Revista Conexão Bahia 212

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Mala Direta Básica 9912345149-DR/BA

Sebrae-Ba

edição 212

Comprar do pequeno negócio desenvolve a economia local ENTREVISTA

EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

Veja como ações de economia criativa reduziram a criminalidade na Colômbia

Projeto estimula empreendedorismo em escolas públicas



QUEM TRABALHA NO CAMPO SABE: A COLHEITA SÓ ACONTECE DEPOIS DA PLANTAÇÃO. É da porteira para dentro que a gestão, inovação e produtividade fazem a diferença. O Sebrae acredita e trabalha junto dos empreendedores rurais. Se você quer crescer mais, o Sebrae quer mais é estar ao seu lado.

SUA VIDA É SE SUPERAR A CADA DIA? ESTAMOS JUNTOS.


Publicação do Sebrae Bahia nº 212, novembro de 2015 Filiada à Aberje

Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Bahia Antônio Ricardo Alvarez Alban Diretor-superintendente Adhvan Novais Furtado Diretores Franklin Santana Santos Lauro Alberto Chaves Ramos Unidade de Marketing e Comunicação Gerente Adriana Mira Jornalista Responsável Vanessa Câmera (DRT/RJ 28363) Equipe Alice Vargas, Isabela Oliveira, Mauro Viana, Pedro Soledade, Rafael Pastori e Vanessa Câmera. Estagiários: Alana Caiusca, Fernanda Leal, Isabel Santos, Laise Cruz e Lannah Cerqueira Agência Sebrae de Notícias (Varjão & Associados Comunicação) Anaísa Freitas, Carla Fonseca, Carlos Baumgarten, Cristhiane Castro, Danielle Cristine, Fernanda Barros, Gustavo Rozario, João Alvarez, Laiana Menezes, Luciane Souza, Lucilene Santos, Maria Clara Lima, Nara Zaneli, Renata Smith, Silvia Araújo, Tamara Leal e Virgínia Mercês Revisão Anaisa Freitas Edição Carla Fonseca Edição de Fotografia João Alvarez Capa João Alvarez Projeto Gráfico Original Solisluna Editora Editoração Objectiva Impressão Qualigraf Serviços Gráficos e Editora Ltda Tiragem 20.000 exemplares Cartas Sebrae – Unidade de Marketing e Comunicação Rua Horácio César, 64, Dois de Julho Salvador, Bahia. CEP: 40.060-350. marketing@ba.sebrae.com.br Telefones 71 3320.4558/4367 Agência Sebrae de Notícias www.ba.agenciasebrae.com.br

Movimento Compre do Pequeno Negócio mostra poder das pequenas empresas ge Melguizo. O conferencista interValorizar os pequenos negócios se nacional é o entrevistado da nossa traduz em um poder transformador. publicação. Reconhecendo isso, o Sebrae lançou, Você também vai conhecer a hisem todo o país, o Movimento Comtória de sucesso do produtor da pre do Pequeno Negócio. E esse é o Cachaça Limoeiro, Raimundo Pritema da reportagem principal desta mo Macêdo. Ele começou a receber edição da Revista Conexão. No Braconsultorias do Programa Sebraetec, sil, mais de 180 mil empresas aposem 2013, e fez melhorias na estrutaram na ideia do Sebrae e particitura do negócio e na elaboração da param do movimento, que na Bahia bebida, a partir do subsídio de 80% teve mais de 7,5 mil empresas parnos custos, dado pelo Sebrae. ticipantes. Uma pesquisa mostrou O curso Jovens Empreendedores que, no dia 5 de outubro, data marco Primeiros Passos (JEPP), desenvolvido movimento e também o Dia da Micro e Pequena Empresa, a Bahia do pelo Sebrae, também é tema de foi o estado que mais comprou de uma das reportagens da Revista Copequenas empresas. Nossa repornexão. São histórias como a do alutagem traz histórias de empresários no Caio Vinicius dos Santos, de 14 que movimentam o cotidiano dos anos, que cursa o ensino fundamenlocais onde atuam, além de contrital, na Escola Municipal Hercília Tibuir com a circulação do dinheiro e nôco Andrade, em Santo Antônio de geração de emprego. Jesus, e que, a partir de atividades Como ações de economia criativa lúdicas e trabalho em equipe, aprenpodem mudar a realidade de uma deu noções de empreendedorismo. cidade? Como Medellín, uma cidade colombiana famosa por ser a capiBoa leitura! tal do tráfico e da violência, passou a ser reconhecida como a mais inovadora do mundo?Essas e outras perguntas serão respondidas pelo ex-secretário das pastas de Cultura Cidadã e Desenvolvimento Social de Medellín, na Mais de 7,5 mil empresas baianas se cadastraram no Movimento Compre Colômbia, Jordo Pequeno Negócio e a Bahia foi o estado que mais procurou pequenas empresas no dia 5 de outubro A utilização da marca Sebrae é de uso exclusivo do titular da mesma. Seu uso por terceiros, sem autorização prévia, expressa e formal da Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae Bahia, é passível de punição, conforme previsto pela Lei da Propriedade Industrial nº 9.279/96.

Foto: JOÃO ALVAREZ

Expediente


Foto: CLEY MARQUES

Sumário 6 COMÉRCIO E SERVIÇOS Casal inova com fábrica de minissalgados

16 Foto: JOÃO ALVAREZ

9 POLÍTICAS PÚBLICAS Bahia tem maior número de MEI no Nordeste

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13 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA Com inovação, empresário melhora gestão e faturamento

16 INDÚSTRIA O pão de cada dia

19 AGRONEGÓCIO Sebraetec leva qualidade à Cachaça Limoeiro

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PRINCIPAL – MOVIMENTO CPN Pequenos notáveis

MERCADO Participação em feiras abre oportunidade de vendas

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EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA Educação Empreendedora nas escolas contribui para a formação de estudantes

ECONOMIA CRIATIVA Empresas criativas alavancam economia local

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Foto: JOÃO ALVAREZ

37 ENTREVISTA – JORGE MELGUIZO Cidades Criativas

43 MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL Irmãs empreendedoras ajudam noivas a realizar sonho do altar

45 EMPREENDEDORISMO Produção científica em formato de negócio

46 SEBRAE PERTO DE VOCÊ


Fotos: JOÃO ALVAREZ

COMÉRCIO E SERVIÇOS

Para atender a demanda, o casal de empresários, Marcos e Maria Elisângela Vilas Boas, donos da Marelly Fast, aumenta número de funcionários de três para 15

Casal inova com fábrica de minissalgados Capacitações do Sebrae ensinam empreendedores do Recôncavo a aprimorar gestão no ramo de alimentos As soluções do Sebrae sempre se ajustam às necessidades do casal de empresários, Marcos e Maria Elisângela Vilas Boas. Ao conheceram as capacitações da instituição, eles as adotaram como grandes aliadas em

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seus desejos de avançar no empreendimento de produção e venda de minissalgados, localizado na região do Recôncavo baiano. Em 2013, o casal montou a lanchonete Marelly Fast, em Cruz das

Almas, e a minifábrica, em Muritiba. Dotados de forte tino empresarial, eles próprios elaboraram o plano de negócio e fizeram a pesquisa de mercado. A empresa alcançou o sucesso ao expor no Show Room Indústria,


evento realizado pelo Sebrae, em Santo Antônio de Jesus, em 2014. A originalidade dos minissalgados do tipo coxinha, então exclusivos na região, encantou a clientela. Os produtos tiveram grande aceitação no mercado, tanto os fritos na hora e comercializados a varejo na lanchonete quanto os congelados para fornecimento em pontos de distribuição da região. Mas o desejo de inovar e estruturar a gestão e a busca por novos desafios impulsionaram os empresários a procurar o Sebrae. Eles queriam implementar ações de planejamento, organização e sustentabilidade do negócio, com um mo-

delo empreendedor de crescimento. “A relação deles com o Sebrae é tão forte que Marcos já veio aqui e pediu para indicar uma programação de cursos para a empresa dele participar”, lembra o gerente regional do Sebrae em Santo Antônio de Jesus, Carlos Henrique Nunes. A primeira experiência personalizada dos empresários com a instituição foi na consultoria do Programa Alimento Seguro (PAS). Com os conhecimentos adquiridos, investiram em soluções na gestão das empresas, favorecendo a mudança de hábito dos sócios e colaboradores. Os resultados geraram a redução de desperdícios de ali-

mentos, qualificação dos produtos utilizados e o desenvolvimento da consciência ecológica. Na ocasião, eles foram incentivados pela consultoria a destinar o óleo de cozinha, utilizado na fritura dos salgados, para reaproveitamento pelas empresas circunvizinhas. E continuam fazendo até hoje.

Conquistas Após a consultoria, Marcos não se cansou e participou também do Seminário Empretec, o qual possibilitou a definição de metas de ação. “Foi uma semana intensa dedicada ao curso, mas revigoran-

Minissalgados disponíveis em 20 pontos de venda

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te. As ações do Empretec mudaram completamente minha visão de empreendedor, abriram novos horizontes e promoveram um verdadeiro upgrade nas empresas. Adquirimos um jeito diferente de administrar”, conta. Entre os benefícios conquistados, o empresário lista com satisfação: estabelecimento de metas, ampliação de parcerias com as lanchonetes, capacitação dos colaboradores, melhoria do sistema de gerenciamento, escolha adequada de fornecedores, inovação de produtos, fidelização do cliente com a melhoria do atendimento e busca de oportunidades. Atualmente, a empresa dispõe de 20 pontos de distribuição de venda de minissalgados, situados em vários municípios da região. Com eles, estabeleceram uma relação peculiar. “Quando fechamos com eles, além de apresentar o produto, nós oferecemos treinamentos gratuitos de manuseio do alimento e de ge-

renciamento”, explica Maria Elisângela. Com este público, o casal de empresários experimenta algumas metodologias próprias de comercialização. Antes de fornecer os novos produtos, eles comercializam na própria lanchonete, fazendo uma espécie de degustação para testar a aceitação do público para, daí então, fazer a distribuição. Sempre dispostos à inovação, eles seguiram sugestão do Sebrae de comercializar produtos no tamanho tradicional – empadas, pãozinhos e doces, abrindo novos nichos de negócios nas linhas festas, buffets e coquetéis. O crescimento da demanda foi inevitável, sendo necessária a ampliação do quadro de colaboradores de três para 15 e o investimento em capacitação - de Atendimento ao Cliente, àqueles que atuam na recepção, e de Higiene e Saúde, aos que trabalham nas minifábricas, ambas ministradas pelo Sebrae. A saúde financeira também recebeu atenção especial do empresário que

participou da turma do curso de Gestão Financeira – Do Controle à Decisão. A preocupação em registrar e patentear a logomarca Marelly Fast também foi agilizada com as orientações da consultoria de Registro de Marcas do Sebrae. No futuro próximo, os empresários vislumbram uma série de projetos. Pretendem seguir a tendência de salgados congelados pré-assados e explorar a linha de supermercados. Com foco neste conceito de expansão do negócio, querem comercializar para todo o Recôncavo, depois o estado e, futuramente, fornecer para outras regiões. Para Elisângela, ter o apoio do Sebrae em suas ações é fundamental para o posicionamento e expansão do Grupo Marelly Fast no mercado. Além das capacitações, os empresários participaram do Seminário Desafio do Crescimento, sendo Marcos um dos apresentadores, relatando sua experiência em participar do Empretec, além de palestras, missões e eventos.

