Mala Direta Básica 9912345149-DR/BA
Sebrae-Ba
edição 210
Tendências de negócios Estudo indica tendências de negócios como bons investimentos para este ano. Um dos segmentos apontados no comércio é a alimentação, ramo do empresário Melentino Tedesco
ENTREVISTA
POLÍTICAS PÚBLICAS
Superintendente do Sebrae, Adhvan Furtado, fala sobre ações da sua gestão
Empresários já se beneficiam com as novas regras do Simples Nacional
Expediente Publicação do Sebrae Bahia nº 210, fevereiro de 2015 Filiada à Aberje Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Bahia Antônio Ricardo Alvarez Alban Diretor-superintendente Adhvan Novais Furtado Diretores Franklin Santana Santos Lauro Alberto Chaves Ramos Unidade de Marketing e Comunicação Coordenação Cássia Montenegro (DRT 1052) Equipe Alice Vargas, Helder Oliveira, Isabela Oliveira, Mauro Viana, Pedro Soledade, Rafael Pastori, Rodrigo Rangel e Vanessa Câmera. Estagiários: Daiane Santiago, Isabel Santos e Thais Almeida. Agência Sebrae de Notícias (Varjão & Associados Comunicação) Anaísa Freitas, Carla Fonseca, Carlos Baumgarten, Cristhiane Castro, Cristina Laura, Danielle Cristine, Laiana Menezes, Maria Clara Lima, Gustavo Rozario, Fernanda Barros, Nara Zaneli, Tamara Leal, Luciane Souza, Cyntia Farabotti, Virgínia Mercês, Renata Smith, Roberta Neri e Silvia Araújo. Correspondentes substitutos: Gervásio Lima, Amanda Dourado e Cheilla Gobi. Revisão Anaísa Freitas e Carlos Baumgarten Edição Carla Fonseca Edição de Fotografia João Alvarez
Novos negócios para começar Pensando no planejamento dos empreendedores para 2015, o Sebrae divulgou um estudo que aponta alguns segmentos da economia voltados para o mercado interno nos quais haverá atividades com boas perspectivas. Este é o tema da reportagem principal da Revista Conexão. Empresas ligadas à alimentação, construção, estética e reparação de bens duráveis, como automóveis, que tiveram seu consumo estimulado durante o período de mais forte aquecimento da economia, são segmentos apontados. Na reportagem, você vai conferir histórias de empresários que já atuam nestes ramos e o que eles estão fazendo para se reinventar. Com o objetivo de ampliar a rede de relacionamento e aprimorar o conhecimento para atuar de forma
mais competitiva, as missões empresariais são viagens com foco na troca de experiências, que começam com um convite aos interessados para um encontro de sensibilização. Depois, são elaborados relatórios que incluem as principais tendências, inovações e novas práticas de gestão. Na reportagem sobre o tema, participantes de missões fora do estado e do país dividem suas experiências com os leitores. O novo superintendente do Sebrae Bahia, Adhvan Furtado, é o entrevistado da Revista Conexão 210. Desafios para os próximos anos, prioridades da instituição, cenário econômico para as micro e pequenas empresas no Estado e políticas públicas foram assuntos tratados na entrevista. Boa leitura! Foto: João Alvarez
Capa João Alvarez Projeto Gráfico Original Solisluna Editora Editoração Objectiva Impressão Qualigraf Serviços Gráficos e Editora Ltda Tiragem 10.000 exemplares Cartas Sebrae – Unidade de Marketing e Comunicação Rua Horácio César, 64, Dois de Julho Salvador, Bahia. CEP: 40060-350. marketing@ba.sebrae.com.br Telefones 71 3320.4558/4367 Agência Sebrae de Notícias www.ba.agenciasebrae.com.br
A arquiteta Ana Luiza Luedy é proprietária da Vila Mamãe, loja especializada em moda gestante. A dificuldade encontrada para se manter bem vestida durante a primeira gestação virou oportunidade de negócio para a empresária A utilização da marca Sebrae é de uso exclusivo do titular da mesma. Seu uso por terceiros, sem autorização prévia, expressa e formal da Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae Bahia, é passível de punição, conforme previsto pela Lei da Propriedade Industrial nº 9279/96.
Fotos: João Alvarez
Sumário 34
6 COMÉRCIO E SERVIÇOS Ano de oportunidades
10 Políticas públicas Simples e amplo
12 Inovação e Tecnologia Qualidade do sono
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Inovação no ramo automotivo
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Mercado Missão: ampliar a competitividade
Indústria Crescer acima da média
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ENTREVISTA Adhvan Furtado Novos rumos do Sebrae Bahia
Agronegócio Índia, pescadora e empreendedora
31 ECONOMIA CRiativa A arte de encher os olhos
23 EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA Plano para os negócios
34 MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL Uma Toca para ideias sustentáveis
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Abará congelado
37 Empreendedorismo Valor cultural gera renda
38 SEBRAE PERTO DE VOCÊ
Errata: No primeiro parágrafo da matéria “Comportamento empresarial”, da Revista Conexão 209, página 24, afirmamos que Tereza Paim já trabalhava no ramo gastronômico há 25 anos. O entanto, Tereza atua na gastronomia, de maneira formal, desde 2004.
Fotos: João Alvarez
Comércio e Serviços
Melentino Tedesco, proprietário da lanchonete e restaurante Tedesco, em Santo Antônio de Jesus, acredita que investir na qualidade é o diferencial do seu negócio
Ano de oportunidades Estudo do Sebrae aponta segmentos promissores para este ano Com carreira sólida como funcioná-
dificuldades para se manter bem
Mamãe, em Salvador, especializada
ria de uma empresa de engenharia,
vestida durante a espera por Letí-
em moda gestante.
a arquiteta Ana Luiza Luedy jamais
cia, hoje com seis anos. “Tinha que
O setor no qual Ana Luiza atua, o
imaginaria que, além da descoberta
trabalhar muito arrumada, de calça
de comércio de roupas, é um dos que
da maternidade, a sua primeira gra-
social, e não queria sair de legging”,
prometem bons resultados em 2015
videz despertaria outro lado de sua
lembra, bem-humorada. O que era
para quem, assim como a empresá-
personalidade. O empreendedoris-
um entrave na sua rotina matinal
ria, quer aproveitar oportunidades
mo passou a fazer parte de sua vida
virou uma oportunidade de negócio.
no mundo dos negócios. Segundo
em 2008, quando Ana encontrou
Hoje, ela é proprietária da loja Vila
estudo do Sebrae Nacional, são nove
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Revista Conexão
os segmentos aquecidos para o ano, com destaque para negócios voltados para comércio e serviços. Quem pensa em explorar o seu lado empreendedor ou incrementar um negócio já existente deve atentar para o investimento em um diferencial competitivo. Foi o que fez Ana Luiza. Durante viagem a São Paulo, ela se deparou com um mercado de roupas diferente do que encontrava em Salvador. “A maioria das grávidas acha que moda gestante é horrível. Eu mesma pensava isso. Quando entrei nessas lojas, descobri que não era”, conta a empresária. Após identificar a oportunidade de negócio para o nicho de moda gestante, ela decidiu procurar o Sebrae Bahia e investir em capacitação e pesquisa de mercado, incluindo visitas a pontos de vendas e feiras voltadas para as futuras mamães. Somente após se preparar para a nova empreitada e conhecer o público-alvo, Ana Luiza abriu a loja, em 2010, localizada no Shopping Paseo Itaigara, na capital baiana. Coordenador de Comércio e Serviços do Sebrae Bahia, Ítalo Guanais concorda que a decisão da empresária foi bem planejada. “O desempenho do comércio de roupas tende a acompanhar o poder de compra da população. Ela encontrou um nicho de mercado em que há poucas empresas atuando e isso é um diferencial”, avalia. Mesmo com a pesquisa prévia, é preciso estar atento ao dia a dia do negócio e às necessidades dos clientes para garantir bons resultados. Além de roupas, a empreendedora decidiu oferecer um mix de produ-
O setor no qual Ana Luiza atua, o de comércio de roupas, é um dos que prometem bons resultados em 2015
tos, que inclui lingerie, acessórios e livros voltados para mulheres grávidas e no período pós-parto. A inovação surpreendeu e a comodidade se tornou uma característica importante da marca, por oferecer às clientes tudo o que precisam na loja. “Quando começamos, tínhamos só dois modelos de camisola. Imaginei
que lingerie não fosse vender tanto, e hoje esta linha de produtos corresponde a 8% das vendas, três vezes mais do que eu imaginava”, comemora Ana. Estar afinado com um público tão específico foi um desafio para o negócio. “Fizemos coquetéis de lançamento de coleção, como as demais
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lojas, mas não davam certo. Então, na nossa primeira consultoria, o Sebrae nos incentivou a fazer um evento diferente, voltado para esta mulher, que está em outra fase da vida”, conta. A empreendedora desenvolveu, então, o Encontro de Gestantes, que acontece a cada três meses, desde 2012. No evento, realizado em uma sala de cinema do mesmo shopping da loja, as clientes assistem a palestras sobre temas que rondam o universo maternal, como o armazenamento de células-tronco e a nutrição durante a gestação. O retorno obtido com as últimas edições da ação de relacionamento não deixou dúvidas a Ana Luiza: a ampliação do calendário de eventos será a aposta da Vila Mamãe para 2015.
