fraterno “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em qualquer época da humanidade” Allan Kardec
9 anos Divulgando a Doutrina Espírita
osasco
Jornal Bimestral | Edição 53 | Ano IV | Maio/Junho de 2012
O TESTEMUNHO DE PATRÍCIA
“Quando fui ao apartamento quase ‘vomitei as tripas’, mas o meu grito de liberdade estava dado. No dia seguinte, aquela dor de cabeça horrível, um malestar daqueles como da tensão prémenstrual. No sábado, conhecemos uma galera de São Paulo, que alugou um ‘apê’ no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino.” Também nesta edição
“Um grama de exemplos vale mais que uma tonelada de conselhos”
Adágio popular...
Editorial Os falsos profetas...................................................... 2 discutindo a bíblia A ressurreição de Jesus no além .................. 3 eventos................................................... 3 Música Rádio Alô........................................................................ 4 sexo nos espíritos Sadomasoquismo...................................................... 4 Doutrina Entendendo as Obsessões..............................................5 cultura espírita O testemunho de Patrícia......................................6 e 7 MemóriaS de chico xavier............... 7 reflexão A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico......................................8 e 9 espírito na escola Fazer o mesmo com os mentores dos alunos....................................................................... 9 momento fraterno O Adolescente e o Problema das Drogas... 10 o espiritismo de cada dia Homicídios espirituais........................................ 11 moral Cristã A revolução cristã.................................................. 12
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| editorial
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tingimos grande evolução social e tecnológica nos tempos correntes, mas o homem, enquanto ser espiritual encontra-se ainda num estágio imaturo, onde as ilusões do mundo exercem grande fascínio e conseqüentes desenganos. As drogas representam uma dessas ilusões nefastas que estamos enfrentando qual grande epidemia que assola lares, escolas, empresas e sociedades, não poupando ninguém, independente de sexo, cor, idade, condição financeira ou mesmo religião. Perigo que ameaça a família, base da sociedade, e nosso futuro enquanto seres sociais. Nesta edição, em nossa Cultura Espírita, ilustrando esta ameaça em to d os os s eus matizes, está Patrícia a contar sua triste história horas antes de seu desencarne. Tão jovem e, ao mesmo tempo, tão madura. A doutrina espírita pode nos amparar com seu manancial de conhecimento e amor na forma de consolo espiritual apontando-nos, mais uma vez para o Evangelho de Jesus como o único caminho, roteiro de luz que orienta nossas escolhas ainda tão inseguras. Jesus, o Mestre Excelso, nos diz que ele é o caminho, a verdade e a vida, chamando-nos docemente à sua vivência onde encontraremos tudo aquilo que nos orienta, consola, satisfaz e nos faz plenos de vida sem que precisemos recorrer à qualquer ilusão, muito menos
Os falsos profetas as drogas, para que nos sintamos pertencentes a um determinado grupo. A sensação de pertencimento, de que existe um grupo pelo qual nos identificamos, é uma das necessidades mais legitimas do homem, no engajar-se socialmente. Infelizmente, o modelo atual da educação de procuramos dar aos filhos, sem
se em outras vezes encontram apoio, mostram-se insatisfeitos devido à imaturidade espiritual com relação às tendências no aprimoramento necessário. É certo que existem famílias deficientes em muitos aspectos, porém existem também muitas pessoas que não valorizam a família e nem o lar que têm. Não existe um único culpado
tempo, sem afeto, sem olho no olho, priorizando as realizações materiais, tira de nós e deles, dos filhos, essa proximidade, esse engajamento tão necessário ao sadio desenvolvimento emocional, mental e social. Então, cada vez mais cedo, procuram nos grupos sociais tudo aquilo que não encontram na família, geralmente o apoio, a compreensão e porque não dizer, a necessidade de se sentir enturmado, incluso, aceito. Mas,
e aqui vale ressaltar que a história de Patrícia também deixa claro seu amadurecimento. Amadurecimento através da dor e, ainda que tardio capaz de perceber que no caminho sem volta que tomou, a responsabilidade foi toda dela, pois que conseguiu compreender, valorizar e agradecer à sua família, apesar do amparo recebido sob as condições a que ela mesma se submeteu. Com isso, valorizamos todo o
esforço que esse espírito empreendeu para que corajosamente levasse esse testemunho como uma tentativa para reeducação dos jovens e adultos, procurando evitar que tomem o mesmo caminho que tomou e que seu último desejo foi essa valiosa lição de vida que, norteará seus caminhos futuros na espiritualidade. Esses falsos profetas, referindo-nos aqui prestação das drogas, prometem um mundo de inclusão, prazer, esquecim e nto d a s d o r e s , decepções e falsas alegrias vão arrebatando pessoas por dentro e por fora, para que elas se acabem como Patrícia: doentes, solitárias e com uma tristeza espiritual profunda por ter desperdiçado muitas chances de progresso e realização. É nosso papel de espírita-cristão divulgar a rica mensagem educacional que o Espiritismo traz; ensejamos que mais uma vez o Fraterno esteja colaborando nesse nobre papel, ainda que sendo uma ínfima parcela no amparo que a Espiritualidade maior nos traz dia após dia, de mil maneiras, para que possamos abrir nossos olhos e dissipar essa névoa que as ilusões materiais ainda representam na deficiente sociedade na qual vivemos. Que possamos amar verdadeiramente a nós mesmos, a nossos filhos, a nossos semelhantes e agradecer ao Pai o maravilhoso dom da vida que Dele recebemos de graça, o nosso patrimônio físico. Boa leitura, O Editor
FRATERNO, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede no “Centro Espírita Seara de Jesus”, Rua Allan Kardec, 173, Vila Nova Osasco, Cep 06070-240, Osasco, SP. searadejesus@yahoo.com.br; Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049; Coordenação/Direção/Redação: Eduardo Mendes; Revisores: Luciana Cristillo Mendes, Jussara Ferreira da Silva e Giovanna Camila Ramalho; Financeiro: Alexandre Silva Melo; Diagramação: Jovenal Alves Pereira; Captação: Manoel Rodilha; Impressão: Gráfica Yara; Tiragem: 10.000 exemplares; Distribuição: Osasco e Grande São Paulo; e-mail: jornalfraterno@gmail.com; Telefones: (011) 3447-2006/7165-6437 ou (011) 3688-2440
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FRATERNO Osasco | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 53 | Maio/Junho
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| discutindo a bíblia
| eventos
A ressurreição de Jesus no além e as outras para os apóstolos
DIA 16/06/2012, sábado, à partir das 18hs, noite da sopa. Aqui no Seara.
