“Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em qualquer época da humanidade” Allan Kardec
FRATERNO
8 ANOS Divulgando a Doutrina Espírita
Jornal Bimestral | Edição 48 | Ano VIII | Julho/Agosto de 2011
LA FONTAINE E O COMPORTAMENTO HUMANO Costumamos entender como identidade pessoal tudo aquilo que nos distingue de outra pessoa. Formamos a idéia sobre nós mesmos fundamentada em alguns modelos ou scripts que nos foram passados por nossos pais, educadores e pessoas importantes de nosso convívio Também nesta edição
“O orgulho é igual em todos, só diferem os meios e a maneira de mostrar” (La Rochefoucauld)
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EDITORIAL A fábula de La Fontaine ....................................... 2 DISCUTINDO A BÍBLIA Católicos têm contato com espíritos ........ 2 EVENTOS Aniversário da livraria .............................................. 3 ESPÍRITO NA ESCOLA Manter-s em sintonia com o bem .................. 4 DOUTRINA Família é prato difícil de preparar .................... 5 Tolerância ....................................................................... 5 CULTURA ESPÍRITA O burro que levava relíquias ...............................6 e 7 MEMÓRIA DE CHICO XAVIER ................. 7 SEXO NOS ESPÍRITOS Maria de Magdala ..................................................................8 MENSAGEM A decadência intelectual dos tempos modernos ................................................................9 MOMENTO FRATERNO Amadurecer ............................................................. 10 UTILIDADE PÚBLICA Fechamento do institi]uto .............................. 11 MORAL CRISTÃ Na subida cristã ..................................................... 12 Distribuição gratuita | jornalfraterno@gmail.com
| editorial |
A fábula de La Fontaine
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izemos esta anotação singela que representa um esforço literário adaptado quanto possível ao campo de um entendimento simples e lúcido. A partir de uma coletânea das fábulas de La Fontaine, que sempre ilustram um preceito moral, fizemos ponte em direção da Doutrina Espírita, mensageira que é de uma visão ampla e integral do ser. Sob a designação de “LA FONTAINE e o comportamento humano”, nesta edição, dirigimos aos nossos companheiros de jornada evolutiva, aos nossos leitores que buscam ainda relembrar que as ações e condutas exteriores são geradas inicialmente na vida íntima, onde os pensamentos criam a saúde ou a enfermidade, o que, aliás, é perfeitamente demonstrado pelos princípios da interdependência, repercussão ou reverberação. Inspirado em Esopo, La Fontaine reinventou essas histórias, no livro ditado por Hammed (espírito) ao médium Francisco do Espírito Santo Neto, tornando-a mais atual e, com isso, alcançou enorme popularidade. Ela ganhou um sentido mais moderno, pois freqüentador que era da corte francesa, ele utilizava seus contos para criticar os relacionamentos sociais e a moralidade da época. É muito conhecida sua frase: “Sirvo-me de animais para instruir os homens”. Essas são narrativas pedagógicas protagonizadas por animais irracionais, cujo comportamento, preservando-se as características próprias, deixa transparecer inúmeros ensinos, via de regra proporcionam um restabelecimento da saúde emocional aos seres humanos. As fábulas podem levar-nos a profundas reflexões. A palavra fábula é latina (fabula, ae) e significa relato, conversação, narração alegórica. Fábulas são histórias fictícias que simulam verdades, têm sempre fundo moral e didático, envolvem freqüentemente animais falantes ou divindades e, muitas vezes, apre-
sentam feição humorística. É dela que provém o verbo fabulare – em português “falar”. O mais antigo fabulista que se tem notícia foi Esopo, escravo que viveu na Grécia no século VI antes de Cristo. Tornou-se famoso pelas curtas histórias de animais, cada uma delas com ensinamento sobre procedimentos inteligentes diante
entre 1668 e 1694, nesta época, as fábulas tinham elementos da comédia, do drama, além de episódios que enfocavam a melhor maneira de utilizar as boas qualidades morais. Moralidade essa inquestionável, visto que reafirma a manutenção do status quo, isto é, a conservação da ordem preestabelecida pela sociedade vigente.
de situações que envolvem moral e ética. A presença dos animais em seus contos deve-se principalmente ao convívio ativo entre os homens e o mundo animal naqueles tempos. Ele teve alguns continuadores, como o romano Fedro (Séc. I a. C.), que enriqueceu suas fábulas estilisticamente, e o francês Jean de La Fontaine (Séc. XVII), entre outros. La Fontaine reinventou essas histórias em doze livros publicados
A moral nessas fábulas, apresentada de forma normativa, estabelecia regras perfeitas e condutas irrepreensíveis, isentas de falhas, tendo como modelo um comportamento maniqueísta, ou seja: um modo “certo”, que necessita ser imitado com a máxima fidelidade; e um modo “errado”, que precisa ser completamente banido e evitado. O maniqueísmo – doutrina que consiste basicamente em afirmar a
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existência de um conflito cósmico entre reino da luz (o bem) e o das sombras (o mal) – foi fundado por Mani (Manes ou Manchaeus) na Pérsia e amplamente difundido no Império Romano nos séculos III e IV. Essa postura bipartida do mundo reduz as criaturas a uma visão de “o unicamente correto” e o “unicamente errado”, dividindo a existência humana em poderes opostos e incompatíveis e resulta numa forma deficiente de sentir, pensar e agir diante do mundo. Essa visão é uma das possíveis responsáveis pela intolerância e pelo fundamentalismo vigente ainda na sociedade de hoje. O desconhecimento em relação à verdade do outro nos leva a um modo de ver maniqueísta e, por decorrência, aos mais diversos tipos de preconceito: racismo, sexismo e outros tantos . Após essas explicações, aqui julgadas necessárias, queremos afirmar que as idéias contidas nesta edição, não pretendem validar filosofias dualistas ou maniqueístas, nem mesmo definir caminhos únicos para todos e prescrever o que deve ou não ser feito da vida que o Criador nos outorgou com a lei do livre-arbítrio: “A cada um segundo suas obras - Jesus”. Ao comentarmos a fábula citada em nossa Cultura Espírita, tivemos, tão somente, a inspiração de levar a todos uma reflexão de alguns porquês da diversidade comportamental dos indivíduos, para que possamos nos entender melhor e, ao mesmo tempo, entender os outros em suas peculiares maneiras de agir e reagir ante as diferentes circunstâncias existenciais. Aqui, contamos apenas uma dessas deliciosas e divertidas fábulas, a do “BURRO QUE LEVAVA RELÍQUIAS”. Mas, chamamos a atenção do leitor, caso goste e também veja interesse, para indicação do livro: “La Fontaine e o Comportamento Humano”, nas melhores casas e livrarias. Boa leitura, O editor.