Qualidade é diferencial Além do vestuário, outro setor promissor do comércio é a alimentação. Embora ambos sejam negócios que atendam a necessidades essenciais da população, engana-se quem pensa que somente oferecer o básico é suficiente para obter sucesso no segmento. Melentino Tedesco, proprietário da lanchonete e restaurante Tedesco, em Santo Antônio de Jesus, sempre acreditou que esse seria o caminho para desenvolver seu negócio. Tanto que, em 1991, o empreendedor decidiu investir em um restaurante prestes a fechar, na rodoviária do município. “Quando eu vi essa empresa em decadência, analisei e comprei o empreendimento. O ambiente rodoviário tem uma imagem ruim na cabeça das
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pessoas e decidi combater isso. Comecei a investir em uma qualidade própria”, lembra Tedesco. Com esse objetivo, uma das mais importantes conquistas da empresa foi a obtenção da certificação ABNT NBR 15635, atestando que adota boas práticas higiênico-sanitárias e controles operacionais essenciais aos serviços de alimentação. O empresário conta que o desafio da certificação partiu do Sebrae, que, em 2012, visando preparar o segmento para a Copa do Mundo, propôs a 15 restaurantes da região que se ajustassem à norma para a certificação. Em 2014, quando a lanchonete foi certificada, apenas 30 empreendimentos tinham alcançado o feito no país, sendo a Tedesco o quarto a garantir o título na região Nordeste e a única na Bahia. Com o alto padrão conquistado, a Tedesco já é reconhecida na cidade. Funcionando 24 horas por dia, a em-
presa atende empresas de turismo e passageiros, e ainda clientes que vão à rodoviária apenas para consumir os alimentos preparados. O restaurante também fornece refeições para hospitais e hotéis da região, e foi finalista da etapa estadual do Prêmio MPE Brasil 2014. Tedesco observa o crescimento da exigência de qualidade pelos clientes como uma tendência. “Acredito que, num futuro muito próximo, as pessoas vão procurar ambientes assim durante viagens, lugares onde possam comer com segurança. Você começa a vender não só o alimento, mas sentimentos para as pessoas”, aposta.
Serviços de manutenção em alta Acompanhando outra mudança de hábito da população, as atividades ligadas ao mercado estético e de beleza devem continuar em
Fábio Bittencourt, proprietário da Asficodata Informática, aposta no aumento do movimento da demanda por serviços de manutenção
alta, como serviços de cabeleireiro e comercialização de cosméticos e bijuterias, apesar do cenário recessivo da economia. “Determinadas conquistas recentes das classes que ascenderam socialmente não são relegadas, mesmo em momentos de crise”, explica Horácio Hastenreiter, gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Bahia. Mas se a população não deve economizar com os cuidados com a beleza, por outro lado, deve diminuir os gastos com outros produtos. Segundo o estudo do Sebrae, após um período de forte estímulo ao consumo, a tendência é de que as famílias priorizem a reparação dos produtos duráveis adquiridos, em vez da troca por novos bens, devido ao aumento da taxa básica de juros. “Em 2013, por exemplo, tivemos um recorde de venda de carros. Ano passado, este índice caiu e, este ano, é provável que continue em baixa. As pessoas tendem a manter carros mais antigos e, com isso, demandar mais serviços de mecânicos”, analisa o gerente. Com isso, cresce a oportunidade de empreendedores desenvolverem pequenos negócios voltados para o reparo de carros, motocicletas, computadores e equipamentos de informática. Atento ao movimento de aumento da demanda por serviços de manutenção, em detrimento da compra de produtos novos, a Asficodata Informática, de Feira de Santana, incluiu em seu planejamento estratégico de 2015 uma meta ousada. Hoje, além da venda e do reparo de equipamentos de informática, a empresa atua como agência fran-
queada dos Correios, trabalho que representa 50% do faturamento atual e que será encerrado neste ano. Diante do desafio de reestruturar a empresa para não haver queda nos resultados, o empreendedor Fábio Bittencourt conta que investirá na ampliação dos serviços de manutenção para repor esta metade do faturamento. “Um colaborador sugeriu uma inovação para a captação e fidelização de novos clientes, através de contratos de prestação de serviços que podem oferecer descontos de até 80%”, adianta Bittencourt. Para alcançar o objetivo, a Asficodata pretende contratar cinco colaboradores e realizar capacitações, que já fazem parte do calendário da empresa. “Todo ano participamos de uma capacitação de peso com o Sebrae. Ano passado, fizemos o curso de Gestão Financeira, em 2013, o de Planejamento de Marketing, e, em 2012, o de Planejamento Estratégico”, enumera o proprietário, que, com as melhorias implantadas ao longo dos anos, conquistou a etapa estadual do Prêmio MPE Brasil nos anos de 2009 e 2014.
Tecnologia pode ser aliada Para quem busca a competitividade a partir da inovação em 2015, seja em um novo negócio ou em empreendimento já estabelecido, Ítalo Guanais aponta a opção de aderir ao comércio eletrônico. Segundo relatório da E-bit, no primeiro semestre de 2014, o comércio eletrônico registrou um crescimento de 26% em relação ao primeiro semestre do ano
anterior, com faturamento de R$ 16 bilhões. “Os pequenos negócios que atuam nos segmentos tradicionais do varejo podem utilizar o comércio eletrônico como ferramenta para alcançar novos canais de comercialização e, consequentemente, ganhos de mercado”, observa. Já Hastenreiter aponta outro setor ligado à tecnologia que merece a atenção dos empreendedores. “Num cenário recessivo, como é o nosso em 2015, as empresas cortam gastos e demandam maior produtividade, para se manterem competitivas. No entanto, temos registrado um histórico de baixos índices de produtividade e do seu crescimento no Brasil, e o uso de tecnologias da informação podem auxiliar na melhora desses resultados”, explica.
Atividades mais promissoras • Preparo de alimentos para consumo domiciliar e comércio de alimentos • Construção, instalações elétricas, sanitárias, hidráulicas e de gás • Confecção e comércio de roupas • Cabeleireiros,
atividades
de
estética e beleza, comércio de cosméticos • Bijuterias e artefatos semelhantes • Reparação de veículos automotores e motocicletas • Reparação de computadores e equipamentos de informática • Reparação e recarga de cartuchos para equipamentos de informática • Reciclagem
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Foto: João Alvarez
POLÍTICAS PÚBLICAS
Mércia Batista, que possui uma academia de pilates, agora é beneficiada pelas novas regras do Simples Nacional
Simples e amplo Mudanças no regime tributário simplificado permitem adesão de mais atividades 10
Revista Conexão
Em 2015, a mudança de categoria do empreendimento da educadora física Mércia Batista coincide com a entrada em vigor das novas regras relativas ao Simples Nacional ou Supersimples, regime de arrecadação tributária, instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, que reune em um único boleto oito tributos (IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a CPP, Contribuição Patronal Previdenciária para a Seguridade Social). O Studio Viva Pilates, funcionando há dois anos em Salvador, passa a ser microempresa (ME) e está enquadrado em uma das 142 novas atividades econômicas que faturam até R$ 3,6 milhões por ano, hoje, consideradas as condições necessárias para aderir ao Simples Nacional. “As razões para eu ter optado pelo regime são inúmeras, mas a principal é a praticidade. A maior dificuldade do pequeno empresário no Brasil é justamente se adequar aos tributos e, quando isso é facilitado pelo governo, se torna possível trabalhar e produzir conforme as leis”, conta Mércia sobre o empreendimento, enquadrado na nova regra como negócio do setor de serviços que atua na área da atividade de natureza desportiva. A empresária fez todo processo de adesão ao Simples pela internet, no site da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional). Para o advogado Guido Biglia, as novas regras para adesão ao Simples Nacional, introduzidas pela Lei Complementar nº 147/2014, tornaram interessante a constituição de uma sociedade com outros pro-
fissionais da sua área. “Até então, mantínhamos apenas uma parceria em causas e processos, mas, com o enquadramento da advocacia no rol das atividades permitidas dentro do regime simplificado, resolvemos nos associar e dar corpo à Biglia, Guedes & Sizinio Advogados Associados”, conta. O empresário tem uma lembrança positiva da criação do Simples Nacional, em julho de 2007, já que, naquele momento, a empresa da qual é sócio, a Polimento & Cia, passou a aderir ao novo regime. “De pronto, sentimos a redução da carga tributária, tendo nosso ISSQN (Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza) saído de 5% para 2%”. Guido relembra que a simplificação do recolhimento de tributos viabilizou a troca de um colaborador de administração por outro operacional, impactando diretamente no faturamento bruto da empresa. O advogado é enfático ao avaliar a mudança legal: “O Simples Nacional pode ampliar a sobrevida das micro e pequenas empresas, que hoje são responsáveis por 27% do PIB brasileiro”. Grande parte das atividades que passaram a ter direito de adesão ao Simples será tributada por alíquotas que variam de 16,93% a 22,45%, o que, por sua vez, exige do empresário uma análise sobre ser vantajoso ou não aderir ao Simples. Para auxiliar os empreendedores nessa decisão, o site do Sebrae (www.sebrae.com.br) disponibiliza uma calculadora comparativa com o regime do lucro presumido disponível. A adesão
ao Simples Nacional, feita após janeiro de 2015, passa a valer para o ano seguinte, exceto para as empresas abertas neste ano, para as quais a adesão é imediata. A nova legislação traz em um dos artigos a indicação de um “trâmite especial e simplificado, preferencialmente eletrônico” para o processo de abertura, registro, alteração e baixa da microempresa e empresa de pequeno porte. O gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae Bahia, Roberto Evangelista, explica que o texto, na prática, se refere à implantação da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (REDESIM), um sistema integrador nacional, criado para reduzir o tempo gasto para a obtenção do registro e da legalização de empresas e negócios. “Com implantação da REDESIM nos municípios da Bahia, estamos trabalhando para que, além da rapidez e celeridade para o registro de empresas e negócios, tenhamos também a redução do prazo para a obtenção das licenças e alvarás de funcionamento dos negócios para uma média de cinco dias, contra os 107 da média atual”, acrescenta o gerente. Vale lembrar que, de acordo com o art. 17, da Lei Complementar nº 123/2006, não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional os que, dentre outras coisas, possuam débito com o INSS ou Fazendas Públicas, com sócio domiciliado no exterior ou, ainda, que exerçam atividade de produção ou venda no atacado de cigarros e bebidas alcoólicas.
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Fotos: João Alvarez
Inovação e Tecnologia
Invenção da dentista Kenya Felicíssimo proporciona maior qualidade do sono
Qualidade do sono Dentista cria aparelho inovador para diminuir o ronco, com ajuste individualizado 12
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Talvez a palavra que melhor defina o trabalho da mineira Kenya Felicíssimo seja mesmo “inovador”. Certificada em Odontologia do Sono, pela Sociedade Brasileira do Sono, e doutoranda em Biotecnologia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba)/Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), entre outras especializações, a dentista criou um aparelho para diminuir o ronco: o New AIO. Seu diferencial? O fácil acesso, praticidade e um ajuste individualizado na arcada dentária. Ela já produz um Aparelho Intra Oral (AIO) para Ronco, referenciado na literatura especializada. Este tem a mesma finalidade, mas é confeccionado sob medida a partir do atendimento em seu consultório. Com o tempo, alguns pacientes passaram a pedir o aparelho “em cima da hora”, alegando os mais diversos motivos. Foi quando ela percebeu uma oportunidade de negócio. De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), roncar intensamente e com frequência é prejudicial à saúde, já que pode ocasionar uma má qualidade de sono. “Essa sonolência ocasiona perda de produtividade no trabalho, irritação e dores de cabeça, compromete a memória, aumenta os riscos de enfartes e AVC”, explica. Após uma consultoria de mercado, viabilizada pela parceria Sebrae e Áity Incubadora de Empresas, a empresária decidiu colocar a ideia em prática. Uma dificuldade, entretanto, era a adequação do produto a diferentes arcadas dentárias. “Um aparelho para ser produzido em escala industrial tem que ter um tamanho padrão. Mas a nossa arcada é como uma digital: cada pessoa tem a sua”,
conta. “Eu precisava de um polímero (plástico) que fosse moldável a todas as pessoas”, completa.