Saiba como participar das capacitações: Gestão Financeira – Do Controle à Decisão

Programa Alimento Seguro (PAS)

Integra o Programa Sebrae Mais, promovendo o desenvolvimento da competência do empresário para o controle, análise e planejamento da vida financeira da empresa para tomada de decisões, através de orientação personalizada de consultoria. Oferecido para micro e pequenas empresas consolidadas, mas que precisam aprimorar sua atuação e competitividade no mercado.

Como uma das ferramentas de Sebraetec, orienta os empresários para que desenvolvam boas práticas de higiene, manipulação, armazenamento e transporte dos alimentos e evitem desperdícios durante processo de produção. Oferecido para microempreendedores individuais e donos de micro e pequenas empresas do ramo da indústria e comércio

Procure o Sebrae de sua região ou ligue para a Central de Relacionamento (0800 570 0800).

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Foto: RAUL GOLINELLI

POLÍTICAS PÚBLICAS

Lu do Coco, que desde 2005 vende água de coco nas ruas de Salvador, já havia trabalhado como gerente de lotérica, ajudante de cozinha e vendido tempero verde e amendoim

Bahia tem maior número de MEI no Nordeste Trabalhadores conseguiram incrementar a renda com a formalização SEBRAE BAHIA

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Que o baiano é empreendedor já não é mais novidade. Além dos tantos exemplos conhecidos do estado, como artistas e empresários renomados, a Bahia também não fica atrás com seus milhares de empreendedores que enfrentam a rotina diária de trabalho. São cabeleireiros, ambulantes, diaristas, pedreiros e muitos outros trabalhadores que decidiram seguir o caminho da formalização e alcançaram a estabilidade financeira com seu próprio negócio. De acordo com dados da Receita Federal de agosto de 2015, no estado, são mais de 334 mil microempreendedores individuais (MEI) cadastrados. Com a marca, a Bahia desponta no cenário nordestino com o maior número de registros, ficando também em quarto colocado no Brasil (atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Em todo o país, o montante já ultrapassou os 5 milhões de empreendedores, número que só aumenta desde 2008, quando foi sancionada a Lei Complementar nº 128 (que criou a figura do MEI). Na Bahia, a formalização como MEI passou a valer dois anos depois, a partir do dia 8 de fevereiro de 2010. Um dos primeiros a investir no caminho da formalização foi o empresário Paulo Bonfim. Desde a década de 1970, ele já trabalhava com reparos e manutenção de equipamentos eletrônicos. Em menos de um mês após a chegada do registro no estado, no dia 1º de março, ele se formalizou como microempreendedor individual. “Nessa época, eu já fazia manutenção em edifícios e prestava serviços de segurança predial. Come-

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çaram a me pedir nota fiscal e foi, justamente, quando surgiu essa oportunidade de me tornar MEI”, conta o empresário. “Ouvi no rádio a notícia e fui a sede do Sebrae, em Salvador. Já conhecia a instituição desde a década de 1990. Tinha feito cursos de atendimento ao cliente e gestão, por exemplo”, completa. Com a formalização, o empreendedor conseguiu aumentar a sua clientela. “Novos clientes foram surgindo, porque eu tinha um CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Além disso, tive a oportunidade, em dois momentos, de pegar crédito no banco, e usei para investir em meu negócio”. Na época, ele também contratou um funcionário que cuidava da parte administrativa da empresa. Com a qualidade no serviço (Paulo tem clientes ativos há mais 20 anos), formalização e planejamento, o resultado não poderia ser outro. O empresário viu o seu negócio prosperar e, em 2014, extrapolou o faturamento permitido pela categoria, migrando para microempresa (ME). Hoje, ele fornece serviços de segurança eletrônica, como a instalação de câmeras, sistema de monitoramento interno e portões eletrônicos, para edifícios empresariais e residenciais. Como ME, as despesas aumentaram e, na conjuntura atual brasileira, o empreendedor planeja investir ainda mais em seu negócio. “Preciso dar um salto maior para romper barreiras. Eu vejo a crise como um desafio para o empresário e, para passar por ela, já estou me planejando para prospectar mais clientes e investir em estratégias de marketing”, comenta.

O MEI O Microempreendedor Individual é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pessoa jurídica. Para se formalizar, o empreendedor deve faturar, no máximo, até R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. Além disso, ele também movimenta a economia e promove a geração de posto de trabalho na medida em que pode contratar um funcionário de carteira assinada. A formalização traz ainda outras vantagens, como o enquadramento no regime tributário Simples Nacional, que isenta o profissional dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). Com isso, o MEI paga apenas o valor fixo mensal de R$ 40,40 (comércio ou indústria), R$ 44,40 (prestação de serviços) ou R$ 45,40 (comércio e serviços) - que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS, respectivamente. Os valores são atualizados anualmente, de acordo com o salário mínimo, e garantem ao trabalhador o acesso a benefícios como auxílio-maternidade, auxílio- doença e aposentadoria. Segundo dados da Receita Federal de 25 de julho de 2015, os setores de Comércio (com 145.329), Serviços (115.349), Indústria (44.210), Construção civil (22.615) e Agropecuária (1.190) são aqueles que registram o maior número microempreendedores individuais formalizados na Bahia. A vendedora Lucineide Lima está no primeiro deles. Assim como Paulo, ela se formalizou no dia 1º de março de 2010. Lu do Coco, como é conhecida, já havia


negócios. “Não basta se formalizar, é preciso buscar, permanentemente, as capacitações empresariais. O em-

preendedor, ao obter mais conhecimento, também ganha vantagens competitivas no mercado”. Foto: JOÃO ALVAREZ

trabalhado como gerente de lotérica, ajudante de cozinha e vendido tempero verde e amendoim. Em 2005, passou a vender coco nas ruas de Salvador e, após avaliar as vantagens do registro como MEI, optou pela legalização da atividade. “Abri uma conta no banco, o CNPJ me ajuda para comprar material e emitir nota fiscal e sai mais em conta para pagar o imposto”, conta Lu, destacando ainda as vantagens da previdência. “É um meio do trabalhador se firmar um pouco”, completa. Para a gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae Bahia, Maria Thereza Andrade, o movimento em prol da formalização desse trabalhador, que antes atuava como autônomo, traz uma série de benefícios. “A formalização permite um grau de proteção grande e é decisivo para que o trabalhador realize sua atividade com mais segurança. Ao legalizar sua atividade, ele também tem acesso a oportunidades de mercado, facilitadas especialmente por conta do CNPJ. Essa é uma maneira de estimular quem tem talento para empreender”, afirma. Maria Thereza acredita que, quando o trabalhador se formaliza, profissionaliza e desenvolve o seu negócio, ele também pode migrar de categoria, aumentando o seu faturamento. “A formalização abre uma porta para esse crescimento. O empreendedor passa a ter um CNPJ e pode acessar mercados e oportunidades que antes não conseguia”, exemplifica. Entretanto, a gerente destaca a necessidade da capacitação profissional para o desenvolvimento dos

Na Bahia, são mais de 334 mil microempreendedores individuais (MEI) cadastrados. O empresário Paulo Bonfim faz parte desse universo

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Foto: JOÃO ALVAREZ

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Mário Lopes, dono da Real Material de Construção, em Feira de Santana, adotou medidas simples após participação no Programa Agentes Locais de Inovação (ALI)

Com inovação, empresário melhora gestão e faturamento Da identidade visual à gestão, veja como o programa pode alavancar os negócios SEBRAE BAHIA

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O empresário Mário Lopes é dono da Real Material de Construção, empresa que inaugurou há 20 anos, em Feira de Santana. Já com tradição no mercado feirense, ele não imaginava que poderia melhorar a gestão do seu negócio até conhecer as soluções oferecidas pelo Sebrae, em 2012. Na ocasião, o empresário resolveu ampliar seus conhecimentos e aderiu ao Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), logo após receber a visita de uma agente em sua loja. De lá para cá, já soma mais de 15 capacitações em parceria com a instituição. Mário foi atendido durante os anos de 2013 e 2014, no Ciclo II do programa – um acordo de cooperação técnica entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Sebrae. Os agentes locais de inovação visitam as empresas e entregam aos proprietários os diagnósticos gratuitos do que podem melhorar no negócio, com indicação de capacitações e mudanças possíveis de serem realizadas. “Com a orientação do ALI, primeiro fiz o Empretec, que mudou completamente a minha visão enquanto empreendedor. Percebi que poderia avançar na minha forma de administrar”, conta Mário. Como principal melhoria, o empresário destaca a percepção de que, sozinho, não conseguiria manter a administração de seu negócio. Agora, ele conta com duas pessoas no setor de cobrança, uma no caixa e uma secretária. “Antes, eu exercia todas essas funções. Nunca havia tirado férias na minha vida, porque estava sempre sobrecarregado e tudo dependia de mim. Após o ALI, contratei mais quatro funcionários e dividi as tarefas, de

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Empresa cresceu 30% depois das inovações propostas pelo ALI. forma que consigo perceber também a melhoria na gestão da empresa”, afirma. Hoje, a Real Material de Construção possui 20 funcionários – sete a mais que em 2012 – entre vendedores, equipe administrativa, setor de distribuição e office boy. Além disso, o empresário também investiu na capacitação dos seus colaboradores – alguns que já trabalhavam na empresa há mais de cinco anos e nunca haviam tido essa oportunidade. “Minha equipe é mais motivada e se sente mais valorizada após esses treinamentos, que vão desde atendimento ao cliente a relações no ambiente de trabalho”, detalha.

Inovação na empresa Durante o ALI, Mário participou ainda do Workshop de Inovação, palestra Internet na Medida, seminário Desafios do Crescimento e da solução Gestão Financeira, do Sebrae Mais. Além disso, com a orientação do Sebrae, ele conseguiu crédito no Banco do Nordeste e investiu também no visual de sua loja. Atendido pelo programa Sebraetec, voltado para inovação nos negócios, o empresário mudou a fachada e balcão, além de plotar os carros, motos e caminhões de trabalho. “Temos hoje uma identidade visual. Antes, era só o nome da empresa na fachada, não tinha uma marca, um padrão. Essa

mudança trouxe mais credibilidade para a minha empresa”, afirma. De acordo com ele, as mudanças realizadas e o investimento em capacitação contribuíram para um aumento de cerca de 30% no faturamento da Real Material de Construção. Agora, mais atento ao mercado e sempre em busca do diferencial no seu negócio, o empresário modifica mensalmente o visual da loja, seguindo as dicas que aprendeu no workshop. Sua empresa é totalmente climatizada, com sala de espera com televisão, café e chá, e ainda realiza pesquisa de opinião com os clientes. Para ele, essas mudanças, feitas ao longo dos dois anos no Programa ALI, impactaram diretamente no seu negócio. “Eu nunca havia ligado para um cliente meu para saber se o material tinha chegado no prazo, se era aquilo mesmo que ele queria. Nunca tinha oferecido um chá, um cafezinho. A sala de espera e o ar condicionado são medidas simples, que fazem a diferença no mercado altamente competitivo. Esse tipo de atitude foi o Sebrae que me fez enxergar”, diz. A inovação também levou a empresa para o mundo virtual. Desde fevereiro de 2015, a Real Material de Construção passou a atuar também na internet pelo seu site, no Facebook e Instagram, além das vendas, que podem ser efetuadas no aplicativo WhatsApp. “A minha loja se divide em duas fases: antes e depois do ALI. Mas as mudanças não acontecem de um dia para o outro. Estamos há quatro anos com o Sebrae e, a cada orientação, colocamos o ensinamento em prática. Aos poucos,


temos a percepção de que as coisas mudam para melhor”. Para o gestor do Programa ALI no Sebrae em Feira de Santana, Eduardo Simas, o sucesso da Real Material de Construção pode ser atribuído ao fato de o empresário perceber suas falhas

e acreditar na parceria com o Sebrae. “Ele acreditou que poderia melhorar seu negócio e foi o que aconteceu. Hoje, a Real Material de Construção é um case de sucesso”, conta. O empresário interessado em participar do Programa ALI em Feira de

Santana e região pode entrar em contato com o Sebrae do município ou pessoalmente na sede da instituição (Rua Barão do Rio Branco, nº 1.225, Centro). A visita do agente local de inovação e os diagnósticos empresariais são gratuitos.