FRATERNO, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede no “Centro Espírita Seara de Jesus”, Rua Allan Kardec, 173, Vila Nova Osasco, CEP 06070-240, Osasco, SP. searadejesus@yahoo.com.br; Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049; Coordenação/Direção/Redação: Eduardo Mendes; Revisores: Luciana Cristillo e Jussara Ferreira da Silva. Diagramação: Jovenal Alves Pereira; Captação: Manoel Rodilha; Impressão: Gráfica Yara; Tiragem: 10.000 exemplares; Distribuição: Osasco e Grande São Paulo; e-mail: jornalfraterno@gmail.com; Telefone: (011) 3447 - 2006
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| discutindo a bíblia |
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Os católicos têm contato com espíritos santos de sua devoção
LIVRARIA ESPÍRITA MENSAGEIROS DE LUZ A Livraria Espírita Mensageiros de Luz comemorará em agosto, 10 Anos de Atividades divulgando a Doutrina Espírita e apresenta seguinte programação de aniversário:
Por José Rei Chaves
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xiste uma doutrina importante da Igreja, mas pouco explicada. Trata-se da Comunhão dos Santos, que é um dogma antigo do Credo Católico citado nas missas. Como todo dogma é doutrina polêmica, o Espírito Santo é outro, pois de espírito humano na Bíblia, ele foi transformado pelos teólogos no Espírito divino da doutrina trinitária criada por eles. Na Bíblia, o Espírito Santo é o espírito de cada um de nós. Assim, ele é uma espécie de coletivo de todos os espíritos. (Daniel 13,45, da Bíblia Católica; e 1 Coríntios 6,19). Também virou dogma a conflitante doutrina da ressurreição da carne, do corpo, pois pela Bíblia ela é do espírito (1 Coríntios 15,44). As traduções mais recentes já falam em ressurreição dos mortos, o que já é um bom progresso. O maior teólogo católico da atualidade, o espanhol Andrés Torres Queiruga, ensina em seu livro “Repensar a ressurreição”, Ed. Paulinas, que a ressurreição é do espírito, inclusive a de Jesus. O Velho Testamento fala que Jesus ressuscitaria no terceiro dia. Porém se trata da ressurreição ou aparição em nosso mundo físico para os seus apóstolos e discípulos. Mas no mundo espiritual, Ele ressuscitou mesmo no momento de sua morte. “Pai, em vossas mãos entrego meu Espírito”. E Jesus apareceu com o seu Corpo Espiritual (1 Coríntios 15,44) materializado, ou seja, o que as pesquisas científicas de Kardec denominaram de perispírito. Mas os cristãos primitivos, por ignorância, pensavam que se
tratasse do corpo morto na cruz. Sobre a doutrina da vida eterna, creio que ela virou dogma porque os primeiros cristãos, influenciados pelos cristãos judaizantes saduceus, não acreditavam em ressurreição nem em espírito. (Atos 23,8; e Eclesiastes 9,10). Ademais, a palavra “eterno” era polêmica, pois, apesar de ter sido traduzida por um tempo sem fim, na verdade ela significa tempo indeterminado, indefinido, que é o sentido do vocábulo grego “aionios”. O tempo é indefinido porque depende do carma de pagamento dos pecados de cada um. Mas já havia os teólogos que pensavam que era o sangue de Jesus que pagasse os nossos pecados, pois eles achavam que o Espírito de Deus se sentisse contente, aliviado e indenizado pelo pecado de assassinato de Jesus. Além disso, eles ainda não tinham descoberto que somos nós mesmos que pagamos os nossos pecados. “Ninguém deixará de pagar até o último centavo”. (Mateeus 5,26). E, quanto ao dogma da Comunhão dos Santos, certamente os teólogos cristãos judeus saduceus, como vimos, contrários que eram à imortalidade dos espíritos e ao contato com eles, repudiavam essa doutrina, por ela transgredir as leis mosaicas (não as divinas do Decálogo), as quais proíbem o contato com os espíritos dos mortos, não os diabos, como dizem alguns líderes religiosos. (Deuteronômio capítulo 18). Mas de certa feita, Moisés defendeu o espiritismo, elogiando Heldade e Medade, que recebiam espíritos (Números 11, 24 a 30).
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| o espírito na escola (parte 13) |
Manter-se em sintonia com o bem A sabedoria oriental antiga ensina há milênios que “ Tudo é mente”. Tudo está contido na mente do Todo. O universo é mental. A única realidade é Deus e tudo o mais não passa de ilusão Por Dalmo Duque dos Santos
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conflito entre o Bem e o mal é uma luta antiga, milenar, simbolizada por todas as religiões e filosofias regeneradoras. No plano universal é a lei da polaridade, o Uno e o Verso. Nos planos inferiores e menores são as duplicidades e contradições: treva e luz, pecado e virtude, amor e ódio, anjo e demônio, céu e inferno. Mas não é somente o clima físico que está esquentando no planeta. A atmosfera psíquica está cada vez mais quente e tensa, por influência de mentes acostumadas ao uso da força e da violência para atingir seus objetivos materiais. Como estamos em processo de mutação, portanto mais vulneráveis, essas coletividades espirituais desencarnadas negativas influem com mais liberdade sobre os cúmplices encarnados aproveitandose das nossas próprias fraquezas morais. Forças ou correntes do Bem estão constantemente lutando para neutralizar essas negatividades. São coletividades experientes, mas que também precisam de suporte psíquico, nossos bons sentimentos e boas emissões mentais, para ampliar sua atuação de socorro e orientação. Precisam, sobretudo, pois respeitam radicalmente a lei universal, do uso correto e sensato do nosso livre arbítrio, nas escolhas e ações responsá-
veis. O inverso disso, pela invigilância e indiferença cotidiana, é o caos e o desequilíbrio, causado pelas nossas próprias decisões, das quais teremos de arcar com as conseqüências. Combater o medo e a incerteza Não há como agir em nosso campo batalhas sem os riscos das ameaças, represálias e ferimentos. Educar é gozar o prazer das lições, mas também as dores da aprendizagem, junto com os educandos. Não existe somente a possibilidade do ensino frio e distante, protegido pela máscara dos nossos títulos e das nossas teorias. Quando entramos nessa luta, e é realmente uma luta de vida ou morte, fizemos uma escolha de um lado definido e não podemos recuar ou simplesmente debandar para o lado oposto. Se assim fizermos perderemos a confiança dos nossos aliados e o respeito dos adversários. Cada vez que penso nessa lógica fico momentaneamente apavorado, mas reajo imediatamente: não existe espaço para a incerteza e para covardia na Educação. Medo e timidez é fraqueza para nós é força para os adversários. As feras atacam suas vítimas quando elas revelam o seu medo e sua indecisão através do suor eliminado e saturado de adrenalina. Espiritualmente é a mesma coisa. O medo atrai mentes perversas e dominadoras, especializadas nesses ataques psíquicos. No universo do ensino e da educação, a timidez e a indecisão permite a ação dos mais atrevidos e abusados. O universo espiritual ou etérico é uma complexa sobreposição de mundos que se interpenetram através das diferentes vibrações e esferas de manifestação. Nosso planeta, por exemplo, segundo vários autores, desde Ptolomeu até os mais atuais, possui sete esferas de manifestação, quatro inferiores e densas, onde predominam as trevas, a opressão, o terror, a escravidão, o sofrimento e as dores físicas e morais; e as três superiores e progressivamente sutis, onde predomina a liberdade
total em relação á lei da gravidade, através da luz e da felicidade plena. No primeiro caso as mentes são horizontalizadas, como a espinha dorsal dos animais, submissas pelos instintos à gravidade e ao magma do planeta. No segundo caso a mentes se verticalizaram, se tornando espiritualmente eretas, como os seres humanos, e assim permanecem até que evoluam e flutuem livremente no éter ou eternidade. A maioria dos bilhões de Espíritos da Terra, encarnados e desencarnados, ainda não atingiu totalmente essa verticalidade mental, por isso ainda habita as quatro esferas inferiores, mesmo aqueles que já se iniciaram nos processos de regeneração, já que não conseguiram, por enquanto, libertar-se totalmente das “raízes” instintivas que nos prendem nos planos baixos, pela lei da gravidade. Os Espíritos habitam essas esferas de acordo como seu padrão mental e vibratório. Jesus já ensinava essa verdade dizendo que, na vida futura, iríamos para onde estivesse o nosso coração. Numa escala evolutiva, a quarta esfera é a transição para condições superiores, onde se processam os programas reencarnatórios regeneradores. As colônias do tipo “Nosso lar” localizam-se nessa quarta faixa mental e vibratória . A sabedoria oriental antiga ensina há milênios que “ Tudo é mente. Tudo está contido na mente do Todo. O universo é mental. A única realidade é Deus e tudo o mais não passa de ilusão.” Assim , o pensamento, animado pela vontade e pelos sentimentos, percorre, sem limites, qualquer dimensão ou distância dos planos da Criação. Na quarta esfera espiritual existem também as chamadas Fraternidades do Espaço, grupos reunidos por afinidade de propósitos e que lutam intensamente contra as forças do mal predominantes nas esferas inferiores, grupos também afins que tentam dominar o mundo carnal, para ampliar seus domínios de exploração e vícios. Todos esses grupos fraternos, em todo o planeta,
