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QUALIDADE RECONHECIDA Com apoio do Sebrae, produtores de cachaça da região de Salinas conquistam selo de Indicação Geográfica de Procedência
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Studio Foco & Arte
união dos produtores de cachaça artesanal da região de Salinas, no Norte de Minas, está rendendo bons frutos. Unidos, eles passaram a receber apoio técnico do Sebrae e melhoraram todo o processo de fabricação. Desde a escolha da variedade de cana-de-açúcar mais adequada à produção da bebida até a comercialização e distribuição do produto. As medidas repercutiram no aperfeiçoamento da qualidade da bebida. Ao mesmo tempo, aumentaram o interesse de oportunistas. Há comerciantes que vendem cachaça de outros lugares como sendo de Salinas. Há produtores que fabricam pelo processo industrial e comercializam o produto como se fosse artesanal.
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Fotos: Studio Foco & Arte
POR MEIO DO PROJETO, QUE COMEÇOU EM 2008, SÃO REALIZADAS CAPACITAÇÕES, CONSULTORIAS E OUTRAS AÇÕES. GRAÇAS A ESTA PARCERIA, A QUALIDADE DA CACHAÇA DE SALINAS FOI APERFEIÇOADA E OS PRODUTORES SE PREPARAM PARA AMPLIAR MERCADO
Eilton Santiago acredita que as distribuidoras autorizadas serão a redenção dos produtores
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EMPREENDER
A forma encontrada para driblar o problema foi entrar com o pedido de Indicação Geográfica de Procedência (IGP) no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Para isso, a Associação dos Produtores Artesanais de Cachaças de Salinas (Apacs), entidade que reúne 25 produtores de Salinas, Taiobeiras, Novorizonte, Rubelita, Fruta de Leite e Santa Cruz de Salinas, contou com o apoio do Sebrae. “O registro da IGP atesta que uma série de critérios foram respeitados durante o processo de fabricação do produto, sendo, por isso, uma garantia para o consumidor, que tem a segurança de adquirir marcas que possuam todos os atributos que se espera das cachaças de Salinas. É um mecanismo para agregar valor e diferenciar os produtos frente aos concorrentes”, diz Fernando Machado Ataide, do Sebrae em Minas Gerais. A solicitação de IGP foi feita em 2009. Produtores associados da Apacs e não associados puderam se candidatar para receber o selo. Um comitê julgador avaliou os inscritos e somente as empresas aprovadas seguiram no processo. A concessão saiu em julho deste ano e, a partir de janeiro, as cachaças da região sairão com o selo. “O consumidor poderá conferir se a cachaça é autêntica. Ela virá com um código de segurança e ele poderá checar a procedência”, diz Nivaldo Gonçalves das Neves, presidente da Apacs e produtor da cachaça Fascinação.
Tradição O cuidado é para resguardar a cachaça de alambique de Salinas, bebida que fez a cidade conhecida internacionalmente. Inclusive, desde 2002, a cidade sedia o Festival Mundial da Cachaça. Não por acaso, a bebida é a segunda maior fonte de renda do município, só perdendo para a indústria da cerâmica. Tudo começou na década de 40 com o lendário Anísio Santiago, que faleceu em 2002. Ele foi o produtor que colocou Salinas no mapa e abriu caminho para dezenas de outros seguirem seus passos. A cidade hoje tem 40 mil habitantes e mais de 70 marcas de cachaça. Na região predominam os pequenos produtores, a maioria agricultores familiares que vivem da produção da bebida. No caso da família de Eilton Santiago, associado da Apacs e fabricante da cachaça Canarinha, eles são em seis pessoas e possuem 9 hectares. Segundo ele, as condições de terra e clima da cidade favorecem a qualidade do produto. “Nosso solo é mais arenoso e não temos tanta chuva, então a cana tem um alto teor de açúcar e a cachaça sai melhor”, explica. Na parte agrícola, a Apacs tem o suporte técnico do Instituto Federal do Norte de Minas, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater – MG). Nessas instituições, há vários pesquisadores analisando o
INFORME SEBRAE. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Fone: (61) 3348-7494
Viabilidade econômica No momento, a atenção dos associados da Apacs está voltada para os dois programas em fase de implantação: o registro de Indicação Geográfica e as revendas autorizadas. Este último é uma maneira de viabilizar comercialmente a cachaça dos pequenos produtores. O Sebrae contratou uma consultoria que mapeou em todo o Brasil as distribuido-
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ras e lojas especializadas em bebidas. Foram identificados 88 cidades e um potencial para mais de 200 revendas. Na região metropolitana de São Paulo, a ideia é que haja um distribuidor a cada 2 milhões de habitantes. No restante do Brasil, o objetivo é ter um revendedor a cada 300 mil habitantes. Os polos turísticos, cidades com poucos habitantes, mas com um fluxo grande de turistas, também serão contemplados. “Vai ser a redenção dos produtores, porque hoje há muita concorrência. O forte deles é produzir, não é comercializar”, diz Eilton. Nesta etapa, uma consultoria contratada pelo Sebrae está ajudando os associados na precificação do produto. Enquanto isso, os logotipos das cachaças estão sendo reformulados e o site da Apacs também. “Vai haver uma área dentro do site exclusiva para as revendas”, diz Neves. O projeto também contempla o consumidor final. Ao acessar o site, ele poderá colocar seu CEP e localizar a distribuidora mais perto dele. Com isso ganham todos: produtor, consumidor e distribuidores. O primeiro porque terá um melhor retorno financeiro. O segundo pela segurança de saber que está comprando uma legítima cachaça da região de Salinas. O terceiro porque terá a exclusividade de venda da bebida da região. Conclusão: a expansão do mercado beneficiará todos os elos da cadeia. E
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PRODUTORES SÃO BENEFICIADOS PELO PROJETO DO SEBRAE
Nivaldo Gonçalves das Neves, à frente da Apacs: produtor tem se dedicado a combater à falsificação e abrir mercado para o produto
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processo de produção de cachaça. “Eles indicam quais são as melhores variedades de cana-de-açúcar, as leveduras endêmicas da região, bem como maneiras de controlar substâncias indesejáveis na produção da bebida”, diz Neves. A finalidade é otimizar a produção e a qualidade. Segundo a Fundação de Apoio e Desenvolvimento da Educação Tecnológica da Escola Agrotécnica Federal de Salinas (Fadetec), 53% dos produtores têm uma produtividade de cana satisfatória, acima de 50 toneladas de cana por hectare. Mas 25% dos agricultores não alcançam 40 toneladas por hectare, o que pode implicar na necessidade de compra da matéria-prima de terceiros. Eilton produz 98% da cana que precisa, apenas 2% são comprados de outros agricultores. Ele é um dos 135 produtores beneficiados pelo projeto desenvolvido pelo Sebrae Minas, que já investiu cerca de R$ 1,9 milhão desde 2008. Os recursos foram destinados à estruturação da associação, diagnóstico dos canaviais, missões técnicas, participação em eventos, consultorias, entre outras ações. “O acesso ao mercado e o posicionamento do produto precisam ser feitos por especialistas, e aí que entra o Sebrae”, diz Neves.
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