O Programa Agentes Locais de Inovação (ALI) na Bahia Implantado em 2010 na Bahia, o ALI já está no Ciclo III de atendimento, realizado de 2014 até 2016. Com duração de 24 meses, em cada novo ciclo, o programa amplia o número de agentes, de setores e de empresa atendidas. De acordo com o gestor estadual do ALI na Bahia, Eduardo Garrido, neste Ciclo III, o ALI vai atender 2.750 empresas em todo o estado, sendo que até julho deste ano já atingiu cerca de 80% da meta. O montante é uma parte significativa do total de 4,9 mil empresas atendidas até então (2,7 mil nos ciclos I e II). No total, são 55 agentes espalhados no estado – nas cidades de Barreiras, Camaçari, Eunápolis, Feira de Santana, Guanambi, Ilhéus, Itabuna, Jequié, Lauro de

Freitas, Porto Seguro, Salvador, Santo Antônio de Jesus, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista –, que atendem municípios próximos num raio de até 50 km de distância. Os setores trabalhados são os de Alimentos, Bares e Restaurantes, Automecânica, Comércio Varejista, Cosméticos, Construção Civil, Educação, Eletroeletrônicos, Eletrodomésticos, Farmacêutico, Gastronomia, Metal Mecânica, Moda, Movelaria e Decoração, Saúde, Serviços Imobiliários, Tecnologia da Informação e Comunicação, Turismo e Entretenimento, Transportes e Vestuário e Confecção. De acordo com Garrido, essa seleção de cidades e setores é fundamentada em estudos e dados empresariais do estado.

Como funciona? Os agentes são bolsistas do CNPq e profissionais recém-formados, capacitados pelo Sebrae nas áreas de gestão empresarial e inovação. Todo o trabalho conta com o suporte de um consultor sênior da instituição e é alinhado com o gestor local do programa nas unidades do Sebrae. Garrido explica que o agente visita os empreendimentos, preferencialmente Empresas de Pequeno Porte (EPP), apresenta soluções e oferece respostas às demandas do negócio. Essas decisões são embasadas pela aplicação do Diagnóstico Empresarial e Radar da Inovação e, após essa etapa, o agente propõe um plano de ação para a empresa. “Como o ALI atua em ciclos e visita o empreendimento durante dois anos, é possível

mensurar os resultados quando ele executa o plano de ação. O agente conclui a etapa, volta na empresa e faz um novo Radar de Inovação, construindo, assim, a evolução do negócio”, detalha Eduardo Garrido. Para o gestor, a inovação é possível ser aplicada em qualquer empresa, não somente nas grandes. “Inovar é trabalhar seus conceitos, verificar oportunidades de atuar de maneira diferente em aspectos como produtos, serviços, organização, marketing e processos, de modo que você consiga obter um melhor resultado, principalmente, no financeiro”, afirma. “A ideia é expandir cada vez mais as nossas ações para criar uma cultura de inovação no estado”, completa. O Programa ALI trabalha com parcerias locais em todo o estado.

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Foto: CLEY MARQUES

INDÚSTRIA

Empresário Eduardo Souza Dias, dono da Padaria Pão Bom no centro de Teixeira de Freitas, comemora os resultados das ações recomendadas pelo projeto

O pão de cada dia Empreendimentos da cadeia do trigo na Bahia recebem apoio do Sebrae pelo Projeto Setorial de Panificação De fato, o brasileiro tem o pão como um dos principais itens do café da manhã. A pesquisa do Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria (ITPC) confirma este comportamento, revelando que o setor de panificação e confeitaria alcançou, em 2014, um faturamento de R$ 82,5 bilhões, no país, corresponden-

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do a um crescimento de 8,02%. Deste total, uma grande fatia (96,3%) é integrada por micro e pequenas empresas, conforme Estudos de Tendências – Perspectivas, realizado pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Padaria (ABIP) - 2009/2017.

A Bahia contribui com o mercado com 1.262 micro e pequenas empresas formalizadas em seus principais municípios, responsáveis pela crescente geração de emprego e renda. E é neste cenário que a Coordenação de Indústria do Sebrae Bahia desenvolve o Projeto Setorial de Panifica-


ção e Confeitaria nos municípios de Feira de Santana, Barreiras, Ilhéus, Jacobina, Juazeiro, Santo Antônio de Jesus, Irecê, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista, além de Salvador e Região Metropolitana. O apoio técnico aos donos dos empreendimentos envolvidos no projeto tem provocado mudanças significativas em seus empreendimentos, fundamentais para a qualificação do serviço e o combate ao desperdício, principais entraves do crescimento. “Iniciamos o mapeamento das empresas nestas cidades, fizemos um diagnóstico de cada uma delas, levantamos as potencialidades e necessidades e construímos para cada uma planos de ação específicos”, destaca a coordenadora de Indústria do Sebrae Bahia, Elane Fróes. De acordo com a gestora, o projeto sinaliza para o desenvolvimento da qualidade, produtividade e sustentabilidade do segmento da panificação, com foco na inovação, saúde e segurança alimentar, em busca do aumento de vendas e fidelização de clientes. Em suas ações estratégicas, o projeto conta com o Programa de Apoio à Panificação (Propan Pleno). A iniciativa, criada pela ABIP e fruto da parceria entre Sebrae e o ITPC, conquistou os empresários baianos. O seu conteúdo programático é disseminado em sistemas de treinamentos e consultoria especializada, com abordagem de assuntos relevantes à sobrevivência do negócio, como eliminação do desperdício, hoje responsável pela perda do faturamento em 12%, padronização dos processos de produção, melhoria da qualidade de atendimento,

aperfeiçoamento dos produtos e otimização das vendas. Quem bem sabe disso é o empresário Eduardo Souza Dias, dono da Padaria Pão Bom, no centro de Teixeira de Freitas, sul da Bahia. Como integrante do projeto desde 2014 e com entrada no Propan este ano, o empresário comemora os resultados das ações recomendadas, sobretudo nas vendas. “A gente já tinha pensado em aderir ao Propan por conta própria, mas o Sebrae providenciou isso”, conta ele com entusiasmo, apontando o setor financeiro como o que mais avançou na sua empresa com a adoção das medidas inovadoras, favorecendo o aumento de 10% no faturamento dos negócios, nos últimos seis meses. “Passei a planejar e controlar melhor as finanças, a aplicar preços diferenciados”, salienta o empresário, lembrando que passou a fazer o controle de estoque, reduzindo o desperdício, e a ofertar uma maior variedade de produtos, impulsionando as vendas. Outras medidas simples foram aplicadas na Pão Bom, rompendo padrões de gestão dos negócios, mantidos há pelo menos 22 anos. “As ações foram funcionais e não demandaram altos recursos financeiros, conduzindo à redução de desperdícios, como fazer o recheio de salgados por peso e não por unidade”, acrescentou. Na estrutura da loja, o empresário elevou o telhado e instalou uma telha termoestática para combater a alta temperatura do ambiente da cozinha, preservar a qualidade dos produtos e contribuir para o bem estar dos colaboradores. “A cada módulo, percebia uma série de mudanças que precisava fazer. O programa me abriu

os olhos para muitos aspectos. Agora tenho uma visão moderna e já posso começar a planejar os próximos passos para enfrentar o mercado mais preparado”, disse o empresário, lembrando o treinamento que o programa propiciou aos oito funcionários do balcão, que refletiu na melhoria do atendimento.

Inovação em família O Propan também deu asas aos planos do estudante de administração de empresas, Rodrigo Almeida Carvalho, que gerencia a Filadélfia, padaria da família, localizada em Trancoso, Porto Seguro. Ele pensava em investir nas intervenções que contemplassem toda a cadeia do negócio – atendimento, produção, organização dos custos, despesas e investimentos. “Uma empresa familiar tende a ficar defasada com a sequência de anos sob a mesma visão. Eu queria inovar, melhorar a padaria para o cliente e também aumentar a rentabilidade”, argumenta o empresário que integrou o programa em janeiro deste ano. O desperdício foi um ponto que mereceu atenção de Rodrigo, com identificação de fontes que ocasionavam prejuízos. Optou por uma variedade de estoque da mercadoria, em detrimento a produtos mais caros, que funcionavam como chamariz. “No primeiro módulo já identifiquei alguns gargalos, como prejuízos com sobras e desperdício de matéria prima, e percebi que muita coisa precisava ser melhorada”, finalizou. Atualmente, Rodrigo está trabalhando em um projeto de reforma

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e ampliação da padaria, a fim de otimizar o atendimento e promover mais conforto e qualidade para o cliente. A previsão é que obra seja concluída até o ano que vem. “O programa é excelente! Acabou com meu ‘achismo’, agora tenho mais controle dos meus resultados e, com isso, posso tomar decisões mais assertivas. Ainda tenho muito para inovar, quero modernizar o negócio e aumentar a lucratividade”, concluiu. Para o gerente regional do Sebrae em Teixeira de Freitas, Alex Brito, os dois exemplos ilustram as atitudes reflexivas dos empresários sobre seus negócios para a tomada de decisões acertadas, de acordo com a realidade do empreendimento, provocadas pelo Projeto Setorial de Panificação

e intensificadas pelo Propan. “O trabalho estimula um aprofundamento sobre o segmento, desde a produção de alimentos até a aquisição de equipamentos e reformas estruturais que aumentam consideravelmente as chances de sucesso no mercado”, salientou Alex.

Propan desperta consciência do empresariado Para o empresário Fred Cosme Santana, dono da Delicatessen Buona Massa, no município Coração de Maria, no Centro Norte da Bahia, o Propan despertou a consciência do empresariado da sua região, tirando-o da zona de conforto. Ele aderiu ao programa em 2014 e aprendeu a adotar

medidas simples para conter o desperdício e aumentar em 12% o faturamento do negócio. Uma das ações imediatas foi o controle unificado do estoque, permitindo uma melhor gestão dos produtos. “O Propan nos ensina a aproveitar o que temos de forma eficiente. Sem falar na gestão empresarial que mudou completamente, pois eu nunca havia participado de qualquer treinamento”, diz. Com o final do programa e já sentindo a evolução e o diferencial no seu negócio, não pôs fim à sua parceria com o Sebrae. “Sinto que o Propan foi apenas o pontapé para que eu cresça cada vez mais, como gestor”, complementou, informando que já participou do Seminário Empretec e também do curso de Gestão Financeira, e vai participar do Sebraetec.

