é um assunto que tem preocupado o mundo há séculos. O conceito de crime não é só representado pelo óbvio do “roubar”, “traficar” ou “matar” e sabemos quantos criminosos escapam das malhas do código penal. Crime ou delito é qualquer falta, qualquer causa que traga um efeito de dano material ou moral para si ou para outrem. Do dicionário - Crime: transgressão de um preceito legal; infração da lei ou da moral; ato que merece repreensão ou castigo. Quando nos deparamos com crimes, principalmente seguidos de morte, que de alguma maneira escancaram nossa vulnerabilidade física no mundo, é natural que busquemos explicações cientificas, filosóficas ou morais, na ânsia de ao menos ordenar e padronizar os motivos de tais atos. A história da humanidade está repleta de crimes hediondos e seus estudos de causa são tão antigos quanto a própria civilização. No entanto, o ser interior e seus motivos individuais,

a personalidade dos criminosos passou a ser estudada de maneira mais aprofundada a partir de 1930 na Alemanha. Na ocasião, o psiquiatra Karl Berg empreendeu aquela que é considerada a primeira entrevista com um serial killer, no caso Peter Kürten, descrito como uma pessoa moderada, conservadora, religiosa e muito amável com crianças que, entretanto, ficou conhecido como o Vampiro de Düsseldorf por crimes de mutilação e assassinato. Hoje, a não ser quanto à técnica do direito penal que exige cultura especializada, o problema criminal interessa tanto ao penalista quanto a nós, cidadãos comuns. Não há quem não deseje, em sã consciência, uma sociedade melhor, haja vista que o índice de criminalidade é um reflexo das condições sociais. Condições sociais não englobam somente o padrão de pobreza ou riqueza de uma região e o quanto de investimento governamental recebe, mas em um tom mais amplo, englobam também a qualidade da inteligência

O psiquiatra Karl Berg fez aquela que é considerada a primeira entrevista com um serial killer

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e da moral dos indivíduos de um grupo, a qualidade de seus relacionamentos pessoais e coletivos. Assim sendo, a criminologia tende a deixar de ser um campo restrito e indevassável para o proveito dos estudos dos demais técnicos sociais. A ciência, em qualquer de seus ramos, não pode rejeitar contribuições honestas, seja qual for a crença ou a orientação filosófica daquele que, inspirado na busca da verdade, se propõe a aumentar o patrimônio científico da humanidade com alguma observação ou experiência pessoal. Enquanto a concepção que fazemos da religião nos prende ao passado nas pesadas e antigas noções de crime e castigo, inferno e penas eternas, a ciência traz a luz da razão para o presente e o futuro, que é onde estamos e para onde vamos, com a noção de delito e pena, ou seja, de causa e efeito. Que relação o direito penal tem com o Espiritismo? Neste texto, partindo dos escritos do Dr. Fernando Ortiz, professor da Universidade de Havana, antropólogo e penalista cubano, pretendemos trazer alguns esclarecimentos sobre o desenvolvimento da criminologia e, acima de tudo, seu entrelaçamento com a doutrina espírita, reconhecendo DEUS como o grande legislador. A Criminologia e o Espiritismo Por que o Homem comete um crime? Muitos tentaram responder a essa questão complexa, multifacetada e ainda carente de respostas conclusivas à luz da materialidade em que

vivemos. Do ponto de vista científico e filosófico da criminologia, inúmeros pesquisadores envidaram teorias, tais como Beccaria, Lombroso, Ferri entre outros. A doutrina espírita, descortinando um mundo regido por leis espirituais, traz o conceito de progresso como lei referindo-se à evolução infalível de cada indivíduo enquanto ser espiritual, implicando esclarecimentos que

podem responder a essa questão. Dentre os diversos pesquisadores em criminologia, destaca-se o médico cirurgião e cientista italiano Cesare Lombroso. Nascido em 1835 e desencarnado em 1909, lecionou psiquiatria, medicina forense e antropologia criminal, além de dirigir um asilo mental. Escreveu várias obras, dentre as quais “O homem delinqüente”, “A mulher delinqüente” e “O crime, suas causas e soluções”, notabilizando-se por suas teorias criminológicas, ainda