Rede de contatos Kenya vive na Bahia há sete anos, motivada por uma oportunidade de trabalho e em busca de mais qualidade de vida. Assim que chegou a Salvador, fundou a sua empresa MK Inovare, que mais tarde viria a ser a startup que comanda os projetos ligados à inovação. Em seguida, participou do Empretec, através do Sebrae. “No Empretec, formei uma rede de contatos e três colegas me incentivaram para a área de inovação”, conta. Os “três mosqueteiros”, assim chamados por ela, passaram informações sobre os editais e a estimularam no desenvolvimento de novos produtos. Com a ajuda, ela conseguiu aprovar o projeto para o desenvolvimento do New AIO via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). Em 2010, a dentista começou o desenvolvimento do aparelho. Após alguns testes, o seu protótipo foi finalizado, formado por duas partes em plástico, uma externa e rígida, e outra interna e moldável, que se ajusta na arcada dentária após ser aquecido em água. A dentista conta que, desde o início, já pensando na exportação, trabalha com material biodegradável. Além disso, o aparelho é descartável, e a ideia é que tenha uma produção de larga escala. O polímero mais funcional para a parte interna do aparelho está sendo desenvolvido na MK Inovare. Seu doutorado em biotecnologia, inclusive, foi motivado também em bus-
ca desse conhecimento. O produto deve ser finalizado neste ano e, com isso, a ideia é buscar investidores e licenciar o aparelho. A empreendedora está desenvolvendo agora um aplicativo para melhorar o sono. Entre as características do novo produto, destacamse a interação com o paciente, com dicas, medição do número de horas dormidas, volume do ronco e diário de sono. “Estamos na fase de criação do design, layout e nome”, detalha.
Parcerias para crescer Kenya contou com alguns parceiros durante a sua trajetória empreendedora com foco na inovação. Um deles é a Áity Incubadora de Empresas, no Parque Tecnológico da Bahia, onde a MK Inovare está sediada. “No contato do Empretec, e após o edital da Fapesb, vi que precisava de apoio nessa área. E o apoio eu tenho dentro da incubadora, que nos dá um respaldo, como se fossemos uma empresa grande”, conta Kenya Felicíssimo. “Além disso, pelo fato da empresa estar situada no Parque Tecnológico, tenho consultorias e meu poder de negociação é maior, assim como minha visibilidade e credibilidade”, completa. Atualmente, a empresária também conta com o atendimento do Sebraetec, que oferece serviços especializados para implementar soluções em sete áreas de inovação. Por meio do programa, ela pretende obter a patente da segunda fase do New AIO. Com o Sebrae, ela também participou de ações de acesso a mercado, a exemplo da Rodada de Negócios de Inovação, realizada durante a Feira do
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Empreendedor 2013, e se capacitou com a solução Sebrae Mais – Estratégias Empresariais.
Fomento Aumentar o apoio às micro e pequenas empresas no que tange à inovação. Esse é um dos principais objetivos da Unidade de Inovação do Sebrae. “Queremos incentivar, cada vez mais empresas como a MK Inovare: são pequenos negócios, mas que têm um grande potencial de alavancagem e de mercado, e que utilizam como plataforma de desenvolvimento a inovação”, explica o gerente de Inovação do Sebrae Bahia, Leandro Barreto. “As startups têm uma modelagem de negócio e um produto de base tecnológica diferenciado ao que existe no mercado, e esse modelo consegue, rapidamente, alavancar o negócio”, completa. Segundo o gerente, a instituição oferece também outras ações voltadas para acesso a mercado e qualificação profissional, a exemplo de rodadas de negócios, rodadas de investidor e missões empresariais. Para estreitar ainda mais a relação com as empresas, mantendo o foco na inovação, o Sebrae, com apoio da Secti, vai inaugurar em 2015 um ponto de atendimento dentro do Parque Tecnológico da Bahia. “A ideia é justamente aproximar o Sebrae das startups. Vamos oferecer diversos serviços e produtos para essas empresas, com orientação e atendimento voltados para a inovação e gestão”, explica Barreto, destacando ainda que o atendimento será aberto ao públi-
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co, não sendo restrito às empresas sediadas no parque.“Nesse mundo competitivo onde estão inseridos os pequenos negócios, acredito que a inovação se coloque como uma necessidade de sobrevivência, e não mais como uma opção. Ela deve permear desde a fase do planejamento da empresa até a comercialização do produto. Não tem como você pensar em gerir um pequeno negócio sem pensar na inovação”, acredita Barreto. Além da Áity Incubadora de Empresas, atuam junto com o Sebrae instituições como o Inmetro, Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), GS1 Brasil, Serviço
Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT), Anprotec, Instituto Nacional da Propriedade Industrial, Finep, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, Sistema Fieb, Ufba, Embrapa, Fapesb, Secti, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia, Parque Tecnológico da Bahia, Incubadora Cena, Incubadora do Senai Cimatec, Núcleo de Inovação Tecnológica da Ufba, Incubadora InovaPoli e a Incubadora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Informática e Eletro-Eletrônico de Ilhéus (Cepedi).
Confeccionado sob medida, o “New AIO” é prático e de fácil acesso
Fotos: DIVULGAÇÃO
Inovação e Tecnologia
O aumento no mix de produtos nacionais e importados e de serviços foram alguns dos avanços da Nacional Auto Peças, empresa do ramo automotivo de Barreiras
Inovação no ramo automotivo Com mudanças sugeridas por Agente Local de Inovação, a Nacional Auto Peças comemora os avanços em produtividade e vira caso de sucesso Em atividade desde 1997 em Barreiras, no Oeste baiano, a Nacional Auto Peças conseguiu transformar os seus resultados depois de adotar novas práticas na empresa. O negócio, que comercializa peças e presta serviços automotivos, viu a sua marca virar referência na região ao
aprimorar a gestão com foco em inovação, após contar com o acompanhamento do Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), entre os anos de 2013 e 2014. De início, a empresa passou a investir em melhorias na atual estrutura da loja. O aumento no mix de
serviços e produtos nacionais e importados foram alguns dos avanços, levando ao acréscimo de 70% nas atividades da empresa e de aproximadamente 20% no faturamento. Com a expansão, houve a necessidade de contratar mais funcionários, passando de 20 para 49 colaboradores.
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De acordo com Pollyceia Oliveira, uma das administradoras da Nacional Auto Peças, o Sebrae foi uma peça fundamental para esse crescimento, no sentido de incentivar a inovação e implantar o formato diferente que a empresa tem hoje. “Foi muito bom o atendimento do Agente Local de Inovação. Estivemos abertos para ouvir e fazer o que ele sugeria”, conta, lembrando que esta foi a primeira experiência de qualificação junto à entidade. O Agente Local de Inovação Carlos Cayres acompanhou gratuitamente a empresa, ajudando a identificar os pontos de melhoria na Nacional Auto Peças e sugerir soluções inovadoras para que a empresa aumentasse sua competitividade no mercado. “Entre as propostas no plano de ação estava a modernização da marca, com uma nova identidade visual, e a criação do website”, lembra Carlos. As melhorias incluíram capacitação de colaboradores e gerenciamento do trabalho interno,
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além da adesão às redes sociais Facebook e Whatsapp. Outra novidade está no plano de metas de vendas, em que os colaboradores são premiados e condecorados mensalmente se atingirem o objetivo estabelecido. A empresa pretende premiar todos os meses e, no final do ano, oferecer um prêmio mais expressivo para incentivar ainda mais aqueles que trabalham com vendas e atendimento. Para os próximos anos, a empresa espera continuar o aumento da oferta de serviços e produtos e dar maior visibilidade ao comércio digital. “O projeto inovador da empresa não é estático, ele é dinâmico e as nossas metas para inovação são amplas, audaciosas. Nosso objetivo é crescer ainda mais e, para isso, desenvolvemos estratégias de negócios que vêm dando resultados positivos”, comemora Pollyceia. Segundo a gerente adjunta da Unidade Regional do Sebrae em Barreiras, Adriana Morais, as so-
luções de tecnologia e inovação disponibilizadas pela instituição objetivam melhorias dos produtos e processos, redução de custos, desenvolvimento de uma nova plataforma mercadológica e atendimento às normas ambientais, de forma a proporcionar maior competitividade às empresas. O Programa ALI oferece acompanhamento de dois anos, feito por um Agente bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com perfil multidisciplinar. De forma gratuita, o profissional faz o diagnóstico de inovação no empreendimento e propõe soluções para alavancar o nível de crescimento e de faturamento. As inscrições para participar do programa estão abertas para empresas dos setores de comércio, indústria e serviço, nos segmentos educação, construção civil, saúde, metal-mecânica, turismo e entretenimento e movelaria e decoração.
Fotos: Fernando Batista
Indústria
Para solucionar problemas como falta qualificação de mão de obra e parcerias no setor, profissionais criam associação e alcançam também resultados financeiros
Crescer acima da média Empresas da Associação de Panificadores de Jequié (APJ) cresceram 50% em três anos, média acima da nacional no segmento, que foi de 35,7%, entre 2010 e 2013 A Associação de Panificadores de Jequié (APJ) é uma prova de que “a união faz a força”. Fundada em 1994 com 16 associados, a ideia sempre foi crescer no mercado por meio da cooperação. “Éramos desarticulados e precisávamos da iniciativa de alguém”, conta um dos fundadores e atual presidente da APJ, José Marcos
Andrade. A solução veio após uma palestra de sensibilização ministrada pelo Sebrae, na sede da instituição no município. “A associação nasceu dentro do Sebrae. A ideia era solucionar os problemas existentes, como qualificação de mão de obra e parcerias no setor, entre outros”, explica Andrade, destacando também
o apoio recebido pela Associação Comercial Industrial Jequié. Hoje, a rede conta com 32 empresas associadas, todas do setor industrial de panificação, biscoito e confeitaria. A sua produção atende ao município e zona rural de Jequié, e a algumas cidades das regiões Sul e Sudoeste da Bahia.