Padarias ainda podem participar Resultado do convênio entre Sebrae, ITPC e ABIP, o projeto Setorial de Panificação reúne ações de capacitação e consultoria, essenciais para o fortalecimento da gestão dos negócio, qualificação de serviços e produtos e criação de ambientes de negócios competitivos para a conquista e manutenção de mercados. A ação reúne grupos de empresas que são devidamente mapeadas e diagnosticadas. A depender de cada perfil, os empresários participam de consultorias, capacitações e missões empresariais, que contemplam soluções de saúde e segurança do trabalho, boas práticas de fabricação e eficiência energética. “Os grupos não estão fechados. Os empreendimentos que desejam aderir ao projeto devem entrar em contato com o Sebrae da sua região”, explica a coordenadora de Indústria do Sebrae Bahia, Elane Fróes, acrescentando que o planejamento da instituição prevê a implantação de 10 projetos de Panificação e Massas Alimentícias em Feira de Santana, Barreiras, Ilhéus,Jacobina, Juazeiro, Santo Antônio de Jesus, Irecê, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista, além do Projeto de Encadeamento Produtivo Moinho Dias Branco na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Propan Pleno O Programa de Apoio à Panificação (Propan Pleno) é fruto da parceria entre o Sebrae e a Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Abip) e está inserido na área de tecnologia e inovação do Projeto Setorial de Panificação. Apresenta-se num formato integral, dividido em sete módulos, para serem trabalhados num período de quatro meses. Atende de forma coletiva e personalizada o empresário, com abordagens de diversos aspectos dos setores de produção, gestão de pessoas e marketing. O programa é subsidiado em 80% pelo Sebrae, restando apenas 20% para empresário. Para o técnico do Sebrae Feira de Santana, Luiz Eduardo Xavier, “o fato de ter a instituição financiando parte do programa atrai muitos participantes. Muita gente tem vontade, mas não tem o dinheiro para custear”.

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Fotos: BRUNA PIRES

AGRONEGÓCIO

A partir de consultoria, o empresário Raimundo Primo Macêdo aprimorou o processo da produção da cachaça e já planeja exportação

Sebraetec leva qualidade à Cachaça Limoeiro Mudanças na produção da bebida e no visual da marca ampliam a competitividade do empreendimento Desde que o produtor Raimundo Primo Macêdo, da Cachaça Limoeiro, começou a receber consultorias do Programa Sebraetec, em 2013, ele fez melhorias na estrutura do ne-

gócio e na elaboração da bebida, a partir do subsídio de 80% nos custos, dado pelo Sebrae. A Fazenda Limoeiro, que fica em Várzea da Cruz, município de Feira da Mata, Oeste

da Bahia, recebeu a primeira ação do programa por meio das consultorias para confecção e registro de marca junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

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A etapa seguinte contemplou o processo de aprimoramento na produção da cachaça, que contou com o auxílio do consultor do Sebrae Nacional e credenciado do Sebraetec, o professor Rogélio Brandão. Através da empresa Cerlev - Projetos e Inovação na Biotecnologia da Fermentação, uma parte das leveduras utilizadas na fermentação da Cachaça Limoeiro foram modificadas em laboratório e reintroduzidas no processo produtivo. “Com isso, a produção de cachaça passou a ser feita de forma padronizada, em virtude do uso dessa levedura. E, como ela somente existe na região, podemos dizer que a Cachaça Limoeiro tem DNA próprio”, detalha Rogélio, que também instalou um processo de multiplicação de leveduras na unidade de produção, a fim de permitir a reposição constante no processo de produção. Além da introdução de procedimentos operacionais que garantem uma cachaça de elevado padrão, houve o curso de formação de mestres alambiqueiros, orientando os colaboradores sobre os vários aspectos da produção que influenciam na qualidade do produto final. Em 2014, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), no âmbito do Sebraetec, orientou as ações para obtenção do licenciamento ambiental, de forma a atender às exigências legais relacionadas a efluentes, resíduos sólidos e emissões atmosféricas; e ainda a regularização rural do negócio, acompanhando todo o processo do Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR), conhecido na Bahia como Cadastro Ambien-

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Melhoramento da produção garante diferencial de sabor, aroma, e buquê da Cachaça Limoeiro


tal Rural (CAR), obrigatório junto ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA). O engenheiro ambiental e consultor no Senai Cimatec, Pedro Pozzi, acompanhou a atividade e explica que a primeira frente de trabalho foi baseada no levantamento de dados secundários, como possíveis Áreas de Preservação Permanente (APP) e Unidades de Conservação, Vegetação, além de fases do processo produtivo. “A segunda etapa foi pautada no levantamento de dados na Fazenda Limoeiro, confirmando aqueles obtidos a partir de fontes secundárias e avaliando os impactos ambientais associados à produção da cachaça e a plantação da cana”, revela Pedro, destacando que foram 120 horas de trabalho em uma equipe multidisciplinar com vários profissionais. O engenheiro explica ainda que, a partir da documentação formalizada, “o empreendedor passa a ter maior visibilidade no cenário nacional e internacional, além de ter acesso às linhas de financiamento para expandir seus negócios”.

“Tivemos melhoramento da nossa produção após a seleção de leveduras, além de adequar todo processo do plantio, equipamentos e colaboradores a um padrão. Isso nos confere uma qualidade que chamo de DNA da cachaça, com um grande diferencial de sabor, aroma e buquê” Há quinze anos no mercado de destilados da cana-de-açúcar, Raimundo conta que desde a parceria com o Sebrae que a bebida vem ganhando potencial competitivo no mercado. “Tivemos melhoramento da nossa produção após a seleção de leveduras, além de adequar todo processo do plantio, equipamentos e colaboradores a um padrão. Isso nos confere uma qualidade que chamo de DNA da cachaça, com um grande diferen-

cial de sabor, aroma e buquê”, comemora o produtor. As mudanças impulsionaram a empresa na busca pelo mercado internacional, através da participação em eventos como a Exposição Comercial Internacional do Panamá (Feira Expocomer), em abril de 2013, pela Missão Empresarial do Sebrae. “No evento, a mercadoria foi selecionada por importadores da Alemanha e Itália e já temos negociações e contatos em andamento”, revela. A proteção da propriedade industrial, feita pelo Programa, dá à Cachaça Limoeiro a condição para atender aos pré-requisitos exigidos para exportação, como explica o gerente do Sebrae no Oeste da Bahia, Emerson Cardoso. “Para a venda ao exterior, estamos auxiliando o empresário na confecção de uma nova marca que traduza uma identidade geográfica da Bahia e do Rio São Francisco. Um produto diferenciado com garrafas e design especiais que qualifiquem o produto a ser consumido”, detalha o gerente.

Como participar do Sebraetec O Sebraetec atua em sete áreas de conhecimento da inovação: Design; Produtividade; Propriedade intelectual; Qualidade; Inovação; Sustentabilidade e Tecnologia da Informação e Comunicação. Para saber mais ou participar, basta acessar o link do programa (bit.ly/1HrPrhw) ou ligar na Central de Relacionamento do Sebrae (0800 570 0800). É possível ainda ir até um dos pontos de atendimento do Sebrae da cidade com identidade e número do CNPJ da empresa. Durante o atendimento, o empreendedor explicará em quais dos sete pontos quer inovar, e o Sebrae aciona um dos prestadores de serviços tecnológicos cadastrados para viabilizar o processo na empresa. Além do subsídio de até 80% do investimento, o empresário recebe acompanhamento que assegura os melhores resultados

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Fotos: JOÃO ALVAREZ

PRINCIPAL MOVIMENTO CPN

Movimento Compre do Pequeno Negócio mobiliza mais de 7,5 mil empresas baianas. A Bahia foi o estado que mais procurou pequenas empresas no dia 05 de outubro

Pequenos notáveis Movimento nacional desperta nos consumidores a consciência do poder transformador que há em comprar dos pequenos empreendimentos 22

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No salão de beleza de Gerusa Menezzes, no bairro do Curuzu, a relação de intimidade com o cliente vem de mais de 10 anos. Eles são homens e mulheres que encontraram nas mãos da profissional e de sua equipe a confiança necessária para arriscar um novo penteado. Pelas paredes, em meio a fotos de clientes e suas tranças, é possível ver produtos específicos para o tratamento do cabelo afro, que muitas vezes são comprados, mas não saem do salão: os donos preferem deixar o material, identificado com os seus nomes, para a próxima visita. “Eles se sen-

tem à vontade aqui. Alguns chegam às 9h, vão ficando e saem às 22h. Meus clientes são uma família”, orgulha-se a cabeleireira, que durante o Carnaval costuma dormir no salão para atender os seguidores do bloco do Ilê Aiyê, que batem à porta a partir das 3 horas da manhã. E se os clientes ficam o dia inteiro no salão - pelo ambiente agradável ou por serviços mais longos, que podem chegar a 5 horas de duração, no caso de tranças jamaicanas - surgem oportunidades para outros pequenos negócios. Gerusa conta que uma empreendedora local, de

uma pizzaria, é sua parceira, e faz entregas no salão. Se a cliente que se arruma em um Dia de Noiva tiver problemas com uma linha fora do lugar no vestido, não há pânico: uma costureira dos arredores é chamada para o reparo. E se a surpresa de última hora acontece com o calçado, o sapateiro do bairro está a postos para atender. “É importante que essa maneira de trabalhar se prolifere, que um ajude o outro, ofereça um serviço bom e com mão de obra de qualidade”, defende Gerusa, que aprendeu técnicas em um curso de vendas do Sebrae. “Temos que fa-

“Temos que fazer pelo cliente como se fizéssemos por nós mesmos”, diz Gerusa, dona de salão de beleza no bairro do Curuzu

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“É como se tivesse um pai que está ali falando: compre do meu filho. É muito bacana que tenha alguém levantando a nossa bandeira e pedindo atenção”, comemora Patric, startup Maqhin Soluções Tecnológicas

zer pelo cliente como se fizéssemos por nós mesmos”. Toda essa movimentação entre empreendedores do Curuzu, trançada a partir das mãos da cabeleireira, ilustra como os pequenos negócios fazem o dinheiro circular

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no bairro, fortalecendo a economia local. E fomentar esse desenvolvimento é um dos objetivos do Movimento Compre do Pequeno Negócio, lançado pelo Sebrae Nacional para despertar nos consumidores a consciência do poder transforma-

dor que há em comprar dos pequenos empreendimentos. “O movimento quer lembrar à nossa sociedade que, ao comprar do pequeno negócio, estamos valorizando a economia regional e gerando emprego”, reforça Adhvan Furtado,


superintendente do Sebrae Bahia. A observação de Adhvan faz coro aos números referentes à participação das empresas de micro e pequeno porte na economia brasileira. No país, o segmento representa 95% do tecido empresarial, e gera 52% dos empregos com carteira assinada. Apenas em território baiano, os microempreendedores individuais (MEI) e as micro e pequenas empresas (MPE) somam mais de 605 mil negócios, que faturam até R$ 3,6 milhões por ano. E os clientes desses estabelecimentos garantiram que no último dia 5 de outubro, data marco do movimento e também o Dia da Micro e Pequena Empresa, o estado tenha sido o que mais procurou o pequeno negócio. Cerca de 5 milhões de baianos afirmaram ter comprado em estabelecimentos do segmento na data. O montante representa 42% dos consumidores acima de 14 anos ouvidos no estado, em pesquisa do Sebrae Nacional. O número mostra uma larga vantagem da intimidade entre consumidores e pequenos negócios baianos em relação a outros estados: na sequência vêm São Paulo (35%), Rio Grande do Sul (33%) e Rio de Janeiro (32%). No site da iniciativa, www.compredopequeno.com.br, estabelecimentos como o de Gerusa podem ser encontrados, por geolocalização, pelos consumidores que buscarem pequenos negócios perto de casa ou do trabalho. Já as empresas que se cadastram têm acesso gratuito a um gerador de campanha digital, no qual podem ser criadas peças de comunicação. No início de outubro, já eram mais de 7,5 mil empreendimentos baianos cadastrados na pá-

5 milhões de baianos compraram de Pequenos Negócios no dia 5 de outubro.

gina, abraçando o movimento. Para Adhvan, a mobilização pode ajudar o Brasil a vencer os atuais desafios econômicos. “Em tempos de crise, é justamente o pequeno negócio que mantém a economia seguindo em frente”, afirma.

