Jornal de Negócios - 01 de Abril de 2020 - Edição 312

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Felipe Rossetti, da Piticas, começou em 2010 e hoje fatura R$ 230 milhões com produtos licenciados

COMO FATURAR COM O UNIVERSO POP Licenciamento de marcas e personagens famosos dos games, TV e quadrinhos aproxima consumidor das empresas que apostam nessa estratégia Pág. 8 As mulheres que estão ocupando espaço nas startups Pág. 4

Mudança de comportamento impulsiona cardápios sem álcool Pág. 6

Gestão profissional transforma negócio inspirado no rock Pág. 10


2 | JORNAL DE NEGÓCIOS

Atitude e gestão, dobradinha de sucesso TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor

Mais de mil empresas são abertas por hora no Brasil; em São Paulo, são cerca de 300, confirman‑ do que somos um país com raiz fortemente em‑ preendedora. Esta edição do Jornal de Negócios traz a história de alguns dos homens e mulheres que estão no comando desses empreendimentos; empresários que decidiram transformar uma ideia num negócio e, diariamente, arregaçam as man‑ gas para não deixar o sonho morrer. Li todas elas e aqui vai um spoiler. Sabe o que têm em comum? Comportamento empreendedor afiado. Há quase 30 anos acompanho empresários de todos os portes e setores, da família, de amigos de perto e de longe e posso dizer, sem receio de errar, que o sucesso de uma empresa vai além da habilidade de gerenciar o negócio; depende muito da atitude empreendedora.

Em um desses encontros, ouvi de Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos, que começou o empreendimento com R$ 20 mil, foca‑ do numa oportunidade e quatro pessoas – ele, o sócio e dois estagiários – uma constatação que é também minha: “é impossível derrotar quem nun‑ ca desiste; se você quer ser bem­‑sucedido, seja obstinado e aprenda rápido”. Isso é tão verdade que a Organização das Nações Unidas (ONU), que enxerga no empreendedorismo o melhor caminho para o desenvolvimento susten‑ tável da sociedade, disponibiliza para todo mundo uma metodologia baseada em dez características: buscar oportunidades e iniciativa; persistir; correr riscos calculados; promover qualidade e eficiência; comprometer­‑se; conectar informações; estabele‑ cer metas; planejar e monitorar sistematicamente;

formar rede de contatos; ter independência e auto‑ confiança. No Brasil, o Sebrae é o aplicador oficial desse método, com o Seminário Empretec, ofereci‑ do amplamente durante todo ano. É claro que somente ter o comportamento em‑ preendedor não basta. É preciso praticar diaria‑ mente, aliar boas ideias à gestão eficiente, estar atento às necessidades e aos desejos dos consu‑ midores – afinal sua empresa existe para isso: ofer‑ tar um produto ou serviço, uma experiência que o cliente precisa naquela hora, naquele local. E lucrar com isso. Pode parecer óbvio, mas é simples assim. O sucesso é um caminho com retas, curvas e obstáculos. Por isso a importância de ser dinâmi‑ co, ousado na medida certa, persistente, conecta‑ do, alinhando a empresa às demandas do cliente e do mercado. Ser empreendedor de verdade.

Destaques Programa Brasil Mais busca aumentar a produtividade das empresas O governo anunciou a criação do pro‑ grama Brasil Mais. Coordenado pelo Mi‑ nistério da Economia, o Brasil Mais será gerido pela Agência Brasileira de Desen‑ volvimento Industrial (ABDI) e executa‑ do pelo Serviço Nacional de Aprendiza‑ gem Industrial (Senai) e pelo Sebrae. O Brasil Mais tem o objetivo de au‑ mentar a eficiência das empresas e ampliar a produtividade e a competi‑ tividade do País, em uma jornada de transformação digital. A meta é atender 200 mil micro, pequenos e médios em‑ preendimentos da indústria, comércio e serviços de todo o território nacional até 2022. O programa reúne metodo‑ logias e ferramentas de baixo custo voltadas para melhorar a capacidade

de gestão e de produção, para reduzir desperdício e aprimorar processos, em um cenário de transformação digital. A ABDI terá a missão de administrar a plataforma do programa e realizar a gestão de dados, contribuindo para o monitoramento dos resultados do pro‑ grama e a formulação de ações futuras voltadas para as empresas. Para participar do programa, as em‑ presas devem se cadastrar por meio do portal gov.br/brasilmais, responder a um questionário para avaliar o grau de maturidade, de produtividade e de ges‑ tão. Depois dessa etapa, a companhia será encaminhada para o atendimento assistido de um dos parceiros do Brasil Mais: Sebrae ou Senai.

Parceiros estratégicos da iniciativa, Sebrae e Senai serão responsáveis pelos atendimentos às empresas e pela aplicação

das metodologias, divididas em dois eixos: Melhores Práticas Produtivas (Senai) e Melhores Práticas Gerenciais (Sebrae).


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Entrevista do mês

Sem medo de crescer Enquanto outras grandes redes de livrarias enfrentam dificuldades, a Leitura mantém seus planos de expansão

O

Dione Alves

s últimos anos não foram fáceis para as grandes livrarias; duas grandes e tradicionais redes, Cultura e Saraiva, por exemplo, pediram recuperação judicial no final de 2018. Juntas, elas detinham cerca de 40% do varejo de livros do País. Por sua vez, a Livraria Leitura segue seu plano de expansão. Fundada em 1967, em Belo Horizonte, pela família Teles, a empresa tem atualmente 73 lojas e planeja investir R$ 10 milhões e chegar ao fim deste ano com 79 unidades, tornando-se a maior rede do País. A abertura de filiais começou na década de 1980. A partir de 1990, o plano passou a ser uma nova unidade por ano. Em 2000, a rede rompeu as divisas de Minas Gerais, chegou ao Distrito Federal e hoje é líder do segmento nas Regiões Centro­‑Oeste, Nordeste e no interior de São Paulo. À frente dos negócios da família, Marcus Teles conversou com o Jornal de Negócios sobre o momento da Leitura. Qual tem sido a estratégia da Livraria Leitura para se expandir atualmente? O plano é abrir em cidades acima de 300 mil habitantes que não possuam uma grande livraria e aproveitar oportunidades deixadas pelo fechamento de outras livrarias. A empresa tem investido em livrarias físicas, na contramão do mercado das grandes redes. A que se deve isso? O Brasil é muito grande e tem muitas regiões carentes de boas livrarias. A Leitura opera com uma estrutura enxuta, capital próprio e evitando endividamento, o que sempre abre novas oportunidades. Também fechamos as lojas de baixo desempenho. Mesmo nos países desenvolvidos com o mercado consolidado, as livrarias físicas voltaram a crescer. A internet, apesar de continuar crescendo, trabalha com margens negativas. A Leitura voltou a operar no e­‑commerce no segundo semestre de