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José Rei Chaves
essurreição é o ato de ressurgir ou de surgir de novo. Assim, o que ressurge já surgiu antes. A ressurreição é, pois, do espírito imortal. Há uma doutrina materialista desacreditada de que a ressurreição é do corpo, que, na verdade, volta para o pó para sempre. (Eclesiastes 12,7; e Gênesis 3,19). Esse equívoco já vem desde os apóstolos, pois eles não sabiam bem o que era o espírito e o que ressuscitava. Os saduceus nem acreditavam nessas coisas.Os apóstolos, realmente, não sabiam tudo. Aliás, nem Jesus o sabia. No desdobramento (saída do corpo) de são Paulo até o terceiro céu, ele ignorava se foi no corpo ou fora dele. E os apóstolos achavam que Jesus voltaria com eles ainda vivos.Daí que quando Jesus apareceu materializado para os apóstolos, eles achavam erroneamente que o corpo com que Ele apareceu fosse o mesmo que morreu na cruz. Os espíritos, nas suas materializações, usam o seu perispírito, palavra cunhada por Kardec e que tem termos correspondentes em todas as culturas. Cito aqui o ka dos egípcios, a aura de Orígenes, o corpo espiritual de são Paulo e, atualmente, o corpo glorioso da Igreja. Entre as ressurreições ou aparições materializadas de Jesus para os seus apóstolos, destacam-se a do episódio de são Tomé e a da pesca no Mar de Tiberíades, em que Jesus até comeu com os apóstolos! Esses fenômenos de materializações de espíritos têm o aval de renomados cientistas de até com Prêmio Nobel, que pesquisaram esses fenômenos, entre eles William Crokes e Charles Richet. O que ressuscita ou ressurge é mesmo o espírito (1 Coríntios 15,44; e 15,50). Também a ressurreição de Jesus foi do espírito. “Morto na carne, mas ressuscitado em espírito”.
(1 Pedro 3,18). As traduções dessa passagem são muito variadas, pois os tradutores, querendo ser fiéis aos originais gregos, mas também querendo ocultar a verdade de que a ressurreição de Jesus é do seu próprio Espírito, truncam o texto. Recomendo, pois, a você que me lê estudar isso.E no versículo seguinte (19), Jesus foi também em Espírito (não em corpo) aos infernos (o além ou a mansão dos mortos) pregar aos espíritos em pecados. E é oportuno que nos relembremos aqui de que para o maior teólogo católico da atualidade, o espanhol Andrés Torres Queiruga, “Repensar a Ressurreição”, Ed. Paulinas, todos nós ressuscitamos em espírito, e na hora da morte, inclusive Jesus. “Pai, em vossas mãos entrego meu Espírito”. Se, pois, seu líder religioso ainda prega a ressurreição do corpo, ele está mentindo ou está desatualizado.
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Demonstramos que Jesus ressuscitou no além, na hora de sua morte. Assim, pois, as profecias bíblicas da sua ressurreição no terceiro dia, após sua morte, referem-se, na verdade, ao ressurgimento Dele já ressuscitado e procedente do mundo espiritual para seus apóstolos. De fato, só a partir do domingo, depois de sua morte, Ele ressuscitou para eles. Em algumas dessas aparições, Jesus se materializou e, como já dissemos, até comeu com os apóstolos. A vivência do amor e a nossa imortalidade em espírito constituem o cerne da mensagem de Jesus para nós. A vivência do amor Ele exemplificou com sua vida. A prova da nossa imortalidade Ele no-la deu com sua morte seguida das suas ressurreições, demonstrando-nos que, realmente, “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos”!
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FRATERNO Osasco | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 52 | Maio/Junho
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| música
| sexo nos espíritos
Sadomasoquismo Guilherme Marques
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Rádio Alô
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Orson Peter Carrara
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membros da comunidade, não discriminar, raça, sexo, preferências sexuais, convicções político-ideológico-partidárias, condição social, religião (é vedado o proselitismo de qualquer natureza), assegurar espaço para divulgação de planos e realizações de entidades assistenciais, divulgar campanhas educativas. Através da internet, pretendemos estender a interatividade e o conhecimento aos quatro cantos do planeta. Assim, a Rádio Alô está aberta a sugestões e análises de seus leitores, ouvintes, de qualquer parte do mundo, que podem entrar em contato com a produção e também com os outros ouvintes pelo site. Vale a pena ouvir e prestigiar esse novo conceito de emissora de rádio, totalmente identificado com o povo brasileiro.” O portal de notícias, atualizado diariamente, dá uma visão geral, otimista e educativa, do panorama mundial, das conquistas da medicina e da tecnologia, da educação ou dos avanços nas diferentes áreas da comunicação e do progresso humano. É mesmo rádio para se ouvir enquanto se trabalho e para
espalhar para os amigos, nas redes de comunicação. A tecnologia atual permite esses avanços e essas facilidades. Que bom! Nada mais que resultados da Lei de Progresso que a todos nos dirige. E essa iniciativa espalha-se com uma velocidade impressionante. Passeie pelo site. Você fará descobertas. Também estou lá. Com imensa alegria e honra, fui convidado a participar do site com artigos. Com sede em Araraquara e boa audiência, a emissora tem tudo para firmar-se, especialmente com a breve chegada de sua programação completa. E como pôde perceber o leitor no texto que extraímos do site da emissora, todos podemos enviar notícias ou usar o precioso canal para iniciativas construtivas. É uma bela oportunidade, sem dúvida, para todos. Não deixe de acessar! Tudo que é bom deve ser valorizado e divulgado. Quando aprendermos a construir e divulgar o que é bom e belo, que faz bem a todos, estaremos no caminho certo de uma sociedade mais equilibrada e feliz!