estão, através de seus líderes, em contato direto com o Governo Espiritual da Terra, bem como das esferas hierárquicas ainda maiores do nosso sistema solar. Apenas um gesto simples de mentalização , em forma de prece, nos liga imediatamente a eles, que respondem prontamente ativando, também pela mente, os milhões de Espíritos filiados para socorrer esses pedidos. Isso não é superstição do misticismo irracional, mas ciência psíquica; não é ritual vazio e sem propósito, mas procedimento psicológico natural, espontâneo, da lei de adoração e respeito pelas demais Leis do Universo. Para nós, pouco acostumados com a abstração mental e muito ligados a tradição religiosa cristã , eles recomendam a força psíquica dessas palavras de forte impressão mental , aliadas aos sentimentos fraternos, e utilizadas há séculos nos planos etéricos:
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| doutrina |
Família é prato difícil de preparar
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amília é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida - azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano - quem diria? - solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente. E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza. Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias - que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar - tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa. Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser
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profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada. O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe “Família à Oswaldo Aranha”, “Família à Rossini”, Família à “Belle Meunière” ou “Família ao Molho Pardo” - em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é “à Moda da Casa”. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada - seriam assim um tipo de “Família Diet”, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir. Há famílias, por exemplo, que levam muito tempo para serem preparadas. Fica aquela receita cheia de recomendações de se fazer assim ou assado - uma chatice! Outras, ao contrário, se fazem de repente, de uma hora para outra, por atração física incontrolável - quase sempre de noite. Você acorda de manhã, feliz da vida, e quando vai ver já está com a família feita. Por isso é bom saber a hora certa de abaixar o fogo. Já vi famílias inteiras abortadas por causa de fogo alto. Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.
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Fonte: trecho extraído do Livro: O Arroz de Palma de Francisco Azevedo
Tolerância Por Nelson V. da Silva
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uando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro. Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, lingüiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola. Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado. Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse: “ Adorei a torrada queimada...” Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse: “ - Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias! O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos os dois, a suprir as falhas do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando. Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo. Eu não sei fazer uma lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar. A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apóia, eu e ela nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes. De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos. Então filho, se esforce para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida, a você e ao próximo.
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| cultura espírita |
O burro que levava relíquias Ditado pelo Espírito Hammed A FÁBULA m burro carregando a estátua de um santo e outras relíquias; caminhava pelas ruas da cidade. E por onde ele passava as pessoas entoavam hinos e queimavam incenso. Paravam para vê-lo e fixavam em sua direção olhares de admiração. Alguns até se ajoelhavam. Imaginando que todas as honrarias eram para ele, o burro, cheio de orgulho, marchava soberbamente diante do povo. E até fazia paradas estratégicas quando percebia que a multidão exultava. Alguém por ali passava, observando a pose do animal, advinha o que lhe passa na cabeça e diz: Não sejas tolo, ó burro insano! Deixa de lado essa pretensão! És pobre de cabeça? Não vês que as homenagens e as preces dos suplicantes são para o santo que carregas e não para ti? Quantos burros se imaginam adorados pelos homens! Quantos magistrados que nada sabem são aplaudidos pela imponência da toga!
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SEM ASAS PARA VOAR O notável filósofo e matemático Blaise Pascal escreveu: “A vaidade é de tal foram inerente ao coração do homem que todo mundo que ser admirado – mesmo eu, que assim escrevo, e você, quem me lê”. Todos aqueles que não conquistaram valor próprio ficam “sem asas para voar”. Os homens modestos legitimam suas habilidades e competências e sabem usá-las com farta generosidade, porque possuem autoconsciência das suas virtudes inatas. Já o vaidoso é inconsciente de seu potencial e busca conquistá-lo exteriormente, em vez de desenvolvê-lo na própria intimidade. O modesto fala por si só, pelo silêncio que manifesta, e, quando se
exprime, é por meio da simplicidade, lucidez e síntese; o presunçoso, quando quer obter algo, a qualquer custo, faz discursos pomposos e arrogantes. Todos nós apreciamos a consideração, a afabilidade, a atenção, as homenagens e os agradecimentos. Manifestação de afeição e reconhecimento faz bem. Quem de nós haveria de abrir mão desses pronunciamentos? No entanto, para uma criatura presunçosa, o aplauso passa ser uma necessidade constante e vital, e não uma aspiração momentânea que corresponda a um fato realmente merecido. Certos homens, como o burro que carregava relíquias, supõem serem melhores e superiores, não se enxergam, não percebem o disparate de suas posturas arrogantes. Mas, como na fábula, há sempre alguém que os alerta dizendo: “- Não sejas tolo, ó burro insano! Deixa de lado essa pretensão! És pobre de cabeça? Não vês que as homenagens e as preces dos suplicantes são para o santo que carregas e não para ti”? A busca da aprovação pode ser comparada à história bíblica aos filhos de Isaac – Jácó e Esaú. Ela descreve a busca desesperada daquelas pessoas que tentam comprar a gloria e a fama por um prato de lentilha. Um dia em que Jacó preparava um guisado, voltando Esaú fatigado do campo, disse-lhe: “Deixa-me comer um pouco, porque estou muito cansado”. Jacó respondeu-lhe: “Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura”. Ponderou Esaú: “Morro de fome, que me importa o meu direito de primogenitura”? Disse Jacó: “Jura-me, pois, agora mesmo”. Esaú jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. Este deu-lhe pão e um prato de len-
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tilhas. Esaú comeu, bebeu depois se levantou e partiu. Foi a assim que Esaú desprezou o seu direito de primogenitura. Costumamos entender como identidade pessoal tudo aquilo que nos distingue de outra pessoa. Formamos a idéia sobre nós mesmos fundamentada em alguns modelos ou scripts que nos foram passados por nossos pais, educadores e pessoas importantes de nosso convívio. Como passar do tempo, percebemos que tanto mais nos assemelhávamos a esses modelos idealizados, mais éramos amados, admirados e queridos. De maneira implícita, notamos igualmente que a sociedade e nossos entes queridos estavam perfeitamente condicionados a retribuir, com estima especial e carinho, a docilidade com que cedíamos e adorávamos esse modelo comportamental que eles acreditavam ser bom.