GERIATRIA

DR. DIONISIO ALVAREZ MATEOS FILHO

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segundo o Espiritismo (parte I) que nem sempre acatadas pelos estudiosos da matéria. Lombroso alinhava-se com o pensamento positivista (materialista) e suas observações voltaram-se logo para a antropologia. Após sua formação em psiquiatria, passou a analisar as possíveis influências do meio sobre a mente, idéias que num primeiro momento alcançam sucesso e, depois, desconfiança.

e anomalias anatômicas, fisiológicas e psíquicas. Desse modo, por causa do atavismo, que é a presença hereditária de certos caracteres físicos ou psíquicos de ascendentes remotos em descendentes atuais, esse tipo de pessoa já nasce delinquente, fato que implica na aceitação do determinismo penal, verdadeiro dogma para a escola positivista, com exclusão do conceito de livre-arbítrio, que é sus-

Com efeito, inspirado pelo evolucionismo darwiniano do final do Século XIX e depois de examinar exaustivamente inúmeros crânios de infratores vivos e mortos, Lombroso busca alguma relação entre a formação craniana e a conformação facial dessas pessoas e seus crimes (ciência conhecida como frenologia). Em sua classificação de criminoso nato, bastante polêmica, Lombroso diz que o criminoso seria um indivíduo atávico por degeneração, com deformações

tentado pela escola clássica. Se, naturalmente, com o desenvolvimento da ciência, estas idéias revelaram-se passíveis de complementação - especialmente pela ciência sociológica de Ferri, então em franca ascensão - Lombroso exerceu ainda por muito tempo, após as críticas que lhe foram feitas, importante influência no Direito Penal do mundo, numa época em que este fatigava muito a desvencilhar-se da teologia e da superstição. Lombroso foi dos

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primeiros a defender a implantação de medidas preventivas ao crime, tais como a educação, a iluminação pública, o policiamento ostensivo além de outras tantas idéias inovadoras referentes à aplicação das penas. Dentre aqueles que foram influenciados por suas idéias, temos Émile Zola, Anatole France, Kraepelin. No Brasil, o jusfilósofo Tobias Barreto, fundador da Escola do Recife e, o médico Raimundo Nina Rodrigues, na Bahia, foram seguidores de Lombroso por um certo período, inclusive com a criação no Brasil de uma Escola Intelectual de Antropologia Criminal, sediada na Bahia. A antropologia criminal lombrosiana foi pioneira nos estudos científicos sobre o crime; na continuidade, os estudos de Ferri denominaram-na de sociologia criminal considerando que o criminoso não seria predestinado ao delito, preso a um determinismo que fatalmente o conduziria ao crime, mas predisposto à prática de fatos criminosos ainda que no exercício de seu livre-arbítrio. Posteriormente, a criminologia de César Beccaria e Francesco Carrara trazem um elemento de ecletismo, a exemplo do nosso código penal que aceita ambas escolas (livre arbítrio com responsabilidade penal/imputabilidade para os homens normais e determinismo com irresponsabilidade penal/inimputabilidade para os doentes mentais, anormais). Lombroso também notabilizou-se pelo estudo dos fenômenos espíritas. Inicialmente os ridicularizou com a publicação do opúsculo “Studi sull’ipnotismo” (Turim, 1882) e