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E N C I C LO P É D I A J U R Í D I C A L E I B SOIBELMAN comenta sobre sadomasoquismo:Conjugação de sadismo e masoquismo.Sadismo: Anomalia sexual, também chamada algolagnia ativa (algo, dor e lainos, excitação), que consiste em ter gozo através do sofrimento alheio ou do parceiro. A palavra vem do Marquês de Sade. O sadista atinge o auge sexual através de violências que comete contra outrem.Masoquismo ou algolagnia passiva, por oposição à algolagnia ativa ou sadismo: Perversão sexual que consiste em sofrer humilhações e violências para atingir o auge sexual. A palavra vem do escritor austríaco Sacher-Masoch. Infelizmente, há casos em que o indivíduo chega a esse ponto de desajuste, devido, na certa, à prática de violência contra terceiros no passado, agora pesando contra o infrator, agravada a situação pelos obsessores que procuram vingar-se dele. Todavia, tudo é possível àqueles que se mostram dispostos a recomeçar, como os três luminares cuja história mencionamos anteriormente.
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FRATERNO Osasco | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 53 | Maio/Junho
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| doutrina
Entendendo as Obsessões
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Marcos Paterra
bsessão é conceituada no livro dos Médiuns como: “[...] trata-se do domínio que alguns espíritos podem adquirir sobre certas pessoas. São sempre espíritos inferiores que procuram dominar, pois os bons não exercem nenhum constrangimento. A obsessão apresenta caracteres diversos que é necessário distinguir, e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produzem”. O processo de desenvolvimento espiritual do ser humano é repleto de desatinos sistemáticos os quais são consequências diretas de sua ignorância, desses desalinhos surgem as patologias da alma com suas revelações no corpo físico. Elas se manifestam de várias formas e traduzem sempre um desequilíbrio no campo do Espírito. As energias psíquicas que acompanham as emoções e sentimentos são poderosas e, quando não se voltam para os valores humanos, elas trarão consideráveis malefícios para as estruturas que sustentam a harmonia do ser. Sob essa ótica as influências negativas de entidades desencarnadas poderão distorcer a clareza da mente pela superposição de imagens e pensamentos contraditórios, ocasionando as conhecidas alucinações, síndromes do pânico, enfraquecimento orgânico e psíquico e tantos outros sintomas produzidos pelas obsessões. “Todos os processos obsessivos podem ser ativados e alimentados pelas ações desequilibrantes de conduta e descontrole emocional-afetivo propiciadores de aflitivas interações, cujos mecanismos aceleram as condições de fixação mental. [...] Nessa posição incrementa-se o fenômeno ideoplástico nas fixações de imagens, a propiciar o aparecimento das alucinações de toda ordem, principal-
mente as visuais e as auditivas. Nessa fase serão atingidos, não só os componentes físicos do psiquismo, mas, também, as regiões energéticas que os envolvem representados pelos campos perispirituais [...].” Kardec completa: “A dependência em que o homem se acha, algumas vezes, em relação aos Espíritos inferiores, provém de sua entrega aos maus pensamentos que estes lhe sugerem, e não de quaisquer acordos feitos entre eles. O pacto, no sentido vulgar do termo, é uma alegoria que simboliza uma natureza má simpatizando com Espíritos malfazejos.” O espírito, além das vivências de outras encarnações, que traz experiências dinâmicas no inconsciente, possui desajustes provocados em seu novo encarne. Entre problemas sociais, culturais e/ou familiares geram-se problemas psíquicos como: remorso, medo, ira, maldade desenfreada, egoísmo e orgulho... condutas e sentimentos que atraem obsessores. Às vezes perguntamo-nos por que as obsessões agem com tanta eficiência sobre nós? Herculano Pires nos responde: “Se voltassem os olhos para o passado, veriam que a História da Humanidade é suficiente para justificar todas as formas de obsessão e vampirismo que campeiam no planeta, desde as nações mais bárbaras às mais civilizadas.” Kardec novamente complementa: “Os Espíritos, encarnando-se, trazem com eles o que adquiriram em suas existências precedentes; é a razão por que os homens mostram instintivamente aptidões especiais; inclinações boas ou más que lhes parecem inatas. As más inclinações naturais são os vestígios das imperfeições do Espírito, dos quais ele não se despojou inteiramente; são também os indícios das faltas que ele cometeu, e o verdadeiro pecado original. A cada existência ele deve lavar-se de algumas impurezas.”