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Nos 21 anos desde sua fundação, além de dobrar o total de empresas participantes, contando hoje com mais de 500 colaboradores, a associação acumula outros números positivos. A produção segue em crescimento, com mais de 10 mil quilos de pães e massas fabricados por dia – em 2010, o montante era de cerca de 7 mil quilos. Além disso, Andrade conta que, ano passado, as empresas integrantes da associação faturaram mais de R$ 40 milhões, o
que representa um aumento de cerca de 50% em relação a 2010. Este aumento está, inclusive, acima da média nacional. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), o faturamento do setor cresceu 35,7% entre os anos de 2010 e 2013, sendo que, neste último ano, o índice de crescimento foi o menor do período. Para Andrade, o sucesso alcançado pela APJ é fruto da cooperação, de muito trabalho e da qualifica-
ção profissional. “Antes, não existia uma união tão grande como hoje. Cada um é gestor do seu negócio, mas temos uma política de cooperação”, conta. Entre as ações promovidas em conjunto se destacam as missões empresariais para feiras e eventos do setor e a participação em capacitações e consultorias, como o Programa Alimentos Seguros (PAS), em 2009, via Sebrae. A mais recente e ousada ação aconteceu em 2014: foi inaugu-
O presidente da APJ, José Marcos Andrade, afirmou que a consultoria do Sebrae foi fundamental para a articulação entre os associados
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rada, em Jequié, a Escola Técnica da APJ para a formação de profissionais e mão de obra para atuar no ramo. No mesmo ano, 14 profissionais foram formados no 1º Curso de Panificação e Confeitaria da Associação de Panificadores de Jequié, numa jornada de 160 horas. Destes, quatro já estão atuando no mercado de trabalho. “Antigamente, filho de padeiro, padeiro era. Hoje, já não há mais a renovação da mão de obra de panificação. Por isso, decidimos abrir a escola. Além de formar profissionais, passamos também as boas práticas do ramo”, detalha Andrade. A associação é atendida pelo Sebrae desde sua fundação e participa, há dois anos, do Projeto Indústria Setorial do Sebrae em Vitória da Conquista. De acordo com o gestor do projeto, Bruno Cruz, ao longo destes 21 anos, várias ações foram realizadas com o grupo. Uma delas foi a realização do Encontro Regional de Panificação do Sudoeste da Bahia e da Feira de Máquinas e Equipamentos para Panificação, que ocorrem anualmente em Jequié, promovidos pela APJ e com o apoio do Sebrae. “Nestes eventos, os panificadores do Sudoeste baiano, com a participação de panificadoras de outras regiões, e até mesmo de outros estados, discutem questões como o fortalecimento do setor, novas formas para aumento da produtividade, melhoria da gestão e legislação”, detalha o gestor. Em 2014, cinco empresas da APJ participaram de uma consultoria tecnológica realizada através do Sebraetec e trabalharam temas como diagnóstico empresarial, planeja-
mento da produção e planejamento estratégico para 2015. Entre os resultados obtidos, Bruno Cruz aponta um aumento de 20% da produtividade das panificadoras e de 10% na oferta de emprego.
Projeto fortalece empreendimentos industriais O Projeto Indústria Setorial é uma das ações da Coordenação de Indústria do Sebrae, com o objetivo de fortalecer os empreendimentos industriais, qualificando os processos de integração e trocas dentro da cadeia produtiva, além de desenvolver ações de capacitação gerencial, acesso aos mercados e tecnologia. “Com os projetos, buscamos aumentar a competitividade das micro e pequenas indústrias da Bahia e, com isso, fortalecer a economia local e regional”, explica a coordenadora de Indústria da instituição, Elane Fróes. Elane conta ainda que neste ano de 2015, a Coordenação de Indústria vai atuar ainda mais no intuito de fornecer informações setoriais qualificadas, para que as Unidades Regionais do Sebrae, tanto em Salvador, como no interior, tomem decisões com base em informações consistentes, em relação aos pequenos negócios. A coordenação atua em todo o estado e conta com importantes parceiros estratégicos: o Sistema Fieb (Federação das Indústrias do Estado da Bahia), Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic), Sindicatos Empresariais
(vinculados à Fieb) e Prefeituras. A instituição também tem como parceiras grandes empresas nas ações de encadeamento produtivo, como a Petrobras, Braskem, Suzano, Vanádio Maracás S/A e Grupo M. Dias Branco, onde o Sebrae atua na capacitação dos pequenos negócios para fornecer e distribuir produtos e serviços locais. Entre as ações realizadas, também se destaca o processo de interiorização das indústrias. De acordo com o vice-presidente da Fieb, Edison Virgínio Nogueira, até 2017 serão implantados 11 Centros e Formação Profissional, além da ampliação e/ ou construção de sete regionais do Sistema Fieb em municípios do interior baiano. “Também estamos identificando, em parceria com o Sebrae, as potencialidades e demandas dos municípios baianos para oferecer esse trabalho de qualificação profissional e acesso a mercado”, explica Nogueira. A ideia é, além de movimentar a economia local, buscar também a vocação do município e estimular a implantação e desenvolvimento industrial. Para o diretor-presidente da Sudic, Jairo Vaz, o desafio é grande. “Pretendemos expandir o que já vinha sendo feito. Por exemplo, resolver a legalização fundiária dos nossos terrenos industriais e a sua valorização imobiliária, a transformação efetiva dos distritos e polos industriais em condomínios, bem como dar um tratamento especial às pequenas e médias empresas que pretendem se instalar na Bahia, principalmente no interior do Estado, através de parceria com a Fieb, o Sebrae e as prefeituras”.
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Foto: Sheyla Araujo
Agronegócio
Luena Maria Ferreira, índia pataxó da Aldeia Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, Extremo Sul da Bahia, fez da pesca um negócio rentável
Índia, pescadora e empreendedora Vencedora da etapa nacional do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios investe em planejamento para transformar associação de pescadores indígenas 20
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Mãe de três meninas, sendo a caçula recém-nascida, nem sempre Luena Maria Ferreira esteve habituada a um ambiente feminino. Índia pataxó da Aldeia Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, Extremo Sul da Bahia, ela aprendeu desde cedo a conquistar o seu espaço. “Por causa da tradição indígena, meu pai achava que mulher não devia trabalhar fora. E eu sempre tive um espírito independente. Foi um tabu que tive que quebrar com 13 anos, quando tive meu primeiro emprego”, lembra. Ao longo dessa jornada, Luena se aventurou por cursos variados, como costura e pintura. No entanto, sempre acabava retornando para a paixão de mais de uma década: a pesca. Com quatro irmãos homens, todos vivendo do mar, Luena foi a primeira mulher da família a trabalhar nessa atividade. Na aldeia, a iniciativa também era rara, mas a pescadora decidiu fazer a diferença não só a bordo dos barcos. Depois de atuar junto à Associação dos Pescadores Indígenas Pataxó (APIP), quando partia em busca de camarões, até mesmo grávida de nove meses, ou trabalhava em terra, na limpeza do pescado, ela passou a cuidar, a partir de 2010, da gestão financeira da organização. Na época, a APIP começava a ser apoiada pelo projeto Pescando com Redes 3G, realizado pela Qualcomm e a Fundação Telefônica/Vivo. A experiência durou quatro anos e rendeu melhorias. “Tínhamos uma estrutura para a sede havia dois anos e não usávamos. Decidimos promover uma reunião e fazer com que ela funcionasse. O projeto viu que havia um interesse nosso e contribuiu”, explica a empreendedora, que também compõe o Conselho de Pescadores do Extremo Sul da Bahia.
O início como gerente e tesoureira não foi fácil. A APIP tinha dívidas que eram repassadas há muitas administrações, além de documentação que precisava ser regularizada. “Colocamos as contas em dia e agora está tudo perfeito. Podemos receber qualquer benefício e realizar qualquer parceria”, orgulha-se Luena. Hoje, a associação conta com rádios que garantem segurança e uma melhor comunicação com os pescadores, que também usam aplicativos para tablets e smartphones, a fim de conferir a previsão do tempo e registrar a produção. Outra conquista foi uma câmara frigorífica, que aumentou o potencial de armazenamento de pescado. “Temos também uma loja virtual e vários hotéis são parceiros e compram com a gente”, lista a pescadora. As empresas clientes, todas da região, ainda passam a contar com um selo socioambiental, indicando que contribuem para o desenvolvimento da pesca artesanal da comunidade indígena.
Associação se transforma em negócio Apesar do rápido crescimento, Luena diz que ainda faltava algo à APIP. “Tivemos muitas oportunidades e trabalhamos o social, que é importante. Mas precisávamos passar de projeto para negócio”, analisa a empreendedora. Foi quando a associação procurou pela consultoria do Sebrae, há um ano, por meio do projeto de Agronegócio da Unidade Regional de Teixeira de Freitas, que auxiliou a organização na criação de um plano de negócios. Enivaldo Piloto, gerente adjunto da unidade do Sebrae no município, reforça o discurso de Luena. “Como pro-
jeto de inserção social, a associação tinha um apelo maior de capacitação. Eles chegaram a um momento em que precisavam encarar a atividade como negócio, cuidar da gestão, da consciência do próprio pescador no mar, que precisa entender que o esforço dele melhora os ganhos”, explica. “A associação precisa cobrir seus custos, melhorar equipamentos e gerar lucro”. Um dos objetivos do plano é aumentar a produção da APIP a partir desta mudança de consciência, o que também depende do envolvimento de cada um dos cerca de 200 associados. “Há toda uma economia em torno disso. Além de gerar emprego, temos a questão do próprio abastecimento da região de Santa Cruz Cabrália, com uma melhor qualidade do produto. É diferente quando o cliente vê um peixe que foi pescado e chegou para a venda no mesmo dia”, aponta Piloto.