durante muitos anos negou os fenômenos psíquicos e espirituais como charlatanice e credulidade simplória. Entretanto, a convite do conde Ercole Chiaia para que estudasse melhor o assunto, participou de sessões com a médium italiana Eusápia Palladino, convencendo-se da veracidade dos fenômenos e da autenticidade das manifestações espirituais quando assistiu estupefato à materialização do espírito da sua própria mãe. As pesquisas que realizou com essa médium encontram-se publicadas na obra “Hipnotismo e Mediunidade”. Em meio a suas pesquisas sobre a mediunidade, estuda o fenômeno sob o aspecto positivista de comprovação factual - tal como noutras partes fizeram outros cientistas da época (inclusive Kardec anteriormente) - e ao final conclui pela comprovação científica da doutrina e fenômenos estudados. Torna-se então um defensor do Espiritismo na Itália de seu tempo, como o fizeram várias correntes do movimento positivista da época. Em 15 de julho de 1891 foi publicada uma carta onde Lombroso declarou sua rendição aos fatos espirituais: “Estou muito envergonhado e desgostoso por haver combatido com tanta persistência a possibilidade dos fatos chamados espiríticos; digo fatos, porque continuo ainda contrário à teoria. Mas os fatos existem e deles me orgulho de ser escravo”. Antes de Lombroso haver revolucionado a criminologia, assentando teorias e princípios hoje vulgarizados ainda que parcialmente acolhidos pelas legislações, boa parte de tais princípios e teorias haviam sido divulgadas por uma filosofia que se aproxima muito do idealismo de uma criminologia de leis eternas, que abrangem todo o Universo, sendo constituído de leis absolutas e imutáveis.

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O grande feito de Lombroso consistiu em haver posto no centro das atenções dos estudiosos não o delito em si, senão seu protagonista, o homem delinqüente, com suas características “somatopsíquicas” e os aspectos ambientais que determinam a sua ação. Demonstrou ser o criminoso mais doente do que culpado, abrindo novas perspectivas para tratamento dos mesmos. Assim, desde que o criminoso é um doente, absurdo será punilo; deve receber adequado tratamento e ser posto na impossibilidade de causar danos. As teorias de Lombroso são afins à doutrina Espírita, pois ambas estão calcadas no evolucionismo. Em sua marcha evolutiva, o espírito causará transformações na matéria que, por sua vez, se aperfeiçoará. Então, o evolucionismo de ambas as teorias implica em idéias de adiantamento e atraso, material ou espiritual a um estado que sirva de termo de comparação. E nessa idéia de atraso poderão fundamentar, uns e outros, o conceito de delito e penas. “Apesar de haver travado conhecimento com os fenômenos mediúnicos, faltou-lhe um conhecimento profundo de reencarnação como das leis de causa e efeito, para entender que todo Espírito é o autor do seu destino, insculpindo em cada experiência carnal as conquistas e prejuízos que decorrem da sua conduta. Desse modo, o atavismo que o leva a uma aparente queda da escala inferior da evolução, trata-se apenas do distúrbio que o Espírito se impõe para aprender a valorizar a vida, mediante expiações engrandecedoras e provações regenerativas. No caso dos criminosos natos, que tanto o preocupava, identifica-se o espirito primário, em processo de ajustamento às leis da ordem e da disciplina, desarmonizado no grupo social. Identificados, devem merecer tratamento especializado, afim de evitar que derrapem nos

Ilustração “O homem Deliquente” de Lambroso. Alguns dos “defeitos físicos”, o autor acredita ser sinais de criminosos.

crimes hediondos ou sejam vitimas da própria impulsividade sendo cruciados por outros mais perturbados. A reencarnação é, portanto a chave para equacionar o enigma que o notável antropólogo criminalista não conseguiu, detendo-se apenas nos efeitos, na constituição do crânio e noutras características mentais e nervosas” (Franco, Divaldo – Manoel Philomeno de Miranda (Espírito), in: “Tormentos da Obsessão”, ed. Livraria Espírita Alvorada, Salvador, 2001, pg. 124/127). Allan Kardec, ao construir a moral evolucionista e Lombroso ao explicar a delinqüência por um retardamento do indivíduo, chegarão sempre a pensar que há homens moralmente não evoluídos, precipitados por isso no crime e que a reação social contra esses atos, há de consistir em defender a sociedade contra esses ataques e em ajudar a evolução ética do delinqüente, fazendo-o avançar até a linha dos demais homens que formam a massa social. Decerto que o Espiritismo, assim como a antropologia criminal, não pode garantir que todo homem que tenha tal ou qual caráter fisionômico seja um criminoso. E isto porque se vêem muitas vezes pessoas com físico repulsivo, que não são criminosos e vice-versa. E se é certo dizer-se que não só os declarados pela lei são criminosos, senão que há muitos que escapam ao império da mesma e cuja criminalidade está em estado latente,

