Jornal Fraterno 46

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fraterno “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em qualquer época da humanidade” Allan Kardec

8 anos Divulgando a Doutrina Espírita

Jornal Bimestral | Edição 46 | Ano VIII | Março/Abril de 2011

‘MÃE SANTÍSSIMA’ “Já há algum tempo pensávamos em fazer uma homenagem nesses 8 anos de edições ininterruptas, mas não houve melhor oportunidade do que agora, para falar da mulher e das suas qualidades de mãe, das suas lutas e padecimentos, pois através dessa grandiosidade de afeições é que podemos integrá-las as famílias do mundo”. Também nesta edição

“Deus não podia estar em todos os lugares, por isso inventou as mães”.

(Provérbio judeu)

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Editorial A mulher mãe............................................................. 2 Crônicas Mães más.........................................................................3 Mães não deveriam morrer..................................4 discutindo a bíblia A causa primeira será sempre desconhecida ......................................... 5 cultura espírita Mãe santíssima................................................................6 e 7 espírito na escola Suicídio, desinformação e preconceito................................................................8 sexo nos espíritos O sexo objetivando o prazer.........................................9 moral Cristã Pequena história do discípulo.......................10 Homenagem Mães modernas.....................................................................11 momento fraterno...............................12 Distribuição gratuita | jornalfraterno@gmail.com


| editorial |

A mulher mãe

N

esta edição, fazemos dupla homenagem à qualificação mais edificante de todos os tempos na Terra: a mulher, companheira, amiga, esposa e, conseqüentemente, mãe. Todas elas são corajosas representantes do amor divino pela conquista de seus deveres e pela incumbência da maternidade; são dignas de paciência, ternura, carinho e perdão. Estão sempre prontas a amparar pelo instinto da maternidade e onde quer que esteja elas não medem esforços para socorrer aos filhos, sejam crianças, jovens ou adultos e, isto não lhe influi avaliação a qualquer sacrifício. Já há algum tempo pensávamos em fazer uma homenagem nesses 8 anos de edições ininterruptas, mas não houve melhor oportunidade do que agora, para falar da mulher e das suas qualidades de mãe, das suas lutas e padecimentos, onde através dessa grandiosidade de afeições é que podemos integrá-las as famílias do mundo. Eis onde reside a força da mulher: no coração, pelos traços da sensibilidade e pela representação de amor e carinho. Assim podemos dizer que é nato a toda mulher o desejo de ser mãe, de sentir-se mãe e de amar verdadeiramente. É por esta inspiração que nos transportamos aos planos da Espiritualidade Maior, quando, num dado momento da preparação do orbe terreno, houve entre as militâncias superiores uma grandiosa assembléia ministerial, a fim de que se cumprisse para o mundo a segunda revelação do Altíssimo, ou seja, o nascimento do Menino de Deus pelo condicionamento humano. E para isso foi selecionada uma alma gloriosa, a qual amava ao infinito... Esta seria escolhida por sua grandeza de espírito e não ousaria prestígio entre as mulheres, nem se rogaria bendita entre as castas ou parentescos terrenos. Seria adornada ao gênero, mas não eleita por ele, para dar à luz ao seu Messias. O desprendimento lhe era próprio e desde cedo já sentia o vagar de

matrona e a prontidão de servir a Deus, mas nem por isso foi fruto da parcialidade divina, tal como conhecida pela conceituação dogmática de virgem. Sua valorosa distinção estava nos intentos da afinidade “Crística” e não no demérito, por assim considerado a sexualidade dos homens. Ela sintonizava-se ao Cristo, sobretudo, porque estava entre a hierarquia celeste. Deste modo, foi chamada à assembléia dos doutos pela virtuosidade moral, brandura maternal e o sincero desejo de fazer o bem. Diferentemente de ser nomeada a graça de ter com o Espírito Santo, não deu origem a concepção carnal do Pecado Original

de Chico Xavier, do qual nos fala a nossa Cultura Espírita, sobre os últimos dias desta “mulher mãe”, que seguiu sua missão, honradamente, tornando-se o símbolo de todas as mães, falando o poeta sobre a nossa MÃE SANTÍSSIMA. E como as mães são simbolizadas por essa mulher, ouso aqui um pequenino depoimento de nosso amor filial sobre a nossa amada Maria mãe. Segue de nossa alma a maior expressão de gratidão a Jesus por ter-nos consentido a graça de cuidar de nossa querida mãe nos seus últimos três anos de vida física. Sua perda de memória presente, o desequilíbrio de suas forças e o

e nem poderia ser a mãe de Deus, tampouco ser maior do que seu próprio Filho, Jesus. Viria a ser portadora do amor nas mais elevadas qualidades da mulher que ama, pelo sofrimento, pelas dores do parto e ao testemunho de seus outros filhos. Foi elevada pelo que se destinava moralmente, porque se transpôs às angústias mais íntimas, das piores crucificações psicológicas, do desgosto daquele martírio de aflições silenciosas, por querer vencer o mundo para acudir seu Filho. O Fraterno, no propósito de confirmar as conseqüências morais de encarnados e desencarnados, no que tange o desenvolvimento da criatura em continuidade na faixa terrena, homenageia o cristianismo redivivo no conto de “Humberto de Campos” (Espírito) através das mãos amoráveis

cansaço de seus 82 anos, trouxeramlhe, sobre os ombros, a desesperança, as amarguras e as tristezas de uma inquietude senil, quando, vez por outra, batia-lhe o ar da sanidade sobre as boas lembranças. Doara a vida por amor aos seus filhos, Maria trabalhou como doméstica, de lavadeira e passadeira de roupas. Nunca teve um lar propriamente seu para nos dar conforto segundo narrava sobre seus sonhos, mas nos amou o suficiente para tirar da boca e nos acudir a fome em desassistência de nosso pai... Nunca cogitou de um segundo casamento e jurava ser possível cuidar e educar, sozinha, como nos fez, eu e mais uma irmã, dando-nos amor e instruindo-nos para que fôssemos minimamente educados... Por tudo isso, esperávamos que durasse

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muito, pois apesar de tudo, ela tinha muito boa saúde. No fatídico dia de seu desencarne, numa terça-feira, 14 de janeiro de 2004, voltando de uma reunião em nossa casa “Seara de Jesus”, encontrei-a sentada numa cadeira, com as mãos descansando nas pernas e a cabeça voltada para o alto, como se estivesse procurando o Céu. Pensei primeiramente que estivesse dormindo e chamei: mãe, mãe! Ela não respondeu... Seu semblante estava como cristalizado, respiração suspensa e pupila aumentada, sem pulso. O jantar estava lá, sem ser tocado. Indispensável descrever que, costumeiramente, jamais faltou o carinho de nossa atenção, alimentava-a na boca, passeava alguns quarteirões e lhe dava banho; cuidava de suas roupas, seus horários de medicação e consultas médicas, enfim, dispúnhamos de muito amor àquela heroína de nossa vida. Ainda assim, buscamos a devida cautela naquele momento de aflição pelo socorro médico; tentaram reanimá-la, mas nada conseguiram. Ela havia partido sem despedir-se e sem que pudéssemos dizer o quanto a amávamos e o quanto ficaríamos eternamente cuidando de sua saúde sem jamais reclamar... Hoje, mais amadurecidos, compreendemos seu real valor e rogamos a Deus, no momento de nossa passagem, encontrá-la para agradecer sua dedicação às muitas de nossas incompreensões imaturas. Finalizando, quantas histórias como esta poderíamos acrescentar em homenagem as “nossas” mães santíssimas? Diremos sem nenhuma vaidade dos próprios sofrimentos, jamais buscaríamos louros desse amor filial, Deus o sabe... Não nos expusemos pelo intuito do engrandecimento e, muito menos, quisemos ostentar piedade às ingratidões. Todos têm suas histórias e assim figuramos homenagem às mulheres que nos amaram e nos deram a vida por amor de mãe. Bendita seja a “mulher” e santificada seja como “mãe”! Boa leitura, o editor.