Marcus Teles da Livraria Leitura: empresa investe na experiência do cliente

2019 buscando prestar informação e serviço, trabalhando diretamente com o estoque disponível nas lojas. Como competir com outros “concorrentes” do livro, como a internet e os serviços de streaming? Qualificando nossas lojas com layouts atrativos e confortáveis, grandes variedades de produtos, promoções atrativas, muitos eventos, transformando-se em um ponto de convivência social. Os livros digitais são uma ameaça para os pontos de venda de livros? Não. Em todo o mundo, o livro digital é uma opção de venda com-

plementar, ele representa de 5% a 18% das vendas de livros. Em mercados maduros, o livro digital já se estabilizou, havendo até um recuo na sua participação. O livro digital tem vantagens como a praticidade de armazenamento, levar em viagem e compras em regiões remotas sem livrarias, mas o cliente continua preferindo a experiência de ler o livro impresso. No Brasil, os livros digitais alcançam cerca de 7% do mercado de literatura, mas ainda têm baixa relevância entre didáticos e infantis, ficando abaixo de 3% do mercado total. Como uma pequena livraria poderia brigar com uma gigante como a Amazon?

Investindo na experiência do cliente, trabalhando o público local com frequência de eventos, atendimento personalizado e layout de loja agradável. O que o senhor aconselha a quem está empreendendo no setor livreiro? Inicialmente escolher bem o ponto. O ideal é que as despesas totais da locação não ultrapassem 10% do faturamento. Também é muito importante a escolha de um acervo de livros que dê identidade e seja adequado ao público da região. Sempre manter baixos os custos e evitar endividamento. E tentar sempre fazer da sua loja um ponto de encontro, investindo na experiência do cliente.


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Mulheres buscam

Apenas 15,7% entre fundadores dessas empresas, elas precisam provar

Alaíde Barbosa (esq.) e Laila Martins criaram a Saber em Rede: esforço extra

Gisele Tamamar

Q

uando a empreendedora Laila Barbosa Martins vai a uma reunião com clientes, em sua maioria homens, sente que precisa se reafirmar o tempo todo para se “nivelar” a eles. Laila e sua sócia, Alaíde Barbosa, estão à frente da startup de educação Saber em Rede, e são minoria em um mercado marcado pela inovação e pelo uso de tecnologia. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), as mulheres representam apenas 15,7% entre os fundadores. Mas, por outro lado, Laila, que também é advogada, aponta um cenário muito positivo no ecossistema de startups. “Como existem poucas mulheres empreendendo em startups, eu e minha sócia ganhamos destaque, somos bem vistas. Mas sabemos que, nesse

meio, as questões de equidade de gênero estão sempre em análise. Há uma preocupação em reconhecer as falhas do mercado tradicional e corrigi-las. No entanto, nossos clientes não estão nas startups, mas no setor de educação”, diz, ressaltando essa particularidade. Na avaliação da gestora de projetos do Sebrae-SP Mariana Rossatti Molina, o empreendedorismo feminino em tecnologia e inovação tem muito potencial para aumentar essa representatividade e superar os desafios que se traduzem em números ainda tímidos. Em comparação com a taxa de empreendedorismo feminino geral, que é de 32,6%, segundo a pesquisa do Sebrae “Anuário das Mulheres”, a taxa nas startups é baixa. Quando se trata do programa Startup SP do Sebrae-SP, nos últimos dois anos, a representativi-

dade feminina foi de 28% entre os fundadores participantes na cidade de São Paulo. Mariana é gestora do Startup SP em Ribeirão Preto e cita programas de capacitação e de aceleração exclusivos para mulheres, como o Women Entrepreneurship (WE), além da divulgação de grandes cases de mulheres empreendedoras e líderes na área de tecnologia, startups e investimento, como ações para atrair mulheres para a área e quebrar preconceitos. “Acredito no apoio mútuo, na união e no empoderamento para aumentar a representatividade feminina no ecossistema”, afirma. A gestora vê uma mudança de cultura em direção à maior igualdade de gênero em todos os sentidos. “Toda mudança de cultura é um processo lento, mas que podemos acelerar. A maior parte dos desafios

que as empreendedoras enfrentam são culturais, como o preconceito de que a área de tecnologia é para homens, a falta de confiança e até mesmo o fato de os investidores serem em grande parte homens”, afirma. A dupla jornada por conta de divisão de tarefas familiares não igualitária também é apontada como um desafio pela gestora do Sebrae-SP. No setor de tecnologia, essa situação é agravada. “Vejo o depoimento de empreendedoras que dizem que o próprio cliente ou investidor, ao serem atendidos por uma mulher, perguntam quem é o responsável. Vejo os eventos de tecnologia com pouca participação das mulheres. Bancas de avaliação de startups apenas com homens. Perguntas de investidores sobre como a mulher irá lidar com a empresa e a família ao mesmo tempo. Existe


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lugar em startups

conhecimento tecnológico e enfrentar cobranças por vida familiar uma falta de confiança no conhecimento técnico da mulher”, relata. A sócia de Laila, Alaíde, sente na pele essa dificuldade na área de tecnologia. Para ela, além de coragem, é necessário esforço extra para conquistar um currículo que inspire confiança nesse meio. “Nós somos mais cobradas e precisamos desenvolver habilidades que nem sempre foram possibilitadas. Afinal, culturalmente falando, os garotos são mais incentivados às áreas de robótica, tecnologia, computação e engenharia. Quando uma mulher se destaca, é fundamental reconhecer a sua trajetória e daquelas que estão ao seu redor”, afirma. Laila e Alaíde desenharam a startup em conjunto, cada uma dentro da sua especialidade. A Saber em Rede é uma plataforma de social commerce de serviços educacionais que cria uma rede de pessoas para venda de vagas ociosas em instituições de ensino. No fim do ano passado, elas receberam uma rodada de investimento de

R$ 2 milhões e estão na fase de expansão e consolidação do mercado.