não é menos certo que o delito seja resultado de uma infinidade de fatores (espirituais, sociais, ambientais, educacionais); a presença de um fator não basta para caracterizar um criminoso mas sim a concomitância de vários destes. O Espiritismo ensina que é o espírito quem modela, via de regra, o corpo adequado a seu estado de progresso e que isso pode lhe servir de expiação. O organismo defeituoso, que teria uma classificação antropológica criminal, mostrando um estado selvagem ou primitivo em relação ao estado do progresso físico da raça, pode ser próprio para um espírito atrasado em sua evolução. E, se em um corpo de caracteres quase simiescos se observa uma personalidade honrada, será provavelmente por uma criminalidade latente ou trata-se de um espírito encarnado para expiar faltas do passado e resistir, triunfante, ao constante perigo dos fatores de predisposição ao crime. Assim, um homem pode ser predisposto ao delito por seus caracteres pessoais mas não cometer crime algum graças a uma ação favorável do ambiente que neutraliza e amortece a espontaneidade de seus impulsos anti-sociais, eis que seja um ambiente ativo de moral. E quantos há que são bem adaptados intelectualmente ao meio ambiente de nossa sociedade e estão um tanto atrasados moralmente; essa criminalidade, entretanto, pode ser mascarada por

preconceitos sociais e até merecer honras e aplausos. É sua característica precisamente a adaptação e a normalidade subjetiva de suas ações delituosas em relação ao meio. Há um elemento com o qual não se tem contado bastante e sem o qual a ciência não passa de mera teoria. Este elemento é a educação, não a intelectual, mas a moral; não, porém, a educação moral que os livros ensinam, mas a que consiste na arte de formar o caráter, a educação dos costumes, porque educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Quando se pensa na massa de indivíduos lançados diariamente no torrente da população, sem freios, sem princípios e entregues aos seus próprios instintos, não há que se admirar suas desastrosas conseqüências. Destarte, para a doutrina espírita, além dos fatores de predisposição, é necessário para que uma pessoa torne-se criminosa que seu espírito, que não retrocede jamais em sua evolução, traga à sua encarnação um morbo delituoso, uma mancha moral em estado latente para cujo tratamento lhe foi imposta precisamente a nova vida terrena, onde o seu livre-arbítrio permite a escolha do gênero de provas, sendo as particularidades conseqüências de suas próprias ações. O espírito sabe que escolhendo um determinado caminho terá que sustentar determinado gênero de luta conhecendo tão somente a natureza das vicissitudes que há de enfrentar, porém não sabe a sucessão dos acontecimentos. Normalmente um espírito criminoso, verdadeiramente arrependido, solicita uma existência onde se ombreará com criminosos, num meio predisponente de forma a que, exercitando sua força de vontade, possa superar esse condicionamento e vencer a prova na qual se colocou. Segue na próxima edição...

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| mensagem |

Psicofonia de Chico Xavier sobre seu centenário

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ensagem do espírito Chico Xavier recebida pela mediunidade de Ariston Teles, em reunião pública no dia 27 de março de 2010, no Monte Alverne, em Brasília. - Graças a Deus e ao nosso Senhor Jesus! - Reconhecendo o significado desta data – 2 de abril – queremos em nome de todos aqueles que participaram de nossos trabalhos, agradecer. Eu faço parte de uma família grande, imensa. Todos vocês igualmente são membros desta família, diríamos da família de Deus. - Estaria completando 100 anos se continuasse respirando no corpo físico. Eu sei que poucas pessoas, talvez, estejam esperando esse contato. Existe nos países democráticos uma lei chamada “direito de ir e vir”. Posso dizer que esse direito é inerente a todas as criaturas de Deus, em especial aquelas que já despertaram a

consciência para prática do bem. Portanto, eu me sinto nessa hora usando desse direito. - Deixei o plano material, retornando ao mundo invisível, e agora retorno. Esta não é a única comunicação que me foi permitido apresentar durante os anos que sinalizam minha presença humilde na espiritualidade. Já pude em diversas ocasiões, visitar companheiros reunidos em muitas casas de oração e, através de alguns médiuns, pude manifestar-me anonimamente. - Aqui, através deste médium amigo encontro as portas de seu coração abertas. Aqui, graças a Deus, encontro ambiente acolhedor que me envolve em vibrações de paz e de amor. Desta forma dirijo minhas singelas palavras a todos os corações sensíveis, para dizer que meu verdadeiro código é o amor e minha escola é o Evangelho de nosso Senhor Jesus. - Agradeço de todo o meu cora-