Reconhecimento dentro e fora da aldeia Sempre em busca de qualificação para incrementar a gestão do negócio, Luena participou de diversos cursos, sendo os últimos o Pronatec, pelo Senac, e o Workshop de Inovação, pelo Sebrae. Foi no início dessa jornada, em meio a capacitações financeiras e contábeis, que ela descobriu, anos atrás, o gosto pela gestão. “Sou apaixonada pelas minhas planilhas”, conta a índia, que costuma compartilhar o conhecimento adquirido com colegas de trabalho na associação. Ao unir as duas paixões, as finanças e a pesca, Luena conquistou não só o respeito dos produtores da APIP, mas também do mercado. Em 2014, após ser encorajada pela equipe do
Sebrae que acompanhava o seu caso a realizar inscrição no Prêmio Mulher de Negócios, a empreendedora se surpreendeu ao receber a notícia de que seu nome estava entre as 16 finalistas da etapa estadual. “Eu achava que era brincadeira. Não imaginava”. E foi com entusiasmo que ela recebeu a notícia de que havia ficado entre as três primeiras colocadas na etapa nacional do Prêmio. Luena recebeu o troféu bronze na categoria Produtora Rural. “É ótimo saber que venci. Recebo esse reconhecimento como mais um incentivo para continuar o trabalho”, comemorou a índia e empreendedora, representada na cerimônia de premiação, em Brasília, por uma das colegas da Associação. É a primeira vez que a Bahia alcança o destaque nacional da premiação. Passada a surpresa, Luena acredita que o prêmio foi merecido. Mas para a empreendedora, que, apesar do cargo gerencial, ainda hoje reserva parte do seu tempo para trabalhar com as marisqueiras da associação, limpando a produção trazida do mar, a conquista vai além do reconhecimento pelo seu trabalho. “Apesar de eu ter passado por grandes perdas na vida, isso não me fez ser triste ou má. Pelo contrário. Me fez uma pessoa mais forte, com espírito de guerreira. Então, entendi que eu mereci. E mostro para as mulheres daqui que nós somos capazes de coisas grandes”. E Luena não esconde o orgulho de ser exemplo para outro grupo especial - a próxima geração de mulheres. “Eu mostro às minhas filhas onde nós morávamos e onde moramos hoje. Trabalhei duro. Conseguimos conquistar a nossa casa e não precisei passar por cima de ninguém”.
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Foto: João Alvarez
EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA
Plano para os negócios Canvas auxilia novos empreendedores a elaborarem planejamento estratégico Você já deve ter se perguntado se a sua ideia é viável? Até mesmo para a nova geração de “professores pardais” baianos paira uma dúvida na hora de planejar e gerir um negócio. O Business Model Canvas, mais conhecido como Sistema Canvas, é uma ferramenta de planejamento estratégico, que permite desenvolver e esboçar modelos de negócio novos ou existentes. É um caminho para criar, recriar e inovar, além de ser uma ferramenta para facilitar a visualização do futu-
ro. Desenvolvida com o intuito de auxiliar novos empreendedores a elaborarem seus modelos de negócios, a ferramenta adota um quadro com nove áreas estratégicas distintas, que servem como um ponto de partida para que empresários possam desenvolver suas experiências. O objetivo é sugerir modelos de negócios utilizando o quadro como um guia de hipóteses a serem validadas. A ferramenta é um espaço livre para imaginar o empreendimen-
O Sistema Canvas é um caminho para criar, recriar e inovar, além de ser uma ferramenta para facilitar a visualização do futuro
to, com criatividade, permitindo pensar inovações que possam criar uma proposta de valor único. Desse mapa visual, o empresário é convidado a validar essas hipóteses junto aos clientes. Só depois das incertezas reduzidas com a validação das hipóteses é que se define o Modelo de Negócios, que será o insumo para o planejamento e execução. De acordo com a analista da Unidade de Educação Empreendedora do Sebrae Bahia, Viviane Brasil,
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a ferramenta deve ser preenchida preferencialmente com o uso de pequenos papéis, possibilitando ser revisitada e alterada sempre que necessário e conforme o aprofundamento das ideias. “O Sebrae disponibiliza o acesso a esta ferramenta através do curso ‘Transforme sua ideia em modelo de negócios’, que compõe o portfólio do Projeto Começar Bem, que tem como público alvo, potenciais empresários. Outra opção de acesso é através da cartilha, disponível para download no site da instituição”, acrescenta. O quadro é uma ferramenta para criação de Modelo de Negócios, que reúne nove blocos que compõem um empreendimento, agrupados em quatro questões que precisam ser respondidas. 1. Vou fazer o que? Essa resposta será a sua Proposta de Valor. 2. Para quem vou fazer? Aqui, estão incluídos três blocos: segmento de cliente; canais e relacionamento com clientes. 3. Como vou fazer? Descubra quais são os recursos principais; as atividades e os parceiros principais. 4. Quanto? Avalie quais e como serão obtidas as receitas e qual será a estrutura de custos para viabilizar o negócio.
ideia de como resolver esse problema de forma prática e rápida. Ele inventou um produto que permite consertar um zíper quebrado, em poucos minutos, tão facilmente, que pode ser reparado até por uma criança, garante o inventor. Apesar de o produto parecer ser revolucionário, permitindo que você conserte o zíper de uma roupa, sapato ou bolsa, sem precisar levar a roupar para uma costureira ou sapateiro, Antônio Bacelar não sabia como lançá-lo no mercado. Bacelar tem formação na área têxtil, mas não tinha conhecimento em administração, comércio, marketing. Ele foi aluno do Canvas e montou seu plano de negócios para lançar sua ideia no mercado. Com o quadro do Canvas, conseguiu verificar a viabilidade do seu produto. “A ferramenta permitiu que eu enxergasse todas as variáveis: clientes, fornecedores, concorrentes, distribuição do produto, dando uma visão mais ampla”, analisou. Outra vantagem do Canvas citada por Bacelar é a facilidade e simplificação para montar seu plano de negócios. Você vai analisando as etapas do sistema e logo consegue verificar a viabilidade de um produto, ou em que pontos ele precisa melhorar”, comentou.
Planejando meu negócio
Canvas apoia estudantes universitários
Sabe quando você veste uma roupa para ir a uma festa e o zíper quebra na hora? Ou quando você está na rua e o zíper de sua calça jeans danifica? O técnico têxtil, Antônio Carlos Barbosa Bacelar, teve uma
Hugo Oliveira Novais ainda está cursando a faculdade de biotecnologia da Ufba, mas já desenvolveu um produto que promete fazer sucesso. O estudante criou um protótipo de um esterilizador químico que ga-
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rante ser mais eficiente que os existentes no mercado. O Nanomicrobicida, nome do esterilizador químico criado por Hugo, é usado para esterilizar objetos sensíveis ao calor. O produto serve para esterilizar materiais como utensílios hospitalares, embalagens de produtos farmacêuticos e alimentícios, que não podem ser levados a altas temperaturas. Hugo desenvolveu a forma líquida do agente esterilizante óxido de etileno (forma gasosa), que é utilizado no mercado. Na forma líquida, o produto criado pelo estudante mostrou ter um poder esterilizante maior e gastar menos tempo para esterilizar. A ideia inovadora de Hugo precisava de um plano de negócios para entrar no mercado. O estudante também foi buscar apoio no Sebrae, quando conheceu o sistema Canvas em um curso. “O Canvas foi esclarecedor, porque trabalha com o conceito do empreendimento, como entrar no mercado, quais seus parceiros, suas fontes de receita, seguimento de clientes, abrange todas as áreas para um empreendimento começar”, explicou Hugo. Na avaliação do estudante, o sistema é fácil de ser usado e é útil para os investidores conhecerem melhor o produto. “Bem didático, simples, o modelo intuitivo deixa o empreendedor mais consciente sobre o produto que pretende lançar. Também facilita a visão do produto para potenciais investidores interessados”, explanou. Com o plano de negócio montado, com ajuda do Sistema Canvas, Hugo já participou de duas rodadas de negociações com interessados no seu esterilizador.