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A própria faculdade mediúnica, quando não educada, poderá expor o indivíduo a essa gama de forças intrusas que afetarão a sua consciência acarretando confusão na área psicológica, por isso quando ciente de possuidor da mediunidade, deve-se analisar com outros olhos os fatos do cotidiano. Léon Denis sabiamente nos diz: “O Espiritismo é uma arma de dois gumes: arma poderosa – com o apoio dos espíritos elevados – para combater os erros, a mentira e todas as misérias morais da humanidade; mas também uma arma perigosa pela ação dos espíritos inferiores e maus. Nesse caso, pode voltar-se contra os médiuns e os experimentadores e ferir-lhes a saúde e a dignidade, causando desordens graves.” . Herculano Pires Conclui: “Cabe aos espíritas, que conhecem a outra face da existência, medir a distância qualitativa entre o entregar-se às forças negativas do passado, como escravos de uma situação miserável entre os homens, e o ato de empossar-se nos seus direitos de criatura humana em evolução, avançando na direção dos anseios superiores da sua consciência humana” Os obsessores agem amplificando nossos pensamentos e/ou os influenciando-os, a persistência nesses pensamentos causa-nos as chamadas doenças psicossociais. “Chico Xavier através da psicografia ditada por André Luiz no livro Ação e Reação nos revela : “De um modo geral, porém, a etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas. [...] Os nódulos de forças mentais desequilibradas” (idem, pág. 213). Acrescenta: “Essas enquistações de energia profunda, no imo da alma, expressando as chamadas dividas cármicas [...] são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra” (idem, pág. 214).
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Sobre esse prisma podemos afirmar que as causas da obsessão se alicerçam em nossas imperfeições, quais sejam: vícios, paixões exacerbadas, perversões sexuais, crimes, ganância, apegos excessivos a pessoas e objetos, que nos colocam em estado de sintonia vibratória com os espíritos desencarnados. Para evitar e/ou afastar os obsessores é necessário conhecimento da doutrina, reforma íntima e acima de tudo compreensão tanto do que é seu obsessor quanto os motivos que ele o vampiriza. O tratamento espiritual em uma instituição idônea por médiuns competentes se faz necessário para ajudar nesse intento. “As sessões espíritas de desobsessão podem cansar e aborrecer os que só pensam em si mesmos, alegando dificuldades como as do vampirismo e do animismo, para justificarem sua preferência pelas sessões de elevada instrução espiritual. Essa é ainda uma prova do nosso egoísmo, da nossa inferioridade e falta de compreensão da realidade terrena. Não temos o direito de suspirar por sessões angélicas, pois estamos muito distantes dos planos da Angelitude, característicos dos planos superiores, dos mundos felizes.”
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| cultura espírita
O testemunho de Patrícia
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Danelise
eu nome é Patrícia, tenho 17 anos, e encontro-me no momento quase sem forças, mas pedi para a enfermeira Dane minha amiga escrever esta carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil, antes que seja tarde demais: Eu era uma jovem ‘sarada’, criada em uma excelente família de classe média alta em Florianópolis. Meu pai é Engenheiro Eletrônico de uma grande estatal e procurou sempre para mim e para meus dois irmãos dar tudo de bom e o que tem de melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube aproveitar. Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim para a Agência Kasting e fui até o final do concurso que selecionou as novas Paquitas do programa da Xuxa. Fui também selecionada para fazer um Book na Agência Elite em São Paulo. Sempre me destaquei pela minha beleza física, chamava a atenção por onde passava. Estudava no melhor colégio de ‘Floripa’, Coração de Jesus. Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés. Nos finais de semana freqüentava shopping, praias, cinema, curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer às pessoas saradas, física e mentalmente. Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro de 2004. Fui com uma turma de amigos para a OKTOBERFEST em Blumenau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego. Em Blumenau, achei tudo legal, fizemos um esquenta no ‘Bude’, famoso barzinho na Rua XV. À noite fomos ao ‘PROEB’ e no ‘Pavilhão Galego’ tinha um show maneiro da Banda Cavalinho Branco.
Aquela movimentação de gente era trimaneira’’. Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da minha mãe o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bêbada. Na quinta feira, primeiro dia de OKTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP. Que sensação legal curti a noite inteira ‘doidona’, beijei uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os ‘meganha’, porque menor não podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e os otários’ não percebiam. Lá pelas 4h da manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros.. Deram-me umas injeções de glicose para melhorar. Quando fui ao apartamento quase ‘vomitei as tripas’, mas o meu grito de liberdade estava dado. No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal estar daqueles como tensão pré-menstrual. No
eu sentia a necessidade de buscar novas experiências, e não demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino ‘DRUGS’. Aos poucos, meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver com uma galera da pesada, e sem perceber, eu já era uma dependente química, a partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano. Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que misturando cocaína com sangue o efeito dela ficava mais forte, e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim, o sangue que cada um cedia para diluir o pó. No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a ‘branca’ a R$ 10,00 o grama, mas não
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sábado conhecemos uma galera de São Paulo, que alugaram um ‘ap’ no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino. Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5h30 da manhã fomos ao ‘ap’ dos garotos para curtir o restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado ‘Cigarro de Maconha’, que me ofereceram. No começo resisti, mas chamaram a gente de ‘Catarina careta’, mexeram com nossos brios e acabamos experimentando. Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte antes de ir embora experimentei novamente. O garoto mais velho da turma o ‘Marcos’, fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem naquele dia. Retornamos a ‘Floripa’ mas percebi que alguma coisa tinha mudado,
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Memórias de Chico Xavier demorou muito para conseguir somente a R$ 20,00 a boa, e eu precisava no mínimo 5 doses diárias. Saía na sexta-feira e retornava aos domingos com meus ‘novos amigos’. Às vezes a gente conseguia o ‘extasy’, dançávamos nos ‘Points’ a noite inteira e depois... farra! O meu comportamento tinha mudado em casa, meus pais perceberam, mas no início eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha vida... Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por drogas.... Aos poucos o dinheiro foi faltando e para conseguir grana fazia programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro. Aos poucos toda a minha família foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em Clínicas de Recuperação. Meus pais, sempre com muito amor, gas-