ção, a todas as pessoas, de todas as procedências sociais e religiosas que, durante estes dias relembram nossa recente passagem pela Terra. As homenagens; faço absoluta questão de distribuir com todos aqueles que estiveram lado a lado comigo, desde os primeiro labores em Pedro Leopoldo, até meus últimos instantes de experiência física em Uberaba. - Que todos recebam fatias desse pão de luz que recebo dos corações generosos. Agradeço uma vez mais, de todo o meu coração, dizendo que o trabalho prossegue. Ninguém absolutamente na Terra detém poderes para impedir o intercâmbio mediúnico. Por isso aqui estou presente, livre e feliz. - Recebam todos o meu abraço, sob as claridades do coração amantíssimo de Jesus. Que haja paz em todos os lares, que o Brasil e o mundo continuem sob a bênção resplandecente de Jesus e de Deus. - Assim seja!

| sexo nos espíritos (5) |

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prática de esportes deve visar a socialização das pessoas além de melhorar a saúde. Existe um número muito grande de modalidades esportivas para os mais diversos gostos e aptidões. EMMANUEL adverte os adeptos dos esportes para não descambarem para o narcisismo e a supervalorização do corpo em detrimento do espírito. Apesar de não praticarem a caminhada com finalidade

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esportiva, acreditamos que JESUS, GANDHI e SUNDAR SINGH viam na caminhada uma fonte de prazer. Os esportes devem ser saudáveis e nunca ter como pretexto a violência. Devem visar a alegre convivência das pessoas, interessadas na confraternização e na amizade. O desgaste nos espor tes deve visar também a diminuição da libido, canalisando-se energia mais para outras áreas mais nobres.

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| o espírito na escola (6) |

Renascer e ressurgir na escola Os desejos e emoções equilibradas ou perturbadas durante a gravidez quase sempre são manifestações da nova formação psíquica do Espírito reencarnante, na qual expressa seus antigos gostos e tendências

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por falar em ação dos Espíritos, em reencarnação e mudança de atitudes nas escolas, é notória e intensa a ação dos Espíritos no campo da sexualidade, tanto no que diz respeito a satisfação de desejos carnais, por parte daqueles em situação de dependência, como daqueles outros que buscam influenciar os encarnados para gerar a situação-oportunidade de reencarnação, estimulando nos adolescentes a relação sexual e a gravidez precoce. As oportunidades de retorno ao campo físico são atualmente muito escassas, por uma simples questão de oferta e procura. Pode parecer engraçado e até absurdo aos leitores mais críticos e racionalistas, mas no mundo espiritual planetário está acontecendo, há algumas décadas , uma espécie de “globalização e competição cármica”. A enorme quantidade de Espíritos ainda mentalmente atrasados em nosso planeta faz com que as experiências na carne sejam mais necessárias do que a vida nos planos etéreos. Segundo alguns autores, ocorre também fator agravante, que é a própria condição psíquica do planeta, de provas e expiações,