Foto: DIVULGAÇÃO
Mercado
Missão empresarial realizada para a China permitiu que 26 empresários baianos conhecessem algumas das maiores feiras de negócios do mundo
Missão:
ampliar a competitividade
Participação em eventos de negócios, nacionais e internacionais, e realização de visitas técnicas contribuem para o fortalecimento de empresas baianas Visitar uma das mais importantes e tradicionais feiras de negócios do mundo, ampliar a rede de relacionamento e aprimorar o conhecimento para atuar de forma mais competitiva foram algumas das razões que levaram o empresário do município de
Paulo Afonso, José Eduardo Sena, a integrar a Missão Empresarial à Canton Fair 2014, em outubro, na cidade de Cantão (Guangzhou), Sul da China. “Valeu a pena ter ido para conhecer outros setores de atuação e tomar conhecimento do cenário atual,
diante de tantas e rápidas mudanças no comércio internacional”, diz José Eduardo, que é sócio diretor da JE Embalagens Descartáveis. A missão reuniu 26 empresários da capital e de municípios como Barreiras, Teixeira de Freitas e Fei-
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Foto: João Alvarez
O empresário Jaime Baliestre, dono da Metalúrgica Balistieri, participou da Rio Oil & Gás e teve a oportunidade de se atualizar
ra de Santana, tendo como base o estabelecimento de novas parcerias com empresas e instituições sediadas na China. A organização ficou por conta do Sebrae e da empresa Avantt Business, contando com a parceria de outras instituições como a Federação da Indústria do Estado (Fieb). Na etapa de pré-embarque, José Eduardo se recorda de toda a estrutura montada para garantir a melhor experiência aos participantes. “Foi uma fase excelente. Todas as nossas dúvidas foram tiradas, a equipe estava sempre à disposição, e com toda documentação resolvida”, explica. O extenso roteiro de 12 dias incluiu a participação na Hong Kong Mega Show, uma das maiores
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feiras de varejo da Ásia, e visitas a grandes players chineses, como a BYD, considerada a maior fornecedora de baterias recarregáveis do mundo. “A empresa nos recebeu muito bem. Impressionou a estrutura alcançada em tão pouco tempo”, disse José Eduardo, referindose à história do empreendimento, que, em apenas 15 anos, saiu de 20 funcionários para empregar mais de 150 mil colaboradores. No setor de petróleo e gás, a Feira Rio Oil & Gas 2014, principal da América Latina, levou sete empresas baianas para um estande próprio com 148 m2, no Rio de Janeiro. Com partida em setembro, a missão empresarial foi organizada por meio do convênio entre Petrobras e Sebrae
e da parceria da Fieb, Rede Petro Bahia, Governo do Estado, Bahiagás e Enseada Indústria Naval. A chance de participar despertou no empresário Jaime Balistieri a oportunidade de expandir negócios. “O bom de uma missão empresarial dessas é que, dentro do grupo, encontramos empresários que conhecem nosso trabalho”, conta Jaime, que tem três novos clientes conquistados a partir da missão. O dono da Metalúrgica Balistieri, localizada no município de Dias D’Ávila, já havia participado de uma missão em 2013 para Macaé, e pôde fazer visitas técnicas e conhecer produtos e serviços na Rio Oil & Gas, como um porta cabos fabricado por uma empresa daquela
cidade, que já chamou a atenção do empresário, interessado em adquirir o produto, de difícil compra no mercado local. “O Sebrae facilita a nossa ida a essas feiras, porque o custo fica bem menor. Temos a oportunidade de conhecer e participar de outros eventos”, comenta ele, destacando também as edições mensais do Café com Energia, iniciativa do Projeto de Adensamento da Cadeia Produtiva de Petróleo, Gás e Energia do Sebrae. Durante a feira no Rio de Janeiro, Jaime descobriu que precisa estruturar melhor seu espaço físico, requisito essencial para quem quer conquistar contratos de empresas maiores. Isso motivou Jaime a contratar um arquiteto e iniciar um novo projeto para a fábrica. A profissional do setor de beleza em Ilhéus, Maria do Socorro Cardoso, faz questão de participar dos eventos nacionais de grande porte, como a Hair Brasil, a maior feira do segmento na América Latina, que aconteceu na Expo Center Norte, em São Paulo, em abril de 2014. “Além da oportunidade de conhecer as tendências, a viagem serve para integração do grupo e troca de experiências”, assegura
a dona do salão SC Cabelos, que integrou a missão empresarial ao evento junto com outras 35 empreendedoras do eixo Ilhéus-Itabuna. A missão contou com a coordenação do Sebrae, por meio do Projeto Comércio e Serviços da Unidade de Ilhéus, e apoio das Associações dos Profissionais de Beleza e Cosméticos de Itabuna (Asbeles) e de Ilhéus (Asbelc). Formalizada como microempreendedora individual (MEI) há cerca de três anos, com uma média mensal de 150 atendimentos, a profissional não esconde a satisfação em participar. “Quando volto de um evento como este, abro o meu salão, olho para os lados e dá vontade de renovar a empresa”. Na feira, a MEI se encantou com novos métodos de corte de cabelo, que passou a aplicar em seu próprio salão, e também comprou novas linhas de produtos para aplicação e manutenção de escova progressiva. Maria Marcelina Luz, amiga de Maria do Socorro e proprietária do salão Beleza Tropical, terá este ano a oportunidade de integrar um grupo que seguirá para Hair Brasil. “A expectativa é grande. Para mim, é como concluir um mestrado na
profissão”, conta a cabeleireira, que, em 2014, garantiu presença na Feira Internacional Cosmética Bahia, em agosto, na capital baiana. “Eu vejo nas missões um leque de novas oportunidades que se abre. Oportunidade de conhecer novas tendências, dicas de novos produtos e manter uma convivência com profissionais que a gente só conhece pela televisão”. Na feira, Maria Marcelina comprou novas linhas de relaxamento para cabelos crespos e cremes de tratamento para cabelos afro. O gerente da Unidade de Mercado do Sebrae Bahia, Jacques Leite Santiago, lembra que as missões empresariais têm objetivos múltiplos, como obter informações técnico-comerciais, conhecer novos produtos e novas tendências, prospectar novos mercados, novas tecnologias e fornecedores e comercializar. “Portanto, para aproveitar da melhor maneira, o empresário deve avaliar previamente se o objetivo da missão traduz as suas expectativas”, pontua. O gerente afirma ainda que as capacitações prévias são essenciais, sobretudo para quem pretende atuar no mercado externo.
Metodologia A missão empresarial começa com um convite aos interessados para um encontro de sensibilização, apresentando o roteiro e objetivos. Depois, são elaborados relatórios com todas as informações, incluindo principais tendências, inovações, novas práticas de gestão e trocas de experiências com outros integrantes. Todo o processo é realizado através de uma Metodologia de Missão Empresarial. Em 2014, o Sebrae Bahia organizou 87 missões empresariais, envolvendo um total de 918 participantes. Este ano, a estimativa é que sejam feitas 127 missões. Para participar, o interessado deve fazer parte de um dos projetos do Sebrae e buscar o gestor responsável em cada Unidade Regional.
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Fotos: João Alvarez
ENTREVISTA
“Temos um ano de grandes oportunidades também para os negócios e projetos inovadores e que tenham foco nas necessidades dos consumidores”
Avaliar mercado mostra alternativas para crescer Adhvan Furtado, Superintendente do Sebrae Bahia, fala sobre os novos rumos da instituição Executivo do Núcleo de Estratégia do Senai Bahia, onde coordenou projetos na área de TIC, Adhvan Frutado é o novo superintendente do Sebrae. Em sua trajetória profissional, foi responsável por chefiar a equipe que desenvolveu a Lei de Inovação, a política de tecnologia da informação e comunicação e a política de comércio e serviços do Estado. É bacharel em Informática pela Universidade Católica do Salvador (1999) e mestre em
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Computação Paralela e Arquitetura de Computadores pela Universitat Autònoma de Barcelona (2002). Este ano, Adhvan, que é doutorando em modelagem computacional pelo Senai/Cimatec, assume a direção da instituição com o compromisso de promover a competitividade dos pequenos negócios. Para saber suas perspectivas para 2015 e o direcionamento da sua gestão, a Revista Conexão entrevistou o executivo.
Quais os desafios do Sebrae Bahia para os próximos anos? As micro e pequenas empresas (MPE) são de grande importância para o equilíbrio social e o desenvolvimento econômico de qualquer país. Como o maior gerador de emprego e distribuidor de renda e riqueza, as MPE devem ser apoiadas para que possam continuar fazendo o seu papel no crescimento do nosso estado. É um segmento altamente dinâmico e heterogêneo. Isso exige uma constante evolução do nosso modelo de atendimento. O perfil do empreendedor reflete as mudanças da economia e da sociedade. Na Bahia, temos quase 300 mil microempreendedores individuais (MEI), que faturam até R$ 60 mil/ ano. Há uma tendência de crescimento acelerada deste público que acaba de sair da informalidade. No Brasil, em 2015, teremos mais MEI do que empresas de micro e pequeno porte. Isso muda bastante o perfil do nosso público. Além disso, a ampliação dos limites do Simples Nacional aumenta a base de atendimento do sistema. Entender as necessidades e antecipar soluções que fortaleçam as empresas, aumentar o alcance do Sebrae e sua área de atenção, investir na qualidade da informação para as MPE, são atividades necessárias. Precisamos, internamente, aumentar nossa produtividade e eficácia para estarmos prontos a atender às novas demandas.
Em 2015, quais são as prioridades da instituição? O ano de 2015 requer trabalho e dedicação para que possamos enfrentar as dificuldades econômicas. Por outro lado, temos um ano de grandes oportunidades também para os negócios e projetos inovadores e que tenham foco nas necessidades dos consumidores. Este ano, ampliaremos as ações que fortalecem as MPE, apoiando-as com consultorias que ajudem a melhorar a gestão, a conquistar mercados e principalmente a superar desafios por meio da inovação em produtos ou processos. Ao mesmo tempo, atuaremos internamente para obteremos uma maior eficiência operacional da organização. Precisamos de mais agilidade e desburocratizando o sistema. Temos que aumentar o valor agregado de nossos produ-
tos e serviços. É importante apresentarmos soluções que gerem resultados efetivos, que aumentem o faturamento das empresas. Vamos continuar seguindo com a política de valorização de nossos colaboradores e ampliação da base de credenciados. Vamos, ainda, ampliar as parcerias com o Estado, com os municípios e entidades representativas da sociedade. O Sebrae deve fortalecer seu papel de agente de desenvolvimento econômico.
Como o senhor avalia o cenário para as micro e pequenas empresas no Estado? O cenário mostra que temos muitas ameaças no ambiente empresarial, porém, esses momentos de crise são excelentes oportunidades para as empresas se reinventarem e buscarem novas condições para crescer e conquistar mercados. A Bahia tem crescido acima da média nacional, são diversos os investimentos que estão programados para o estado e muitos os ramos de negócios que têm boas perspectivas de crescimento. O ambiente de apoio às MPE vem se fortalecendo, com o aumento das escolas profissionalizantes, com a interiorização de algumas instituições de apoio, a exemplo do Senai, e o fortalecimento das entidades de classe e dos sindicatos patronais. Temos expectativas positivas. Acreditamos que o processo ascendente de formalização deve continuar.
O senhor acredita que o ambiente legal atual é favorável ao fortalecimento do empreendedorismo na Bahia e no Brasil? O que pode ser destacado, enquanto ações de políticas públicas, nesse sentido? Houve uma melhora considerável no ambiente legal para o fortalecimento do empreendedorismo. Se não estamos com uma condição ideal, temos um ambiente muito melhor do que há 10 anos. Os avanços são muitos. O Brasil tem um dos regulamentos mais completos no que tange o suporte a MPE, porém, precisamos articular junto aos governos e as instituições que estão envolvi-
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das nesse ambiente legal, que haja mais iniciativas e ações concretas de apoio ao setor. Destaco a necessidade de melhorarmos o processo de abertura de empresas e a utilização de compras públicas para o desenvolvimento dos pequenos negócios. O Sebrae trabalha fortemente juntos aos agentes de políticas públicas. A meta é atuarmos em parceria com prefeituras de 100 cidades desenvolvendo ações integradas de suporte as MPE.