Pequeno também compra do pequeno Engana-se, no entanto, quem pensa que apenas os tradicionais mercadinhos de bairro integram o perfil dos empresários que aderiram ao movimento. Imersos no mundo digital do Parque Tecnológico da Bahia, os jovens empreendedores Patric Piton, Rafael Câmara e Luciano Navarro, que comandam a startup Maqhin Soluções Tecnológicas, também comemoraram o lançamento do Compre do Pequeno Negócio. O trio espera estreitar a relação com os seus clientes, que, segundo Rafael, são em sua maioria outros pequenos empreendimentos baianos, para quem desenvolvem aplicativos para smartphones e tablets, entre outros serviços. “É como se tivesse um pai que está ali falando: compre do meu filho. É muito bacana que tenha alguém levantando a nossa bandeira e pedindo atenção”, afirma Patric. “Acreditamos que esta é uma oportunidade

de conhecer mais pessoas e empresas, além de abrir mercado”, conta o empreendedor, que já conseguiu conhecer novos parceiros e clientes em outras iniciativas do Sebrae, como em Rodadas de Negócios e na Feira do Empreendedor. A relação “de pequeno para pequeno” vivida pela Maqhin vem desde os primeiros trabalhos realizados, entre eles um cardápio virtual desenvolvido para um restaurante de Salvador. E apesar da área de atuação completamente diferente da mercearia do bairro, em que o dono conhece os clientes pelo nome, eles garantem que a empresa busca manter esse diferencial. “Quando você compra do pequeno, cria uma intimidade com a empresa. Por mais que a gente tenha um mundo cada vez mais tecnológico, gostamos dessa relação íntima e de confiança”, defende Patric. Nascida em 2009, na incubadora de empresas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a partir da ideia dos então estudantes universitários, hoje a empresa já conta com 11 colaboradores e um maior leque de serviços de comunicação, incluindo as esferas de marketing, design e redes sociais. Os sócios contam que a efervescência de ideias no escritório é tão grande que rendeu frutos. Da Maqhin, nasceu uma segunda empresa, a MH2, voltada para projetos de engenharia e arquitetura. A diversificação dos serviços oferecidos, implementada em 2014, permitiu que a empresa enfrentasse o momento de desafios econômicos do mercado com mais tranquilidade. “Nós nos antecipamos à crise, e estamos conseguindo atender me-

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“Todo mundo pode vender pão, mas este é o nosso diferencial: temos qualidade. Nós nos reinventamos, mas sem sair da nossa essência”, Maria Clara, sócia da padaria Favorita

lhor essas pequenas empresas”, explica Patric, que acredita que o fortalecimento do segmento deve passar pela capacitação. “Boa parte dos nossos clientes passou pelo Sebrae, acredito que quem tem essa experiência é mais propenso à inovação e à competitividade”.

Inovação para conquistar, capacitação para desenvolver E é possível inovar e superar expectativas mesmo depois de muitas

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décadas de trabalho. Prova disso é a padaria Favorita, que desde 1952 funciona sob o comando da mesma família no bairro do Campo Grande, em Salvador. O pão de cada manhã já tem os seus clientes fiéis há anos, mas Maria Clara e Sandra Alban, que estão à frente da administração há cerca de dez anos, decidiram que era o momento de fazer algo novo. A antiga padaria continua a atender os clientes do bairro, mas desde dezembro de 2014 o público passou a contar também com o Empório Favorita, uma loja em estilo delicatessen no Mercado do Rio Vermelho, a antiga

Ceasinha. No espaço, inspirado em uma padaria belga, a dupla de empresárias decidiu investir em um público novo e em produtos diferenciados. Se na loja mais antiga o carro-chefe é o pãozinho de sal, no Empório Favorita, quem conquista o cliente são os pães rústicos e artesanais. “Hoje as pessoas querem produtos naturais, com fibras, querem qualidade de vida”, destaca Sandra. “Todo mundo pode vender pão, mas este é o nosso diferencial: temos qualidade. Nós nos reinventamos, mas sem sair da nossa essência”, reforça a sócia, Maria Clara. O local


escolhido para a nova loja, aliás, é um convite ao consumo do pequeno negócio. “Aqui vende tudo que tem em um supermercado, mas com qualidade e variedade muito maiores”, destaca Maria Clara, elogiando o resultado da reforma do Mercado do Rio Vermelho. Mas se as escolhas para a novidade foram acertadas, não foi obra do acaso. Sandra e Maria Clara elencam uma série de capacitações a que recorreram para desenvolver as duas lojas, como consultorias de marketing, a implantação de manual de boas práticas e o curso 5 Menos Que São Mais, do Sebrae, para organizar a produção e evitar desperdícios. “Não adianta querer abrir as portas, criar uma expectativa com a marca e o cliente se frustrar”, lembra Sandra. As diversas capacitações não são restritas à gestão do negócio.

“Por mais que a gente tenha um mundo cada vez mais tecnológico, gostamos dessa relação íntima e de confiança”

São com os colaboradores que elas contam para mostrar a qualidade dos produtos. Pensando nisso,

trouxeram

recentemente

um padeiro francês para ensinar novas técnicas à equipe, que já oferece produto novos, como uma baguete desenvolvida a partir do treinamento.

O resultado do cuidado com o preparo dos colaboradores acaba inspirando os funcionários que atuam nas duas lojas. Sandra e Maria Clara acabam de se despedir de um balconista da empresa, por um bom motivo. Com mais de 20 anos de casa, o empreendedorismo bateu à porta do colaborador, que decidiu ser dono de uma pequena padaria no seu bairro, em Sussuarana. “Digo que ele deixa de ser funcionário e passa a ser nosso parceiro”, conta Maria Clara, que lembra que o desenvolvimento do segmento é positivo para o empresário, o cliente e - como defende o Movimento Compre do Pequeno Negócio – a cidade inteira. O pensamento da empresária reforça, como bem mostrou o salão de Gerusa no início desta matéria, que o pequeno negócio não é só de seu dono - ele é de todos.

Cinco razões para comprar do pequeno negócio

1

É perto da sua casa

2

É responsável por 52% dos empregos formais

3

O dinheiro fica no seu bairro

4

O pequeno negócio desenvolve a comunidade

5

Comprar do pequeno negócio é um ato transformador

Semana de Capacitação Empresarial Dentro da programação do Movimento Compre do Pequeno Negócio, foi realizada a Semana de Capacitação Empresarial, de 21 a 26 de setembro. Durante a ação, que buscou capacitar e preparar os empresários baianos para receber os clientes que abraçarem o movimento, a Bahia atendeu mais de 2,3 mil empresas. A programação abrangeu assuntos diversos, como gestão de pessoas, vendas, economia, marketing, entre outros. “Quando pensamos nesta semana, o grande objetivo foi levar ao empresário participante informações técnicas que melhorem a gestão do negócio dele”, explica Rogério Teixeira, gerente regional do Sebrae Bahia em Salvador. “Por isso uma programação tão diversificada, para que ele pudesse elevar a competitividade em um momento econômico no qual a gestão eficiente e a inovação são diferenciais no mercado”.

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Foto: JOÃO ALVAREZ

EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

Aluno da Escola Municipal Hercília Tinôco Andrade, em Santo Antônio de Jesus, Caio Vinicius dos Santos, de 14 anos, aprendeu que o reaproveitamento do lixo pode virar negócio

Educação Empreendedora nas escolas contribui para a formação de estudantes A proposta inovadora do Sebrae leva aos jovens práticas que privilegiam o desenvolvimento de comportamentos empreendedores e incentiva a transformação em suas realidades O curso Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), desenvolvido pelo Sebrae, trouxe ao aluno Caio Vinicius dos Santos, de 14 anos, noções de empreendedorismo, trabalho em equipe e de autoadaptação a novas situações. Ele faz parte do Ensino Fundamental da Escola Municipal Hercília

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Tinôco Andrade, em Santo Antônio de Jesus, que aderiu gratuitamente à proposta pedagógica de criar uma nova experiência de aprendizado por meio de atividades lúdicas. “Com o JEPP, a gente desenvolveu atividades dentro e fora da sala de aula que sempre mostravam que é

possível mudar as coisas, transformar a realidade”, afirma o jovem, comentando sobre a atividade de Reciclagem de Lixo. Além de visitar o aterro sanitário da cidade, a turma de Caio realizou também uma pesquisa na comunidade sobre coleta seletiva e pessoas que sobrevivem dessa atividade.


Em equipe, os alunos realizaram a limpeza da escola, construíram vasos para coleta seletiva de resíduos utilizando vasilhames doados pela Empresa de Medicamentos Natulab e criaram uma rádio escolar comunitária, para divulgar lembretes sobre saúde e preservação do meio ambiente. O aprendizado do currículo escolar reflete na rotina, como garante Antonilda dos Santos, mãe de Caio. “Ele se tornou um menino mais dinâmico, mais esforçado, passou a ajudar ainda mais nas coisas de casa. Sempre que a professora passa um trabalho, ele tem mais ideias pra fazer”. A coordenadora pedagógica responsável pelo JEPP na Escola, Lígia Mota, explica que o início da ação se deu em 2014, quando o Sebrae e a Secretaria de Educação apresentaram a proposta pedagógica para a equipe gestora da escola. “A partir daí os professores foram convidados a conhecer como as atividades da solução educacional seriam desenvolvidas na escola, e sete professores foram capacitados durante três dias para aplicar o conteúdo em sala”, relembra. Ao todo, 195 alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental já foram beneficiados pelo JEPP na escola. Para a educadora, a formação empreendedora é apenas um dos aspectos positivos do curso. “A ação tem-se mostrado eficaz junto aos educandos para o desenvolvimento de atitudes como fortalecimento da autoestima, consumo consciente, comprometimento, persistência, desenvoltura, construção de metas e busca de novas informações”, destaca. Em Santo Antônio de Jesus, o JEEP teve início em 2013, com a capa-

citação de professores, feita pelo consultor do Sebrae Jean Marcos , e inserção em sala de aula já no ano seguinte. “Além de um aprendizado que servirá para a vida pessoal dos alunos, eles irão auxiliar até mesmo os pais que possuem um negócio”, acrescenta. Hoje, já são 11 escolas municipais envolvidas na ação. Em Juazeiro, a experiência com a educação empreendedora proposta pelo Sebrae está em curso na Escola Municipal Paulo VI desde agosto de 2014. No total, 1.243 alunos do 3º ao 8ª anos do Ensino Fundamental se beneficiaram com a prática. “A principal melhora em sala de aula foi uma motivação maior pela disciplina. Estudar empreendedorismo deixou de ser material para fazer avaliação e passou a ser conteúdo para vida, com real significado para nossos alunos”, revela uma das coordenadoras pedagógicas da escola, Clemilda Souza. Ela explica que a I Feira do Empreendedor foi planejada a partir do JEPP e que as turmas de alunos foram divididas por temáticas. Parte das tarefas dos alunos do 8º ano foi a produção de um painel fotográfico e uma maquete sobre uma proposta de revitalização de espaços sociais da cidade que se encontram desativados ou abandonados. O 6º ano com bijuterias produzidas a partir de sementes e ecopapelaria com confecção de porta lápis e outros com garrafas PET, caixas de papelão, palitos de picolé, entre outros. Aos alunos do 7º ano, coube o artesanato sustentável, com enfeites, luminárias e bolsas criados com palhas de coco, sementes e outros objetos descartáveis.