tornando-se alvo de Espíritos de outros mundos em busca desse tipo de oportunidade. Nesse campo, não sabemos em detalhes como funciona o regulamento e o controle das reencarnações por parte dos Espíritos Superiores, mas sabemos que o fator predominante desse processo psíquico-social é a afinidade mental. É o tal do “parentesco” espiritual. A gravidez humana é sempre um evento especial, presidido pela espiritualidade, ou seja, pelos Espíritos bastante interessados nessa situação, desde o estabelecimento de compromissos pré-encarnatórios até a aproximação dos pólos sexuais que vai gerar um novo corpo. É um evento especial, mas é também uma situação psíquica e biológica muito perturbadora, na qual as intenções e desejos se misturam com a manipulação de energias genésicas poderosas e de difícil controle pelas mentes imaturas e ainda submissas à lei da gravidade planetária. Portanto , é possível e real que os Espíritos, sejam superiores ou inferiores, interfiram nas relações afetivas e sexuais daqueles que lhe são afins ou que precisam reajustar-se perante a Lei Maior. E as escolas e seus arredores são cenários importantes dessas tramas do destino. Tanto é que, nas situações opostas, muitos Espíritos inferiores, encarnados e desencarnados, trabalham para impedir que ocorra a reencarnação de inimigos ou futuros credores, estimulando mentalmente ou realizando a prática do aborto, mesmo que o crime lhes reserve severas heranças como a impotência e a esterilidade. Os desejos e emoções equilibradas ou perturbadas durante a gravidez quase sempre são manifestações da nova formação psíquica do Espírito reencarnante, na qual expressa seus antigos gostos e tendências. Mães que abandonam os filhos logo após o parto não fazem somente por causa da chamada depressão pós-parto, que é uma

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conseqüência, mas também porque já estão tendo lembranças inconscientes do passado e prevendo os problemas que essas crianças lhes causarão futuramente, já que são Espíritos que foram prejudicados por essas mães em existências anteriores. As agressões e assassinatos de bebês, por conta da explosão emocional de pais jovens, atormentados pelo desconforto da paternidade e maternidade precoce, têm se destacado nas estatísticas da violência doméstica e que acaba chegando nas escolas. Espiritualmente falando, sabemos que não existe acaso, planos estritamente biológicos, muito menos barriga de aluguel. Tudo acontece por força das combinações de leis naturais e morais. Muitos videntes confirmam, ao ver cenas de namoro entre adolescentes, sobretudo nos casais de idade precoce, um forte assédio mental-sexual para que se consuma o ato desprotegido de medidas preventivas e preservativas e a conseqüente gravidez. Para os Espíritos

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sedentos de experiências na carne, não importa, naquele momento, as conseqüências nem as futuras condições da sua futura existência carnal. Eles querem renascer a qualquer custo. Bom seria se quisessem, como exige a Lei da Evolução, renascer e ressurgir e não somente retornar para o corpo para aproveitar os prazeres da carne e dos instintos. Mas isso a Vida ensina, pelo amor ou pela dor. No mundo social dos adolescentes estudantes esse comportamento já virou rotina e alvo da admiração e imitação por parte das meninas. Já ouvimos pessoalmente um diálogo entre duas alunas de 13 anos que confirma essa realidade. Uma delas argumentava para a colega que iria ficar grávida, pois, pelo fato de ser filha adotiva, esperava premiar a mãe com um neto. Também esperava do pai do futuro pai da criança apenas a “pensão” mensal, pois iriam morar, ela e o filho, num espaço próprio, na casa dos pais. Enquanto isso uma terceira colega, um pouco distante, observava e manifestava grave

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discordância, olhando para nós com expressões de desaprovação, a que ouvia a colega estava com os olhos brilhando, sonhando e imaginandose na mesma situação. Pensamentos e sonhos como esse têm uma repercussão muito forte e diferente no mundo espiritual, onde se diz: “Diga-me o que sentes e pensas e eu te direi com quem andas”. As escolas e os educadores têm em mãos conhecimentos importantes sobre sexualidade na adolescência e na escola, amparados por lei, porém, diante de condições inibidoras, como o tabu, os preconceitos e os riscos de reações imprevisíveis por parte dos educandos e seus familiares, quase sempre se retraem para evitar maiores problemas. O saudável hábito de aprender abertamente a sexualidade responsável nas salas de aula continua sendo massacrado pelo hábito errôneo de aprender sexo prático e fácil nos banheiros coletivos e nos trajetos obscuros entre o lar e a escola. Muitos professores sofrem agressões físicas de pais e namorados violentos, em perigosas cenas de ciúme por conta de envolvimentos emocionais mal interpretados com jovens carentes e sem nenhuma formação moral e científica sobre sexualidade. Outra constatação é que professores e alunos realmente correm o risco de sucumbir a situações tentadoras, não suportando as pressões sexuais e acabam se envolvendo em situações perigosas e injustificáveis. Mas, como ensinam os Espíritos, sexo é compromisso com o destino, não havendo tolerância das leis universais com a banalização de forças criadoras e sagradas. Para os Espíritos Superiores, sexo é recurso genésico procriador e veículo de harmonização afetiva, vetor evolutivo, educador dos sentidos e neutralizador dos instintos destruidores da brutalidade e da opressão, seja qual for o gênero de sua manifestação. Seu uso correto, pela honestidade mútua, promove e ilumina os Espíritos encarnados. O abuso de sua força e traição das intenções gera graves danos nas mentes e nos corpos. Toda