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É comum encontrar na vida social pessoas que deixa subir a cabeça os elogios que não são propriamente para eles: “Quantos burros não se imaginam adorados pelos homens! Quantos magistrados que nada sabem (essência) são aplaudidos pela importância da toga (aparência)”! São indivíduos que defendem dia após dia um “fantasma mental”, imaginado e feito de névoa, enquanto alma, verdadeiro ser real, muito superior a todas as relíquias, coroas, cetros e direitos de primogenitura, fica esquecida e abandonada. Nossa essência imortal está repleta de riquezas imensas e infinitas; nosso espírito é fonte inesgotável de poderes ilimitados e eficazes. Por analogia, a alma assemelha-se a “cornucópia” da mitologia grega: um vaso em forma de chifre, com abundância de frutas e flores, que expressava a
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nião; imodéstia, pretensão, vaidade, confiança excessiva em si mesmo. SCRIPTS Muitos de nós tentamos esconder os nossos pontos fracos e nos mostramos diante dos outros com aparências imponentes, representando papéis sociais que não correspondem aos fatos. Simular socialmente um script é formar uma idéia inconsciente e distanciada da realidade em que vivemos, suponde ou pensando sermos o que não somos. Em várias circunstâncias, nós nos utilizamos de uma aparência enganadora para ocultar ou disfarçar nossos conflitos, desajustes, fragilidade e pontos vulneráveis.
fertilidade e a riqueza. Miticamente relacionada a infância de Júpiter, o chifre da cabra Amaltéia é símbolo de plenitude, capacidade e prosperidade; características idênticas as da alma. A modéstia requer auto-reflexão e disciplina. A verdadeira simplicidade consiste no ato de nos despirmos da auto-admiração lisonjeira, do narcisismo e das falsas noções a respeito de nós mesmos, para tratarmos do que é verdadeiramente real. CONCEITOS – CHAVE PRESUNÇÃO Ato de tirar uma conclusão antecipada, baseada em indícios e suposições e não em fatos reais; julgamento alicerçado em aparências; suposição que se tem por verdadeira; julgamento exageradamente bom e lisonjeiro sobre si mesmo; demonstração pública dessa opi-
CORNUCÓPIA Segundo a Mitologia, Júpiter, filho de saturno e de Réia, foi separado da mãe ao nascer e amamentado por uma cabra, única maneira de livrá-lo das garras do pai que, temendo ser destronado por um de seus descendentes, engolia-os logo que nasciam. Assim, Júpiter cresceu tendo como ama de leite a mitológica cabra de leite Amaltéia. Um dia, enquanto o deus infante brincava com a ama, quebrou sem querer um de seus chifres. Para compensar sua imprudência, Júpiter prometeu a ela que o corno que restara despejaria sempre e em abundância flores e frutos. E quando Amaltéia morreu, para agradecer os cuidados que dela recebeu de criança, o jovem deus Júpiter colocou-a no céu, brilhando na constelação de capricórnio. Do mito para vida, temos a imagem do vaso corniforme, que se representa cheio de flores e frutos, e a cornucópia, símbolo da abundância, da plenitude, da profusão gratuita dos dons divinos que jazem na essência de cada um, aguardando para serem acordados. MORAL DA HISTÓRIA Aqueles que se vangloriam
com os bens dos outros se expõe ao riso daqueles que os conhecem. Narcisistas são visionários da própria imagem. O que acontece é que o narcisista identifica-se com a imagem auto-criada. O self (essência) ficou escondido, porque a imagem inventada deixou-o nublado. Os narcisistas são presunçosos, não funcionam em termos do “eu verdadeiro”, porque lhes é ignorado; não olham para si mesmos, é como se olhassem seu reflexo no espelho. E assim perdem a oportunidade de amadurecer, impedindo que os sentimentos verdadeiros ocupem o espaço que lhes cabe. Personagem mitológico extremamente belo e vaidoso, Narciso se atira nas águas, apaixonado pela própria imagem refletida no lago. Por extensão, a psicologia define o narcisismo como “estado em que a libido é dirigida ao próprio ego”. Qualquer semelhança com os narcisismos da vida não será mera coincidência, pois eles procuram se sustentar emocionalmente pelas aparências e não cultivam os dons divinos que lhes foram gratuitamente oferecidos. São como peças decorativas: jazem em determinados espaços para esconder um vazio, para camuflar a solidão de um canto ou um vão ocioso de uma sala. São ornamentos, nada mais. REFLEXÕES SOBRE ESTA FÁBULA E O EVANGELHO “É preciso guardar de confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se alia a humildade; aquele que possui coloca sua confiança em Deus mais do que em si mesmo, porque sabe que, simples instrumento da vontade de Deus, não pode nada sem Ele (..)” (ESE, cap 19, item 4, Boa Nova editora) “Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoaivos com as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Romanos 12:16)
Memórias de Chico Xavier
A obsessão nem sempre é o mal que imaginamos. Foi através do problema obsessivo de uma de minhas irmãs, que ficou completamente restabelecida, que cheguei ao conhecimento do Espiritismo. De tudo, precisamos saber extrair o melhor. Sempre que enfrentarmos em família este ou aquele problema, necessitamos de saber decifrar a mensagem que a Vida está nos enviando em código. (Extraído do livro “Evangelho de Chico Xavier” Carlos A. Bacelli)
SEM ASAS PARA VOAR Todos aqueles que não conquistaram valor próprio ficam “sem asas para voar”. Os homens modestos legitimam suas habilidades e competências e sabem usálas com farta generosidade, porque possuem autoconsciência das suas virtudes inatas. Já o vaidoso é inconsciente de seu potencial e busca conquistá-lo exteriormente, em vez de desenvolvê-lo na própria intimidade. Hammed
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| sexo nos espíritos |
Maria de Magdala Por Luiz Guilherme Marques
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inguém lhe conhecia a origem. Ela aparecera em Magdala, numa ocasião em que a cidade transbordava de estrangeiros, vindos das festas de Jerusalém e de caravanas carregadas de especiarias do Egito. A cidade, também denominada de Migdol Nunaya no Talmude, era uma aldeia de pescadores, na beira ocidental do lago de Genesaré. Os palácios se erguem, ao longo da praia, entre os leques das palmeiras e a sombra dos jardins.Nas ruas calçadas, trafegam os mercadores, soldados de escudo e lança, publicanos, o povo. Pelas mãos circulam dracmas, sestércios, denários e papiros cambiais aos sons do hebraico, aramaico, grego e latim. Ela chegara e logo adquirira fama: Maria. Logo se lhe acrescentara à denominação, o nome da cidade: de Magdala. Era uma mulher de grandes olhos nostálgicos e de longos cabelos caídos sobre as espáduas, como onda escura de ouro. Seu palácio era procurado pelos príncipes das sinagogas, ricos negociantes, opulentos senhores de terras e de escravos, funcionários de alta categoria da administração herodiana, que lhe depositavam no regaço moedas de ouro, jóias, dracmas de prata, perfumes raros, presentes exóticos. Ela se dava ao luxo de escolher quem lhe aprouvesse e se tornou detentora dos segredos dos fariseus, aqueles que baixavam a cabeça na rua, com ares pudicos, mas que a buscavam, embuçados em mantos negros, a horas mortas. Maria, de Magdala ou Madalena, contudo, não era feliz. Surda tristeza a minava, entregando-se, por vezes, dias seguidos, à profunda amargura. Espíritos infelizes a tomavam, em noites variadas, deixando-a alheada, olhos perdidos no mistério de insondáveis distâncias. Nessas horas, as servas despediam, do átrio, todos os