Como implantar o JEPP em seu município Para implantação do JEPP em um município é preciso que a Secretaria de Educação Municipal manifeste interesse, entrando em contato com a Unidade de Educação Empreendedora do Sebrae para mais informações sobre a apresentação de propostas para 2016. A partir daí, o município recebe a visita de consultores credenciados do Sebrae para formalização da parceria, por meio de Termo de Adesão que deverá ser assinado pelo representante legal do município. Serão realizadas ainda a Palestra de Sensibilização com os professores e a capacitação deles na metodologia, que depois será repassada aos alunos, com o acompanhamento do Sebrae. Na Bahia, o projeto piloto do JEPP teve início em 2013, quando capacitou 937 alunos. No ano seguinte, a solução foi incorporada ao Programa Nacional de Educação Empreendedora e atendeu a 12 mil jovens, como explica a gestora das Soluções para Educação Básica do Sebrae Bahia, Janaína Neves. “Esse ano, a nossa expectativa é alcançarmos 15 mil alunos e, para isso, já capacitamos 551 professores do Ensino Fundamental e, até o final do ano, esse número deverá chegar a 1.026”, destacou, frisando a presença da solução em 30 municípios, entre eles Juazeiro, Luís Eduardo Magalhães, Santo Antônio de Jesus, Pintadas e Maragogipe. Para saber mais sobre o JEPP, acesse: bit.ly/1GyuxXv, e para o Programa Nacional de Educação Empreendedora, bit.ly/1P3HKgG

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Fotos: MAURÍCIO MARON

MERCADO

“O Sebrae nos ofereceu a chance de sermos apresentados, de fato, ao mercado baiano”, Greice Costa, sócia da Amado Cacau

Participação em feiras abre oportunidade de vendas Empresária convidada pelo Sebrae fechou negócios na SuperBahia 30

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Reaberta no mês de julho, após passar por uma grande reforma, a tradicional loja “Tabuleiro”, localizada no Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães, ganhou nas prateleiras um sabor especial. Chocolates finos do Sul da Bahia, da marca Amado Cacau, agora estão em exposição na empresa, que tem clientes do Brasil e do exterior visitando as suas instalações todos os dias. “O Sebrae nos ofereceu essa oportunidade que é a chance de sermos apresentados, de fato, ao mercado baiano, principalmente na capital”, elogia a empresária Greice Costa, sócia da marca. A parceria foi possível graças a participação da Amado Cacau na SuperBahia 2015, 6ª Feira e Convenção Baiana de Supermercados, Atacados e Distribuidores, realizada em julho, na Arena Fonte Nova, em Salvador. A convite do Sebrae, a empresa e outras importantes marcas integradas ao Projeto Indústria Setorial Ilhéus - Derivados de Cacau participaram do evento, conheceram mercados, novas tecnologias e atuaram em rodadas de negócio. De acordo com o coordenador de Agronegócios, Edirlan Miranda, a SuperBahia sempre foi uma feira que proporcionou um ambiente favorável para prospecção de negócios e parcerias consistentes aos empreendimentos apoiados pelos projetos do Sebrae. “Nessa edição, ela atendeu bem as nossas expectativas e a dos empreendimentos apoiados, cumprindo com o papel de promover e proporcionar o acesso de canais de comercialização para as empresas das cadeias do agronegócio apoiadas pela instituição”, pontua.

3 dias de feira R$ 400 milhões

em negócios

12 mil pessoas Edirlan revela que no período da feira foram realizados em torno de 140 contatos, entre fornecedores e compradores do ramo varejista de alimentos, sendo que 43 desses com grande potencial para geração de negócios efetivos. Numa ação realizada pela Coordenação de Agronegócios, estabeleceu-se uma parceria com a empresária Angélica Munford, proprietária da loja “Tabuleiro”, para a exposição e comercialização de produtos considerados premium ou com alguma certificação, que sejam característicos da Bahia. Ela terá uma gôndola específica para os produtos dos empreendimentos apoiados pelo Sebrae Bahia. “É a primeira vez que participo da SuperBahia e não pouparei esforços para estar na próxima edição. Apesar do pouco tempo que tive na feira, pude perceber a qualidade dos produtos expostos e acabei aproveitando a oportunidade para abastecer minha loja com produtos genuinamente baianos e de comprovada qualidade. Encontrei no mesmo lugar o setor atacadista e varejista de Salvador e de outros estados. É o ambiente ideal para fazer negócios”, sinaliza Angélica, que tem uma loja no aeroporto há mais de 20 anos.

Oportunidade para empreendimentos rurais Realizada pela Associação Bahiana de Supermercados (Abase), em parceria com o Sindicato dos Supermercados e Atacados de Auto Serviço do Estado da Bahia (Sindsuper) e o Sebrae Bahia, o evento foi uma ótima oportunidade dos empreendimentos rurais comercializarem seus produtos junto ao setor atacadista e varejista de Salvador e de outros estados. No estande da instituição, os visitantes tiveram acesso a um showroom destinado à apresentação de produtos dos setores de agronegócio e indústria de alimentos, originários de várias regiões do estado, a exemplo de chocolates, cachaças e mel, produzidos por empresários participantes do Programa Sebraetec e de consultorias de Identidade Geográfica (IG).

Mais negócios na SuperBahia Durante os três dias de feira, R$ 400 milhões em negócios foram gerados e 12 mil pessoas circularam e puderam conhecer os 60 fornecedores da linha de alimentos e equipamentos. O Sebrae promoveu a Rodada de Negócios Itinerante, com visitas aos estandes dos participantes da feira e disponibilizando sala de reunião para incentivar contato entre empresários e fornecedores. De acordo com o superintendente da Associação Bahiana de Supermercados (Abase), Mauro Freire, a

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cada ano os números de negócios e de participantes aumentam,, além da frequência de supermercadistas, atacadistas, distribuidores e food service. “É uma feira que reúne as principais indústrias do nosso estado. E apesar da crise, o impacto para o setor é mínimo”. “É uma oportunidade para os empresários do Norte e Nordeste terem acesso ao que há de mais atual no setor em nível nacional

e internacional, tanto na área de alimentos como na de equipamentos”, disse o presidente da Abase, João Cláudio Nunes. Nos quatro primeiros meses de 2015, o segmento apresentou um crescimento de 0,5%, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE. Assim como a SuperBahia 2015, o Sebrae apoia uma série de eventos e feiras durante o ano, em todo o

Amado Cacau terá espaço na loja Tabuleiro, no aeroporto de Salvador

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estado, com a intenção de criar um ambiente ideal para que as micro e pequenas empresas possam se capacitar, trocar informações, consolidar parcerias e negócios. Entre estes eventos estão: exposições agropecuárias, encontro de varejo, feiras de negócios, simpósios sobre café, cacau, mandioca e outros produtos do agronegócio, eventos de inovação e tecnologia, encontro de turismo e feira cosmética.


JÁ CAPACITAMOS MAIS DE 200 MIL EMPREENDEDORES. OU, PARA VOCÊ, CONCORRENTES. O Empretec é uma capacitação desenvolvida por instituições ligadas à ONU - Organizações das Nações Unidas, que possibilita melhoria no desempenho empresarial para profissionais de cerca de 30 países. No Brasil, o Empretec é realizado exclusivamente pelo Sebrae, com ótimos resultados: contribui no preparo de metas e projetos dos negócios de 98% dos participantes e ajuda aumentar a renda das empresas em mais de 50%. ASSINATURA SEBRAE_ATUALIZADA.pdf

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08/08/14

13:50

Uma grande oportunidade para aumentar as suas chances de sucesso.


Foto: JOÃO ALVAREZ

ECONOMIA CRIATIVA

A partir de experiências internacionais, Sebrae apresenta alternativas de empreendimentos criativos e economicamente viáveis para empresários baianos

Empresas criativas alavancam economia local Reunindo casos de sucesso internacionais, Sebrae realiza Encontros Criativos para inspirar empreendedores baianos Que a Bahia é um celeiro criativo, ninguém duvida. Mas uma questão ronda a cabeça de muitos empreendedores: este potencial é capaz de transformar a economia das cidades baianas? Certo de uma resposta positiva, o Sebrae realiza mensalmente, em parceria com a Barcelona Media Ino-

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vação Brasil (BMi Brasil), os Encontros Criativos. Criado para fomentar o empreendedorismo no segmento da Economia Criativa (conheça mais no box informativo), o evento gratuito já reuniu mais de 800 pessoas em suas quatro primeiras edições, realizadas em Salvador e Ilhéus, e

se prepara para chegar à região do Recôncavo Baiano. Sempre trazendo a apresentação de casos de sucesso, já passaram pelos encontros relatos com a cara da Bahia, como a associação Pracatum, fundada por Carlinhos Brown, e o restaurante Casa de Tereza, da chef


“Um dos propósitos dos encontros é despertar a comunidade empresarial para a importância de sua participação no reposicionamento destas cidades vocacionalmente criativas” “Um dos propósitos dos encontros é despertar a comunidade empresarial para a importância de sua participação no reposicionamento destas cidades vocacionalmente criativas, atuando junto com a política pública local para esta transformação”, explica Luciana Santana, técnica da Coordenação de Turismo e Economia Criativa do Sebrae Bahia.

Luciana conta que, a partir dos encontros, já foi possível desdobrar algumas ações. Em Ilhéus, após o evento, o Sebrae e a prefeitura municipal fecharam parceria para representar a produção cultural, turística e agroindustrial local no Festival do Chocolate, em Óbidos (Portugal). Para Richard Alves, diretor geral da BMiBrasil, este intercâmbio de informações é fundamental para o crescimento baiano. “Acreditamos que, para criar nossas próprias soluções para os desafios do desenvolvimento, podemos nos inspirar tanto em experiências bem sucedidas quanto em possíveis erros cometidos em outros locais”, afirma. “Uma das premissas para que uma cidade favoreça o desenvolvimento da economia criativa é promover, além da conexão entre os próprios participantes, uma conexão com lideranças de outros países que estejam avançados na temática”. Foto: RAUL GOLINELLI

Tereza Paim. Mas é de longe que vêm exemplos do que pode ser feito com todo o potencial baiano, para transformar não somente a realidade de uma empresa, mas de cidades inteiras, impactando diretamente o desenvolvimento econômico local. São os casos das Indústrias Criativas de Buenos Aires, do Parque Tecnológico da vila portuguesa de Óbidos, e da transformação da cidade colombiana de Medellín, todos os três apresentados em edições do evento, por representantes de cada projeto. No exemplo argentino, as indústrias criativas já são responsáveis por mais de 8% do PIB da capital. Em Portugal, Óbidos abriga 60 empresas de pequeno e médio portes, a maioria da área de tecnologia da informação (TI). E a experiência de Medellín uniu esforços público e privado para mudar o dia a dia da cidade, reduzindo a criminalidade em mais de 93%.