FRATERNO, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede no “Centro Espírita Seara de Jesus”, Rua Allan Kardec, 173, Vila Nova Osasco, Cep 06070-240, Osasco, SP. searadejesus@yahoo.com.br; Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049; Coordenação/Direção/Redação: Eduardo Mendes; Revisores: Luciana Cristillo e Jussara Ferreira da Silva. Diagramação: Jovenal Alves Pereira; Captação: Manoel Rodilha; Impressão: Gráfica Yara; Tiragem: 10.000 exemplares; Distribuição: Osasco e Grande São Paulo; e-mail: jornalfraterno@gmail.com; Telefone: (011) 3447 - 2006

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| crônica |

| eventos |

Mães más

No seara “A noite da Panqueca”, sábado, dia 16/04/2011 a partir das 18hs.

Por Dr. Carlos Hecktheuer

U

m dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: – Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão. Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer vocês saberem que aquele novo amigo não era boa companhia. - Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”. - Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto a vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos. - Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos. - Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade por suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração. Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em momentos até odiaram). Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer: “Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...” – As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos e torradas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela nos obrigava a jantar à mesa, bem diferente das outras mães que

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deixavam seus filhos comerem vendo televisão. Ela insistia em saber onde estávamos a toda hora (tocava nosso celular de madrugada e “fuçava” nos nossos e-mails). Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Insistia que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violava as leis do trabalho infantil. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho, que achávamos cruéis. Eu acho que ela nem dormia à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos, tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer. Enquanto todos podiam voltar tarde à noite, com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar). Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência: nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por qualquer crime. FOI TUDO POR CAUSA DELA. Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos “PAIS MAUS”, como minha mãe foi. EU ACHO QUE ESTE É UM DOS MALES DO MUNDO DE HOJE: NÃO HÁ SUFICIENTES MÃES MÁS.

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Dr. Carlos Hecktheuer é Médico Psiquiatra

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Gasparetto. Sábado, dia 26 de março às 18h, no Teatro Municipal de Osasco, Ingresso antecipado na Livraria Espírita Mensageiros de Luz - R$ 20,00 (inteira e 1/2 entrada). No dia do evento R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (1/2 entrada). Teatro: O Centro Espírita Irmã Maria, promove a apresentação da peça espírita “Os Mensageiros”, baseada no livro de André Luiz e psicografia de Chico Xavier. Este livro é o segundo da série Vida no Mundo Espiritual, que se inicia com o livro “Nosso Lar”. Sábado, dia 19 de março às 19h, no Centro Espírita Irmã Maria - r.José Augusto de Oliveira,13 - Presidente Altino - Osasco. Ingresso - R$ 10,00 a ser adquirido na secretaria do Centro Espírita.

Memórias de Chico Xavier

“C

erta vez, alguém me contou que havia sido perseguido e injuriado, por muitos anos, por um ferrenho adversário de suas idéais. Ele vivia sonhando com o dia em que seu opositor, reconhecendo os equívocos cometidos, o procurasse para pedir perdão... Imaginava, finalmente, ter o referido adversário aos pés, dando à mão a palmatória. Acalentava essa idéia de triunfo em que a justiça lhe seria feita. Pois bem. Quando já estava com os cabelos quase todos brancos, inesperadamente, o seu opositor o procura para o tão aguardado entendimento. Confessou-lhe os seus excessos, pediu a ele que o desculpasse na inveja e no ciúme que sempre o haviam motivado no combate acirrado, falou de suas lutas pessoais e conflitos de ordem íntima semelhantes àqueles que exatamente criticara no companheiro... Conversaram largamente, sem ninguém por perto para testemunhar o diálogo. O amigo injuriado, que tinha tantas respostas na ponta da língua, que havia decorado o que dizer justamente para quando chegasse a hora inevitável daquele confronto, percebeu, segundo ele próprio me confidenciou que também inutilmente perdera tempo... De repente, sentiu que não havia qualquer razão para o revide... Ambos haviam envelhecido

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naquela disputa que ninguém saberia identificar como teria começado. - Chico – disseme ele, eu não tive vontade nenhuma de reagir; é verdade que ele se prevalecera de todas as artimanhas para me prejudicar, mas eu também mentalizara aquele momento, o dia em que, face a face comigo, ele se sentisse humilhado... Ele estava tendo a grandeza de me pedir perdão, e se eu não lhe perdoasse ele estaria triunfando sobre mim... Eu que, anelava fazer uma publicação no jornal, tornando pública aquela hora de retratação, não tive ânimo de contar isso a quem quer que fosse. Você é a primeira pessoa que está sabendo – ele desencarnou há mais de um mês!... Hoje, sinto por ele uma afeição que não sei explicar. Reconheci que em muita coisa ele tinha razão a meu respeito... Feliz daquele que, na hora de dar o “troco”, perde a vontade! Esses encontros com os nossos desafetos mais cedo ou mais tarde acontecerão; se não for nesta vida, será na vida espiritual. Os que nos perseguem, com razão ou sem razão, nos auxiliam a identificar o nosso próprio lugar... Às vezes, nos é muito mais útil um adversário sincero que um amigo “bajulador”.

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Março/Abril | Edição 46 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |


| crônicas |

As mães não deveriam morrer Resta-nos o movimento que transforma dor em saudade POR ELIANE BRUM

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ma amiga perdeu a mãe, de repente. A notícia me alcançou por e-mail, agora que a internet deixou o mundo pequeno. Estou longe, mas também aqui, neste lugar sem distância que é o mundo virtual. Mas com tempo veloz, em que uma hora pode ser um pretérito definitivo na disputa pela supremacia dos segundos. Como era antes, quando as notícias levavam meses para chegar e o mundo sobre o qual falavam já tinha inteiro se transmutado, quando as cartas eram sempre um retrato do passado? Agora tudo é agora. E os tempos se confundem de outro modo. Mas se confundem. Senti tanto o desamparo da minha amiga, porque sei que as mães não deveriam morrer. Na mesma noite sonhei com meus mortos. Meu avô sentava-se com minha avó ao redor da mesa da cozinha como antes e como nunca, porque meu avô sabia que minha avó tinha morrido e eu sabia que meu avô tinha morrido uns 20 anos depois dela. E uma quarta pessoa, desconhecida de todos nós reunidos naquela cozinha, sabia que eu também já tinha morrido, numa outra época que ainda não chegou para mim. Mas comíamos bolinhos de chuva naquela mesa porque compreendíamos que, no curto espaço de existência, neste soluço entre o nascimento e a morte que pertence a cada um de nós, nem os sonhos devem ser desperdiçados. E ali, enquanto eu dormia num quarto de hotel, éramos uma impossibilidade lógica que conversava e que ria. Quando perdemos alguém que amamos, a dor é tão extravagante

que nos come vivos, como se fosse uma daquelas formigas africanas que vemos nos documentários da National Geographic. A dor está lá quando acordamos. Continua lá quando respiramos. Nos espreita do espelho diante do qual escovamos os dentes pela manhã com um braço que pesa uma tonelada. E, quando por um instante nos distraímos, crava seus dentes bem no coração. Neste longo momento depois da perda, sabemos mais dos buracos negros do que os astrônomos porque carregamos um dentro de nós. E arrancamos cada dia nosso do interior de sua boca ávida, com uma força que não temos, para que não nos sugue de dentro para dentro. Devagar, bem devagar, muito mais devagar do que o mundo lá fora nos exige, o vazio vai virando uma outra coisa. Uma que nos permite viver. Descobrimos que nossos mortos nos habitam, fazem parte de nós, correm em nossas veias fundidos a hemácias e leucócitos. Que suas histórias estão misturadas com as nossas, que seus desejos se deixaram em nós. Que, de certo modo, somos muita gente, multidão. Como também nós seremos em muita gente, deixando, em cada um, ecos de diferentes decibéis e intensidades. Acolhemos então aquele que nos falta de uma forma que nunca mais nos deixará. Como saudade. E como saudade não poderá mais partir. Somada, a vida humana é um rio barulhento de memórias no leito do tempo. Enquanto outras espécies sabem, sem que ninguém tenha ensinado, que precisam voar para o sul para não sucumbir no inverno ou que devem escalar dezenas de metros de uma árvore em busca da fêmea para se acasalar num momento preciso, nós perpetuamos lembranças. Não é uma intuição prática, no sentido ordinário do termo. Mas é tão vital quanto o acasalamento ou a fuga do inverno. Assim como a natureza tece mil expedientes para perpetuar seus