que a buscassem. Alguns homens, sentindo-se preteridos, dobravam as ofertas pelas horas de prazer que anteviam. Tudo em vão. “Numa noite de perfumes primaveris, instada por uma serva de confiança, dedicada e fiel, permitiu um diálogo” (1) sobre o Rabi que andava pelas estradas da Galiléia e da Judéia. Sentiu a esperança renascer, ante a informação de que aquele Rabi convivia com os pecadores, os excluídos. Ele viera para encontrar o que estava perdido. Numa noite que “balouçava luzes
irrompe na sala.Tudo se deu tão rápido! Ela se arroja aos pés do Rabi que permanece impassível, na posição em que se encontrava. Surdos cochichos perpassam pelo ambiente. Simão se enche de cólera, ante o epílogo desastroso do seu jantar. Teme mandar expulsá-la, porque sabe da sua coragem e ousadia. Ela o conhece muito bem, bem como a tantos outros que ali se apresentam como homens de honra. Jesus serve-se do momento para lecionar o Amor, exaltando o gesto daquela mulher que ajoelhada a seus pés,
Sentiu a esperança renascer, ante a informação de que aquele Rabi convivia com os pecadores, os excluídos. Ele viera para encontrar o que estava perdido miúdas no firmamento escuro” (1), servindo-se de uma embarcação, atravessou o lago e foi ter com Ele, em Cafarnaum. Quando Ele veio a Magdala, ela tomou de um vaso de alabastro que continha o perfume do lótus. Custara-lhe o preço de um campo. Era seu presente ao Amigo. Sabendo-O em casa de Simão, para lá se dirigiu. Como bom fariseu, Simão experimentava um gozo particular em ostentar virtudes e recepcionar amigos, apresentando, em seu palácio, personalidades que, por qualquer motivo, se tornaram famosas. Durante meses, após um banquete, os comentários persistiam na cidade, acerca dos personagens que sua casa acolhera.Com Jesus não fora diferente. Ele e dois de seus discípulos haviam “merecido” a distinção de um banquete na rica vivenda de Simão. Quase ao seu final, ouviram-se gritos e altercações. Depois, rompendo a segurança, Madalena
rega-os com suas lágrimas, enxugaos com seus cabelos e os unge com o excelso perfume que impregna todo o ambiente, concluindo: “Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado, pouco ama.”(Lucas, VII, 47) Ergue-se a voz de Jesus com infinita majestade: “Mulher, a tua fé te salvou; vai-te em paz.”(Lucas, VII, 48) “Na manhã seguinte Magdala soube, pasmada, a notícia da conversão da pecadora. Distribuíra tudo quanto possuía e, com o estritamente necessário, iniciara nova vida.” (1) As vozes da desonra e do despeito sussurravam que ela voltaria às noites de prazer, que enlouquecera, que sempre fora louca. Ela se juntou aos que seguiam o Mestre. Discreta, mais de uma vez, recebeu a bofetada da desconfiança. Sabia que não confiavam em sua renovação, nem se davam conta de quantas tentações ela estava procu-
rando sublimar. Chegados os dias da denúncia de Judas, a prisão de Jesus, o julgamento arbitrário, ei-la, caminhando para o Gólgota, acompanhando-O. Permaneceu ao pé da cruz, junto a Maria e o discípulo João. “Quando a cabeça D’Ele pendeu, desejou cingir-lhe outra vez os pés e osculá-los com ternura, mas se sentiu imobilizada.” (1) No domingo, indo ao túmulo com Joana de Cusa, Maria, a mãe de Marcos e outras mulheres, encontrou a pedra do sepulcro removida, dobrados os lençóis que lhe haviam envolvido o corpo. Ela temeu que os judeus houvessem roubado o seu corpo. Enquanto as demais mulheres retornaram a Jerusalém a informar o ocorrido, ela permaneceu no jardim, a chorar. A saudade feita de dor lhe estrangulava o peito, quando ouviu a voz d’Ele, chamando-a pelo nome. O Mestre estava ali, vivo, radioso como a madrugada recém nascida. Foi anunciar o fato aos discípulos, que não creram. Por que haveria Jesus de aparecer a ela, logo para ela? Somente Maria, a mãe d’Ele, a abraçou e lhe pediu detalhes. Os dias que se seguiram foram de saudades e recordações. As notícias lhe chegavam doces. O encontro com os jornaleiros dos caminhos de Emaús. A pesca incomparável. A jornada a Betânia. Após 40 dias, no Monte das Oliveiras, junto aos quinhentos discípulos, O viu ascender lentamente, as mãos voltadas para eles, como num gesto de afago, as vestes luminosas, desaparecendo ante seus olhos. Desejou então seguir com os novos disseminadores da Boa Nova. Temeram que sua presença pudesse ser perniciosa, semeando desconfiança, naqueles dias incipientes das luzes do novo Reino. Ela experimentou soledade e abandono e, para arrefecer a imensa saudade do Rabi, passou a andar pelas longas praias que tanto O recordavam.
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| mensagem |
A decadência intelectual dos tempos modernos Por Emmanuel e Chico Xavier Numa dessas tardes, encontrou leprosos que vinham de muito longe buscar o socorro da cura. Ela os abraçou, dizendo-lhes que Jesus já partira. Deteve-se por horas a falar, saudosa, do que aprendera com quem era o Caminho, a Verdade e a Vida. Depois, seguiu com eles ao vale dos imundos. Sentindo que a seiva da vida diminuía em suas veias, desejou rever a doce Mãe de Jesus, aquela que tanto a afagara em suas amarguras, e foi a Éfeso, morrendo às portas da cidade, sendo brandamente recolhida nos braços do Amor não Amado. A biografia de Maria de Magdala representa um dos mais importantes capítulos da história do Cristianismo, destacando-se como lições memoráveis sua fixação na ilusão da beleza sem proveito e sua posterior dedicação aos leprosos do Vale dos Imundos. Chama a atenção a referência de Jesus na casa do magnata Simão: “Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou.” Conhecia Jesus a essência daquela alma profundamente amorosa, temp orariamente sucumbida sob o peso da ilusão da beleza física mal empregada. Por isso investiu na sua recuperação, incentivando-a a mudar de vida, o que ela aceitou com a firmeza adamantina da sua personalidade forte e iniciou um rumo novo. Ela escandalizou os falsos moralistas quando vivia da prostituição, escandalizou-os novamente quando abandonou esses hábitos nocivos. Passando a empregar sua vitalidade sobretudo na área afetiva, esvaziou gradativamente sua libido, transformando-se, depois da Mãe de Jesus, no maior exemplo de Amor na face da Terra.