Em outubro, participantes discutiram sobre a importância de valorizar a experiência vivida pelos visitantes dos espaços culturais. A convidada foi a gestora de Projetos de Cultura e Turismo da Fundação Barcelona Media, Mireia Mascarell.

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Parcerias públicoprivadas são opção para desenvolvimento Quem sonha em ver uma transformação como as apresentadas acontecer na Bahia é Daniela Fernandes, coordenadora do Laboratório Audiovisual, que trabalha o fomento ao audiovisual baiano e integra o projeto do setor do Sebrae Bahia, pelo qual já participou de rodadas de negócio e oficinas de capacitação. A empreendedora fez parte dos 200 inscritos no encontro em Salvador sobre o caso de Medellín, e acredita no potencial da troca de informações das parcerias público-privadas, vitoriosas no caso da cidade colombiana.

“Vemos que políticas realizadas de dentro do gabinete não têm funcionado”, afirma. “O governo tem que ouvir cada vez mais quem está no dia a dia do setor”, defende a empreendedora, que, para a realização anual do Nordeste.LAB, evento voltado para desenvolver a produção local audiovisual, conta com parceiros como o Sebrae, o Ministério da Cultura e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Formalizados há um ano, mas atuando no mercado há quatro, a empresa busca desenvolver atividades de formação nas áreas de produção executiva e distribuição de longas, curtas e seriados, para preencher uma lacuna identificada

no estado, combatendo os desafios do setor. Na edição dos Encontros Criativos, Daniela conseguiu enxergar a concretização de soluções possíveis para Salvador e outras cidades baianas. “Uma das dificuldades que temos no setor é que os equipamentos culturais estabeleçam uma dinâmica de diálogo com as comunidades locais. A experiência de Medellín mostra justamente isso”, analisa Daniela, ao lembrar os “parques-bibliotecas” instalados na periferia da ex-capital do tráfico e da violência. “Eles transformaram a realidade da cidade e acreditamos que haja um caminho para isso. Vemos esta realidade sendo possível para Salvador”.

Os Encontros Criativos Além dos casos de sucesso, os encontros aproximam os participantes dos produtos da economia criativa. “Buscamos associar o tema do encontro ao que temos de concreto, com uma amostra de empreendedores que tenham serviços ou produtos da economia criativa”, conta Hirlene Pereira, gestora do Projeto de Economia Criativa. No evento com o caso de Óbidos, por exemplo, a Associação das Rendeiras de Dias D’Ávila (Rendavan) mostrou peças criadas com a renda de bilros, artesanato que chegou ao Brasil a partir dos portugueses. Quando o tema foi Medellín, cidade que investiu em bibliotecas e tem em seu país a forte tradição do artesanato, o poeta Durray Carvalho levou ao encontro a declamação de poemas e o artesão Luis Santana mostrou, em tear de madeira, como desenvolve produtos tecendo fios de algodão e palha de oricuri.

O que é economia criativa? Quando se fala em economia, no senso comum, é normal que venham à cabeça números, gráficos e ternos com gravatas. Mas a imaginação segue na direção contrária quando o assunto é criatividade. Unindo esses dois mundos aparentemente opostos, a economia criativa mostra aos empreendedores que é possível desenvolver modelos de negócios ou gestão a partir de atividades, produtos ou serviços que nasceram do conhecimento, criatividade ou capital intelectual. No Sebrae, a economia criativa é trabalhada alinhada à proposta da Unesco, também adotada pelo Ministério da Cultura. O conceito abrange áreas como gastronomia, turismo, artesanato, audiovisual, moda e design, entre outras. Para estimular o segmento, a entidade realiza iniciativas de fomento a três tipos de desenvolvimento: setorial; territorial, valorizando a vocação de cada local; e transversal, levando componentes da economia criativa a outros segmentos e setores da economia.

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ENTREVISTA

Fotos: JOÃO ALVAREZ

“Cada região tem que encontrar suas próprias potencialidades para enfrentar os atuais desafios mundiais de desaceleração econômica”

Jorge Melguizo

Cidades Criativas Ex-secretário das pastas de Cultura Cidadã e Desenvolvimento Social de Medellín, Jorge Melguizo conta como a cidade colombiana deixou a fama de capital do tráfico para ser reconhecida como a mais inovadora do mundo. Com a experiência de quem atuou na transformação da cidade de Medellín, Jorge Melguizo foi o convidado da quarta edição dos Encontros Criativos. Pela primeira vez na Bahia, o ex-secretário compartilhou com empre-

endedores de Salvador, Lauro de Freitas e Ilhéus como os poderes público e privado se uniram neste desafio. O resultado das ações foi a redução da criminalidade em até 93,8%, o aumento da procura por turistas e um renascimento da cidade. Nesta entrevista, o consultor e conferecista internacional conta mais sobre essa inovação transformadora e também as suas impressões sobre as cidades baianas visitadas.

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Como essas ações educativas, culturais e sociais realizadas em Medellín influenciaram os pequenos negócios e a economia da cidade?

relação a outras regiões brasileiras? O que podem e devem fazer esses empreendedores para desenvolver o setor no estado?

Medellín é hoje a cidade com maior qualidade do país e a que atrai mais investimento estrangeiro. Atividades como o turismo têm sido incrementadas em mais de 400% (novos hotéis, restaurantes e incremento do comércio).

Não posso responder com certeza esta pergunta por meu desconhecimento das realidades da Bahia. Mas cada região tem que encontrar suas próprias potencialidades para enfrentar os atuais desafios mundiais de desaceleração econômica. O novo aproveitamento sustentável, racional e criativo dos recursos naturais e dos recursos humanos qualificados é o desafio de cada região. Em Medellín, este desafio se enfrenta hoje a partir do incentivo à qualidade educativa em todos os níveis: Educação Infantil, Educação Básica, Ensino Técnico, Ensino Tecnológico e Educação Superior, convencidos de que na qualidade humana e profissional de nossos habitantes está a chave real do desenvolvimento. Se tivermos boa qualidade educativa seremos capazes de qualquer coisa.

Qual foi o papel da chamada “economia criativa” no desenvolvimento de Medellín? Há um diferencial entre ela e a economia formal nessa transformação da sociedade? A economia da cidade, tradicionalmente baseada na indústria, tem se transformado em uma economia de serviços e a maior força das políticas públicas se concentra em incentivar o empreendedorismo. E tudo o que se enquadra nessa ampla categoria de economias criativas é fundamental hoje na geração de novos postos de trabalho: design, inovação social e inovação tecnológica, criação, novos negócios e projetos culturais.

No Brasil, a economia criativa vem se desenvolvendo seguindo a lógica da economia formal, concentrada sobretudo nos estados do Sudeste. Eles são os primeiros colocados no ranking nacional em número de empresas e trabalhadores formais (349 mil – SP e 107 mil – RJ) da economia criativa (segundo IBGE). Em sua opinião, como a Bahia pode diminuir esta desigualdade em 38

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“O novo aproveitamento sustentável, racional e criativo dos recursos naturais e dos recursos humanos qualificados é o desafio de cada região”

Com base na experiência de Medellín, qual é o maior obstáculo a ser ultrapassado para o desenvolvimento inovador de uma cidade? A corrupção política e institucional, alimentada pela corrupção empresarial e industrial. Esse é o maior obstáculo para o desenvolvimento de uma sociedade. E essa corrupção se combate, principalmente, de três maneiras: com uma política pública de transparência, com o fortalecimento das instituições públicas e com o fortalecimento do controle cidadão. Uma cidadania ativa, dinâmica e comprometida com o público é o melhor controle para evitar a corrupção e a deterioração do público.


“Nossas crises profundas têm levado à construção de grandes saídas inovadoras” SEBRAE BAHIA

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Qual é a relação entre a inovação de uma cidade e a desigualdade social? Seria correto dizer que uma cidade inovadora é uma cidade menos desigual? Por quê? Medellín foi qualificada em 2013 como “A cidade mais inovadora do mundo” (concurso internacional no qual participaram 250 cidades, como Tel Aviv e Nova York), mas hoje é ainda uma das cidades com maior desigualdade da Colômbia e do continente. A busca da equidade é hoje o maior desafio, pois já temos resultados importantes na superação da pobreza.

Uma cidadania ativa, dinâmica e comprometida com o público é o melhor controle para evitar a corrupção e a deterioração do público.

Entre 2002 e 2008, a Colômbia cresceu 15,5% ao ano nas exportações de bens criativos e o Brasil somente 5%. O Brasil tem um reconhecido potencial cultural a ser trabalhado, e cada uma de suas regiões também tem um arsenal cultural bastante vasto. Quais foram as ações realizadas na Colômbia para este resultado e como podemos trilhar o caminho de exportação de bens culturais? (Dados da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Não conhecia esses dados comparativos. A Colômbia é um país estranho, pois em meio a um histórico con-

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flito guerrilheiro (desde princípios dos anos 60) e com a presença de um narcotráfico violento há 40 anos, tem crescido e está avançando. Alguns lançam a hipótese de que, precisamente, nossas crises profundas têm levado à construção das grandes saídas inovadoras. Creio que o que está ocorrendo é que muitas regiões se converteram em verdadeiros laboratórios sociais e culturais e os resultados começam a aparecer. Um exemplo: Artesanatos de Colômbia, entidade de caráter público, é um exemplo mundial há mais de 20 anos no estímulo do artesanato como atividade econômica importante. Formação, cuidado de matérias primas, novos designs, rede de comercialização, internacionalização e, especialmente, máxima qualidade (mestres artesãos em todo o país) se converteram em marca.

Qual foi a sua impressão sobre a Bahia nesta primeira visita ao estado, às cidades de Lauro de Freitas, Salvador e Ilhéus? Qual mensagem deixaria aos empreendedores baianos? Minhas impressões destas três cidades estão marcadas pela rapidez com que as percorri e com o pouco que pude me aprofundar em suas realidades. Em Lauro de Freitas, me impressionou a diferença brutal entre uma região e outra da cidade: um contraste urbano tremendo, que geram contrastes sociais mais graves. Em Salvador, me impressionou sua beleza física, como cidade, mas ao mesmo tempo certo caos urbano. Me encantou a avenida da orla, em especial pelo recente trabalho do calçadão para pedestres. Dar prioridade ao pedestre sobre o automóvel sempre será uma medida excelente, ainda que gere controvérsias. Em Ilhéus me chamou a atenção algo que dá má impressão: a imagem na internet é melhor que na realidade, pelo descuido com as ruas, com as calçadas, com as edificações, inclusive com as históricas. Não pude conhecer a maravilhosa paisagem natural que a rodeia. Nas três cidades, em contraste, o melhor que vi é a sua gente: o desejo, os sonhos, as realizações apesar das dificuldades e das incertezas atuais. E esse é, sem dúvida, o principal capital de qualquer região: sua gente.