tavam fortunas para tentar reverter o quadro. Quando eu saía da Clínica aguentava alguns dias, mas logo estava me picando novamente. Abandonei tudo: escola, bons amigos e família. Em dezembro de 2007 a minha sentença de morte foi decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando, ou através de relações sexuais muitas vezes sem camisinha. Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha. Aos poucos os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando, família, amigos, pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo. Meu pai e minha mãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los. Eles me deram o bem mais
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precioso que é a vida e eu a joguei pelo ralo. Estou internada, com 24 kg, horrível, não quero receber visitas porque não podem me ver assim, não sei até quando sobrevivo, mas do fundo do coração peço aos jovens que não entrem nessa viagem maluca... Você com certeza vai se arrepender assim como eu, mas percebo que é tarde demais pra mim. OBS.: Patrícia encontrava-se internada no Hospital Universitário de Florianópolis e a enfermeira Danelise, que cuidava de Patrícia, veio a comunicar que Patrícia veio a falecer 14 horas mais tarde depois que escreveram essa carta, de parada cardíaca respiratória em consequência da AIDS. Este foi o último desejo de Patrícia. Danelise, a enfermeira que atendeu Patrícia quando resolveu escrever essa carta no seu leito de morte
“Quem não tem razão no que me critica, não merece resposta; quem tem está falando a verdade e contra a verdade ninguém nada pode. É o que Emmanuel tem me ensinado. Por este motivo, a vida inteira procurei ouvir em silêncio as verdades e as mentiras que tem sido ditas ao meu respeito” (Mensagem extraída do livro “O Evangelho de Chico Xavier”)
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FRATERNO Osasco | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 52 | Maio/Junho
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| reflexão
A dura vida dos ateus em um Brasil cada A parábola do taxista e a intolerância. Reflexão a partir de uma conversa no trânsito de São Paulo. A expansão da fé evangélica está mudando “o homem cordial”?
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Eliane Brum
diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões. - Você é evangélico? – ela perguntou. - Sou! – ele respondeu, animado. - De que igreja? - Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
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- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida? - Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá. - Legal. - De que religião você é? - Eu não tenho religião. Sou ateia. - Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve. - Não, eu não sou religiosa. Sou ateia. - Deus me livre! - Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha. - (riso nervoso). - Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé? - Por que as boas ações não salvam. - Não? - Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva. - Mas eu não quero ser salva. - Deus me livre! - Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível. - Acho que você é espírita. - Não, já disse a você. Sou ateia. - É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar. - Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância? - É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto... O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem.
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Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.) Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se: - Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta. - Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la. Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa. A parábola do taxista me faz pensar em como a vida dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros. Já com os evangélicos neopentecostais, caso das inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada
vez mais imaginativos pelas esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro. Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica. É também por essa razão que a Igreja Católica, que em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder e influência há dois
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| espírito na escola
vez mais evangélico
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tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta. Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido atribuído pelo senso comum. Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI, ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na “Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende. Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele. ELIANE BRUM, Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. Texto extraído da revista Época.
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Fazer o mesmo com os mentores dos alunos
É
muito útil e importante solicitar esse tipo de ajuda para os alunos mais problemáticos e também para aqueles que são, por afinidade de sentimentos, nossos aliados naturais. Essas solicitações de contato dão resultados excelentes e podem ser feitos durante as nossas preces e meditações e também no próprio ambiente escolar, nas situações exigidas. Nelas podemos solicitar ajuda e providências para solucionar determinados problemas, mesmo aqueles que são causados pelas nossas próprias falhas. Recebemos nessas ocasiões, além do socorro habitual, preciosas instruções para lidar com as pessoas e com os problemas que nos incomodam. Uma conversa espiritual com os mentores e seus tutelados traz resultados impressionantes na melhoria das relações afetivas e na aceitação de limites entre professores e alunos. São momentos importantes em que perdoamos e pedimos perdão, fazemos promessas de auxílio e
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recebemos votos de confiança e respeito de pessoas que jamais adotariam tais gestos nas situações comuns. Nesses encontros ocorrem as retomadas de consciência, auxiliadas por mentores maiores, cuja presença luminosa e superior faz os tutelados recordarem seus compromissos do Programa Encarnatório, bem como os graves riscos de falência e agravamento de débitos. Nós mesmos já passamos por uma situação dessas – durante um curso iniciático espírita - na qual o nosso mentor maior, só pela sua presença, nos causou uma comoção irreprimível, nos lembrando em poucas palavras tudo que havia sido combinado entre nós, aquilo que foi cumprido da parte dele e não cumprido por nós. No final desse balanço, sempre muito humilde e amoroso, ele nos exortou a pensar que rumo realmente queríamos dar para a nossa atual existência. Foi um acontecimento impressionante e inesquecível, permitido pela via mediúnica direta, mas que acontece freqüentemente pelas vias da prece e do sono físico.