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esam sobre os corações atribulados da Terra as amargas apreensões com respeito ao fatalismo da guerra. E, infelizmente, ninguém poderá calcular a extensão dos movimentos que se preparam objetivando a luta do porvir. A Europa atual parece guardar a “liderança” da cultura dos povos. Todavia, é fácil estabelecer-se um estudo analítico de sua situação hodierna, de pura decadência intelectual depois das catástrofes de 1914-1918. As ditaduras européias revivem na atualidade a época napoleônica na pátria francesa quando, segundo Chateaubriand, tudo respirava o senhor, homenageava o senhor e vivia para o senhor. No Velho Mundo, em todos os países que o constituem, vive-se o governo e mais nada. O livro, a escola, a oficina, o clube são núcleos de recepção do pensamento dos maiores ditadores que o mundo há conhecido. A imprensa manietada pelas medidas draconianas não pode criar o cooperativismo intelectual das classes e das administrações, obrigada a viver a de fase união absoluta aos programas que sobrevieram à grande guerra; não podem produzir à grande guerra; não podem produzir expressões que abranjam a solução dos enigmas destes tempos novos, coibidos ou trabalhados por leis vexatórias e humilhantes e vemos pelo mundo inteiro a invasão das forças perversoras da consciência humana. Jornais integrados das doutrinas mais absurdas, falsa educação pelo rádio que vem complicar sobremaneira a situação e os livros da guerra, a literatura bélica, inflada de demagogias e de estandartes, de símbolos e de bandeiras incentivando a separatividade. Qualquer estudioso desses assuntos poderá verificar a verdade
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de nossas afirmações. Os homens, nesta fase de preparações armamentistas vivem uma época de profunda pobreza intelectual. O porvir há de falar aos pósteros dessas coisas, sem necessitar que encareçamos essas realidades aos vossos olhos. O mundo tocou a uma fase evolutiva em que é preciso encarar a questão da fraternidade humana para resolvê-la com justiça. Os governos fortes, fatores da decadência espiritual dos povos que guardavam consigo a vanguarda evolutiva do mundo, não podem trazer uma solução satisfatória aos problemas profundos que vos interessam. Afigura-se-nos que a função das ditaduras é preparar as reações incendiárias das coletividades. O que o planeta necessita é de se criar uma nova forma de justiça econômica entre os povos. Que se aventem medidas conciliadoras para essa situação de pauperismo e de alto imperialismo das nações. Os que estudam a política internacional podem resolver grande parte dos fenômenos que convulsionam quase todos os países, analisando a chamada questão das matérias primas. Matérias primas querem dizer colônias. Colônias querem dizer – possibilidades de vida e de expansão. É verdade que na Espanha atual, antes de tudo, reside o imperativo da dor, redimindo grandes culpados de outrora, constituindo essa dolorosa situação um dos quadros mais terríveis das provações coletivas, mas não só as ideologias extremistas ali se combatem, pressagiando um novo organismo político para o mundo. Um dos diretores de um manicômio espanhol asseverava há pouco tempo que mais de 400 pessoas em um ano tinham procurado refugio, como loucos, nesse pouso de alienados em virtude das necessidades imperiosas da fome.
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A Espanha é pobre de terras. De cem hectares de terreno, talvez somente uns trinta poderão oferecer campo propício à agricultura. Não só a velha península se debate nessas necessidades tão duras. A China não está suportando o aumento contínuo de sua população. O Japão vem se fortificando para poder nutrir o seu povo. A Alemanha reclama suas antigas possessões. A Polônia estuda um projeto de colocar na África ou na América mais de 10.000.000 de criaturas que a sua possibilidade econômica não está comportando. Nessas aluviões de protestos ouvem-se os tinidos das armas e melhor fora que o homem voltasse suas vistas para o campo fraterno, antes da destruição que se fará consumar. Seria melhor estudar-se a questão carinhosamente, analisando-se os códigos das medidas imigratórias e que as nações não se deixassem dominar tanto pelos pruridos de nacionalismo, tentando estabelecer um plano de concessões racionais e resolvendo-se a questão da troca de produtos ente os países, solucionando-se o enigma da repartição que a economia política não pode conseguir até hoje, não obstante sua perfeição técnica no círculo da direção das possibilidades produtoras. O que verificamos é que sem a prática da fraternidade verdadeira todos esses movimentos pró-paz são encenações diplomáticas sem um fundo pratico apesar de suas intenções respeitáveis. Mas... O mundo não se acha à revelia das leis misericordiosas do Alto e estas, no momento oportuno, saberão opor um dique à chacina e ao arrasamento. Confiemos nelas, porque os códigos humanos serão sempre documentos transitórios como o papel em que são arquivados, enquanto não se associarem parágrafo por parágrafo ao Evangelho de Jesus. (Do livro: Ação, Vida e Luz – CÉU)
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| momento fraterno |
Amadurecer Por Jussara Ferreira da Silva Amigos leitores,
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entre tantas situações que vivenciamos diariamente, o relacionamento humano é para mim uma das mais difíceis tarefas. Sempre muito observadora, e ouvindo mais do que falando, cresci assistindo aos desenrolares da vida cotidiana de várias pessoas, inclusive da minha própria. Como não sou especialista no assunto, vou tentar expressar o que sinto a respeito. Em vários formatos, os relacionamentos encontram-se nos ambientes escolar, profissional, religioso, social e doméstico. Na escola passamos a nossa infância e compartilhamos das mesmas dúvidas das outras crianças e jovens. Da maneira correta, mas não obrigatória de soletrar o ípsilon, até os bits, bytes, kbytes, megabytes, gigabytes, etc, que configuram a capacidade do nosso computador doméstico, estamos envolvidos com os demais alunos nos amparando e nos preparando para o ano que em breve se encerrará, levando com ele as nossas dúvidas. Quando um novo ano se inicia e nos deparamos com os novos colegas de classe, e quando percebemos que aquele aluno que nos amparava saiu da escola, liberando a vaga para um novo relacionamento, percebemos que a continuidade daqueles dias de outrora foi sem deixar rastros. Diante de novas amizades e possibilidades, conseguimos enfim, definir o valor daquele megabyte que tanto nos incomodava. E assim passamos por esse ambiente, assustador no início, mas magnificamente adaptado às nossas necessidades e curiosidades. No ambiente profissional, embora devêssemos considerar o menos importante, nos exige muita paciência e um certo “jogo de cintura” porque é nele que passamos a maior
parte do nosso tempo acordados. Com algumas exceções esse tempo pode variar, mas normalmente os nossos dias são dedicados a ele. Acordamos preocupados com o horário que devemos cumprir e, da mesma forma, dormimos com os deveres cobrando a nossa atenção. Algumas vezes os relacionamentos no trabalho tiram o nosso sono e o substituem por lágrimas e dúvidas que somente o dia seguinte poderá resolver, porém, quando nos damos conta disso, o dia já amanheceu. São relacionamentos conduzidos pela hierarquia, companheirismo, concorrência, dentre outros. Em
No ambiente religioso, que pode acontecer simultaneamente ao escolar e profissional, achamos que estamos prontos para uma vida dedicada ao amor ao próximo. Lamentamos cada momento perdido sem a prática desse amor e, achamos que somos capazes de nos lançar incondicionalmente a essa tarefa tão sutil poucos casos, conseguimos visualizar uma “luz no fim do túnel” somente quando passamos dos 40 anos de idade, ou seja, quando já nos firmamos na carreira. Uma equipe madura é, sem dúvida, um bálsamo nas relações do trabalho. No ambiente religioso, que pode acontecer simultaneamente ao escolar e profissional, achamos que estamos prontos para uma vida dedicada ao amor ao próximo. Lamentamos cada momento perdido sem a prática desse amor e, achamos que somos capazes de nos lançar incondicionalmente a essa tarefa tão sutil. Passado algum tempo, percebemos que nada sabíamos e continuamos sem saber, porque o amor ao próximo deve ser experimentado e praticado dia a dia, mas é exatamente o nosso dia a dia que nos dificulta, quando não
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impede, o pensamento e as ações direcionadas ao bem e à caridade. Pensamos em melhorar cada dia mais, pedimos conselhos, assistimos ao evangelho, fazemos nossas orações, meditamos, lemos e, ainda assim, nos sentimos insatisfeitos com a nossa pequena participação no cenário de luz e amor que envolve o ambiente religioso. Esse ambiente é o palco das grandes amizades. É nele que, mesmo sem darmos conta, crescemos espiritualmente. E partir daí, passamos e entender que os mais belos gestos de amor ao próximo estão nas pequenas ações e pensamentos.