genes, pertençam eles a um chimpanzé ou a uma mosca; nós, cuja diferença evolutiva nos permitiu inventar a cultura e ser na cultura, perpetuamos a vida através da memória. Já que, para nós, não há vida sem a consciência da vida. Transmitimos as histórias, o conhecimento e os sentimentos dos que se foram, tanto como humanidade quanto como indivíduo, como se fossem parte de um DNA imaterial. Do contrário, seria impossível conviver com o privilégio de nossa espécie, a consciência do fim. Quem não entende isso acha que, quando doamos as roupas e os objetos de quem amamos e se foi ou deixamos de chorar no cemitério, superamos a perda. Não acredito que exista superação no sentido do esquecimento. O que acontece é que compreendemos que aquela pessoa não estará mais no mundo externo, não pertence mais a ele. Mas também não é mais um vazio que grita como

nos primeiros meses, às vezes anos. Ela agora mora no mundo de dentro, vive como memória nossa, em nós. E assim não está mais morta, mas viva de um outro jeito. É o que me ensina João, o homem que divide comigo a aventura arriscada de viver. De luto por sua própria mãe, percebo que a carrega nos olhos quando se maravilha com a novidade do mundo. Ele me ensina que a vida dos mortos em nós não é possessão nem fantasma. Nem é morte. O mórbido é quando não conseguimos dar um lugar vivo para o morto. Então a memória fica pregada naquele momento de horror e a vida se torna impossível, porque a existência não é água parada, mas rio que corre. Acontece quando alguém, pelos mais variados motivos, não consegue fazer o luto e dar um lugar de saudade para a dor. Quando nos fixamos, num dogma ou numa falta, partes importantes de nós gangrenam. Mas quando os mortos se acomo-

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| discutindo a bíblia | A causa primeira de todas as coisas será sempre desconhecida dam em nós como lembrança que muda segundo o viver de quem vive, tudo flui. Se há algo que a vida é em essência é movimento. E o luto é um movimento que reabre as portas para a vida ao romper com a rigidez da morte em nós. Por isso, para o luto não pode haver pressa, porque é grande e largo o gesto que temos de fazer acima e apesar do horror que nos atinge até mesmo em partes que nem sabíamos que existiam. Quando perdeu a mãe, João compreendeu por completo a poesia que Carlos Drummond de Andrade escreveu para a poeta Ana Cristina Cesar, que se suicidou aos 31 anos atirando-se pela janela do 13° andar. Ela fala da diferença entre falta e ausência. “Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.” É isso. A ausência não é falta. Ou, dito de outro modo, a falta nos come vivos. A ausência, por paradoxal que pareça, nos preenche. Há um filme de extraordinária beleza sobre a perda, a saudade e o lugar dos mortos em nós. Chama-se “Hanami – Cerejeiras em flor” (Doris Dörrie, 2008 – Alemanha/França). Passou nos cinemas, ainda resiste numa sala ou outra, mas já assisti ao filme na TV por assinatura. Se você encontrar este nome na programação, não deixe de ver. Feche as cortinas, proteja-se do barulho da rua, programe-se para algo especial. O filme conta a história de um homem que não gosta de sair da rotina em sua viagem mais longa e menos previsível. Ele parte em busca de sua mulher e só a encontra quando descobre que ela está dentro dele, nos gestos dele, no corpo e nos olhos que ele empresta a ela. É um filme sobre a morte que nos leva ao único lugar onde vale a pena

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chegar, à vida. Quando sofremos uma grande perda ou somos abalroados por uma catástrofe pessoal de outro gênero, as pessoas dizem, para nos consolar e com as melhores intenções, que tudo passa. Acho que, na verdade, nada passa. A frase mais precisa seria que tudo muda. Também nós que aqui estamos como matéria um dia seremos apenas eco. Tanto pelas nossas células que alimentam e se agregam a outros seres vivos a partir da decomposição de nosso corpo como pelas histórias que transmitimos e permanecem além de nós. Aquela que fui ontem já mudou, a ruga que há um ano não existia agora é visível na pálpebra direita, minha percepção do mundo não é mais exatamente a mesma do mês passado, alterada por novas experiências que me alargaram. De certo modo, nascemos e morremos tantas vezes até o fim da vida. E é este o movimento que importa. Queria dizer isso à amiga que perdeu a mãe de repente. Mas agora minha amiga ouve, mas não pode escutar. A dor a está comendo viva como as formigas africanas. Tudo é horror e absoluto. Mas com o tempo, um período só dela e que não pode ser determinado em parte alguma nem por ninguém, minha amiga vai começar a perceber que a mãe é uma ausência presente no formato das suas unhas, num certo jeito de mexer a cabeça quando fala, na tonalidade rara dos olhos. Está nas palavras e nas histórias que conversam dentro dela, na mitologia familiar que se perpetua, nos sons da memória. E então poderá reencontrar a mãe dentro dela. E levála para passear. E, num dia que sempre chega, viverão as duas como história, como cacos de lembranças encaixados em diferentes rearranjos de vitrais, na vida dos que vieram depois. É pouco, talvez. É tudo o que temos. ELIANE BRUM é jornalista, escritora e documentarista. (www.epoca.com.br)

“Todos os ramos de seguro”

Por José Rei Chaves

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nossa evolução em busca de Deus ou da verdade é uma jornada que tem começo, mas não tem fim. É que devemos caminhar sempre na direção da perfeição de Deus, mas jamais vamos chegar lá, pois a perfeição de Deus é infinita, enquanto que a nossa será sempre finita. Ela será, um dia, semelhante à de Deus, mas jamais igual à Dele. Jesus aconselha-nos que sejamos perfeitos como é perfeito o nosso Pai celestial. Mas isso é uma força de expressão. Ele quer dizer que devemos imitar o Pai, que não faz acepção de pessoas, e que faz vir o sol e a chuva para todos, e a terra produzir alimentos para justos e injustos. O nosso conhecimento sobre Deus será, realmente, sempre incompleto. Quem tenta definir Deus é ignorante. Paulo ensinou que Deus é desconhecido.(Atos 17,23). À pergunta de Kardec: “Que é Deus?”, os espíritos responderam: “Deus é a Inteligência Suprema e Causa Primeira de todas as coisas.” Observe-se que Kardec não perguntou “quem”, mas “que”, pois Deus não é gente, já que Ele nos transcende. E a resposta é sensata, pois é sem pormenores sobre Deus. O famoso físico inglês Stephen Hawking, em seu novo livro “The Grand Design”, afirma que Deus não criou o Universo, e que o “Big Bang” foi apenas uma conseqüência da lei da gravidade. Hawking, que é membro da Academia de Ciências do Vaticano, irrita-se quando alguém o toma como ateu. Ele é agnóstico. Esse termo é, às vezes, tomado indevidamente como sinônimo de ateu. Mas agnóstico é quem não conhece Deus, ignora o que seja Deus. Geralmente, o agnóstico é, pois, alheio às questões sobre Deus.Vimos que Deus para

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Paulo era também desconhecido, como o era para os gregos, aos quais ele anunciava esse Deus ignoto. Seria são Paulo, também, meio agnóstico? Ensinou santo Agostinho que Deus cria as coisas em estado potencial (em forma de semente), o que de algum modo favorece à teoria da chamada criação espontânea. Hawking nega, como vimos, que o Universo tenha sido criado por Deus, porque o “Big Bang”, teoria criada em 1935 pelo astrofísico Jesuíta belga Le Maïtre, é uma conseqüência da lei de gravidade. Isso nos leva à pergunta: O que criou a lei da gravidade? Ela é efeito de outra causa, como o próprio “Big Bang” é também efeito de outra. Para acontecer a explosão (energia acumulada?), existiu algo que a provocou, como para haver a lei de gravidade, tem que haver corpos maiores em peso e massa para atraírem os menores para si, o que é também condizente com a força centrípeta. Para a origem do Universo, Hawking fala de causa imediata e não da causa primeira de todas as coisas, de Kardec, não do Único Ser Incontingente de são Tomás de Aquino, não do Deus desconhecido de Paulo, não do “Único dos orientais, do qual nada pode ser dito”, causa primeira essa à qual jamais ninguém chegará! Negar que Deus criou o Universo não significa negar a existência do Universo e menos ainda de Deus. A hipótese de que Deus não criou o Universo foi aceita também por Aristóteles e o filósofo materialista árabe Averrois. Aliás, Deus tem os seus espíritos auxiliares que, trabalhando para Ele, criam também (Hebreus 12,9). E são Tomás de Aquino, igualmente, aceitou essa hipótese de Aristóteles, Averrois e, agora, de Hawking, dizendo que o Universo pode ter existido com Deus desde todas as eternidades!