De que forma o Sebrae pode contribuir para tornar o ambiente ainda mais favorável às MPE? O Sebrae tem um papel importante nessa articulação para a criação desse ambiente favorável às MPE. Como é reconhecida pela comunidade empresarial e a sociedade brasileira, como a instituição que mais entende sobre os pequenos negócios, e pela credibilidade que tem junto às instâncias de governo, o Sebrae pode ser o grande articulador e integrador de ações em prol das pequenas empresas. Nós já fazemos isso quando articulamos junto às prefeituras municipais a criação e a implantação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Aqui na Bahia, terminamos o ano de 2014, com 138 municípios com a lei implantada. Em consequência dessa Lei, temos uma grande ampliação das compras governamentais, a desburocratizarão para abertura de empresas e a implantação das salas do empreendedor nos municípios, com a presença dos Agentes Locais de Desenvolvimento. Em 2015, planejamos uma atuação ainda mais próxima com as prefeituras de maior porte. Precisamos garantir a eficiência da lei, realizando um pacto focado em resultados.
Na sua visão, quais seriam os pontos positivos do empreendedorismo na Bahia? Qual seria o diferencial do empreendedor baiano? A Bahia é um Estado em crescimento e tem uma economia bem variada com muitas oportunidades de investimento. O baiano é um empreendedor criativo, que tem uma grande capacidade de superar as adversidades e encontrar saídas para situações difíceis. É capaz de fazer
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bons e verdadeiros relacionamentos, com sua simpatia e cordialidade. O baiano é um grande formador de redes de contatos. Além dessas características próprias e naturais, o baiano desenvolveu uma tecnologia de gestão de qualidade e hoje vemos muitas empresas e empresários conquistando mercados e expandindo seus negócios com qualidade. Está na hora de levarmos esta qualidade para outros estados, fomentando a criação de franquias de empresas baianas.
O que ainda pode ser fortalecido e fomentado junto aos micro e pequenos negócios no Estado? Nunca é demais investir em informação e conhecimento. Vivemos essa época onde não basta ter dinheiro. O grande diferencial está nas ideias e nas informações transformadas em conhecimento e em negócios. Precisamos continuar fazendo e ampliando o volume e a qualidade das informações ofertadas aos empresários das pequenas empresas e aos empreendedores. Acredito que, junto aos nossos parceiros, devemos fortalecer a oferta dessas informações e fomentar capacitações, para que os empresários estejam aptos a enfrentar as adversidades do mundo dos negócios. Acredito que, como consequência dessa ação, haverá um crescimento das demandas por inovação, tecnologia e ampliação de mercado. Um ponto a ser trabalhado é o apoio às empresas nascentes com alto potencial de crescimento, aquelas ancoradas em diferenciais tecnológicos ou processo inovadores.
Fotos: João Alvarez
ECONOMIA CRiativa
Ana Paula França registra marca Água na Boca – Bolos, Tortas e Cupcakes e faz sucesso em eventos criativos
A arte de encher os olhos Produtos da empresária do Território Criativo da Ribeira fazem parte do catálogo de empreendimentos Sebrae Bahia
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Sinônimo de festa e símbolo que remete aos desejos, o bolo sempre fez parte do repertório de Ana Paula França, 30 anos. Alquimista dos sabores, as primeiras lições ela aprendeu em casa, mas não tardou a buscar conhecimento necessário junto ao Sebrae e ao Senac. Inicialmente apresentado para a família e amigos, o refinamento com os bolos artísticos, tortas doces, salgadas e cupcakes rompeu os muros das casas e apartamentos para ganhar status profissional, com a tradicional e mais efetiva propaganda: o boca a boca. Com o nascimento do seu filho Guilherme, a empresária Ana Paula, que atuava como jornalista, e já era formalizada como microempreendedora individual (MEI), enfrentou o dilema de trabalhar e não ter com quem deixar a criança. O desejo de querer estar mais próxima e apostar num sonho de abrir seu próprio negócio fez com que ela procurasse o Sebrae para migrar de atividade, além de buscar algumas consultorias gratuitas, a exemplo das oficinas SEI. Depois de aprimorar seus conhecimentos, o primeiro passo foi adequar um espaço na sua residência, no bairro do Uruguai, para atender aos pedidos e dar vazão à criatividade. A história começou em 2013 e, de lá para cá, o sucesso tem sido a marca registrada da Água na Boca – Bolos, Tortas e Cupcakes. A partir da consultoria de marketing fornecida pelo Sebrae, a empresária resolveu investir ainda mais nesse mercado e hoje participa do catálogo de empreendimentos criativos.
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“Resolvi profissionalizar ainda mais o negócio. Criei uma logomarca, estou com atividade nas redes sociais e participando de eventos comercializando meus produtos. A concorrência é forte e para ter um negócio de sucesso é preciso muita dedicação, ter criatividade para inovar e acompanhar as tendências do mercado. Os clientes não querem só um bolo bonito, mas gostoso. A qualidade, sabor e atendimento precisam ser de excelência”, esclarece a empresária. As delícias feitas por ela são algumas das atrações do Mercado Iaô, realizado pela Associação Fábrica Cultural, criada pela cantora Margareth Menezes, que tem uma proposta de ocupação criativa da área externa da antiga Fábrica de Linhos Nossa Senhora de Fátima, na Ribeira, em Salvador. Para Ana Paula, o Mercado é uma oportunidade para fidelizar novos clientes, conhecer a concorrência, o mercado e trocar experiências. “A relação com o Sebrae permitiu a ampliação da minha visão empresarial, recebi visitas que foram essenciais para traçar metas e elaborar um planejamento. Aprendi a elaborar o preço dos meus produtos. Tenho mais controle sobre o que é da empresa e o que é da casa, o que facilita e muito na hora de investir certa quantia na empresa. O próximo desafio é ter um ponto fixo”, planeja. Para a coordenadora de Economia Criativa do Sebrae Bahia, Luciana Santana, as ações desenvolvidas nos Territórios Criativos de Salvador, trabalhadas com foco na dinamização dos negócios em um
ambiente turístico e cultural concentrado (em empresas) e diversificado (em ofertas criativas), foram pensadas para criar massa crítica nos empresários. “A finalidade é fazer com que eles definam suas estratégias empresariais e potencializem seus territórios, de modo que todas as iniciativas tenham visibilidade e sucesso, permitindo também a ampliação das ofertas de produtos e serviços criativos”, afirma a coordenadora.
Arte e cultura no Mercado Iaô Aberto ao público, o Mercado Iaô está instalado numa área de 7 mil m2, reunindo exposições de artesanato, moda, decoração, antiguidades, literatura e artes plásticas. Na ala de gastronomia, restaurantes e chefs de cozinha apresentam o melhor da culinária mundial, enquanto acontecem atividades formativas no espaço infantil, como contação de histórias, e, no espaço artístico cultural, apresentações de música, arte, teatro e poesia. “O Mercado é uma oportunidade para empreendedores e empresários da Economia Criativa. Por se tratar de um espaço permanente de produção de cultura e de comercialização de produtos que emanam dos saberes da cultura, ele diferencia-se na cidade e vem se tornando uma opção de lazer e entretenimento para baianos e turistas. Temos, a cada domingo, um público rotativo de três mil pessoas e, pelo menos, 90 expositores entre artesãos, artistas plásticas e culinaristas”, assegura a diretora
de Projetos da Fábrica Cultural, Teresa Carvalho. O empreendimento conta com patrocínio da GVT, Coelba e do Governo do Estado, através do Fa-
zcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Como parceiros, tem o Sebrae Bahia, Bahiatursa e Prefeitura de Salvador, por meio da Fundação
Gregório de Matos, além da parceria de gestão de espaço, compartilhada com o Detran. O mercado funciona todos os domingos, sempre das 9h às 19h, até dezembro de 2015.
Territórios Criativos Desenvolvido pela Coordenação de Economia Criativa, o Projeto Territórios Criativos atua em sete áreas de Salvador – Candeal, Ribeira, Bonfim, Comércio, Rio Vermelho, Santo Antonio Além do Carmo e Curuzu e mais três cidades baianas – Cachoeira, Ilhéus e Porto Seguro. Eles foram considerados Territórios Criativos diante da potencialidade criativa que apresentam, além de se posicionarem estrategicamente e reunirem fortes características culturais, históricas, de lazer e turismo. O projeto tem como objetivo promover a autossustentabilidade dos empreendimentos então identificados nestas regiões, incentivando sua capacidade empresarial, tendo a inovação e auto-expressão social e cultural como estratégia de desenvolvimento local. Ele atua nestes cenários, apoiando e qualificando pequenos negócios, buscando uma lógica de competitividade. A proposta é que o talento de cada profissional ou empresa se posicione de forma dinâmica e produtiva, transformando o território, para que seja mais atraente, inspirador e instigante aos visitantes, oferecendo melhor qualidade de vida aos moradores e contribuindo para o aumento de renda aos empresários locais. Na análise diagnosticada pelo Sebrae, foi possível identificar o diferencial competitivo e seus empreendimentos criativos. O trabalho culminou na apresentação de propostas e ações para cada área, para que suas potencialidades sejam conhecidas e consumidas, favorecendo o fomento à economia criativa local, consequentemente, de Salvador e da Bahia.
Sebrae Bahia
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Foto: João Alvarez
MICROEmpreendedor individual
A Toca Ambiental desenvolve projetos alinhados a sustentabilidade do ambiente urbano
Uma Toca para ideias sustentáveis Jovens microempreendedores individuais vislumbram nicho empresarial e montam empresa de consultoria ambiental Além de manterem um vínculo de amizade, Daniel Frediani, 27, Rafael Brasileiro, 23, e Anacã Biral, 27, têm em comum a preocupação com a sustentabilidade do ambiente urbano. Há pelo menos três anos, eles tiveram a experiência de atuar no Instituto de Permacultura da Bahia no desenvolvimento de projetos ambientais. Neste período, a sintonia e os olhares destes jovens se cruzaram num nicho de mercado em consultoria ambiental. Eles se atentaram ao potencial de suas carreiras profissionais. Daniel e Rafael são formados em Engenharia Sanitária Ambiental e Anacã, em Biologia. Adicionar o negócio ao conteúdo sustentabili-
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dade ambiental se tornou o foco dos três, de olho na demanda de pessoas que almejam melhor qualidade de vida e buscam alternativas ambientalmente sustentáveis, assim como os empresários com uma visão ampla e mais complacente para a preservação ambiental. Todos eles se formalizaram como microempreendedores individuais (MEI), favorecendo a visualização de uma meta e o amadurecimento da ideia. “O enquadramento no MEI traduziu a nossa ideia, pois, a partir daí, criamos um foco, oficializamos nossa formação que está muito bem definida no Portal do Empreendedor. Além disso, podemos emitir nota fis-
cal, e isso foi muito bom”, vibra Rafael. Com o plano de negócios pronto, eles criaram a Toca Ambiental, empresa de consultoria. Agregaram outro sócio e amigo, João Lucas Libório, 26, formado em contabilidade, atrelando os princípios ambientais às regras empresariais. A equipe ainda é reforçada pela consultoria permanente do engenheiro sanitarista Victor Vidal, e em carpintaria, Miguel Dahlstron. “Percebemos que seria mais interessante trabalharmos unidos, pois compartilhamos não só conceitos, como áreas afins”, pondera Rafael. Sua perspectiva do mercado baiano em consultoria ambiental é positiva,
em especial Salvador, percebendo a mudança de paradigma do setor empresarial e acreditando no crescimento gradual de conscientização. Ele destaca a funcionalidade nata da Toca como estratégia de soluções para atendimento aos setores empresarial, público e domiciliar. “Nossa proposta prega valores socioambientais para o espaço urbano, com adoção de técnicas simples, podendo gerar lucro e redução de desperdício para empresa. Portanto, tem tudo para dar certo”.