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Socialmente nos lançamos aos relacionamentos sem a preocupação das aparências. Somos o que somos. Desprendidos, atuantes, carismáticos e outros adjetivos mais. Os movimentos são livres, pois, normalmente já estamos maduros e sabemos como nos comportar para conquistar novas amizades e ampliar o convívio social. As festas, recepções, eventos culturais, esportivos, dentre tantos outros, são os nossos “momentos de folga”. São momentos de lazer, de prazer, de sorrir, de se divertir com a vida. Porém nosso comportamento requer atenção, visto que somos passíveis de pequenos e grandes erros. Dessa forma, melhor é nos fiscalizarmos para não “sairmos da linha”. Numa idade tenra sequer lembraremos desse conselho, se é que nessa época já o conhecemos.
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Quando maduros, já nos fiscalizamos tanto que os convites sociais acabam sendo suprimidos por atividades, digamos, mais caseiras. Contudo, desde os ambientes escolar, profissional, religioso e social, vimos participando de pequenos e até profundos relacionamentos. No desenrolar das atividades escolares, profissionais, religiosas e sociais, conhecemos pessoas que nos marcaram profundamente. Em alguns casos, conquistamos a simpatia dessas pessoas e passamos a observá-las mais atentamente e percebemos que, ao fazermos isso, o coração nos acompanha num ritmo maior do que o normal. São essas pessoas que tocam o nosso coração e com elas queremos dividir a nossa vida, compartilhar cada momento, cada experiência nossa. E, na mesma intensidade que o relacionamento se construiu, o amor se instala e domina o nosso pensamento e nos conduz a uma das maiores alegrias que podemos viver: o namoro. Nessa fase sonhamos e fazemos planos para o futuro. Ensaiamos algumas ações na expectativa de amadurecermos a idéia de, em breve, termos a nossa casa, o nosso lar e nele criarmos os nossos filhos. É uma fase renovadora. Voltamos a ser crianças, as músicas nos comovem e somos capazes de passar horas quietos, absortos, a imaginar uma vida feliz. Do namoro, então numa forma mais madura, partimos para o casamento, a união de dois seres que se amam, que trocam juras de amor, que passam, então, a dividir o mesmo teto. Numa figura de expressão, juntamos as escovas de dente e entendemos que, a partir daí, tudo será maravilhoso, pois todos os dias estaremos com a pessoa que amamos. E é nesse ambiente doméstico que partimos para o maior aprendizado de nossa vida. Aprendemos o que significam as juras de amor, no sentido prático e sentimental. Aprendemos
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Fechamento do instituto o exercício da paciência, do amor incondicional ao próximo, sem querer nada em troca. Os repentes de insatisfação são afastados em prol de uma causa maior: a felicidade de todos. E nesse ambiente doméstico, acrescentam-se outros atores. O círculo de convivência aumenta. A atenção destinada somente a uma pessoa, passa a ser dividida. Aquela pessoa que, até certo tempo, era o centro das atenções, conhece os efeitos dessa divisão e, por vezes, abre mão das suas necessidades ou vontades propiciando momentos de verdadeira compreensão. Assim deveria ser. Mas lamentamos que, na prática não alcançamos essa perfeição. Quando os nossos relacionamentos não são prazerosos, quando a convivência se torna difícil, quando a paciência e o amor necessários parecem não existir mais, devemos, primeiramente, reconhecer esse momento. Reconhecer que precisamos de ajuda, que não sabemos por onde começar. O início é esse. Reconhecer. Reconhecer que também erramos, mas, acima de tudo, podemos acertar. Reconhecer que, se causamos tristeza em alguém, também somos capazes de fazê-la sorrir. Reconhecer que, se tiramos a esperança de alguém, podemos mostrar que a esperança pode ser renovada. Reconhecer que se ofendemos, podemos pedir perdão. Reconhecer que somos capazes de aceitar as falhas alheias, porque um abraço não nos custa nada. Enfim, reconhecer que tudo nessa vida tem um lado bom, senão maravilhoso, que vale a pena descobrir. Reconhecer que Jesus, nosso pai e amigo, nos acompanha e sempre estará pronto para nos indicar o caminho certo a seguir. Um abraço a todos!