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Mãe santíssima Por Humberto de Campos - espírito

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pós a separação dos discípulos, que se dispersaram por lugares diferentes, para difusão da Boa Nova, Maria retirou-se para Batanéia, onde alguns parentes mais próximos a esperavam com especial carinho. Os anos começaram a rotar silenciosos e tristes, para angustiada saudade do coração. Tocada por grandes dissabores, observou que, em tempo rápido, as lembranças do filho amado se convertiam em elemento das ásperas discussões, entre os seus seguidores. Na Batanéia, pretendia-se manter uma certa aristocracia espiritual, por efeito dos laços consangüíneos que ali a prendiam, em virtude dos elos que a ligavam a José. Em Jerusalém, digladiavam-se os cristãos e os judeus, com veemência e acrimônia. Na Galiléia, os antigos cenáculos simples e amoráveis da natureza estavam tristes e desertos. Relembrava seu Jesus pequenino, como naquela noite de beleza prodigiosa, em que se recebera nos braços maternais, iluminado pelo mais doce mistério. E aquele primeiro beijo, feito de carinho e de luz? As reminiscências envolviam a realidade longínqua de singulares belezas para o seu coração sensível e generoso. E João lhe contou a sua nova vida. Instalara-se definitivamente em Éfeso, onde as idéias cristãs ganhavam terreno entre almas devotadas e sinceras. Maria escutava-lhe as confidências num misto de reconhecimento e ternura. João continuava expor-lhe os seus planos mais insignificantes. Levá-la-ia consigo, andariam ambos na mesma associação de interesses espirituais. Maria aceitou alegremente. Dentro de breve tempo, instalarase no seio amigo da Natureza, em frente ao Oceano. Éfeso ficava pouco distante; porém, todas as adjacências se povoavam de novos núcleos de

habitações alegres e modestas. A casa de João ao cabo de duas semanas, se transformou num ponto de assembléias adoráveis, onde as recordações do Messias eram cultuadas por espíritos humildes e sinceros. Maria externava suas lembranças. Vezes inúmeras a reunião terminava somente em noite alta, quando as estrelas tinham maior brilho. E não foi só. Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados acorriam ao sítio singelo e generoso. A notícia de que Maria descansava, agora, entre eles, espalhara um clarão de esperança por todos os sofredores. Ao passo que João pregava na cidade as verdades de Deus, ela atendia, no pobre santuário doméstico, aos que lhe procuravam exibindo-lhe as suas úlceras e necessidades. O fato tivera origem em certa ocasião, quando um miserável leproso, depois de aliviado em suas chagas, lhe osculou as mãos, reconhecidamente murmurando: - “Senhora, sois a mãe de nosso Mestre e nossa Mãe Santíssima!” A tradição criou raízes em todos os espíritos. Quem não lhe devia o favor de uma palavra maternal nos momentos mais duros? E João consolidava o conceito, acentuando que o mundo lhe seria eternamente grato, pois fora pela sua grandeza espiritual que o Emissário de Deus pudera penetrar a atmosfera escura e pestilenta do mundo para balsamizar os sofrimentos da criatura. - “Minha mãe – dizia um dos mais aflitos – como poderei vencer as minhas dificuldades? Sinto-me abandonado na estrada escura da vida...” Maria lhe enviava o olhar amoroso de sua bondade, deixando nele transparecer toda a dedicação enternecida de seu espírito maternal. - “Isto também passa! – dizia Ela, carinhosamente – Só o reino de Deus é bastante forte para nunca passar de nossas almas, como eterna realização do amor celestial.”

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Seus conceitos abrandavam a dor dos mais desesperados, desanuviava o pensamento obscuro dos mais acabrunhados. A Igreja de Éfeso exigia de João a mais alta expressão de sacrifício pessoal, pelo que, com o decorrer do tempo, quase sempre Maria estava só, quando a legião humilde dos necessitados descia o promontório desataviado, rumo aos lares mais confortados e felizes. Os dias e as semanas, os meses e os anos passaram incessantes, trazendo-lhe as lembranças mais ternas. Quando sereno e azulado, o mar lhe fazia voltar à memória o Tiberíades distante. Surpreendia no ar aqueles perfumes vagos que enchiam a alma da tarde, quando seu filho, de quem em nenhum instante se esquecia, reunindo os discípulos amados, transmitia ao coração do povo as louçanias da Boa Nova. A certeza da proteção divina lhe proporcionava ininterrupto consolo. Como quem transpõe o dia em labores honestos e proveitosos, seu coração experimentava grato

GERIATRIA

DR. DIONISIO ALVAREZ MATEOS FILHO

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| FRATERNO | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 46 | Março/Abril

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repouso, iluminado pelo luar da esperança e pelas estrelas fulgurantes da crença imorredoura. Suas meditações eram suaves colóquios com as reminiscências do filho muito amado. Súbito recebeu notícias de que um período de dolorosas perseguições se havia aberto para todos os que fossem fiéis à doutrina de seu Jesus divino. Alguns cristãos banidos de Roma, traziam à Éfeso as tristes informações. Em obediência aos éditos mais injustos, escravizavam-se os seguidores do Cristo, destruíamse-lhes os lares, metiam-nos a ferros nas prisões. Falava-se de festas públicas em que seus corpos eram dados como alimentos a feras insaciáveis, em horrendos espetáculos. Então, num crepúsculo estrelado, Maria entregou-se às orações, como de costume, pedindo a Deus por todos aqueles que se encontrassem em angústias do coração por amor de seu filho. Embora a soledade do ambiente, não se sentia só: uma força singular lhe banhava a alma toda. Aragens

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suaves sopravam do oceano, espalhando os aromas da noite que se povoava de astros amigos e afetuosos e em poucos minutos, a lua plena participava, igualmente deste concerto de harmonia e de luz. Enlevada nas suas meditações, Maria viu aproximar-se o vulto de um pedinte. - “Minha mãe – exclamou o recém-chegado, como tantos outros que recorriam ao seu carinho -, venho fazer-te companhia e receber a tua benção”. Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspirava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do céu, confortando-a delicadamente. Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a todos os devotados e sinceros filhos de Deus, dando a entender que lhe compreendia as mais ternas saudades do coração. Maria sentiu-se empolgada por tocante surpresa. Que mendigo seria aquele que lhe acalmava as

dores secretas da alma saudosa, com bálsamos tão dulçorosos? Nenhum lhe surgira até então para dar; era sempre para pedir alguma coisa. No entanto, aquele viandante desconhecido lhe derramava no íntimo as mais santas consolações. Onde ouvira noutros tempos aquela voz meiga e carinhosa?! Que emoções eram aquelas que lhe faziam pulsar o coração de tanta caricia? Seus olhos se umedeceram de ventura sem que conseguisse explicar a razão de sua terna emotividade. Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos generosas e lhe falou com profundo acento de amor: - “Minha mãe, vem aos meus braços!” Neste instante, fitou as mãos nobres que se lhe ofereciam, no gesto da mais bela ternura. Tomada de comoção profunda, viu nela duas chagas, como as que seu filho revelava na cruz e, instintivamente, dirigindo o olhar ansioso para os pés do peregrino amigo, divisou também

aí as ulceras causadas pelos cravos do suplício. Não pôde mais. Compreendendo a visita amorosa que Deus lhe enviava ao coração, bradou com infinita alegria: - “Meu filho! Meu filho! As úlceras que te fizeram!...” E precipitando-se para ele, como mãe carinhosa e desvelada quis certificar-se tocando a ferida que lhe foi produzida pelo último lançaço, perto do coração. Suas mãos ternas e solícitas lhe abraçaram na sobra visitada pelo luar, procurando sofregamente a úlceras que tantas lágrimas lhe provocara ao carinho maternal. A chaga lateral também lá estava sob a carícia de suas mãos. Não conseguiu dominar o seu intenso júbilo. No ímpeto de amor, fez um movimento para ajoelhar-se. Queria abraçar-se aos pés do seu Jesus e osculá-los com ternura. Ele, porém, levantando-a, cercado de um halo de luz celestial, se lhe ajoelhou aos pés e, beijando-lhe as mãos disse em carinhoso transporte: - “Sim, minha mãe, sou Eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas do meu reino a Rainha dos Anjos...” Maria cambaleou, tomada de inexprimível ventura. Queria dizer da sua felicidade, manifestar seus agradecimentos a Deus; mas o corpo como se lhe paralisara, enquanto aos seus ouvidos chegavam os ecos suaves da saudação do anjo qual se a entoasse mil vozes cariciosas, por entre as harmonias do céu. No outro dia, dois portadores humildes desciam à Éfeso de onde regressaram com João para assistir aos últimos instantes daquela que lhes era a devotada mãe santíssima. Maria já não falava. Numa inolvidável expressão de serenidade, por longas horas ainda esperou a ruptura dos derradeiros laços que a prendiam à vida material. Experimentando a sensação de estar se afastando do mundo, desejou rever a Galiléia com seus sítios preferidos. Bastou a