Tocando o negócio Há seis meses, a Toca está provisoriamente funcionando no quintal da casa dos pais de um dos sócios, situada no bairro de Jaguaribe, em Salvador, onde pranchas de surfe e bolas de futebol convivem com notebooks, banco de sementes e canteiros móveis. Ali, eles trocam ideias e elaboram projetos para uma clientela que inclui pessoas físicas e empresas públicas e privadas, como restaurantes, bares e escolas e outras instituições. O trabalho concentra-se no planejamento, gerenciamento e educação ambiental, com a elaboração e acompanhamento de projetos e produção de soluções tecnológicas. Executa quatro frentes de ação: com Agricultura Urbana que promove a adoção de tecnologia de produção alimentar em espaços urbanos, planejamento e gerenciamento de sistemas de plantio; com a de Resíduos Sólidos, no gerenciamento de resíduos com tecnologia adequada para reaproveitamento da produção; com Recursos Hídricos na adoção de práticas para o manejo de água; e Tecnologias Lim-
pas, para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia. “Assim, fechamos a cadeia de solução ambiental sustentável, pois além de contemplar quatro áreas integrativas e essenciais, a Toca presta um serviço personalizado, atendendo a demanda específica e a realidade do empreendimento, fornecendo uma assistência integral, que inclui educação e treinamento da equipe de colaboradores da clientela, com objetivo de compartilhar o conhecimento”, reforça Frediani. “Os empresários que atendemos, principalmente da área de gastronomia, compartilham o conceito de sustentabilidade ambiental. Nós traduzimos o que eles estão imaginando. E o trabalho flui rapidamente”, complementa. A necessidade do setor empresarial, segundo ele, volta-se para instalação de hortas verticais para a produção de alimentos, canteiros fixos e estufas comestíveis, além da elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, por meio das técnicas de compostagem e coleta seletiva. Já os clientes domiciliares também optam pelas hortas verticais e berçários de mudas. Satisfeitos com a opção empresarial que escolheram, os sócios da Toca estão motivados com a possibilidade de crescimento do negócio. Pensam na expansão futura do empreendimento de forma gradual, com a possibilidade de se tornarem microempresários, mas sempre mantendo os pés no chão. “Estamos confiantes com o nosso negócio, pois, à medida que encontramos espaço, vamos crescendo e as perspectivas são boas“, salienta o contabilista.
Declaração até maio Além de obter os benefícios, como cobertura previdenciária, emissão de nota fiscal, acesso a serviços bancários, facilidade de vender para o governo e redução de carga tributária, o MEI também tem obrigações a cumprir. Uma delas é a emissão à Receita Federal da Declaração Anual do Simples Nacional (DASN-Simei) relativo ao ano de 2014. “A declaração faz parte das obrigações do MEI e se for feita em atraso, ele está sujeito a pagar multa de até R$ 50”, alerta Simone Bonavides, analista do Sebrae Bahia, considerando a importância de que “fazer a declaração se constitui numa ação do MEI organizado e que está no caminho certo, ou seja, preocupado com a gestão do negócio”. O procedimento pode ser feito gratuitamente no Portal do Empreendedor até dia 31 de maio. Na DASN-Simei, o MEI deve informar a receita bruta adquirida no ano anterior, se possui empregado e especificar despesas efetuadas no período descrito. Mais informações sobre o DASN-Simei podem ser obtidas no Portal do Empreendedor ou na Central de Relacionamento do Sebrae pelo 08005700800, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h. “É importante destacar que o MEI não pode ultrapassar R$ 60 mil anual, nem poderá ter participação em outra empresa como sócio ou titular e só deverá contratar apenas um empregado mediante o pagamento do salário mínimo ou piso da categoria”, finaliza Simone.
Sebrae Bahia
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MICROEmpreendedor individual
Foto: Renata Smith/Divulgação
Abará congelado Microempreendedora individual tem a meta de triplicar a atual produção de 1,2 mil abarás congelados por mês
Para ampliar as vendas de Abará congelado, a empresária Ana Viviane Farias, de Ilhéus, buscou a formalização
O tabuleiro da baiana de acarajé é famoso por seus quitutes quentinhos, apimentados e preparados na hora. Essa é a versão clássica que já faz muito sucesso entre os consumidores. Mas a administradora de empresas Ana Viviane Farias, de Ilhéus, no Sul da Bahia, criou um diferencial: investiu na produção de abarás congelados para atender àqueles clientes que querem comprar essas delícias sem sair de casa. “Comecei por acaso, fazendo uma surpresa para um irmão que chegava de viagem. Ele adorou. Postei nas redes sociais, começaram os pedidos e, assim, visualizei a oportunidade de um bom negócio”, explicou. Atuando na informalidade há dois anos, a empreendedora buscou a formalização este mês, com a finalidade de ampliar o negócio. Como microempreendedora individual, ela
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agora tem a meta de triplicar, ainda neste semestre, a atual produção mensal de 1,2 mil abarás congelados. “Também estou me preparando, com novos cursos de congelamento, para começar a produzir acarajés congelados, no segundo semestre”, revelou. As vendas do abará são feitas em pacotes com 10 unidades a R$ 15. Em casa, o sistema de cozimento é simples. Basta esquentar em uma panela a vapor e pronto. Conservado no congelador, o produto natural, sem conservantes, pode durar até três meses. Para quem gosta de complementos, existe ainda a opção de comprar vatapá congelado em potes de 250 gramas a R$ 4 a unidade. Por mês, a demanda é de cerca de 600 potes. A facilidade apimentou o negócio. “Cerca de 40% dos meus clientes compram para amigos de outros
estados e até do exterior, como Portugal, Espanha e Suíça”. A empreendedora também recebe pedidos de encomendas de restaurantes. Para atender a essas demandas e ainda montar um ponto comercial no centro de Ilhéus, com a contratação de um funcionário, Ana Viviane Farias quer aprimorar o rótulo do produto artesanal, com mais dados sobre ingredientes, além de participar de cursos na área de gestão e do Programa de Alimentação Segura (PAS). “O grande diferencial de qualquer negócio é o conhecimento. E o Sebrae, através das oficinas para o microempreendedor individual e outras soluções de capacitação, busca capacitar os empresários para que a visão de negócio deles seja ampliada com foco no crescimento”, afirmou o analista do Sebrae Michel Lima.
Empreendedorismo
Foto: João Alvarez
Valor cultural gera renda Cooperativa desenvolve projetos em terreiros e remanescentes de quilombos Trabalhando com os eixos Patrimônio Cultural, Étnico Desenvolvimento e Cidadania há mais de dez anos, a cooperativa Kitanda Bantu constrói junto às comunidades de terreiros e remanescentes de quilombos projetos para geração de trabalho e renda. Em 2008, o agrupamento contou com o apoio do Sebrae Bahia na organização da pesquisa de consumo
interno das comunidades envolvidas, o que, segundo a coordenadora da cooperativa, Ana Maria Placidino, “fortaleceu a cadeia interna de produção e venda entre os núcleos produtivos, que hoje possuem cerca de 280 pessoas, distribuídas por regiões, como Sertão do São Francisco e Metropolitana”. Em dezembro de 2014, o artesanato e a culinária da Kitanda Bantu
ganharam ainda mais visibilidade no maior evento de cultura negra da América Latina, a Feira Preta Cultural, na capital paulista. “Para nós, foi uma experiência única participar de uma feira daquela dimensão. Fizemos intercâmbio e recebemos encomendas de diferentes locais do país”, disse Ana Maria sobre a boa aceitação dos itens no encontro que tem apoio do Sebrae.
Coordenadora da cooperativa Kitanda Bantu, Ana Maria Placidino, trabalha patrimônio cultural, étnico desenvolvimento e cidadania
Sebrae Bahia
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Foto: Joaney Tancredo
Sebrae perto de você O Sebrae Bahia possui 31 Pontos de Atendimento, distribuídos em dez Unidades Regionais, oferecendo aos empresários das micro e pequenas empresas informação, orientação, capacitação, apoio e soluções através de consultoria em gestão, acesso ao crédito e ao mercado, tecnologia e inovação.
Pontos de Atendimento na Bahia Unidade Regional 01 – Salvador / Mercês Centro de Atendimento ao Empreendedor Av. Sete de Setembro, 261 – Mercês. CEP 40060-000. Tel.: (71) 3320-4526 Salvador / Boca do Rio - SAC Empresarial Av. Otávio Mangabeira, 6929, Multishop – Boca do Rio. CEP 41706-690. Tel.: (71) 3281-4154
O Ponto de Atendimento do Sebrae em Barreiras fica localizado na Avenida Benedita Silveira, 132, Ed. Portinari, Térreo - Centro. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h.
Euclides da Cunha Rua Oliveira Brito, 404 – Centro. CEP 48500-000. Tel.: (75) 3271-2010 Ipirá Praça Roberto Cintra, 400-A – Centro. CEP 44600-000. Tel.: (75) 3254-1239 Itaberaba Rua Rubens Ribeiro, 253, Ed. Tropical Center, salas 22/23 – Centro. CEP 46880-000. Tel.: (75) 3251-1023
Salvador / Itapagipe Rua Direta do Uruguai, 753, Bahia Outlet Center, Lojas 134/135 – Uruguai. CEP 40454-260. Tel.: (71) 3312-0151
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