EQUIPE FEMININA Com um time formado apenas por mulheres, o Boletão é uma solução de crédito para pagamento de boletos bancários e oferece também a unificação de pagamento, em que é possível unir todos os boletos do usuário em um só e em uma única data. A startup tem como sócias Ariane Tamara Pelicioli da Rosa, Aline Santiago Ferreira e Fernanda Zerbin. “Temos o objetivo de empoderar cada vez mais as mulheres no empreendedorismo e por isso nos unimos. É muito difícil encontrar mulheres na tecnologia, por exemplo, e desde a criação do Boletão nosso objetivo foi trazer mulheres para o time”, destaca Ariane. O trio se conheceu no meio das startups. “Nós nos unimos pois identificamos que cada uma poderia contribuir e complementar áreas diferentes e importantes para

o negócio”, diz Ariane, responsável pela parte de negócios. Aline é designer e Fernanda cuida da área de tecnologia. A ideia do Boletão surgiu durante uma fase de transição de Ariane. Na época, ela e o marido iniciavam as operações de outra startup, estavam vendendo uma loja e de mudança de cidade. O pagamento dos boletos mensais era uma dificuldade porque o fluxo de caixa era apertado, o casal não tinha renda fixa e existia um grande descompasso de datas entre as entradas e saídas, além da necessidade de ir para outra cidade pagar os boletos nos bancos e lotéricas. “Estudando o mercado, percebi que não é somente uma dor minha, isso atinge inúmeros brasileiros. Compartilhei a ideia com minhas atuais sócias e começamos o negócio”, relata Ariane. Elas lançaram a versão beta e preparam o lançamento da versão completa para o primeiro semestre.

Também com uma mulher no comando, a startup Trio GroupMe é uma plataforma que faz a integração de pessoas em um mesmo roteiro de viagens, formando uma rede de viajantes de diversas nacionalidades para se conhecerem experimentando o mundo, conectando pessoas àqueles que organizam momentos únicos. Diante da mudança do comportamento de compra do consumidor, a fundadora, Luciana Trigo, teve a ideia de criar a plataforma como alternativa ao modelo de negócio de agência de viagens tradicional. Com o produto validado, a empreendedora está na fase de encontrar parceiros para o desenvolvimento da tecnologia e partir para a operação. “Ser mulher é realmente ser ‘mulher-polvo’. Acredito que a habilidade da mulher em conseguir fazer duas, três coisas ao mesmo tempo é um grande diferencial. O cérebro pensa diferente, consegue ver o agora, o futuro e o que está acontecendo no entorno, ajusta tudo e faz acontecer”, opina.


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Um brinde

Seja por estilo de vida ou por motivos religiosos, bebidas álcool. Os millenials são chamados de “geração burnout” (exaustão), pois atuam mais como freelancers em meio à instabilidade do mercado de trabalho e são extremamente conectados. Esse contexto fez com que o grupo busque mais cuidados com saúde e bem­‑estar, valorizando atividades físicas, meditação, yoga e, consequentemente, rejeitando o álcool, que não se encaixa nesse estilo de vida. A geração Z, que veio na sequência, manteve a prioridade na vida saudável e ainda incorporou o apreço pelas bebidas funcionais. Movimento que está sendo acompanhado de perto pela indústria de bebidas, que além de ter começado a fazer campanhas pelo consumo moderado de álcool, incluiu em seu portfólio opções de cerveja sem álcool ou bebidas com ervas e substâncias naturais ligadas ao bem estar e ao combate ao estresse. A marca norte­‑americana Kin Euphorics, por exemplo, se vende como “uma nova categoria de bebida noturna, criada para uma conexão consciente”. Seu slogan é “Toda a felicidade, sem álcool” e usa ingredientes como ervas, florais, frutas, sucos e temperos. Já a Recess enlatou água gaseificada com canabidiol, substância extraída da Cannabis, mas sem efeito psicoativo.

Andre Berti, do Jazz Restô e Burguer: estilo é de bar, mas carta traz 60 opções sem álcool

CONSUMO CONSCIENTE Ana Carolina Nunes

U

m bar que não vende bebida alcoólica? Pode parecer estranho, mas está se tornando uma tendência mundial – e brasileira. Para um grupo cada vez maior de pessoas, as reuniões sociais regadas a álcool parecem estar perdendo a graça, especialmente para a geração Z, aqueles nascidos a partir de meados dos anos 1990. As consultorias de tendência e inteligência de mercado apontam que esse é o grupo menos fã de bebedeira, que inclui também os mais novos da geração

anterior, chamada de Y ou de millenials (nascidos entre 1980­‑1995). Eles detestam ressaca, dão mais valor à academia do que aos bares e preferem qualidade a quantidade. Para esse público, ser saudável é ser legal, ao contrário da geração anterior, que, quando jovem, considerava o álcool como parte de um estilo de vida descolado. De acordo com o último levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), feito em 2019 e um dos mais completos panoramas sobre o tema, os brasileiros, em geral, estão bebendo me-

nos. O consumo per capita de álcool reduziu 11% entre 2010 e 2016. O País está seguindo uma tendência mundial e em linha com a proposta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de reduzir em 10% o consumo nocivo de álcool entre a população até 2025. O órgão estima que 44,5% da população mundial nunca consumiu álcool, lembrando que uma boa parcela da população não ingere álcool por motivos religiosos. A preocupação com a saúde está entre os motivos que puxam esse movimento de desvalorização do

Para Julia Caran, da WGSN Mindset, consultoria multinacional de comportamento e consumo, e que tem trabalhado com a indústria de bebidas, a tendência não é necessariamente a abstinência, mas um consumo de álcool mais consciente para conciliar o estilo de vida saudável aos momentos de socialização, e as bebidas funcionais se encaixam muito bem nessa estratégia. “Com o boom da valorização do bem­‑estar, as bebidas sem álcool ou com baixo teor alcóolico são uma forte tendência, apesar de ainda bastante voltada a um nicho. Mas identifica­‑se, especialmente


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(sem álcool)!

e drinks não alcoólicos ganham espaço no mercado nos mais jovens, um movimento de conciliar a socialização e a rotina, planejar suas atividades e não sair do controle”, diz. Se a indústria está atenta a esse novo comportamento do consumidor, os empreendedores também estão. Há sete anos, o chef Andre Berti abriu o Jazz Restô e Burguer, com uma carta de bebidas 100% sem álcool. A motivação foi religiosa, mas o pioneirismo coincidiu com o momento e o negócio, que começou em um pequeno imóvel na Vila Mariana, em São Paulo, e hoje ocupa outros cinco ao redor, acabou de ganhar uma segunda unidade. Nesse período, o faturamento expandiu tanto quanto o espaço. Hoje, o Jazz fatura dez vezes mais do que no ano de abertura, com um histórico de crescimento em torno de 15% ao ano. De acordo com Berti, muitos clientes ainda estranham a falta de álcool, mas ele prefere a vantagem de não ter problemas causados pelo consumo excessivo de bebida alcoólica, como mais sujeira ou episódios de violência. “Pensamos também na saúde. O álcool é a droga lícita mais consumida no mundo e não queremos participar disso”, explica.