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mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país. Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões. Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material, como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó. Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se “agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é alguma igreja nova. Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca
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| momento fraterno
O Adolescente e o Problema das Drogas
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Divaldo Pereira Franco
ntre os impedimentos para a auto-identificação, no período da adolescência, destaca-se a rejeição. Caracterizado pelo abandono a que se sente relegado o jovem no lar, esse estigma o acompanha na escola, no grupo social, em toda parte, tornando-o tão amargurado quão infeliz. Sentindo-se impossibilitado de auto-realizar-se, o adolescente, que vem de uma infância de desprezo, foge para dentro de si, rebelando-se contra a vida, que é a projeção inconsciente da família desestruturada, contra todos, o que é uma verdadeira desdita. Daí ao desequilíbrio, na desarmonia psicológica em que se encontra, é um passo. Os exemplos domésticos, decorrentes de pais que se habituaram a usar medicamentos sob qualquer pretexto, especialmente Valium e Librium, como buscas de equilíbrio, de repouso, oferecem aos filhos estímulos negativos de resistência para enfrentar desafios e dificuldades de toda a natureza. Demonstrando incapacidade para suportar esses problemas sem a ajuda de químicos ingeridos os, abrem espaço na mente da prole, para que, ante dificuldades, fuja para os recantos da cultura das drogas que permanece em voga. Por outro lado, a exuberante propaganda, a respeito dos indivíduos que vivem buscando remédios para quaisquer pequenos achaques, sem o menor esforço para vencê-los através dos recursos mentais e atividades diferenciadas, produz estímulos nas mentes jovens para que façam o mesmo, e se utilizem de outro tipo de drogas, aquelas que se transformaram em epidemia que avassala a sociedade e a ameaça de violência e loucura. O alcoolismo desenfreado, sob disfarce de bebidas sociais, levando os indivíduos a estados degenerativos, a perturbações de vária ordem,
torna-se fator predisponente para as -que se encontram nos seus grupos famílias seguirem o mesmo exemplo, sociais com o fim de os aliciar; a particularmente os filhos, sem estru- rebelião contra os pais, como forma tura de comportamento saudável. de vingança e de liberdade; a fuga O tabagismo destruidor, invete- das pressões da vida, que lhe parece rado, responde pelas enfermidades insuportável; o distúrbio emocional, graves do aparelho respiratório, entre os quais se destacam os de criando dependência irrefreável, natureza sexual... transformando-se em estímulo nas A educação no lar e na escola mentes juvenis para a usança de constitui o valioso recurso psicotetais bengalas psicológicas, que são rapêutico preventivo em relação a porta de acesso a outras substâncias todos os tipos de drogas e substânquímicas mais perturbadoras. cias aditivas, desvios comportamenA utilização da maconha, sob a tais e sociais, bengalas psicológicas e justificativa de não ser aditiva, apresen- outros derivativos. tada como de conseqüências suaves e A estruturação psicológica do sem perigo de maiores prejuízos, com ser é-lhe o recurso de segurança muita propriepara o enfrentadade também mento de todos Em todo esse conflito denominada erva os problemas e fuga pelas drogas, o do diabo, cria, no que constituem amor desempenha papel organismo, estaa existência dos de depenterrena, realifundamental, seja no lar, na dência, que z an d o - s e e m escola, no grupo social, no facultarão a utiliplenitude, na trabalho, em toda parte, para busca dos objezação de outras substâncias mais evitar ou corrigir o seu uso e o tivos essenciais comprometimento negativo da vida e aquepesadas, que dão acesso à loucura, loutros que são ao crime, em desesperadas deserções conseqüências dos primeiros. da realidade, na busca de alívio para Quando se está desperto para a pressão angustiante e devoradora as finalidades existenciais que conda paz. duzem à auto-realização, à autoTodas essas drogas tornam-se -identificação, todos os problemas convites-soluções para os jovens são enfrentados com naturalidade desequipados de discernimento, que e paz, porquanto ninguém amaduse lhes entregam inermes, tombando, rece psicologicamente sem as lutas quase irremissivelmente, nos seus que fortalecem os valores aceitos e vapores venenosos e destruidores, propõem novas metas a conquistar. que só a muito custo conseguem Os mecanismos de fuga pelas superar, após exaustivos tratamentos drogas, normalmente produzem e esforço hercúleo. esquecimento, fugas temporárias ou Os conflitos, de qualquer natu- sentimento de maior apreciação da reza, constituem os motivos de apre- simples beleza do mundo, o que é de sentação falsa para que o indivíduo se duração efêmera, deixando pesadas atire ao uso e abuso de substâncias marcas na emoção e na conduta, perturbadoras, hoje ampliadas com no psiquismo e no soma, fazendo os barbitúricos, a heroína, a cocaína, desmoronar todas as construções da o crack e outros opiáceos. fantasia e do desequilíbrio. E não faltam conflitos na criatura É indispensável oferecer ao jovem humana, principalmente no jovem valores que resistam aos desafios que, além dos fatores de perturba- do cotidiano, preparando-o para os ção referidos, sofre a pressão dos saudáveis relacionamentos sociais, companheiros e dos traficantes evitando que permaneça em isola-
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mento que o empurrará para as fugas, quase sem volta, do uso das drogas de todo tipo, pois que essas fugas são viagens para lugar nenhum. Sempre se desperta desse pesadelo com mais cansaço, mais tédio, mais amargura e saudade do que se haja experimentado, buscando-se retomar a qualquer preço, destruindo a vida sob os aspectos mais variados Por fim, deve-se considerar que a facilidade com que o jovem adquire a droga que lhe aprouver, tal a abundância que se lhe encontra ao alcance, constitui-lhe provocação e estímulo, com o objetivo de fazer a própria avaliação de resultados pela experiência pessoal. Como se, para conhecer-se a gravidade, o perigo de qualquer enfermidade, fosse necessário sofrê-la, buscando-lhe a contaminação e deixando-se infectar. A curiosidade que elege determinados comportamentos desequilibradores já é sintoma de surgimento da distonia psicológica, que deve ser corrigida no começo, a fim de que se seja poupado de maiores conflitos ou de viagens assinaladas por perturbações de vária ordem. Em todo esse conflito e fuga pelas drogas, o amor desempenha papel fundamental, seja no lar, na escola, no grupo social, no trabalho, em toda parte, para evitar ou corrigir o seu uso e o comprometimento negativo. O amor possui o miraculoso condão de dar segurança e resistência a todos os indivíduos, particularmente os jovens, que mais necessitam de atenção, de orientação e de assistência emocional com naturalidade e ternura. Diante, portanto, do desafio das drogas, a terapia do amor, ao lado das demais especializadas, constitui recurso de urgência, que não deve ser postergado a pretexto algum, sob pena de agravar-se o problema, tornando-se irreversível e de efeitos destruidores. FRANCO, Divaldo Pereira. Adolescência e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.