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relação sexual, até mesmo as mais fúteis, deixa marcas profundas no psiquismo dos pólos envolvidos, mesmo que não haja sentimentos afetivos. A troca de energias sexuais parte não somente de impulsos instintivos, mas também de afinidades que estabelece ligações entre os perispíritos e também entre aqueles que podem ser atraídos numa possível concepção e reencarnação. Cumplicidade de sensações resultam primeiro na cumplicidade de emoções e depois dos sentimentos. Eis aí o compromisso. Filhos não são apenas fatos e fetos biológicos, mas individualidades, histórias de vida, que possuem ligações mentais antigas com seus futuros pais. Nós já passamos por uma situação em que um colega nos pediu ajuda, mais um desabafo, porque havia engravidado uma aluna e depois decidido convencer a menina a fazer o aborto. Não o condenamos e somente lembramos a ele que a sua própria consciência

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e o seu conhecimento revelavam a delicadeza da situação e as conseqüências do seu ato. Conhecemos também um casal que lutava há anos para criar um filho em condição de autismo. É uma preciosa lição de vida para quem acha que tem dificuldades insolúveis. Depois de lermos um texto sobre esse problema mental sob a ótica espírita, sugerimos a ele que conversasse com o filho durante o sono físico, para tentar uma aproximação, já que o mesmo não demonstrava sinais de progresso na sua longa auto-reclusão. Numa das nossas conversas, por sinal sempre amistosas e sinceras, pois tinha formação protestante, o pai nos relatou, em lágrimas, que esse filho foi produto de uma gravidez inesperada e que ele e a mãe da criança, na época ainda muito jovens, tentaram abortar. É claro que a auto-reclusão do filho significava que ele ainda não havia decidido consumar o seu nascimento físico, já que os pais demonstraram

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na época uma forte rejeição pelo acontecimento. O filho, na condição de autismo, estava aguardando dos pais a explicação e um esclarecimento do que aconteceu, um pedido de desculpas e um “sim” definitivo para ingressar na família e buscar com eles um ressurgimento espiritual. Por sua vez, a causa do autismo não foi somente a agressão e rejeição por parte dos pais, mas a gota d’água para o início de uma prova, pois tais Espíritos já são severos credores de si mesmos, corroídos pelo sentimento de culpa por terem cometidos falhas graves, receando novas quedas e pavor de voltar à carne. Aliás, nesse momento de luta entre o Espírito e matéria, ocorre uma reação contraditória no ser humano: o mesmo medo que temos de morrer acontece quando estamos prestes a reencarnar; se estamos aqui, não queremos ir para lá; e se estamos lá, não queremos vir para cá. Continua na próxima edição...

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| doutrina |

A nova literatura mediúnica “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.”