Berti diz que a maior dificuldade é encontrar fornecedores. “Não se investe muito nesse tipo de produto, as pessoas não acreditam na demanda”, afirma. O Jazz trabalha com dois grandes produtores nacionais de bebida, duas cervejarias paulistas menores e importadoras que trazem cervejas da Bélgica, da Alemanha e da Espanha. A carta de bebidas tem mais de 60 opções: além das cervejas, há drinks, espumantes, vinhos brancos, tintos e rosés, tudo sem uma gota de álcool. Para quem está pensando em empreender nesse segmento, a dica de Berti é estudar bem o mercado para direcionar melhor o marketing para o público­‑alvo. “A principal dificuldade é encontrar esse público, mas ele existe. É preciso buscar e trabalhar seu marketing com eles.”

BEM NA FOTO As gerações mais jovens lidam muito com sua imagem nas redes sociais. E um dos motivos do desinteresse pelo álcool também passa por aí. “Ninguém quer postar uma selfie com aquela cara alcoolizada ou então fazer alguma postagem alcoolizado e se arrepender depois”, diz a consultora do Sebrae­‑SP Kary-

na Muniz. Pelo contrário, os drinks não alcoólicos ajudam a ficar bem na foto. É o que diz Jairo Gama, que comanda o Bar Obelisco e o Vista Ibirapuera, que oferece três opções sem álcool nos cardápios. Uma delas responde por cerca de 10% dos drinks pedidos – é o Bijou, que leva purê de maracujá, água de coco e espuma de gengibre. Ele conta que se dedicou para criar drinks não apenas saborosos, mas com uma “roupagem bonita”. “Hoje tudo tem que ser ‘instagramável’. Tem que render uma boa foto”, relata. Atuando há 17 anos como mixólogo, Gama acredita que o drink sem álcool é uma “grande sacada” para o empreendedor, já que tem também maior margem de lucro – ao contrário, por exemplo, dos drinks à base de gin, a bebida do momento. Para Gama, porém, é preciso investir em drink bom de verdade. No passado, lembra, os drinks não alcoólicos eram menosprezados pelos frequentadores e pelos próprios bartenders, que, em geral, ofereciam opções com frutas e cheias de leite condensado. “O paladar do brasileiro mudou. Portanto, o mixólogo tem que ser criativo no sabor e na apresentação”, recomenda.

Responsável pelo bar do SubAstor, em São Paulo, Fábio La Pietra reforça a recomendação, já que o consumidor está mais exigente. “As pessoas têm buscado mais sabor e percebido que não precisam de álcool para ter essa experiência de coquetel bar. Muitas vezes vale explorar um ingrediente local, por exemplo.” No SubAstor, são duas opções não alcoólicas entre as 12 ofertas de drinks. Como dica de precificação, Fábio recomenda cobrar pelo menos a metade do que se cobraria pela versão alcoólica. Karyna Muniz também orienta que o bar ou restaurante ofereça um cardápio de comida que harmonize com os drinks sem álcool. “O bar tem que conciliar com a cozinha, isso faz com que o tíquete médio aumente”, diz. Além disso, ela recomenda estudar bem os ingredientes e suas funcionalidades e investir em insumos de qualidade. “Se for explorar frutas ou hortaliças, valorize a estação, a brasilidade, a inovação do mix de produtos, respeitando a sazonalidade, para ter melhor controle do custo fora de época. A ideia é superar cada vez mais as expectativas dessa experiência”.

A consultora do Sebrae-SP Karyna Muniz dá algumas orientações para quem se animou com a tendência dos coquetéis sem álcool: Negócios de nicho têm risco maior. É mais interessante diversificar sua oferta para conseguir atender a diferentes demandas e a uma maior diversidade de consumidores.

Valorize ingredientes brasileiros e explore a sazonalidade, pois isso terá impactos no custo.

Desenvolva um cardápio para a cozinha que funcione em harmonia com o bar para elevar o tíquete médio.

Ofereça uma experiência. Explore o visual do produto oferecido e, se possível, até mesmo o processo de criação.

Faça um bom planejamento de marketing digital para explorar o seu diferencial e alcançar seu público.

A precificação precisa encontrar o equilíbrio: a versão sem álcool deve ser mais barata, mas mantendo uma boa margem por unidade.


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DE FÃS A

Dos games aos quadrinhos, licenciamento de personagens

Felipe Rossetti, da Piticas: marca do universo pop projeta chegar a 600 unidades franqueadas até o fim deste ano

Ana Carolina Nunes

E

m sua edição mais recente, em dezembro de 2019, o CCXP, maior festival de cultura geek do mundo segundo seus organizadores, reuniu um público de 280 mil pessoas ao longo de quatro dias de evento em São Paulo, com ingressos que não saem por menos de R$ 90 por dia. Em 2014, o mesmo evento havia reunido 97 mil pessoas. Geek são as pessoas ligadas a tecnologia, games e personagens do mundo pop. O aumento do público da feira indica o quanto o universo do entretenimento tem crescido como mercado. Jogos, séries, filmes, animações e quadrinhos vão além dos seus formatos e se expandem por roupas, acessórios, objetos domésticos, papelaria, comidas, bebidas, brinquedos, itens de higiene, cosméticos e o que mais a criatividade permitir. Além de caprichar na criatividade, o empreendedor interessado em investir no universo pop como negócio precisa fazer um processo

de licenciamento de marca e dos personagens que pretende explorar. Em 2019, o segmento de licenciamento faturou R$ 20 bilhões no País, valor 6% maior que no ano anterior, mantendo a média de crescimento registrada nos seis anos anteriores, de 4% a 6%, conforme relatório da Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens (Abral). O Brasil é o sexto maior faturamento quando se fala em licenciamento, atrás de Estados Unidos, Japão, Inglaterra, México e Canadá. “Existe a demanda e também oportunidades com infinitas possibilidades, até mesmo fora das grandes marcas e personagens. Há uma demanda reprimida que vai além dos grandes sucessos, especialmente no nicho de games”, avalia Felipe Rossetti, fundador, ao lado do irmão Rafael, da Piticas, marca especializada em produtos que exploram o universo pop. A Piticas nasceu em 2010, depois que os irmãos voltaram de uma temporada de estudos nos Estados

Unidos e identificaram que a temática pop não era explorada no Brasil. A empresa encerrou 2019 com faturamento de R$ 230 milhões – o dobro do registrado em 2017 – e 452 lojas nos formatos quiosque, loja de rua e loja em shopping, sendo 225 franqueados. A marca continua concentrando seus negócios no modelo de franquias e projeta chegar a 600 unidades até o fim deste ano.