C
omo poucos sabem, o MEC decidiu fechar até o final do ano o Instituto Benjamin Constant, uma Escola de Ensino Regular Especializada na Educação de Cegos, com Turmas que vão desde a Estimulação Precoce até o 9º. Ano (Antiga 8ª. Série) do Ensino Fundamental, e com Atendimento Especializado realizado com os Reabilitandos (Videntes - pessoas que enxergam - que ficaram cegos por alguma razão). O fato saiu no Jornal O Globo inclusive, mas não chegou a ser a grande notícia da semana, pois poucos sabem o significado da Instituição para o País. Não somente querem fechá-lo, mas também ao INES (para Surdos) e ir aos poucos acabando com as Escolas Especializadas em Educação Especial, qualquer que seja a necessidade. Em nosso País o Sistema de Ensino não consegue suprir as necessidades dos Alunos Regulares, quem dirá dos Especiais. Cansamos de ver Escolas com Falta de Material, falta de Professores e que Carecem de Meios para que se tenha Controle dos Alunos e lhes ensinem Valores Morais já esquecidos na Sociedade atual, e ainda entra em cena o “Bullying” (palavra tão usada ultimamente) que emerge desta Impotência Moral iniciada no Ambiente Escolar. No Instituto, as Crianças se sentem Parte de um Todo, não sofrem preconceitos, mas saem de lá Prontas para enfrentá-los, Prontos para enfrentar nosso Mundo de Videntes Egoístas. Lá elas aprendem a Andar sem Cair ou Bater em Objetos, aprendem a Comer, têm Esportes Específicos, desde pequeninos são estimulados. Alguns dos Alunos inclusive passam a semana no Instituto, são Alunos Internos do Benjamin Constant. Alguns Alunos são Internos
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porque os Pais não têm condições de levar e buscar, seja por Dificuldades Financeiras ou de Trabalho (as Aulas são em Tempo Integral). Com Cuidadores para auxiliá-los a semana toda, Dormitórios Estruturados, Refeições bem preparadas pelas “Tias da Cozinha” e elaboradas por Nutricionistas, algumas Crianças só têm na vida o Instituto. Posso parecer que estou exagerando, mas não é. A maioria das Crianças não são somente Cegas, algumas têm Doenças Degenerativas , ou seja, a Doença vai piorando a um estado... que...enfim. No IBC é onde elas são aceitas e têm Assistência de Profissionais Capacitados. Só tentar descrever pelo e-mail é complicado, aconselho que tirem um dia e visitem o Instituto. Estar presente e até mesmo fazer Trabalho Voluntário lá pode mudar o jeito que temos de ver a vida, e com sorte nos tornar pessoas melhores. Essa luta não é por mim. É uma luta EXTREMAMENTE pelos Alunos, pelo próximo! Geralmente só percebemos diferentes situações fora de nosso
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círculo social quando nos afeta de alguma maneira. Quem tem “Alguém Especial” por perto sabe das dificuldades que enfrentamos, bate de frente com o preconceito, a desigualdade e o descaso que cai sobre eles. Meu principal objetivo com este e-mail é conscientizar as pessoas, principalmente os Cariocas, da importância desse Centro de Referência para Cegos de todo o Brasil. E é um motivo de orgulho para nós ter tal Instituição que capacita tão bem seus alunos. Vamos lutar contra esse absurdo de fechar o IBC! Se quiser colaborar, agradecemos muito! Abaixo assinado: http://www. peticaopublica.com.br/PeticaoVer. aspx?pi=P2011N8365 Vamos repassar essa corrente de luta e amor ao próximo, por isso imploro para que repasse, por favor, para TODOS os seus contatos essa mensagem! O Instituto Benjamin Constant fica na Avenida Pasteur - Urca (Próximo a Botafogo, na Calçada do Campus Praia Vermelha da UFRJ e Uni Rio) caso queira conhecer. Site: http://www.ibc.gov.br/ Te esperamos lá!
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Julho/Agosto | Edição 48 | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | FRATERNO |
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| moral cristã |
Na subida cristã
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elipe, o velho pescador fiel ao profeta Nazareno, meditando bastas vezes na grandeza do Evangelho, punha-se a monologar para dentro da própria alma. A “Boa Nova” – dizia consigo mesmo – “era indiscutível um monte divino, alto demais, porém considerando-se as vulgaridades da existência comum. O Mestre era sem dúvida, o embaixador do Céu. Entretanto, os princípios de que era portador mostravam-se transcendentes em demasia. Como enfrentar as dificuldades e resolvê-las? Ele, que acompanhava o Senhor, passo a passo, atravessava obstáculos imensos, de modo a segui-lo com fidelidade e pureza. Momentos surgiam em que, de súbito, via esfaceladas as promessas de melhoria íntima que formulava a si próprio. É quase impraticável a ascensão evangélica. Os ideais, as esperanças e objetivos do Salvador permaneciam excessivamente longínquos ao seu olhar... Se os óbices da jornada espiritual lhe estorvavam sadios propósitos do coração, que não ocorreriam aos homens inscientes da verdade e mais frágeis que ele mesmo? Em razão disso, de quando em quando interpelava o Amigo Celeste, desfechando-lhes indagações. - Felipe, não te deixes subjugar por semelhantes pensamentos. É indispensável instituir padrões superiores com a revelação dos cimos inspirando os viajores da vida e estimulando-os, quando for necessário... Se não descarregamos a beleza do píncaro, como educar o espírito que rasteja no pântano? Não menosprezes, impensadamente, a claridade que refulge, além... - Mas, Senhor – obtemperava o companheiro sincero -, não será mais justo graduar as visões? O amor que pleiteamos é universal e infinito. A maioria das criaturas porém, sobre estreiteza e incompreensão. Muitos
homens chegam a odiar e perseguir como se praticassem excelentes virtudes. Filósofos existem que consomem a vida e o tempo entronizando os que sabem tiranizar. É razoável, portanto, diminuir a luz da revelação, para que se não ofusque o entendimento do povo. No transcurso do tempo, nossos continuadores se encarregariam de mais amplas informações... O Cristo sorria benevolente, e acrescentava: Se as idéias redentoras de nossos ensinamentos são focos brilhantes de cima, reconheçamos que a mente do mundo está perfeitamente habilitada a compreendê-las e materializá-las. Não é a coroa da montanha que perturba a planície. E se obstáculos aparecem, impedindo-nos a subida, estas dificuldades pertencem a nós mesmos. Uma estrela beneficia sempre, convida ao raciocínio elevado; no entanto, jamais incomoda. Não mal digas, pois, a luz porque todo impedimento na edificação do Reino Celeste está situado em nós mesmos. O velho irmão penetrava o terreno das longas perquirições interiores e concluía afirmando: - Senhor, como eu desejava compreender claro tudo isso! Silenciava Jesus na sua Habitual meditação. Certo dia, ambos se preparavam para alcançar os cimos do Hermom, em jornada comprida e laboriosa, quando o apostolo, ainda em baixa altitude, se pôs a admirar, deslumbrado, os resplendores que fluíam da cordilheira. Terminara o lençol verdoengo e florido. Atacaram a marcha do carreiro íngreme. Agora era a paisagem ressequida e nua. Pequeninos seixos pontiagudos recheavam o caminho. Não obstante subirem devagar, Felipe, de momento a momento,
rogava pausa e, suarento e inquieto, sentava-se a margem, a fim de alijar pedras minúsculas que, sorrateiras, lhe penetravam as sandálias. Gastava tempo e paciência para localizá-la entre os dedos feridos. Dezenas de vezes pararam, de súbito, repetindo Felipe a operação e, ao conquistarem as eminências da serra, banhados de Sol, na prodigiosa visão da natureza em torno, o Mestre, que sempre se valia das observações diretas para fixar as lições, explicou-lhe brandamente: - Como reconheces Felipe, não foi a claridade do alto que nos dificultou a marcha, e sim a pedrinha modesta do chão. O dia radioso nunca fez mal. Entretanto, muitas vezes, as questões pequeninas do mundo interrompem a viagem dos homens para Deus, Nosso Pai. Quase sempre, a fim de prosseguirmos na direção do dever elevado e soberano, nossa alma
TEREZA NESTOR DOS SANTOS Advogada Trabalhista
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| FRATERNO | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 48 | Julho/Agosto
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requisita a cooperação dos outros, tanto quanto os pés necessitam da sandália protetora nesses caminhos escabrosos... Toda dificuldade na ascensão reside nos problemas insignificante da senda... Assim também, na caminhada humana, as questões mais ínfimas, se conduzidas pela prudência, podem golpear duramente o coração. Observa o minuto de palestra, a opinião erradia, o gesto impensado... Podem converter-se em venenosas pedrinhas que cortam os pés, ameaçando-nos a estabilidade espiritual. Entendes, agora, a importância das bagatelas em nosso esforço diário? O pescador Galileu maneou a cabeça, significativamente, e respondeu, satisfeito: - Sim, Mestre; agora compreendi. (mensagem extraída do Livro Luz Acima, cap. 34)
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