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| o espiritismo de cada dia
Homicídios espirituais Cláudio Bueno da Silva
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ma revelação importante que os espíritos trouxeram aos homens é a que diz respeito à influência que aqueles exercem sobre estes. A uma pergunta que lhes foi feita, os habitantes do mundo invisível disseram que influem nos atos humanos muito mais do que se possa pensar por aqui, na Terra. Essa revelação espantosa, da qual boa parte dos homens sequer suspeita, está contida em “O Livro dos Espíritos”, obra produzida pelos próprios espíritos e coordenada por Allan Kardec, depois de muita observação e estudos criteriosos. Estes seres do outro mundo chegaram a afirmar que essa influência é tal, que “muito frequentemente são eles que nos dirigem”. Embora Deus nos garanta a liberdade de pensar e agir, de fazer as nossas escolhas, nos dois lados da vida, essa informação não deixa de ser contundente. Por isso a questão das influências recíprocas precisa ser conhecida e estudada atentamente por todas as pessoas. Porque, segundo os espíritos, essa permuta é muito intensa e está presente em quase todas as circunstâncias da vida, ajudando a desencadear o bem ou o mal, dependendo das motivações que nutrem as relações entre os seres. Pensando neste assunto, relacionei-o com o noticiário policial das tevês e jornais da atualidade. Praticamente todos os dias são divulgados dramas horrendos de variada espécie, mas com preponderância dos crimes de morte, que causam comoção e choque na sociedade de bem, pelas suas características de barbárie. Há casos tão escabrosos que
nos custa acreditar tenham sido provocados por pessoas normais, que circulam nas ruas, compram em shoppings, andam de metrô, levam e buscam os filhos na escola, enfim... Em muitos episódios desse tipo, o nível de brutalidade, cálculo e frieza é tanto, que é difícil associar a façanha criminosa a pessoas com diploma universitário, bem apessoadas, sem antecedentes e até com bom histórico de rotina familiar. Mas, não são apenas estas que promovem barbaridades, pois não é o nível social, econômico e cultural que impede as pessoas de cometerem desatinos graves. O motivo fundamental é moral e tem a ver com a evolução espiritual do indivíduo.
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Claro que não se pode avaliar o caráter de uma pessoa por coisas que ela nunca fez e muito menos pelos seus atributos exteriores, que podem muito bem ser ditados apenas pelo verniz social. Mas, o intrigante é constatar que esses protagonistas delinquem, na maioria das vezes, por causas e motivos absolutamente fúteis. Parece não fazer sentido algum! Será que agem sozinhos, por conta própria? O que haverá por trás desses crimes chocantes praticados por pessoas que demonstram insensibilidade para com a vida do outro, aparentando não se importar com consequências? O espírito Manoel Philomeno
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de Miranda, através da psicografia de Divaldo Franco, fornece curiosas informações sobre o assunto no seu livro “Tormentos da Obsessão”. Baseadas na lei de afinidade e semelhança, que aproxima as pessoas encarnadas e desencarnadas, dão-se as influências recíprocas, que podem variar de um extremo a outro: da benéfica intuição de um bom espírito, à perseguição premeditada de um espírito mau. Conforme orienta Manoel Philomeno, o intercâmbio espiritual está na raiz de inumeráveis males que afetam a coletividade humana. Na forma da obsessão, onde um ser influencia maléfica e continuadamente a outro, ocorrem muitos desses crimes, cujas causas espirituais não são sequer suspeitadas pela maioria. Espíritos vingativos, obsediando pessoas, jogam-nas contra seus desafetos e inimigos. E, nas tramas, onde muitas vezes uns devem aos outros, enredados entre si, os maus espíritos se utilizam das fragilidades morais das suas vítimas, para dar cabo da vida de outros, naquilo que Philomeno de Miranda chamou de “assassinato de cunho espiritual”, no capítulo “Reminiscências”, do citado livro. Assim, através de interferências na conduta mental e moral de quem obsediam, essas entidades a serviço do mal, seguem “armando-lhes as mãos para a consumação dos nefastos crimes”. Na verdade, em muitas situações, os crimes têm dois autores, um encarnado (teleguiado) e outro desencarnado. O que, somente aqueles que já tomaram conhecimento das profundas relações entre os dois mundos, sabem, e por isso se cuidam. Saiba mais em: “Tormentos da Obsessão”, de Manoel P. de Miranda, psicografia de Divaldo Franco, LEAL Editora, 2001. “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, “Intervenção dos Espíritos no mundo corpóreo”, LAKE Editora, 1978.