COM LICENÇA Para quem deseja empreender no setor, é importante ter em mente que o processo de licenciamento requer investimento financeiro e de tempo. Muitos empreendedores acabam usando personagens por conta própria em seus produtos sem o devido licenciamento. Isso pode render apreensão da mercadoria, acarretando em perdas e danos, e uma notificação judicial. Marici Ferreira, presidente da Abral, explica que as marcas exigem um plano de negócio do empresário que pretende usar seus

personagens em seus produtos ou serviços. Baseado nesse plano de negócios, é estipulado também um porcentual de adiantamento de valores a serem pagos à marca. Além disso, há o pagamento de royalties, que pode começar em 2% (em geral para alimentos) e chegar a até 15%. Em geral, a média é de 8% a 10%, dependendo do tipo do produto e da quantidade estimada de venda. As marcas também vão avaliar se o produto ou serviço que se quer explorar estão alinhadas ao personagem ou ao nome a ser licenciado. Elas também fazem um levantamento sobre a empresa solicitante, como idoneidade, atuação – se nacional, regional ou nos grandes centros –, reputação no mercado e saúde financeira. “A empresa precisa estar com tudo em ordem, mostrar que tem capacidade de produção e de que está preparada para o aporte. A grande dificuldade entre as MPEs é de não ter um planejamento de longo prazo, nem de vendas, nem financeiro”, afirma Marici.


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CLIENTES

rende bons negócios pela identificação do consumidor A executiva destaca que sai na frente quem tiver uma empresa organizada, mas, mais do que isso, vai se destacar aquela que mais pesquisar e buscar se diferenciar. “Pesquise o que já existe, tente encontrar um nicho. Se for algo infantil, pode testar com as crianças do seu convívio. Investigue bem o material, o custo e, também importante, a sustentabilidade”, sugere. A criatividade vai pesar muito, já que todas as marcas possuem um “style guide” (guia de estilo, em tradução literal), que funciona como um “manual” de como usar a comunicação visual daquele personagem, o que pode ou deve ser feito na aplicação da arte. “Entenda o produto, tenha cuidado com a adequação dele ao personagem, ande pelo varejo, vá para a rua, pesquise. O empreendedor que se preparar e tiver criatividade e qualidade, tem 90% de chance de ter sucesso”, orienta Marici.

Alexandre Souza é dono de uma escola de inglês com o personagem Pingu: afinidade é importante

Segundo ela, o processo de licenciamento dura em média seis meses da proposta até colocar o produto no mercado, passando por uma versão piloto daquele item. Os contratos costumam ter uma duração de dois anos, que em geral são renovados se a parceria vai bem. Mas é possível fazer o licenciamento para uso pontual de um personagem, como para uma campanha de marketing. Por causa do processo longo e burocrático, o consultor do Sebrae­ ‑SP Emerson Neves recomenda que o empreendedor tenha assessoria jurídica na negociação. Uma forma de facilitar esse caminho, de acordo com o consultor, seria atuar com licenciamento por meio de franquia. Essa foi a opção do empresário Alexandre Souza, que possui duas franquias na área da educação. Uma delas é a Pingu’s English School, escola de inglês para crianças de dois a 10 anos. Pingu é um personagem de desenho infantil

suíço­‑britânico criado nos anos 1990. Os episódios contam as aventuras do pinguim do título com amigos e família no Polo Sul. Souza abriu a primeira unidade em 2017 no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, e tem visto o faturamento crescer 20% ao ano desde então. “Contar com um personagem reconhecido pelos nossos pais e alunos certamente contribui muito para esse crescimento”, avalia. Ele reforça o discurso de que é preciso ter afinidade entre o personagem ou tema escolhido com o produto ou serviço em que ele será aplicado. “Analise se o licenciamento tem aderência ao negócio. Precisa fazer sentido. Quais valores o personagem e a marca que você está licenciando transmitem?”, diz. O empreendedor avalia que é uma vantagem trabalhar com um personagem, já que o negócio ganha curiosidade e simpatia “quase imediata” dos fãs do desenho, como ele diz, além do reforço de exposição

de marca sempre que o desenho é transmitido. Para 2020, Alexandre projeta um faturamento 30% maior, impulsionado pelas operações chamadas “in school”, em parceria com escolas de educação infantil. Uma alternativa para o empreendedor que chegar à conclusão de que os custos do licenciamento são maiores que suas possibilidades, é buscar temas entre criações, seja nas artes ou na literatura, que já tenham entrado em domínio público, afirma Neves, do Sebrae­‑SP. Domínio público é a condição jurídica em que não há mais detentor de direito autoral da obra, ou seja, ela é livre para ser utilizada por qualquer pessoa. No Brasil, uma criação entra em domínio púbico após 70 anos da morte do autor. Outra questão importante para quem deseja registrar uma marca ou personagem é a necessidade de fazer o registro de marcas e patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).

O SETOR EM NÚMEROS De acordo com pesquisa da Licensing International (associação internacional da indústria de licenciamento, conhecida como Lima), quase metade das licenças vendidas no mundo são de personagens de entretenimento (44%), gerando US$ 122 bilhões em negócios em 2019.

MARCAS CORPORATIVAS MODA

21% 12% 10%

ESPORTES CELEBRIDADES MÚSICA ARTES

2% 1% 1%

15%

12%

BRINQUEDOS

11%

ACESSÓRIOS DE MODA

16%

POR REGIÃO:

SE CONSIDERARMOS O TIPO DE PRODUTO, OS TRÊS PRINCIPAIS SÃO

VESTUÁRIO

O LEVANTAMENTO DA LIMA TAMBÉM MOSTRA QUE NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS O SEGMENTO CRESCEU

ESTADOS UNIDOS e CANADÁ dominam do mercado ou US$ 162 BILHÕES por ano. O restante se divide em:

58%

23% Europa 14% Ásia 4% América Latina 2% Mediterrâneo e África 1% Resto do mundo

* Annual Global Licensing Industry Survey 2019 Report - Pesquisa feita em 47 países – 557 companhias da indústria do licenciamento.


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Ganhando com rock e gestão

Reformulação fez a Sabot integrar marca de roupas com espaço de serviços dedicado ao gênero musical Juliana Ramirez e Franco Ceravolo, da Sabot: consultoria ampliou as possibilidades da empresa

Rogério Lagos

A

marca Sabot começou em 2008 com a produção de roupas inspiradas no universo underground, como o punk rock. Porém, após dez anos de atividade, o casal Juliana Ramirez e Franco Ceravolo, sócios na empresa, identificou uma lacuna no negócio: falta de capacitação em gestão, principalmente em áreas como finanças, recursos humanos e marketing. A solução veio com a ajuda do Sebrae-SP. Em menos de um ano, a empresa agregou valor à confecção incorporando serviços para seu público e viu o faturamento crescer pelo menos 20%. “Nós nos demos conta de que, além de produtos, oferecíamos serviços e começamos a pensar diferente o ponto de venda, os produtos e serviços e reformulamos o posicionamento de comunicação da nossa identidade institucional”, explica Juliana. No espaço da Sabot, no bairro das Perdizes, zona oeste de São Paulo, o casal – com mais um

sócio – comanda o bar Fenda, que recebe shows aos finais de semana, e um estúdio para bandas. Os serviços ficavam sob a marca Fenda e a Sabot apenas promovia seus eventos. Após a capacitação em gestão com o Sebrae-SP, os sócios perceberam que casar institucionalmente os serviços de estúdio, bar, show e confecção seria a melhor alternativa.

