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O que é psicografia? Conheça os instrumentos, técnicas e tipos de médiuns
“Quando os Espíritos julgam necessário, eles vêm e falam ou escrevem mensagens para mim”, disse o médium mineiro, que não fazia evocações e cunhou o bordão “O telefone só toca de lá para cá”. Consulte a questão 935 e comentário em “O Livro dos Espíritos” para saber mais.
A
Ciência Espírita,desde suasatividadesiniciais,concentrou-se nas chamadas manifestações inteligentes, que consistiam de mesas que se moviam e ‘batiam’ o pé, respondendo conforme convencionado por “sim” ou “não” às perguntasfeitas.Essefenômenoficou conhecido como “mesas girantes”, “dança das mesas” ou “mesas falantes”,utilizadasparasecomunicarcom os Espíritos. Assim,apsicografia(dogr.psyché, borboleta, alma, e graphô, eu escrevo) consiste na transmissão do pensamento dos Espíritos por meio da escrita,que,inicialmenteseserviudecestas e pranchetas (com um apêndice ao qual se prendia um lápis) e, pouco depois, pela própria mão do receptor. As psicografias recebidas por sinaisconvencionadosde“sim”e“não” não convinham para perguntas mais
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longas e complexas, porque o esforço requerido do médium era muito grande e o resultado só era concluído após numerosas reuniões. Ascestas de bico eas pranchetas foram logo adotadas nas comunicações, pois permitiam a abordagem de temais mais difíceis e abrangentes sem sobrecarregar muito os participantes. Um médium ou um grupo de médiuns encostava as pontas dos dedos na cesta ou na prancheta, seu fluido se transferia para o objeto, que então era impulsionado pelo Espírito comunicante como bem queria. Como os médiuns não sabiam de antemão o que ia ser escrito, o método oferecia margem considerável de isenção e seriedade. As mensagens recebidas em grupos afinados com ideias elevadas em muito ultrapassavam o repertório pessoal dos médiuns nos vários ramos do saber. Psicografia indireta: cestas e pranchetas Noinício,erausadauma cestinha de 15 a 20 centímetros de diâmetro que podia ser de vime ou de junco. Ao fundo dessa cesta era fincadoumlápis,comapon-
ta para fora e para baixo, a qual era posta em contato com uma folha de papel. Os médiuns seguravam a cesta e, se o Espírito queria se comunicar, a cestamovia-senaturalmente,formando desenhos ou frases, e até mesmo textos completos. Porém, a escrita assim obtida nem sempre era legível. Nesta fase usou-se, também, uma placa ou lousa de ardósia em lugar do papel. Depois, várias outras disposições foram imaginadas para o mesmo fim. Umadas mais cômodasa que se chegou era denominada de cestadebico, e consistia em adaptar uma haste de madeira a uma cesta, com 10 a 15 centímetros de lado, como se fosse o mastro de proa de um navio. Assim como esses, outros instrumentos foram desenvolvidos especialmente para melhorar a comunicação entre Espíritos e pessoas. Alguns grupos substituíram a cesta por uma espécie de mesa em miniatura, de 12 a 15 centímetros de comprimento por cinco a seis de altura, e com três pés, e no que seria o quarto pé era adaptado umlápis. Outros grupos se serviam de uma pequena prancheta de 15 a 20 centímetros quadrados, em forma triangular, oval ou de coração, e tendo nas bordasumfurooblíquoparaoencaixe do lápis. O lado que pousava no papel era, às vezes, equipadocom duas bolinhaspara facilitar o movimento. Já outros, em vez dos instrumentos citados, usavam um funil com um lápis fincado no gargalo. Esses dispositivos nada tinham de absoluto; foram usados conforme a comodidade dos médiuns e variavam de acordo com os grupos. Esse processo é chamado de psicografia indireta e, em especial a cestadebico foi muitousadanacodificaçãoespíritapelas irmãs Baudin e por Ruth Japhet. Normalmente,nouso desses instrumentos havia pelo menos mais uma pessoa, uma vez que era preciso ajudar no equilíbrio do instrumento, diminuindo a fadiga domédium.
Desenho a lápis de uma cesta de bico, instrumento usado nos primórdios do Espiritismo.
Exemplar atual da prancheta usada nas sessões espíritas do século retrasado, possui rolamentos e encaixe para um lápis ou caneta.
Ilustração de como se estabelece a comunicação entre o médium e o Espírito na psicografia intuitiva. Psicografia diretae tipos de médiuns Pouco tempo depois, os médiuns pegaram os lápis diretamente com suas mãos. O médium,dessaforma,escrevequase que em condições normais, com a diferença que a maioria dos pensamentos não é dele, e sim do Espírito comunicante. Suprimidososinstrumentos,sem intermediação, chegou-se à psicografia direta. Esse novo processo substituiu de maneira definitivatodososdispositivos,pois-
se viu o quanto eram desnecessários para essa variedade mediúnica. Omédiuméditopassivoou mecânico quando o Espírito age diretamente sobre a mão e dá-lhe um impulso completamente independente da vontade do encarnado –e isso ocorre quandoeleseencontranamaior tranquilidade e se espanta de não poder controlar-se. A mão avança sem interrupção e contra a vontade, enquanto o Espíritotiveralgumacoisaadizer,e
para quando ele terminar. O médium mecânico não tem consciência do é escrito por ele, como era o caso de Chico Xavier. Omédiumintuitivo,porsuavez,tem consciência do que escreve, embora não se trate do seu próprio pensamento.O Espírito comunicante, nesse caso, não age sobre a mão para fazê-la escrever, não a toma nem a guia e, sim, age sobre a alma com a qual se identifica. É então a alma do médium que, sob essa impulsão, dirige a mão e esta o lápis ou caneta. Nomédiumpuramentemecânicoo movimento da mão é independentedavontade. No médium intuitivo,omovimento évoluntárioefacultativo. O médium semimecânico participa das duas condições. Sente a mão
impulsionada, sem que seja pela vontade, mas ao mesmo tempo toma consciência do que escreve à medida que as palavras se formam. A mediunidade semimecânica é a mais comum. Muitas vezes, o médium pode escrever em línguas que desconhece, falar de assuntos que ultrapassam sua escolaridade, e também reproduzir a caligrafia e a assinatura do Espírito quandoestavaencarnado,mesmonão o tendo conhecido. Dependendo da elevação do Espírito, assim como da disciplina do médium, o conteúdo das mensagens varia bastante. Dentre todas as formas de comunicação mediúnica a psicografia é a mais simples, cômoda e a mais completa. Allan Kardecexplicouque todos os esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento, haja vista a facilidadeemexercitaressa mediunidade ao longo do tempo. Através da psicografia os Espíritos revelam melhor a sua natureza e o grau de sua elevação ou de sua inferioridade, o que permite conhecê-loscada qual em seu justo valor. A
família
Fox
A lousa de ardósia foi muito usada nas primeiras comunicações espíritas no século XIX. PARA SABER MAIS: KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. São Paulo: LAKE, 1994. Itens 152-158 e 178-181 e notas de rodapé; KARDEC, Allan. Revista espírita – jornal de estudos psicológicos. Brasília: FEB, 2004. Volume dois (agosto de 1859)