manifestação de sua vontade para que a conduzissem à região do lago de Genesaré, de maravilhosa beleza. Dulcíssimas alegrias lhe invadiam o coração e já a caravana espiritual se dispunha a partir, quando Maria se lembrou dos discípulos perseguidos pela crueldade e desejou abraçar os que ficariam no vale das sombras à espera das claridades definitivas do reino de Deus. Maria se aproximou de um a um, participou de suas angústias e orou com suas preces, cheias de sofrimento e confiança. Sentiu-se mãe daquela assembléia de torturados pela injustiça do mundo. Espalhou a claridade misericordiosa de seu espírito entre aquelas fisionomias pálidas e tristes. Foi quando, se aproximando de uma jovem encarcerada, de rosto descarnado e macilento, lhe disse ao ouvido: -“Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!...convertamos as nossas dores da Terra em alegrias para o céu!...” A triste prisioneira nunca saberia compreender o por quê da emotividade que lhe fez vibrar subitamente o coração. De olhos estáticos, contemplando o firmamento luminoso, através das grades poderosas, ignorando a razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus, em que traduzia sua gratidão pelas dores que lhe eram enviadas, transformando todas as suas amarguras em consoladoras rimas de júbilo e esperança. Daí a instantes, seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes dos que choravam no cárcere aguardando o glorioso testemunho. Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo seu bom ânimo e sua alegria, guardando a suave herança de nossa mãe santíssima. “Do Livro Boa Nova, psicografia de Chico Xavier, Pelo Espírito Humberto de Campos - Adaptação Eduardo Mendes”.

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Março/Abril | Edição 46 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |


| o espírito na escola parte 11 |

Suicídio, desinformação e preconceito Estamos diante não de uma, mas de várias mudanças inevitáveis de paradigmas. Os velhos padrões se desvaneceram. Isto nos inquieta e nos deixa incertos Por Dalmo Duque dos Santos

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ra, respeito e empatia não são técnicas profissionais especializadas da medicina ou da psicologia. São atitudes humanas comuns, de pessoa para pessoa. São posturas desprovidas de receio e preconceito, necessárias em qualquer relação interpessoal. Professores empáticos e respeitosos despertam a confiança nos alunos e estes, percebendo a disponibilidade natural e o interesse sincero pelas suas dificuldades, muitas vezes desistem de planos sinistros de auto-destruição pelo suicídio ou destruição dos outros, pela violência homicida. Estar disponível para ouvir e compreender não significa assumir a responsabilidade de resolver os problemas dos outros. As pessoas que pedem ajuda têm consciência de que elas é que devem tomar decisões sobre seus problemas e quando buscam alguém para conversar só querem compartilhar seus sentimentos. Não é preciso ter medo de lidar com essas situações limites. Pior é se omitir, alegando despreparo. Chad Varah, reverendo anglicano, criador dos “Samaritans” em Londres, o maior serviço mundial de prevenção do suicídio, através de voluntários leigos, relata em suas memórias que esse trabalho foi iniciado por ele quando soube do suicídio de uma menina de apenas 14 anos, por um motivo aparentemente

fútil: ao ter os primeiros sintomas da menstruação, matou-se por achar que havia contraído uma doença venérea Essa desinformação, aliada ao preconceito, tem gerado inúmeras tragédias em todo o mundo. No Brasil esse trabalho voluntário vem sendo feito há mais de 40 anos pelo Centro de Valorização da Vida. Nessas quatro décadas o CVV apreendeu e ensinou muito sobre solidão e suicídio apenas ouvindo desabafos. Desenvolveu-se ali um precioso programa preventivo muito respeitado e utilizado por entidades médicas e governamentais. Tudo é muito prático, pelo telefone ou contato pessoal, e começa com um gesto bem simples: “CVV, bom dia (ou boa noite). Fique à vontade, estou aqui para ouvir você...”, diz sempre o voluntário. Os fundadores do CVV, depois de 40 anos de atividades, criaram o CRC - Caminho de Renovação Contínua, um programa educativo, inicialmente direcionado para os seus voluntários, e hoje oferecido como núcleos comunitários em todo o Brasil, incluindo escolas . Depois de muita pesquisa e reflexão, a OMS chegou à conclusão que os educadores, mesmo porque eles também se matam, são os melhores instrumentos para dissipar essa estúpida ignorância social. Vejamos algumas sugestões que eles nos dão para contribuir com a diminuição dessas estatísticas drásticas de mortes prematuras de jovens e crianças: “O suicídio não é um flash incompreensível da depressão: estudantes suicidas dão avisos suficientes e oportunidades para intervenção. Na prevenção do suicídio, professores e funcionários da escola encaram um desafio de grande estratégia importante, no qual é fundamental: 3 identificar estudantes com transtornos de personalidade e oferecer apoio psicológico; 3 criar vínculos próximos com os jovens conversando com eles e tentar compreendê-los e ajudálos;

3 aliviar o estresse mental; 3 ser observador e treinado para o reconhecimento precoce de comportamentos suicidas, seja através de comunicações verbais e/ou mudanças de comportamentos; 3 ajudar alunos menos habilidosos com seus trabalhos escolares; 3 o bservar alunos que “matam” aulas; 3 desmistificar os transtornos mentais e ajudar a eliminar o abuso de álcool e drogas 3 encaminhar os estudantes para o tratamento de transtornos psiquiátricos, e abuso de álcool e drogas; 3 restringir o acesso dos estudantes a métodos possíveis de suicídio – drogas tóxicas ou letais, pesticidas, armas de fogo e outras armas, etc.; 3 prover aos professores e outros profissionais da escola acesso a formas de aliviar seu estresse no trabalho”. Esse trabalho dos Samaritans, nas Ilhas Britânicas; do CVV, no Brasil; do SOS L’Amitié, na França; ou do Telefono Amico, na Itália, agora reconhecidos internacionalmente pela OMS, não está fora do contexto, nem se trata de uma atividade “estranha” aos problemas sociais e familiares. Eles fazem parte do contexto educacional e de uma nova mentalidade que veio se estruturando no planeta, também a partir dos anos 1950, no auge da corrida armamentista nuclear e da explosão urbana. Era o movimento de Emergência da Pessoa, reação contra a solidão e o abandono de seres humanos, às relações de frieza utilitárias entre as pessoas e a intensa massificação da sociedade de consumo e do desperdício. Nessa época surgiram em todo o mundo as contra-correntes de regeneração social: os pacifistas, os ecologistas, os humanistas, os qualitativistas, enfim, todas as idéias e atitudes contrárias à degeneração planetária já em franco andamento nesse período. Foi desses grupos, inicialmente pequenos e

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isolados, em vias de marginalidade e rejeição, que originaram as futuras ONGs dos anos 1990. Dez anos antes, na Califórnia, EUA, surgia a famosa “Conspiração Aquariana ”, formada por ativistas do mundo artístico e científico-acadêmico, assim descrita por Marilyn Ferguson na abertura do seu memorável texto profético sobre as mudanças pelas quais passaria a sociedade americana e mundial nas décadas seguintes : “ Uma rede poderosa, embora sem liderança, está trabalhando no sentido de provocar uma mudança radical nos Estados Unidos. Seus membros romperam com alguns elementoschave do pensamento ocidental, e até mesmo podem ter rompido com a continuidade da História” Na mesma época, Carl Rogers, revolucionário da psicologia e da educação, no apogeu da sua experiência e lucidez, publicava, juntamente com a sua constatação sobre a vida espiritual, as impressões sobre a possibilidade do fim da civilização ou então as dores do parto de um novo mundo e de uma nova pessoa. Rogers previa o nascimento de uma nova geração que iria abalar definitivamente as estruturas dogmáticas e violentas da ordem mundial imposta pelas superpotências da Guerra Fria e do Terrorismo: “Nosso mundo está em uma tumultuada agonia, agonia sem parto. Isto bem pode ser a desintegração precedente à destruição de nossa cultura pelo suicídio de um holocausto nuclear. Por outro lado, o terrorismo, a confusão, o desmoronamento de governos e de instituições podem ser as dores de um mundo em trabalhos de parto (...) nas aflições do nascimento de uma nova era (...) do nascimento de um novo ser humano, capaz de viver nessa nova era, nesse mundo transformado. Estamos diante não de uma, mas de várias mudanças inevitáveis de paradigmas. Os velhos padrões se desvaneceram. Isto nos inquieta e nos deixa incertos”.