CAPACITAÇÃO O casal se debruçou nos estudos de marketing, planejamento estratégico, gestão financeira e recursos humanos, além de receber consultorias na empresa. Ao todo foram mais de 60 horas de capacitação. “Analisamos o posicionamento da marca Sabot em relação à concorrência, o cenário versus a capacidade produtiva, de criação e vendas. Era uma empresa desestruturada”, comenta a consultora do Sebrae-SP Caroline Minucci, responsável por grande parte do conteúdo transmitido à empresa. “Era uma marca para venda de roupas, mas se tor-

nou um espaço de cultura do rock, tanto com shows, quanto oferecendo serviços de incentivo ao rock com estúdio de gravação. Tornou-se um projeto muito maior do que apenas a venda de produtos”, explica. Para Ceravolo, a capacitação serviu para estruturar todo o processo produtivo. “O organograma geral da empresa ficou mais claro, aprendemos a lidar com funcionários da maneira correta, analisando aptidões, realizando treinamento e qualificação. Tínhamos noção de algumas coisas antes, mas a fórmula para encarar tudo de maneira horizontal deixou nossos processos mais claros.” A confecção também passou por ajustes. Sempre muito forte no inverno, a marca teve dificuldades no verão de 2019. Mas, após as consultorias, conseguiram melhorar os processos, anteciparam produções e criaram um mix de itens com opções de acordo com a estação. “Vendemos em fevereiro de 2019 apenas 20% do que vendemos em fevereiro de 2020”, comemora Ceravolo. Ele comenta

ainda que os ajustes realizados aumentaram o leque de produtos e serviços da Sabot e auxiliou no bom relacionamento com os clientes. “Nosso público-alvo segue bem nichado, mas seguimos crescendo. Os clientes estão acompanhando as mudanças e veem o crescimento de forma positiva.” Segundo a consultora do Sebrae-SP, a Sabot já colocou em prática muito conteúdo que fez com que a marca crescesse em um ano, mas o plano de ação estabelecido nas consultorias continua. “A empresa ainda vai executar outras ações de relacionamento com os clientes, ajustar o e-commerce e a fachada.” Este último item agrega uma curiosidade: a casa que dá vida a Sabot tem o número 315, o mesmo do CBGB, icônico bar de rock inaugurado em 1973 em Nova York (EUA). “Estamos trabalhando na identidade visual da nossa casa para aproveitar essa coincidência”, comenta Ceravolo. Para Juliana, a capacitação foi e vem sendo fundamental para a empresa. “O Sebrae nos ajudou muito, absurdamente, a adquirir o conhecimento para virarmos empresários. Antes fazíamos as coisas na intuição, mas tinha um ‘buraco’. Cometíamos erros graves, como ficar sem produtos. Agora estamos trabalhando com os processos corretos”, comemora.

CONSULTORIA NA EMPRESA – MARKETING Da mesma forma que Juliana e Ceravolo conseguiram excelentes resultados para a Sabot, você também pode. O Sebrae-SP oferece consultorias na empresa focadas em marketing em todo o Estado. Cada pacote de consultoria possui quatro horas de duração e o investimento é de R$ 550, podendo ser parcelado no cartão de crédito. Para outras informações, ligue gratuitamente para o Sebrae-SP pelo telefone 0800 570 0800 ou acesse solucoes.sebraesp.com.br.


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Voo de águia

SAMUEL AGUIAR DE CASTRO E SOUZA Consultor do Sebrae­‑SP

Quando impulsionar um post? Há muitas dúvidas e opiniões dife‑ rentes quando o assunto é impulsiona‑ mento de postagens nas redes sociais. Há quem defenda impulsionar sempre, há quem defenda a produção de conte‑ údos relevantes para que o alcance dos seguidores seja puramente orgânico. Eu defendo que é preciso desenvol‑ ver um plano estratégico que contemple a produção de conteúdos ricos, que pro‑ movam informações e interações com os seguidores da página e que atraia a aten‑ ção de novos e potenciais seguidores. Dentro da definição desse plano es‑ tratégico, é preciso definir o objetivo da postagem: gerar vendas? Atrair novos seguidores para a página? Apresentar uma ação pontual? Diante da definição dos objetivos, pode­ ‑se construir o conteúdo, por imagem e escrito, que será postado, e impulsionado. Mas atenção: não basta apenas inje‑ tar dinheiro e promover a publicação.

Recomendo que segmente bem o alvo dessa publicação: qual a faixa etá‑ ria, qual a região e localização que se pretende atingir, qual o período vigente da publicação impulsionada, e os valo‑ res diários que serão investidos. Não há uma regra, um número “caba‑ lístico” para se investir, porém, as empre‑ sas geralmente destinam entre 3% e 5% do seu faturamento para a área de marke‑ ting em geral, físico ou digital, logo, o ideal é que a quantidade de dinheiro reservada para o impulsionamento esteja contem‑ plada nesse orçamento mensal. Por fim, tão importante quanto reser‑ var um valor para impulsionar as publica‑ ções é mensurar o resultado, e por isso destacamos que é preciso ter claro o ob‑ jetivo da ação de impulsionar, para que seja possível medir o retorno da ação, seja em número de vendas, números de novos seguidores, número de pessoas que aderem a uma ação ou evento.