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| moral cristã
Homens prodígio
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onta-se que André, o discípulo prestimoso, tão logo observou o Senhor à procura de cooperadores para o ministério da salvação, compareceu, certo dia, à residência de Pedro, com três companheiros que se candidatavam à divina companhia. Recebeu-os Jesus, com serenidade e brandura, enquanto o Apóstolo apresentava os novatos com entusiasmo ingênuo. – Este, Mestre – disse, tocando o braço do mais velho – é Jacob, filho de Eliakim, o condutor de cabras que tem maravilhosas visões do oculto. Já viu os próprios demônios flagelando homens imundos e, quando visitou Jerusalém, na última peregrinação ao templo, viu flamas de fogo celeste sobre os pães da proposição. Enxergou também os espíritos de gloriosos antepassados entre os sacerdotes, surpreendendo sublimes revelações do invisível. Ante a expectação do Divino Amigo, o aprendiz acentuou: – Parece-me excelente companheiro para os nossos trabalhos. Jesus, contudo, pousando no candidato os olhos firmes, fez interrogativo gesto para Jacob, que, docemente, constrangido pela silenciosa atitude dele, informou: – Sim... é verdade... Sou vidente do que está em secreto e pretendo receber lições da nova escola. No entanto, receio a opinião pública. Trabalho em casa de Prisco Bitínio, o chefe romano, e recebo salário compensador. Se souberem por lá que frequento essas fileiras, provavelmente me expulsarão... Perderei meus proventos e minha família talvez sofra fome... Fez-se grande quietude. Em torno, Jesus manteve-se quase impassível. Seus lábios mostravam ligeiro sorriso que não chegava evidenciar-se de todo. André, todavia, interessado em colocar os amigos no quadro apostólico, indicou o segundo, judeu de
meia-idade, que revelava no olhar arguciosa inteligência: – Este, Senhor, é Menahem, filho de Adod, o ourives. Possui ouvidos diferentes dos nossos e costuma ser contemplado por sonhos milagrosos. Escuta vozes do Céu, anunciando o futuro com exatidão e no sono recebe avisos espantosos. Já descobriu, por esse meio, as joias de Pompeia Fabrina, quando romanos ilustres visitaram Cesareia. Incontáveis são os casos em que funcionou na qualidade de adivinho vitorioso. Passando por Jerusalém, foi procurado por sacerdotes ilustres que, com êxito, lhe puseram à prova as estranhas faculdades. Leu papiros que se achavam à distância e transmitiu recados autênticos de grandes mortos da raça. Após ligeiro intervalo, acentuou: – Não seria ele valioso colaborador para nós? O Cristo fixou o olhar lúcido no apresentado, e Menahem se explicou: – Sim, realmente ouço vozes do Céu e resolvo em sonho diversos problemas, acerca dos quais sou consultado. Desejaria participar da nova fé, mas estou preso a muitos compromissos. Não poderia vir assiduamentHomens prodígiom, o mercador de perfumes, é riquíssimo e está prestes a descansar com os nossos que já desceram ao repouso. Sou herdeiro de sua grande fortuna e sei que se escandalizará com a minha adesão à crença renovadora... Assim considerando, preciso ser cauteloso... Não posso perder o enorme legado... Identificando a estranheza que provocava, apressou-se a reforçar: – Ainda que eu me pudesse desprender de bens tão preciosos, precisaria atender à mulher e aos filhos... Novo silêncio pesou na paisagem doméstica. Na frente do Messias, que não se manifestava em sentido direto, o pescador diligente apresentou o terceiro amigo:
– Aqui, Mestre, temos Moab, filho de Josué, o cultivador. É um prodígio nas escrituras. Todos os escribas o olham invejosos e despeitados, porquanto é conhecido pelo dom de escrever com incrível desenvoltura, a respeito de todos os assuntos que interessam o povo escolhido. Homens importantes de Israel formulam para ele vários enigmas, referentes à Lei e aos profetas, e ele os resolve com triunfo absoluto... Por vezes, chega a escrever em línguas estrangeiras e há quem diga que, sobre ele, paira o espírito do próprio Jeová... Calou-se o Apóstolo e, no ambiente pesado que se abateu na sala, o escriba milagroso esclareceu: – Efetivamente, escrevo em misteriosas circunstâncias. Uma luz semelhante a fogo desce do firmamento sobre as minhas mãos e encho rolos enorme com instruções e descrições que nem eu mesmo sei entender... Proponho-me a seguir os princípios do Reino Celeste, aqui na Galileia. Não posso, entretanto, comprometer-me muito. Na Cidade Santa, estou ligado a um grande revolucionário que me prometeu alto cargo político, logo depois de assassinarmos o procurador e eliminarmos alguns patrícios influentes. Quero aproveitar as minhas faculdades na restauração
de nossos direitos... Conquistarei posição, ouro, fama, evidência... Por isso, não posso aceitar deveres muito extensos... A quietude voltou mais envolvente. André, todavia, ansioso por situar os novos elementos no colégio Galileu, perguntou ao Cristo: – Mestre, não estás procurando associados para o serviço redentor? Admitirás os nossos amigos? Jesus, porém, com serenidade complacente, esclareceu: – Não André! Sigam nossos irmãos em paz. Por enquanto, o roteiro deles é diferente do nosso. O primeiro estacionou na situação lucrativa; o segundo aguarda uma herança em ouro, prata e pedras; e o terceiro permanece caçando a glória efêmera do poder humano! – Senhor, – ponderou o irmão de Pedro – mas é preciso lembrar que um deles “vê”, outro “ouve” e o último “escreve”, milagrosamente... – Sim – considerou Jesus, terminando a entrevista – No mundo sempre existirão homens-prodígio, portadores de maravilhosos dons que estragam inadvertidamente, mas, acima deles, estou procurando quem deseje trabalhar na execução da vontade de nosso Pai. (Mensagem extraída do livro Luz Acima)
TEREZA NESTOR DOS SANTOS Advogada Trabalhista
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| Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 53 | Maio/Junho
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