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| sexo nos espíritos (parte 8) |

O sexo objetivando somente o prazer Em uma época de tantas transformações, em todos os setores do conhecimento humano, chegamos ao culto do prazer. Nunca se falou em tão alto grau de sexo e nunca o assunto esteve tão em alta

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oje em dia a mídia tem dado excessivo destaque ao sexo numa visão distorcida. A pornografia procura manter as pessoas obcecadas pela sexualidade vulgar. Esse quadro impactante tem perturbado muitas pessoas, que transformam-se em vítimas passivas de vendilhões desonestos, que as exploram através dos diversos meios de comunicação. Famílias têm-se desagregado. Aumentou o consumo de drogas e bebidas alcoólicas e cresceu a incidência dos distúrbios mentais. JORGE ANDRÉA DOS SANTOS (2002:147) transcreve uma citação de ANDRÉ LUIZ: O cativeiro nos tormentos do sexo não é problema que possa ser solucionado por literatos ou médicos a agir no campo exterior: é questão da alma, que demanda processo individual de cura, e sobre esta só o espírito resolverá no tribunal da própria consciência. É inegável que todo auxílio externo é valioso e respeitável, mas cumpre-nos reconhecer que os escravos das perturbações do campo sensorial só por si mesmos serão liberados, isto é, pela dilatação do entendimento, pela compreensão dos sofrimentos alheios e das dificul-

dades próprias, pela aplicação, enfim, do “amai-vos uns aos outros” assim na doutrinação, como no imo da alma, com as melhores energias do cérebro e com os melhores sentimentos do coração. Mais adiante, JORGE ANDRÉA DOS SANTOS complementa: Os que ainda vicejam nas paixões animais, elaborando vícios dos sentidos, encontrarão respostas na patologia sexual, tendo muito a lutar e a caminhar para equilíbrio de suas organizações que, por sua vez, é liberação. Somente na conduta do bem poderá o homem participar da harmonia que busca e anseia. É no relacionamento sexual equilibrado, sem a busca constante do orgasmo passageiro, cansativo e atordoante, que as almas se refazem, tornam-se autênticas em estados rítmicos de espiritualização. [...] As forças sexuais bem dirigidas amparam as criações de ordem física, intelectual, sentimental e espiritual. As forças do sexo, desenvolvidas em todo o seu estuário - da parte física à zona espiritual -, pelas permutas harmônicas renovam os campos do espírito e oferecem lampejos e impulsos para as grandes construções humanas. [...] As grandes realizações estão sedimentadas na responsabilidade do amor-equilíbrio. As mais expressivas construções na vida artística e literária têm oferecido excelsos exemplos nesse sentido. O abuso do sexo é altamente nocivo. Deve cada um policiar sua conduta para aperfeiçoar seu espírito rumo a conquistas mais importantes. A escravização ao sexo representa uma estagnação que o ser humano não deve se permitir. GANDHI (1998:242) aconselha as mulheres a se libertarem da escravização no vício em que homens inconscientes pretendem mantê-las:

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A mulher deve deixar de se considerar o objeto da concupiscência do homem. O remédio está mais nas mãos dela do que nas dele. A liberdade que hoje se vive não deve ser utilizada como fonte de desagregação. Não se deve entregar a mulher à exploração que os inconseqüentes criadores de modismos pretendem lhe impor. Em outro trecho (p. 168/169) esclarece a importância da temperança para a saúde: A relação entre o corpo e a mente é tão íntima que se um deles se desorganiza, todo o sistema sofre. Segue-se então que um caráter puro é a base da saúde no verdadeiro sentido da palavra; e podemos dizer que todos os maus pensamentos e todas as más paixões não são mais do que diferentes formas de doença. DIVALDO PEREIRA FRANCO (2004:58) diz: ... não é o intercurso sexual que desgasta o funcionamento dos órgãos ou perverte o indivíduo, mas a mente viciada que lança toxinas na intimidade das glândulas sexuais, desarmonizando-lhes o equilíbrio e gerando distonias emocionais... Não são só as atitudes que prejudicam, mas também a nossa atividade mental negativa, que envenena o organismo e causa distúrbios físicos e psicológicos graves. AMÉRICO DOMINGOS NUNES FILHO (2004:27) mostra um dos aspectos negativos da nossa época: Em uma época de tantas transformações, em todos os setores do conhecimento humano, chegamos ao culto do prazer. Nunca se falou em tão alto grau de sexo e nunca o assunto esteve tão em alta. Desde o aparecimento, na década de 1950,

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do primeiro anovulatório, conhecido popularmente como pílula, o hedonismo voltou a mostrar a sua face. Esse autor (p. 28) mostra a repercussão dos abusos do passado na vida presente de muitos de nós: ... o índice alarmante da impotência, atingindo mais da metade dos homens do mundo... Mais adiante (p. 33) nos aconselha a procurar o caminho do esclarecimento para bem viver: A energia sexual é uma força incomensurável que não pode ser sublimada abruptamente, como aconselham religiosos radicais, tampouco ser liberada sem controle ou disciplina. ROBERTO ASSAGIOLI, no seu artigo A Transmutação e a Sublimação das Energias Sexuais (1996:37-38) ensina o caminho da compreensão: ... a maneira mais efetiva e ao mesmo tempo mais elevada de controlar tanto o impulso sexual quanto o de poder é aceitar e reconhecer cada ser humano como “Alguém” a ser respeitado, e não como um “objeto” para a gratificação do nosso prazer, “algo” a ser dominado e explorado. J. KRISHNAMURTI em seu texto Sobre o Sexo (1996:68) alerta para a necessidade do Amor: ... é por não existir amor que vocês transformam o sexo em um problema. CLARA CODD em estudo intitulado Um Outro Aspecto do Sexo (1996:151) orienta sobre o controle sobre o sexo: O estudo e a pesquisa intelectual livre, a vida regrada e os exercícios físicos diários são fatores que contribuem para o controle sobre o sexo, mas o maior de todos eles se encontra na natureza emocional, e nas suas contrapartes superiores, os princípios espirituais e intuitivos.

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Março/Abril | Edição 46 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |


| moral cristã |

Pequena história do discípulo

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uando o Mestre visitou o aprendiz pela primeira vez, encontrou-o mergulhado na leitura das informações divinas. Viu-o absorto na procura de sabedoria e falou: - Abençoado seja o filho do conhecimento superior! E passou à frente entregando-o ao cuidado de seus prepostos. Voltando, mais tarde, ao revê-lo, surpreendeu-o inflamado de entusiasmo pelo maravilhoso. Sentia-se dominado pelas claridades da revelação propondo-se a estendê-las por todos os cantos da Terra. Queria ganhar o mundo para o Senhor Supremo. Multiplicava promessas de sacrifício pessoal e interpretava teoricamente a salvação por absoluto serviço da esperança contemplativa. O Companheiro Eterno afagou-lhe a fronte sonhadora e disse: - Louvado seja o apóstolo do ideal! Regressou em outra ocasião, a observá-lo e registrou-lhe nova mudança. Guiava-se o aprendiz pelos propósitos combativos. Através do conhecimento do ideal que adquirira, presumia-se na posse da realidade universal e movia guerra sem sangue a todos os semelhantes que lhe não pisassem o degrau evolutivo. Gravava dísticos incendiários, a fim de purificar os círculos da crença religiosa. Acusava, julgava e punia sem comiseração. Alimentava a estranha volúpia de enfileirar adversários novos. Pretendia destruir e renovar tudo. Nesse mister, desconhecia o respeito ao próximo, fazia tábua rasa das mais comezinhas regras de educação, assumindo graves responsabilidades para o futuro. O Compassivo, todavia, reconhecendo-lhe a sinceridade cristalina, acariciou-lhe as mãos inquietas e anunciou: - Amparado seja o defensor da verdade! E dirigiu-se a outras paragens, entregando-o à proteção de missionários fiéis. Tornando ao circulo do seguidor,