No jargão econômico, voo de ga‑ linha é a imagem usada para repre‑ sentar o crescimento que não se sustenta. A analogia também vale para o desempenho de uma empre‑ sa que no primeiro momento parece promissor, mas acaba não indo longe. Muitos são os fatores internos que contribuem negativamente para um negócio ter o tal voo de galinha: falta de planejamento, falhas no cui‑ dado das finanças, deficiências no produto ou serviço etc. Entretanto, uma boa gestão e a busca perma‑ nente pela qualidade podem alterar esse quadro. Porém, os tempos atuais exigem mais. É necessário estar em sintonia com as mudanças rápidas que ocorrem na sociedade. É aqui que entra a trans‑ formação digital, conceito aplicável aos mais variados empreendimentos. Cada vez mais a tecnologia in‑ fluencia comportamentos, amplia a circulação de informação e modifica a forma de se consumir. Consequen‑ temente, as empresas têm de estar alinhadas a esse contexto. Na prática, estamos falando de uma nova maneira de pensar e de no‑ vos processos – com base na tecno‑ logia – para obter agilidade e avanços na produtividade e na competitivida‑ de ou até novas opções de negócio.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

A empresa precisa estar conecta‑ da para aumentar sua eficiência ope‑ racional e poder atender bem seu público, oferecendo uma experiência mais satisfatória (seja online ou na loja física) e, consequentemente, propor‑ cionando as soluções que ele busca. Dentro da transformação digital está o chamado Big Data, enorme vo‑ lume, variedade e velocidade de da‑ dos que permitem saber mais sobre o mercado e seus consumidores. Outro elemento desse pacote é a inteligência artificial, que simula a ca‑ pacidade do ser humano de resolver problemas e assim expandir o rela‑ cionamento com o cliente. Existem diversos outros recursos nesse universo; cabe ao empresário incorporá­‑los ao seu negócio. A transformação digital é uma mu‑ dança na cultura do empreendimento, acessível também às micro e peque‑ nas empresas. Ao absorver essa nova mentalidade, o empreendedor pode deixar o voo de galinha para trás e se posicionar para alçar o voo de águia.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

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Quando: 31/3 a 2/4

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SEMINÁRIO EMPRETEC Quando: Entrevistas de 13 a 17/4 Onde: Escritório Regional Baixada Santista Av. Washington Luiz, 176 ‑­ Gonzaga Valor: R$ 1.590

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ADMINISTRAÇÃO Quando: 15/4 Onde: R. Dr. Bacelar, 1212 (Unip) - São Paulo Informações: www.even3.com.br/reiad

145º EJE - ENCONTRO DE JOVENS EMPREENDEDORES

NA MEDIDA MARKETING Quando: 6 a 9/4 Onde: Escritório Regional Capital Centro R. 24 de Maio, 32 ‑­ Centro Valor: R$ 300

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COMEÇAR BEM –TRANSFORME SUA IDEIA EM MODELO DE NEGÓCIO Quando: 22, 23 e 24/4 Onde: Escritório Regional Grande ABC R. Cel. Fernando Prestes, 47 ­‑ Centro Valor: R$ 200

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Valores sujeitos a alteração

Quando: 30/4 Onde: PUC-SP - Campus Marquês - Rua Marquês de Paranaguá, 111, Consolação, São Paulo

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente interina: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários: Anderson Freitas e Marcos Leodovico. Imagens: gettyimages.com.

SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR (11) 3177­‑4784


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TEC &

LIVROS FRANCHISAR O SEU NÉGOCIO (Editora Actual) A obra reúne experiências e conhecimentos adquiridos pela consultora de franchising Teresa Macedo Dias no setor de franquias. Voltado aos empreendedores que pretendem expandir seus negócios de forma mais rápida, lucrativa e sustentável, o livro apresenta os principais conceitos de funcionamento, vantagens e desafios por meio de exercícios práticos. A ideia é ajudar o empreendedor a formatar um modelo de negócio de sucesso.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA PEQUENAS EMPRESAS (Alta Books) A publicação tem como objetivo auxiliar as pequenas empresas a desenvolver um melhor planejamento e aumentar a competividade. Por meio de um enfoque prático, a obra aponta os procedimentos necessários para que os gestores de empresas de pequeno porte substituam a improvisação e a informalidade pelo planejamento estratégico, um importante instrumento de apoio às atividades empresariais.

O QUE AS ESCOLAS DE NEGÓCIOS NÃO ENSINAM (Alta Books) O livro aborda um tipo de conhecimento que não se obtém em sala de aula, mas apenas com a prática de negócios. O leitor vai encontrar nas páginas da obra dicas para criar uma empresa de sucesso. Os autores José Salibi Neto e Sandro Magaldi sentiram na pele o que dá certo e o que dá errado, absorveram o que pessoas de seu convívio também sentiram e compartilham os dez aprendizados fundamentais com a leveza de quem tem um insight. Salib Neto e Magaldi fundaram e lideraram empresas e plataformas como a HSM e MeuSucesso.com e hoje se dedicam ao mundo da 4ª revolução industrial.

PESQUISA APONTA AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS EMPREENDEDORES DIGITAIS O levantamento Negócios Digitais Brasil 2020, realizado pela startup HeroSpark, identificou os principais desafios enfrentados por quem empreende no ambiente digital. O quesito vendas está no topo da lista (42%) e é seguido – de longe – pelo tópico investimentos (19%); depois aparece o item pessoas (8%). Já entre as razões que podem levar alguém a abrir um e­‑commerce ou mesmo uma loja em uma rede social, independência financeira e ter renda extra são as maiores, com 37% das motivações. Em terceiro lugar aparece a vontade de causar impacto positivo na vida das pessoas (35%).

MERCADO GLOBAL DE E-SPORTS DEVE ULTRAPASSAR A MARCA DE US$ 1 BILHÃO DE RECEITAS EM 2020 Em um relatório divulgado pela Newzoo, empresa americana focada no mundo dos eSports, esse mercado deve movimentar mais de US$ 1,1 bilhão este ano. Segundo a projeção feita pela empresa, os patrocínios serão o carro-chefe desse grande valor, com mais de US$ 636,9 milhões. Em seguida, vêm os direitos de mídia com US$ 185,4 milhões, comercialização de produtos digitais (US$ 21,5 milhões) e por último as transmissões (streaming) com US$ 18,2 milhões. Esse crescimento representa alta de 15,7% em relação ao ano passado, quando os valores chegaram a US$ 950,6 milhões. Já o consumo dos fãs da modalidade com ingressos e produtos deve totalizar US$ 121,7 milhões, enquanto outros US$ 116,3 milhões serão provenientes de investimentos de editores de jogos no setor, como em torneios e parcerias comerciais.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como a internet das coisas pode ser aplicada no dia a dia de um pequeno negócio? Por Paulo Spacca, presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc)

Pensado e criado para ajudar mulheres negras a entrar no mercado de trabalho, a Indique uma Preta veio para dar apoio as empresas a ter uma cultura diversificada dentro do ambiente de trabalho. Há seis meses a consultoria (formada por mulheres negras) já prestou serviço a grandes companhias de bebidas, engenharia, música e comunicação. Para 2020 a ideia é lançar um estudo que mostre o mercado, e as demandas das mulheres negras no mercado de trabalho e como as empresas podem se preparar melhor para receber essa mulheres.