“E esse é, sem dúvida, o principal capital de qualquer região: sua gente” SEBRAE BAHIA

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Foto: MAURÍCIO MARON

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL

A loja das irmãs Gilvana e Joelma Santos de Souza oferece aluguel de vestidos para noivas e festas, com peças variam de R$ 180 a R$ 1,8 mil a diária

Irmãs empreendedoras ajudam noivas a realizar sonho do altar Após formalização com auxílio do Sebrae, irmãs apostam no diferencial e na capacitação em busca do sucesso SEBRAE BAHIA

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O dinheiro não compra a felicidade do futuro casal, mas pode ajudar muito na hora de bancar uma linda festa de casamento. Entre os itens mais caros está o vestido da noiva, se a peça é nova e exclusiva. Para quem não tem orçamento neste perfil, as irmãs Gilvana e Joelma Santos de Souza, em Ilhéus, têm a solução na medida para tornar o sonho do altar uma realidade mais em conta. Formalizadas como Microempreendedoras Individuais (MEI) com ajuda do Sebrae, elas alugam vestidos para noivas e festas. “Nossas peças variam de R$ 180 a R$ 1,8 mil a diária, acompanhando o poder aquisitivo do cliente”, afirma Joelma. Seguindo orientação do Sebrae, as irmãs apostam em seu diferencial e na capacitação em busca do sucesso. “Em um mercado em crise e tão competitivo, o MEI com maior qualificação tende a se sobressair, aproveitando melhor as oportunidades e criando alternativas para se desenvolver e se manter no mercado”, explica o técnico do Sebrae, Michel Lima. A loja das irmãs empreendedoras fica em área nobre do comércio de Ilhéus. O espaço tem mais de 200 itens em exposição entre vestidos de noiva, ternos para noivos, vestidos para damas, roupas e acessórios para debutantes e convidados. A média é de 100 clientes por mês. O pagamento do aluguel da roupa é feito no ato da entrega da peça, em dinheiro ou dividido em até quatro vezes no cartão de crédito. O sucesso é fruto de muito trabalho das duas irmãs. Além do aluguel das roupas, elas mantêm

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um ateliê, onde as peças são ajustadas de acordo com o manequim do cliente. “Tem dias que a gente fica modelando peças, recuperando roupas até três da manhã, mas vale a pena”, revela Joelma. “Uma cliente gostou da roupa e tivemos que transformar, numa madrugada, um vestido tamanho M em GG, para garantir a satisfação dela”, lembra.

Inspiração A trajetória das irmãs em direção ao próprio negócio começou há cerca de sete anos, quando ainda trabalhavam como vendedoras no comércio. Houve caso em que, uma cliente afirmou ter tido uma intuição sobre o potencial de uma das jovens, através de um sonho e estimulou-a a investir em seu próprio projeto. Depois disso, durante várias noites, Gilvana sonhou com vestidos de noiva. “Eu pressenti que o caminho era esse”, lembra. Isso foi o bastante para uma guinada na vida. Evangélica, ela entendeu os sonhos como uma mensagem dos céus. Pediu férias e viajou para São Paulo em busca de inspiração para um novo negócio. O dinheiro para compra de mercadorias veio de um primo que a surpreendeu com a oferta de um empréstimo. Gilvana confessa que, inicialmente, ficou com medo: “Imagina, eu ganhava um salário mínimo, tinha medo de não conseguir pagar o empréstimo”. Dividido em quatro parcelas, o dinheiro permitiu a compra de quatro peças de roupas de festas. E assim começou o próprio negócio,

informalmente. Com as primeiras peças e os primeiros clientes, Gilvana passou a acreditar no investimento. Deixou de atender em casa e alugou uma pequena sala numa galeria pouco movimentada do centro de Ilhéus. Chamou a irmã Joelma, que ainda trabalhava no comércio, para ajudá-la. A nova loja, atualmente, com direito a vitrine, em área nobre, é a concretização dos sonhos. O próximo passo é poder adquirir um ponto próprio. “O aluguel é sempre uma despesa, não?”, reflete.

Passos para a formalização A exemplo das duas irmãs empreendedoras, quem deseja se formalizar como Microempreendedor Individual (MEI) para crescer, pode procurar o Ponto de Atendimento do Sebrae ou o Balcão do Empreendedor em sua cidade ou ainda acessar o site do portal do empreendedor no endereço www. portaldoempreendedor.gov.br. O processo é simples, rápido e fácil. Basta preencher o formulário com dados cadastrais e em caso de dúvidas, sobre o programa ou o formulário, entrar em contato com a Central de Relacionamento do Sebrae (0800 570 0800). Informações podem ser obtidas no Ponto de Atendimento do Sebrae em Itabuna (rua Paulino Vieira, 175, Edf. Lizete Mendonça – Centro) ou em Ilhéus (Praça José Marcelino, 100, Centro)


EMPREENDEDORISMO

Produção científica em formato de negócio Empresa incubadora destaca-se como pioneira no país, criando protocolo de otimização para certificação do selo Bandeira Azul cebeu a placa piloto do programa internacional de qualidade ambiental, logrando a capital baiana como a primeira cidade do Nordeste a sustentar o selo, considerado o mais importante na categoria ambiental em todo o mundo.

Mateus Lima e Bruno Balbi idealizaram a Preamar- Consultoria em Oceanografia e Gestão Costeira, empresa pioneira no Brasil na criação de protocolo de otimização para certificação do Programa Bandeira Azul

Foto: JOÃO ALVAREZ

O Seminário Empretec auxiliou o empresário Bruno Balbi a conquistar algo raro no mundo dos negócios: transformar projetos científicos em atividade empresarial. Bruno tinha concluído o curso de Oceanografia, na Universidade Federal da Bahia (Ufba), em 2012, e desejava implementar a produção científica no ambiente de negócio, mas não tinha noção de por onde começar. Com as orientações da solução Sebrae, montou, em 2013, com o colega da universidade e Mestre em Oceanografia, Mateus Lima, a Preamar – Consultoria em Oceanografia e Gestão Costeira, empresa incubada no Senai/Cimatec. Um ano depois, em 2014, a Preamar já gerava resultados, alcançando faturamento de 1.600%. “Começamos apenas com um cliente e depois fechamos três grandes projetos”, explica o empresário que também festeja não só o avanço financeiro, mas o destaque técnico ambiental do empreendimento. A Preamar é pioneira no Brasil na criação de protocolo de otimização para certificação do Programa Bandeira Azul, da Foundation for Environmental Education - Fundação para Educação Ambiental. Em parceria com a Fundação Baía Viva, a empresa adequou a praia de Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe, na Ilha dos Frades, em Salvador, aos critérios da certificação. A praia re-

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Foto: MAURÍCIO MARON/ASN BAHIA

Sebrae perto de você O Sebrae Bahia possui 31 Pontos de Atendimento, distribuídos em 10 Unidades Regionais, oferecendo aos empresários das micro e pequenas empresas informação, orientação, capacitação, apoio e soluções através de consultoria em gestão, acesso ao crédito e ao mercado, tecnologia e inovação.

Pontos de Atendimento na Bahia Unidade Regional 01 – Salvador / Mercês Centro de Atendimento ao Empreendedor Av. Sete de Setembro, 261 – Mercês. CEP 40060-000. Tel.: (71) 3320-4526 Salvador / Boca do Rio - SAC Empresarial Av. Otávio Mangabeira, 6929, Multishop – Boca do Rio. CEP 41706-690. Tel.: (71) 3281-4154

O Ponto de Atendimento do Sebrae em Itabuna fica localizado na Rua Paulino Vieira, 175, Edf. Lizete Mendonça, Centro. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h

Euclides da Cunha Rua Oliveira Brito, 404 – Centro. CEP 48500-000. Tel.: (75) 3271-2010 Ipirá Praça Roberto Cintra, 400-A – Centro. CEP 44600-000. Tel.: (75) 3254-1239 Itaberaba Rua Rubens Ribeiro, 253, Ed. Tropical Center, salas 22/23 – Centro. CEP 46880-000. Tel.: (75) 3251-1023

Valença Rua Barão de Jequiriçá, 297, Galeria Central, Centro. CEP 45400-000. Tel.: (75) 3641-3293 Unidade Regional 08 – Irecê Rua Coronel Terêncio Dourado, 161 – Centro. CEP 44900-000. Tel.: (74) 3641-4206 Seabra Rua Horácio de Matos, 25, salas 01 e 02 – Centro. CEP 46900-000. Tel.: (75) 3331-2368

Salvador / Itapagipe Rua Direta do Uruguai, 753, Bahia Outlet Center, Lojas 134/135 – Uruguai. CEP 40454-260. Tel.: (71) 3312-0151

Unidade Regional 04 – Ilhéus Praça José Marcelino, 100, Térreo – Centro. CEP 45653-030. Tel.: (73) 3634-4068

Salvador / Liberdade Estrada da Liberdade, 26, Lojas 13 e 26 – Liberdade. CEP 40375-016. Tel.: (71) 3241-8126

Itabuna Rua Paulino Vieira, 175, Ed. Lizete Mendonça - Centro. CEP 45600-171. Tel.: (73) 3613-9734

Unidade Regional 09 – Teixeira de Freitas Av. Presidente Getúlio Vargas, 3986 – Centro. CEP 45995-002. Tels.: (73) 3291-4333/4777

Alagoinhas Rua Rodrigues Lima, 126-A – Centro. CEP 48010-040. Tel.: (75) 3422-1888

Unidade Regional 05 – Jacobina Rua Senador Pedro Lago, 100, salas 01 e 02 – Centro. CEP 44700-000. Tel.: (74) 3621-4342

Eunápolis Rua 5 de Novembro, 66, Térreo – Centro. CEP 45820-041. Tel.: (73) 3281-1782

Camaçari Rua do Migrante, s/nº – Centro. CEDAP – Casa do Trabalho. CEP 42800-000. Tel.: (71) 3622-7332

Senhor do Bonfim Rua Benjamin Constant, 12 – Centro. CEP 48970-000. Tel.: (74) 3541-3046

Porto Seguro Praça ACM, 55 – Centro. CEP 45810-000. Tel.: (73) 3288-1564

Unidade Regional 06 – Juazeiro Praça Dr. José Inácio da Silva, 15 – Centro. CEP 48903-430. Tel.: (74) 3612-0827

Unidade Regional 10 - Vitória da Conquista Rua Coronel Gugé, 221 – Centro. CEP 45000-510. Tel.: (77) 3424-1600

Paulo Afonso Rua São Francisco, 233 – Centro CEP: 48601-270. Tel.: (75) 3281-4333 / 4223

Brumado Rua Marechal Deodoro da Fonseca, 89, Térreo – Centro. CEP 46100-000. Tels.: (77) 3441-3699/3543

Lauro de Freitas Lot. Varandas Tropicais, nº 279, Q. 3, Lote 16, Rua A, Galpão 01 – Pitangueiras. CEP 42700-000. Tel.: (71) 3378-9836 Unidade Regional 02 – Barreiras Av. Benedita Silveira, 132, Ed. Portinari, Térreo – Centro. CEP 47804-000. Tels.: (77) 3611-3013/4574 Unidade Regional 03 – Feira de Santana Rua Barão do Rio Branco, 1225 – Centro. CEP 44149-999. Tel.: (75) 3221-2153

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Unidade Regional 07 – Santo Antônio de Jesus Av. Governador Roberto Santos, 31 – Centro. CEP 44572-000. Tel.: (75) 3631-3949

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