em época diferente, reparou-lhe a posição diversa. Dera-se o discípulo à sistemática pregação dos princípios edificantes que adotara, condicionando-os aos seus pontos de vista. Escrevia páginas veementes e fazia discursos comovedores. Projetava nos ouvintes a vibração de sua fé. Era condutor das massas, herói do verbo primoroso, falado e escrito. O Instrutor Sublime abraçou-o e declarou: - Iluminado seja o ministro da palavra celestial! E ganhou rumos outros, colocando-o sob a inspiração de valorosos emissários. Escoados longos anos, retornou o Magnânimo e anotou-lhe a transformação. O aprendiz exibia feridas na alma. A conquista do mundo não era tão fácil, refletia ele com amargura. Embora sincero, fora defrontado pela falsidade alheia. Desejoso de praticar o bem era incessantemente visado pelo mal. Via-se rodeado de espinhos. Suportava calúnias e sarcasmos. Alvejado pelo ridículo entre os que mais amava, trazia o espírito crivado de dúvidas e receios perniciosos. Era incompreendido nas melhores intenções. Se dava pão, recebia pedras. Se acendia luz, provocava perseguições das trevas. Lia os livros santos, à maneira do faminto que procura alimento; sustentava seus ideais com dificuldades sem conta; ensinava o caminho superior, de coração dilacerado e pés sangrando... O Sábio dos Sábios enxugou-lhe o suor copioso e falou: - Amado seja o peregrino da experiência! E seguiu estrada afora, confiando-o a carinhosos benfeitores. Retornando tempos depois, o Salvador assinalou-lhe a situação surpreendente. Chorando para dentro, reconhecia o discípulo que muito mais difícil que a conquista do mundo era o domínio de si mesmo. Em minutos culminantes do aprendizado, entregara-se também a forças inferiores. Embora de pé, sabia, de conheci-

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mento pessoal, quão amargo sabor impunha o lodo à boca. Cedera bastas vezes, às sugestões menos dignas que combatia. Aprendera que, se era fácil ensinar o bem aos outros, era sempre difícil e doloroso edificá-lo no próprio íntimo. Ele que condenara a vaidade e o egoísmo, a volúpia e o orgulho, verificava que não havia desalojado tais monstros de sua alma. Renunciava o combate com o exterior, a fim de lutar consigo muito mais. Vivia sob pressão de tempestade renovadora. Ciente das fraquezas e imperfeições de si mesmo confiava, acima de tudo, no Altíssimo, a cuja bondade infinita submetia os torturantes problemas individuais, através da prece e da vigilância entre lágrimas. O divino Amigo secou-lhe o pranto e exclamou: - Bendito seja o irmão da dor que santifica! E seguiu para diante, recomendando-os aos colaboradores celestiais.

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Anos decorridos, regressou o Misericordioso e admirou-lhe a situação diversa. O discípulo renovara-se completamente. Preferia calar para que os outros se fizessem ouvir. Analisava as dificuldades alheias pelos tropeços com que fora defrontado na senda. A compreensão em sua alma era doce e espontânea, sem qualquer tendência à superioridade que humilha. Via irmãos em toda parte e estava disposto a auxiliá-los e socorrê-los, sem preocupação de recompensa. Aos seus olhos, os filhos de outros lares deviam ser tão amados quanto os filhos do teto em que nascera. Entendia os dramas dolorosos dos vizinhos, honrava os velhos e estendia mãos protetoras às crianças e aos jovens. Lia os escritos sagrados, mas enxergava também a Eterna Sabedoria na abelha operosa, na nuvem distante no murmúrio do vento. Regozijava-se com alegria e o bem estar dos amigos, tanto quanto lhe partilhava os infortúnios. Inveja e ciúme, despeito e cólera

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| homenagem | não lhe perturbavam o santuário interior. Não sentia necessidade de perdoar, porque amava os semelhantes como Jesus lhe havia ensinado. Orava pelos adversários gratuitos do caminho, convencidos que não eram maus, e sim ignorantes e incapazes. Socorria os ingratos, lembrando que o fruto verde não pode oferecer o sabor daquele que amadurece a seu tempo. Chorava de júbilo, a sós, na oração de louvor, reconhecendo a extensão das bênçãos que recebera do Céu... Interpretava dores e problemas como recursos de melhoria substancial. As lutas eram para ele degraus de ascensão. Os perversos, ao seu olhar, eram irmãos infelizes, necessitados de compaixão fraternal. Sua palavra jamais condenava. Seus pés não caminhavam em vão. Seus ouvidos mantinham-se atentos ao bem. Seus olhos enxergavam de mais alto. Suas mãos ajudavam sempre. Sintonizava sua mente com a esfera superior. Seu maior desejo, agora, era conhecer o programa do Mestre e cumpri-lo. Pregava a verdade e a ensinava a quantos procurassem ouvilo; entretanto, experimentava maior prazer em ser útil. Guardava feliz, a disposição de servir a todos. Sabia que era imprescindível amparar o fraco para que a fragilidade não o precipitasse no pó e ajudar ao forte a fim de que a força mal aplicada não o envilecesse. Conservava o conhecimento, o ideal, o entusiasmo, a combatividade em favor do bem, a experiência benfeitora e a oração iluminativa; todavia, acima de tudo, compreendia a necessidade de refletir a vontade de Deus no serviço ao próximo. Suas palavras revestiam-se de ciência celestial, a humildade não fingida era gloriosa auréola em sua fronte, e, por onde passava, agrupavam-se em torno dele os filhos da sombra, buscando em sua alma a luz que amam quase sempre sem entender... O Senhor encontrando-o em semelhante estado, estreitou-o nos braços, de coração, proclamando: - Bem aventurado o servo fiel que busca a divina vontade de nosso Pai! E desde então, passou a habitar com o discípulo para sempre. (Mensagem extraída do livro LUZ ACIMA, cap, 3)

Mães modernas Juliana Nunis

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ue vida louca levam as mães modernas, mães do século 21, mães de filhos únicos, ou de muitos filhos que se tornam únicos pelo pouco tempo que elas conseguem ter para cada um... Que vida louca de acordar ao raiar do dia e sair para o trabalho delegando a outras, que em casa deixam seus filhos também, que sejam as mães que os pequenos não tem... Que vida louca ter que ser mãe por telefone em tempo integral, que fazer do horário de almoço um momento para checar a lancheira, arrumar uniforme, fazer “Maria chiquinhas” e ainda ter tempo de lembrar e mandar seu filho escovar os dentes... Que vida corrida, cheia de horários marcados com momentos de ser mulher, mãe, amiga, esposa, profissional, namorada... Viver uma rotina, que de rotina mesmo quase não há, pois o dia é sempre um mistério para aquelas que tem filhos, afinal nunca sabem se o dia que começou é o dia marcado para a dor de garganta chegar, ou para a prova surpresa de matemática, ou para briga com o amiguinho na escola, ou para pesquisa sobre o relevo que ele esqueceu de te avisar... Sabem apenas que vivem assim.... Acordar... trocar de roupa para o trabalho, esperar pacientemente que sua secretária do lar não falte, olhar seu filho dormindo por mais alguns minutos e ter vontade de ficar com ele só por hoje um dia inteiro, sair de casa, despedir-se do filho e dar muitas ordens à empregada que a deixam perdida... Ir para o trabalho, ser profissional, ser mulher moderna, ser guerreira, lutar pra vencer, fazer a diferença no mundo profissional... Ligar ao longo do dia para

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marcar pediatra, fugir correndo do serviço para assistir a apresentação da escola no dia das mães, procurar alguém para buscar seu filho na escola porque hoje apareceu uma reunião e não tem como ir, e sempre acabar contando com a sua mãe para te fazer esse eterno favor... Correr, preocupar-se, desdobrarse vencer o dia, e ainda chegar em

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casa checar a tarefa, supervisionar o banho, fazer mil e uma perguntas sobre o dia de seu filho, sentir-se culpada por não ser mais presente, brincar, dar atenção, cantar uma música, ler uma história, assistir pela bilionésima vez o filminho da Disney e acabar adormecendo ali, na caminha de solteiro ou do lado do berço, cansada, mas realizada por ter sido por mais um dia MÃE...