Paulo (I Co, 14: 29) Por José Passini

As palavras de Paulo – inegavelmente a maior autoridade em assuntos mediúnicos dos tempos apostólicos – deveriam servir de alerta àqueles que têm a responsabilidade da publicação de obras de origem mediúnica. A literatura mediúnica tem aumentado de maneira assustadora. Diariamente, aparecem novos médiuns, novos livros, alguns bem redigidos, se observados quanto ao aspecto gramatical, mas de conteúdo duvidoso se analisadas as revelações

fantasiosas, que iludem muitos novatos, ainda sem conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame criterioso daquilo que lêem. Muitos desses livros se originam de Espíritos ardilosos que, de maneira sutil, se lançam no meio espírita como arautos de novas revelações capazes de encantarem leitores menos preparados, aqueles sem um lastro de conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame lúcido, capaz de os levar a conclusões esclarecedoras. Muitas pessoas que conheceram recentemente a Doutrina, antes de estudarem Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne e outros autores conceituados; antes de lerem as obras de médiuns como Francisco Cândido Xavier, Yvonne A. Pereira, Divaldo Franco, José Raul Teixeira, estão se deparando com obras fantasiosas,

escritas em linguagem vulgar, contendo o que pretendem seus autores – encarnados e desencarnados – sejam novas revelações. Bezerra de Menezes, Emmanuel, André Luiz, Meimei, Manoel Philomeno de Miranda, Joanna de Ângelis e tantos outros Espíritos se tornaram conhecidos e respeitados pelo conteúdo sério, objetivo, seguro, esclarecedor de suas obras, sempre redigidas em linguagem nobre. Esses Espíritos conquistaram, pouco a pouco, o respeito, a credibilidade e a admiração do público espírita pelo conteúdo de seus escritos, na forma de mensagens ou de livros, publicados espaçadamente, como que dando tempo a um estudo sereno e criterioso do seu conteúdo. Nos dias que correm, infelizmente, o quadro se modificou. Muitos médiuns, valendo-se de nomes já conhecidos pelo valor de suas obras, tentam impor-se aos leitores espíritas, não pelo valor das mensagens em si, mas escorados em nomes respeitáveis. Sabendo-se que nomes pouco importam aos Espíritos esclarecidos, é de se perguntar por que os benfeitores que se notabilizaram através de Francisco Cândido Xavier haveriam de continuar usando seus nomes em mensagens transmitidas através de outros médiuns? Se o importante é servir à causa do Bem, por que essa continuidade na identificação, tão pessoal, tão terrena? Não seria mais consentâneo com a impessoalidade do trabalho dos Servidores do Bem deixar que o valor intrínseco da mensagem se revele, sem estar escorado num nome conhecido? Por que não deixar que a mensagem se imponha pelo valor de seu conteúdo? Por que escudar-se em nomes respeitáveis, quando o texto não resiste a uma comparação, até mesmo superficial, de conteúdo e, às vezes, até mesmo de forma?

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Por que essa ânsia insofreável de publicar tudo o que se recebe – ou que se imagina ter recebido – dos Espíritos? Onde o critério, a sobriedade tantas vezes recomendada na obra de Kardec? Será que o público espírita já leu, estudou, analisou, entendeu toda a produção mediúnica produzida até agora? Ao dizer isso não se está afirmando que a fase de produção mediúnica está encerrada. Sabe-se que a Doutrina é dinâmica, que a revelação é progressiva. Progressiva e não regressiva, pois há obras que estão muito abaixo daquilo que se publicou até hoje, para não dizer que há aquelas que nunca deveriam estar sendo publicadas. Infelizmente, os periódicos espíritas, de modo geral, não publicam análises dessas obras que estão sendo comercializadas, ostentando indevidamente o nome da Doutrina. Impera, no meio espírita, um sentimento de falsa caridade, um pieguismo mesmo, que impede se analise uma obra diante do público. Essas atitudes é que encorajam médiuns ávidos de notoriedade à publicação dessa verdadeira avalanche de obras, que vão desde aquelas discutíveis a outras verdadeiramente reprováveis. Nesse particular, é justo se chame a atenção dos dirigentes de núcleos espíritas, sejam centros, sejam livrarias, a fim de que avaliem a responsabilidade que lhes cabe quanto ao que é dado a público em nome do Espiritismo. O dirigente – ou o grupo responsável pela direção de uma casa espírita – responderá perante o Alto, sem a menor dúvida, pela fidelidade aos princípios doutrinários de tudo o que se divulga em nome do Espiritismo, seja na exposição oral, num livro ou simplesmente num folheto. O mesmo se diga relativamente àqueles responsáveis pelas associações intituladas “clube do livro”.

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