LEGO HOUSE Lego House – Home of the Brick é um documentário da Netflix de 2018 sobre o museu da Lego, na Dinamarca. O filme mostra os desafios enfrentados ao longo do processo de idealização e construção do museu, entre eles o atraso da conclusão da obra. A produção também apresenta um mergulho na trajetória da marca Lego.

VÍDEO: CONHEÇA A HISTÓRIA DO ATELIÊ DOS SABORES Gerente de exportação por mais de dez anos, Vanderceia Aparecida deixou o emprego para ficar mais perto da filha e poder empreender.

Veja a história:

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DIVERSIDADE PARA DENTRO DAS EMPRESAS

Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Os empreendedores que dominarem as tendências inovadoras de internet das coisas (conhecida pela sigla IoT – Internet of Think) terão a oportunidade de liderar a inovação digital em seus negócios. Ao permitir a interconexão digital de objetos cotidianos com a internet, a IoT tem um enorme potencial para coletar continuamente dados sobre nossos ambientes. Os negócios que tiverem isso em mente terão em mãos um importante aliado na tomada de decisões, seja em diagnósticos médicos, comandos para modificar ações de máquinas ou até mesmo na identificação e autorização de acesso físico. Além disso, dispositivos conectados oferecem oportunidades de ganho de eficiência, redução de custos de produção e para a criação de mais pontos de engajamento com o consumidor, ajudando na proximidade entre marca e cliente, o que pode impactar diretamente nas vendas. No comércio, por exemplo, a IoT pode criar lojas e estabelecimentos inteligentes, nos quais sensores serão responsáveis por coletar desde o funcionamento de câmeras de vigilância até o consumo de energia elétrica, entrada de clientes, entre outros aspectos. Com sensores de movimento conectados ao sistema da empresa, será possível medir o número de pessoas que entram na loja, criando dados para insights importantes sobre efeito de campanhas, promoções e popularidade de produtos. Isso gera uma integração entre áreas estratégicas como a de vendas e o marketing, resultando em ações de sucesso. Nos meios de pagamento está outro fator em que já podemos ver o resultado da IoT: a adoção da tecnologia permite que as pessoas paguem usando seus smartphones ou relógios inteligentes de forma segura e prática. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail

https://youtu.be/PO9mP8teibU

para imprensa@sebraesp.com.br.


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Depois da falência, o sucesso Luzia Costa teve vários negócios antes de acertar com a rede de estética Sóbrancelhas

Marcos Leodovico*

“A

ideia de empreender começou há quase 20 anos, quando eu não tinha dinheiro para comprar pipoca para o meu filho depois do culto na igreja que frequentava, em Taubaté. Eu estourava pipoca em casa e levava para o culto. Um dia meu filho reclamou que a pipoca estava fria; foi quando percebi a necessidade de começar a empreender. Como sou a única filha no meio de oito irmãos, tive de aprender a me virar sozinha e isso consistia em cozinhar e fazer várias outras coisas. Em 2002, comecei a fazer biscoitos amanteigados e vendia de porta em porta. No mesmo ano, parei com a venda de biscoitos e comprei um carrinho de lanche e passei a fazer lanches na porta da minha casa. Dois anos se passaram e decidi vender o carrinho e minha casa para investir em uma lanchonete. Em 2006, vendi a lanchonete e montei uma pizzaria. O negócio estava indo bem, mas acabei misturando as finanças e quebrei. Foi quando conheci o Sebrae; fiz todos os cursos gratuitos que podia, inclusive os focados em gestão financeira. A quebra foi tão agressiva que em 2007 fui morar em Cruzeiro (SP) em uma casa de pau a pique na beira de um rio. Após 30 dias lá, o gás acabou e peguei um ônibus circular até a casa do meu pai em Passa Quatro (MG) – cidade próxima – para pegar R$ 40 emprestados com ele. Quando cheguei, ele me disse: ‘Nunca mais monte nada na sua vida. Arrume um bom emprego e use esse dinheiro para comprar o gás’. Fiquei pensando no que ele disse, só que meu lado empreendedor falava mais alto. Peguei os R$ 40, comprei uma caixa de tomates e comecei a fazer tomate seco para vender para os turistas que visitavam a cidade.

Luzia Costa, da Sóbrancelhas: hoje com 200 lojas, ela chegou a não ter dinheiro para o gás

No mesmo ano, 2007, nos mudamos novamente, dessa vez para Roseira (SP). Cheguei lá com R$ 5 no bolso, era tudo o que eu tinha. Fui ao mercado, comprei açúcar e corante, enquanto meu marido foi atrás de formas de pirulito. Na forma que meu marido arrumou só cabiam três pirulitos por vez, e assim fui fazendo e vendendo por um tempo. Até que um dia uma amiga me falou que a prefeitura da cidade estava dando cursos de massagem. Eu me inscrevi. Parei de fazer pirulitos para trabalhar com massagem. Não tinha nenhum material para começar, então o que eu fazia era trocar massagens por produtos para poder continuar trabalhando. Em 2008 me mudei para Ubatuba; fazia massagem na praia durante a temporada, pois tinha de quitar uma dívida de R$ 30 mil da pizzaria. Minha rotina era baseada em fazer massagem durante o dia e

unhas e sobrancelhas à noite. Dessa forma, quitei minha dívida. Após um ano em Ubatuba, voltei para Taubaté. Decidi começar a aparecer em eventos oferecendo meus serviços de massagem de graça, apenas para ter uma cartela de clientes. Quem gostava, contratava. Só que eu queria mais, e então decidi dar cursos sobre sobrancelha, massagem e depilação. Estava bem, atendia meus clientes em uma sala que montei, dava aulas e o dinheiro entrava. Só que a cabeça de empreendedor nunca para. Conversei com meu marido sobre a possibilidade de apostar em algo novo. Ele disse que ia me apoiar em qualquer circunstância. Então criei a primeira loja da Sóbrancelhas, em Taubaté, em 2013. Ficava das 10h às 22h tentando vender a franquia, até que em 2014, um ano após a abertura, uma

mulher apareceu e ouviu minha proposta. Quando conheceu toda minha história e trajetória de vida, decidiu apostar em mim e no meu sonho, e foi assim que surgiu a primeira loja da franquia, em Guaratinguetá (SP). Hoje, a Sóbrancelhas está com mais de 200 lojas na América Latina – uma na Bolívia, 22 na Argentina e o restante no Brasil. Contamos com uma linha 100% natural de cosméticos e estamos investindo em clínicas de estética corporal, com unidades em Londrina e Porto Alegre. A dica que dou para quem quer começar é: dê o primeiro passo e tenha instinto de sobrevivência. Comecei para mudar a história do meu filho. Quebrei, tive dificuldades, mas nunca pensei em desistir. Só estou onde estou porque tive força de vontade.” *Estagiário sob supervisão dos editores


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