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Março/Abril | Edição 46 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |

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| momento fraterno | Por Jussara Ferreira da Silva

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migos leitores, Nesse número o Fraterno, numa singela e delicada homenagem às mulheres, relata a sua importância e o seu papel na Doutrina Espírita. Todos sabemos, e é indiscutível, o crescimento da participação da mulher na sociedade. Muitas são as pesquisas e estatísticas que demonstram, em números, o quanto a mulher tem conquistado o seu espaço. A quantidade de informações disponíveis na Internet também é vasta e nos permitem conhecer a trajetória da mulher na sociedade e nas organizações, resultando na mudança do seu papel doméstico. E foi na Internet que encontrei alguns registros sobre a mulher, no período da pré-história até a história antiga e que, em formato resumido, gostaria de apresentar aos leitores, como um acréscimo ao nosso conhecimento. Existem registros de que as civilizações antigas cultuavam a mulher e a sua feminilidade na figura de deusas, sacerdotisas, sábias, filósofas e matemáticas. O primeiro sentimento religioso da humanidade remonta os registros préhistóricos com a adoração da Deusa mãe, representada pela terra, água, natureza, ciclos e fertilidade. Em outros tempos, descobertas arqueológicas revelaram a existência de arte e estatuetas que cultuavam o corpo feminino e a fertilidade, possibilitando o conhecimento da origem da vida e do mundo. Nessa época existia uma teoria básica para o nascimento: acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de movimentos e ritmos cardíacos que agitassem esse sangue, surgisse a maternidade e seus frutos. Na mitologia grega a mulher era destacada nas figuras de Deusas, realçando que uma delas, a Deusa Minerva, não veio ao mundo pelo corpo de sua mãe e sim da cabeça do seu pai o que evidenciava, segundo os escritos, que a mulher não tinha nenhum valor. Percebe-se que a história julgou que formar idéias e pensamentos era um direito dos homens, pois preponderava o pensamento de que as mulheres tinham direito somente a um corpo e uma mente, porém não os dois ao

mesmo tempo e, desta forma, a mulher nunca poderia gerar a razão. Nessa época, mesmo com tanta discriminação, as mulheres conseguiram garantir uma pequena participação na vida acadêmica. É fato de que, com muita determinação, as mulheres alteraram o curso desses pensamentos e teorias e se firmaram na história, ocupando espaços na sociedade, nas organizações e na economia, dilatando os limites que lhes foram conferidos, com o trabalho realizado paralelamente às atribuições domésticas que lhe eram natas. Lembro-me de algumas passagens da minha infância nas quais o papel da mulher era definitivamente doméstico e poucas mulheres se atreviam a mudálo. Conseguiam, em alguns casos, serem empregadas em casas de outras famílias, modernizadas pelo pouco acesso às informações e recursos disponíveis na época. Mas imagino que desempenhar esse papel também não era uma tarefa fácil, pois decorria da autorização do pai ou do marido e somava-se à carga diária de atividades que lhe eram atribuídas, e por essa razão, não seriam executadas por nenhum homem da casa a título de contribuição. Mas como o tempo corria e a revolução nas atitudes das mulheres seguia seu ritmo, pude testemunhar, ainda quando criança, como a minha mãe foi responsável pela mudança da sua rotina doméstica, mas isso não aconteceu antes dela experimentá-la em todos os seus sentidos: sabedoria, paciência e resignação. Minha mãe soube que era chegado o momento de aplicar os seus conhecimentos e propiciar à família um pouco mais de recursos financeiros, mesmo que isso lhe custasse muito mais trabalho. Foi necessária muita dedicação da sua parte enquanto para nós cabia compreender e entender a sua ausência. Bom, os anos se passaram e com eles adquiri o conhecimento e experiência necessários para me tornar mãe e, também, profissional, companheira, amiga e todos os demais papéis que as mulheres desempenham atualmente, podendo assim perceber que jamais conseguiremos nos adaptar às condições vividas por elas antigamente. Com a evolução do nosso comportamento e,

também, dos homens, o espaço reservado para as mulheres na sociedade foi tão dilatado que jamais voltará ao tamanho inicial, e o resultado de tudo isso é uma maior participação da mulher como, por exemplo, na sociedade, quando conseguimos o direito ao voto e à expressão; nas decisões domésticas, quando podemos escolher o que servir no jantar e que escola nossos filhos freqüentarão; na política, quando assumimos postos como representantes do povo, dos estados e da nação, na economia, quando impulsionamos as compras seja dos mantimentos necessários à manutenção da família e da casa como também na compra de um eletrodoméstico que facilite o desenrolar das nossas atividades domésticas. Porém, em alguns países a forma como a mulher é tratada ainda nos causa um certo incômodo e pude verificar essa sensação recentemente quando assisti a uma história em um desses canais de televisão que apresentam programas sobre as diversas culturas no mundo. A história contava sobre uma família indiana e os problemas de saúde que a esposa vinha passando. Sem entrar em detalhes, a esposa apresentava um sangramento nos olhos considerado sério para os médicos, os quais usaram de todos o conhecimento que tinham para diagnosticar o caso. Como a permanência da paciente no hospital tinha um custo alto para o governo, além da escassez de leitos, alguns médicos insistiam que a mulher fingia, pois no período em que ela esteve internada não apresentou nenhum sinal do mal que a afligia. Preocupado, o marido chorava pela desconfiança dos profissionais do hospital e pelo sofrimento da esposa, mas a insistência do médico que a tratava fez com que a doença fosse diagnosticada, sendo essa totalmente diferente dos sintomas anteriormente apresentados. Concluíram que o problema era uma perfuração no intestino, mas a história terminou com a seguinte conclusão: a mulher certamente sentiu dores abdominais, mas com medo de não ser acreditada, passou a fingir o problema nos olhos, pois esse era visível à família. Em outro programa na televisão, em lugares não tão distantes assim, aqui mesmo no Brasil, assisti a uma

TEREZA NESTOR DOS SANTOS Advogada Trabalhista

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| FRATERNO | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 46 | Março/Abril

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reportagem sobre a violência contra as mulheres praticada pelos seus maridos e companheiros. Na reportagem foi possível entender que os agressores fazem das mulheres o ponto para a descarga de uma ira e violência conhecidas pela cultura da região e oriundas do “machismo” local. No primeiro caso, tendo em vista as informações a nossa disposição, a liberdade de expressão e o acesso aos relacionamentos facilitados pela tecnologia, saber que uma mulher, consciente ou inconscientemente, precisou chamar a atenção da família ao invés de comunicar as suas dores é, no mínimo, desconcertante para nós atualizadas e, quanto ao segundo caso, é revoltante saber que, mesmo com os seus direitos garantidos pela Lei Maria da Penha, as mulheres continuam sendo vítimas daqueles que deveriam zelar por elas. Portanto, por mais que as mulheres queiram mudar o rumo das suas histórias, ainda é preciso combater as deficiências do sexo oposto que infringem à mulher, esposa ou companheira, ou seja qual for o parentesco, se esse existir ou não, o seu descontrole e a sua falta de compaixão e de amor ao próximo, quando não reconhecem a capacidade das mulheres como seres destinados à expressão da emoção e da razão, da perseverança e da inconstância, da dúvida e da determinação, complementando ou totalizando, pelo sexo frágil e ao mesmo tempo forte, as necessidades de todos os seus. Talvez nesses países nos quais ainda imperam o preconceito contra a mulher e a violência praticada contra os seus valores, suas emoções e, pior, contra suas vidas, forçando-as a se adaptarem à opressão e à autoridade daqueles que se dizem seus responsáveis ou seus superiores, como se as mulheres não tivessem cérebro, inteligência, capacidade física e mental, disposição e garra, na quantidade suficiente para cuidar da sua família e executar as tarefas ou carreiras por elas escolhidas, possamos ainda assistir à evolução nos pensamentos da sociedade em que vivem, de forma que esses se tornem ações concretas a favor das mulheres, pelo respeito ao seu trabalho e a sua capacidade de gerar e dar a luz aos filhos do mundo. Um abraço a todos!

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